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(eee NUH ELA UTD LES} tts PCr LE e teoria queer Ere} consmieaame Bote crepe mn ace ‘Gegutesco ook bts pcs) ‘ae sn cro ins Aen Sts Ate ie or esi noe aro ri ds gua Peg 195, ‘ge a Sea 0 14 Visjntespés-modernos ‘paisa na ttn pte depen selena en ee 27 Umappolitica pés-identitiria para a Educagio 57 “Estranhar” o curriculo Sa" Pe 77 Nara corm maa de per lou, Guia topes Ln carp earners | siossobre sealidadee teore queer | | ster leper ‘ed Bob Newer utes sansress 7261163 $c sei, Estes cextos earregam rastros da teoria queer. Dela aproveitam conccits, esratégis, figuras tebricas. Estio, some ae dao do clio ce ee também sh forma da ten, de omnes da ren Quem uber deat foie la peek noe cige eps ion sim ce exer oes "ade a vse dimes dan scpurgn, Peo, 4 pti que aremed oho do-oue de embuh su gr cmon leu a eae La Gandbi Argentina (1998), "as minorias nunca poderiam se traduzir como uma infetioridade numética, mas sim ‘como maioras slenciosas que, 10 se poitizar, convertem ‘ogueto cm territrio eo estigma em orgulho— gay, étnico, de género". Sua visibilidade tem efeitos contraditérios por um lado, alguns setores sociais passam a demonstrar crescente accicagao da pluralidade sexual e, até mesmo, passam a consumir alguns de seus produtos culturais: Por outro, setores tradicionais renovam (e recrudescem) seus ataques,realizando desde campanhas de reromada ddos valores tradicionas da familia até manifestagdes de extrema agressio e violéncia is § Oembate porsisé merece especial atensia de estudio soslascultuais © educadores/as. Mas o que o torna ainda ‘mais complexo ésua continua transformagiocinstabilidade, O grande desafio ndo ¢ apenas assumir que as posses de _géneroe sexuais se muliplicaram e,ent4o, ue é impossvel lidar com elas apoiadas em esquemasbinérios; mas também admit que as fonteiras vém sendo constantemente atta- vessadas eo que éainda mais complicado ~ que o gar social no qual alguns sueitosvivem éexatamenteafronteia. Escola, curriulos, educadoras ¢ educadores no con- seguem se situar fora dessa histéria. Mostram-se, quase sempre, perplexos,desafiados por questBes para as quais pareciam te, até pouco tempo atris, respostas seguras & ‘stiveis. Agora, as certezas escapam, os modelos mostram- se iwi, as fmuls so inoperantes. Mas é impos tstancar as questies. Nao hi como ignorar a “nove ticas, os “novos sues, suas eomestaées a estabelecido. ‘Avoca normalizadora da Educasio ve-se ameagada, © anssio pelo cinone e peas metas confives é abalado. A rig mediate piialevaapergunaroque fier A yore urgénca das questbes no permite que se amcipe quer esposa; anes é preciso conhecer as condigbes que iiltram a emergéocia dese sujets edessas pritcas. onstruindo uma politica de identidade Jhomossexsalidade eo sueto homessexual io inven século XIX. Seantes as relagBes amorosas e sexuais do mesmo sexo cram consideradas como Aum atividade indesejével ou pecaminos: a qual ‘um poderia sucumbir),cudo mudariaa partir da claquele séeulo: a pritica passava adefinie al de sujeito que viia a ser assim marcado 1 Categorizado e nomeado como desvio da slestino 56 poderia ser 0 segredo ou a segregar ‘lo ~ um lugar incdmodo para permanecet. Ousando se ‘expora rodasas formas de violénca eed socal, alguns ‘homens e mulheres contestam a sexualidade legtimada cse arriscama vier fora de seus limites. A Ciencia Justga, as ignejas, os grupos conservadores eos grupos emergentesitio auribuira esses sueitos e a suas priticas dstintos sentidos. ‘A homossexualdade, discursivamente produzida, trans- fotma-se em questi social relevante. A disputa centra-se fandamentalmence em seu significado moral, Enquanto alguns asinalam 0 cariter desviante, a anormalidade ou 4 inferioridade do homossexual, outros proclamam sua ormalidade © natualidade ~ mas todos parecem estar de acordo de que se trata de um “tipo” humano distintivo, EEsses so 0s discursos mais expressivos que circulam nas sociedades ocidentais, pelo menos até 0 inicio dos anos de 1970. © movimento de organizasio dos grupos hhomossexusis é ainda, timido; suas assocaySes reunides suportam, quase sempre, a clandestinidade. Aos poucos, ‘specialente em pafses como os Estados Unidos ea Ingla- ‘erra, um aparato cultural omega a sutgir: revista, artigos ‘solados em jornais, panfletos,reato, atte. No Brasil, por ‘ssa época, a homossexualidade também comesa aaparecer ‘nas artes, na publicidade eno teatro, Alguns artistas pos Nos ano de 197, o ator Ney Maton 9 gape Di Coquces barahum proponent ern minor maelna Perma pund oto Sli Treva, sau pr deepen tam na ambiguidade sexual, ornando-a sua mares, dessa forma, perturbando, com ss performances, nfo apenas as platis, mas toda a sociedade. A pari de 1975, emerge 0 Movimento de Liberagio Homostxual no Brasil do qual participam, care outros, ntlcrusisexiladoslas durante a dltadara militar e que asia, de sua experiéncia no exe tio, inguetgSesplltcas Feminists, sexu, ecolgicase acai que entéo cirulavam intenacionalmene Nos grandes centos os trmos do debate eda lta ps se modifier. Ahomossexuslidade deixa de ser vista eos po alguns stores) como uma condo unifor- universe passa ser compendia como atrvesada dimensbes de clase, emicidade, raga, nacionalidade, aso polca empreendd por iltantesespoiadores ¢ mas vse asume carter ibertador. Sus erie se contra a heterosserualizasio da sociedad. A dala cambém se plralia: pata alguns oalvo éa social ~ainegraco numa sociedad milla, joa epolimorfa pars outros (especialmente sas Ksbias) 0 camino & a sepaagio ~ a lua comunidade de uma culera pris spalhados em algumasinsttuigbes internacio- ee prorocaar ne deren police no Bs ona pare Brio que de ms contengorieo omovies homeland re (2000, 255, ‘is, mostram sua afinidade com o movimento, publicam censaios em jounaise revitase revelam sua estreita ligagio com os grupos militanes, Pouco a pouco se conser ideia de uma comunidade bhomossexua. Ao final dos anos 1970, a poltic gay elésbica abandonava o modelo que pretendia a libertagio através da transformaso do sistema ese encaminhava para um mode- lo que poderia ser chamado de “éenica”(Se4xco, 1999, p. 29). Gays lésbicas eram representados como "um grupo ‘minoritéio, igual mas diferente”; um grupo que buscava alcangar igualdade de direitos no interior da ordem social cexistente. Afirmava-se, discursiva e praticamente, uma identidade homossexva ‘A afitmagio da identidade supunha demarcar suas frontcicas ¢ implicava uma disputa quanto as formas de representé-ta. Imagens homofébicas e personagensextereo- tipadosexbidos na midia e nos filmes sio contrapostos por representages“positiva” de homossexuais. Reconhecer-se ness identidade é questi pessoal e politica. O dilema entre “assumirse” ou *permanecer entustida” (no arma — oe set) passa. aserconsiderado um divisor fundamental e um lemento indispensivel para a comunidade. Na construo da identidade, a comunidade funciona como o luger da acolhida edo suporte uma expécie dela. Portamto, have- ria apenas uma respostaacitivel para odilema (epetindo uma fase de Spargo, co come home, af cowie, you frst haa to “come out", 1999, p. 30): para fazer parte da comuni dade homosexual, seria indispensivel, ances de eudo, que © individuo se "assumiss”, isto &,revelasse seu “segred”, tomando piblica sua condo, ‘Também no Brasil ao final dos anos 1970,0 movimen- to homossexual ganha mais frcu: surgem joraisligados 20s grupos organizados, promovems eunides de discuss ede Ativismo, a quas, segundo conta Jodo Silverio Trevisan, se Fasiasn 20 “estilo do gay conscious raising group americano”, indo "tomar consciéncia de seu prio corpolsexuali- 2 conscruir “uma identidade enquanto grupo socal” sn, 2000, p. 339). Fim conexio com 0 movimento politico (ndo apenas seu efcito, mas também como sua parte integrante), internacionalmente, 0 ndmero de trabalhadores/as cinclectuais que se assem na midia, naimpren- darts enasuniversdades. Ener esses, alguns passam tds homossexuslidade um t6pico de suas pesquisas 1" (StDwAN, 1995, p 121) Sem romper com a ldentidade,colacam em discussio sua concep- ‘um fendmeno fixo, rans-istérico ¢ universal e anilises para as condigéeshistricas e socials nto na sociedade ocidental. No Brasil (de Wise « partir de 1980), a temética também ir como questio académica, na medida lgummas universidades e grupos de pesquisa, ee. l= pee ae eee rerelaee eine ee ese aoa eee ee ee ee aoe Como a iii de ecaldede de Fuca hava mos ‘edo, al escola do ajc nem sempe cna se consti- tld ase pra uma ienidadee, como mutes woues, dlscordames sug, ete nio er, inevivelmente, for crucial ma pereepto de oda equaaucr pesos sobre sua senualiade Fate model fain efevament, ‘om que os bisenanisparecssem er na identdade -menos segura ou menor deseavsvda (assim camo ot ‘modelos essencilitar de get stem dos tanssenuis ssjetos incomplete exculagrapor que denim sua seualdade auavés de atividadeseprances mais do ‘que ara dasprferénis de gnero tis como os sadomasoquisas(eANG0, 1999, p34) Com esses contornos, a politica de identidade pra- ticada durante os anos 70 assumia cariter unificador € assimilacionista, buscando a acciagio e a integragio dos! das homossexuais no sistema social. A maior vsibilidade de sc Ksbicassugeria que o movimento jf ndo perturbava {0 status quo como antes. No entanto, tenses e rics in~ texnas jf se faziam sentir. Para muitos (especialmente para 1 grupos negros, latinos ¢jovens) as campanhas politicas festavam marcadas pelos valores brancos ede classe médiae tulocavam, sem questionar,ideais convencionais, como o re vonamento compromerido e monogimico; par algumas 4,0. movimento repetia o privilegiamento masculine se na sociedade mais amp, o que igia com que suas Vndicagées ¢ experiéncias continuassem secunditias jvamente &s dos homens gays; para bssexuais,sado- uistas e transexuais, essa politica de identidade era ste ¢ mantinha sua condigéo marginalizada, Mais diferentes prioridades polticas defendidas pelos subgrupos’, © que estava sendo posto em xeque, debates, ea a concepeio da identidade homossexual sque se vinha constcuindo na base deta politica lade. A comunidade apresentava importantes fax ce sria cada ver mais dif silenciar as vozes elo dos anos 1980, 0 surgimento da Aids clementos a esse quadro. Apresentada, ‘gamo o “cincer gay”, a doenga teve 0 eftto renovar a homofobia latente da sociedade, naga jf demonstrada por certos ferores sociais. A intolerincia, o desprezo e a exclusio > aparentemente abrandades pela agio da militincis hhomossexual — mostravam-se mais uma ver intensos Posies que os sujeiosocupam, & Dentro desse quadro, a polatizagio heterossexuall hhomossexual seria quesionads. Analisada « mitua depen- dtncia dos polos, esariam colocadas em seque a natural aso a superiovidade da heterosexualdade, O combate 2 homofabia — uma meta ainda importante ~ precisaria avant Para ua pedagogic um curricula quer, no seia suficentedenunciar anegacio eo submetimento dos/sho- _mossexuais, sim desconstruir proceso pelo qual alguns sujcitos se tram normalzaos ¢ outros marginalizados, ‘omando evidente a heteronormatvidad, demonstrando © quan & necesiria a consanteseiteragio das normas sociisregulatrias, «fim de gaan a identidade sexual Iegtimada. Anaiar as exeatégias ~ publics ¢privadas dramitias ou discetas ~ que #86 mobiliadas, cletiva@ indvidualment, para vencero medo ea tras das ident ddades deviantes pata recuperar uma supostaestabilidade “ho interior da idencidade-padrlo._ Problematizar também sestatégjas noalizadoras qu, fo quo de ourasidensdades sexta (etambém no context» tleouctos grupos identiiros, como os de raga, naconalidade Was)? pretendem dia e retngie a formas de vier ¢) these. ccm questo as clasifcagies eos enquadramento, 47 a transgesio eo atravesamento das francis (44) order), explorar a ambiguidade ea fide, Reimsentar ns, como pitica peda, estratgiase procedi- | acionados pelos ativistas queer, como, por cxemplo, 2 de “mostrar o queer naquilo que é pensado como, Jeo normal no quect(Tirssy © D112, 1998, p. 60) snferir @ outas polaridades esse mecanismo des- "um eliea~ nfo uma austncia— de conhe- FeMAN, 1996, p.91)- Admit que aigno I eg ee cod m ng de dione nisin nian a0 ge malin Dc get estes easel po fort cont oom un nce de coninode fennel co 36.) ue. di). Anan ddacxisténcia. A divida dixa de ser desconfortévelenociva para se tomar estimulante produtiva. As questéesinsoki- veis mo cessam as discussées, mas, em vez disso, sugerem a busca deoutras perspectivas,inctam a formulago de outras perguntas, provocam o posicionamento a partir de outro lugar. Certamente, esas estratépias também acabam por contribuir com a produgio de determinado “tipa” de sujeito. ‘Mas, nese caso, longe de pretender angie, fnalmente, um modelo ideal, ese sujeito—eesa pedagogia —assumem set ‘ariver intencionalmenteinconcluso e incampleto, _Bfetivamente s contoros de uma pedagogia ou de wm

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