Você está na página 1de 16
[[M-COPIADORA Departamento de Historia da Universidade Federal Fluminense URE Tempo 22 Janeiro Junho 2007 Universisede Federat Fluminense Centro de Estudos Gers Instituto de Ciencias Humana ¢ Filosotia Departments de Hiséa ‘repo Revista de Depacamentn de Hist da UFE Jo Gragosth— Bion © ~ Sala S13 ~ Grats Nites R)~ Bros "Rae (21) 2629-2920 mpottabe iimwnshisrorifEbeer po Capac Projet Grafen Secret f SSS ant Tisslarla Critiave Maria Marcelo jit esc ised yu oy ot " Nan Barred Caste Parin favs ‘ more isnt toe revista dos resumes em frances ‘Manel Rede 100 exernplaes Bey 1ifeciaevela cde jane ja de 2007 os resus en ings Misi da Revista spo Revie do Departament de Hisria da UR via em 199 por inicarea de Srv Mea eum publigi destnada a dicnlgapinedicusi de tabathes de peas no camp ‘pa Ae a dos tims 20s de publics sometrais revit canst come forum ead doh da isa om suas diferentes malades hitria sia, conta. pola, vious cumprind su objeien decanstiti-scem canal recanted publicagto de pvgusas trinveadoras geradas por histriadors do pave da exterior Tena nner Festal Fluminense, Departamento de Misia = 3 ga? 2, Jn Jun, 2607 ~ Ris nine Departament cde Hist ds UF, 2007 ~ Lil; 28 em. Semesel SSN 115-7708 DN S5-7816-1063 | Hiss —Periicos.E Universidale Federal Fluminense. Depurnamenta de Hist, Sumario Dossié: Cidadania e Pobreza ‘© Apresentagdo — 11 Gladys Sabina Ribeiro Marcia Motta © Cabanacem, cidadania ¢identdade reealuciondria: o problema do patriotism na Avuacinia entre 1835 ¢ 1840 — 15 Magda Ricci © Revolta e cidadania na Corte rgencial = 41 Marcello Basile © Memérias hstOricas de mowimentos rurais ~ Juis de Kora na passagem do século XIN a0 XX ~ 69 Elione Silva G '© A miséria na literatura: José do Patractnio ea seca de 1878 wo Ceard~ 91 Brederico de Castro Neves Artigas Sobriedade eenbriagues:etuta dos soldados de Cristo conta as festas dos tupinanbs ~ 109 Joo Azevedo Fernancles © Ldentidade e romunidadeescrava: um ensaio~ 133 Sheila de Castro Faria Resenhas Nascimento deaesferapriblca no Brasil das Oitoentos ~ 159 Tass Lis Schiavinatto, + Rebelde teiris:intlectaaise naconatismo na Primcira Reptia ~ 165, Angela de Gastro Gomes Noticias ~ 169 A ALLL SSAA 22. Tempo 2. oaviltamento moral proprio do processo de urbanizagio”. Nessa critica que fazia ao Estado, exigia 0 cumprimento da Constituigio, no que tangia a0 socorro como um dever ea retomada de mecanismos tradicionais de protegio aos necessitados. Como outros eseritores seu tempo, Patrocinio fez da de convencimento do piblico e divulgavaas idéias modernas do liberalismo, do positivismo e do evolucionismo. Cabanagem, cidadania e identidade revolucionaria: o problema do patriotismo na Amazénia entre 1835 e 1840° Magda Ricci ug foi ma revolugiosocial que dizimon a populgloamacaniea eabarcou tum cecrt6rio muito amplo, Contrastundo com este cenvrio amplaeineernaciona, 6 analisida como mais um movimento regianal,tipico do perfodo regencial do estes ditames. Todo 0 wave: Cabanagem — Ci ocesso & o objeto central deste ladania ~ Brasil lmpécio Cahanagem enship and revolutionary identity: the problem of the patriotisn and 1840 Cabanagem wats a soci revolution tha decimated the Amazonia’s pop wide teritory. In contrast to this wide and international ba itstilisyanalyzedas | movement, typical of the “pattioe” cabanos ere oughourt che movement, - period, However, the ngof common identity Artigo reecbido em outubro de 2006 e aprovado para publicagio em dezemibro de 2006. * Professora do Programs de Pés-Graduicio en) Histéria da Universidade Federal do Pat E-mail: magdaticei@uoLcombe. Magda Ricci shared by people of the different ernias cultures which it extrapolated these initial ccaracteristics. This whole process isthe central object ofthis article. Keywords: Cabanagem ~ Citizenship — Empire of Brazil La Qabanagem, citoyenneté et identité révolutionnaire : le probleme du patrio- tisme en Amazonie entre 1835 et 1840 La Gatanagem fut une révolucion sociale qui a anéanti la population amazonienne ‘ec atcint un lagge terricore. Malgré cecve ampleur internationale, la Gabanagem fut analysée (et continue & Fétre) comme étant un mouvement phutdt régional, caracté= fistique de la Regence, Cependant, les »patriotes» cabanas ont eréé une sensation ‘identité commune entre les gens Wethnies et cultures différentes, ayant extrapolé ces limites. Ce processus est Pabjet central de cet article. ‘Mots-clés: Cabunagem ~ Citoyenneré ~ Régence A revoluco social dos cabanos' que explodiu em Belém do Pars, em 1835, deixou mais de 30 mil mortos € uma populagio local que s6 voltou a ‘rescer significativamente em 1860. Este movimento matou mestigos, indios € africanos pobres ou escravos, mas também dizimou boa parte da clive da Amazdnia. O principal alvo dos eabanos era os brancos, especialmente os por- tuugueeses mais abastados. A grandiosidade desta revolugio extrapola o niimero 4 diverdidade das pessoas envolvidas. Ela também abarcou um certitério ‘muito amplo, Nascida em Belém do Para, a revolugZo cabana avangou pelos Fios amaz6nicos ¢ pelo mar Atlintico, atingindo os quatro eantos de uma am pla regio, Chegou até as fronteiras do Brasil central € litoral noree e nordeste. Gerou distittbios incernacionais na América caribenha, intensificando um importante trifico de idéias e de pessoas nda se aproximou do Contrastando com este cenario amplo, a Cabanagem normalmente fo, «© ainda é, analisada como mais um movimento regional, ipico do periodo regencial do Império do Brasil. No entanto, 0s eabanos € suas liderangas vis- Jumbravam outras perspectivas polticas e sociais. Eles se autodenominavam “patriotas”, mas ser patriota nio era necessariamente sinénimo de ser brasi- * Gibanos era o termo uilizado como aleunha dos homens que vivian em casas simples, ccobercas de palha. O mesmo nome cabuno também significa urn tipo de chapeu de palha {comum entre o povo mais humilde na Amazdnia * Dados retirados de Domingos Antonio Raiol, Movin: poltics ox Astéria dor principais _acontcimentospotcos da Provincia do Pav deute oan de 1821 até 1835, 2° edigho, Belem, Universidade Federal do Pars, 1970, vol. 3, p. 1000 (I" eda 1855-199) Cabanagem, cidadanta eidentidade reotaciondria 0 problema do patriotismo na Amasénia entre 1835 ¢ 1840 Ieiro.’ Este sentiment fazia surgir no interior da Amazénia uma identidade ‘comum entre povos de etnias e culcuras diferentes. Indfgenas, negros de ‘origem africana ¢ mestigos perceberam lutas e problemas em comum.* Esta identidade se assentava no édio a0 mandonismo branco e portugués € na luta pot direitos ¢ liberdades.* Todo 0 processo € 0 objeto central deste artigo. Ele omega esclarecendo alguns antigos olhares da historiografia da Cabanagem sobre suas liderangas eas motivagbes cabanas para. luta. Aseguadaca terceira parte analisam 0 papel das liderancas cabanas e a formagiio de identidades, locais dentro do movimento de 1835. Una revolugao, muitas historias ‘Toda a chacina populacional da Cabanagem, entre 1835 e 1840, deixou ‘um trauma local ¢ um vazio de explicagdes. $6 depois de 1865 este mavimento *Sobrea distinc entre eonceio de paiotismo ea formagio da entdade nacional existe uma amplaibligrafa no Brasil preeiacicarocisscoestudode Maria Oia Siva Dis, “A interiorizagio da metcdpee", Carlos G. Mota (org), 822: Dimensiee, Si0 Paulo, Peespectna, 1972, p. 160-184. O texto de Diss revolucionoso tema, ao separar as luts de independencia magi da nagio brasileira, Outros estdos mas reeentes ampliaram a perspectiva de ‘compreendendo as disuas a evolucies soit di Regencia dent de um ein mi ineeieez, quanto aos furs © integridade tervtoriale polities do Brasil. £0 cso de Ist Janesé ¢ joao Paulo G, Pimenta "Pagasde tim massicotot apontamentos para ioduemengncia da idetidale nacional sie”, Cason Guilherme Mora ong, Viagem ‘incomplete: aespertencia brasileira, 1500-2000, Forma: striae, Si Palo, SENAC, 200, 1. 127-175. Autores como Leia Maria Bastos Pereira das Neves analisim a eleutapolftica dt TIndependéncis mais como fruco da ilustrago portuguesa no Brasil do que como inpiragies liberais libertirias, atribuind 4 unidade national mais aos “eoreundas” centalizadores [Lécia Maria Bastos Pereira das Neves, Corcandas,conticacinaite psede-chumbor a cults politica da Independtacia (1820-1822), Rio de Juneto, RevarFAPER), 2005. Na mesma tinh ‘da continuidade entre o Império lusoe obesileico, esto liveo de Maria de Lourdes Viana yea, A atopia do poderosoimperi, Portugal e Bras bastideces da politic, 1798:1822, Rio Tancito, Sete Letras, 1994 “Esta idenidide denegrose mestigos durante oprocesso de Independncia ninocorrea apenss no Part Ver parao caso da Bahia, Hendrik Kraay, Race sare aud armed forerinindrpemdene- era Brasil: Robia, 190e18s, Seanford, Stanford University Press, 2002, ¢Joio ose Red, 0 jngo duta do Dois de Julho: 0 parcido negro na [ndependéncis da Bahia", Eduardo Silsa «Joo Jos€ Reis (orgs), Negaciagdoe conf: ressténia negra no Brasil escravista, Sto Paulo, Companhia das Letras, 1989 Para Pia, Joaquimn Chaves, Piaw/uas lua: de independence do Brasil, Tesesina, Fundagio Coleuril Monsenhor Chaves, 1993, Pata o Rio Grande do Su, ver Joio Paulo Pinenta, Estado e nado wo fim das impéios trices no Prat 1808-1828, S10 Paulo, Hucitee, 202. * Este dio inha muita oigens econtextos, Na Corte carioca, gerouconflcosconstantes desde ‘9s anos iniins de 1820. Sobre ainstabildade entte portuguesese brasileicos na Corte, vee Gladys Sabina Ribeito, A liberdadeeor contrac identage nacional econtlitesansilusitaany ‘no Primeito Reinado, Rio de Janeivo, Relume Duma 2002, Magda Ricci Dost. ccomegou a ser estudido de forma mais siscemética, Para seu primeiro autor, Domingos Antonio Raiol, ou o Barko de Guajard, este movimento era sind= nimo de motim politico. Fram levantes sucessivos que, nascidos nas fileiras *sediciosas” do governo carioca e Imperial pés-1831, migearam rapidamente ppara as capitais das novas provincias, ateando fogo no que este autor suges- tivamente chamou da “relva ressequida” da Amazénia. De fato, 0 longo € exaustivo estudo de Raiol procurava justficar a Cabanagem numa mistura centre @ omissio inicial das autoridudes Imperiais na Amazénia e seu pulso firme na repressio 20 movimento de 1835, O resultado foi uma inceeprecacio que tormava a Cabanagem um levante de cariter regional, que devia ser com- preendido dentro dos ditames da formagao da justiga e da organizagio social € politica Tmperial* ‘Ao longo dos anos de 1920 ¢ 1930, delinearam-se outras historias ¢ 0 movimento cabano foi ganhando outros sentidos” Houve quem o percebesse ‘como tuma guerra de Independencia cardia, ou mesmo como um movimen- to nacionalista, Neste contexso, os cabanos deixaram de ser tratados como “malvados” ¢ *sediciosos”, para se tornarem “patriotas”, conceito entendido como cidadlios adepros da “causa brasileira”, Nascia uma linha positiva e de continuidade nacionaliste entre 0 processo de emancipacio politica no Pari e ‘o movimento cabano.* Em pleao momento de comemoracio do centenscio da Independéncia brasileira, os intelectuais na Amazdnia eno Brasil reinvencarum cesta histéria patria. Para eles, os eabanos apoiavam-se em um justo dio racial 40s brancos, ddio que aumentava com uma mé administragio portuguesa de ‘cunho colonialist, Estes cabanos, vindos do povo mais simples da Amz Sobre o Barto de Guajae, ver Magda Rice, “O Impérin a Calin ‘da eiviizasa0 na Amardnia’, José Maia Bezerra Neto & Déeio de Alencar Gtizaan (ores) ‘errs matara bisoriografiaebttria social da Amustnia, Belén, 2002. 29-37, © Mga Ric

Você também pode gostar