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Ce oplor Cortyporde a prdacd” pire Ba domedicd dobar pure qqaede Qwr “ Cam? ie aoanjunes abet ee al, OO NEGOCIO DO MIGHT do. Viril em Sao Paulo Dissertacéo de Nestrado em Antropologia Social apresentada ao Depart Ciéncias Sociais do Instituto de Filosofia e Ciéneias Mumanas da Universidade Estadual de Campinas, sob orientacao da Prof? Dr? Mariza Corréa Campinas, 1986 UNICAMP BIBLIOTECA CENTRKA | | | A Marea Vorora Aarie A Mar por sev apoio nos tramos inicisis da pesquisas a Corr 8, pela sua orientauio; a Peter try, Jorge Schwartz, por seu porminents estimuloy x fats Oriani, Sucly Roinik, Maria Manuela Carneiro de Cunha, latiz Buarde Soares, Heloisn Pontes, por suas discusses do projetes a forge Reloqni, dodo Silverio Trevisan, Eduardo José de Sean, Antonio Carlos de Paria, Libians Marta Peenindes, Ludemar Lvangelista, Veriano Terto ¢, sobretudo, a Pedro pen colaboracée na Juta contra um persistente portunhel; vdes e snr indi el observe! suits de Souza, por 1 Edward MeKae diauco Mattnse, por suas sugestées © materiais de pesquisa; a Pedro Sunes, Roberto 5 vablow Piva, Darey Penteado, dee Melysir, per sh a Monique Augras, Graciela Barbero sus infornagdées Sara Torres, par seus comentarios erftivos; aos he i ¢ Ventondides" da noite paulistana, quc me guisram pelos iabirintos do gueto; 2 CAVES © & FAPESP, por se imprescinliveis Cinanciamente Angélica Campos Bastos ¢ Sania Regina Zan Guimardes, por sua datitografinea Naria Eloisa Pires Tavares, por sua revisio final; a Isabel Corbatio, pelo de- senho do plane. “Yormina = cmpieza - alguna cosa. Una experiencia se suclda con otra pero no se confunde - frato de un compromise particulars no repetir os Ta const ra seguir investigands donde el comino se taterr Oven siests hubra de revetar lo gue otres escondieron o most raron pore ne supimos describirs w veces sucetis aunque no durara. Los signes muitiplicur neue’ cabal Conveimienta imped por cireuystancia diletocias pocos wins, poca plata. Asi Gatsby 0 Stahy contemplan lu expuesta en Ja vitrina de un café, ROBERTO ECUAVARREN, "Au 1985, p.89) AG INTRODUCAG Ubiero un A Hesquis. we 48 Perspectivas s...eee- : fence eee . : PRIMBZRA PARTE - ETNOGRABLA BAS MARGENS UAPITULO 1 = 0 GUETO BA BOCA cco cece cece cece eect eee eee BF A Regifio Moral .... ne + A Boca do Lixo bu @ Guete Gay a CAPTPOLO FL = TRANSEORMACORS NO ESPAGO URBANA: G GUPTO GAY PAULISTANO ENYRE 1959 E1984 0. 80 Perfedo p59/i97e Perfodo 1979/1984 . Micropotitica do "Coming Our” .. CAPITULO TTL Us Pontos Os Géneres . Os Clientes . Quadra Geral de Nomenclaturas Classi ltcatsrias A Varidvel Cor sieeeeeeee eee Quadros Gerais de Entrevistados SEGUNDA PARTE - 0 NEGECLO CAPTTULO TY = DERIVAS E UIVIRES cos... f+ Sexo NOmade - PSedentario vc c cece eee © Nomagismo Urhano ..cecceeese ee \ Reterritorial X Derive th ner sxe \ kstratégia da taquer b Apondice = Cinen nheiros .. = fleviy, Carreiea ou Trajerdris de Vide + listé APTIULO Y= AS TRANSAS . GQ Pispositive Libidinal vo... cee O Niserete Encanto da Sodamia ss. As Reiacdes “Horitontais" + Amor ¢ Comércio CAPITULO VE - O CONTRATO Lo... eee A Série ¢ A Série de © A Série de Rava + A Série GEMETO vee ee es \ Violéicia do Contrate 2. INTRODUCAL ORJETO Esta dissertacio trata dos velucionamentos entre um tipo particular de prostituto - conhecido con > miché na giria do "mundo da noite” paulistana - ¢ os seus clientes masculinos, mun circuito espacial determinado: o “gucte. pay" do contro da eidade de io Paulo © terno wiché tem dois sentides. Um alude ao ato mesmo de Se Prostituir, sejam quais forem os sujeitos desse contrato. Assim, & 4 expresso utilizada por quem se prostitui para se referir ao aro préprio da prostituicao. tim alguns contextos . espe clalmente entre prostitutas © travestis ~ 0 termo pode ser apli do tamhém ao cliente, uma segunda acepedo, 0 ter miché € usado para denomi- nar uma espécie sui generis de cultores da prostituicdo: vardes geralmente jovens que se prostituem sem abdicar dos Prototipos ges- tuais e@ discursivos da masculinidade em sua apresentacio per cliente, \ origem etimoldgica do termo é obscura. Aluizio Ramos trinta, na sua traducio de A Sombra de Di de Michel Mar (1985, p.120) relaciona, baseado no D onnaire Mistorique des Wrgots Francais de G. Esnauir, ("seio"), miches ("ndde- gas"), a Cldoenca venérea” niche ("o que paga o é michetonner ("pagar © amor"), Monique Augras (198 > ps 107) remete a fo termo ao argot francés, onde até hoje designa Mo homem que di dinheiro a muhere: para conquistar-Ihe os favo » Signifi- cado semelhante a9 recothide pelo Novo Diciondrio da Giria Brasi~ leira, uel Viotti (1987). Para Augras, esta duplicidade do termo desvelaria certa indistingao ca do mecanismo da prosti- tuteio, onde “quem vende se iguala a quem compra, Cunhamos a nocdo de pres para diferenciar esta variante de prestacio de servicos sexua em troca de uma re- Cribuicde ecomimien, de eutras formas vicinha Prostituicue how mosses, Gunto do esercida pete travesti = que “cohra al aache por sv aatifitecosa vepresontacide de fa feneneidud, a fa qhe no de son emis las turbideras turpencias del fetiche” (Pertuarher NISTh, p08) =, quanto de outros dois ce géueros Francamente minor ic Jest o homassexnal efeminudo 4 ep vende seu corpo Cchamele mich pichal, © am tipo de transicde, que pursce estar energindn inte Fimidan ©: 0 michG=gay Uh principte podersse-ia falar de uma especie de con Fincun sla prostituicie homoxsexual, que vai desde a “feminil: nde" dg travesti ats amy seulinidade" do wiehd. voréu, considerar so. parmiunente este Witiao nas suas refacoes vom clientes “hamas se xuais" (no sent ide cq avencional de termed, vicm de se sustentar em diferencias So mereadas phane empivice, permite ressaltar uma wisgular Circunstinein na gia! a maseutiaidade = tidw por “point ré obscur du discurse", Brent a partiy duquel se dégagent les EciPscitGs sexuettes™ (Queroail, 1978, pe102) = vol ser posta d venda no mercade recive do sexo. \s difercncas manifestas entre nerUSs “ma iere. OS os g de prostitutos se exphicitam nas desericdes seguintes rice de um travesti “D gue mais me impre Slonou vm Agatha foi o reste - parceia um Saquetes rostos que o cinema nort americana Cabrica esyt fine— (ro por cent ferro guidoude, aig Pair amis fein perfeican, Se cabelas Touros the cata en caseute até os unbrus. A pele volo era sedesu oe heonsedds = os seios, qrumfes Menitis, eran Vixerosamente cretos, Valtande ao rosto: os sigomas - as ‘po metes', como o shanuva = cepuxavan leveneate ws seus idhios, dando ao conj fo ul ar atrevide que os thos completavan — eran castanho-douridas" (Silva, rsisis, Elgves, Genet descreve assim o eneentre ite Seek Gorgut com Divén “Richa do relator, Seck precisava de slinkeive: nico catdo pa “Ele mantinha-se ereto, firme, se bem que a deus nenias de seeola nm na posigd muios joelhos ara wijar contra o lurando sobre os ty 1) Colossa de Kodes, que na pose ( pose mais vi- abertas pousadas sabre hotas, entre ios sentinelas: coxns as qusis, ele 2 atd a boca, cles agarran com as m§os fechadas um pbaioeta.” (Genet, 1984: 183) (fufase adicionall. Para superar a distincia entre travesti eo mich, abpuns autores recor analogia. Tanto Fry/MoRae (1983) quanto Otteni en "omic mom attr 60 travesti do bowen, LIVaHi coine td ar que issim como a travesti o & da muther'. Rechy C1980), um prostitute memarigso, extrem: este paralelo: "A bich#t se proteye enventinlo roupas de mother; 9 halterofisista se veste do aiisculos = ‘reaps coutas'. A anatogia pede ser valida enquent de hones , atinal de “auturesa® feminina on mas aponta que niio h& alge assin como sume culina - tretare de "construgdes” sux pertanéncia v, la se se estaria, ee melhor dos asiderar Qu ente atribuld eRsosy imste do travesti, © aa sexo bioliwico, a lim distanciamente, uaa ruplera vom es protétiyos rat, Ymplicard sestuais ¢ comportamoutais maseniimos = configaramdo acuso ama es~ pecie de “Movir amthert” (Gnattari, G81). Contrarianente, qualquer paderia, eventuaimente, Cuzer miché, sem inae de aye til orinai Curivge cuméreio, on pre: ? homem joes bn Corte na apardue ia maser tina (1h lina Dicha entrevistads exp Licu oss versatiiidade: recom todos mito michdes, rica em GUE cu trabalho, os homens p 3 que transan bicha. ACitL, cles pussam muito pouco tengo do di sendo o papel de 'narido oxemplac!: trabathan ito ou dea horas, lo: ficam i de os “normais" aparecem prostituindo-se para os "“desviantes". 5 Se, como quer Paul Veyne (1982 , cada pratica “lanca as objetivacées que ihe correspondew ¢ se fundamenta nas realidades do momento, quer dizer, nas objetivacdes das préticas vizinhas" (p.166), ndo se podem desconhecer certos mecanismos similares en- tre o negécio do miché e a prostituigdo de travestis © mulheres. No entanto, estudar autonomamente a pritica da prostituicao viril obriga a desfazer a costumeira associacdo entre a venda de favores corporais ¢ a feminilidad nseca (1982) a no se referir 4 prostituicao masculina, na sua flist6ria da Prosti- ©. Associacdo que leva, por exemplo, o ratar exclusivamente de travestis delegado Guido tuicdo om Siio Paulo - apesar de registrar 0 caso de cinco "pederas- tas ativos" Fichados na policia em 1923 (p.221). Bruckner ¢ Finkiel- kraut (1979) interpretam: "Si la prostitucién femenina se desarrol~ ja entre mujeres, seguirfan siendo las clientas las tratadas de ideramos prostituido no es putas tanto el cuerpo vendido como el cuerpo pues es evidente que lo que con enetrado. Sdlo alcanzan es- ta abyeccién 1as mujeres, 0, a falta de elias, los enculados” (ptt). Correlativamente, a pritica da prostituigdo viril - mui- ada do que a feminina - costuma carecer to menos institucionali miticamente a dos ares de fatalidade irreversfvel que impregn: condicdo de prostituta. Os michés no somente costumam encarar sua prdtica enquanto proviséria, mas descarregam sobre seus parceiros homossexuais 0 peso social do estigma. 0 fato de nio abandonar a cadeia discursiva e gestual da normalidade, Ihes possibilita ess recurso ... bebendo no bar, logo a viagem até a casa (os trens da periferia sao uma coi- sa fascinante, af di para ver como operarios muito misculos acabam transan- Go). Claro, quando eu me insinuo e 0s convido 4 minha casa, falam que so por dinheifo, so por tma nota... Nas eles nio so necessarianente michés; Be que qualquer macho pede dinheiro para dissimilar o [ato de estar tran- sando com un outro homem." itra diferenca destacdvel com a prostituicho Semin o dada peta habitual auséneia de proxenetas no meio dos rapazes de Litude ma is estrutural, que rua.) Haveria, alias, uma diss mete ao diferente status sociatmente atribufde a “machos" ¢ no caso da prostitu cio femin naa meas". Conseqlentemente, discurso social dominante, exploracao” da mulher é explicita a superioridade sécio-econédmica do cliente no negécic do mi sinpen ry pode aparecer, até certo ponto, ada" pela valo- comprad acdo do miché mascule em detrimento da inferiorizagéo do cliente picha". De modo globtl, 0 prostituto viril seria uma cho ou bofe, um varie q dentro de um tipo mais extense: 0 brir mio do protétipo miseulo, nem necessariamente se prostituir, se relaciona sexuaimente com “bichas” (ou seja, homossexuais efemi- nados). Esse modelo de relacionamento sexual intermascuiino & ico no Brasil. Trata-se de (como ji nostrou Peter Fry, 1982) elf cha é a solu de um medelo "popular" ou "hierdrquico” ("a sapato lo macho", condensa perante Fry uma das suas vitimas), conforne o qual os parceiros se classificam pela sua posicéo no coito. Mas es~ outro, "moderne" i ujeito ass. corréncia ca em c se modelo "bicha/macho" est iva se s ou “igualitdrio", onde j4 nao a biche efeminada ativo", mas um ido cone mete um bofe viril e eran sexual" (como os “entendidos" de Gu es, 1977) se relac homo: ssexual - modelo “gay/gay" na de igual para igual com outro hom Assim, a irrupcdo de um novo modeio classificatdrie (num mos historicamente, através de uma andlise das processo que levantal is no seio de gueto gay paulista- oriais e territoris muda de Barbosa da Silva - ec no entre 1959 - data do trabalho pioneiro 2) Nio se re entante, esse per dia carioca. jo de michés"" no gueto paulistan ainda em forna incipiente, na Cinel 1984), ao se deslocar © se superpor ao anterior, produz una proii- cate- feracho, confusio ¢ acentuada mutabilidade/precariedade da gorias. Essa oscilacdo atinge sua expresso categorial com a apa- rigdo, ainda incipiente, de um novo personagem: 0 miché gay ~ que, ainda que mindo" discursivamente sua condicgdo de homossexual, hos} © “maricoa, nio deixa de se prostituir para “coroas" (ve u principio, a andlis vai se centrar no michS-mesmo (nio interessa se fingidamente ou nio) nas suas relaq com clientes ais asculinos. Novamente, os lugares categori ¢ nao Se apresentan como entidades fecha as ¢ exciusivas, mas como a, de uma rede circulatéria, Assim, um miche - G pontos de um continus como os internos do Mettray yeneteano podera ser macho au variagdo poderd contexto ¢ bicha (ou gay) no outro; vezes, acontecer no mesmo espaso. Conta um mich “Cheguei numa fest com um cliente que cu transava; af is. Mas cu bebi de~ tinha boys (bofes, michés) ¢ maricon, mais © comecei a desmunhecar, ter trejeiros femininos, virei bicha, Af a bicha que estava comigo virou macho e m Os outros comecou a me disputar ¢ que queriam me come: Também pode acontecer q tenhan relagdes com mulheres, seja ou nfo por dinhoiro, Na drea da prostituicio de rua eminina & insignificante. que estudamos, a incidéncia da clienteia elas Cogem A respeito igdes Maio itutivas dos mich por Genet, 0 internos estavam divididos em “familias” conforme a idade: cada "fant lia” tinka tn “immio niaior’ que doninava, despética ¢ scxurimente, os sicnores. Mas este “irmio maior” podia ocupar un iugar de inferioridade na sua propria "familia", assim: "los her- manos mayores de las familias C y D eran siempre garzon de un bravo de 1a familias A y B" (Genet, 1980, p.239). (3) No reformatério de Metra lo campo do nosso trabalho; nao obstante, no ¢ ipitulo dedicady js ea clas. Porém, essa heteros- transas, referimos sumariamen invocada muito mais vezes do que efctiva- soxualidade pare nente praticada. Como os miches eat rey istatos Tem profundidade™ 0 clam, gihar-se de heterossexualidade soma pontos perante os ctieates, que, em grande parte, procuraa rapsices que Wo Sefam ho- mossexuais. Aqui nos encontramos com um primciro paradoxo due wal narear o negdcin todo. Num aprecisdyel admero de casos, es rapazes que se prostituen nao sdo ou ndo se considers homossexusiss ¢ ¢ exualidade vai de encontro & demanda dos clic) ta recusa da hom tes, 05 quais, como o grosso dos homossexuais mediterrancos, segus do Pasolini aman ou queren fazer amor com wn hetcrossexttl disposte a uma eaperieneia homossesual, mts cuja heterosexual ida- de ndo scja em absoluto questionada, Ele deve ser ‘macho! donde a falta de hostilidade para com 6 heterossexual que aceita a relagio sexual como simples experiencia ou com efeito, isso garante sua heterossexua lidade) (Pasolini, 1978, este primeiro paradoxo pode ser pensade como uma ma- neira de legitinar a transgressio do interdito que desestimula as praticas homossexuais (com raciocinios do tipo: “lu cobro para nao a esta permanente contradicao ¢ instabitidade passar por bicha") © ou niio homossexuais, ¢ is- (ja que nunca se sabe se os rapa sa constitui uma fonte de polémicas, conflitos, gozos ete.) , 0 ne- jécio do miché sona una outra pecutiaridade, que fas referéucis dliferenca de idades entre o prostitute e seu cliente. Im gera jdade cléssica para o exercicio da prolissio oscila entre os os 28 anos, emgikinto os clientes costumam ter mais de 35 anos = observam A minoridade econdmica ¢ sexual dos rap stir episodicamente a forma Sehérer ¢ Hocquenghem, 1977 - pode rev de prostituicio nas suas relagoes com varoe adultos, sem que isso se torne necessayiamente institucional, declarade ou sistemitico. Por outra parte, sendo a pedofilia sociatmente desestimilada, o pederastas maduros mio teriam As vezes outro recurso senae pagar para aceder a um objeto sexnal "rare", preso numa constelagaa de instituicdes custodiais: 0 adolescente. Esta depreciacio erética dos "coroas" uo 6 privativa das relacoes de prostituicdo viril, mis - como jd registrava Hooker (1973) no gueto gay de San Francisco ~ parece caracterts tica do que cla denomina o “mercado homossexual". Esse mercado ho- mossexual esti compost de massas de individuos a procara de um parceiro seaustl ocasional © sem compromisse (programa de uma_noi- te). O Nencontro de estranhos como fim essencial de fazer um uma atividade cordo para engajar sexual (paqueral ou crui- constitui, no dizer de Hooker, “um dos modelos mais padroni- ados © caracterfsticos do mundo homossexual"! ainda que seria também comum, achamos, As préticas estraconjuyais ¢ promfscuas em geral, préprias do “mundo da noite" - expressio de uso popular acaso preferivel A de "mundo homossexnal", que imagina o homos- sexualismo como um universo fechade ¢ contrastivo. 0 campo de circulagdes se urde om territérios mais ou me nos cireunseritos, cujos focos sido tanto bares, boates, saunas, ci- hemas © outras opgées de lazer consumista, como meros pontos de pas sagem © perambulacdo (pragas esquin, banheiros, estagdes ote.). Park concebe a nocio de “regia moral" para referir-se is zonas de perdigao ¢ vicio das grandes cidades (espécie de esgoto libidinal das megalépoles, condig&o residual que cco em alguns topsninos, como "Boca do Lixo"). © ato de que o "gueto" ou "nereado" homossexus esteja encravado no seio da "regido moral" - isto é, om relagdes de co tiglidade com outros "eddigos 198 territérios" (Meleuze ¢ Parnet, , p.140) marginais, ndo apenas tem conseqliéncias em termos de “paisagem" urbana, mas também em termos de “passagem" relacional. certo que os pontos de michés © bichas, ¢ os pontos de prostitu- tas © cafetoes, costumam estur sutitmente demireados. Mas os mi 16 chés ~ com freqU@ncia lumpens, desempregados, "desarraigados", so- , Que, Come apontava Riess (1965) a respeito dos hustle: americanos, "consideram sua atividade como um substituto aceitdvel de outras formas de delinqlléncia -, podem constituir uma espécie de. ponte entre as marginalidades sexuais e criminais. Essa proximidade com o crime se denota em certa disposi- cao & violéncia confiscatéria - ou predatéria - que, porém, nao se verifica em todos os casos. Essa violéncia pode ser constitutiva do protétipo de masculinidade encarnado pelo miché. Mas esses estouros podem surgir nio apenas como reacio perante "excessos" Limentarem nas efusdes Libidinosas dos clientes, mas também se de diferencas de status sécio-econémico, as vezes gritantes, entre © prostituto e o pederasta. Como examinaremos mais detathadamente, 0 quadro relacio- nat que esbocamos faz referéncia, grosso modo, a pelo menos trés grandes oposicdes bindrias (Deleuze e Parnet, 1980), que sobreco- dificam o socius global. Essas oposicées seriam - de idade (veihe/jovem); - de status sdcio-econémico {rico/pobre, ou ainda “integrado"/mar- ginalizado) ; - de género sdcio-sexual (masculino/feminino: bofe/bicha). Em torno basicamente desses trés grandes eixos vio se articular os atributos que se valorizam no negécio da prostituigdo viril. Para poder reconhecer nao somente os lugares ocupados pelos sujeitos na ceriménia do encontro, mas também situar a re- lacdo no entramado de um continuum "sexo-dinero" onde fluxos 1ibi- dinais sdo convertidos a segmentos monetdrios, sera preciso um di- latado percurso. En primeiro lugar, procurar-se-i situar o negécio num contexto histérico e geogrdfico, procedendo a uma “Etnografia das Margens™ (C pital 11, pa qual se monta un esquen histérico du erndican de “mete wate paulistang, Panta pea sna bee territar ial quanto vategorial, abrangenda os fitines 2h mos. Aosequir, nna etnoprafin das tereatdriv: © populacoes envelvides oo cireuito da prestituicue virtf. Tneluemese também in quadre geral de nonenelaturas classifiedtrias © um qidre gers de entrevistalos wiches, clientes o Ventendidos™, sepresalos sewn sovioldy do varidvei Jlesenvo ly pois wm tentative de nuvimentar a ann — transerigie addline dos dre situacional, dividile ou "Nerivs mocunismos de abordagem cntre prostitutos ¢ clientes, ds porspec- tiva do nomadiame urhano - 6 "Devieest. pu sejn, as trajetorias existoneiais de alguns prostitutes que poder-se-ium considerar co~ mo "modetares’. Xo Cupttulo seguinte, "As Transas", introdus-sc uma dis- cussde wis iedrica, [0 Dispositivo bikidimal", que preteade for- never subs ilies paca entender os destcamenton de deseje ae ebdi~ da prostituicio. Abordamos logo - seb o tftuta de “8 discrete encanta da sodomia’ = amt temirien mais etnogrdtica, tentando dis- eutis a centrstidade do coito anal es s derivacdes, entre outras "técnicas corporais". No momento préximo, fala-se a respeito dus relagdes "hovizontais” dos mighés (com outros mich@s, com malan- dros, com mulheres), para passar @ andlise de algumas relagses mais protongadas entre prostitutes ¢ clientes, sob o puradigma “tio/sobrinho" Aborda-se, entdo, & mancira de condensacio, a distribut- cio dos atributes ao contrato da peostituicae virit, conforne un series: de idade, de el esquema experimental de trés ey de yene~ ro, © uma quacta Mocultal: rac. Sus conelusdes, procuracsey basicamente extrais postuta- dos tedricos velevantes para a questdo, dinde conta dos processas ale dosterriforidlicacdo e reterritoerialisacde que marcan, nes caso espectfico, a conversio econdmice-libidinal, quanto das pe culiares comlicues dessa troca,y onde corto desmesrady impulse de perda = que fas Lembrar as andl abre o potlatch de Mauss ¢ Kalai lle - se coaduna com uma proliterante “paisae pelo codigo, pernitindo ver como o desejo “investe" as regras sociais, ou & capturato por clas. Mostrar um caso singwlar onde intensidades pulsionais ¢ nornas Sociais se agenciam, misturando-se quase que inextricavelmen te, pode ser considerada # aspiragio final da dis ertacao. A_PESQUISA Os dados foram tomados na drea do centro da cidade de So Palo, que configura uma especie de “yueto gay" eneravade no seio da "regia moral", © cothidos a partir de observacgoes de cum po realizadas entre marco de 1982 ¢ janeiro de 1985. A pesquisa nio se pretende estatistica - 0 infreqliente recurso 4 aritmética tom apenas um valor indies oO. A investigacio pode se definir co- mo tiva ec qualitativa. 0 método utilizado para as observacées concorda com essa caracterizagde da pesquisa. Primeiramente, procedeu-se i delimita- cio de um territério (ver Planta, p. ), privilegiando a prosti- tuicdo de rua sobre as formas fio em locais fechados Je prostitui (saunas, boates, bordéis, casas de massagens}. Nido obstante, se incluem alguns dados dessas var antes de prostituicio a nivel com- parativo, Im segundo lugar, recorreu-se as téenicas antropolégicas de “observacio participante", cujas condicdes de utilizacao me- © wn tratamento especial. No que diz respeito ao universo da pesquisa, cle inclui os mi goria sui chés, seus clientes ¢ uma cat generis, os entendides = ou seja, aqueles que ainda sem se envol- verem diretamente no negécio participam das transagdes do mercado homossexual © conhecem os mecanismos da prostituicdo viril. A pesquisa aspira se enquadrar no campo da antropolo- nN Veh z "1 Bia vata quae, Ft dhe des Locamenta has ant eupétugns sleuan aden. fe pele Ges dr doninagan cmtonial « werd extinmin dn ob Fetes de estinio deve peugeitas HPP remors der ieadi. ote ma STA Matai de context, da teiby primitive a megatepuie von. te nordines ele pela ahseryacea de My ferouniitales retas Pe propria she sutrepatusia em peral, ne S fom Mth pie Mas chides a exigéneia de Munidade de Tatar ou ters itGric mites deverd sex dedsada de tule em benerfeia da plari docs ilade des “Sociedades comptexss", privilegiando os spaces Intermed id— Tost dn vishi soviat, os pereursos, teuletdvia, deviven cba expes rienein catidiana. Tamhem Vorfpida cxipencin Dose poderd impor Huimgeneddale do geupo absereade, propria da ctiolouia exotin ca", nin set ntara detectar “unidades reais ae Mine donamente™ Medel te © Wetauney, 18: a me sanr Mesto de paupe wera Liminerril « Re contesto urbane, sua tmportanciay om iver das "wicker relactonai ON vssimy a Pesqnisa datrepoliyica go meio urbane feniiesecd ne nivel migra; as relacies inteysessuaty van vane. Hitwin, no diser de Mtthabe, oi Yunidinte Jovat da ernofegia urbana, Wiis, esse nivet micro & pupa pode Se processa a interionris S80 be Mreproducae das SMES SOE TAL SS 8 Cambim pode tune ion Hon Sone wu Lugar de resistencia & orden sue ial dominante, onde se D¥elvem Fendnenos Grredutiveis a nfeel macro, Nia h veriay ene fre sabes os miveisy ama velagao de enusul iabnte Fixadt Com neece- Senete, mos uma lindmica de tensio continua, carret Itivamenre, nie UP besa Citi ‘in diy anteopologia ¢ histiricn e ractuats «nde pretonde ies Vilar Fears (LMMUS smttrepologos por slesvinetiaron s disehol inne len Unbele femporal os outros, constletlocs nip set mevele ale ubservagan abordagen, © ne por” seus, objetos circunstunciais, © interessante a SuyOs— Kio de Verne (82, potidd, ao sentido de cine rlenuy eboney social com, Wiscipling ous idist da histurta, (ot Tot ima visio da cide cone un “espace HMuide", utravessado por "reseauy invisibles", verieehini, Givimn (198%) Mabel Metropole, e diterns Lismal, mT, Paris) autome). 20 send perCinente vonsiderar a capa empirsce coms an plane de enn Lataciy de hi pete Vigerosamente preestabeleeidis, win ene Foes de exper imentacay concei tuys Avaim, as simcnes inst rumentai tondera oa seguir os movimentos reais das pratic. S observadus, vi- rundo, se for preciso, flutuantes (coue acontecers » Por exenplo, come prépria nocde de "gueto homossesuat"). No que Wiz respeite wo campo especi tice da ant ropotopia brasileira, x pesquisa ingere-se av projeto, ainda proviadtio, uk Hay Tatrepotorte dus relacoes sexuais" convocuda por try ¢1ge2 Proprtanente, na linha de pesquises antrepoldgicas sobre sesualidude, aleumas de cujas contribuicdes serao mencionadas ag longo da esposicdo. ‘©? 9 enquadramenta antropoldépice trumsparece ma abordagem do fen@meno. Da mesma mineira quo a antropdlogo das soviodades "exdt ic procura conhecer ¢ descrever - mum momento, emhora superdvel, inevitavel — as "teorias nativas", nossa premis— S46 que corta “reoria espontanea" inform as retucses loewis on. fe PFESTLOMOS v clientes, Conseqtientemente, tentarsse-d detectar e Mearificay esses "tedricost, cn deteinento do ama aprox imac estutTstieosquantitutiva, cuia vonereedip 6 Vids, mite problemi tnd lidades de Abordagem A princirs dificuidade que enfyenta um estndo sobre prestitiivee viril passa, comforme Schérer o Hoequenyhem (197 im pela ctandestinidsde em que tais relaedes so consumait. A at} mcs bol Cito alguns: Regina Nusziviot (NICIMP, 19701 ested as pros nalas ef Campinas; Camnen Guimaraes (Museu Macon tare: titutas confi. Hconst invicta do enters] ili"! nme gripe liomusseacitl We clitsne peal realty Renin et de bre} Fas TMIERE, HISSL, “negociaca de ident iditle” entry prostititan ¢ chiens tes mun beret mineiras Abiria Putce Caspar thie Nacional, 1982), 4 "cons tructio ale islet idkile™ das (SP, 1983) pesyu to. ts a "alTrmay ale prowraiy earincus; © Fuicid Selive honosscxusI" do Grupo Somos de Sia, Pau ccs sie de Scherer e Hocypenghew 6 de i905; no Foteriny a prostituieae mesculioa tei preriferado sob formes tegiis ou semileqais: cane We massugem, bordéis, saunas, servigos a domivflio e1e., substie Pande P86 Como Toca tiniea de reerutamenzi. Coutintos a « hima Matsa prestituicdo, que yecorre B prfticn du trotwin » cout inna Gstondo Cireundada de am véu de mistérie. O primeire trabalhn dn pesquisador seed, entie, planeiar ama estratse ta pirw fenaler pemumbra. . 7 OS estiados sneiotigivos sobre a questae (7) gue dites Fong btrese conforme a extratigia de aicessi escathidas A ahosdagem cisUtaedonal ou custodial = entrevistandy prostituies juternados eu Yeformatrios — esti deseartade por easdes tanto pol ft iens accu to técnivas. Py as prineiras, prefere-su ahordar os sujeitos em Li bomtnle, ae U Mhahitat™ ntarat. \ posstbetidade de entreyisig Tes dando prisioneivos + completamente wilidy on se tratamu a Meestuda Sobre adelescentes comecutrilis + alesvela, pos simul, ure especie de cori awhilicat que a a prastitui for Mis mTES engajadas de delinaliGueia ou “tlamteapew" om sepab, Vopean lo aberdir os prestitates mos seus locas de vps batho abee duas modaiidules diversas, conforne o conhecimenta entry AS partes da relagie (iver Ligar em espace "reehudes 1 nui che y on Nabertos": osquinas, pracas, bares, wictirigs ete. (1 Os estudos especifives sobre a yuostdo nso so mumeresos. mire os que abor haw prost itutos recothidos em contras correcionais, Riess (165) eng revi stil FabGes entre 12 ¢ TF anos de idle intermlos na Tennessoe State (raining (USA IG Procura estabelocer as regris qoe repeat 0 comereios Isto uniearte, nredousnie de interesse geaniticu sobre sl itis base eat reducue do conto dd telacio buca-penis; distineia atetivas © mio secorrer al vintene Eas Peo nye ede SE MRENHh conor essay nornkis, que Ser ian tapos Beene eek PASS eos de Felator del ingllentes". Por stu prtte, Schmid! Ketenborg et wit 1975, citale por Scherer 6 [locquenphem, F977) ertravia. se eRe fe 28 rapases num centre de trisgom de jovens prost itutos ¢ telingtiontes se ibunbirye; cans cone hsiay do estiglo, “eterna le Pimina So da prost ituicdo miscuLina, Cavorecendo a integrase dos prostitutes no sonvivio homosseNuul, como forma «de inseres No sowindo grape, de ahordagem Livre, Hays Jonathan trike (1909, ajaxt Scherer ie na ordeat soviat Jur duley dle Demis Drew HOLTUCEIGH, 1977) Sittiese at mein ca Cade am lesise pages vai exigir Lormes di lerene dad as de oproximaccte © tanto ds parte dh entrovistidlor quante dos dates pessades ua Transauses No caso das prostitutes de suunat, bordel, casa de massa- gent, o aves 6 facil itado por se tratar de sm local fixe de teaba Thor basta divigdrese ao local para af avehar os prastitute trivia) Caci lide chocaese, poréa, com um vbsticulo: o prege do ingresse ao Tova), ua de acesso ao proprin prostitute. Por osemplo, ae caso dy atgumis saunas, 0 usetrin deve Pagar Ne fat gle ingresso @ depeis um prece extir petas servigus do prostituto. A conra pode atingie por volta dus US$ 20 na ssuna Fragata (Pinheivos). O avesse a prestitutos em borddis depende do lueat: no deserite por Alves de Almeida (1884), convers © Livremente com os rapases antes de passar para o quarte. Mas, para entrevistar um prostitute carioer, Trevisan (nov., 180) teve que fazer 9 tra. batho na préprio quarts, carpe a vorpo. Também os services a dowicTtio devem see pagos, indepen- dentemente de uso, segundo a experiéneia ~ com Sins jornalfsticos ~ de Aguinatde Sitva (nov., 1980). - minha enere st in termeg: iw vorifiivel ea extrapotigee lelirante, entrovis= tando 22 rapazes do pocte de New Yerk, cote [2 ¢ 19 anas de idwe, © fore nese ulkt imagen da prostituicle dos rspizes mis ou menus FHanerapice, nde contralitéria com a inserciio familiar e social. Da sua parte, lonnig, (978) sbi rune ingen Puente ce "geographic du pasisage sre neescacl in!” tie SESS gear cons de passe" haver isi inventado, reprodasinds entyevistss 4 prostitutes deo vhas, Tratvestis, saxlomisaquistas, fuiciomirton soe iris Gum cbiente, ats gatis nig sia objeto de umm anilise’sistemitica. A tose de Alves le Atte da, Miché (1984) ¢ cminentemente descritiva, ¢ classifica os prostitutes segunda 0 [avs] ue trahitho: casas de ngissatens, saunas, hordets, ruas, boates, sendo, mais que wi cstudo analitico, umi especie de “guia social", inspiride no Guin Cay do Grupo Outra Coisa [1982). Outros autores trabalham basicamente sobro fontes secundérias, como Sivon Raven (El Prostitute en Lomires", 1651, Hoffngm (Male Prostitute", 1/79), Weeks (USI) eo ja Citado "Sur 1a Prostitution des jeunes yargans" de’Schérer e Hocquenghem {1977}. Tonto estes quanto outros textos (literdrios, jornalfsticos etc.) so Citados av longo da exposicao. 25 én do obstienlo representady pelo papamento existe um © invonveriont@, que Ga selecie provia A qual om caer, sac subne tides por parte dos administrageres dos lenis feclidos de prostituicdo masculina, visaado garantir as condicdes de sequrane ve qualidade vendidas ap cliente. & grande rigur da setecao dimi- mui nes Tocais onde o contraro 6 estuhelevide diretamente entre o prestitwte ooo fregues Csanna Tyga ta, howtos Wall Show © vad tne provisso y Stu ALLeresss eto.) © cumenta nis casas de massagen ¢ nas agéncias a domicflio. O ebjetive da selecao & impedir que o rapas agrida ow roube a cliente. Restringinde @ oliservacde sos lovais fechados, lid verre-se o isco de conccher uma imagem escessivamente lem-compor. tada dos prostitute » em detrimenta da sua proverbial perieniosi- Jade. Neste risea parece air ! soem decorrencta das prdpxtas Pimita- edes do seu campo ou de sust eseassa insereda no mein Cele se dee clara “hotorossesnal copvietol), Alves de Almeida, quem bende a dar unl panorama exces: yamente feliz da "vida fei l'. Na mesma ius fo enyeredam alguns avtigos jornalfsticns timternacional, sq; Voia, MISO1, ne medida em que outergam ana atencae preferencial A Hitt pros tiGurcae e deixam pum segunda plano a arciseada prosti- tuicde de rae. Fese risco agraya-se quando intervém a pretensie de dare ama imagem global da prostituiede miscutina om side Panto. Nesse sso, preferimos renunciar a essa pretensio tota- Jisante, restyinginde-nos a ume modatidude particular dw prostitel che virits o mich Je rua sou seja, ayuele que vende sens encaa- tas em pontos ~ esquinas, bares de Livre acesso, Sipperamas, ruas te. Lmhors o ostude abranga a trea do Centra da Cidade de S40 Baalo, teues privilegtade alguns puntos de observacdo: as ireas" de Ipiranga, Sho huis, Marques de Clue barge de Avouche, @ anljaq eéne as. f vordade que, dado o elissicu comadismo dos michés de Mut, elos Costumam no se restringir a um dnice ponto, mas peram- bular de oum Loew! para o outro. Poréu, a rua pode finesonar coma o grande coletor das diferenios formas ¢ géneros da prestituigde Minit: nae Co inceanim, adi que rect inti. de sauna an abe boats my vith int Pits bibs Dari Preduelos fieurag £900 he ca preponderante de ubsereacas do contato prévin A relagio. Assim tumba, para estan nelecer e¥ses comtatos, foi precise seguir ox “ritusis du intera o" préprios do aeio. Isto 6, ainda reconhecendo algum rapas como niche, min ers tecnicamen te: recamemdive! chess he ele sem a ris | de elhares, estos ¢ loslocumentos yun precede rot ined ramente btyottary lamest tre deswontue icles nes cirenite A nip-expligitacao da condigdo de pesquisader fei decors vente entie das prdprias comlicdes shy mein. Os propring mich’ prererizm, por vezes, ignorar esse detalhe, emhora estivessen dis- postes a falar. Assin, um wiché cow gion mantive uma relagde conti. nua Cjulhe 1982/setembre 1984) desaparceia cada vex que cu umengaa va gravart pordu, participow animadanente da diseussin de algrens pontos da pe bende que suas declaracdes seriam reproduzi- quisa, sa iticamente dei das "de cor". Un ourre ni thé - vontatado na rua = pri sou de falar quando eu tirei caneta e papel pronte a registrar seu Jiscurso (felizmente fes isse quando a conyers estava ja muito adiantads © foi possfvet contimul-la). Nao houve problems, mo ene tanto, pars gravar una entrevista com um prostitute enviade por um vlients. Un exemich® tamhém nao opds resistencia A yravacde, ten- de realisado quatro sessées de conversa. Alpine desses longos de poimentes vonfiguran de fag histdrias de vida. Tinhore a i ficuldacde dle gravar ce cntrevistas com prasts tutos possa incidir na Lidelidade do material colhido, também nie era recomendivel percorrer os perigoson itinerdrien do miché pre- vido de um Jor, que teria side provavelacate confiseado, Para entrevistar os clientes, recorri a vontatos inter pos do pevprio gaicto. Gone miites desses elientes cxam mis oa me nos eothes ilos, ou reromenbides por contales comans, ane cram pre veliveis diticuibales para entreyistd-tan. lwbora alguns dese sc arrependersm no memeate di cut eewists ew se recussaranl a wrayar. Ne Tinwl das conta SOHTPOLT Shir us ebientes aeuben somta ate mais HiPFeiL de qne aveder aos prostitutes. Esse incenvenionts ox pYOSSH na mostra, ja que us ontrevistas com Clientes silo nemeri = Cumente Inveriares As entrevistas com miches. bow parte da infors magdo recuss da foi reeuperada sob o expediente de entrevistar vlieates, aceitando-os enquanto "entend ides”. Fodos esses eselarccimentos tendem a delimitur o campo cuptrice da pesqii 1. Susi condicdo uxploratdria decorre, em parte, dessas y Creunstige is. @ fate de ter comteguide im pra consider vet de insersae no auoda da noite, nie elimina o risen de interte- rene its sublet ivas, qe resud tam dessas menmes commblijae: de bases sho. Meneioned jf a idtade, que me situaya em determinada Six de nercido. Também minha qualidade de intelectual we "subempuet izava" No tune espect tion dos "professures". Par aatra parte, minha pre He cond cae s eeomomieas one uiped isa grandes, daequernlin <0 6 Rao tor curve tornave problesdticu a uprosimacag a cote h In. Coneretamente, resultava nuis propfeio trabathar em e tie de mi, sivamente i Creyucsia motorda Ss, adeptos oxen rtas droas. je de um Mo crs pertinente, por exemplo, interromper a exibic? prostitute perante o [luxe dos carres - como acantece sohretude na Sido Luis. Alias, por Ses de seguranga, evited por veces os locais excessivamente periculoses ~ come os jardins da Praga da Repiibticw ou da Praca fom José Gaspar depais da ueinenoite. pat Jue ATguNS locsis mens densos come “potas! de aig como u | yo Avouche, mostrarunt-se, porém, pelas suas proprias caractert tivas orhanisticns, mais apropeiades para as entrevistas, por se fratie de um espace de "repausol, onde os candidates fienm seta dus nos banvos. A gray istide das distyreoes pode, cuntudu, se torman mais tolerfvel levande em consideragie as condiches particulares da pesquisa. Estatisticamente fata >, elas podem se detectar em cor ia Hos entrevistados meagre beectyste baie, mn on se focaen das clientes, Lai de Sate aie tien) aes fer DSINSeHN tes qe Hes totaricados. binbera eda pesqniia ite we opretende Trepresen trl ices peste teanqai becre anes pie lesa jem cosin some iderd- Lay advert inde que ela vende a dar conta antes da SO see de MALE PRUE Eig EPL. Tre athena miner ca usm PSitae ceria can ivaléne ia + euhora nuespentunt < entre no pipe de Jivates © 0 tipo de miches cntreristades. & uniter amplidae da axe sade entendidvs pode funcinnar, do fete, crime um espeeie ede cnn broly. Por TI imo, me pcarre aventuar um certe carndter arte yack pesasisn anteopotdyica costume reiviadiear para si - sue sretials sas snay poldmicas vom os socislogos. A antropologia, iu do sutil, nao tem as snas téenicas predeterminadas rigida- wator: © necessdrin iaventilas cada ven, cuntorme ay propria cae sicteristicas das popwlicdes ostudadas. Além lo mais, cahe recanhecer « possibilidade de que ¢ souso temba fidu, weste pesquisa, um peso superior ae que habitus mente fem em outrus Lavestigacdes, realisadas sobre camunidudes te cludes ou de limites prefixadus (como geapos ou bairras). Porés, e mundo da rua @ de certa maneira, o munlo do acsse = mae de um aeaso castico, mas de um acase orientido por usdulos de censisten cia mis "frousa' que os que repem nos espacos da case ou do tra. bathe. Min cube consideray esta pesquisa como un estado sobre wit “commidade”, nem soquer sobre um "grupo", mas como uma abor- sagem de certa prdvica ¢ das populacées nela cavolvidas. 0 fatn de yue sua confeccdo compartilhe as imprevisibilidades (relativasi do trottoir na tiva, avhamos, valor Ss conelusbes que se inferem: po- vom, as suhmete & mares des sa prdtics. Que um estude sobre o real love na sual construgdo as jupressées desce mosino real deverin Calves, wates nos aliviar de que nes envergonhar. PERSPECT VAS. Vvisibitiesyae dhs homossesiad ism 2 om se tay 9 fate de tormicte visfyel - Gu espetiente de nessa dpoct. Como observa Avid (TUN4, pov, Mo enfraqueeimento da Unberdigae alt Temesse cua Vidade Sum dos trayos surpreendentes da staal situag jlossas sociedades ocidentais'. A “safda das sembras™ da homasse sua Lidade fou, como sugevem Tell & Bainhery Uges, ihes homossesuali- diles, ein atencda & varicdade de fendmenas que a cnganosa hometen ia dy teem encores imptica verdadeieus movimentos dy mascas que eine gem do umt Semighamdest inidade “doentia™e esverunnlaty, Carte na for mat de grupos organisados que reivindicum ruidosamente seus direi~ tos, quinte ne natério © vistvel aunouto da presenca de homossesuais amifestes NUS rHas Con mebhor, er certs reas) das grandes cidete jo Qeidemre, dnettiade o Brasit. Simaltaneamente, uur west a eener— vialisacie da vibr gay acinnava tanto a aeeiGrcne relat iva oi tt lerancia vepressiva' divia Marcuse, (270) dos ant igos sedomi tas, gounto a recuperacio, por parte do capital, de eventual potencial subversive das perver W resistencia Sy enguanto envarnadera libidinal A domesticncdo supereadicn do "prince ?pio de rend pierre" silt. Aina que pareiatmente reciglida nes ctrcuites du cupitalis hr consumista, festa guy pureeia intermindvel. Boueault (4Y81 coments coma os hanio. 2 ando, “por una cur iosa sexmais acabariam discorcdo' da escrarey do dispositive de sexualidade, "de svi sayor libertad imelaso que los heteressesnitles en sus relic iones 5), desenvolvendo verduleiros “Laboratdrios le ox tisteas” ip.2ay/ perimentacidn sexual" ip.3ir. O panerams ost nudando ahruptamente com a irrapeio da AIDS = Cujo efelte me ctrenita de Tynete yay’ pant istana eseapa, - 1 per varies cronoligicns, ans limites da pesquisa. (im now HIYA pesymisie « ciciiee om janeiro de BSS, ea cagpanhar dit ALIS comecnt Ase sentir com Fores jo guetu paulista a partiv de arco desse une, D efei to do painico foi wm csvazimonto earal, especiatwente do xueto da Marques iver Nogueira de si, Po O/OR/SS1. Aids, a pal feia aprovei~ terrerismo, de inspirncio médica, consegue esvariar o rehulico dos guetos, © amiga reeondusie ex homo: eis a um Revi Fenda “patoldgico™. Contudo, s yisualizagio, longe de ter diminutde on retrocedide, parece ter até aumentade, wa medida om que os mais tos detalhes do antigo "peeado nefando™ scabarian ganhando a s piblica, pelo show dos shocks das midia. Aids, as emunciages desta cumpanhé nde parecem ter-se diripide tunto oo sentide de une extirpacde, mix de uma pormativigacde ¢ “conjugalizacio" dos homos esualismes, asonselhande, por precaugio sanitdeia, reduzir o nie ro de parceiros ¢ de variantes seausis. So que dis vespeite espeeifivamente de prostituicua de Tapazes, essa Visibilisacto tea resultadas ambfyuos. be nm lade, parece notarese ian visfvel sumente das pangues de jevens que od : Wom a rac a precura ade om etiente homssesuil. TY suo Int, poem, los estatfsticas quo confirmem essa evidéncia, No caso uo Brasil 2 prestituicdo viril continua rodeada dy certa auréola de mistério swe parece constitutiya da prética - diferentemeate da prostitui~ so dos travestis, pablicamente celehrads. Tamponco os qrupos de homossexuxis organizados tém abundado em yellexdes sobre a ques tiie da prostituigs ulina, © isso se explica: tanto o miché miscu. oma To come 6 travesti "Cémea"” constituem espantilhes com os quais as cig ileologias da ignatdade sexual preforirian ndo se entrentar fou a desert iVivacsio do Chissico pomto de michés di Avenida S80 Iie para Vingd-lol A moviaentacilo parece terse rciivivady a partir de novenbro de 1985, coine Wlentenente com os efhivios da verio, mis sem recuperar os nf yeis unterioves, Sobre o dispositiva da AIDS, ver Perlonghor, 1985: C11) 0 aiehé & um personages intersacionel: hustler nus Jos Unidos, chapert rat Tspimba, taxiboy om Buenos Aires ete. Siti presence & registrakt por di- versts reportagens? entre out res, Abeaham & Diners” (182) ei Awsteedmy Monmingy (IOS 1 cm Doris. “iigoid'a TMESt" Way Piel an? Sil, junto RZ) ty ti da prostituicio msentine na lungyin. No Bras Leampiive edie cm ete were especistl nai de 1980) a0 tenn, alén ce artigo? Tispersos. C12) sunbos Eenémenos parccem contraditérios. Nao obstante, sepundo detects Cardin (1984) na Espanha ¢ parece taabéin acontecor no Nrasil, a nova yisibilt ide homossesual Condusiv a uma populeriziesio dos protatipos mais ass iados Fominithkale, ov soa, ae mbdele “oldssivo" de relicoes interauscul ious, enquinto os grupos homossexnais organizados escolhen outre paradigms mats Mi guilitivio, Corre lat ivamente a esse resative silem jamento, as dada NistSr dees sre Tamblyn emesis sess. Ervemeass cine Leases pees ihnicae auiseulina parecem ter sido freqitentes aa Antiglidule. Relgis, an sist Wistar is Sesust ve st thu Winidad CHO11, pinta assis a atwoste= ba de desenfreio imperante na Rowa pags: “Los pinliaderes, Cuyori- fos de Lis mitrnnas, se entregaban ea piblieo, af ipl que lo clone atqiiladas, i lis mis yreseras orefas. bn la via Sacra o via Apia na habTa mis que adultes; en los hasquecii ian eb fanaa oe en fos hunos pudlicas se eneantraban tambien ninvs de amos sexes, entondidas en todos los refinamientos sesuale Aly . AM temple ¥ Hegatan los aficionados a placeres sat inaturates Pore. mies pretende sci tragar amr c=peeie de arqueategia da prostituicde wasculing ne Ueidente, em parte porque, como adverte Paul Yeyne, as simititudes entre esses fendnemos ¢ a prostituicin Sontempordnea nde deyem ser rxagenndes SPeastitiieda fee vant palavra demasiado forte, visto que, em Roma, os dnstrumentos sex snai Sou rapises, eram de tal forma considerados instru mentos passives que se eferecia claramente dinheiro a essas peques nas eriateras (...); fazer a corte consistia em oferecer uma soma” aD. Werne, térico que, aa 1) culos SVIT @ XIX, str partir do geande corte h walidade iT.11, Poncault traca entee as 8 Syme se poderin comegar a Caley usis propriamente, de prosticule gio homossexugi masculina. Benning (Fo 0 repistea, por volta de ISO, oO surgimento de ume singular gominagau: “prostiqueds'™ © en menta: “Le met fevisenment jnusite f Lépaquel recenvee, en Cait, quelsue chose de trés iétévogine: (...) des petits vagabonds, des sattres-chanteurs et fours appats, des coquvttes de Ta palerie Aelsans ou des joyous suceuhes des Turlerien” Cpt). Sue pbstan te, © Campo semintico do terme privilegiaya os atributos passives Fewindides o marginalicava os Cuturos miches: “Je petit tapin, ctest le suns-nom” lid}. Similar privilégio aes travestis, @ con- vedide, no caso do Brasit, pele cronists Pires de Almeida tas. suas danteseus descrigées do Rio de Janeiro orgidstica do final XIN; registra- " ly Século se, porém, 0 case de us coronel que a ya pelus costas" seus soldades (citado por Fry, 1982). oO Cato de se tratar de um fendnems ainda poneo estudasls justifies. de ponte de vista da amp lisnca dis Promtedeas de saber oeial, uma pesquisa sobre o tema. Se bem que o tritamente du pros Lituicho viril nie & inteiramente neve no campa académico brasi- Loire ~ hi duas teses recentos: Miche de Sérpio Alves de Mtmeida yigs4ie Reis ¢ Ruinhas po esterco, de Regina Marta lrdaan C981) nao @ sonde ate una date relativamentes pruxin: — 95 Deimos 10 on te anos = que fe Len aberte posibitidedes obser ivan de que bemit i ca semelhante pudesse ser abordada de um tien dilerente b deting qtioncial. Assim, Riess, cm 1961, pode tratar # prostituicin mascu- Lina como uma "delineuencis sexuale., que implicu una deswiaeion Ge las p Jad portesmericanan, eseripetones uormativas de ti specie ae fade de outras prfttcas tais comp “relay tones beterosrsuale prematrinanial pederastia y feilatio™ (Riess, M85, pany, # partir de uma pesquisa realisada com senores deliigilentes interna Ges mun contro de recuperacde. ® olhar socioldgice nao somente nio vacila em qualificar os sujeitos contorme a lei social, mis ele mesmo se converte em re qulamentadar ¢ preseritive, como party de mm vaste dispositivo de recuperacdo © controle que define as cféneias seviais epquante ‘ns quina abstrata de sobrecadificacae™ HPelouae e Taynet, UHM, que aspira a entrar em conesio preferencial cv o poder do Fstado. Es- gu cumplicidade com as ingtituigdes dominantes niv @ exchusiva dos ostinlos sobre prostituicde ¢ homossexnaliswe - que resittam porém particularmente sebrecarregados peto fate de se tratarem de "des— vios paradigmiticos" que pie om questao aio apenas @ plano sim nSlico da tei moral genérica, mas as prSprias unioes Sexuais dos sorpos. ia prépria Sociologia Urbana di fiscota de Chicago fdéca- da de 203 colecay gern} de esanadri- sea service de una empre nhamente das popntacdes citadinas. A voeacio nermativicadora desta Lscols deixava purém re~ serviade Um espaco, no territério urbane, para que essas relacdes dese iantes = homessexualiswe, prostituicay efe, © 6 Constr era a ido mo aU. Assim, Park CLS) Pe85) propio Nontender as Forcas que om toda cidade grande tendem a desenvelver pssus amhientes isolades nos quais os impulses, as paixdes © ideais vagas ¢ reprimides se onsineipam da orden moral deminante™ ~ onde pe Npestintes @ apetites, micontretadis 6 unbiserplinadost, es “impntson selya 5", veprimidos on suhtinades na ardem srhene da normalidade, eucontearian ¥ Dizfamos que a Sociologia clissien teade a reconhever ex os imputsos “Wescontredades” como intuitu, precigamente, de cons trold-los, Essus ucusagées soam uitrapassadas, uma vez que poten- tes transrormeses no plane do saber social tenderiam a cspantar 5 pelo recurse a relativi- ¢ "Gesmascarac" os preconceitos, as ve sobre o delicudo tema das relacdes sen reo. AS pesquisas sociais Autis contomparineas io apenas téw padecide = © acompanhade ~ a Judaram cm considecdvel medida a forca dessas transformicdes, mas implementa-las. No caso espectfico da homosseaualidade, sua din das sombras! - passando de ilegalidade a certa Jegitimacie po- litiea © social, As venes miis retdrica do que real = vinese om respeitavel grau procedids, © at impolsionala, por invest iyacde produzidas nu droa da ciéneia social, O exemple, tulvez mais elo- qliente deste decisive deslocamento ext dhide pelo Kelatério & a Sey, que Yai revoluetonue — ao revetar sna realidade estat istiea = as visdes predominuntes sobre a howossesuatidade, @ cujae Biigde Us teses de Liberacas homossesuat ¢ clara (ver, por exemple, territerivs ¥ Guerin, 19303. Bosd inhos, outros cientistas so- ciais contribudem para retirardasociologia sen estigna de diseiptina colaboracionista™, J& Wainwright Churchill (169) questionava a houofobia ocidental, ¢ Weinberg (1975) lancava o paradigma do “ho- tiossesual feelin". Ra sua parte, becker (187TH) auuneiava sua dispe- se, enguante a ohjetividade © ncutralidude cient f= sigho a alinhar-se, fics dis vespeito, no bande dos marginatixades ¢ desviantes + mi- conheires © homossesuais, entre outros. Como conelut Monique Augras WAngrin ct alii, bogs, € differ? manter a objetividade yuando se trata de homossexual ismo. As vere bs posivionamentos desejantes Travestom de mune isdos idooligicos, tanto eriticos ¢ “bihertadores", yuauto preseriti- vos © conservadores. Esse curvter “micropalitico" assumide qua ity que instentancanents peas discursos sobre a homassexualidade, se (ig respeite Gd tnexistencta eam teneir cont itatdi ue Campa dts relagdes sexuais (Veyne, T9SSh, p.i7i, deve se entender no quadeo Ge ita intensa sebrecodificacie [proliferugne de discursos ede micradispositivos de saber/poder que dvterminam, no dizer de hotease, cemplesos “edi gos-territerins'’ |. Tal explosie discursiva estd ae damage da instanragav de um dispositive de sexuatidade, que vein deslocar © Se superpor a wun outro anteriue, @ dispositive de aliae (Foucault, (9791. © corpo individual = ¢ J mao os vinen- jos de sanguc c terra = Se converte nea else econbmice, ohjeto de atribuicde de uw valor mt secindade burguess. Seo corpo do indi yidue $ o suicite da vida social, seri uljete dos saberes aaali Lo @ desdobr lo, pereverer suas articulicocs © inpressbes, regis- trar (traduzirt seus desejos co suas perversées. Miquina de sohre- calificacde que trabulla - diriam Neleu eo Suattari, [980 - ne plano da espressde, mus que no deisa de eravay suas garras ma sue perficie de inscrigo dos corpes (o plano de conteiide, mélange das corpos, das suas agdes © paisdess, da maneira de dispor corte "re- gime soxual", um neiamente" que articula enumeiacoes e encon~ Tros, presericdes ¢ A medicina desempenha, de corta forme, um papel de van~ quarda ua instauracdo de so dispositive. A passagem dis ini ipecads nefande que coudenaya a yiem desperdiciaya sen esperm par canals ingratos & repraducdio de siditos para tens e seus testa de-ferros terrenos) 3 homosse. Lidade (tera recém-inventade por ui wedico hagaro, Benchert, em 186%, subst ituindo so mis poético de “wanismoy, '') corresponde com o destocamento do poder sobre 0 corpe da teologia para a medicina © seus aliades psiconn- ligiais, yue elaboram detathados catSlogos sobre todas a» perver- (151 Para it desenvety iment dln questae, ver "OU pitti "As Transas". positive Libidinal’, no Cin (HN Para im histSrico do processo de "sa fda dis soubeas” dit homossesna] dade, vor Jauritson ¢ tharstad (19771; Hocuenghem 1979). sGes possiveis ¢ imagindvots, tentando descrovéelus, analisd-jas e sohretudo, Classified-lus, eneaisande a diversidade de proticas Hibeetinas 1? gus ndehos dem Pandpt ice pereerie “Psiquiatricagan do prazer perverse", "preliteracan © Mixagde dus perversdes sesuuis": os cnnme tudes de Foucault) Gape dem vero provusso de saturagito das unides homersticas le sana Face meranente repressiva; Cratave-se, nether, le um Flovesei- mente tritégico, que visave fis ves ty metd vera da Mearre- io", A construcde de certos oper " adores de “identite disciplinaire (Foucault !, que funeioaari + JH mio come encastramentos despati- imagem e seme Thang do héspata Cou ae Densi, mas coun ee vepecie de imbeadares semisticas mittiplos © pontuis, uma vasta © complesu rede de eddtyos, que orientaria o duria sentido ke cire ulagdes das sujeites pela vaaranhade das curpes aa sociedute can Lempordnes ta multiddo, como quer Benjamin Leiter de Baudelnire, coms modelo ¢ forma da modernidade). Girenlacdo do sujeite e¢ de seu deseio por um ent ramide ve eddiges locais ("microdispositivos moleculares estratégicos", no dizer de Baudrillard, 1979) que destocam ~ ou pelo monas ve - 8 fisitade da lei. Certs ubiqlidade da regra tornurd prohies saa aplicaca 0 de nogdes como do “desvin™ que mascara, segun de culverte Guimerses (1977, p.r3si, Tatura da relacio de pos » Modelo "I turuante” (como o da ysicandlise ticada por Delonge, Lys, pt) dors aber-praser eri- y que nae apenta a Livrar o sujeite que deriva aos debochos da lihestinagen, So imsta a encontrar (sua idontidude ou sua conlicio, sua per onalidade ou Jai vardin (1884) sitienta o Yoarsrer purumente tramsicioant del ibe ge vendria a ser ta actemtlizacion monentanet del tipo! fmeien Re: solomita, oa una Space de cambio eulturat™ (p.22) “arta pronto tagar a una diseci i Hdel Libertine heterosse— Swil, por mn bdo, sitowla Jel lado de to sineiatmente recanbeklny ya del perverso hoaysewutt, sit det lado de lo prohilido'. liste “WinarPisno bie sical = contingt Cardin, p.23 - "se vorTa rodoude de un constetacion de perversiones menores (voycuristas, sadomisoquistas, corréfilos, fotichic- tas ete) ambiyalentes con respeeto it to escision Socin-seauial bisieu, y aceptables sogin el doble eje de su perversidad intrinseca'’. vino, ten Régime’ do Cipo tesiisicfenal que wGN | bp usseneda, cemumdo as cseadast nu case, Vanni cecil on ad vel eyplin ity desego ovat ern torah de art iidacan ai jositivos de poder/saher. 0 flasy dos curpos “Libres? foam a Lis hendade dos eorpes qredetdrias), aqui be ae ps eden rene ii je ues wtyes, vai sve superffeie de dnsericas © repistra de Conelenasdas ast gue rama vontuda, as corp yenes, Therm. Esse amv imedte de fag - saracterfaticn, como quer Hetense, ii dinanien social » pos Ge se euvarnar tambsr seb a farm: dy una "eesistencia', umidy on Hheumide nelt. Birese sia que us mage inners sn poder predic paides, vhios ap corpo socind, sonas de tries Tnstahi didide, que podem se Configtrar so mesmo temp cone “puntos de fupal’ da estre de fisague ecotlura dessa mein or tara seis] © enquanto poatos waiver entre a tei en deseiny catre a hipercodi fica Spica ¢ AS micromubilinacves pul setmis que turnia © ue mic ro) correwadia, viseosa, sua tradugdo aos stamps “comunicut ives! lhyas tardi, € que a prition da prostitulcdo humossexual comtempordnea agrece ser situada ao € om Si mest Prost ituicie hemossexuat: a constr onaunos, [4 que encebre uma yariedade de relacionanentos que re~ ixtom sua Suhmissin a ain gategarin homogencr, Naw obstante, sue oy tem relagie com certe va de misterio que ronda essas halo Twp resi ebscuras transiedes, de maneira nenhume transparentes. Es gic penumbra ¢ sordidez que rodeia a “prostitution des jounes gar- cons = como Schérer o Hocquenghen (19774 excolhen denomind-1a, jhrangends a prostituicgio infantil - derivaria, segundo eles, de veterencia Ti vonalidude of es- un tripio interdite: um, que f tensivo historicamente A prostituicde no sen conjunto; dais, que Gosestimilt ainda majoritariamente a pelagic homossexualy © um forceira, talves o mais oxplicitamente predominante, qne penslica as relagees vutre menores © aidul tos. Esse interditas ain decent a “ le : cer pewsados como unt aera proibicde, EM mis vambén engrante in dicaderes do Mobieto dt cobica™ (Batailled, da mesa Sormi yi o oxtigma, explicitamente exctudente, pade ser pensidy "lo svesso” cnqianto operador de intensidades libidinais. Assim, so episddio Ga prostituigde dos rapazes, contradigues © interdicues socinis to hutuabicnbes'y na dicer de Baud Gey ¢ 1 Wy sap Madness osbidas eiras de idade, mas tauhdm de ctasse: ja apenas bar LIMS]) registraya a fascisavdo dos hompssesaiis du itl ta cinsse nédia da Inghaterra de 1990 por parceiros rudes e viris da lasse mais baixa, nos que procuravam acl pele recursa monetd- rio, 2 ouréntica masculinidade, wn macho “slat min, bk € esse procures pelo aacho “ndo-howossesual que wat constituir tanto o rasgo distintive do negécio (a prestituigsa virill, quanto @ To- co de una infinidade de querelus, ambighidades ¢ discussees, que tui Semen te vo Yeuriqnecer v comsunicde Ein idi ea hy amis taulycn vie tramscender a intimidade des quartes qaira atimentar iwi pole tics "nievopolitica” sobre a prépris homasest | ibule em gnestiy inalmente, trata-se ou nao de “homassexnalidade’? Issa potémica estd, de algoms: mincira, ne cerne dt pres posta de “antropotogia das retacdes sesuais, lancada mode rnamente no Brasil por Peter Fry (1982), © remete a certa tensao ~ novamen— tes ontre e nivel das designmigdes soe tatsente cstataikes 6 0 plan no das praiticas concretas. Fry pergunti-se até que porto & legt- timo, na Reiém de Mard ve 1980, aplicar a categoria de "homosse~ aud" para definir os homens que se deitavam com outros homens, sificacie retdrien era alheia aos prdprios oti unui esta che Chantes iexchifde am peqaene seter yay de classe elie i Tastee tle) Base Foucault os interditos nie serisut sd repressivus, mis taken pos iti quer MAS proibicies existem, sin numeyescs 6 fortes. Ms L209 pieren de Lent ceonomiia comptes) on aie existent an Lento she neh bagoes, le mean ies i coos, de valor izagoes. Sie sompre intend ites qe sau cufutiziades! Cau cant, 98, pedal. any dale Pry resolve cirgutumente esse impasse, amstrando a superposi« io entre dois sistemas contTanos de neminicio ¢ valorizacin da priticas sexutis imtermascadinas, que eesumimes comrninente: 0 primeira, tradicional, "popular" ¢ "hicrirquico™, que classifica vs parceiros conforme a posicao ocupada Can pelo menos preseritur no ato sexual om ative (mache on hole ¢ passive (hichar. Besa Uisposicie nio € privaticw do Brasil: Carrier CIY7T) yecouhece sua neia em diferentes sociedades (México, Grévia, Turquin ete. i. vig Lacey Ha considers wr traco prototipica do "machisme Jatino- umericano" © estaria inserita grosso mode no chamado "sistema me- diterminoa" de velagées entre os sexos ideatiaade por Pitt Rivers CHW). Precisamente Carrier procura comparar esse sistent com oun a7) tres, vigento ja entre os g: ys da classe média americana, e sietecta nesta comparagio uma tensiio de clusse, jf que © chamado “modelo popular” vai predominar entre os rapazes pobres dos sus Mirbies norto-ameriganoes mndo sistemy “ijuali- No avange desse sey cdes personolopicas do Primei- tirio", [é-se o influxe dus modelic ro thunlo, como a expansao ao campo dos comportamentos homverdticos ste certa cruzada demoerdtica, encarnado no plano sociat mais vasto pet difusdo do feminismo. Roconhecer esse choque de cédigos con- Tlitantes & certamente tegitimo, (18) parém, atgnumas farmilagoes podem deixar chert a porta pars o fantasma do evoluctonismo, que superia uma especie te transicg&o para um estigio mais fraterno ~ LIT) Esta superposigto de modeios poder-se-is atribuir, conforme Oliven (9x5 D.33), Ao Pato de que om pafses cow o Brasil “existe un cupitalismo tare dio ¢dependente, onde o ‘tradicional se articule vom o moderne @ nos guais 0 desenvolvimento se a4 soh forma designs] ¢ comhinada". CIS) A divisio das relagdes intermasen tints em dois modelos — um “popular” on “hierdrysico © ontre, “moderne” on ipmblitirio", permite au sito gran de Formal Listesio do “chogtie de codigos" patente no colwirin homosexual pant ise timo, Pordn, new seupre as consegliencias dit irragcue do move alee, so= bretudo de ponto de vista de “contetido de classe’ da sua tapos ig. M, S40. extrafdas radicatmente, No decorrer do trabalho, usa-se 0 esquem de Peter Toy, salientande porém a "rosisténeia das sexunlidades populares" oa con plorifieacae barrece das categorias resi inte vessa imisyiu. menos despdi ico = de relucionamento, Esse provedimento ¢ sugeride, por exempta, quanda se transferm: a relagdo “bicha-bich pride fo Mohissdeo! tyme seria, est igmitrsida camo heb ioe, Siramente desyviamted come autecedente fundbinte div relagan jaye naridigmitica do sistemt moderno. Se provessos desse tipo po- m eveatualaente ser reristrades em campos no ado de ui mul — tiplicidade de trujotdrias e Mew iret bio fued y ceapes ile sie Sot no wa simples transigay acarreta 6 cisco de secundarisar que seria, acaso, um dos scus tracos mais significativos: ina especie de mutacdo na consciéneia, yuo Leva vs homossexudis wi titantes a sair da clandestinidade [out of closets’) © passar a al irmar a assumgde de mma identidade homossexuat. Quande se Crats de ident idade howossesual, @ questao de michs-ni culo (rapas que, prototipicamenre, recuse sitoqualificars se come honossexual, residinde nessa reewst, demindada pelos ¢lice da. ato) torna- tes, hoa parte de sew ene particnlarnente Weeks detecta nesse excitante jogo de denegagdes ¢ permissbes cera crise de ideutidade": “Por the young aut the ts o prostitute choice were atvectivaly between retaintig a conventional sell concept (oe. or aeepting a homosesnad identity with il ts ine hostile society LOST, p.labr, Da sus par stirs de attendant dsc te, dascade nus regras de preserigdo de conduta dos I Riess ona autobiogratia de Reehy (19641, Holfnnn (179) propse distingnir duas ef de ponte de vista de de prestitatns, auto-reconhecimento da su homossextn|tlade; entre aquedes que se betiet they are not homaseauals hy buying sex which 279) recusam, "th is facilitated psycologienlly by an exchange of money" tp. Mas "the versatility aml ambivalence t...7 amd the blending of prostirution aad affection" que curacterisam o hustber fiacw Hoffman desistir da possibilidade de aplicar um osturcélipo finica. Aina que a dificuldiade de estabelever uma identidade do prostitute yiril seja bem reconhecida, fica a diivida sobre o sens Cido da tentativa. Por que pensar a questao da perspectiva li lout fdade hemossenua), qnatabe essa tier iile tai semicn te cogs cama cere blue it nar sbi uiesnkae Laem toni aie er Te banked negec bey sendy eapl ection te remegaita’ Hae cub mas aparece muitas ves pia snape itary nessa tener iva, de cert yoouca hmper alist a" da prdpria nocho de identidade, wanifesta mt expanse ner ftica slat hocio, naseida dos estidos Etnieas, sr ont res grupns en eatener sas cocisis (que) implica «di liienn desse camps le invest dgacrod pel dilaiedo Je sus dimeasco comtrastign cone re Ge, pasado identidade “a ser coneebida como uma propricdade de grpo, proler tad na possou'? (Durban, 1885, patty Caber ia, nesse sent ides re corver a Soares, quando detecta a persistencia, sab as and] ive yettalis para a aprecusia das identidades soctatsy din "id@ja de que Ma um Ich essenciad, am ego efementar, ir gaped Maer s | le qual se eapressa a verdadeira, aais radical, profunda ¢ permanente ident idade" (198d, p.lZi. Demanda de essene tal idade que Transpares cena prociea de uma “Timazes caerente dir se hi qe se prapaey Por exeuplo, Gaspar (IVS, pedel na sus pesawisa sobre Caretas le Pros craua curiocas. Gs riscus de trabalhar com a aoeao de ident idee no campo da prostituicio viril ade sie apenss tedricos, mas oni Guimaraes (1077) enfrenta essas dificuldades quando proces media do Rie de Ja sua tese sobre Tentendides™ da clus neiro, definir a Midentidade sdeio-sexna i” do miches Alberto 0 pas seria, mum momento, pele fire de sey raloxo, Uo michd caracteriour vtide como heterossexual" (p.87) - aids que sua prdtica cancretrt, ad inatine ia i prostituiciie, seja teenicamate homosexual 3 6, num scgundo momento, vad ressaltar “Wo significate simbé tice" aado A sua comlicde de insertoc ne imtereursa aunt tps ton) gute m troca, ks vezes oh fato que njo [he impediria, eveatuatiente uma retribwicdo maior, muday de posigde ne sete da relacde concre- ta. Recorrenda ~ come recomend autrepetogia ~ ses pr iy prins interessadas, parecer ia que essa Merise do dene idade St, p.33) recolhe wi enunvialo cdmico dessa Nerise de ident ide um dia de machismo © outro din de femca'*. U9) Brenan C1 alo Vata age aponta, necessartamente, ne sent ile de sua rese duce Cam itirmacde cpercatemente howossexaal, leterossesua] oa, 86 e280 ex~ treme, bissexuil), mas de sna dissolucao: "Qiainde cH yuu Leansar vom tne] ieate = epi Ja um michd entrevista © eu naa seu ens cu tanta ar qiontalmente ei sou at ix do clicnte", recomendande "Fi hrunco”™ para captar esse fantasia ec "rrabalhar' a corpo do outro. Nam outro cusu, encurmibade pelas invest ibe. de wi ¢liente Teritas lg, que Jho juga na cura sua suposta “bichice' profunda tani tes om do anus yue o rapas, ou tracn de uma avidentada i tours: "Parra! Tstew Cigande malnco... di mao sei mais 0 tada na homens, @ de "A Desforra” (Mamata, sustentagio, The entrega), 0 jovem a 97S) sie porea sou... Se sou homem oa sou vesdo on que pormi sou". win wie Sou eu, “en mio set uo qa saul, “eu tie sony qjuc sou impasses da pedticn dese dante cs saee tao dnperat ives dit hlontificacie, que desvela, na conn sdrdole e trivial pintada per Damata te freqilente nes Tabirintos de mciot » conterde micropel T ico da aperacdo de atribuicdo de ident idade. Ue al grime anne tea na irada sagdo do dentista homosseaual de "A diestorra" C'F cho coisissima nenluma! Vore sane perveitamente que ¢ tio homos— sexnal como qualquer om de nds! Chega de haasar oo mcho!") eeosin as ressenimeias di retdrica igauatitdria, que vai diagram tacde das diferengas da subsuncio a um madele homogene igunte que a da procede, como observu Pollak (198 rel ), a uma vigida determina ontidade howessexutl. Alids, a prenissa da identidade, da “imigem coerente do parees restltar antes um pressupesto a priori do obser sesti)] Sates syyoutet 5", Father in, Ge tie Meats (20) Us inconvemiontes de vm nycaio fina de ident idee hone dlos por ry Ling "Sey ou aio ser homosseaial, ois a quest TOUT /Seb¥, quem prefere Falar dy crlgucm que "teams hen homosexual, a Kulty queadeuen ¢ hompssexus (21) A domnule de Coeréncia transparece en outras concepyes menos Vint mists! dey identidade. Assim, "sc entre unt ocisian ¢ outed um Individia 10 pode Ser recomhiecide coat tim wesmt pessoa, nenhumy hleut ishle soci! poder i const ruida’™ (Cardoso de Oliveira, WEG, pel. A ident idle soedak en dador, que tn fenéaeno empiricatente reyistedvel. fissa premissa nde someate atasta da campo catabkide ts Cagas, contendicoes, ine Geren ide, dese den des suertos © esunyzindicas cella impersr ivr Ga enjeiewe a nme eowrencis preestabetoceda smug temo i se Lranatermar nua espeeie de “obsticulo ep tstemmtdg ica’: Levade par cess nocees, o ulisertadar tenderd ase deter nos merindroy da ated puicie de identidade, talves ow detrimento das pratiens comeretas. A discussie sobre a identidude transeende o 1 Taitaudo estender ih cienein so- camo das relacdes hominssexkis, par ial om seu conitmto. Assim, Benolst reevihece o vise carride polo conceito de identidade de ser "el jor de un espacio dni- co y de sustituir homeomorl fas diffe les por ana ident tad at banto wacesivamenty congruente: efeete det fogas que eeprimtrts una topologia salvase™ UI98T, p edhe critica um wactitnd homovencizante que suprime Jas diferencias y Ta divers ida cots tara! y las reabserbe en ef senp de una identidad de tipo Trans- cendental o hantiane, sea miberiabista a espiritwista,y tne) tiene cone corvlario un obsticule metodaldgice que hace estrnges on ef ejereicin de 1s investigacida", pelo recurso de "ne dejar gubeistir las diferencias cada wna de por sf, sino en determinay jas a partir de Jo que le es mis fami tier al antrepitoge” Cds. wos stv formulades a respeite da identidade pe lat. Repares amily Stniea, por Marit Manuela Carneiro da Cuohs, para quem a ident ida- i metodol de ado €, om filtimo terme, mais que wm gico, “eon digio de inteligibitidade, de coeréncin, de komogeneidade" 1Carne} ro da Cunha, Usd, 17-2004. Lee valve, conforms ess ubordagen, a nogiea «ke grupo soe bul, Tanto 2 ver Tebidde ahs tiche quando a frourikie das reds rebtejoris catre ies games Tormirioa ditteld de achar bede atribniyy csst cnerenc Gy a “representa eee wit que, emqama "Carpe coerente de ingens, idéios (J ane prove os participantes de ume orjentacio vocrente ¢ toni! s da que Tala Hrikson, nao se distinguiris da ideologia (ids, p-S8). A Identidade seria, (rinal, tuna ospécie de Videologia étnica” Uda, palB). Mas no campo concrete das bomossexnatidades contempo- wiovas que Calves Se possam explorne com mils nitides os pressu- bostos polftice-sexnais desse suposto metodotdgice. Com essa ares f p Y las s estd om pleny processy de mu relagees sexuais contemporane tagdo vertiginosa (complicada agora pela ireupeae da AIDS), ad wahe seni arriscar hipdteses de truhatho hastante provisdria Wisin 6 que a construgde da “ident idanle hamissexnal" s6 prude ser ju", de qual onteadids da porspeetiva do chamide “modelo igual it Souta dbis suas pomtas de Langa. Esse processo nae timp] iene i se mente um desvelunente das palsies “reprimidas" © condenadas i po- numbra xo longo dos séeutos Colandestinidade que imprive sua marca cm muitas das priticas atuais, como no mecanisno do trottoin, mis loareetaria um especie de tradugau, cone se mitigns pa lxbes pudessem, gragas A versatilidade fundamental de desejo humane, ser vertidas em novos moldes. Operative de “wedermizagio" que, apds um certo estigio de testividude difus sa, rapidamente recuperado pelo consumismo das mados ea ind Istria do Taser, parcee proceder a yin redistrihvicdo dos enlaces homocrdticos, reay 3S rupando seus cul tere: has novas casinhas da identidade ve, o que 6 mais grave, comlenando os praticantes das velhas modulidiudes, as "homossexualidades popu- lares", a uma crescente marginaligacido ye pode conduzir, como ad- sorte Pasolini( 18781, com recrudecimenta da intolerfneia popular Lorespeita de nova homossexuttidade “branqueada™, beneticiaria da cy tolerdncia burguesa. (22) Fscreve Pasolini: M58 ax elhtes cult ivac © portimte falerantes polem, Giver, 14 qe miu sin afetakis, Liberar-se do "taba que ating: «homosexual idale. im come pensiain, ae mussas esta dest hilt: st seentuar abiwht mis sie febia bf Plica, clso.a tenhany se, pele contiyig, aie a ten Cooma co Roney 1a 1ralia meridiona), na Sicflia, mos putses drabes) estin prowtas a’ Nabju- rar? stmt teleninela popular e'tradicions] pars alotar a intolerinein das nssaz Formlnente evotiidas dos patses burgueses grat ificados pel tole rineis" (Pasolini, 178, Meee de Brat hy fe prewreiay be de dae ciaey re cle nieabe ly fenirquios pura eo madelo condi brian ¢ part rcutarmente enapdice Grie de circnostaine Gas pede conteiberie redarieamente a exp lin wy verta catruardiadrie vital idide de deaes populires yne che Cp atoneio dos ohsergadores extrangeires (a Marts, 198%, y Assim, o ativista gay americano Allen Yeung (10s) surpreunde re beietene fa dos liassesia is Crrfond ile ve beataren en en Yeminino, se apropriande de epfiere vernacntar de ti wi) Phiyil, fogas © minoestieia iuplantagay des grapes de "athe joao Homossesutl'! tqne apenas ceisrirew signi livarleuente carter fate © L882, com eredticus excupedes cameo Grupo Gay da taht, fpesur de sin répida ree be dagem nas pegiot yes dus mibia ees me s catidianas de gueto, seu fracisse cebitive pode tulyes eutep- Sey como ceneegliéng in da resistente mamarenece Ty grayaamen 1 ie icha escandalosa/bole virdl", yue os ativistas humossesntis vi- ramese, peo menas ne prised ee moment, come bnundes a espantit, ep dnto era vista, do horisente da nova ident idade himida, cone os paptis de hieternssexwalis parddia ou Vveproduedo amptiad jo oficial. Protétipe Nerepuseular", que suporta sur pensade en= quanto Linite (timo da sexnalidade normal: numa socicdade onde 9 jodor institucional Se apresenta como masculine, cuberia se pore lontar se eas eitutlisacie abrupt © xtpida de certo simadacre etosea © exaltinki na ceriménia de enla dle Mheterossexualidude! co entre a “ultramacheza" ca “hiperbichicie", nao estaria se ula, que alude, como ref om Gtino grau, a cen rea) srente, a repre- sentacao fominino/maseulino “yerdadeira” que aparenta reprodu ou, dite de outed mangira, se as ritualisagoues dos encontros in tormasculinos aio poderiom estar sendo o “modelo virtual que mo- dula = numa vertigom de espelhos = a representacie (Ge cena vepre~ gentativad de heterosseauabisme que € esaltado oficialmente come modelo de sexualidade convencional, isto €, fowitiar. Daf que al- de que as mulheres" = guns teavestis consigam ser "mais mulher come Roberta Chose, proctamada Mmodeto de mulher naetonal’ em hy 1981 =, ¢ alguns m “mais méseulos™ do que os homens heteros- sexuais. labirintes desses retacianamentos sao conbecidos, Gryavés, par esenpin, dus rominees de Uenet ea ensain de Sartre Litura, Mas este modelo desejunte esta praticamente deslocade, no pafses Jo Peimeiey Mundo, pete modelo yay. Su ens de Beast, a su pervivdacia desse modelo "Bicriryuieo” yesnuta Lambew a corte er cuustincia histéric + mio somente a prdtica homosscxual enquanto tal nao esta explicitamente ponalizada ao Brasit Calnsla que Costus Doser reprimida apelandes a enfem isms cmap Sa bentade se prder Peatiay ete.s, mas tampouco teria havide um perfadn de repre sav policial sistendtica ¢ radical, parceida ct padeeida por outros pafses, como os da faropa Ocidental (a persenii gio wenocida do mr cisme ea manntengde, As veses methorada, dies leis ant i-hemosse- soais apés a Giheraugiat, Estados Matdes te perfede do maccarthy: no, de déeada de 50, qaumlo chegaram a intreduzir camiras © po Liciais maquindos aos bapheiros pablicos para Clagyear os iavertt- Jos, condenodos a tongas penast, Argentina (Come « wentagen de am Gispesitive espes tiie de persepwicie ans temestesua is wart ose aper feignendo a partir de 1940 © deseneadeia-se com firta eati exe Cienaedot aa ditadues mifitar de 1876/8) cre. A imesisteneia de im perfodo prolongado de campanhas de eeradicacio, nfo desmente a geareeneig de poriddics atropetos © MEIC. massivns, qe parecen das pupulacdes homas~ ipostar mais amma distribnice © controle covusis das "regides noraist, do que a ima errulicache efor tva Mas, Calves ado seja este suposte Liberal isme o que splice a toe leraneia, mas o imverge: im espéeic de cumpticidade snbrerranec, svereta ¢ eldstica, que ocultava na peauahra do silencimmento os in, Dev! domdnios de wma puixdo consentida, G texta de Trevi no Maratay C86) una aed ood histéria tral @ piaseine explora dlo homosseawttisme brasileiro e sentido, su- parece epontar ne gerindg so" (p.257) a clave des- certa “gosto barroco pelo exce ta lubricidade aubivalont lima LipStese mais questiondvet, i luz Mlos modernos eatulos histéricus © a presence de am vaste contine gente de populsgde negra, cujos laces froiliares, deride f concen Crago dem maseullnas, tor-se-iam debi litade, © eijos cultos exaltam a sensnitlidade corporal para explicar aventurada por Lacey (1979) a disereta condescendéneia para os wmores entre bo coma far, © corte & que, diferentemente do aconteci- Jo ow outras partes, emilee “gay Fiherat owt suecden sum per todo de data represste que contribuia a socavar Slida cultura dts Diehas dos pertos med tereancest 6 canter lentes, aie lecqucnghen (i980) reoncontra em Barcelona, no so do lirasil a irrupesie de ne- ye alee chissi lisatirio pay/yary acomtece qa a sistema de re- Incionamentos populares ow "1 stieas! gosava de plena vitulidude, ete &. Punciowaya com vigor. Lmaged de ots apagae que anteveden a ches da moda gay, com sma arti fie besa a feta @ que aparcer nor exemple, na dibricd KeeiPe da dveada de G0 explorada pur Tus lie Carella ew Urgia 1120st. Do singutar agencianento dos dois modelos, pode emergir imisedo © proliferacio de oSdigos Classifients jos que caraeteri wsileiros. a cona rucis# dos gnetos homessexnais hse questdu retomarcse-d a propdsito do yucto. Procure os contornar uma problema "polftico™. se € corte que a nogio (subs tantival de “identidade homessexuel © propria de um dos bandos cu oso, ch detrimgnte da "resisténeia dis homossesustidaces popula res" - da quil a “eaplosio dos travestis" (erlong her, 1985b), sei ta "por baixe" do discurso Liberacionista igualitdrio, @ sua pressde talves mis veomente =, qual poderé ser a pertinéneia dt identidade como mero recurso formal? Para esse aplicar a nogie d procedimeato bi, alids, um primeire obsideule. A prodiferayde de eat sorias nao @ alga metaférico, mas desata wma especie de Puror harroco pele cddiga que torna complexe passar v considerar ws he- rerog Bncas nomenclaturas Classificatérias enquwnto meres eperado- res de identidade, Para complicar a coisas, essus codificagdes superpastas s¢ acoplam a certas localizacées territoriais diferc: ciadas ao espaco do gucte, de maneira que os sujeitos podem até au dar de nor nelatura ao mudar de "ponto". Sera preciso trahalhac, ontde, com unt mnuttiplichtade de denominacdes © cddiges indlenlo- res, que parecem significar antes tencoes relucionais (e pulsio~ anist ontre pélos on “posicdes desejantes" num rece topaldyica, do que identidades totalizantes individualmente construfdas. ay Ridéia de identidade, que define os sujeitos pela re- presentagao que cles mesmo fazem da priitica sexual que reabizam, ador ow por certe recerte privilegiade que o obser 3) dessa pr tica, justapomes a idéia de territorialidade. dos agentes num sistema classificatdrio-relacional vai exprimir bat, o "aome™ ° lugar que ocupam numa rede mais ou menos flujda de circulagdes ¢ intercambios. Os sujeitos se destocam intermitentomente nesnes stveis de pera patium continuum e sido never na mesma posigde Lrespeite dos outros, ou ainda de mudar de posicdo. Essc nomen clatura classifi mutavel - alude a certa freqiléncia de circulacdo: o grau de fixa atéria - que tem alguma coisa de provisdria, de cao dos agentes a um "ponto” Cun género, uma postura, uma "repre- sentacdo", mas também uma adserigio territorial) serd determinan te para estabelecer seus tugares no sistema de trocas. Para dar tum exenpto aproximtdo, of personagens paradigmiticns (niche ne pro- fissional, bicha-de-todos-o ou engre: momentos de Cinéneia on sfrow des 1981), ser identidade, construfda representativamente por e para o dias) significariem pontos de rigidez mento da rede circulatérta; os freqgilentadores eventuais, mento dessas redes, Sistema de re- cada "Ue i multifacético e frigmentdri "or bargadas font, 1985} ou “camil (Kotimane Leighton, nao interessara tanto a ijeite individual, mas os lugares (as intersecoes) do eddige que se atua- li am em ada contato. Sistema de redes que indicia outras mobili- (23) Precisar a nocio de "territorialidade' é complexe. Ponze lot | N97), couen= tando 0 Antiédipo, exprime essas dificuldades: "Esta nocdo @, para nos, mais rica’ © mais nova da obra, mas cnbora se compreenda ge da conta de imensas coisas, que penmite saltar as diferencas entre o infra ¢ o super estrutural, entre o marginal ¢ o essencial, & precisa reconhecor quc cla mal © muito raranente cxplicitada”; tenta cnto abondd-la com referoncis ao codigo. (uattart » 0975, P.12) entende o codigo cono ura "ins~ cription territerialisoe", distinguindo dois clencntos no dispositive ter~ itorial: wna “sobrecodificagac! (surcodage, coligo de eddizos) © tan nionitica ', que rege as relies: pmamens © Hudlaghes oHLyE Cat ra da rede de eddigos. A fSrmuja "codigo-territorio” exprine justasiente essa relacaa entre o eddigo eo territério detiniso por seu Functonamento. As rodes de codigo Pcapturarint! os sujeitos que se deslocan, classi ficando~ os segundo wits retorica, cuja sintaxe corresponderia 2 axtomatizactio dos fluxos. No ontanto, o dispositivo territorial agiria_canalizando os (lu XOS, tks lo mesmo tempo veiculsmdo-o8. A questo send novamente ahordadla ha andlise do Qudro de Nomenciaturas Classificutorias ¢ no capitulo so- bre "Deriva: sagdex, conesdes v conjumicdes dv Pluxos: fluxes de corpos © de Ginheira, usos desejantes © saciais cto. thi tereitirio, suxere hattart, nan Sues que umd de Ginseng un carte mesce tered. Fie terd qae etar atente fs dutersidades que ns amin. Ine toca tos antares, di orden das magrocddipas seciais, ams tambeie i= bElicnedes melecutares. na ufyed dais sarangi: dan coepe ugar dentreado para ca cerimonia de um deseje, a bemes- conta iidade conéiguya uma “tere itorialidade perversal, um "parat cy APP feial: os perversos querem “Tenens virgens, wis realmen c oxsticus, funilias ais arrificiais, ares de cue dilnjan © jnstituyen a To Targa del ance, en tos t perversidn” Weleurze e Guattart, HIM, p.lihy 18). Besa ferrite Hialidade nao & porém completamente sutonums, mis esti Cortement: Tigada ao meio “marginal” em gerd, como salde da tradivio de se- miclantestinidade que a emincipagio iyualitidria procura retilicns we shiv, como Os pontos de passagen entre a homosseauitidade © o erin eotormurenos com mis deterinente, cauhilesos. © wigh’ parcee ituar precisamente come operadoy de uma dessas pontes entre o meio nurginal ¢ 0 meio especificamente homessesunl. Barel (1982) adver~ te a dificuldade de estabelecer algo assim come uma "identidade" (any ou Mpersoadlidasle mary ias |! = com queria Park comin a Lo: dos os transfugas, Fo que o que caracterica os marginuis de toda 4) Anocio de "personal idade marginal" foi concehida por Park em 1928 ¢ & van antecedente da noderna “ident idsde desvianto. Qui jsmo (1973) assinata os problowas que acarreta a Identidade Jo marginad: “s.. los narginales encuen tran un espacio cultural desostructule y dependiente, y ... encontran por este helo Jifigultsides permancntes en lke cliboswcion de una ident idad so- cioeultural sntdnoma y autogenerada (...) alemis, La si LunciGn economica de los marginsles impedirfe que se orgunice ane personalidad social inclu sive nil fnteaiabe! (p.105). Segundo ftoneyist = ettade por Pere hin UIST] pele =, "No teirginal provovelaciite exihird oxi ‘dupla persoratl luk det é possind tuna 'dupla conscieneia'. ss a propria nogio de marginal t= dade seria modernmente rejeitada. Qui jano (M978) insta a substitnicla pe- Lt renissio aq determinuntes socio-econanicos. Perehaun critica sua larga heterogenciale, na qual pede residir, no eptanty — se retirames da novio de marginalikale 2 aurce lr recuperadosr ¢ cneretivar que @ a sua aurea de Origen - sur principal vimtagen, ja que permite cnglobar oma mul tiplic tie Tego yas ee seuregnenes) ait ovilen sctail especie sae justamente snas Tugas, suas sa fdies da nermitidade. vo entanto, no case dos prostititos, ests morgimalidade min vai deter ninar-se somente por coordenadas Tibidinsis (especie de “wuratha ddetil que dis respeite GW distribuicds cocia) das perversons Perlongher, F860, pelJA1 =, mua também por rourdenadas eeunduicy sociain. Bus itivos on espulsos da orden da lan flin © de trahilhe, vonese “arrantados" A prosti= Porlongher, 198), muitos rapa tuigdo new ss por extravaganei erblicas quanta por imperatives de sobrevivéncia. Onde acaba a nevessidade ¢ comeca a vuntale Cou odesejo “inconscientes 6 difical de determiaur ne plano psicola- ico individual, No agenciamento coletive" que se ataatina no ne~ gdcio, esses tensores - afeta ¢ interesse, avaso ¢ edlenlo - costae nam nostrar-se inextricavelmente ligados. Em todo case, a miséria, fitha da designatdade social, & vista coma desenesdeante de proce so de prostituicdo: arroja o rapaz pobre, desprotegide ¢ desprovi- sla de meios de subsistencia, as bocas varazes des pederastas, que o Timigindrio' social veste como yestide de canda da Sustirin «ew opul ne ia Se se aceitor que a prostituicde virit € am episidiv do desejo, também conceder-se-a, come quer Peter Fry (9821, certs sexusticucde de social: #1 sexuatidade 6 cons tenia. . de acorda contradicdes da sociedade como um Code". Truta-se de desejo do rico pelo pobre e"resdo pela miséeiat, div um ontrevistadel, do aisculo. Ne cutante, aluite pelo jovem, da bicha Cemex pelo ga" normas socisis (do tipo "h 1 sesuatidale aio somente “expr e rarquia/igualdade), mas as agencia, fas funcionar as pequenas a+ guiaas interearpocais, os microdispositives de uma economia libi- Gi, nes ntursticios da omdem sociat. 0 que chamamos ke sexua- lidade seriam, afinal, micropoderes locais, segmentérios, micros~ cSpicos, que marcam a articulagae das codificagdes diretamente so- hye o corpo & seus prazeres. 0 que conta sao; "as sensacdes do corpo, a qualidude dos prazeres, a miturcaa dus impressoes, por {Sues © Smperceptiveis que sejam..." 0 dispositive de sesualida- de = diferentemente do d spositive de alianca ~ que repousa aa das riquesas ~ "se liga fi economia através de artic huneresas © Sntis, sendo o corpo a pringipal™ (loucault, pened. \ proposta desta Lese sobre homes exuatidade © prosti- (wicks serd procurar vistumbrar alpumas dessas ayticulagdes: nume- yoaas @ sutis qae Liyuim o deseia & eennemia ri orden speiat Come coroldrie desta dilate da intvaducio, c#be pontua- licar algumas peceuliaridades da inseriqin deste estude na quadre da investigacie antropaldsica atual. fio nag trata cxatancne Tim primciva lugar, esta disserts te de i grupo social determinale los prostitmtos virist - em caje caso tender-se-ia, talyez mais propriamente, a falar de identidude y atas de qrupal ott individual, com os prohtemas yuc Esse acarretst certa pritica social ¢ das microrredes relacionais que na sua exe- citelie se entretecem, Esta priticn ligo-territé~ se consima mum viol de limites difasos, que abrange, per um bide, Hinkas de deri- va territorial pelos labirintes de guctes per outro, malhas de ca- digos que classificam ¢ orientam a troca dos corpos envol vidos, ste envolyimente direto dos corpos, proprio du prostituicte, faz com que o carater desejante que o negdcio assume, se revole tal~ yer mais claramente, [sso convida a outra espécie de salto, que Cranscende o nivel das representasdes discursives to plano da ex~ presse) para se referir ao nivel dos corpos, sits paixdes to plano do conteiido) ©, nesse sentilo, pensar o fendmeno de pros titwicdo virit da perspectiya de conversiio, tanto caterarial a n= to monetaria, de intensidades [ibidinais, que neste cnso especfTi- co de coméreio carnal se efetua. Para apreender ax condigdes Os HeEHATSHOS dessa troca, som reificar os individues envolyides nomi flentidade cristatizada, toreseed que proceder a uma multiplicidide de epfoques simul tancos, que leven ¢ consideracde a vuriedade de intcresses © desejos em ings Rat que certo Hesse Mads eu acu ammsde possn Dicer parte (hi propria observacho; optouse, cume recotends Reniamia, por Msc perder" ots “ethiles dinette. Somatioaie que, chi, segue de per tooo proprio dhin tedes de negacie. A opedie pela territoriatidade cin detyimente da Tlentida- dle colven om cena certa “Tragnentagdn" on “segmontariedade"™ do su- jeito urbano j4 assinalada pelos cldvsicus da Pscola de Chicago ~ ehamads Sociolwis Urbana, que haverd qne recuperar liberande-a do seu range moralista - © cuja “arqueologia™ ¢ em certo modo esho cada por Neleuse ¢ Guattarl (1980, p.285), que a remetem Ha nogio seymentariodade elaborads por Evans Writchard em seu clissice estide sohre os Nenr (L971. Assim, en vez de considerar os sujeites caynantu niida- les totais, ver-se-4, conforme esta perspectiva, que efes estariinm Cragnentados por diversas semmentariedastes. Assi, haveria uma sey montariedade bingria, da ordem do wolar «que cinde as sujeitos unde oposicdes de sexo Lhomemfmuther), de idle (jovem/vethel, de elisse (burgués/preletarie! ete. Simaltaneamente, outra orden de segmentas - ywe & prefe- rivel chamay de fluxos - molecelares, que faze referencia ao dese Jo - considerads nao como uma “energia pulsional indiferenciada®, mas come resultante "de uma montagem elaborada, de um cngineering Mle altas interacécs: toda uma segmentaricdade flexivel yue trata dle energias moleculares" (beleuze © tmaittari, 1980, p.202, tradu- cio: Suely Rolaik) - sucodem disruptivamente © corpo social. Movi- mentos de destervitoriatizagdo e reterritorislizacde eperarae con- ploxas "transducdes" entre ests diversidude de planos. liste pravesse ado afeta apenas os envolvides nesta dis- creta observacae, was as proprias comlicuos de insercae du ubservit Gor mergntina uele, Neste ponio a ericntasve sera menos a de fiser se nos pontos de reterritoriatizagde © pari lisia (as "eoerontes™ idontidades), o mais a de se abrir aos pontos de fuga @ desterri- foritiivacde, explorandy as }inhas de matacue © suas vicissitudes. D estudy pretends, cutie, miperr esse cnaranhade de pai- xéon eo Gadi ges que agitanm re mebi Lissa lguattara, P80, desta forme de prostituicuo hemossesnnl. A pré- pris eseritura poder-sse-d ver arrastaht, par veces, pot esse mes. no fuse emaraahade. Para suportar ossa tortuoss literalidude, convén invncar um Prase de Carbasary que o Pret. Laie Orbindi cesta ©bGry nas sian abr SMP ge Ce dejey Te guetta simaltancidad". PREMETRA PARTE gible A _BOCA SUMMER 77 {ao Gustavo) JAtarantade pelos antondveds, G meus flies Sao waiddos pela acon 4 vequs to meshes dogo s dee Gresmus wes § hades methatdes pe to vdeue As mardcanas gustigam meu corpo com othares sSrdides, cada ofhada fere funds e@ cAla crostas que se axucam; até a noite aeabaa estes Aes Super postes ae Tornaado Gmany. Avendde Sav Lacs @ seus anjos j tuives, Saper-marbeteng de papelas fucuetlears, sob as dtvvtes o peder acarioia u utameses carceios anguides. NA potas cerpos em fifa uma nies éa imprecise, ex veso wie sinqonta de cuspatadas ¢ aprende acoades sontaces Can es quais deve eanan ménas puanas me Cidas neat biue-feans xasgade, - Meu camanada ans passos & prente negocia sua buca de estatua grega pergumada pon cankaque & baforadas ul ui pedunasza untuose que pélota cme Wetuzente maquena Nos viens do gubardeo numa phogressao cugdrica, bebemos varias eactacas § nossos cuarcues acassades pela media preserem @ muto-cernasao, mas @ assim que a cidade nes geste Fu veje suucivndrios pabeceos Cowemende natgucades Ew vejo putéedais gue me_toehom os passes cult ameaga de sevtecas. Ew vejo as béichinhas evalucrem nan Stemesd azedtade por aniefaninas & un desedpere dissématade. As anniconas ade as buscam, por Ess0 dfay exonedsam a weéte, com gritos @ veem wos outros rapazes "de inesistentes % lm BS am "4ressen Eomens ones. O poder peas esquinas gargatha. terantaido pelo duno, ombatee POipede HUB Cette, lusv meds, de niadragada efacularcd catasio, voltarsé ne dnibus com meu amégo, adentraremos em sifineto o subsnbio sabende que atge em nis god des trocade, f =Sv xerograficamente @ Texto de inal (Fy 19844, Reprodu do ori 58 Mprostituigdo homossesual", “prostitnicdo viril", "negdcio do miché", "prostituicdo dos rapazes": a pratica social que estas de- nominagdes pretendem enquadrar 6 ainda imprecisamente conhecida; e a variedade de denominacées possiveis, os recortes alternativos que ca- da uma delas traca, & um reflexo dessa imprecisio. Essas operacdes nao se consump no vazio, ats num Locus $o- cial no qual cada corpo lus suas tatuagens. Lugar social que & também um lugar discursive: mltiplicidade de discurses que refercm © encar- nam o real desde Sticus diferentes, vacilando entre a literatura e o saber, entre a alucinacio ea objetividade, entre a imediatez do ver- bal ¢ o estranhamento da escritura. 0 texto transcrito - publicado em 0 Corpo, um boletim gay paulista de circulacdo restrita e aperiddica (seis niimeros com uma tiragem de 1 000 exemplares entre 1981 © 1984) = soma fis suas virtu- des literdrias uma qualidade cara ao etndgrafo: trata-se de uma "erd. "das circulacdes homossextsis no “mundo da noite" pau- lista, escrita desde dentro desse mundo. nica postic © narrador (E.) © seu colega sao identifi cados, veladamen- te, como prostitutos ("wichés"): "Meu camarada uns passos 4 frente negocia sua boca de estatua grega ... com um pederasta untuoso que pilota uma reluzente maquina". 0 proprio narrador, fustigado pelos "olh didos" das "un acaba Ihe imitando: ares s atarantado pelo sono, eubarco. rispido num carro". A referéneia geogratica & re- conhecivel: Avenida So Luiz, um dos "pontos" de prostituicdo de ra- pazes do centro da cidade de Sdo Paulo. A dimensio horaria também 6 explicitada: ambos os rapazes vém do subiirbio para passar a noite no centro, ¢ voltario, pela madrugada, de Gnibus ao bairro - "sabendo que algo em nés foi destrocado” ‘rapazes masculinos', cujos "corpos em fila" sio objeto do desejo © scu amigo exaltam - "anjos turvo: - sua condicio de dos "pederastas’ » referidos também como "mariconas" (homossexuais: maduros), "bichinhas" (efeminados jovens, cujo contato as mariconas eludem),"funciondrios piiblicos levemente maquiados". Yomos assim, pum universo de sujeitos anaton camente as- culinos 8 precnra de nm parceire sexual di mesmo sexe, delinearen—ve rerapacoes em Iuse. peta menos, a dies septs de wt ihatus: wma ale género tnais masculino/menos masculine); ontra de tdude tnais jos vem/menos jovemt. Jasimnia-se rn tercerra série que Paris referencia ty Status Ccondmico! o pederasta mityricada ppie-se ao rapas pobre, vestido com um "bine jean racgade' Gitributy iadumestiria que pode senotar taney uma cen tuaeae da masen Linidadey \ parandia impregna o “eLima" do relate: “wejo puliciais yile ME FoTheM os passes com amedcas de seefeiast, fede o vonjente -delinido come cm “superimarketing de pupils trenct ican = tea um rance entre sdrdide © sombrio, denotada por atusGus av dleonl © as sropas: "degusto minhas doses de cingsme aos balcées mothadas pete vdcuo": " jo us bichinhus evolutrem mim Prenesi ascitudn por anfe- taminas © tn desespere dissimalade’s-"... numa progressde eulirica behemos varias cachucay © nossos coragdes acossados pela media prefe- rem a autacerre: a accrbadaaente fo". A prdpria privicn € rereatad “eada olhada fere [unde e cria crostas que se ealurecem"; "2.2. pelos corpos em fija uma ndusea imprecisa’; "... wm Sinfonia de cuspara- sis": "se. acordes sombrios". 0 poder — cuja astureza é difusa — pels esquinas gargalha', "acuricia e intomesce carathas Jangnidost 0 contexte urhano acentus a sensucdo de sufocu ¢ pesadelo: “atarunta- do pelos automéveis, meus olhos siio varados pelo neon” Podticr, a visto de Fyne pretende ser senfie ined ramente subjetiva. Funcioaando come uni comdensagiy abrupta, ela aos intro dz de cheto ao “ambiente” em que as prdticus de prostituicde que pretendenos abordar consumam-se. Ubservacde Livre, Una Yobservacio livre’ de outro dos pontos de prostituicde dos rapaces - a csquina da Sie Jodo e lpiranga, conti pua aa anterior berm bind ampliar @ panorama condensada port Uma massa de jovens pohremente vestidos jtinda gue convencionalueare atraentex dine © surrise atrevido, s pentre os 15 © os 28 anos de » olbar idade, las expalhan pelo ample sagudo do einena [pis rangi, © ‘howling’ eo histérico caf® Jeca contiguos. Sua postara ressalta a masculinidade: algun Jevain at nde A eatrepe destucar a protuherdneia genital. No meig da massa humana roa qne para vai dei hado para o autre, entre as Rises da publicidade © os barulhos dos carres, conjumte delinera se come uma mitt idie epin Mus suites dos yue conform essa wultidie sie veils A primeira vista para o Yentendide da poite: yutas, eofedis as putras Cope log iss dat homossesiabidade msentin (efeminades|, "mariconis" ou "tias" (efeminades maduros d 35 umosi, “gays” (sindnimo moderne de homossesual que les que mio sio osten aimente fe sem necessariamente —auteconsiderar ase do-se de no sé-la, consentem em “transar” com bichas transi se Conse branes identi tied travestis ur Mhichas" jo mais de abrange Bque- noides?, "bofes” - rapazes que homossexuais, ou ainda gabane 3 quando essa 4s por dinheiro, o prostitute € conhecido come “miché™, "cowboy" ou simplesmente "boy", como eles preferem ser chamados. y r boy" Por esta frea de centro da cidade cireula uma multiplici- diade de pessoas que por veres nada te Fever com oe coméreio homosse. sual; podem até ignord-le. thi freqlentemente propos de amigos tpres ponderantemente masculines) que se reduenm para heber. Ao redor, to- dua “corte dos milagres" du noite paulistu: infinidade de mendigos em tedas stax variedades, bebados, maitucos, marginais em geral - de yer em quando acontece uma "trenbuda". \ presenés policial ¢ ostensiva. Freqtentemente Cardados eu A puisana frrempem repentinamente, brandindo eassetetes, com a conseguinte dispersde panics. Mas, pass. ca policiad, a cena reestrutura Esta cena tem alguaa coisa de carnavalesce, np Bakhtin, As clusses sociais misturan-se num diversidade s" mais maduras, vestidas com eascos de couro policiais sums ou ada fea sentido de heteréeti- © je. ns ca veces desde ox sgus cares, a pavetinhos tani fides, ot saidos dos estratos sociais mais baixos. A diferenca entre ambos os bandos & brumosa. Pode-se aplicar ao local o que Antonio Chry- sdstomo diz acerca da Galeria Alaska - outro ponto de prostituigao masculina, no Rio de Janeiro: "Nao hd propriamente lados entre uns e outros. Apenas pa- ra efeitos de narracdo, podemos dizer que a escala entre homossexuais vai do folclore bravio das bichas marginali- zadas que usam roupas de mulher, nem sempre caracterizadas como verdadeiros travesti , compondo, neste caso, tipos hi- bridos entre homem e mulher, aos viados distintos, indivi- duos bem postos, quando nio magnificamente situados na es- cals social, componentes da base econdmica e social sobre a qual se movimenta este meio" (Chrysdstomo, 1978, p-2). A aproximagio entre uns ¢ outros, naquilo que parece ini- cialmente uma grande confusio, nao & geralmente direta: estabelece- se a partir de um jogo de desiocamentos, piscares, olharos, alusdes, pequenos gestos quase imperceptiveis para um estranho, através dos quais se troc! de libidinosidade, de inteligéncia. Ndo mencionamos estes predmbulos m sutis sinais de periculosidade, de riqueza e poder, barrocos, mais do que para nos deter num aspecto: num locus de con- tornos aparentemente difusos e fugidios, toda uma sucessdo de deman- das e ofertas sexuais articulam-se, Essas articulacées aparecem como casuais, ‘livres’ ou arbitrarias. Ao conhecé-lus mais de perto, per- cebe-se que, sem perder a qualidade do acaso, essas interagdes esta- vam percorridas por redes, mais ou menos implicitas, de signos codi- ficados. Neste momento, a “observacio livre" - que “consiste en es- tudiar las situaciones de 1a vida real sin apelar a medidas e instru- mentos de precisién y sin controlar la exactitud de los fendmenos estudiados" (Madras, 1972, p.194), di passagem 3 "descricdo densa" uma etnografia cujo objeto é apreender "uma hierarquia estratifica~ da de estruturas significantes, em termos das quais os tiques nervo- sos, as piscadelas, as falsas piscadelas, as imitacdes, sio percebi- dos, produzidos e interpretados, ¢ sem os quais eles de fato nao exis- tiriam". Portanto, fazer a etnografia seré “tentar ler (no sentido de a2 teonstru omi leitura'! um manuscrito estramho, desbotade, cheie de elipses > incoeréncias, ememlus suspeitas © comentarios tendeneiv. Sas, escrito mio com Sinais comvencionuis do som, mas com exenplos trunsitSrios de comportamentos modelados" jGcerts, 178, p.1as20). Vome praticar essa Vetmegeatia densa! que recomeuda Giep Xun visto superficivl, & cena rucira de um dos "pantos™ de Croqtlen. cia homossexuat do mundo da noite panlista, apresentasse como cadtie cay mas ext ren Wamente rica © Compleat au que respeita Ao interacacs, cirenlacdes © trocas catre os sujeitus. Tentar-se-d ver cm cui terre teriniidade tem sido peussda peTas eléneias sovtai | ALREGT TO MoI A constiincia de certas populicoes cm agvuparem sas peram bulacdes A procura de sea, diversdes, praseres © outros vfeius prd- ximes file Alidade, om dreas espociaticadas dis megalspoles, meres eeu UM status particular na Suciologia Urbana com a aplicacde da ategoria da "regide moral", inevitiivel = raciocina Park = que iudividues que buscam as mesmis formas de diversdo ... devam de tompo em tempo se choontrar nos mesos lugares". & popufacao dessas dreas = que LeM Necessariamente reside, mas apenas perambula pe- lo Yoon! = "tonde a se sepregay nfo apenas de acorde com seus interesses,mas de acordo com seus gostos © temperanen- tos" (ark, 1973, p64). A nogio de “regiao moral" repousa puma concepeto que divie Ge © espage urbane em cfreulos coneéatricos: ama Cainu residenciat, eutra ladustrigh © © centro - que serve ve mesmo tempo cou punto dle concent tiedo administrative @ comerciaty © come lager de rounide das populagde ambulintes que "soltam™, ali, seus topalsos reprimi- dos pela civilisago tide, p.oor Mas conforme a concepyiio da Escola de Chicago, nfo apenas a fio moral, mas a urbe woderna ua sua totutidade, configuraria wi Forma de organicede social particulurmente proglive a fwere- ver as temidueias i desorganisagin, desestruturagio © i anemia no sentido de burkhein. Lispiralo em Mas Weber, Wirth considera que o aumento de titero de habitantes avarcets por se uma med? Cicaeao Ho caniter das beldedes soctais; sehrevcm amr "sepmentanciie das re dagees: heme (Wirth, 975, pelll), que explicuria o “cariter fesqnisdide!™ da pers sondiidude urbana. linda que interatuem face a face, os Citadines en- contyasese uns nos autros em papdis "bastante seyuentirios"; os con- tados devém impessouis, transitérios, suporficisis. Bsereve Wirth: "OQ individuo se torna membro de grupos bastante divergen- tes, cada um dos quais funciona souente com referéncia a p.105). um segmento da sua personalidade” (id. Esses grapes, taogencials uns a respeito dos outros, ene trecortam-se entre si. A cidade, mosaicn de mundes sociais, Sragmen- sonalizagien. Ta também oo sujeites prody: un processo de despe Assim, "a cidade coma comumidsde decompor- 6 nuit série de relucdes seguentarias temues, sobrepostas a uma hase territorial com am cone tro definido, mas sem uma pertferia definida™ (ide, p.1l1). Oliven (19803 resume os efeitos que a urbe cuusaria nos ' mais variades aspeetos da vida sovial: "papéis sociuis altanente fragmentirios, predomindncia des contatos secundirios sobre os pri- nirie olanento, superficiatidade, auopitiata, retagdes seclais transitérias © com fins instrumentais, ineaisténcia de um controle socktl direta, diversidade © fagacidale dos cuvelyimentos sociais CH) Para wn ahordigen da apomig cm Durnkhoin © seus desenvelyinentos posteriores , ver Marshall, 19/3. Soh ontva perspectivi, Pelee © Chittart C980, yp. 20) Sustentim a sugestde de Davignaud: os fendmenos andiices que abravessan a som Cieake nao seriam degyadagoes dst orden social, mes "dynamismes irreductibles fragme des Lipnes de fugue". wl sfronvamento dos lacos fumiltarcs o competicao individuals. ven, 1980, p. svi AS anilises du isecalu do Chieayo tom sido acerhamente erie ticadas: empiricamente, pode se observar que os lacs primivios - So~ bretudo nas populagdes migrantes Litime wmericanus - tinham tomdéncia a sohreviver, cooxistir ou se adaptar is comlicues sociaits impostas pele meio arbino, be wn modo erat, os cientistas soctais brasileiros optaram antes por uma “antropologia sas cidades" ilo que por uma "ane tropologia das cidades” (Burnham, 19841 Justificando essa postura, Vellio ¢ Machado explicitam: "is. tamos preocupados em estudar situagdes que ocorrem nas cidades sem qae tenhamos, foarcosamente, de explicd-ias pelo fate de esturem aver- rendo naguele quadre especial. Esturemos (azomlo uaa ciéneia sectal nas cidades ¢ nto da cidade’ ‘Velho ¢ Machado, 1977, p.71). Esta critics & Sociologia Urbana parece se relacionar com certs escolha de ebjetos des avolvida pola Antrepologia quando passa das anSlises cldssicas sobre populacées primitivas As sociedades urban complex Assia, as pesquisas antropolégicas tenderan a se fio" (Durnham ¢ restringir "As cumadas menos favoreeidus da popula Cardoso, 1978, p.S1). Seguimlo as opostcdes cotocadas por ba Matta Us8Sa), poderia se dizer que os estudes sociais urbanos tém privi- legivde o bairre sobre @ centro, « casn sobre a rua, 0 mundo do dia sohre a mundo da noite, Esta ulti a diade diafneite nos resalta particularmente sis concenteicn da tis nificativa. Seguinde o esquen cola de Chicago, 9 centro - local do poder ¢ de dinheire durante @ dia - tornar-se- ja local de vicio durante a noite: passuria a ser tomade por certa marginalidadle “bodwia", que oeuparia as "murgens" sociais da cidade. Assim, a “margem" (num sentido soviolégico) voltu-se sobre o centro num sentide ecalawico). As delimitagdes aie sao sempre precisas. Em prinefpio, pax ya Park, "cada vizinhanga, sobas.infinéneias que tendem a distribuir g SOpMEREE 48 populacoes eitadina Ss, podew assimip @ eardter de uma ‘regia moral’ " (Park, 1973, p.e4). Mode rnamente tendéncia A descentratizugio urbana leva tambon a cspulhar os lugares de diversio © lazer, especializando crescentemente 0 antigo centro urbano em atividades de gestio © al- ministracio (Castells, (972, p.l82h. Porém, o mesmo Castells aslyer- te "Ja persistencia de cierta especializacién de la cona centro en jo referente a los espectdculos de tipo dnicvo y, noteriauente, en le. ive a la Hinwada ‘vida necturn rela Liwey Se, por um lado, a caracterinagie do centro on Gunite que nivleo likice, conventracian de lugares de entretenimiento, diversi- fi p.l71s, costum fugir dos limites da sociologi Tas 'luces de ta ciudad! % sie ps acién y ocio, siento espacial Ike converter num génere Viteriirio intermdidrio entre o livisna © a fiegiosciened simbolicamente, concede Gustells, "lo que curacteriza al contre es henos tal o cual Lip determinade de espeetdcuto, de museo e de pai- saje que la posibilidad do lo imprevisto, lo opeién consumista y Ja variedad de da vids social" Caiew,p.183). BO country da cidade, lugae privilegiade de intercdmbios Was- tells), punto de saturacdo semivlégica (Lefebvre, 19781, ¢ também o pane in ise Fluxes de pus Pug locad da aventura, du veaso, da est yay populacdes, flusos do desejo: a predilecde dos sujeitos A procura de parceiros sexmars do mesma sexo pelas rus do centre, detesta Alyes dy Almeida CLYSE1, “aio parece ser casual", Xun Leahatho pioavire subre ov howoxsexualismo em Sie Paulo, Rarbosa da Sidea (1959) explicu assim esta preferéneia: "A diminui- gio das Sangoes, a concent ragie de grupos mascubinos para a procurs de praveres sexuais ou de lacer, sio hasicamente Fatores que servem de catalizadores de grupos homosseauuss" [Barbosa da Silva, 1938, G dispositive de sesuntidade (Poucunlt) nde se dorm em conferir A homessexualidaste um stemografia = yuma base poputsc ional, Lnstiura tanbtm ome ferreiurinlikuie penrediica: “Para a apineia de ndivfluos como grupo existe também a neressidade du aparesinento de baa Suse espacial! Ubarbosa dks Sibea, on. cite weit de Fata hase espacial = cujos Limite: veremos mis adiante « wus Li Mires de desuryanisrgse" oa reine moral! de Park, Veen auidivde aire himoscestial ism © sletinlencia traturada ja por Jocquenghem, Listy fumlamenta-se mum plane cupfeico, tanto espaciat inte historicament losin, jd ew 1254, “los cle ehscrvagae mus- tram que se superpsen nessa drea, atividades classtficadas como Tadi- ves para a caracterisacdo de areas de desorgani wee, come casas de lo, prostituicio, apartamentos pequenos, concentracdo de bare dancings, cinemas, boites , criminalidade, vintiagem, homossexualismo, hodmios" |Barho pop. cite, p.ts3i. A_ROCA RO LEN® diem 1944 Lucila Hlormann caracterizaya "a deterivraciio mo- ral" do antigo centro paulista, A mobilidade material propria da de be » CUjos habitantes nfo se sentiam sujeites a ela per lngos Cami — diare nem econdmicos, “acompanha e intensifica uma grande mobi ti- dade moral" » que determina “ama montaliduse propensa i aveitagdo ripi- sia das inovagdes ¢ uma fisache minima dos tabus, convengoes, cddigos dle mora] come". “Apenas ax meretyises - concedia Herman C1947, p, S1/35) ~ encontram af afinidade © centro profissiansl; bias) cons tantomente comtrotadas pela polfeia de costumes, sfo freqtientemente obrigadas a Se midarem para outris zonas impostas pelus autoridades." bm 1954, a de prostituicds confinads, caracterizada pela existéncia legitima de bordéis sob controle governamental, é Fechads por decrero das sutoridades. & antiga gona centrava-se nas ruas ftaboca, Aimorés oe suas travessas, abrigande milhares de pros- titutas oficiolmente registradas, Me apenas havia prostitutas ns area: habitualmente, as eas de prostituicde sio focos agiutinado- yes do chamado "subtunde da noite. Inicialmente resistida = até com pixacdes nos mires, do tipo: "Fulano inome do poltciul vesponsdvel pela eperaios, reabra a sont, sta mde ja voltou para caso” feitadu por Moraes founides, PT peta) =, a medida elicits) acuboo peranda a ahertisnra de uma outra drea, conhecida como "Boca do Lise". OU deLinglente Hired to dsi ume Cras “urerimsengical da gee vesso. Avs, desabrigadts pelo Techameuty dus bordéis, "0. © gresso, quantitativemente falando, dus despejadus +e. solucionaram seus problems de abrige inde morar naque- les hetelecos ¢ casas-de-cdmodos, que sempre proliferaran no bairo dos Campos ifseos, mus cercanias das ks agdes Ferrovifirias dv luz ¢ Sorecabsna, © que sao presenea obri- gatéria nas imediacdes de toda cidade grande" (Morags .loa- hides, 1977, pette A modnjidade de prostituigdo modifica-se: das casas fecha- das se pa ne trottoir. Assin o define tproto-foucaulteaneanonte) ima assistente social da Spoca: "OQ Leottuir a forma de prostitargan cm que a muther ss Stier - pfereve publicanonte. Da catcada ~ simbote do seu a até os bares, desenvolve a meretrig seu triste mister, a espera de 'Tregueses! que concorren para a manutengse da sun eyistdneis docatda emits alm, para a reproduce ios que vive do aviltante coméreio™ (ei- parusitas soctais, we Una nova cona, com seus eSdigos, atividades ¢ popuducdes proprias, se estabelove, intermedidria entre a delingtloneia © 0 “ile~ salismo (por usar a expressde de Foucault, 1974). Conty Hirolte Mom o fechamento va ehamads 'ona', a prostituicde, ‘dese - fictutizada'’, foi se fixande ne batirre dos Campos ElTseos, os onde, em Curto espace de tempo, apossava-se territorial- mente de toda a dret cireunseri¢a pela rnas © avenidas Timbiras So Joss (Praga julie Mesquita), Bardo de himeis ra, Buyue de Caxias, Largo General ssério e Rua dos Pro testantes, no que velo a constituir a Lag iyerada "Boca do Lisot 0 MQuadyibdrere do Decade!" Qloraes Jennies, ring, pets) constitnia um leeat rela- AtS infvios do ano 1959, a Ko, tivameate lolerada., A intervencdo policial era estentérea, © restring git-se oo propiciar om clima de sossegn na dred "Apenss nas sextas-feiras € que a Hl co 39 Nistrite Pola cial safam Gs ruas du Boca, em caravana com aqueles enor. nes carros de presos percebfveis a quilémetros de distin cia, pura recolher aos xnirezos, até a segunda-feira, de preferéncia as mulheres mis haderneicas, os Cijue mais arruaceiros, visando com isso propiciar um sabado ¢ domin- cho go - dias em que © pedace ria ferver em sua moyimen - mais pacfficos e ordeivos, com menos ocorrancias poli~ ciais™ Cidew,p.15) Mas o desencadeamento da repressde policial, através de savessivas DLitz (Operagdo Arrastdo, Pente Fine etc.), geraria o de- sibanento da Boca, resistily no iateio com naves deslocamentos de presCitutas ¢ sua corte de marginais, primetramente para a Avenida r # p Sao Jodo © ambos os Lados du Muque de Caxias, depais pura o Largo do Avouche (drea, como veremos, muito significative para o gueto homos— sexusl), @ a Rus Rego Freitas, no que passaria a ser conhecido como a "Boca do Luxo". Tipologia nativu da Boca: a codificaclo perversa Uiroitn divide os "desajustadas sociais™ (sigh em dois grandes grupos = milundyos © yadios ~ © uma suiespéeie: 08 bodmios, on © grupo dos maiandeos ine lini a “tades aquete ong conde esseneialuente eriminoss, Fipibicady © punida por leit: assests tal tos, roubos, Trdficos, hatedares de cartennas 1ts Os vadios constitucm "Algo assim come o corpy assessoria Ga malamdraven, sen staff: sno individues que ganham a vida atras ves de comet imesto de agers qe nad chess a lerin a tetra da lei, ou, se ferimdo, & apenas de leve. IneTaeimese aqud as prostituras, os pasq sadures de droga, os cafetées. Os bosmins — que depais viriam cl ser as teansyindos ~ sfo uy ur sua vides "horml", agueles freqlontaderes do wibmundo" que tem, ocupagdes Licitas, ow sie cenimantidos por prostitutas. Aqui iactan “os soldados, cabos ¢ saryentes da PolTeia Militar, os om-se, alias, ex-integrantes du extintsa Polfcia Maritina, os repérteres policiais, dores e até vtpuns delewades que os invest iy serivdes de polteia, tiveran ou ainda fem os seus 'easus' com Tomtheres da wida' au cos don de apartamentos ou casas de lenoc{nio" (Moraes Jounides, ep cite, #3D. Mais absiso, estariam os “proletirios! - recén-vindos 2 ona. nos degraus inferiores = 6 os Jrios” on “trabslhaidor simplesmente vitimas da uciv delitiva, bsta classificucdo nao interessa em si mesma finelusive pelo fate de mio ser o tema central do estudol, Pode ainda sobrepor- go a outras reulisadas pelos proprios natives - origem donde procede seu valor. Mas serve como Tndice do que poderiames chamar u “paixio Ainda assificatéria’ dos participantes dos snimundos murginais ssi que vagamente, proporciona uma iddia do estarute de um modelo cls Ticatério "marginale de sua construgiio. Tai perspectiva 6, s bretudo, relevante aos efeitos da di- namica estrutura-antiostrutura, colocada por turner (1974). Assinala que o que esti fora da Llegalidade aio "carece! de leis, nfo é orgids- ydtico, desenfreado. rico. Hyveria uma passagem liminr em que o sujeite "sai da ner- nalidade © “entra pa area ilegut ow somilegat. As condigoes de pene- tragio © fixacie nesse territério sido diversas; ¢ miitas delas mio tm pessibilitan ona eventual volta ® vida nova! - suo ts conlecidus "es. capadas". Um exemplo & 9 ease do préprie Hiroto. A ertgem da sua garreira delitiva - a fajsa acusacde de wasassfaio de pai ~ parece confimmar a letra da “earreira desyiante" de Becker (L971. Lm "Boca do Lixo, tmi permanente preoeipacio Com a autos justificagie impregna o depoimento do eriminosa. ssa preocupacdo tem a ver com a apregentacdo perante a fed © 4 Herm - remete F noctio go- ftmaniana de estigma (Gorfman, 19751. Mas lembro-se a id@ia = de inspiragio freudiana = de Pork L respeite da ‘liberacdy dos instintos' Fivurecist pela regia more =e de cuja necossidade era ela mesma um produto. Concedamos que o in- gresso de um sujeito "normal" no “imindo da noite” pode ser acidental. Mas o seu aprofundamente solta, por assim dizer, impulsos comumente ade - ou dlesestimulados no universe normal. A pratica da promiscui nda a contigfidade com essa prétiea - marca, no nivel espectfi mente sexual, a ligaydo entre as diferentes transgressoes. Ma transgressio 6, cla mesma, ordenada. Assim, aquile que desde o codigo "norma! (domes no cédigo crin visto como una Liberacdo cadtics das pulsdes marginal se “reterritortatica™ em novas classificayoes que tendem a controlar (on a sujcitar) esses impulses. Nova recodificaedo terri- torinlizante que abre aquilo que no universe "normel” est fechado, mas fecha loge @ que abre. © GULTO GAY A nogdo de “regise moral’ da Uscaln de Chicago, ainda que pertinente, revela-se excessivamente ampla para descrever as redes ge sinslicagdo ¢ inclusdo cateyoriat das populacdes “homossexial is- tast. £2) jecine LISTI, paseamlosse nimi longa Listt de uses do ter hig =< qhe inelui catre ontros u Altman, Iumphreys © Wainberg and Wil~ tians — propdc legitimar a nocan “pay ghetto! para denominar essas po pulagdes unidas pelas sts preferencins © cerimonias créticas. Levine parte do ehissico The Ghetto, de Wirth, 128 (1960), © teata estubelecer em que medida as condigées definidus pela lscola de Chicago - cujos socidlogos “aplicaram a expressua a vizinhangas ha- bitadas por judeus, polonesos, negros © itslianes" ~ se adaptam aos haivvos de predomfnio homossexnat de Kosten, Bow York, Chica Francisca e Los Angeles.‘°? Esses requisites soz a) [ngtitucional Concentration: através do tracado de detwlhadas plin- los, hevine awstra "the existence ef way inst ibacional cuncent ea tions in areas of each city" (p. E91]. [stas instituicoes sdo basi camente comerciais: lojas, saunas, bares, boates, mis abrangom lesde bancos e agdncias de turismo até “cruising urcas (2) uofiman desende a aplicagdo de terme honssesualista! em substituigéo de om biguo Thowossextsl HO"rovmo thonossesuel! G, geraimonte, usido cm referSncia a algném que se nyt ja_emt praticas homosseanais ahertas com em monroe do sea mesa sexo, sendo essa pritica chamain de ‘homossexuatisno'. (...) Ohserve-se que ua_individuo pode Conservar a fifideso no mimo honossesitat Sem se cng jar en praticas honosse: was, assim con pole explorar @ hemossowut! pel venda de Favores soxusis sem pare iCipmir soci © espiritiylicate di comiidade Ce.) Se 9 tenia | howosscstil" © usade ea referdneia 2 algun que se euga js nun vip participar de ato sexual, outdo & necessario tm terme cond "homossexiuttistat para designar algucin que par Eicipa de tan tipo perticutar de commickele desvinnte" (offman, 1975, p.154). Carlos Nelson F, dos Santos sogie o conselhe de Gstimin ne seu trabalho sobre saunas gays (976). (A) Castells (1984, p.1SM1 vefere-se eriticamente tentative de Levine: “But, wha tayet Here may he Retwecn Uke Cikusieher isi ion ofthe, whet tay. it defined th go School ied” the gay experience of ganization, Lhe event, mis Instead, gay aang. theyre: unjar_tearet te.tl ctive differcice being jliat, yay territories, ATS delst peonte. “Castells poe o SPSS pote Sis EGCG Ce viz sow prestar especial guNENE_is pure alone and, lelers food to speak of "ibernted ieeutD TOS aitencag dis definigoes bites de ident idade b) culty Levine determina "the culture of an area by examining the cultural traits that appear withto" (p.1ali. Observa que “these homosexual culture dreds are typified by am exteaurdinarily hiph concentration of gays and their culture traits. Assim, “larpe wun ber of gay men are present in the street, while women und childeen sre conspicnosly absent". ALISs, “gay langeage is widely used in these places": desfitum af as variantes da moda guy, especialmente na sud versan “butch: “working man, Lowerselass tough, military man ant athlete" ip. b9s). Consegtentemente, hi uu cousideraved ane mento da tolorincia para as formas manifestas de compertamente he- hOssexttl, em oposicdo av puritanismo ciniew da sociedade global Ss drous. [stes fatores explicam # preferencia dos gays por CF Sovisi Isalation: obrigados por preconeeitos ¢ diseriminarées am- planente difundidas no corpo social, os guys tendem a se isolar © se agrupar entre si. Em alguns casos, "their interaction with heterosexuals was restricted to theiy joh or spuradic family visits, Aside Crom this, sovial relation were confined mainly to other ho- mosexual" ip. ised G1 Residential Concentration: upesar das dificuldudes representadas pela nde-inelusde da categoria gay nos censos domiciliares, Levine detecta uma tendéncia dos homossextais a conceatrarem suas rosidén- clas nas dreas de “cultura gay": "The gay concentration inal} the- se areas is so extensive that entire blocks and buildings are inha- bited exclusively by gays, many af whom own of the buildings io which they Live™ (p.199). Levine conclui afirmande a validade da aocdo de gay ghetto Masi Soviplogical construct » © espocuta a respeite do desenvolvimento eventual destas Sreas "A growing acceptance of homosexuality in the more Liberal part of the country signifies that gays can now practice an openty life-style without fear of penalization. Once out of (he closet, pays miy be drawn to the partially developed ghettos, to he near other dike them and the ptaces of yay life, increasing the number of gay residents in such dise trices". (p.201+ Pode leu ghetto gay um Sto Ianbe No caso de Sie Panto, © provesso de difereneingéo do cha- nade "shetty pay no sete da "regia moral uae parece entae tiny avaneado quanto nos Estados Hoidos. Os reyisitos catogados per Wirth para deCiniy "phettut iho se Cunprem na sus totabidkde ma deer do comtru ds etdade de Sag Ya alo delimitada para nosso ostude. Pordn, viguns deles estde pare cialmente presentes. Assim, a denominada “institutional concentration” Limet so 4 voncentragio e exploracso de locais de taser: bares, saum boates ¢ pontos de "pegagdo". A diferenca das me aldpoles de morte, a Grea gay superpSe-se com outras “concentragées institucionais", principalmente de prostitutas. Também se reatican em forma velativa os outros dois reqni- sites, “culture area e "social isolation", A respeito deste iltime, pode-se pensar que a maior tolerfncia nfo se limita fis manifestacdes publicas de homossexualismo, mas abrange as diversas variantes da sesualidade “losviantet. Be ontra parte, a yea de densidade das m~ nifestucdes subculturais wee estar relacionade com © predumiuio de sistemas Classificatérios distintos, for exempio, a Grea da Mare qués de Ttu 6 a mais estritamente pay - 6 a presengs de mutheres, csporddica, Fela contrério, na drea wats "popular! da Ipiranga, a 5 do estos, indumontarivs © girias pretotipicamente "en- proliferagi tondidas", pode suportar & intrusdo de homens © mulheres “heteros cuvist, sinda que em franca inferioridude nunérica. Nas duws droas ests hegenonia “homossexualista sé se verifies em hordrios noturnes. 0 quarto requisite - “residential concentration” ~ nde po ©, pelo menos no seu sentide estrito, A populwedo di reee reslicare grosso modo, as caracterfsticas de ivea parece coptinnar tendo, Nesiategracde! vegisteadas por Hermann om 1044. 8 escasses de trae pathos sobve o centro da cidsde nu dves da antropologia urbana di- Fivulta comprovar completamente esta infercneia. tienen et alii IIS! enfrentaw ossa deficuldade recorronda a extudes pyodue ich nadres da yeegrafia: leiena Cot Cordeira 11980) define a cona cae aio rea de depreciagio urhana"; segundo Sitwa (ay 31, 9 centro vee se afetado "pela passagem da metedpole amplinds simptes para wetrce pole eupliada complexa', vivius gla cidade de Sse Panta entec Long e tara Gouvea et alli tob, cites dao conta também das dificutda- des para defini com preciso os limites da ‘Baca’, que "sefrem uma espansio territorial muito significative desde 1905 até hoje” ip.iay Tie ohse resis "Ne uu dade, ests o mode peculiar pela qual a Hora se conse tituiu © se cansolidow ao fouge dis anes como om espacu sogregade. De outro, a Liheratizacan dos costumes © 0 ree laxamento da mora] fazem surpir e crescer enormenente a presengs de outres tipos sociais, isto é, 0 uascimento ¢ a expansse da prostituigde masculinn, que vem ovcupar o espaco aberto que @ a Boca” ip.25, Primeiro kelatorio). fa profis 9 de pessoas adeptas fis formas Mmargiaais' de sexualidade e/ou sebrevivencia que favorece a relutiva permissible lidade a respeito das condutas publicamente homossexuuis. Hssa tole- incia pode tee estimulads a instalagio residencial das populacdes Vigtdas ao mercado homosexual, sob na ampli variedade de estile © comum encontrar prédios ou "cortigos" abi¢ados pur diferentes ti pos de lumpens (prostitutas, travestis, delingtlontes ctc.), cooxis- Tindo no raramente com famflias rrabalhadoras on ainda, no mesmo quarteirao, com familias d classe media. (4) Faplicande o destocamento de centre urhano pars a Av. Paulista, San 098d, p.7h sublinha "a perda de cpxttidade do Centro dlistdrico tr muriCestada, entye outros sinais, pelas "sucessivas ‘degeneracdes* gem constatida pela sloteriorizag.te da pihdives", Amit icionel", cles ck paisa edi Cicagdes, como Lambim dus espacos na dvea de centro de Sie Paulo parece corresponder A classica "re- gide moral" = cuja tendéneia 4 dispersdo previra ja e proprio Park ov descrevera Uastelis. No caso de Sio Paulo, esta expansaiu da gido moral! tem a yer coma aparigae de focos de “vidw notucna" outras dyeas da cidade, (sto se caprime tauhém nas Vinstituigée especiticumente gays, que vao paulatinamente se destocando para hair ros vesidenciais de classe média ou media alta, como os Jardins, Pi- pheivos, Vila Madalena ote. Cabe, aiids, registrar cert tondeneia tatnda ineipientes xuais ostensivos om dreas da “classe media A instalacdo de homo Libersi, onde haveria certa tolerdncia pars comportamentos gays mais ou menos manifestos. ba L984, poy exemplo, abriu-se uma “ea~ sade chi” destinada explicitamente & "elite gay" no bairro de Noo~ ut. Pore, esse Gxodo melecuiar de "homossesucis aussunidys! pods nao iv especificamente na directo de constituir Mary ghettos" & moda ame~ rivana. No momento, esses gays de classe média, parccom justapor aos tragos da sun “subewltura peculiar outros préprios do setor sécio~ econdmice ao yual se neoplam. he outre lade, a pertindncia de apticar a nogde de "regio moral & dives de virewlagio sesual do centro urbano sustenta-se en uso recente, come o de Gaspar (1984) ~ que apenta a deLinenr ama yeografia clo sexo” de Copacabana - © 6 de Velho C975), ma sua ra- diografia de um prédio desse mesmo bairre cartaca, Poren » Velho se Geclara a faver de uma “antropologia na cidade", © contra wna "an- tropategia da cidade”, donde aquela nocae procede. A polemica “nat /"ka & retomada w propdsito da anilise de Levine. © ponto de partida de Levine 6, para dizé-lo nestes termos, ala". hevine up 3, op. cit.) opde a conecpedo espacial - "eceld- a gica” - de Wirth e Park, as outras interpretacbes da no io de ghett que restringem a apticacto do terme a ce s compostas de mi- mani norias 6taicas © raciais. Vito de ama mincira téenica, Park © Wirth colocam o acento na territorialidade-espucialidudes seus erfticos, lniis préximes 2 sociologia na cidade, sulicntan como determinante a iddia de comunidades ident id OW cur ase € gue a smilise dhe Levine, partumdo de perspec tivas “ospacivis", chega a conehisoes, por assim dizer, "comunitd rias". Em mosteato nephum Levine coloca em questie que a chusada ‘Gdentidade homossexual" nao seja motive para a syrupachy territos jal destes sujeitos, que optam por yeaticur um "wy way af Litem Nout ros ternos, Levine participa da “saturn ticacio da "ident ible cxual yrestionsda - come veremus ~ por Pal lack. Haveria, entao, um duplo movimento. be um alo, preferén- cia dos homossexuais por perambularem nu “reg moral", teria sido Histericgamonte a respasta a marginalivagae a que u seciedade global ° conlena. iitas terian encontrade af un "ponte de fuga! para os sens desejos "reprimidos™ pela moral social. Para dice Loom termus de Neleuse © lanthari, a popu ba,ao terese-is "desterritarialiciude™ sobre a "re “homossexualista ide moral Cespécie de esgotea Eibidinal das urhes, combicde residual que econ ne mesmo topdnima: "Boca do Liao"), para reterviterializa ase ums “territuriatidade perversa y marcus pela alesio a lugares de encont ro, argots © eddiges vamuns (8) Wellamn © Leighton (I9S1) fa © desta diferenga —citre os gue solos © o asente nn espacial idade Crla_ commana 46 perdue", caracterizada i Lentan a persis u ge", caracteri rads por cans, proteyes!™ de ry Taedes tse TClue im fencer ve hestelo ae aml ee Ma dann Gi en de Trésediux rani Piss!” que