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3 PROPRIEDADES MECANICAS pos MATERIAIS Opjetivos DO CaPiTULO Apés discutir os conceitos basicos de tenséo ¢ deformacio, neste capitulo vamos mostrar como a tenso pode ser relacionada & deformacao por meio de métodos experimentais, a fim de se determinar o dia- grama tensio-deformacdo para um material especifico, © comportamento descrito pelo diagrama scré entéo discutido para os materiais usados comumente na engenharia. Além disso, serio discutidos propriedades ‘mecéinicas ¢ outros testes relacionados & resistencia dos materiais. 3.1 Teste DE TRACAO E COMPRESSAO A resisténcia de um material depende de sua capacidade de suportar a carga sem deformaggo excessiva ou ruptura. Essa propriedade € inerente 20 proprio material e deve ser determinada por expe- rimento. Um dos testes mais importantes a realizar nesse sentido € 0 teste de tragao ou compressao. Embora muitas propriedades mecénicas importantes de um ‘Ax proprieddes mecinicas de um material devem er conhecidas _ ™aterial possam ser determinadas por meio desse teste, para que os engenhetros possam relacionar a deformacto medida ele & usado principalmente para determinar a relagio zo material com a tendo aSsoiada a ela. Aqui os propredades entre a tensfio normal média ea deformagio normal mé- Imeciica do oo a> detrminade em ur tte de compresiia. Gin em muitos. materiais da engenharia, lais como -etais, ceramicas, polimeros € materiais compostos, Para realizar o teste de tragdo ou compressfo € feito um corpo-de-prova do material, com formato e tamanho ‘padronizados’. Antes do teste, sio feitas ‘ dduas pequenas marcas de pungio ao longo do comprimento do corpo-de-prova, ‘ distantes de ambas as extremidades, porque’ a distribuicéo de tenséo nas 1 extremidades € complexa devido a fixago nos acoplamentos em que a carga ‘ é aplicada, Medem-se, ent, a érea da seco transversal inicial do corpo-de- prova Ap ¢ 0 comprimento de referéncia Lo entre as marcas de puncio. Pot cexemplo, quando € usado um corpo-de-prova de metal em um teste de tragio, geralmente ele tem diametro inicial do = 0.5 pol (13 mm) comprimento de referéncia Lo = 2 pol (50 mm) (Figura 3.1). A fim de aplicar uma carga axial sem flexio do corpo-de-prova, as extremidades sao, em geral, assentadas em juntas universais, Uma maquina de teste, como a mostrada na Figura 3.2, € d nto usada pera estirar o corpo-de-prova com taxa muito lenta ¢ constante a Copodepadeaoipiorme. até que ele atinja o ponto de ruptura. A maquina é projetada para ler a carga 3 tensomeiro insalade necessfria para manter estiramento uniforme. ai Figura 3.1 Steir vel mosator cust conodegrova deo ove | ec cocase Extenseeeto por resistencia etc Figura 3.2 Figura 3.3 Os dados da carga aplicada so registrados a intervalos frequentes & medida que sto lidos no mostrador da maquina ou em um mostrador digital. Além disso, mede-se 0 alongamento 6 = L — Lo entre as marcas de puncdo ‘no corpo-de-prova por meio de um calibre ou um dispositive 6tico denominado extensdmetro. © valor 6 (delta) & entio usado para caleular a deformacao normal média do corpo-de-prova. Algumas vezes, entretanto, essa medida ndo € feita, visto também ser possivel obter a deformagao diretamente, a partir de lum extensdmetro por resisténcia elétriea como o mosirado na Figura 33. A ‘operagio de tal extensmetro baseia-se na mudanca da resisténcia elétrica de lum arame muito fino ou pedaco de folha de metal submetido a deformacao. Essencialmente, o extens6metro é colado ao corpo-de-prova em uma directo especificada. Se a cola for muito forte em comparagdo com 0 extesOmetro, entéo o extensometro ser4 na verdade parte integrante do corpo-de-prova, de modo que, quando o corpo-de-prova for estirado na direga0 do extensOmetto, © arame € 0 corpo-de-prova sofrerio a mesma deformacéo. Medindo-se a resisténcia elétrica do arame, 0 extensOmetro pode ser calibrado para ler valores da deforma¢ao normal diretamente. 2 DIAGRAMA TENSAO-DEFORMACAO Com os dados do teste de tragdo ou compressio, podem-se caleular diversos valores de tensdo e a deformago correspondente no corpo-de-prova ¢, depois, construir um grifico com os resultados. A curva resultante, deno- minada diagrama tensdo-deformagdo, pode ser descrita de duas maneitas, Diagrama Tensao-Deformacao Convencional. Com os dados registrados, determinamos a tensio nominal ou de engenharia dividindo a carga aplicada P pela area da segio transversal inicial do corpo-de-prova Ay. Esse céleulo Pressupde que a tensdo seja constante na seco transversal e em toda a regio entre os pontos de calibragem. Tem (3.4) Da mesma forma, a deformacao nominal ou de engenkaria é encontrada diretamente pela leitura do extensmetro, ou dividindo-se a variaglio no comprimento de referéneia, 8, pelo comprimento de referencia inicial Lo, ‘Suponhamos que a deformacao seja constante em toda a regio entre os pontos de calibragem. Assim, cap.3 PROPRIEDADES MECANICAS DOS MATERIAIS 63 64 RESISTENCIA DOs MATERTAIS. « a (32) I [ces Se 08 valores correspondentes de oe € forem colocados em um grafico, no qual a ordenada seja a tensio ¢ a abscissa seja a deformagio, a curva resultante seré chamada diagrama tensdo-deformacdo convencional. Esse Giagrama é muito importante em engenharia, pois permite obter dados sobre ® resisténcia a tragao (ou compressao) do material sem considerar o tamanho ou formato fisico desse material, isto é, sua geometria, Entenda-se, no entanto, que dois diagramas tensdo-deformacao do mesmo material ndo serao exata. mente iguais, uma vez que os resultados dependem de varidveis tais como composicéo do material, imperfeigdes microscépicas, a maneita como ele foi Tabricado, a taxa da carga ¢ a temperatura durante 0 perfodo do teste. Discutiremos a seguir as caracteristicas da curva tensdo-deformagio Pertencente ao aco, material usado comumente para fabricar tanto membros estruturais como elementos mecanicos. Usando © método descrito anterior- ‘mente, 0 diagrama tensio-deformagao caracteristico de um corpo-de-prova de ago € mostrado na Figura 3.4. Pela curva podemos identificar quatro maneiras diferentes pelas quais o material se comporta, dependendo da grandeza da deformagao nele provocada. teat de rapa al limi de lipite ce proporcionalidade "line oe elaine > limite deescoamnenigs” | [atin Tefibe | sicoa. —endurtimeno —— euloglo GEi | Bem oma oa " 100%) 63) Conforme visto na Figura 3.6, como éyp ~ 0,380, esse valor deveria ser 38% para um eorpo-de-prova de ago doce. ‘A porcentagem de'reducto de drea € outta maneira de especiicar a ductilidade Ela € definida na regio de estrioeao como segue Porcentagem de redugao de drea (100%) Ga) Aqui, Ao € a area inicial da se¢do transversal do corpo-de-prova © Arup. a firea na ruptura, O ago doce tem valor tipico de 60%. Outros metais, como lato, molibdénio e zinco, também possuem carac- teristicas de tensio-deformagio ciictil similar a do ago, segundo as quais apresentam comportamento de tensdo-deformagio eléstica, escoamento sob tensio constante, endurecimento por deformacio e, finalmente, estriceiio até a muptura. Na maioria dos metas, entretanto, no ocorre escoamento constante além da faixa de clasticidade. Exemplo disso € 0 aluminio. Na verdade, esse metal nfo tem, em geral, um ponto de escoamento bem definido e, assim, € prética padtio definir uma resisténcia ao escoamento para 0 aluminio usando “um procedimento gréfico chamado método de deformagio residual. Escolhe- se normalmente uma deformagio de 0,2% (0,002 pol/pol) e, desse ponto no eixo ¢, € desenhada uma reta paralela até a parte inicial reta do diagrama tensdio-deformacao. O ponto em que essa reta intercepta a curva define a re~ sisténcia ao escoamento. Um exemplo da construgio para determinar a resisténcia ao escoamento de uma liga de aluminio € mostrado na Figura 3.7. Pelo grifico, a resisténcia ao escoamento é oss = SI ksi (352 MPa). A resisténcia ao escoamento nio é uma propriedade fisica do material, visto ser uma tensio que provocou uma deformagao permanente especificada no material, Neste texto, entretanto, admitiremos que a resisténcia ao escoa- mento, 0 ponto de escoamento, 0 limite de elasticidade e 0 limite de propor- cionalidade coincidem, a menos que seja declarado o contrdrio, Uma excegio seria a borracha natural, que de fato nem tem limite de proporcionalidade, uma vez que sua tensio e deformacao ndo séo relacionadas linearmente (Figura 38). Ao contrério, esse material, conhecido como um polimero, apresenta ‘comportamento elistico ndo-linear. PRopRIEDADES MECANICAS DOS MATERIAIS 07 Fi a3 oa “om | ein c | io | 68 RESISTENCIA DOs MATERIAIS 20f 496 095 opt oma oma —001_A ae ish tape ee to -0 [ -0 F ccaat titan aansar SnsnnaTESEDONNGIES ET : =100 s+ oe moe igura 38 Figura 3.9 A madeira é um material em geral moderadamente diictl e,como resultado, 6 projetada para responder apenas a carregamentos elisticos. As caracteristicas de resistencia da madeira variam enormemente de uma espécie para outra ¢, dentro de cada espécie, dependem do teor de umidade, idade, tamanko ¢ arranjo dos nés. Como a madeira é um material fibroso, suas caracterfsticas de tragdo e de compressio diferem muito quando ela esta com carga paralela ou perpen dicular a seu gro. Especificamente, a madeira racha com facilidade quando é tracionada na tensio perpendicular a seu gro e, como consequéncia, quase sempre as cargas de trago slo aplicadas na paralela ao gro dos elementos da madeira. i t | Materiais Frigeis. Os materiais que apresentam pouco ou nenhum escoa- mento si denominados materiais frageis. O ferro fundido é um exemplo, possuindo um diagrama tensio-deformagao como o mostrado na porgio AB da curva da Figura 3.9, Nesse caso, a ruptura ocorre em dy = 22 ksi (152 MPa), ‘em uma imperfeicao ou microtrinca, ¢ depois espalhou-se rapidamente por todo © corpo-de-prova, provocando falha total. Os materiais frégeis no possuem tenséo de ruptura a tragao bem definida, como resultado desse tipo de falha, uma vez que a aparéncia das trincas iniciais em um corpo-de-prova é bastante aleatGria. Em vez disso, geralmente se registra a tensio de ruptura média observada em um conjunto de testes. Um corpo-de-prova com falha tipica & mostrado na Figura 3.104. =--= |} Fath de material Acompressio provera frig por ost shoulamento do material { @ » Figura 3.10 cap3 ous) 2 (Gia = Ot 9089-10025 -09n29-09015-A4CO10-00008 ry 25020-0001 ames _¢ (geupan 00s Diagrama ode mistua de coneet pica Figura 3.11 Os materiais frageis, tais como o ferro fundido cinzento, em comparagao com seu comportamento sob traci, apresentam resistencia axial & compressao ‘muito maior, como evidenciado pela porgao AC da curva da Figura 3.9. Nesse ‘caso, quaisquer trincas ou imperfeigoes no corpo-de-prova tendem a fechar-se ¢, a medida que a carga aumenta, geralmente o material abaula-se ou toma a forma de barril (Figura 3.106). ‘© conereto, como o ferro fundido cinzento, é classiticado como material frégil e também possui baixa resistencia & traglo. As caracterfsticas de seu diagrama tensto-deformagao dependem principalmente da mistura do con- creto (dgua, areia, brita e cimento) ¢ da duragio e temperatura da cura. Um ‘exemplo tipico de um diagrama tensto-deformacio ‘completo’ do conereto é oferecido na Figura 3.11. Como se observa, sua resisténcia méxima & compressao € quase 12,5 vezes maior do que sua resistencia & trago: (0.)m4x = 5 ksi (34,5 MPa) em comparagdo com (g;)nse = 0:40 ksi (2,76 MPa). Por ‘essa razo,o concreto € sempre reforgado com barras de ago quando projetado para suportar cargas de tragéo. ‘Pode-se dizer que a maioria dos materiais exibe comportamento tanto diuctil como frégil. Por exemplo, 0 ago tem comportamento frégil quando Contém alto tcor de carbono e diictil quando o teor de carbono é reduzido. ‘Além disso, torna-se mais mole e diictil quando a temperatura aumenta. Esse efeito é mostrado na Figura 3.12 para o metacrilato plistico. ous) 1 Aer nor Dor O09 08 HO 0405 0.06 (polo) Dingrama a—¢ para metarilato pléstico jgura 3.12 PROPRIEDADES MECANICAS DOS MATERIAIS 69 0 ago perderapidamente sua resist= cia quando aquecida. Por essa azo, fs engenheiras requerem, feqiente- Imente, que os membros principas da ‘iratura possum isotamentotrmico ‘conta incindio. 70 ResisréNcla DOs MATERIAIS 3.4 Ler pe Hooke Como observamos na seco anterior, os diagramas tensio-deformacio para a maioria dos materiais da engenharia apresentam relagdo linear entre tenstio e deformagio na regifio de elasticidade. Conseqiientemente, um aumen: to na tensio provoca um aumento proporcional na deformagiio. Esse fato, descoberto por Robert Hooke, em 1676, com o auxilio de molas, é conhecide como lei de Hooke. Matematicamente, tal lei € expressa por: [e=ze| (5) Nela, E representa a constante de proporcionalidade, chamada médulo de f elastictdade ou médulo de Young, nome derivado de Thomas Young, que publicou uma explicagao da lei em 1807. ‘A Equagio 3.5 na verdade representa a porgio inicial reta do diagrama tensio-deformacao até o limite de proporcionalidade. Por sua vez, 0 médulo de elasticidade representa o decfive dessa reta. Como a tenséo é adimensional, pela Equagio 3.5, E usa as mesmas unidades da tensio, tais como psi, ksi out pascal. Para exemplo do cilculo, consideremos o diagrama tensdo-deformagdo do aco mostrado na Figura 3.6. Nele, o}, = 35 ksi € ep = 0.0012 pol/pol, de modo que: 35 ksi ,0012 pol/pol = 29(10°) ksi Como mostrado na Figura 3.13, 0 limite de proporcionalidade para um tipo particular de ago depende dos componentes de sua liga; entretanto, a maioria dos tipos de ago, desde 0 ago laminado mais mole até 0 aco para ferramentas mais duo, tem aproximadamente 0 mesmo médulo de elastic dade, em geral aceito como Eco = 29(10°) ksi ou 200 GPa. Valores comuns de E para outros materiais podem ser encontrados em manuais de engenharia ¢ livios de referéncia. Valores representatives também esto relacionados nas tabelas no final do livro, Observe que 0 médulo de elasticidade € uma propriedade mecinica que indica a rigidez de um material. Materiais muito rigidos, como 0 aco, tém valores altos de E Ease ~ 29(104) ksi ou 200 GPa}, enquanto materiais esponjosos, como a borracha Vulcanizada tem valores baixos [Esore = 0,10(10%) ksi ou 0,70 MPa]. ago de mole 160 ( 0 | ai (G.eF cattono) roo trade termicamente so pra maquinas | L Giecarvono) \ Gf agoestrtual ~ (2% carbone) or go mole (0.1% ctsbono) Cap.3 PROPRIEDADES MECANICAS Dos MATERIAIS 71 © médulo de elasticidade ¢ uma das propriedades mecanicas mais importantes no desenvolvimento das equagées apresentadas neste texto. Deve ser sempre lembrado, porém, que E 36 pode ser usado se 0 material tem comportamento finear-elastica. Alem disso, se a tenso no material for maior que 0 limite de proporcionalidade, o diagrama tensdo-deformagao deixard de ser uma reta e a Equagdo 35 nfo serd mais vélida Endurecimento por Deformacdo. Se um corpo-de-prova de material dctl, tal como 0 ago, sofrer carregamento na regido pldstica e, em seguida, descarre- -gamento, a deformagio eldstica é recuperada medida que o material volta a0 seu estado de equilibrio. A deformacio plastica permanece, entretanto, €, como resultado, o material fica sujeito a uma deformacao permanente. Por exemplo, uum arame, quando entortado (plasticamente), retorna parcialmente as dimensGes originais (elasticamente) quando a carga ¢ removida; entretanto, nao volta completamente & sua condi¢do anterior. Esse comportamento € ilustrado no diagrama tensio-deformagio da Figura 3.14a. O corpo-de-prova ésubmetido a carga até o ponto A’, além do seu ponto de escoamento A. Como as forgas interatOmicas t@m de vencer o alongamento elasticamente, entao essas mesmas forgas unem de volta os sitomos quando a carga é removida (Figura 3.14a). Conseqtientemente, o médulo de elasticidade, F, é 0 mesmo e, portanto, 0 declive da reta O'A’ 6 0 mesmo da reta OA. Se a carga for reaplicada, os dtomos do material serdo novamente deslocadas até que ocorra o escoamento préximo’a tensao A’ ¢ o diagrama tensio-deformagio continue ao longo do mesmo trajeto anterior (Figura 3.148). Deve set observado, entretanto, que esse novo diagrama tensfio-deformagio, definido por O'A’B, tem um ponto de escoamento maior (A"), como conse- {qlncia do endurecimento por deformagéo. Em outras palavras,o material agora tem uma regio de elasticidade maior; entretanto, tem menos ductlidade e uma regido pléstica menor do que quando estava em seu estado original ‘Na verdade, algum calor ou energia pode ser perdido quando 0 corpo-de- prova é descarregado de A’ © novamente carregado com a mesma tensio, O resultado & que ocorrem curvas leves nos trajetos de A’ para O' e de O' para A’ durante um ciclo de carregamento medido cuidadosamente. Bova situa é mostrada pelas curvas traccjadas da Figura 3.14b.A érea colorida entre essas curvas representa energia perdida e ¢ chamada de histerese mecdniea, Embora seus efeitos nao sejam considerados neste texto, histerese deve ser levada em conta quando sc sclecionam materiais para servirem como amortecedores de vibragdo em equipamentos estruturais ou mecéinicos. a regito ride elbice plisica leformagie secuperagio, permuncat” elses 72. ResisréNcia pos Marerrats Mesto de resiiencia o Figura 3.16 3.5 ENERGIA DE DEFORMAGAO A medida que um material 6 deformado por uma carga externa, tende @ armazenar energia internamente a0 longo de todo 0 seu volume. Como essa energia relaciona-se & deformagio do material, ¢ chamada energia de deformacao. Por exemplo, quando um corpo-de-prova de tensio € submetido a uma carga axial, um elemento do material é submetido a uma tensio uniaxial como mostrado na Figura 3.15. Essa tensao desenvolve uma forca AF = o AA = o{Ax Ay) nas faces superior e inferior do elemento depois que este sofre um deslocamento vertical «Az. Por definigao,o trabalho é determinado pelo produto da forca pelo deslocamento na directo dessa forca. Como a forca aumenta Uuniformemente de zero até seu valor final AF quando o deslocamento © Az é atingido, o trabalho realizado pela forca ¢ igual a0 valor médio da forca AF /2 multiplicado pelo deslocamento € Az. Esse ‘trabalho externo’ é equivalente a0 ‘trabalho. interno’ ou energia de deformagao armazenada no elemento admitindo que a energia nao seja perdida sob a forma de calor. Portanto, 2 energia de deformagio AU 6 AU = (1/2 AF) ¢ Az = (U2 o Ax Ay) € Az. Visto que 0 volume do elemento é AV = Ax Ay Az, entio AU = 1/2 o¢ AV. As vezes & conveniente expressar a energia de deformagio por unidade de volume do material, Isso € denominado densidade da energia de defor- magiio, que pode ser expressa por: uae G6) Sc © comportamento do material for linear-eléstico, entdo a lei de Hooke se aplica, o = Ee, e, portanto, podemos expressar a densidade da energia de deformagao em termos da tensdo uniaxial como. 1a? Bn Médulo de Resiliéncia. Em particular, quando a tensio o-atinge o limite de proporcionalidade, a densidade da energia de deformagio, como calculada pelas equagdes 3.6 ou 3.7, € denominada médulo de resilincia, isto &: G8) Pela regido eléstica do diagrama tensio-deformagéo (Figura 3.16a) observe que u, & equivalente a drea triangular sombreada sob o diagrama. Fisicamente, a resiliéncia de um material representa sua habilidade para absor- ver energia sem sofrer qualquer dano permanente. Médulo de Tenacidade. Outra propriedade importante de um material é médulo de tenacidade, u,, Essa grandeza representa toda a érea sob o diagrama tensio-deformacio (Figura 3.16) e, portanto, indica a densidade da energia de deformagao do material imediatamente antes da ruptura, Essa propriedade torna-se importante quando se projetam elementos que possam ser sobrecar- regados acidentalmente. Materiais com médulo de tenacidade alto distorcem muito devido & sobrecarga; entretanto, sdo preferiveis aos de baixo valor, uma ver que os materiais que tém u, baixo podem romper-se subitamente sem dar sinais da ruptura iminente, Ligas de metais também mudam sua resiliéncia © tenacidade. Os diagramas tensio-deformagéo da Figura 3.17, por exemplo, mostram como os graus de resiliéncia e tenacidacle podem mudar, conforme muda a porcentagem de carbono no ago. PRrorrizDaDes MECANICAS Dos MATERIAIS. 73 ago duro (03% de cartowo) go extra (Ga deextboas) ago mole (~ ©a% de carson) mie at Ese corpo-deprava dé nion exibe alto ara de tenacidade, como se now. pola z srande esregao comida antes da raptara Figura 3.17 Pontos ImMportaNtes * Um aiagranatensio-deformagas convencional importante na engenhaiaporgue permite hi dalleg sobre ‘a resistencia a tragdo ou a compressao do material sem considerar o tamanho ou a forma. fisica desse material. * A tensio ¢ a deformagiia de engenharia s4o calculadas por meio da rea de seco transversal ‘original e do. com- primento de referéneia do corpo-de-prova, oe Ho material dic, como.o ago doce, apresenta quatro comportamentos dstntos quando estearrada Sto les: comportamento elstieo, excoaménto,endurecimento por deformagto © estioeaa * Um material ¢ linearelésiico se a tensio for proporcional 4 deformago dentro da repiag condicdo & denominada le de Hooke c/o declive da curva €chamado madulo de elasicidade Pontos importantes do diagrama tensto-deformagdo sto: limite de proporcionalidade, lie de elasticidade, limite de escoumento, limite de resistencia tensa de raptara oe * fh ductidde do materia ¢especiicada pea pocentagem de alongumenty ou pea edu dees i carp de-prova ae Se o material nfo possult um ponto de essoumento distin, a reviéncia. ao ercoamento& expec pum meéiodo grafico como 0 método de deformagd resial : Materiaisfriges, tai como 0 ferro tundido, ts au mente ee © enudurecimento por deformagio€ vad para esabeleo: um: ponto de escoameite maior pe Hate 6 au ¢ feito deformando-se 0 material alem do lite castuo e-em weuide ated ae One elastcidade permancee 0 meso; enttelanto 4 duclidads do eaters Sees i Energia de deformacdo ¢ a energia armazenada no material devido 4 sua deformacto. Essa energia porunidade de volume ¢ chamada densidade da energia de deformacao. Se medida no limite de proporcienalidade ¢ ak, nominada médulo de resiliéncia; se medida no ponto de ruptura, é chamada médulo de tehecidade, ito pouco ou nenhum escoamento e rompem-se Subita- EMPLO 3.1 © teste de tragtio para uma liga de aco resulta no diagrama tensdo. rmagdo da Figura 3.18. Calcular o médulo de elasticidade ¢ a resistencia scoamento com base em uma deformacdo residual de 0.2%. Identificar no ©0 0 limite de resisténcia e a tenséo de ruptura. 74 RestsrENcIA Dos MATERIAIS ots) 19 sa MIE S00 ng =5¢ 2 _ sc %0 oue= 8 6 30 so} 20} 10 en 02. 0 GHP ORF G06 GUE O10 G1 GIA OAS O18 00 O02 OH ote Boot Gana) €(potpot Figura 3.18 SOLUGAO Médulo de Elasticidade. Devemos calcular o declive da porgao inicial reta do grafico. Usando uma curva e uma escala ampliadas, mostradas em cores, vemos que essa reta estende-se do ponto O a um ponto A estimado, que tem coordenadas aproximadas (0,0016 pol /pol, 50 ksi). Portanto: 50 ksi == D016 polipol ~ 31,2(10%) ksi Resposta Observe que a equacao da reta OA é, desse modo, o ~ 31,2(10°Je. : : : Limite de Escoamento. Para uma detormagao residual de 0.2%, comecamos na deformagio de 0.2% 011 0,0020 polipol e, graficamente, tragamos uma reta paralela (tracejada) & reta OA até que ela intercepte a curva o-eem AO | limite de escoamento ¢ aproximadamente: oe = 68 ksi espoiic i | | Limite de Resistencia, E detinido pelo pico (maior valor de wensio) do | gritico ane, ponto B na Figura 3.18, 0, = 108 ksi Resposta Tensito de Ruptura. Quando 0 corpo-ce-prova esté tracionado com 0 maxi- mo de én, rompe-se no ponto C. Assim, 90 ksi Resposta EXEMPLO 3,2 © diagrama tensio-deformacao de uma liga de aluminio usada para fabricar pecas de acronaves é mostrado na Figura 3.19. Supondo que um i corpo-de-prova desse material seja tracionado com 600 MPa, determinar a deformagéo permanente que ficaré no corpo-de-prova quando a carga for removida. Calcular também o médulo de resiliéncia tanto antes como depois da aplicagio da carga. Cop3 PROPRIEDADES MECANICAS DOS MATERIAIS 75 OLUCGAO Jeformacao Permanente, Quando 0 corpo-de-prova € submetido & carga, | ndurece por deformago até atingir o ponto B do diagrama o~ ¢ (Figura 3.19). tideformagao nesse ponto € aproximadamente 0,023 mm/mm,Quando 2 €3rE4 eae retirada, o material comporta-se seguindo a reta BC, paralela & reta OA. como ambas as retas tém o mesmo declive, a deformagio no ponto C %= ane innda analiticamente. O declive da reta OA € omédulo de elasticidade, yy |") ito é Y 450 MPa cael = 7506) i | 7,906 mamma ~ 75° OPA V | glshesrite Pelo triangulo CBD, requer-se ort 3 oe 600(10%) Pa = na CD = 0,008 mm/mm ssa deformagio representa a quantidade de deformacdo elistica recupe- cada. A deformagio permanente, €oc, & ois: oe = 0,023 mm/mm ~ 0,008 mm/mm 0.0150 mm/mm Resposta CObservagdo: se as marcas de referéncia estivessem a 50 mm de disténcia uma da outra antes da aplicagdo da carga, depois que a carga fosse removida essas ‘marcas teriam 50 mm + (0,0150) (50 mm) = 50,75 mm de distancia entre si. Médulo de Resitiéncia, Aplicando a Equagéo 38, temos:! (weit = 49» = 5(450 MPa)(0,006 m/e) 35 Mim? Resposta 1 (waa = Feep = (600 MPA). 0,008 m/z) 40 Miim? Resposta Por comparagiio, o efeito do endurecimento por deformacio no material provocou tum aumento no médulo de resiliéncia; observe, no entanto, gue o Prédulo de tenacidade do material decresceu, uma vez que a érea sob a curva original (OABF) € maior do que a érea sob a curva CBF. ee EXEMPT. 3.3 eee [A haste de aluminio mostrada na Figura 3.20a tem segio transversal circular esté submetida a uma carga axial de 10 KN. Se uma parte do diagrama tenso- Geformagdo do material € mostrada na Figura 3.20b, determinar 0 alongamento siproximado da haste quando a carga € aplicada, Se a carga for removida, qual werd 0 alongamento permanente da haste? Suponha que E,y = 70 GPa. 0 a —- ON | eo mm ——}— 400 mm —| T No Sho wabalho € modido om joules, sendo 1 )= 1 Nm. 76 ResisréNcia pos MaTERIAIS Figura 3.20 SOLUcAO Para a andlise, desprezaremos as deformacdes localizadas no ponto de aplicagao da carga e onde a érea da secio transversal da haste muda subitamente. (Bsses efeitos serao discutidos nas segBes 4.1 © 47.) Ao longo de toda a seca0 central de cada segmento, a tenso normal ¢ a deformagio sdo uniformes. A fim de estudar a deformacao da haste, devemos obter a deformagio especifica (¢). Iso € feito primeiro calculando-se a tensdo e depois usando 0 diagrama tensio-deformagéo para obter a deformagao. A tensto normal em cada segmento 6 10(10°) N = (oor my ~3183 MPa 108 onc ON = 5659 MPa © A” (00075 me Pelo diagrama tensio-deformacdo, vemos que o material na regio AB é deformado elasticamemte visto que o, = 40 MPa > 31,83 MPa, Usando a lei de Hooke: SRR age a nee eR RTS ee = i [ele = ag _ 3183005) Pa ean = 0,0004547 mm/mm Bae FOCI} Pa = 00004547 mn i © material da regio BC est4 deformado plasticamente, visto que of = 40 MPa < 56,59 MPa. Pelo grafico, para ogc = 56,59 MPa: enc ~ 0,045 mm/mm alongamento aproximado da haste é, portanto: 8 = Ze. = 0,0004547(600 mm) + 0,045(400 mm) 18,3 mm Resposia Quando a carga de 10 KN ¢ retirada, © segmento AB da haste volta a scu comprimento original. Por qué? Por outro lado, o material do segmento BC ecupera-se elasticamente ao longo da reta FG (Figura 3.206). Como o declive de FG 6 E,y,a recuperacao da deformagiio eldstica 6: ec = 0 = 5559(10°) Pa i 70(10°) Pa Portanto, o restante da deformagdo pléstica do segmento BC é: coo = 0.0150 ~ 0,000808 Portanto, quando a carga é removida,a haste permanece alongada de 6 = cool.ne = 0,0442(400 mm) = 0,000808 mm/mm 0442 men/mm 7,7 mam, Resposta

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