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AacSo politica voltada para a tra conduzida hoje com base na mt 0 povo é uno. A populagio, naturalmente, 6 viduos e classes diferentes, mas 0 povo uma identidade, A mi ccomposta de numerosos sintetiza ou reduz essas diferengas 80 dao, em contrast isto, segundo radigéo dominante éa filo: composta de um conjunto de singwlatidades — e com queremos nos referir aqui a um sujeio social cuja diferenga no pode ser reduzida & uniformidade, uma diferenga que se mantém diferente, ‘As partes componentes do povo sio indiferentes em sua unidade; tor- znam-se uma identidade negando ou epartando suas diferengas. As sin- gularidades plurais da multidio renciada do povo. ‘Amultidio, contudo, embora se mantenha méltipla, nio é fragmen- tada, andrquica ou incoerente. Assim£ que o conceito de multi: bém deve ser contrastado com uma série de outros coneeitos que designam entidades coletivas plursis, como a turba, as massas € © +139 muutivzo populacho, Como os diferentes individuos ou grupos que constituern a turba sio incoerentes ¢ nao identificem elementos compartilhados em comum, sua colegio de diferengas mantém-se inerte ¢ pode facil- mente parecer um agregado indiferente. Os componentes das massas, do populacho e da turba no sio singularidades —o que fica evidente pelo fato de que suas diferengas to facilmente se esvaem naindiferen- ‘ga do todo. Além disso, os sujeitos socisis sio fundamentalmente pas- sivos, no sentido de gue nfo sio capazes de agit por si mesmos, precisando ser conduzidos. A turba, o populacho ou a plebe podem ter efeitos sociais — nfo raro efeitos horrivelmente destrutivos —, mas nfo séo capazes de agir por conta prépria, Por isto € que sfo to sus- cettveis & manipulagSo externa. A multidio designa um syjeito social ativo, que age com base naquilo que as singularidades tém em comum. ‘A multidio € um sujeito social internamente diferente ¢ miltiplo cuja constituigéo e agio nio se baseiam na identidade ou na unidade (nem muito menos na indiferenga), mas naquil A definigo conceitual inicial de multido representa um claro de- safio para toda a tradigio da soberania, Como explicaremos na parte 3, uma das verdades recorrentes da filosofia politica € que s6 aquil que é uno pode governar, seja 0 monarca, o partido, © povo ou o indi- viduo} sujeitos sociais que nao sio unificados, mas méltiplos, ndo po- que tem em comum. dem governar, devendo pelo contratio set governados. Em outras palavres, todo poder soberano forma necessariamente um corpo polt- tico dotado de uma cabega que comanda, de membros que obedecem € de drgios que funcionam conjuntamente para dar sustentaglo a0 governante, © conceito de multidao desafia esta verdade consagrada da soberania. A multidao, embora se mantenha méltipla ¢ internamen- te diferente, é capaz de agir em comum, ¢ portanto dese governar, Em vvez de ser um corpo politico com uma parte que comanda ¢ outras que obedecem, a multidao & carne viva que governa a si mesma, Natural- mente, esta defini¢éo da multidao levanta numerosos problemas conceituais ¢ priticos, que discutiremos amplamente neste capttulo ¢ +140» MULTIDAO ‘no seguinse, mas deve ficar claro desde 0 inicio que 0 desafio da mul- tidio € 0 desafio da democracia. A multidéo é 0 tinico sujeito social ccapaz de realizar a democracia, ou seja, 0 governo de todos por todos. Em outras palavras, 0 que estd em questo & muito importante, Neste capitulo, articularemoso conceito de multidao basicamente de uma perspectiva socioecondmica. A rnultido também é um concei- to de raga, género e diferengas desexualidade, O fato de focalizarmos aqui a classe econdmica deve serconsierado em parte uma compen~ sagio pela relativa falta de atengio & classe nos dltimos anos, em com- pparagio com essas outras linhas de diferenga ¢ hierarquia sociais, Como vveremos, as formas contempordntas de produgio, que chamaremos de produgio biopolitiea, nio se linitam a fendmenos econémicos, ten- dendo a envolver todos os aspectos da vida social, entre eles a comuni~ cagio, 0 conhecimento ¢ os afetos. Também sera stil reconhecer desde 0 infcio que algo parecido com vm conceito de multidao hé muito faz parte de fortes correntes das politcas feminista ¢ anti-racista. Quando dizemos que nao queremos um mundo sem diferengas raciais ou de ‘género, e sim um mundo no quala raga € 0 genero nio importem, ou seja, um mundo no qual no determinem hierarquias de poder, um. mundo no qual as diferengas posam expressar-se livremente, estamos exprimindo um desejo da multidio, E, naturalmente, no que diz res- peito as singularidades que compéem a multidao, para acabar como cardter limitador, negativo e destrutive das diferengas e transformd- Tas em nossa forga (diferengas degénero, raga, sexualidade ¢ assim por diante), precisamos transformar adicalmente 0 mundo? De uma perspectiva socioecondmica, a multidio € 0 sujeito comum do trabalho, ou seja, a came real da produgio pés-moderaa, € ao mes- mo tempo objeto a partir do qual 0 capital coletivo tenta formar © ‘corpo de seu desenvolvimento global. O capital quer transformar a mul tidio numa unidade orginica, assim como o Estado quer transformé- lainum povo. Eat, através das lutasdo trabalho, que a verdadeira figura biopolitica produtiva da multidio comega a surgit. Quando € aprisio- vat muLTiDAo. nada ¢ transformada no corpo do capital global, a carne da multidio +¥é-se ao mesmo tempo no interior dos processos da globalizagéo capi- talisca e contra eles. Mas a produgio biopolitica da multidio tende a mobilizar o que compartilha em comum 0 que produz em comum contra o poder imperial do capital global. Com o tempo, desenvolven- do sua forma produtiva baseada no comum, a multidéo pode mover-se pelo Império e sairdo outro lado, para se expressar autonomamente ¢ governar a si mesma. Devemos rect cer logo de entrada a amplitude do dominio do capital. O capital jé ndo domina apenas regi6es limitadas da socieda- de. A medida que o dominio impessoa! do capital se estende por toda ‘a sociedade, muito além das paredes da fabrica, ¢ em termos geogrsti- ‘cos pot todo 0 planeta, o comando capitalistatende a tornar-se um *ndio-lugae”, ou, na realidade, um todo lugar. Nao existe mais um lado de fora do capital, nem tampouco um lado de fora da l6gica do biopoder que descrevemos na parte 1, e esta correspondéncia no € ume coinci- déncia, j& que o capital e 0 biopoder funcionam intimamente juntos. Os lugares da exploragio, em contrapartida, sio sempre determinados ¢ coneretos, ¢ portanto precisamos entender a exploragio com base nos lugares espectfios em que se encontraenas formas espectficas como se organiza. Poderemos assim articular tanto uma fopologia das dife- rentes figuras do trabalfo explorado como uma topografia de sua dis- nuigdo espacial pelo planeta. Esta andlise ¢ til porque o lugar da cexploragio € um ponto importante onde se manifestam atos de recusa ¢ éxodo, resistencia ¢ luta, Esta anslise haverd de nos conduzir, por- tanto, d critica da economia politica da globalizagio com base nas re~ sisténcias & formagao do corpo do capital global e nos potenciais libertadores dos poderes comuns compartilhados pela multido traba- thadora global. 1a. 2.1 CLASSES PERIGOSAS O erro fundamental de Stalin 6a falta de confianga nos camponetes, = Mao Tstruns Nos somos os pobrest — LOMA DE ROTESTO NA AFRICA DO SUL O Devir Comum do Trabalho A multidio € um conceito de classe. As teorias sobre a classe econémi- ca tradicionalmente séo obrigadas a escolher entre a unidade ¢a plu- ralidade, O polo da unidade costumaser associado a Marx e a sua tese de que na sociedade capitalisca tende a manifestar-se uma simplifica- fo das categorias de classe, de tal maneira que todas as formas de tra- balho tendem a fundir-se num sujtito dnnico, 0 proletariado, que enfrenta 0 capital, O pélo da pluralidade € mais claramente ilustrado pelos argumentos liberais que insistem na mu clutavel das classes sociais. Na realidade, ambas asperspectivas sio verdadciras. No primeio caso, € verdade que a sociedide capitalista caracteriza-se pela divisio entre capital e trabalho, entreos que detém a propriedade pro- dotiva ¢ 0s que nio a detém, ¢ também que as condig6es de trabalho e as condigées de vida dos destituidos de propriedade tendem a assumir 143 MULTIDAO, caracteristicas comuns. E verdade também, no segundo caso, que @ sociedade contempordnea compreende uma quantidade potencialmente infinita de classes, com base nao s6 em diferengas econ6micas mas tam bém nas de raga, ctnia, geografia, género, sexualidade e outros fatores. (0 fato de ambas essas posig6es aparentemente contradit6rias serem ‘verdadeiras deveria indicar que a propria alternativa pode ser falsa.’ A obtigagio de escolher entre unidade e multipicidade trata a classe como se fosse apenas um conceito empitico, deixando de levar em conside- ragio em que medida a propria classe é definida politicamente, ‘A classe € determinada pela luta de classes. Existe, naturalmente, ‘uma quantidade infinita de maneiras possiveis de agrupar os seres hu- ‘manos em classes —a cor do cabelo,o tipo sangiiineo e assim por diante —, mas as classes que importam sio as definidas pelos lineamentos da Ita coletiva, A este respeito, a raga € tanto um conceito politico quan- toa classe econdmica. A raga nao é determinada pela etnia nem pela quem sustente que a raga é ct Paul Sartre, por exemplo, cons jera que 0 anti-semitism Tonge: a raga se manifesta Demaneirasemelhante, a classe econdmica é formada através dos atos coletivos de resistencia. Desse modo, uma investigagio da classe econdmica, como uma inves- tigagio da raga, nio deve comecar com um mero catélogo de diferen~ ‘gas empiricas, e sim com os lineamentos da resisténciacoletiva ao poder. A.classe é um conceito politico, em suma, na medida em que uma clas- se é €56 pode ser uma coletividade que luta em comum, ‘A.classe também € um conceito politico sob um segundo aspecto: uma teoria de classe ndo s6 reflete os atuais lineamentos da luta de clas- ses como propée futuros possiveis lineamentos. Nesse sentido, @ fun- gio de uma teoria de classes €identificar as condigdes existentes de uma uta coletiva e expressé-las como proposta politica. A classe &na realidade um desdobramento const ., um projeto. E assim, 14a MULTIDAO com toda evidéncia, que deveros leratese de Marx sobre atendéncia para um modelo bindrio de estrururis de classe na sociedade capitalis- ta. A alegagio empirica, aqui, nfo éque a sociedade jf se caracteriza por uma classe inica de trabalho cosfrontada por uma classe nica de capital. Nos esctitos histéricos de Marx, por exemplo, sua andliserra- ta separadamente de numerosas clases de trabalho e capital, A tese cempfrica da teoria de classes de Max é quae existem as condigées que tomam poss(vel uma tnica classe de trabalho. Esta tese € parte na ver~ dade de uma proposta politica paraa unificagéo das lutes do trabalho no proletariado como clase, Este pojeto politico é 0 que mais funda- rmentalmente separa a concepsio biniria de classe adotada por Marx erais de pluralidadede classes. xara, com efeito, a vel distingdo entre lutas econdmicas -as torna-se meramente um obstculo para a compreensio das relagbes de classe, A classe 6 efetivemente um conctito biopoltico 0 mesmo tempo econémicoe politic! Quando dizemes biopolitico,além disso, significa também que nosso estendimento do trabalho no pode itarse ao trabalho assalariado, devendo referit-se as capacidades eria- tivas humanas em toda a sua generaldade. Assim é que os pobres, como tentaremos demonstrat, nio sio excluidos dessa concepsio de classe, sendo pelo contrério centrais para ea. CO conceito de multidio, portant, destina-se mum se tar que ume teoria da classe econdmica ndo precisa optar entre au dade ea pl dao € uma multiplicidade irredu asdiferengas sociis singulares queconstituem a multido dever sem- pre ser expressas, néo podendo ser splainadas na uniformidade, na uni- dade, na identidade ou na indifecenga. A multidéo no € apenas uma mentada ¢ dispersa. E, verdade, naturalmente, que pés-moderna a velhas identidades se esfscelaram. Discaticemos mais adiante neste caftulo, por exemplo, como as iden tidades compactas dos operitios de fébricas nos pafses dominantes foram solapadas com a ascensio des contratos de curto prazo ¢ a mo" jademons us muLTiDAo bilidade forgada de novas formas de trabalho; como @ imigragso vem desafiando os nogbes tradicionais de identidade nacional; como 18° low aidentidade familiar ¢ assim por diante, Mas a fatura das iden- tidades modernas néo impede que as singulatidades atuem em comun: Foi esta a definigao da multidio com que comegamos: singularidades ‘que agem em comm A chave desa definigio € ofatode ave nig existe ee mommradigto conceitual ow real entre a singularidade & o que & comum, ___ Sobum segundo aspect, oconetito de multidgo pretende repropor © projeto politico da luta de classes Jangado por Marx. Dessa perspec tiva,a multidfo baseia-se ndo tantona existencia ‘empftica atual daclas- fe, nas em suas condides de posibilidade, Ei outras palavrasy no ver eao de perguntat “Que &2 mulidéo?”, mas “Que pode vir 2 ei alvdio?™ Um tal projeto politico deve fundamentar-e clara- vente numa anélise empitica que demonstre as condiges comutt dagueles que podem tornarse amulidio, Condigoes comnts natural- tnemte, ado significam uniformidade oa unidade, mas de fat0 ‘exigem que a multidGo néo sea dvidia por diferencas de naurers espe cie, Signficam, em outras palavras, que os inmeros ¢ espectficos ti= pos de trabalho, formas de vida elocalizaso geogrfica, que sempre foverko necessariamence de permanecet, nio impedem a comuniss= Gio ea colaboracio num projto polio comum. Na realidade, esse possvel projeto comumn apresenta certs semelhancas om ¢ de toda roe étie de poetas fil6sofos do século XIX, de H6lderlin © Leopardi wi Rimbaua que se apoderaram do antigo conceit de lute humans ose tra a natureza eo transformaram num elemento de solidariedade de todos que se revoltam contra explorasio. (E por sina! sua situagio, cetremando a erise do Tluminismo e do pensamento revolucionsrioy sii é assim tio diferente da nossa.) Da uta contra os limites, a 538° vee a erusldade da natureza para os excedentes ¢ a abundincis da procutividade humana: é esta a base material de uum verdadeiro proje- vecomum que esses poctss filésofosinvocaram de manera profética’ <6 + MULTIDAO Uma abordagem inicial consiste em conceber a multidéo como sen- do formada pot todos aqueles que tebalhiam sob o dominio do capi tal, e assim, potencialmente, como a classe daqueles que recusam 0 dominio do capital. O conceito de multida € portanto muito diferen- te do de classe operdria, pelo menos tal como este veio a ser usado nos steulos XIX e XX. Classe operdria ébasicamente um conceito rstrito pbaseado ei exclusbes. Em sua concepgio rnais limitada, clase oper tia refere-se apenas ao trabalho indutrial, excluindo assim todas as de- ais classes trabalhadoras. Em sua concepg#o mais ampla, @ classe perdra refere-se a todos 0s traballadores asselariados, com isto ex- ‘dluindo as diferentes classes nifo-assalariadas. A exclusio de outras formas de trabalho da classe opetéria baseia-se na idéia de que existem diferengas de espécie entre, por exeplo, o trabalho industr no eo trabalho reprodutivo feminino, entre 0 trabalho industrial © trabalho camponés, entre os empregados © os desempregados, entre fos opersrios ¢ 08 pobre. A clase opera & considerada s clase pro- ddutva primordial, estandodiretameste sob © controle do capital e sero por isto 0 nico sueito que pode ai com eficdcia contra o capital. As as classes exploradas também poderiam lutar contra o capital, mas somente subordinadas& lideranga da classe operitia. Fosse este efet vyamente ow nao 0 caso no passado,o conceito de multidio repousa no fato de que néo € 0 que acontece hoje ern dia. Em outras palavras, 0 conceito repousa na tee de que nfoexiste tums prioridade politica entre gs formas de trabalho: todasas formas de trabalho hoje em dia sio so- Galmente produtives, produzern en: commum e também compartiham tam potencial de resistira dominagio do capital Podemos encarar essa realidade como uma igualdade de oportunidades de resistncia. Isto tio significa, queremos deixar bemclaro, que o trabalho industrial ov f clase operéria nfo sejam importantes, mas apenas que ndo dem tm privilégio politico em relagio’s outras clases de trabalho no inte rior da multidao, Em contraste com as exclusGes que carscterizam 0 conceito de classe opersria, assim, a multiddo € um conceito aberto ¢ or MuLTIDAO expansivo, A multidio confere ao conceito de proletatiado sua defini- existem condig6es para que os Virios tipos de trabalho se comuniquem, colaborem e se tornem comuns. ‘Antes de nos voltarmos para tipos de trabalho que tradicionalmen- te tem sido exclufdos da classe operdria, devernos examinar brevemnente as linhas gerais da mudanca da propria classe operSria, especialmente nno.que diz respeito a sua posigéo hegem6nica na economia. Em quer sistema econémico, numerosas formas diferentes de trabalho coexistem, mas ha sempre um tipo de trabalho que exeree hegemonia sobre os outros. Essa forma hegem@nica funciona como um vértice que gradualmente transforma as outras formas, fazendo-as adotarem suas qualidades centrais. A forma hegemdnica néo é dominante em termos quantitativos, e sim na maneira como exerce um poder de transforma- sao sobre as outras. A hegemonia aqui designa uma tendéncia. Nos séculos XIX e XX, 0 trabalho indust economia global, embora permanecesse minoritério em termos quan~ titativos frente a outras formas de produgio, como a agricultura’ A ia era hegeménica na medida em que sugava outras formas para ‘a, a mineragio ¢ até a prOpria socieclade fo- at. Nao somente as préticas mecénicas I era hegeménico na este 0 aspecto desse processo que mais nos interessa: a multiplicidade +148 + MmuLTDAO. de formas especificas ¢ concretas detrabalho mantém-se diferente, mas tende a acumular um nimero cada vez maior de elementos comuns. Nas diltimas décadas do século XX, © trabalho industrial perdeu sua hegemonia, surgindo em seu lugar o “trabalho imaterial”, ou sea, trabalho que cria produtos imateiais, como 0 conbecimen formagio, a comunicagio, uma relogio ou uma reagao emocior press6es convencionais como tralalbo r20 setor de servos, traballo ain yuma delas o apreende em sua generalidade. Como yodemos conceter o trabalho imaterial em duas for- ‘ra refere-se ao trabalho que € primo: ico, cono a solugio de problemas, as tarefas imbélicas analfticas e as expressies linggifsticas Esse tipo de traba- Iho imaterial produz idéias, simbolos, c6cligos, textos, forma - ticas, imagens e outros produtos do género. Chamamos a outra forma fandamental de trabalho imaterialde “trabalho afetivo". Ao contritio das emogées, que sio fendmenos nentais, os afetos referem-se igual mente 20 corpo €& mente. Na reaidade, os afetos, como aalegria e a tristeza, revelam o atual estado davida ern todo 0 organismo, expres- sando um certo estado do corpo paralelamente a uma certa forme de pensamento.? O trabalho afetivo, assim, € 0 trabalho que produz ow manipula afetos como a sensagao de bem-estar, tranqtilidade, satisfa- ‘0, excitagio on paixio. Podemos identificar 0 trabalho afetivo, por exemplo, no trabalho de assessors jurfdicos, comissérios de bordo € atendentes de lanchonetes (servigo com sorrisc). Uma indicagdo da importincia crescente do trabalhoafet rminantes, é tendéncia dosempresadores para enfatizar a educagio, & atitude, a personalidade e 0 comportamento “pré-social” como capacitagées primordiais necessitias aos empregados."” Trabalhador com uma boa atitude ¢ traquejo social € urna outra maneira de des nar um trabalhador habil no trabalho afetivo. /o, pelo menos nos paises do- ug MuLTIDAG ‘Amaioria dos emprogos que erivolvem trabalho imaterial combina cessas duas formas. A ctiagSo de comunicagio, por extmplo, certamen- te é uma operagao lingifstica e intelectual, mas também tem inevita- vyelmente um componente afetivo na relagdo entre as partes que se comunicam. E comum dizer-se que os jornalistas e os meios de comu- nicagio em getal ndo s6 transite informasio como também tornam as noticias atraentes, excitantes, desejaveiss a midia deve eriar afetos © formas de vida." Com efefto, todas as formas de comunicagéo combi- nam a producio de sfmbolos, linguagem e informagio com a produ fo de afeto, Além disso, o trabalho imaterial quese sempre se mistara fom formas materiais de trabalho: os trabalhadores do seror de sade, por exemplo, desempentam tarefas afetivas,cognitivas lingfsticas a par das tarefas materiais, como trocar curativos e despejar o eonteido das comadtes. “Ae Devemos enfatizar que_o trabalho envolvido em toda producto {material continua sendo material — mobiliza nossos corpos & nOss05

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