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Estrutura dos Materiais Sólidos

(Arranjos Atômicos)
INTRODUÇÃO
As propriedades dos materiais dependem dos arranjos dos seus
átomos. Esses arranjos podem ser classificados em:
•Estruturas moleculares: agrupamento dos átomos
•Estruturas cristalinas: arranjo repetitivo de átomos
•Estruturas amorfas: sem nenhuma regularidade
ESTRUTURAS MOLECULARES
Molécula: número limitado de átomo fortemente ligados entre
si, mas de forma que as forças de atração entre uma molécula e
as demais sejam respectivamente fracas (força de Van der
Waals).
Pontos de fusão e de ebulição de um composto molecular são
baixos quando comparados com outros materiais
Os sólidos moleculares são moles, porque as moléculas podem
escorregar uma em relação às outras com aplicações de
pequenas tensões
As moléculas permanecem intactas, quer na forma líquida, quer
na forma gasosa.
ESTRUTURAS MOLECULARES

Número de Ligações: depende do número de elétrons da camada


mais externa ou camada de valência.
Comprimentos e Energias de Ligação: depende dos átomos e do
número de ligações. Ligações duplas e triplas são mais curtas e
requerem mais energia para serem rompidas.
Ângulos entre Ligações: são encontrados entre as ligações
Isômeros: estruturas diferentes e mesma composição
Moléculas Poliméricas: (= muitas unidades) uma grande molécula,
constituída por pequenas unidades que se repetem.
ESTRUTURAS CRISTALINAS
A maioria dos materiais de interesse para o engenheiro tem
arranjos atômicos que são repetições, nas três dimensões, de uma
unidade básica. Tais estruturas são denominadas cristais.
Célula Unitária: representa a simetria da estrutura cristalina
(unidade básica repetitiva da estrutura tridimensional)

Os átomos são
representados como
esferas rígidas
OS 7 SISTEMAS CRISTALINOS
AS 14 REDES DE BRAVAIS

•Dos 7 sistemas cristalinos


podemos identificar 14 tipos
diferentes de células unitárias,
conhecidas com redes de Bravais.
•Cada uma destas células
unitárias tem certas
características que ajudam a
diferenciá-las das outras células
unitárias.
•Estas características também
auxiliam na definição das
propriedades de um material
particular.
SISTEMA CÚBICO
Os átomos podem ser agrupados dentro do sistema
cúbico em 3 diferentes tipos de repetição

– Cúbico simples
– Cúbico de corpo centrado
– Cúbico de face centrada
SISTEMA CÚBICO SIMPLES

Apenas 1/8 de cada átomo cai


dentro da célula unitária, ou seja, a
célula unitária contém apenas 1
átomo.
Essa é a razão que os metais não
cristalizam na estrutura cúbica
simples (devido ao baixo
empacotamento atômico)
a

Parâmetro de rede
NÚMERO DE COORDENAÇÃO

 Número de coordenação corresponde


ao número de átomos vizinhos mais
próximos
 Para a estrutura cúbica simples o número de
coordenação é 6.
RELAÇÃO ENTRE O RAIO ATÔMICO
(R) E O PARÂMETRO DE REDE (a)
PARA O SITEMA CÚBICO SIMPLES

No sistema cúbico simples os


átomos se tocam na face

a= 2 R
FATOR DE EMPACOTAMENTO
ATÔMICO PARA CÚBICO SIMPLES

Fator de empacotamento= Número de átomos x Volume dos átomos


Volume da célula unitária

•Vol. dos átomos=número de átomos x Vol. Esfera (4R3/3)

•Vol. Da célula=Vol. Cubo = a3

•Fator de empacotamento = 4R3/3


(2R) 3

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A EST. CÚBICA SIMPLES É O,52


EST. CÚBICA DE CORPO CENTRADO

O PARÂMETRO DE REDE E O RAIO ATÔMICO ESTÃO


RELACIONADOS NESTE SISTEMA POR:
accc= 4R /(3)1/2

Na est. ccc cada átomo dos vértices do cubo é


dividido com 8 células unitárias
Já o átomo do centro pertence somente a sua
célula unitária.
Cada átomo de uma estrutura ccc é cercado por
8 átomos adjacentes
Há 2 átomos por célula unitária na estrutura
ccc
O Fe, Cr, W cristalizam em ccc
RELAÇÃO ENTRE O RAIO ATÔMICO
(R) E O PARÂMETRO DE REDE (a)
PARA O SITEMA CCC
No sistema CCC os átomos se
tocam ao longo da diagonal
do cubo: (3) 1/2.a=4R

accc= 4R/ (3)1/2


NÚMERO DE COORDENAÇÃO

Número de coordenação corresponde ao número de átomos


vizinhos mais próximos
1/8 de átomo

1 átomo inteiro
Para a estrutura ccc o número de coordenação é 8
FATOR DE EMPACOTAMENTO
ATÔMICO PARA CCC

 Fator de empacotamento= Número de átomos x Volume dos átomos


Volume da célula unitária

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A EST. CC É O,68


EST. CÚBICA DE FACE CENTRADA

O PARÂMETRO DE REDE E O RAIO ATÔMICO


ESTÃO RELACIONADOS PARA ESTE SISTEMA
POR:

acfc = 4R/(2)1/2 =2R . (2)1/2

Na est. cfc cada átomo dos vértices do


cubo é dividido com 8 células unitárias
Já os átomos das faces pertencem
somente a duas células unitárias
Há 4 átomos por célula unitária na
estrutura cfc
É o sistema mais comum encontrado
nos metais (Al, Fe, Cu, Pb, Ag, Ni,...)
NÚMERO DE COORDENAÇÃO
PARA CFC

Número de coordenação corresponde ao número de átomos


vizinhos mais próximo
Para a estrutura cfc o número de coordenação é 12.
RELAÇÃO ENTRE O RAIO ATÔMICO
(R) E O PARÂMETRO DE REDE (a)
PARA O SITEMA CFC

a2 + a2 = (4R)2
2 a2 = 16 R2
a2 = 16/2 R2
a2 = 8 R2
a= 2R (2)1/2
FATOR DE EMPACOTAMENTO
ATÔMICO PARA CFC
Fator de empacotamento = Número de átomos X Volume dos átomos
Volume da célula unitária

Vol. dos átomos=Vol. Esfera= 4R3/3

3
Vol. Da célula=Vol. Cubo = a
Fator de empacotamento = 4 X 4R3/3
(2R (2)1/2)3
Fator de empacotamento = 16/3R3
16 R3(2)1/2
Fator de empacotamento = 0,74

O FATOR DE EMPACOTAMENTO PARA A EST. CFC É O,74


TABELA RESUMO PARA O SISTEMA CÚBICO

Átomos Número de Parâmetro Fator de


por célula coordenação de rede empacotamento

CS 1 6 2R 0,52
CCC 2 8 4R/(3)1/2 0,68
CFC 4 12 4R/(2)1/2 0,74
SISTEMA HEXAGONAL SIMPLES

Os metais não cristalizam no


sistema hexagonal simples
porque o fator de
empacotamento é muito baixo
Entretanto, cristais com mais
de um tipo de átomo
cristalizam neste sistema
EST. HEXAGONAL
COMPACTA
Os metais em geral não cristalizam no
sistema hexagonal simples pq o fator de
empacotamento é muito baixo, exceto
cristais com mais de um tipo de átomo
O sistema Hexagonal Compacta é mais
comum nos metais (ex: Mg, Zn)
Na HC cada átomo de uma dada
camada está diretamente abaixo ou
acima dos interstícios formados entre as
camadas adjacentes
RELAÇÃO ENTRE O RAIO ATÔMICO
(R) E O PARÂMETRO DE REDE (a)
PARA EST HEXAGONAL COMPACTA

Cada átomo tangencia 3


átomos da camada de cima, 6
átomos no seu próprio plano e
3 na camada de baixo do seu
plano
O número de coordenação
para a estrutura HC é 12 e,
portanto, o fator de
empacotamento é o mesmo da
cfc, ou seja, 0,74.
Relação entre R e a:
a= 2R
EST. HEXAGONAL COMPACTA

Há 2 parâmetros de rede representando os parâmetros


Basais (a) e de altura (c)
RAIO ATÔMICO E ESTRUTURA
CRISTALINA DE ALGUNS METAIS
CÁLCULO DA DENSIDADE

O conhecimento da estrutura cristalina permite o cálculo da


densidade ():
 = nA
VcNA

n= número de átomos da célula unitária


A= peso atômico
Vc= Volume da célula unitária
NA= Número de Avogadro (6,02 x 1023 átomos/mol)
ESTRUTURAS CERÂMICAS
• Compostas por pelo menos dois elementos
• Compostos AX, AmXp com m e/ou p  1, AmBnXp
• Estruturas mais complexas que metais
• Ligações puramente iônica até totalmente covalente
• Ligação predominante iônica: estruturas composta por íons
(cátions – positivos e ânions – negativos)
• Número de Coordenação (número de ânions vizinhos mais
próximos para um cátion) está relacionado com a razão: rC/rA
•Cátion (muito pequeno)
ligado a dois ânions de
forma linear
•Cátions envolvido por
três ânions na forma de
um triângulo eqüilátero
planar
•Cátion no centro de um
tetraedro
•Cátion no centro de um
octaedro
•Ânions localizados em
todos os vértices de um
cubo e um cátion no
centro
ESTRUTURAS CERÂMICAS
ESTRUTURA DO CLORETO DE SÓDIO (AX)
•Número de coordenação é 6 para ambos tipos de íons (cátions – e
ânions +), rc/ra está entre 0,414 – 0,732
•Configuração dos ânions tipo CFC com um cátion no centro do cubo e
outro localizado no centro de cada uma das arestas do cubo
•Outra equivalente seria com os cátions centrados nas faces, assim a
estrutura é composta por duas redes cristalinas CFC que se
interpenetram, uma composta por cátions e outra por ânions.
•Mesma estrutura: MgO, MnS, LiF, FeO

Na+Cl-
ESTRUTURAS CERÂMICAS
ESTRUTURA DO CLORETO DE CÉSIO (AX)
•Número de coordenação é 8 para ambos tipos de íons
•Ânions no vértice e cátion no centro do cubo
•Intercâmbio de ânions e cátions produz a mesma estrutura cristalina
•Não é CCC, pois estão envolvidos íons de duas espécies diferentes.

Cs+Cl-
ESTRUTURAS CERÂMICAS

ESTRUTURA DO TITANATO DE BÁRIO (AmBnXp)


• dois tipos de cátions (A e B)
•Estrutura cristalina cúbica

célula unitária do
titanato de bário
(BaTiO3)
ESTRUTURAS CERÂMICAS
ESTRUTURAS CERÂMICAS

CÁLCULO DA DENSIDADE

n ( A C  A A )
,

VCNA

n, = número de íons da fórmula (Ex: BaTiO3 = 1 Ba, 1Ti e 3O)


dentro de cada célula unitária
AC = soma dos pesos atômicos de todos os cátions
AA = soma dos pesos atômicos de todos os ânions
VC = Volume da célula unitária
NA= Número de Avogadro (6,02 x 1023 átomos/mol)
DIREÇÕES NOS CRISTAIS

a, b e c definem os eixos de um sistema de coordenadas


em 3D. Qualquer linha (ou direção) do sistema de
coordenadas pode ser especificada através de dois pontos:
· um deles sempre é tomado como sendo a origem do
sistema de coordenadas, geralmente (0,0,0) por
convenção;
Origem do sistema de
coordenadas

O espaço lático é infinito...


A escolha de uma origem é completamente arbitrária, uma vez que cada
ponto do reticulado cristalino idêntico.
A designação de pontos, direções e planos específicos fixados no espaço
absoluto serão alterados caso a origem seja mudada, MAS ...
todas as designações serão auto-consistentes se partirem da origem como uma
referência absoluta.
Exemplo: Dada uma origem qualquer, haverá sempre uma direção [110]
definida univocamente, e [110] sempre fará exatamente o mesmo ângulo com
a direção [100].
DIREÇÕES NOS CRISTAIS

• São representadas
entre
colchetes=[uvw]
DIREÇÕES NOS CRISTAIS

• São representadas
entre colchetes=
[hkl]

• Se a subtração der
negativa, coloca-se
uma barra sobre o
número
DIREÇÕES NOS CRISTAIS
• São representadas entre
colchetes= [hkl]

Os números devem ser divididos


ou multiplicados por um
fator comum para dar números
inteiros
DIREÇÕES NOS CRISTAIS
FAMÍLIA DE DIREÇÕES
•Para algumas estruturas cristalinas, várias direções não paralelas
com índices diferentes são, na realidade, equivalentes; isto
significa que o espaçamento entre os átomos ao longo de cada
direção é o mesmo. Por exemplo, em cristais cúbicos, todas as
direções representadas pelos seguintes índices são equivalentes:
[100], [100], [010], [010], [001] e [001]
•Por conveniência as direções equivalentes são agrupadas em
família, que é representada entre colchetes: 100
•Direções em cristais cúbicos que possuam os mesmo índices
independentes da ordem ou do sinal são equivalentes
Ex: [123] e [213]
•Isto não é verdadeiro para outros sistemas cristalinos
PLANOS CRISTALINOS
Por quê são importantes?
•Para a determinação da estrutura cristalina
Os métodos de difração medem diretamente a distância entre planos paralelos de
pontos do reticulado cristalino. Esta informação é usada para determinar os
parâmetros do reticulado de um cristal.
Os métodos de difração também medem os ângulos entre os planos do reticulado.
Estes são usados para determinar os ângulos interaxiais de um cristal.
•Para a deformação plástica
A deformação plástica (permanente) dos metais ocorre pelo deslizamento dos
átomos, escorregando uns sobre os outros no cristal. Este deslizamento tende a
acontecer preferencialmente ao longo de planos direções específicos do cristal.
•Para as propriedades de transporte
Em certos materiais, a estrutura atômica em determinados planos causa o
transporte de elétrons e/ou acelera a condução nestes planos, e, relativamente,
reduz a velocidade em planos distantes destes.
PLANOS CRISTALINOS

• São representados de maneira similar às


direções
• São representados pelos índices de Miller =
(hkl)
• Planos paralelos são equivalentes tendo os
mesmos índices
PLANOS CRISTALINOS
PLANOS CRISTALINOS

Planos (010)
• São paralelos aos eixos x
e z (paralelo à face)
• Cortam um eixo (neste
exemplo: y em 1 e os
eixos x e z em )
• 1/ , 1/1, 1/  = (010)
PLANOS CRISTALINOS

Planos (110)
• São paralelos a um eixo
(z)
• Cortam dois eixos
(x e y)
• 1/ 1, 1/1, 1/  = (110)
PLANOS CRISTALINOS

Planos (111)

• Cortam os 3 eixos
cristalográficos
• 1/ 1, 1/1, 1/ 1 = (111)
FAMÍLIA DE PLANOS {110}
É paralelo à um eixo
FAMÍLIA DE PLANOS {111}
Intercepta os 3 eixos
PLANOS NO SISTEMA
CÚBICO
• A simetria do sistema cúbico faz com que a
família de planos tenham o mesmo arranjo e
densidade
• Deformação em metais envolve deslizamento
de planos atômicos. O deslizamento ocorre
mais facilmente nos planos e direções de
maior densidade atômica (menor distorção
atômica).
PLANOS DE MAIOR DENSIDADE
ATÔMICA NO SISTEMA CCC

• A família de planos
{110} no sistema ccc é
o de maior densidade
atômica
PLANOS DE MAIOR DENSIDADE
ATÔMICA NO SISTEMA CFC
• A família de planos
{111} no sistema cfc é
o de maior densidade
atômica
DENSIDADE ATÔMICA
LINEAR E PLANAR

• Densidade linear= átomos/cm (igual ao fator


de empacotamento em uma dimensão)
• Densidade planar= átomos/unidade de área
(igual ao fator de empacotamento em duas
dimensões)
• Determinação da estrutura cristalina por
difração de raio x
POLIMORFISMO OU ALOTROPIA

Alguns metais e não-metais podem ter mais de uma estrutura


cristalina dependendo da temperatura e pressão. Esse
fenômeno é conhecido como polimorfismo.
Geralmente as transformações polimórficas são acompanhadas
de mudanças na densidade e mudanças de outras propriedades
físicas.
EXEMPLO DE MATERIAIS QUE
EXIBEM POLIMORFISMO
Ferro
Titânio
Carbono (grafite e diamante)
SiC (chega ter 20 modificações cristalinas)
Etc.
Sólidos não Cristalinos
•Não possuem um arranjo atômico regular e sistemático ao longo de
distâncias atômicas relativamente grandes
•São chamados de amorfos ou líquidos super resfriados, visto que
suas estruturas atômicas lembram as de uma líquido
•Resfriamento rápido favorece a formação de um sólido não
cristalino (pouco tempo disponível para o processo de ordenação)
•Geralmente os metais são cristalinos, alguns materiais cerâmicos
são, enquanto outros, os vidros inorgânicos são amorfos. Os
polímeros podem ser completamente cristalinos, totalmente não
cristalinos e uma mistura de ambos.

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