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Religiao & Sociedade ‘volume 25- asimero I -julho 2005 ISSN 01008587 Relgdo « Socadade & ums vevits semesital dedicada 20 toma da religito em techs os suas possbilidads de relgSes coms soci de, até aberca a todos equalsquesenoque tendéncias, perspective « propestas de inter retajdo inclusive a dialegos ou conviontes Intereigsos, partir so conplens ce dsc: pins das humanidades eeignciss seca. Fok ctiada em 1977 pelo Centro de Estudos da Religio (CER) e pelo Institto de Estudos ds Relgiio (ISER), o qual awalmence s edta, Eduores Clara Mafra (PPCIS/UER)), Emerson (Giumbell: (PPGSA/UFR)), Pateis Biron (PPCISUER)), Comiss4o Editorial Carlos Stil (PPGAS/UFROS), Clara Mafea (PPCISIUER)), Ceetha Maris (PPCIS/UER), Enicnon Giumbelh (PPOSA/VEK), Oxtvie ‘Velho (MN/UFR]), Patricia Birman (PPCIS/ ‘UER), Pete Sanchis (FECH/UFMG), Regi ina Novacs (Pesquinalora CNPe). Consetho Euitorial Alejandko Frigerio (Consejode ivestigaciones Genuifiess y Técnicas, Argentina), Alfredo Bos (USP), Antonio Flavio Pietuce! (USP), Atl Oro (UFRGS), Carlos Brandie (UNICAM duals Dats de Mens (UFCE), Eduardo Viveitos he Casero (UFR), Joxé Ricardo Kamalho (UER), José Jonge d Carvalho (Un), Kenneth Seibin (University of California, EUA), Luiz Edwards Soares (VER), Lisins Nogueira Newrio (USP), Li Eahuando Wanderley PUC-SF), Macca Leite (UER)), Maria dae Dores Mactale (UFR), ‘Maria saura Tereita de Queiece (USP), Marat Villas Boas Concone (PUC-SP), Moris Laura \Viveits de Castro Cavan (UFR), Mation ‘Aubeés (Ecole des Intes Eudes em Sciences Socios, Fang), tricia Meane-Mex (UER)), Paula Monero (USP), Paul Freston (USC), Pedro Ribeiro de Oliveies (Universidade ‘Catolicade Bras), Fore Fry (UR), Raph Dellu Cava (City Univesity of New York, BUA), Rayrurdo Herald Maués (UFPA), Renato Ont (UNICAMI), (UER)), Wak’ (her Assi), Viv Hauva (Institute de Esaaloy vba Colter « Educaso Continuads), Yeonne Magic (UFR. Consetho Cieatifico Dulas (in mewnoriar), Ala Zale (WEN), Jaime Pioski (Unicamg), Josldethe Consorte (PUC-SP),Lisiat Nogucira Negro (USP), Ruben: Alves (USP), Rubem Céssr Femariles (SER). Religiao Sociedade PRESENTACAO A UM ARTIGO DE TIM INGOLD Hy mais de seis anos, Tim Ingold mudou-se de Manchest: norte da Bseécia. L6, com um pequeno grupo de jovens peae\isadlers, dedhcado a era 0 seu propro centro de estos em antopolgia Isto toma Abeidcen ume cidade privilegiada, um refdgio itch quem procura uma antropologin mais comprome legica © transedsciplinar Como, envrstanto, a regito fica, rlativamente, pert do circulo polar artico, com constante: mperaty negativas, chuvas intempestivas, ventos violertos ¢ eortantss, um longo inveina com dis bre 6 visjante orginirio des tatpiece seve lita incansavelmente p no se converta em Inbemacio, Se 0 viajante river sorte, a aides do chin pale ser quebruta palo das relagGes humanas. Na époea ent que eu estava fT © ta espe tl © costume de oferccer jantares em aun casa, Sobre una mse valpicadla com rates tipicas, salados, qiuejos e vinhos, ccunianse pessoas de ienentes mac ‘onalidades — Canada, Finlandia, Sibsria, Rassia, Estados Unidos, Esescia, Ingla- terra e Brasil ~ improvisando aproximagbes. Como sera socal de composigfo heterodoxs — antropélogos, eindlogos,gologon, music lop, musedlogos ~ nio ers estranho que as conversas tivessem um tom alo surreal, enure avenrurcio © exético, versand sobre a eagad de tens na Siberia, 0 canto dos péisaros nas Uhas Orkney, a subida va montanha de Arran, o ual para la com uma perspective eco Arneson un Acq dT gold D pentecestalisma em Rondénis,¢, claro, sobre futebol ~ que ninguém é de ferro. Em uma destas oeasides, quando varios dos pequenos grupos se tinkam reunido animadamence em uma nica © grande roda de comentérios © gracejos, Tim, centre timid € abrupto, snunciou: = Iinaginem voeds que agora estou estuxtando “Links”. Mal Tim tinha terminado a sentenga, o siléncio desabou sobre © grupo. Sim, pediamos tecer comentdrios espertes sobre Londres © Pais, nfo nos assur tévamos com hibitos insdlitor © hist6xias desconcertantes, mas como enfrentar ‘uma conversa sobre "linhs"? O silencio acabou avangando, se estervlo um pouco além dagueles segundos sandvels por algum gracejo de bea hora. No sleimo segundo, surgiu a filha de Tim gus, entusiasmada com a possibilidade de oeupar ingfo daquels roa seleta, conclamou a platéia para ver um novo jogo seu. Salvos pela merina, o grupo se encaminhou em peso para seu quarto, refugiando-se no segundo andar. Mais seguro ir para Ié que permanecer na sala, fond ou se enfrentava o ailfncio compondo algum comentério com a se sceitava a gale de sociabiidade, hasteando a bandeita do silencio. o centro da 3 O chiste, além de revelar a nossa propria timidez, iustra uma caracteris- tiea forte de Tint Ingold: ancropdlogo proltfco, cle tem percorride um caminho intelectual préprio, muitas vezes solitério. Na época, Ingold estava preparando a série de palestras que apresentout em Edimburgo, “Lines from the past: towards an anthropological archaelogy of inscriptive practices”. Nesta série, cle definiu melhor os terms Ua ankvopologia comparativa que prope: atenta a hiss humana como a criagio de caminhos de possibilidade de vida que sfo const tuidos na inter-elagho entre pessoa e ambiente. Linhas, nas mios de Ingold, sf0 artefatos do cotidiano tanto quanto da arqueclogia. Sio elementos heterodoxos = rascunhos, rabo de gato, desenhos, anotagées, mapes, fio de telefone, contorno ‘que podem servir como suportes de interaglo, modos de reco- nhecimenta, de corstituigao € de desyelanento do mundo, Links nem sempre so estiticas, transformause: viram tages, que se facem notagdes, que se oF. aanizam com superficie, gue se recompiem em ponto — unidade axirima da Tinha. Através dis wariagSes em corno das finhas, @ histéria da notagao humana ganha organicidade e improviso, revionolidade ¢ onipresenga, sem que Ingold fos deise cair em nenhuma armaditha evolucionista, mecanicista ou sistémics. Porcorrende um caminho intelectual suepreendente, no limiar da antropologia, etnografia e filosofia, a prosa de Ingold dificilmente caberia em un casca de no, algo. deglativel na sociabitididle mundana de us ‘Os estuilos da “linha” marcam um momento de inflexéo na trajetéria releetual de Ingold. Um moniento anterior, também decisivo em sua forntaco, ide horizon mM Relig ¢ Soxiedad, Rune Jes 251): 12-75, 2005 al approach 10 visual perception, de Nesta obra, contrapondo-se as concepgies excessivain bre a formagio da visio, Gibson argumentaré que ‘identidedes © earncte ticas pessoais no sio formadas sobre as pessoas anteriormente a0 se enyolvimento com es outros, mas sio condensagdes de histSrias de crese mento © maturagio em campos de relagies social de Gibson & fundamental para dissolver 0 principio de um dualismo renitente, fundasen: to da grande divisio natureza e cultura, que Ingold se via referendanda a ccontragosto nos seus primeiros livros (especialmente Evolution and Social L A ponte esti € que 0 orgunismo vivo € vm ser interioridade, 0 ule mecfiniea do tipo instin nado pela interagio com 0 ambiente © que & pessoa h terioridade gerativa, plena de subjetivdade © cultura, comprcerder qh pessoa {humana © nohumanal emerge conio unm lécus de desenvelvi tum campo, 0 qual é carreyado e transformada através de sins 2 “The perception of the entimnment, coletanea de 23 ensiion, kage! ex dadoso, rigorosa € sistematicamente, analitica, algo que oh habitagio" O artigo “Jomada so longo de um caminho de vida ~ mapas, descobrit caminho © navegogio", que 3 revisw Religay e Siciadale te parn seus leitoes, € uma tradugBo do 13° enpftule do livro The perception of the ensieorment. Escrito para squela publicagio, o artigo parte de uma questio banal, sobre o modo Como as pessoas encontiam seu caminho em uum terreno conereto, para, através de un trabalho analitico minucioso, demonst nificagics e reverburagies desta concepgio em outros plonos ds agtincia humana. A ni emonstear como um instrument teenoligico especifica, 0 antefato, acaba servindo de referéncia anal6gica para a compreensi moxkema do erien- tarse, algo que acaba, por seu uso generalizndo, metaftrico © prolixo, promo- vendo aderogos, crstalizagées¢ ilusSes, que sio piSprins do artehato, no, proces 0, em um percurso de fazerlesvelarrefazer quase cncahe Alfcd Geil & um interlocutor importante para se chegw & evidencia de que “no Furbo, & jsti- flcativa para estenler » metdfors do mapa até o dominio da cog resi na suposigho, muitas veres ni permive € uma representagan dhs cc dde vista particular™, Leach © L&vi rmetéfora em sentido aunplizdo, como quando se pastula “olhar de Aguia sobre o contexto a partir do sistema cul afiema que os miccs se fazer a si mesmo. ‘No por acaso, 0 itor deve stravessar vérios subtitulos neggtives ao longo do artigo: ‘mopear nfo & elaborse-mspa", “descobrir eaminho nie & navegagio”, cognitivistas so a0 invés dle postul al, cujo ser & determi- te “habilidade” fa mencionadla, de que acile que no espago independente ae alyuum panto jen do se do pprodansier che ann I, ou, quanda se ‘Aoesenagaoa un Avtgode Tntgok Bo mundo nde ten superficie". A obsessio do ator no exclaresinvento do ene sano, no enfrentaniento do paradoxo © na simplicidads do detalbe estabelece Ccontrapeso 3s nmitas © sofisticadas teorias contemporineas disponiveis para in~ terpictar a agio dos homens, mas que, para Ingold, dificmente deixam de reverenciar a estrutira em fungio do processo, Contra isto 0 autor sustenta, 080 solitariamente, a crenga no poler reyelador da investignsio intalectual dis nada ‘Vole lembrar que, em sus trajetiria, Ingold partiu de questoes clissicas dda antropolgia — povos colerores, cagadowes © pascores, o papel des animais nn Sociedade humana —, para entdo insistir ne postica da percepgio do ambiente dos predutos da imaginagdo humana. As quesiées de rito e commologa, onde ‘ imaginagio € mais proliica e exuberante, estiveram apenas excepefonalmente no centro de suas preocupagdes, ocorrendo quase que uma intencional postergagio do tema. Diante disto, 2 interlocugio que podemos propor 305 pesquisadores da religivo com o autor é indireta. Diz respeito a0 euidado de, por nnnkogia, colocarse im freio no aft generalizador qui: eté no reconhecimento das religides como sistema, como perspective, ot como correspondéncia, pres- tandu-se mais atengio As tecnologias e suportes materais que esto, inespera- anieate, na sun base Clara Mate _Antroplogn, Professera cs Programa de Ps-Grauasdoem Ciencias Socials (Uni vversadedo Estado do Riode Janeiro). mai: Churamafra@uel.consbr ORNADA AO LONGO DE UM CAMINHO DE DA — Mapas, Descopripor-CAMINHO! E ‘NavecacAo* ‘Tim Ingold Introdusio. de se ltoswrovavelinets [6 pssaram pula experi, em algun nena le sentirse perdido, ou de néo saber que dirego tomar para chegar a um Head deesndes No Silane Guts ieee Wiser ale iwes v cone chegar aonde queremos. A vide cotidiana seria praticamente impossivel so no fosse asim. Porém, permanece o desafio de explicar as habilidades de orientacio ¢ de descobrit-caminho utilizadas no cotidiano, Esse desafio € agravado. pelo potencial no desprezivel de haver um mal enterdldo eavolvendo a questio do ue simifca saber onde se esti, ov em que diregio seguie. Paes 0 foFasteira uulizador-de-mapa, orientando-se? em terreno desconhecido, “estar aqui" ou “ir para ali geralmente requer a capacklade de identificar sua pesigio atusl, ou a Ae desea ating, com doterminado lugar espacial om geogriien, definido pela Antersegto de determinaclas coordenadlas no mapa, Mas aquele que crescet: num pat © cath familiorcedo com seus costumes? sabe bem onde est, ou em que Airesio ir, sm precisar consular um mapa como artefito. O que é sntio, 0 que fem ele, 0 que falta 20 forasteito? Segundo uma perspectiva que tem reccbiclo ampla aceitagao na literatura geogrifica © de psteolosia, nai existe diferenga, 2 principio, entre os dois. Ambos sio uiikaderesk-mapa, Para ambos, saber conde se estésigrifiea identificar uma posigio no mundo com um lugar do. mapa. Joenaao Longs Camino de Vida ~ Maps, Descbrior-Caminhoe Navegagio u A diferenga &, apenas, que o mapa do nativo esté na sua cabeca e nilo em suas Inios, registado nao no papel mas na meméria, sob a forma de represcneagéo espacial abrangente do seu entorno usual, SupSe-se que, « qualquer momento, cle pode acessar ease mapa mental ou ‘cognitive! © determinar sus posigdo em rohsio a ele ‘Neste artigo, pretendo argumentay, ao contrivio, que este mapa nto existe, & {que a crenga em sua existéncia € conseaiiéncia da auibuigio errénea aos natives de tm sentido do que significa conhecer 0 arredores, que efetivamente os trata como cestranhos em seu prdprio pats. Deefatoy habitants natives: podem nfo. conseguir ‘determina sew higar no espago de acordo com alum sistema independente de co- ‘ordeaadas, insstindo todavia, com razfo, que sohem onde esto Isso, como mosteae rei, ocorre porque os lugares ro tém posses ¢ sim histérias. Unidos pelos iinerd~» tios de seus habstantesogs lugares existem 80 Mo espaco, mas, comE nbs, em UTA” tatrirde movimento, Chamarei essa matric de “tegito”. £ 0 conhecimento da Texifo, © com isso a hobilidade de uma pessoa sitvar-se na sia posigio atual ences do contexto histdrico de jornadas efetuadas anteriormente ~ jornadas para lugares, de lugares e em volta de lugares ~ que distingue o native do foras- teito. Assim, descobrir- contar histérias do ‘que utilizar um mapa, Usilizar um mapa é navegar por meio dele: ou seja,tracar ‘uma rota de uma posigo para outra no espaco. Em contraste, descobrir-caminho consiste em miover-se de um lugar para outro em uta regido. Mas enquanto seria ‘etrado, ot pelo menos enganoso, comparar 0 conhecimento do nativo a um mapa, Ii certo paralclo que pone ser tragado enere os processos de conhecer ede mapear. ‘Ambos so atividadss situadas no ambiente, ambos s40 realizados a0 longo de trilhas de circulagio, e'ambos se desenvolvem ao longo do tempo. Poxém, assim como rem que se distinguir dcscobrit-caminho € navegogio, também se deve {lstinguir mapear ¢ claborar un mapa. Pos os desentios que esultam do mapear inclusive 0 que tem sido categorizadn como “mapas nativos" e "mapas-esbogo", ~ sho mais historias resumidas do que repreventagées do expagon Assim, pars resus minha tese, conhecer assemelha-se 20 mapear, nfo porque conhecimen- to ica parecido com um mapa, mas porque os proditos oriundos do mapear (ins- crigdes prificas),e 0 do conhecer (historias) sio fundamentalmence distaos de um iapat, A seco seguinte elabora ete ay suinko comum assemelha-se m: Mapa cognitivos No nivel: mais: geraly o- questo de Gomo ab pessoat descobrem 0s: seus ‘caminhos' pode ser apresentada na forma de duas metéforas alternativas. See suinco: David Robin (1988:375), chamo a primeirs de uma meréfora de estru- tura-complexa, ea. segunda de wma metéiora de processo-complexo.Arprimeira, que hha umuito eemmpo & dominante em psicologta coy na que mesmo antes da 2 Relig e Sociale, Rio de Jai, 25]: 26-10, 2005 Pesica penettar em um ambiente, ela j4 copiou em sua mente ~ através de algum mecanisino de seprodugio ~ uma descrigio detalhadla de seus objetos, caractrtticas © porgSes, c as relagdes entie ces. [0 obviimente & 0 mapa Tendo determinado seu paradeito atual ¢ 0 destino dessjado ‘apa, e tendo tmgado a rota enire eles, seu movimento de my porto a otro € apenas uma questio direta, quase mectnica, de seguir o ruino predetermina- do. Em suma, ir de A a B & explicado pela ligagio dle wm process simples de locomogio corporal, a una estrutura complexa, @ mapa mental, Por outro lado, com a metifora de processo-complexo, poico ou nenhuim contedida pré- estrucuredo & transferido para © mente, Em vez dso, 0 descobrir-caminho € tentendldo como detempenho habildoso pelo qual o visjante, evjos pederes de percepeao e de agio foram afinados através de experiéncins anteriores, "eente seu caminho" rump a seu objetivo, ajustando eontinuamente seus movimentos ‘1 resposta a monitoramento pereepivo contin do acu entonno, O que pain ra abordagem explica pelo ikomorfismo entre estituras no mundo e estrtias na mente, a segunda expica como o desenvolvimento de um campo de relies esta- belecido através da imersio do ator-perceptor num do contexto ambiental Esta abordogem & prefeida pola pricclogiaecoldgica, « € aquela que eu sigo agul No entanto, antes de prossepuir na abordagem ecolfgica de doscobre-cami. no, vale a pena refletir sobre as cieunstincas em que a nogdo do mapa cognitive foi primeiro apresentada. A época, hé cerca de meio século, a psicologia ainda estava, presa ao paradigna behaviorsta. Os anima, inclusive os seres humans, deve tesponuer de modo mais ow mens automStica, de mancira ritncia anveriog, a determinados estimulos ambientais. Pros modelo simles, » psicdloges claboraramn numeroses experienc as qiais a estrcla dos animais do labortério ~o hurl rao ~eraindusido a correrateavés de diver $05 labirintos. Devxado incialmente sem comida, endo percorido lair com sucess, 0 rato seria recompensao com alimentos de uma eaixa. A alga era que, através de tencativasrepztdas, o animal eprerleria a seguir determina camino eno outro, em cada um dos'pntos deesclla! em sua rota. Dsta forma, tok a rota seria lenbrada como una cadeia de tespostas condicicivas, coma vita’ ditelta ou ‘exer, desencadeahs pelo aparectmento de certos esis sls oma le ps sagens no lbirinto. Mas 0s rato so crioturas empeeendedoras, fesuenteneine encontravam manetas de subverter as intengSes dos pesquisaderes, Po exsiyplo, ces conseguiam escalar por fra do abirinto, pet dose ine, puedo o pain, dps cortiamy ditiamente por cima até a calxa de comida, onde descam e cemiam. 10 provocou cete consternagfo no campo behaviors, pois de aco com o mone cs {imulo-Fsposta, 08 ratos nfo deveriam ter nena iddin da dingo » tomar em busca de alimento, nfo conhecendo outro caminho excetoa ota jt Faroe através do labiinto, com todas suas voltae cu Para continuar a textar a capa lade dos ratos, © psicblogo Edward C. Jounal Lang den Comin cle VilaMapa, Descbeiee-Canin eNawegag8o “Tulman € seus colsboradores claboraram o que chamaram de experiéncia de sovientagio espacial” (Talman, Ritchie Si Kalish 1945) Primeiro um tabirinto fot construilo como 0 apresentado na figura 1. Comegando no pono A, 0s animais devia correr por uma mesa cieular aber- ta, om seguida pr fi percorret 9 camino into ssando pelos pontos E e F para chegar fe cite com amen em G. Quando stovans acosturnados a esse percurso, © labirinto criginal fot substiruido pelo apa rato moxtralo na figura 2. Mais uma ver omegand no ponto A, 08 animaie corti fam pela mesa circular © depois pela ala- mas a encontravam fechada na ow epois de yoltarom 3 mesa € ua ponta, Figura tA cnpestueis de house cps int original. Orgial Tala, Richie snd She nape eee de explorarem ui pouco as outras trithas irradiantes, cada rato finalmente sco pteorr ue ds rihas até B.A ie novia dels eel « ha 6, sxpicla que Thes levaria ao ponto exato onde estava a caixa de comida /o original. Essa experigncia porecia proporcicnar provas convincen- tes de que em seu teinanento no primo ant os sae Clee lesmente aprencido wna seqineia fixa de passoe que o8 conduzia com se cong a cits Ao contin, come tages Timan, devem tr cxado Igo como urn mapa cle campo do ambien~ sobve © qual poiam ser tragadas tslis as rotas ¢ tilhas possiveis © suas relayces. Haven te a porigia no csp Hizndo sa porigho comida segundo esse mapa, 6s clher a wil do ‘que connbsia dive abi para outea. Ein eazio dessa capacidad Figs 2 A each Messin nol Too Race au Rah, Sty speed amy, ual of pesca coy 46. 80 Religie Sociedade, Ri le Jair, 25(1}: 16.110, 2005 Tolman raciocinow que era claramente inadequado sssumir que 0 sistema ver voso central do animal assemethava-se a uma mesa telefénica ~ como haviamn feito os behaviorstas ~ em que cada estimulo recebido siniplesmente “dsca” a resposts proptiads. Ao invés disso, 0 cérebro devera ser comparado uma “sala de controle de mapas” onde a informagio baseada em estimules & colctada ¢ organi talla, € onde os itinerinos sio tragados para finalmente deteraunar a8 respostas dlade do argumento de Turn Pos, 2, por um lado, ele inviste que uma carac{ tertica comum todos om ssterat de conhecimento & seu “eater local, of tambkim firma, por outro, cue 0 que €crfico no crescimento e reprodugto de qual sistema de conhecimento € 0 trabalho necessirio para mover seus diversoy componentes inclusive praticantes, seus conhecimentose capacitades,dispositvostécnicos ¢ padres valiagio ~ de em lugar ce peu do conecimento para outro (Tambull 1933:30). Considere o caso da ciéncia ocklental. Segundo aquilo-que:se-pode lamar de: visd0 “oficial” da-cigncia, o> dados registrados através: de procedi- ‘ncitos padronizados em diveraos lugares si encaixados em m-esquemaiteseico _« Gque-conviste em, proposigies. que. sao. estritamente no indexdveis quanto 0 Ihygar-,Porém, na pritica, 0 que corre € muito meis confuse, Néo 36 mio sté claro onde rermina a coleia de dados ¢ onde comese a elaboragio de teorias, mat também no existe um conjunto niiendo: de teoriay sob o'qual toda cexperiéncin passa ter incluidaeMas existent tantos-pontos tedricos de erescimenr to quantos hi lugares de busca prética, © a coracterbtica de cadasam:é coo- dlicionada, por circunsténcias:peculiares' «cade lugar. Grande parte do trabalho feo, afiema Turnbull, consiste em tentar estabelecer a ligagio € a equl- valéncia que devenvolva procedimentos © obtenta resultados em um contexto Tecal aplicdvel a outro (1993a:37), Mas se a cincia exige © movimento cons- tante de pessoal, conhecimento e téenicas, de um lugar para outro, © a reunito, tem cada lugar, de dados (inputs) de procedéncias ineterogeneas, como & ene pode também apresentar as caracteristicas de ser local? Como sistema de-conhe~ cimentay-a eifncia no pode serenraizada em algum lugar cepeeiico, mat pelo contiério deve emerpir da rede de relagées entre lugares como um todo, cons- %0 Reto « Soviet, Rio de Jee, 25(). 26-110, 2005 tituindo:0 seu caiwpo' de prities Alsm do nis, se for assim vo a cigncia, enti deve ser igual para qualquer outro sistema de conhecimerts. Como o préprio Tumbull o colosou, “todo conhecimento & como viajar come uaa jomac ‘enue as partes de una matric” (1991;35). Entio o que € essa marta? claro, wna regida no sentido definido acima — isto & como 0 semiarério de jornndis efetades © que eu quero dizer & que ‘conheeer; como: percepgio co: meio-em ‘eral, prossegue 20 longo de trithas de observacio. & impossive! conhecer nos ugaresy asim come nto se pode: vinjar-nelesy Ao inves clisey-conbecimenta:€s regional: deve ser cultivado movendo-se por trlhas que conduzem em tomo key na ditegéo de ow saindor de-lugares para outros hugares» Cioncebids conjunto de tais movimentos de um lugar para out, a nog de denorar um nivel de generalizagio intermedia entwe peculiidades locals © universais globois, oferece uma safda dese tipo de pensamente dicotSmico © Iierérquico. Assim com todo hugar, pelos movimentos que. dio origem a ele, ‘envolve sua relagio com toxos os outros, estar em algumn lugar & estar em Cod sparte 20/mesmo cempo: Colocado em nosios kermos, o que Turnbull prope, ule rein, Longe Convincentemente, & que;todos*os)sistemas de ‘eonhecimentoy: inclusive oda» sclénciay so inegrados lneraimente em: vez de-verticalmentesO filtscfe Joseph Rowse far quase 2 mesma aficmogio em argumentar gus “vonues de un gonhe- mento local para outro, em ver de ceoros universe para as suns excmplificagies particulares” (Rouse 1987:72). A luz das consideragées anteriores, peeferiia Aiser que 16 conheceras-enquanto:caninhames; de-higar para lugar Porém, 1330 no altera 0 fimaséo bisa de que a cigncin € dlscinguida hos outios sistemas e conheeimenta pelo esforgo que fz para aprsentar ss com se fase integra vert calmente, como s¢ o dever do cientists fose encaixar os dados ta tora & aplicar 0 conhecimento qq o levou pa nn Inga para pene parte ptt oat, Pa in; ou eseennder, 0 tuaballyr soni emvevthy n estabelecer equivaléneias e conexées entre lugares (Turnbull 1996:62). Akins disso, nesse sentido, € auniliada e encorajad pela cartografia moxlerna se preocupanxto em eatabelecer suas credknciaiscieticas através da st de produsc representages exatas ¢ cbjetivas de usn mundo “1 fo Como cientistas, e de fata como praticances de qualquur over» sistema de conhecimento, cartégrafos ciram o seu material de toxlo tipo te fonte, através de observagio dircta c também através da pesquisa da tradigio local. A coketa « classificagio desse material podem levi-los — ow agentet agindo: em nome doles — a jomadas inumeriveis © freqdenremente’demoradas: Notnianto, nacia disso aparece na forma final do mapa moderno “cienufico". Pelo:conexiti, uma das caractersticas. mais impressionantes «lo mepa modern & 0 climinagio, om rsura, dis priticas ¢ itinerérios que. contribuiram para a: sua produgho- (Turnbull 1996:62), Nas palavras de Michel de Certeau, “o mapa, o paleo totalizader no qual elemenios de origem diversa sfo juntados para formar um quack de un “esinde’ de conhecimento geogrifico, expuba paca o sua pe-histéria ou para sun posteridadc, como se fosse para as suns bordas, as operagées das quis € 0 resatado on 9 condi neces (Edney 199335), © sea ongrutncnn centre o: mundo. © sua representagio, €"0 progresso € medio por esse grmu ‘proximacao. Enso no-trabalho do carrégraio modemo, o conhecimento gerade pelo movimento de lugar para lugar dentio de uma regiéo & apresentado coma” Se fesse vido de uma visio: toraizadora scimae-além do mundo:rEm resumno, {h cartografa tarsforna “teak parte como regio", « mundo como vivenciodo pelo habicante movel, em *texla parte convo espago", a "vista de pssaro” ima- india de wa conseignein transcendent loro que 9 mesina transfornngio € trabathedh na percepgt0 comum do ambiente pela teeria dos mapas cognitivos. Como-no urtefaro-moderno de, sapay fe ambém no sett anslogo.‘menta’, todos aqueles.movimentos de-idos:«- vindase “pelos quais-as_pessonr desenvalvem um conhecimento. do-seu-ambiente. sds ‘pores. para.as boas: pir lembrara fase de Michel de Ceten debxandon ‘0 mapa como um fit accompli, inal completo, 0 prochato-dérumeprocesso “elaboragdo que-comegs com 0 etquema clo muindo e termina. com aquele esque inavsendo-copiado na. mentes Qualquer jornaa efetunda além desse ponto & fuposia de pertencer & fase de utlizagao de mapa em vex do de elaboragio de "mapa, @ portance ngo faz mais parte da formagio do mapa em si, Desse ponro de vista, 0 marinheiro da Micronésia € um usuério de mapa tanto quanto 0 navegador maritimo moxdemo com as suns cartas hidogrificas e busscla, mesino {que a sua habilidede “seja anteiramente mental © perceptual, no usando ne- tthum instrumento” (Oatley 1977:537), Mas enquanto os artefatos de mapa tnordernes tm sous autores, desenhistas ou produtores, as origens dos mapas vi tradicionais si nparentemente perdilas no tempo, De faroy dizer que this mapas 0 “trulkcionas” € virtualmente eguivakente » uma edmissio whe que thio tem unvelahorscy, mas que ‘les mesmos se faze — ou que como mites, sequin Us wabrismn edletye dle L&vi Seraus, “eles ponsain a simesmcs” através das mentes doe ent een ae coment (Le Sts 1966-5) pomcaas suporigda € que'6 mapa € elaborado anves de ser ueliado, que 6 existia como ams aansi cane, Posinda coo pate de tna tid eco, antes do vnintes foventurarse adiante no munda} ‘Met! argumento €, a0 contratio; que’ 0 conhecimento do ambiente pelar pessoas softe formasso. continua. durante-o-movimento’ delar esse" mesmo: an Piente: Retomoen ima diferenciagio que apresentei no inicio, isto &,-explicars «ste conheciment ein termos' dos porenciss- geradores ent um processo complex Yo a0 invés de como uma reprodlugio: de uma-cstrutara.complexa.sO process Se compte do engaiamento do ator-perceptor mével como seu: ambiente. Como jf: sugeri, conhecemos:enquanto caminhanios, €-n8o°auies de caminhareTal co- nhecimenta adguirido através do eaminhar ~ ou o caminhar de conbecimento 2 Reto « Sociedad, Rn de Jc, 25(1: 16110, 2005, = no pode ser acomodado dentro dos termos da dieotomia entre elaboragao © utilzegio de mapa, O viajante ou narrador que conheee enguanto caninha nio est nem elaborardo um mapa nem utilizando um. Simplesmente, ele esta rmapeanda, E as formas e padroes que aparecem desse processo de mapeat, seia na imaginegio ov matetializados como objeres, so apenas ‘Pontes’ a0 longo do ‘aminho, nfo o iniciando ou © terminando, e sim pontuando o processo. Minha’ \perspectiva; en resin ext de acordo com o que Robert Rundstony chma dew ‘cance de: proceso qu mapea¢ wit come aber continuo sre levando a0 proximo instante do mapear, 40. préxime mapa’ (pba) Neue eee pe Nese eat Cons oa foro mupeer fre de cere um pe roi, nt, cont « Whe nao {entre mapear¢ utilizar um mapa,-Proponh Que toxks dlescobrir-caminho € mopears” toda navegagio € uilizar um mapa? Portanto, mapear est6 para utilizar mepa, fssim como descobrie-caminho esté. para navegagior A estrutura geral desse jgumento € resumida na figura 3. Mapear nfo & elaborar um mapa ‘Mapeat’ ¢ ‘claborar um mapa, segundo Denis Wood, "née significa a mesma coisa” (1992:32). Para ele, a diferenga 6 parecida igus entre falar © escrever. Wool entende mapear como uma capucidade universal dos seres huma- nes bee jueo com cures capac de mewe-crtr burro at vé de um processo de evolugéo por selegio natural: Mas 0 fato de. que tox tose homme sect da neces: ingly te soe elboetingte? Do mesmo modo, s6 porque todos os seres humanos podem falar nao implica que todos eserevam. Enguanto mapear, como fala pode ser considerado “uma ex- pressio de existéncia individual", claborar um mapa, como excrever, tem de Ser visto como “uma fangio incomum de cireunstincias socins espeeticas, surgindo somente dentro de: certas esinturas socinis” (Wook! 19993:50). Em outta pala vias, 0 sutgimento da claboragio de mapa pertence nio a evolugio da hu- rmanidade e sim A sua histris. Mas a diferenga entre mapear ¢ elatorar um mapa, como aquela entre falar © e3- crever, sinda , para Wood, muito t8- nue, Nao € a diferenga entre expressar Nar Petstabecane’ Jeera so Longo ds ny Comite Vids Mapas, Descobridos Canalo s Novexosto 33 fextomamente uma idéia ¢ “eapturor’ esse expressao numa forma alters Para comecar, mopear nfo € a exteriorizagao de um mopa que jé existe na, cabeya do mapeador, sa:mesma. forma. que falar iio-6:a. exteiorizagio de. um fpenmamento..Ao invés disso, mapear’ falar sio.gineros de apresentaga0 ue» {ram cous signiicadcs dos contexios comunicativos de suas ineexpretagbes dra ‘nfticas. Segue que, alm clo mais, nem elaborar um snepa nem exerever pode SeIvir para (ranscrever Pensamcntos preexistentes ou represencagBes mentais No) Tape, Em primeito lugin, como a palaves escita, o-mapa nfo é a transrigSo We dada © sien ume: inscriggo.”Desta forms, mmapear cede ver para elaborar mapa tho porto onde 0 esto teattal se torna uma prética de inserigho, e nfo onde insagem, menal_ procs unt epresentagao extema-(Wood 1993253), ‘Wood ilstta seu argumento com tim bom exemplo. Dots meninos jogaraa Iéquei. Era casa, na hora do jantar, um explica o projeto da quodra gesticulan. do com as suas mos © dados sobre © jogo de mesa americano. © outro faz 0 mnesino na excola, pata impressionar um smigo, mas nesse caso (€ durante uma le de arte) ele fac gestos com um lépis na mo, sobre uma folha de papel quanto nada sobrou dos gestos do prin dleizam um tago na forma de uma inserigéo, am mopa-esboge, que pode ser prcservado « reprodusida indefinidamente além do contexto da sun produsto. Podemos supor que os dois menines tinbam s mesma eapacidade, © que, além do mais, © prime teria tido acesso facil a lipis © papel cato precisasse. Entéoy porque 0 seguro fez um mapa € 0 primeico néol A resposta, para Wood, est ha natureza ca situogéo conunicativa: Em gera, tanto quanto nesse caso exer: pny, 6 a situagio = social e politica: no mesmo. tempo — que pede.o mapas E Enquanto a diferenga entre fazer gestos com um instrumento de inserigdo ¢ fazer ros sem ele talves paresa pequena, a8 conseqiéneias sScio-politicas sio imensas Ea iferenciagSo ténue de. inscriga", Wood conch, “que diferencia. mapeatn de claborar um mapa, esocedades mapeadoras de sociales claboradoras de mapa. Nesta Ga earncteritica de inscriglo hos mapas fsicos que permite que eles sirvam 905 interesses dos poderovos, que canteolam © processo de elaborar mapa: (e também Aqueles que 0s eontestariams)” (19932253). ‘Apesar de cemcordar com Woekl que hi una diferenciagio importance a set feta entee mapear ¢ elaborar um mapa, cw a feria usando outros critérios. oréin, antes de assim o fazer, temos de set mais precisos em relagBo ao signi- fieado de mapear. Woad mesmo parece no consegutt 4¢ decidir sobre ae 0 termo se refere a uma capacidade cognitiva, a um movimento real no ombiente, om a feconstituigdo narrativa de jornadas efetuadas. Em am momento ele nos conta Ge mapoar "Ea forma pela qual nés, seres humans, elaboramos ¢ utilzamos tapas mentis” (Wood 1992:52), enquanto num outro momento cle sejeita © Conceita do niapa mental, ¢ acaba declarando que mapeer “na verdade & apenas sje virar em termos de orientagio” (Wood 199353), Mas no seu exemplo dos iro mienino, aqueles do segundo 94 Religie Sociedade, Ris de Joni, 25(1: 76110, 2005, eis 10s, mopear niio parece consistir nem em ter um *mapa na cabege" Dreexistente, nem ent um movimento corporal na terra, mas sim num tipo de nnarragdo retrospestiva, Parece-me que a nogho de uma capacidade-evoluida de imapear mentalmente € profundamente falhi. No. sc. posteria esperar qu. tal ‘capacidade surja, completamente formals, da composigio yenstiea do indivi- ‘du antes da sta entrada no-mundo'teal’ Pelo conteitio, teria de sofrer de yalvimento no proprio desdobramento da vida do indivfduo dentro dle una biente. Neste caso, o process a0 longo da hist6ria de vita de ‘se virar em termos de orientagio! — on num terme, descobrieeaminho,’— pareceria'ser uma visados espontaneamente dentro de certo contexto dialipico Cu narraivy, © seme qualquer intengéo na_preservagio ov no scu uso alm deste contexte bs se ue ees foram sue Jorsataae Lony de wn Camino Vida~ Mapas, Deseo Caninhere Navegngso owe x aplica, por exermplo, aos desenhos dos Walhiri na areia em forma de teia, 203 ‘quais cu ja me referi (Munn 19736:196). “A maioria dos mapas, na maior parce do tempo", como observa Wood, “provavelnente foram efémeros, desenhados na arcia ow nia nevg, of, © colocados ain material mais permanente, imediata- mone smassades e jogaos fora” (Munn 1973b:83; ver Lewis 1993:99). ‘Durante prodgao de tal mapa, © mapeador leva és interlocutores rum four pelo pals, c, a0 fuser 80, a sua mo gesticulando, a qual pore ou nie estar sequeando um instrument de 10, raga as tithss eferuadas © os pontes cst of haves Signifiarives m. Des mapis produzidas nos tempos clos aborigines pelos Sauiteaux, Hallowell nota que “0 seu objetive tifo foi dlineas uma parte do pats em si, mas sim indicar uma rota a sex seg € 8 Enfase foi nunia sucessfo de marcos de referéncia vagamente indicodos pelos relagées entre eles" (Hallowell 1955:195). Os estudos de Malcom Lewis dos tnapas dos norte-americanos nativos e da wibo Inuit mostiam que eles s€ apoiam, nos prineipios dfeticas: ou seja, cles apontin as coisas, revelando aspectos de com clas parecem ao presseguir pela trilha de observagio ‘caqui’ até ‘ali(Lewis 1993:102). Mesmo nas sociedades ocidentais contemporaneas, cujos habicances so crivados diariamente com imagens bascadas nas geometsias cartogréficas de ‘rojeglo:plano — onde cles moram, como coloca Woods, "imersos em mapos no trun" (992:34) — pessoas contin #- descrever sett ambiente, para eles rmesmnos ¢ para outres, retragando as talhas de movimento: que costumam seguir nile a0 invés de dar para cada um de seus elementos umn posisio fixa no ‘Quando alguém nos pede informagio sobre localizagiv”, como nota Belyea, “sin pouteas as pessoas que conseguem resistir # apontar avenar com 0s braces, ota rota da viajante sebce a superficie do seu imapi."O "ges se-torna:parie-domapay uma caracteristica da sua cecepgio” (Belyea 1995: 11, Enfaze avinha). Pode ser enganador sugere Belyea, assimilar © pro camo s¢ 0 objetivo da exeretcio fosse representar as caractersticas da paisagem do mesmo mofo que escrever deve representar a palavra falada. Pois 08 grfcos no mppa nfo séo representagies de nih, Teds linha 4, polo contréri, 0 trago de um gesto, o qual em si retraga= Jum movimento real no. mundo. Let 9 mapa € entéo-teguir 0 trago como se» seguitia-a: mado que. 0 devenhous Pocém, a analogia entre mapear e oscrever talverseja mais préxima que do Belyen penss. Durante muito tempo da histéria da escrica, pelo menos no mundo ocidental, escrever era entenililo nao cono a representagao da fala, mas como incio pelo qual o gue foi dito ou relatado posteria sex decorado (Carruthers 1990). "Ao longo da. Idade: Média, como nota David Olson, registros escritos ‘ram considerads ¢ tratadas como lembretes a0 invés de representagoes" (Olson 1994:180), O mesino era verdade com religay aos tapas medlevais, que serviain como memoranco de itinerérios, oferecendo roeas © conselhos para o vigjante conerados nn vig a0 de eserev

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