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t_) CoS (ae) Opn}S7 oe oednpojul ap osiny LAT elarsioyN Mere aps] Curso de Introdugao ao Estudo do Direito Tete =r Der E Tee “ OLIN OG OaNISI OY OvSNdOULNIIG OSIND Rubem Nogueira € © epnise wenb vied ewa|qosd opuess um 9 ‘sejueg ofeyy, uvg oploape outod ‘eiSojounuia} & anb soure5anbsa opNy “COL6I ‘se. souang ‘ofon6ua] ns A oysouac 1a “Vere oLrqTY sin] ,opunut op sopep so esos081s wofensuy eumu stznpan 9 erougto zozeg ‘Brougio py opt “UraZensuy ep opeprsoso#es e wWog,, :sreEnye seIp Sop ounuosie eysimf umn onaiose ossip ojsodord y “Dpafiod woBonbuyy Dun J08 vroug!D ep asseummye wonb 918 aanoy Be ‘ojwoureHOyFSIVES res9do op wy v ‘oaIsNIOxa OLTyINqeOOA un ep ‘weSenBuy ap vus0} as epeTssoooU steUt OUD} ‘ex08 Wo BIONDI & eprsjoauasop steur oyeNb ‘enb os-aqeg “onfodsax Je} v sojuounaaeoso sungje ‘eanqe eysou ‘oyj-aeysoad ajuattaqu0s eus0} anb o ‘samsouros 0710 oyueamp ‘souatu ofad ‘repr Bar anb woo efoUgIO EP sa95ou sextaunid sep epenbape ovsusesdwioo v sey Noy ‘squowreanyeu ‘epod oss] “earpyanf wzamyeu ap ‘eaou ovSdaov Buin 40} e wressed syenb so ‘umuroo woSenBuy e oumsprduia @P Sopeuro} Bj 10d soxyno 9 ‘eooarun ovdvay{uBIS ap ‘sorrciosd sfequoa sojwoumysut ap aodstp anb eiougro Bum woo eyuoAyop 8 ajuepnyse o ‘oyamq op opezipuoade ou as-reroqut oy voypuinf efojourmaay, +,,on{0.p,, wauped ep soosdaoy “[ onouig op vyfosony “F onasicy 2p opnyso ov opSnposruy “E onaLIC Op MOUND “2 ‘vorpuent mbojournuay, onearp, D1avjod np so0dlaoy “Tt Tomaydeg RUBEM NOGUEIRA Direito — conhecer a taxinomia de sua disciplina, saber o que as palavras significam passo a passo ~, pois o Direito é uma disciplina essencialmente verbal. “A linguagem é a base do racioe{nio juridico, do mesmo modo que o célculo pode ser a base do raciocinio matemético, e estd para o jurista como 0 desenho para o arquiteto.” Escolhamos uma ou duas palavras do idioma comum trazidas para o campo da ciéncia juridica, “ocupagéo”, que vulgarmente quer dizer trabalho, oficio, emprego ou ato de ocupar alguma coisa; juridicamente falando é meio de adquirir a propriedade. Quando, no dia-a-dia, se fala da competéncia de uma pessoa, quer-se significar a sua capacidade inte- lectual, os seus dotes culturais ou o seu preparo técnico. Na esfera juridica, porém, ela designa: 1) o poder legal que um agente ou 6rgo administrativo tem de praticar determinados atos; 2) a quantidade de poder de julgar, de decidir litigios, conferida pela lei aos magistrados e tribunais (assim, um juiz criminal, ainda o mais sabio, seré incompetente para dar sentenga, v.g., numa questdo possesséria; ou o Supremo ‘Tribunal Federal, sem embargo de sua condicéo de érgéo maximo do Poder Judiciério no Brasil, ndo ter competéncia para processar e julgar uma acdo de despejo, porque isto se acha contido no poder de julgar de um juiz singular ou juiz de direito). “Prescrigao” designa, segundo o dicionério po- pular, um preceito, uma ordem formal, uma determinagao, ao passo que, em sentido juridico, quer dizer a perda de uma agéo ou de um direito, em virtude do simples decurso do tempo associado & inércia do titular. ‘Ao lado desses nomes, que quando usados pelo Direito adquirem nova significagdo, possui ainda a terminologia juridica as suas express6es peculiares, de sentido unfvoco, salvo raras excegdes. E 0 caso dos termos enfiteuse, hipoteca, fideicomisso, warrant, usucapido, entre muitos outro: ‘Designam eles figuras juridicas cuja significagao é uma s6, néo acarretando o seu uso, por isso mesmo, nenhum risco de incerteza ou engano. 4 r ‘CURSO DE INTRODUGAO AO ESTUDO DO DIREITO As vezes, fala-se em Direito para indicar a prépria ciéncia que dele se ocupa, que dele faz o seu objeto formal, como quando se diz de alguém ser “doutor em Direito”. Também é 0 vocébulo usado mesmo incorretamente, para indicar certos tributos (6 0 caso dos chamados direitos alfandegérios ou aduaneiros, quando o certo seria dizer impostos alfandegérios, relativos a saida de mercadorias para outro pats (exportacao) ou a entrada, num pafs, de mercadorias vindas de outro (importagdo). Por fim, pode significar o ordenamento anterior e superior ao que o Estado promulga, isto é, 0 direito, independente das leis positivas, como quando se afirma ser a escravatura, ainda que legalmente institufda, viola- dora do Direito. A palavra “direito”, ela mesma, é ambigua, tendo ‘emprego metafrico. Uma de suas etimologias mais provaveis a dé como derivada de directus, do verbo dirigere, que quer dizer endireitar, alinhar, dirigir, ordenar, mas a idéia que se quer com ela exprimir é a de algo que estd conforme a regra, a lei, © que chamamos “direito”, seja como norma, seja como faculdade de agir, os romanos designavam com a voz ius, 0 que vem dito num dos fragmentos de Ulpiano, consignado no Digesto (I, 1, 1° parégrafo). Das acepgées, em quenome “direito” é empregado, duas so as principais, a saber: 1") a de norma juridica reguladora da conduta social do ser humane, direito objetivo ou lei em amplo sentido; conjunto de normas juridicas acerca de um ramo da ciéncia juridica ou de um de seus institutos, ou ainda sistema de normas juridicas vigente num determinado pais; 28) a de faculdade ou prerrogativa, reconhecida pela lei as pessoas em suas relagées recfprocas, ou poder que todo individuo tem de praticar, cu néo, certo ato (0 direito, vg., de circular livremente pelas ruas, de fazer um testamento etc.) Nesses dois principais sentidos ou acepgdes é que a ciéncia juridica se ocupa do Direito, dele fazendo o seu objeto formal. Dai as nogées de direito objetivo e direito subjetivo, que mais adiante voltaremos a estudar (capitulo 4). RUBEM NOGUEIRA 2. Ciéncia do Direito 0 Direito é elemento necessério & vida em comum, Sem ele, a convivéncia humana pacifica se tornaria invidvel. Desde que comegou a conviver com seus semelhantes, sentiu o ser humano a necessidade de normas reguladoras da conduta da comunidade. 0 Direito constitui, assim, uma condigao sine qua non da coexisténcia humana. E ciéncia que cuida da normatividade da conduta externa. Ele “trata da conduta exte- rior das pessoas naturais, de seus atos, para tornar possfvel a vida da comunidade. Por isso lhes interessam as ages das pessoas em sua repercussdo social, enquanto as péem em rela- ‘go com os demais individuos. A religiéo e a moral buscarao a perfeicdo individual ou a preparacéo para a outra vida, porém © Direito trata de obter uma conduta que seja compativel com aordem social; considera as ages individuais néo como reflexo de uma personalidade, bondosa ou no, generosa ou no, senéo ‘enquanto essas ages de um individuo podem interferir com a de outro integrante do grupo” (Enrique Vescovi). A Cigncia do Direito néo € contemporanea do apare- cimento do Direito como disciplina social, pois surgiu muito tempo depois de jé ser este conhecido como realidade da vida em sociedade. Quando entéo teré surgido 0 Direito como cigncia? ‘As opiniées dos doutos a tal respeito variam. Muitos querem que a Ciéncia do Direito tenha comegado com a jurisprudéncia romana, a saber, com o Direito derivado das ‘doutrinas dos jurisconsultos dos dois séculos que antecederam © nascimento de Cristo e dos que vieram nos dois séculos imediatamente seguintes a esse acontecimento. Foi com os jurisprudentes que, por primeiro, as teorias juridicas se elaboraram e também se aperfeigoaram os métodos pelos quais se resolviam as dificuldades em matéria de Direito. O Digesto GI, 2, 35) consigna, em fragmento de Pompénio: “A Ciéncia do Direito Civil professaram-na muitas pessoas importantes, porém agora se tem de fazer meng&o daquelas que gozaram 6 Yr CURSO DE INTRODUGAO AO ESTUDO DO DIREITO da méxima reputagéo no seio do povo romano, para que se veja quem e qudo qualificados foram os autores deste Direito que hoje temos.” Pretendem outros situar nos séculos XII, XIII e XIV os primeiros conhecimentos da ciéncia juridica, e isto gragas ao renascimento do estudo do Direito romano promovido pelos glosadores que professavam na Universidade de Bolonha, sendo © principal deles Irnério (1055-1125), professor de belas-letras € que era cognominado lucerna juris: Seus seguidores foram Bulgarus, Martinus, Gosia, Jacobus e Hugo, sucedidos pelos bartolistas ou p6s-glosadores. Os glosadores empreenderam o estudo do Direito romano no Corpus Juris Civilis, consignando a interpretacao dos textos em notas marginais ou interlineares, chamadas glosas, empregando para isso o latim vulgar e o método gramatical. Os pés-glosadores tm em Bartolo (1314-1357), professor em Pisa e Peruggia, a principal figura. Os bartolistas interpretavam © Direito através, néo do Corpus Juris Civilis, mas das glosas, criando um Direito novo com base nos textos romanos, a fim de atender as necessidades da época. Garcia Galo diz que eles criaram um Direito cientifico, harménico e sistemitico. O objetivo da escola dos pés-glosadores, para Enneccerus, foi adaptar a doutrina dos glosadores as necessidades e con- cepgées da época, aos direitos estatudrios vigentes, aos con- eeitos consuetudinérios ¢ a jurisprudéncia italiana. Segundo Salvat, durante a Idade Média, Direito civil era sindnimo de Direito romano; ser civilista equivalia a ser romanista, com- preendendo o Direito civil todo o Direito, salvo o Direito canénico, por onde se vé a influéncia exercida pelo Direito romano. A influéncia do Direito romano ter-se-é estendido as pr6- prias origens do Direito inglés, segundo afirma um dos seus historiadores. Diz, com efeito, Edward Jenks: “Periodicamente surge a teoria de que os Juizes do Rei, nos séculos XII e XIII, encontravam no Direito romano, no Corpus Juris Civilis, sua fonte de inspiragdo; e ndo se pode pér em dtivida que o Direito 7 RUBEM NOGUEIRA romano, de cujo estudo se verificou um grande renascimento nas universidades da Europa continental, ao mesmo tempo que os Jufzes ingleses comegaram a exercer suas histéricas fungées, teve uma grandfssima influéncia, embora indireta- mente, sobre a formagéo do Direito inglés; e provavelmente a ele Ihe deve uma de suas mais originais caracteristicas: 0 seu individualism” (El Derecho Inglés, trad. de José Paniagua Porras, Madri, Instituto Editorial Reus, 1930). Outros pés-glosadores foram Baldo de Ubaldis e Cino de Pistoia. Eles “com aplicacéo diligentfssima, maravilhoso conhecimento do Corpus Juris e notével agudeza, estudaram um a um os fragmentos do Corpus Juris com clareza, sim- plicidade e concisdo, assinalando as passagens paralelas, indi- cando as contradigées ou eliminando-as com suas criticas, e freqtientemente também deram o sentido exato a trechos muito dificeis”, escreve Ludwig Enneccerus a propésito da atividade dos glosadores. (Cf. Tratado de Derecho Civil, trad. esp., vol. 1, Barcelona, Bosch, 1956). Do direito como ciéncia fala Santo Tomas de Aquino na Summa Teolégica. A Ciéncia do Direito é, diz ele, um bem espiritual. Outra corrente de doutrinadores entende que a Escola Hist6rica € que deu nascimento ao Direito como ciéncia. A histéria do Direito romano da Idade Média, escrita pelo fundador daquela escola, Friedrich Karl von Savigny, “é mais exatamente ahist6ria da Ciéncia do Direito romano”, conforme observacao de Enneccerus (op. cit,, p. 75, nota 4). Depois, no seu Sistema do Direito romano atual, Savigny viria a “expor fundamen- talmente as doutrinas gerais do Direito romano”. Para Cossio, a Ciéneia do Direito, que hoje conhecemos, constituiu-se no século passado, obra de Savigny. Hé, por outro lado, os que questionam a cientificidade do conhecimento juridico. A doutrina juridica ~ argtiem — nao pode resolver com certeza os problemas que lhe séo submetidos. Kirchman (Julio Germann von), em sua famosa 8 r ‘CURSO DE INTRODUCAO AO ESTUDO DO DIREITO conferéncia de 1847, sobre “El Caracter acientffico de la Hamada ciencia del Derecho” (trad. esp. de Werner Goldschmidt, Buenos Aires, Editorial Losada, 1949), negava 0 caréter cientifico do Direito. Paraeele, estando aciéneia juridica vinculada & legislagao, que é varidvel segundo a vontade do legislador, a obra do jurista se torna contingente, efémera, de maneira a nao poder descobrir seriamente nada de real. “Trés palavras retificadoras do legislador — diz - bastam para tornar toda uma biblioteca juridica em papéis intiteis”. Contudo, a natureza cientifica do conhecimento juridico 6 hoje reco- nhecida e proclamada por toda parte e de modo geral entre os doutores. ACiéncia do Direito tem seu préprio campo de pesquisas, objeto formal e método exclusivos. Se 0 objeto préprio, como ensina Maritain, consiste naquilo que necessariamente e em primeiro lugar é considerado pela ciéncia e em virtude do que ela atinge tudo 0 mais, o objeto da ciéncia juridica compreende ‘oconhecimento ea elaboragéo racional dos dados que o Direito positivo proporciona. Preocupa-se ela com a interpretagdo, a integragéo e sistematizagao de um ordenamento juridico determinado, para a sua justa aplicacao (Abelardo Torre), ou, como opinam outros, o seu objeto é “o conhecimento do conjunto de normas que constituem o Direito vigente ou positivo” (Angel Latorre). Suas respostas dizem respeito ao. que um determinado sistema estabeleceu como Direito. Para Kelsen, considerado o renovador das idéias juridicas do nosso tempo, todo o Direito é um sistema de normas reguladoras do comportamento humano, de enunciados de variada forma, em que se manifesta através das leis, sentencas jurfdicas ou atos juridicos dos individuos. & uma ciéncia de normas enunciadoras, néo do que 6, como 6 ou como ser4, pois, a norma é um jufzo hipotético, ndo um fato natural, mas do que deve ser, verificadas certas condicées. A mais simples forma do juridico, segundo o criador da Teoria Pura do Direito, assim se traduz : se A é, deve ser B (se © devedor nao cumpre a obrigagao assumida, devem ser-the 9 yp sou egy ‘o1do.d oyafqo wo} pu onb zon vu ‘erougIO vu aquaUrEso.08}1 9 oFU OY9.1 Op OpMyse oF oFSnposIUT Vv oyfaarq_ op opnyso ov ovinpoxyuy “g “seorpyant sogSnaysu0s 29 soylaou09 ‘setI09} resoqeya UrEyTULLed ay aNb steI9B sagsou opnysa aysop teryxe ‘noag ummbeasoz, varesqo owod ‘vied ‘sareny soyasaytp wo opteso#ta wrefayso no urexeansa anb ‘seorpiinf seuLiou Sep wigye Tea OU BoTpIIN! eougIO Y “seorpANt sewou sep opdeoyde y oytenb ogdexoqeye & oyttey oWodsox zip e[a 9 ‘aepnysa op por eISIINf o enb ‘voruo9} ens mnssod oorpyn ojuaureuapso opo} stod “noxprent now99) & 9 (BULINOp ‘erougpnadstint ‘auinysoo “1oP) ovaap op sauof se ‘oanjelqns onroaig 9 oarjalqo oyfoaig azyue ogSunjsip e axjsnpour ‘sayap wn epeo & sopesy seurajqoid so 9 Core o¥Se09 ‘oxSues ‘vorpunt ovSzjox ‘ojafgo ‘oyofns) opaziq Op soyuautaza So RS ‘eorprINt rouaio ep “Uisse ‘speyUaUrEpUTY seLIE} SO “912 DoYpLUnNl oDdDja4 ‘onSn0o ‘opSuns ‘oarjafgns onayp ap So ow109 ste} ‘earpy nt WaPo aanbjenb jaapsuadurt ep1as srenb so ws ‘sorrgss999u $0}100U09 01]M0 Wd 2.11090 BsIo9 wIASOLU Y “OVO ap oHfefns 49s opod ‘ejnonaed wre oorpjanf eutoysts wu ‘nb 9 wonb ztp opuend ‘oatsod opostcy op 4eB[S0p 9s u9s ‘apap Bex} OVAITC Op eIDIAID B SPY “OWAIIC OP EYoso[L aoUD}Iad osst sod 9 ‘sojuoureU -apio so sopo} & ojURyIOd ‘Joaporde ‘essoarun zapreA ap 9 +3'n #11911 ap oya{ns,, ap oyeu0d O “se}uauEWLEd 9 suNLID soquotposSut snes op “9 ojst ‘spesxoaqun soqwours[2 snes op valsuaarduioo e109) BUN ayUaWEDHEUIEsIs Joduiod ep WIL B ‘oarpyunf oyuewreuapzo 0 opo} BBN seAuT eorpEIN! eoUgIO Y. -odeoyde 9 opdejordsoyuy ens B soanepes seuta[qoxd sop opnyse 0 owI0D wagq ‘sopeurmuajap syed a voodg eumnu s0BtA wo eyoe as anb sootpiinf sojtooa.d sop aqu0.1009 9 epeuapyo oRdeoHAxe & 9 01 “111 op eIDUQID ep [eULIOY OaIqo o ‘Zaudeyy eIDIED ese “(h96T “JoxLtog oparoqy ‘saxty souang “Pe xz ‘PD9q77 ap OmPHINL oydaowog ja Roysaiaq tap varb9}005] Y}0aL, DT J) eanafqnssoyut oad od oanssa Ov OvSNdOULNI aa osuNo a o1 “apepitee, e apuodsa1s09 ogu ej9 v anbsod ‘epeyuduiode 30s aaap ‘o¥iue ‘no eYsugiasuod red epeyuedurose 9 aonb ap o7r5 ojad asajodiy eum ap enursip os onb ogSoy eum uns 9% janbytqenb e ‘aquowpeyuaproe “oussou no ouroo ~ asmyodiy 9 ovu ‘es-ouo9 op PYyOsoTyy BuALABULIIeA Bp opNuEs ou “je UOWEpUNy eULIOL © ‘anb,, zeniasqo Uasjaxt ~ (986T *OUPA stqNs ‘auBoTY OVO “y O89 ‘oV2eNC, ounuatol 9s0p 9p -pest) sousoK sop 7o198 DOR), - eUUTYSOA ego ENS WT prougs9j19yu] Ens we eUeUIMY eyMpuo ev BUuLIOU oJUBIpALL aoaytico anbsod seu ‘e.ysturmuqns se onbyod wou ‘seuz0u 999qu -o9 onbiod opt fepuou ajupypaw soayui0 anbsod seur “US ‘eanjeurzou 9 eoIp}Mf ePDUE!O k ‘OISSOD So[TED ‘soary SouONE, op o1feaiq ap epepmnoeg ep OEIC Op BYOSOTL op 10ss9j0Ig oStue op ‘ox9.1 op k9189[099 ogSdastics v opunsag ‘ewia}SIs Op apEplTed op D189] o1sodnssoxd ‘wongodry, eursou ‘asojgdry eum 9 Jewouepuny euTIO No yeUYy BULOU vssqi eoIpln{ apepyeA 49} exed ExIMOU as-~retode Op v1.49} ASSO} 0 as anbiod ‘ea1pynf 9 oyu feuy euts0U wssg{ “OOIpHIN! 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A matéria de que se ocupa é comum a outras disciplinas, de maneira que sua autonomia é de natureza didética, em face da conveniéncia de fornecer ao que se inicia no estudo da ciéncia juridica aquela visao global e resumida do Direito. Conforme observacdo de Enrique Aftalion, quando a introdugéo ao direito indaga verdades necessdrias e universais, é Filosofia do Direito; enquanto indaga verdades meramente gerais 6 simplesmente ciéncia juridica (sob a forma conhecida como “Teoria Geral do Direito”), e enquanto expée, em forma enciclopédica, os conceitos mais importantes de cada um dos ramos do Direito, assume um caréter, principalmente, expo- sitivo e néo-indagatério. A finalidade mais importante desta disciplina, segundo outro de seus modernos expositores, é apresentar ao aluno uma visdo org&nica e sistemética do Direito, enquanto fendmeno humano animado por ideais de justiga (Miguel Villoro Toranzo). 4. Filosofia do Direito A Filosofia do Direito dé um conhecimento plenério do Direito, conhecimento superior e unificado. Ela determina a esséncia do Direito e os valores a serem realizados pelo Direito positivo. Segundo Stammler, é a doutrina do que nas reflexes jurfdicas aparece como de um valor incondicionado e universal. E a ciéncia das ciéncias juridicas. A “ciéncia” 6 um sistema de conhecimentos certos, metédicos e gerais, unidos por suas causas e princfpios, ou, conforme Maritain, 0 conhecimento “‘certo pelas causas”. Ciénciae filosofia aspiram, ambas, ao conhecimento da verdade, mas por caminhos diversos e colocando-se em diferentes posig6es. Filosofia é 0 conhecimento da verdade por suas primeiras causas (Descartes), ou 0 conhecimento das coisas por suas causas ou razées mais elevadas (Santo Tomés). Para Maritain, € 0 conhecimento 12 r CURSO DE INTRODUCAO AO ESTUDO DO DIREITO cientifico que & luz natural da razéo considera as primeiras causas ou as razées mais elevadas de todas as coisas. As ciéncias sao ensaios de uma explicagao “parcial” do que existe, ao passo que a filosofia se preocupa com a verdade completa, o conhecimento final e s{ntese de todas as verdades. Como diz Ortega y Gasset, ela é o conhecimento “auténomo”, por encontrar em si mesma o seu fundamento, e“panténomo”, ou total, omnicompreensivo. A Filosofia do Direito é uma parte da filosofia geral, que estuda o direito sob 0 aspecto filos6fico. Victor Cathrein define- como o estudo do problema da universalidade dos supremos conceitos e principios juridicos. Ela investiga a universalidade conceitual do Direito, determinando a esséncia (ontologia), a origem (etiologia), e a finalidade (teleologia) supremas do fenémeno juridico. Miguel Reale esclarece: “A Filosofia do Direito nao é uma disciplina juridica, mas a propria Filosofia, enquanto voltada para uma ordem de realidades que é a realidade jurfdica. Tem por objeto no o Direito positive de um determinado pats, mas 0 Direito em geral, o Direito em si, anatureza do Direito, compreendendo todo o Direito: pasado, presente e futuro. Ela considera 0 Direito no seu aspecto universal, ao passo que a ciéncia do Direito o encara no seu aspecto particular (Direito no Brasil, na Alemanha, e assim por diante)”. Através dela tenta-se chegar a um conhecimento plenério do Direito e & fundamentacao das vérias disciplinas juridicas, a um conhecimento unificado do Direito, ao conhecimento “absoluto, universal e necessério” do fendmeno jurfdico. O objeto proprio de sua investigagao é a ciéncia juridica com seus supostos. A Filosofia do Direito procura atingir o conhecimento primério e universal do Direito, a um saber jurfdico néo- apoiado em nenhum outro anterior e que sirva de fundamento a toda a ciéncia jurfdica. Conforme revelam os jusfilésofos, o saber cientifico positivo elabora-se a luz de pressupostos (isto é, certos dados, determinadas posiges e certezas), que séo verdades aceitas B RUBEM NOGUEIRA como postulados. O Direito tem os seus “pressupostos” (como, vg 0 de que ninguém se escusa alegando ignorar a lei, sem 0 qual a vida jurfdica se tornaria inviével). A Filosofia do Direito “indaga” as razées légicas e morais dos pressupostos. A propésito, escreve Miguel Reale: “Enquanto o jurista constr6i a sua ciéncia partindo de certos pressupostos, que so fornecidos pela lei e pelos e6digos, 0 filésofo do Direito converte em problemas o que para o jurista vale como resposta ou ponto assente e imperativo. Quando 0 advogado invoca o texto apropriado da lei, fica relativamente tranqiiilo, porque a lei constitui ponto de partida seguro para o seu trabalho profissional; da mesma forma, quando o juiz profere a sentenga ea apéia'cuidadosamente em textos legais, tem a certeza de estar cumprindo a sua misséo de ciéncia e humanidade. Porquanto assenta sua conviccao em pontos ou em canones que devem ser reconhecidos como obrigatérios. O filésofo do Direito, ao contrério, converte tais pontos de partida em problemas, perguntando: “Por que o juiz deve apoiar-se na lei? Quais razées légicas e morais que levam o juiz a nose revoltar contra lei e ndo criar solugdo sua para o caso que esté apre- ciando, uma vez convencido da inutilidade, da inadequacéo ou da injustica da lei vigente? Por que a lei obriga? Como obriga? Quais os limites légicos da obrigagéo legal?” 0 conhecimento filoséfico do Direito é, pois, sem “su- postos”, um conhecimento que abrange a totalidade do Direi to, um conhecimento “absoluto”, ou, nas palavras de Giorgio del Vecchio, o conhecimento “Iégico, fenomenolégico e deontolégico”, isto 6, de que o Direito € in genere, abrangido em sua dimenséo de fenémeno universal, do que o direito deve ou deveria ser, em oposicao ao que €. O conhecimento da filo- sofia do Direito 6, portanto, indispensdvel ao jurista. A esséncia do Direito é problema primordial, porquanto © Direito civil, o Direito penal, o Direito administrativo, 0 Direito constitucional e os demais ramos jurfdicos ensinam o que seja ele, o direito, dao-no por definido, limitando-se cada qual a expor e sistematizar grupos isolados de regras, segundo determinados critérios particulares. 14 Tr CURSO DE INTRODUGAO AO ESTUDO DO DIREITO A Filosofia do Direito inquire, em primeiro lugar, o que 6 © Direito, dando-nos dele o conhecimento tiltimo e definitivo, explicando, ainda, os conceitos juridicos essenciais, irre- dutfveis, cuja auséncia tornaria impossivel compreender qual- quer ordem juridica, tais como os conceitos de suposto jurfdi- co, de sujeito de Direito, de Direito subjetivo, de dever juridico, de sangao jurfdica, etc., que se encontram necessariamente em todos os ordenamentos. Os conceitos histéricos ou contin- gentes, que nem toda ordem juridica possui - como os de enfiteuse, parceria, e outros, conceitos ndo-fundamentais, mas historicamente condicionados - esses séo fornecidos pela ci- éncia juridica. Ela diz o que foi estabelecido como Direito aqui ‘a0 passo que a Filosofia do Direito responde ao que 0 Direito é, caracterizando-se e distinguindo-se ainda pela pos- sibilidade de valorar os sistemas de Direito positivo, obedien- te a. um ideal de justica. Como escreve M. Villoro Toranzo, ela 0 conhecimento da razéo humana que, penetrando até as Lltimas causas do Direito, investiga a esséncia dos valores pr6- prios do juridico; é a ciéncia que cuida da atividade social dos homens e das normas que a disciplinam, a fim de estabelecer os primeiros princfpios de uma e outras. A locugao “Filosofia do Direito” 6, hoje, de uso gene- ralizado, apontando-se como primeiro livro que a consignou 0 de Gustavo Hugo (1797): Tratado de Direito natural ou Filosofia do Direito. Mas, para Michel Villey, terd sido Aristételes — que se interessou por tudo, observou tudo, até o Direito, isto 6, as atividades do mundo judiciério — provavel fundador da Filosofia do Direito. Segundo a sistematizacio mais generalizada atualmente, trés so os problemas fundamentais da Filosofia de Direito, a saber: 1) O problema ontolégico (ontologia juridica) ou da investigagao da esséncia ou do ser préprio do Direito, para defini-lo ¢ precisar-the 0 conceito, resultando desse estudo a colocagéo do Direito como sistema normativo da conduta social. Oconceito do Direito é um problema resolvido, no pela Ciéncia do Direito, mas pela Filosofia do Direito. O juiz ou advogado podem dizer a respeito de uma relacéo juridica, por exemplo, 15 RUBEM NOGUEIRA t4 conforme o Direito estabelecido, isto 6, se algo é direito” (quid sit juris), mas no podem defini o que é o Direito (quid sit tus), nem qual o critério universal do que, em geral, é Justo ou injusto. Isso porque, conforme pondera Reale, o cien- tista do Direito jé pressupée a vigéncia de regras jurfdicas e 0 jurista, enquantojurista, ndo pode dar uma defini¢ao do Direito, porque no instante em que 0 faz, j4 se coloca em momento logicamente anterior a sua propria ciéncia; 2) O problema gnoseolégico, ou o problema do conhecimento juridico, do valor desse conhecimento (podemos aleancar uma nogéo cabal do direito e da justiga? Em que medida a ordem juridica realiza esta finalidade?) e do objeto do conhecimento juridico (sé existe © Direito positivo? ou podemos procurar outro sistema mais elevado?); 3) O problema axiolégico ou valorativo, que suscita a investigacao de qual deve ser o Direito, sua finalidade peculiar e 0 fundamento da sua obrigatoriedade. ito, enfim, 6 que é 0 verdadeiro estudo geral do Direito (Abelardo Torre), e sem ela o Direito seria, simplesmente, um ordenamento imposto pela vontade do mais forte (Ricardo Zorraquin Bec). Daf porque ela sempre compée o elenco de disciplinas do curso de graduagéo jurfdica.

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