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Vanda Oiticica oO we So bs da técnica vocal Musiled Vanda Oiticica Oo eed be da técnica vocal Ausiled BRASILIA 1992 ENRICO CARUSO. Dados do Autor VANDA OITICICA nasceu em Laguna, Santa Cata- rina, Brasil. Influenciada por seu pai, o eminente professor Jos€ Oiticica, estudou até 0 oitavo ano de piano, que logo ‘abandonou pata dedicar-se definitivamente ao canto. No Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sua interpre- tagio da Mimi de “La Bohéme” e na “Mme Buterfly” a todos surpreendeu “‘pela maneira de interpretar e cantar, 0 que faz como $6 artistas consumados poderio fazer”. Entretanto, Vanda Oiticiea foi, por exceléncia uma camerista, Como tal, sempre obteve os mais significantes triuntos, Seus professores no Brasil foram Murilo Carvalho Marion Matheus. Nos Estados Unidos, 0 maestro Folgado. Em Buenos Aires, Conchita Badia. Na Inglaterra fez um curso especializado com Mrs, David Reynolds, 0 que tomou-a apta a lecionar dentro de um método absolutamente técnico e altamente produtivo, 6 Nos Estados Unidos apresentou-se no Town Hall ¢ no Camegie Hall de Nova York. "No Canada gravou diversos discos ¢ fez inimeros pro- ‘pramas na Rédio de Montreal Viajando para a Europa, apresentou-se em Portugal, Espanha, Itia, Franga, Holanda, Inglaterra, Fscdcia ¢ Las Palmas. Na Franga teve a rara oportunidade de trabalhar com Francis Poulenc e Marius Frangois Gaillard, dos quais re- ccebeu honrosas dedicat6rias e referéncias. Excursionou com a Scottish National Orchestra sob reaéneia de Walter Sussekind, cantando em Edimburgo, Glascou, Aberdeen e Dundee. Mais tarde, no Festival Hall de Londres, teve a rara oportunidade de ser apresentada & Familia Real Britanica com a Orquestra Filarm@nica de Londres. “Tamibém em Londres, cantou no Third Programe ¢ com 1 Orquestra Filaménica de Opera da BBC. ‘Em margo de 1967, foi convidada pelo Instituto Villa- Lobos para ministrar aulas de Técnica Vocal no curso in- tensivo de aperfeigoamento de Educacio musical de Brast- ti ‘Também em Brasilia, lecionou na Universidade € na Escola de Mitsica. Durante anos trabalhou junto ao Maestro Levino Al- Antara, como professora de tenica Vocal do Madrigal de Brasflia. Hoje, aposentada, oferece com muito amor aos jovens ~ ¢ por que nio, velhos cantores, 0 seu BE-a-bé da “Técnica Vocal. Prefacio ‘Sem nenhuma pretensao de um tratado fisioldgico ou de mirabolantes técnicas, esse pequeno Bé-a-bd € exata- menie 0 que &: 0 Bé-a-bd da Técnica Vocal, que grande arte dos caniores desconhecem. As palavras “‘diafragma’’ e “respiracdo’’ enchem paginas e paginas de qualquer livro sobre Técnica Vocal. Sem negar a importincia do diafragma e da respira- $00 no canto, neste Bé-a-bd evito o mais posstvel a pala- wra diafragma, pois quanto mais se pensa no diafragma €m si, menos se pensa nos miscules que 0 sustentam, isto €: 08 misculos abdominais pélvicos, os ghiteas ¢ até mes- ‘mo 0 pertneo. Ouara fatha no controle da respiragao, fendmeno ins- tanténeo ¢ reflexo, ndo saberem como inspirar e sus- tentar 0 ar usando 0 mitsculo tensor do nariz, responsdvel pelo levantamento das orethas, do palato, e do encaixe do ar nos ressonadlores. 8 Também, dificitmente encontramos cantores que sai- bam usar os ldbios. E assim, 0 mais comum & ouvir canto- res com bonitas vores, cantando e ndo dizendo nada. As palavras ndo sdo ditas nos labios ¢ assim ndo saem de seus coragdes € ndo atingem os coracdes de quem os Respiragao Na respiracio fisiolégica, isto é, numa respiragdo completa, profunda, a inspiragao mais longa e a expira- ‘do mais curta, Na respirago do canto acontece o contrétio: inspira-se pouco, pois para cantar no é necessirio muito are expira- se lentamente, economizando a0 méximo a safda de ar. excesso de ar oprime e atrapalha 0 cantor, por con- seguinte, as inspiragSes muito profundas nio deverio ser praticadas senfio nos exercicios respirat6rios, isto é: na “gindstica”” respiratéria. A finalidade desses exercteios 6 chegar-se a dominar 0 mecanismo da respiracéo € submeté-la ao controle da pré- pria vontade. Todo ar deve ser transformado em “som” — € uma questio de saber dosd-to. 10 PRATICA Verificar como o aluno inspira. Em geral ele levanta ‘0s ombros, no abre suficientemente as narinas, funga 20 invés de aspirar e no dilata a parte inferior do térax. ‘Ao professor cabe ento mostrar-Ihe: % = Como inspirar corretamente, abrindo a0 méximo as hharinas (como se estivesse tomando gua pelo nariz, ou ‘como se tivesse uma ventosa por trés do nariz ou ainda como se as fossas nasais estivessem inchando). — Ao inspirar corretamente, 0 aluno deverd sentir que ‘com essa “inchaco” do nariz 0 palato foi puxado para cima (como um bocejo reprimido), as orethas idem ¢ um “molde” estabeleceu-se no interior da boca. T—Orificio posterior da fossa nasal. uu Atengio ~ Para a formacdo desse molde, néo hd necessidade de abrir nenhum bocdo. — Esse molde, esse bocejo reprimide deverd ser con- servado indefinidamente, tanto na expiragio da ginéstica respirat6ria, como na expiracdo durante 0 canto, da primei- ra A ditima nota emitida, quer seja ela aguda, média ou grave. = Colocando entio as maos nas costas do aluno, veri- ficar se 0 ar inspirado esté abrindo a caixa torfxica hori- zontalmente, isto &: na regio das costelas inferiores. = Nao permitir nunca que 0 aluno suba os ombros ao inspirar. COMO EXPIRAR ECONOMIZANDO A SA(DA DO AR Conscientizar no aluno, além dos intercostais (durante a inspiracao), os miisculos da regifio glitea, os abdominais pélvicos e o perfneo. ‘Exemplo: ‘Mandar 0 aluno num s6 sopro forte, apagar um comego de incéndio, com a ateng&o voltada para os misculos do baixo ventre (pélvicos), os da regitio gliftea (nédegas) e pa- rao perinco para que ele possa verificar por si mesmo co- ‘mo esses mufsculos se contraem e participa na expulsio do ar. Os mifsculos na regio das nédegas (misculos trasei- 2 108) apdiam automaticamente os mifsculos da pélvis, aju- dando assim a sustentago do diafragma e dos miisculos Intercostais no momento da expiracdo. — Em nenhum momento em que esteja sendo pro- duzido 0 som, & permitido relaxar esses miisculos. Exerefcios: = Com’a ajuda de uma pequena contracio dos mis- ilos ghiteos e pélvicos, soltar 0 ar com um diminuto S si- bilado, que deve ser ouvido sem tropecos ou cortes. Nesse processo todo, o diafragma atua simplesmente como uma béia de caixa d’4gua, de forma automdtica © atural, sem que para isso o professor tenha que chamar a tengo do aluno para a respiracio diafragmAtica costal, abdominal e outras. (Os cantores que seguirem essa directo, ficaréo surpre- sos com 0 ar adicional que possuem em reserva © como Jsto pode ajudé-los: nas notas sustentadas, nos sons fila- dos, nos pianfssimos, na subida ou descida de uma escala € “no controle do nervosismo antes de um recital”. 13 (© mdscuo diatraama 6 orgado ‘conta aparece co corpo at ‘fm da ase isos ptvios sso} by ee MA Misoulos tazeiros ou misculoe aliteos. Eetos misculbe eo contaléos © orouldos para cia 4 Musculos da Face Miisculos que chamaremos no seu conjunto de movi- entos solidérios e simultneos; ‘'o trago facial”. Esses movimentos, devido 8s contragdes musculares sho pressentidos interiormente ¢ no produzem nenhuma enret Enquanto as estrias dos mfsculos do nariz. ¢ do palato so dirigidas no sentido da altura, as estrias do “trago fa- celal” convergem para os Isbios e os cantos das narinas. (Acie dos muisculos zygométicos). ‘Uma experincia interessantfssima para conscientizar a ‘gglio desses misculos ser4 mostrada aos alunos. Faca-os colocar os dedinhos (bem relaxados) entre 0 dbio superior © a gengiva, de cada lado, sobre os caninos, © pronuneiar as cinco vogais, comegando por U, O, I, EB, ‘A, sem. a interferéncia do maxilar inferior (nem mesmo na vogal A) de preferéncia com a boca quase fechada. 15 ‘Numa boa articulagio, os mtisculos, a0 se contrafrem ‘em diregio do centro do Iébio superior, empurram os dedi- nhos, juntando-os mais nas vogais 6, U, I e menos nas outras. — @ articulacéo for frouxa, nada acontece aos dedi- 16 Importantissimo ~ a vogal A deve ser pronun- clada exatamente no mesmo lugar das outras, isto é, or cima, no centro do ldbio superior. Este “‘macete”” parece loucura, mas nio custa experimentar. Feito isso, o aluno ter& que fechar a boca deixando os feantinhos dos labios soltos € pronunciar as cinco vogais, Hm claras ¢ sonoras. safrem sonoras € porque o aluno esqueceu do milsculo tensor do nariz, de levantar 0 palato © de emitir a Yor por cima, no centro do labio. ‘Ao “‘cantar’’ essas vogais faladas, nada do que foi ito acima deve mudar. 7 Articulagao ‘A correta emissiio vocal conta com a poderosa ajuda de uma boa articulacdo. ‘As consoantes pronunciadas com energia, contribuem A precistio do ataque, € as vogais, vefculos do som por ex= celéncia, tm o poder de colorir a vor e dar-lhe relevo gra- as a uma articulago niftida; uma voz pequena pode pare~ cer mais sonora gue outra grande, articulada molemente, sobretudo, tera mais alcance. Do ponto de vista pedagdgico, € errado comegar a tra balhar as vogais, colorindo-as, cobrindo-as ou dando-lhes expressiio, como também mandar o aluno abrir um bocdo & executar vocalises répidos. Deixe a maior abertura da boca para as notas agudas € para depois de uma perfeita conscientizagio da emissio do centro da voz, ‘Trabalhando as vogais puras com naturalidade, ganha- 18 ‘6 lempo e seguranga para a segunda fase dos estudos pro- Dprlamente ditos, quando j& teremos as consoantes, as pala- ‘Yas © as frases. Para atingir a vogal A pura, emitida por baixo dos ‘elhos (como a vogal £) convém trabalhé-la comecando {pelts vogais. 1 Altura, timbre, voz de cabega; E — claridade, impostagio da voz. issas duas vogais fundidas em convenientes propor- hs, dio a vogal A sintética, to necesséria a uma perfeita ‘Pinissdo da voz. ‘Som contra a Iingua, trabalhe-a na mesma nota, Ien- Aninente, mais ou menos na primeira oitava da voz, usando ps ditongos: I-y6-yé +1-YE-YA Bste A deve estar bem encaixado no é de pé, por baixo dios olhos, com 0 miisculo tensor do nariz puxando-o para elma Por favor, ao trabalhar este A claro, no abram demais 4 boca, ou melhor, trabalhem-no com a boca apenas en~ Weuberta, pois hf sempre 0 perigo de transformar este A fm A, paxando-o para tris e pronunciando-o nas mandi bulas. ‘As vogais e as consoantes, nftidas ¢ corretamente pro- hunciadas, dependem muito da firmeza dos Itbios (digo firm no rigidez). A sonoridade da voz, também. 19 Tanto mais clara € a dice, quanto mais anterior € 0 1nd de ressonncia bucal. LABIOS (Lisa Roma — “The science and art of singing”) Cada palavra, vogal ou som podem tornar-se magica mente colorides pelo bem controlado jogo dos labios, que devem ser exercitados regularmente, até que a energia ‘muscular dos mesmos tenha sido dominada. LABIOS (Lili Lehmann — “Mon art du chant”) Gragas ao bem controlado jogo dos labios que se ‘abrem e fecham mais ou menos em diversas posig6es, cada ‘vogal, cada palavra, cada som realizard milagres de col do e parecerd criar vida. (Os labios constituem 0 dltimo célice sonoro que atra- vessa o som, Emissao Fisiolégica “0 ponto focal de maior vibragdo do som (n6 de res- sonfincia da voz) est situado “entre os olhos”. “A. voz de cabeca’” & 0 maior tesouro de todos os cantores. la nfo deve ser considerada como um itimo re curso e sim como um anjo tutelar, um apoio maravilhoso: cla deve ser mantida e cuidada com o maior escrfpulo. ‘Sem sua ajuda, a voz € sem brilho, sem alcance, € um crdnio sem miolos. Néo 6 senio gracas A sua contfoua in- tervengo em todas as regides, que 0 cantor & capaz de manter a frescura a juventude de sua voz. Por ela, ¢ 86 por ela € que se consegue a igualdade ri- orosa sobre a extensiio ¢ © desenvolvimento de todas as vores. Ela 6 0 grande segredo dos cantores que conservam suas vozes jovens até a mais avangada idade, © levantamento enérgico do mésculo tensor do nariz, 2 contra 0s olhos, contra as t€mporas 6 por elma das orethas de uma ajuda extraordindria durante 6 ean. ‘As vouas / E comportam paticularient essa tensfo Ataque do Som do nuriz, Astin, & sxiutar ecsogitwnligi timbre c o al. cance, A atsnglo do eanior deve te dtigr scmpre sobre @ renovagfo constants do misculo tenor do nari durante © ato vocal, Nio exquecer também “das orethas de burro es. antago” Lili Lehmann “Mion art du Chant”” Encontrei na obra “Le Chanteut"” do dr. Wicart, 0 s¢~ | guinte; “Para falar ou cantar, a laringe oferece & passagem | do ar vindo dos pulmdes, dos brénquios ¢ da traquéia uma certa resisténcia, exatamente como fazem os labios da boca | ao ar expirado para assobiar, ou melhor, para tocar pistom. ‘Para assobiar € imposs{vel deslocar a articulagdo dos dbios e empregar outra emissfo que niio soja a “fisiol6gi- e ‘Qualquer outra emisso com passagens, apoios, regis- ‘os, rolha na boca, criam toda a dificuldade do ensina- ‘mento técnico do canto, enguanto que a “técnica do asso~ bio” é quase instintiva”. isso af! Parece loucura, mas é um achado formidé- vel, experimenter vocés mesmos. Experimentem assobiar vejam 0 que acontece com seus narizes, seus palatos, suas témporas, suas orelhas. Reparem no “‘trago fécil"” e no 22 2B ee movimento dos mdsculos, trazendo par 0 centro do labio superior, © ponto de emissio na prontincia das vogais. Entio, atacar um som, resume-se nisto: 12—levantar energicamente os midseulos do. nariz contra os ols, as témporas e as orelh 2% imaginar um triingulo de ponta para baixo, vindo de cima das orelhas para o centro do Iébio supe- rior (exatamente onde se forma 0 assobio) e af, sem affouxar os mifsculos do nariz ow a firmeza dos tAbios, pronunciar cantando’. ..oué.. . ou qualquer outra vogal (eu disse firmeza ¢ nao ri- gidez), Um bom ““macete” para conscientizar esse ponto onde serio pronunciadas essas vogais, inclusive 0 famoso A (que a maior parte das pessoas pronunciam no queixo): = Coloque a unha do polegar bem no centro e por ci- ‘ma do Ifbio superior, mentalizando nesse ponto as vogais a serem cantadas, = Imaginem © ar, transformado em som, furando a ele sobre 0 labio © projetando longe essas vogais, linda- ‘mente cantadas, A partir das vogais, qualquer palavra ou frase obede- ccerd ao mesmo princfpio, &t mesma técnica, Mais uma vez: parece maluquice, mas dé resultado. Nao custa experimentar. Também as consoantes, corretamente pronunciadas, dependem da firmeza dos labios. A sonoridade da voz, também. Sons GRAVES Um som grave emitido e colocado bem elevado tem um alcance nitidamente maior que um som de peito e guar- dda uma qualidade superior e elegante. (© som grave colocado alto amplifica-se com todas as ressopfincias faciais ¢ torfxicas e permite atingir com de- senvotura 0s intervalos, ao mesmo tempo que se presta a modulagGes as mais variadas. importante conservar, mesmo no extremo grave, 2 laringe e o palato flexfveis, em posigio elevada, para no perder o beneficio das ressondincias totais, incluindo a bu- cal, ‘res tomas, cas do sensbilidade com utiliza ideal da rewondocia da ca- besa A matcado indies onde 26, somentedeverf ser sents st senses socan. AGUDOS, ‘A pureza ¢ a facilidade da producio de belas notas agudas numa escala, depende inteiramente da mancira com que so emitidas as notas graves ou médias que lideram a subida. ‘Se as notas graves de uma escala ou frase esto firme mente colocadas nas cavidades de ressondncia ¢ dirigidas para o ponto focal entre of olhos, € muito fécil cantar bem as notas agudas. Basta para isso, contrair os miisculos gliteos e pélvi- 26 608 © com eles 0 perfneo. Idem nos saltos de oitava, tanto para cima como para baixo. Os sons superagudos so facilmente encontrados tra- balhando com a boca fechada (labios firmes no centro ¢ soltos nos cantos da boca). Nao esquecer também 0 trabalho dos mifsculos pélvi- cos, gifteos & 0 perfneo. Cuidado: Ni exagere a contragto desses milsculos. VIBRATO Todo cuidado € pouco. Ele & o primeiro passo para 0 abismo de uma voz, TREMOLO E 0 segundo ¢ definitivo abismo. Lembretes = Assim como nos instrumentos de sopro, a voz. can- tada também possui sua propria embocadura. Para articular claramente, nfo h4 necessidade de ‘movimentar sem parar 0$ Ifbios ou de impor A boca formas cestranhas. — Fagam os alunos emitirem a voz com os labios frou- xos e depois com eles firmes (firmes niio quer dizer rfgi- dos) reparem a sonoridade da voz. numa e noutra maneira e concluam qual a melhor. — Néo permita que o aluno abra muito a boca nas pri- meiras aulas. A tinica coisa que interessa realmente, é a conscientizagao dos ressonadores e como atingi-los. = No infeio do aprendizado, abalhem apenas com 0 centro das vozes. Somente depois de bem conscientizada a emisstio numa oitava da voz, & que o aluno estardi em con- digées de poucn a pouco, subir ou descer uma escala, 29 ~ Qualquer ataque do som, grave, médio ou agudo, deve vir sempre de cima para baixo: nunea, em hipstese alguma, horizontalmente. ~ No levantem ou abaixem a cabeca a0 cantar, Per- manegam naturais, Nio enduregam 0 pescogo, nfo levan- tem os ombros, ni funguem a0 respirar. Nto modifiquem 1 pureza das vogais A e A e no A. =O aluno encontraré facilmente a perfeitaressonfincia do A puro “por baixo dos olhos" a partir da vogal bem tseancarado como “més de cabrito. — Encontrado este A puro, & 86 traz8-to com cuidado para o centro do fbi superior (sem abrir bocto) e entio teremos umn A puro, aredondado, lindo de morrer! “Exercicios com “nha, nhé, nhi, nko, nhu + gna, ‘gne, gni, gno, gnu”, servem para trabalhar e automatizar a contragio dos mscllos do narz — Nto esquecer de renovar o enérgico levantamento dos misculos do nariz, sempre gue em algum intervalo ou enire uma nota e outra de uma escala descendente, a voz ameace perder a sonoridade. “J Exerefcios, com. “‘aha, nhé,.nhi, nos abu gp=5~ ‘gne) ei, kno, gna, servem para trabaihar ¢ automatizar a contragdo dos nidsculos do nariz. E absolutamente proibido deixar 0 aluno pronunciar 4 20 invés do d claro © puro. Tss0 porgue ao pronunciar fatalmente ele 0 pronuncia abrindo 0 bocio © puxando a cemissio para tis. ‘ = Nio esquecer de renivar 9 €nétpico/leyantamento dos misguloy/do nriz spinpre gue em lug intervalo ou entre una nota e outra/de uma escala descendente a vor ameace perder a sonoridade 30 = A consoante RR forte 6 muitas vezes um sécio em- pecitho & boa articulagéo; a maior parte das pessoas pro- hnunciam-na atrés da boca como se fossem “escarrar™, ‘quando, a0 cantar, € obrigat6rio (em qualquer idioma) deslizé-la até a ponta da Kingua. — Para uma boa emissio do R forte, imaginem-se to- cando um apito de guarda noturno. 0 “golpe de glotis” usado no ataque do som € uma calamidade. — Nunca permitam aos alunos fixarem ou levantarem 0s olhos ao cantar: esse cacoete provoca contragio na nuca © & prejudicial a uma boa emissio. “= Se tiverem de corrigir alguma vor cansada ou muito cafda, comecem a tabalhé-la de cima para baixo, descendo ctomaticamente em semitons. Procurem entre 0 sol méilio © © 6, qual das notas 6 a mais cOmoda e mais natural na emissio dessa vor ¢ a partir dat va encaixando as outras, ~ Ao subir uma escala arredonde © som; ao descer, clareic 0 som. Imagine 20 cantar, que o interior de sua bo- ca é uma grande nave de catedral, onde o som encontra um ample campo de ressonfncia = As vozes que tém tendéncia a aspereza, sero suavi- ‘zadas com um perseverante trabalho sobre a vogal U; as que sto opacas adquiririo a claridade que thes falta traba- Thando sobre J ¢ £. ~ 0 cantor tem que chegar a inspirar sem que se ouga ‘© minimo rufdo. Eu costumo dizer “"Respirem com as ore thas”. 31 Alguns Exercicios Basicos Na mesma nota, bem ligadas, cantar as vogais i, i8, io, iu. O ditongo ajuda o trabalho do miisculo tensor do nariz. Subir e descer em semitons bem lentamente. Boca fechada— quando reprimimos um bocejo, os Ibios se fecham, o fundo da garganta est aberto, o palato se eleva, a boca se abre ao méximo interiormente. Nessa posicfio bucal, emitir M M M. Atengiio — os labios devem segurar esse M. . com firmeza ¢ ndo frowxos. Sé assim terd sonoridade. ‘Staccatos — Com as vogais ! © U—escolha a variacdo dos exerc{cios, de acordo com o adiantamento dos alunos, r do nariz © a firmeza dos Ifbios ao pronunciar as vogais do exerclci Intervalos de quarta—em todas as vogais. Otimo para trabalhar a afinagio. 32. RR forte—“Posicio de assobio"* — ponta da lingua contra os alvéolos. Pensar no R como se fosse 0 apito de ‘um guarda noturno (no esquecer a contragio dos miiscu- Ios gliiteos, abdominais, perfneo). Pode ser trabalhado nota por nota. Em arpejo (dé, mi, sol, mi, d6) duas, tr8s vezes seguiidas, dependendo do f6lego de cada um. Atengiio — Esse RR deve ser otevide muito sono- 70, fora do rosto e niio no centro do palato como muita gente fez Fortalecimento dos Idbios ~Invente quantos exer- cfcios quiser com as consoantes bilabiais (pa, pe, Pi, POs pu, ma, me, mi, mo, mu, ete.) promunciadas enérgica e ra- pidamente. Invente frases também: € muito divertido e til. ‘Ainda uf, ud, uf + oi, oi oi com os labios bem firms. ‘Articulacdo em geral—E. importante pronunciar ‘com um certo exagero nos exerefcios. Néo esquecendo @ firmeza dos labios, misculo tensor do nariz, o levanta- mento do palsto, das orelhas, assim como dos miscalos due sustentam seu diafragma ¢ seus misculos intercostais, isto é: abdominais, pélvicos, ghiteos e o perfneo. Saltos de oitava— De cima para baixo + Debaixo ppara cima, Nao esquecer a leve contracio dos misculos fiite0s e pélvicos, tanto quando cai na nota de baixo, co- mo quando vai para a nota de cima. Néo perca a tensGo dios misculos do nariz, ¢ pelo amor de Deus, sem porta- rmentos! Notas filadas— Atencio 20 atasuc da nota, a0 mis- culo tensor do nariz, as orelhas de burro espaniade, aos iifsculos gliteos, péivicos, perfneo. 33 Sem 0 trabalho destes misculos, seria muito diffel controlar a sustentacio destas notas ou sons. Consoantes — Fis-nos aqui na presenca de uma se- gunda arte, aquela que nfo tememos chamar “a arte das consoantes”. Fundamentalmente diferente da arte das vo- aais ¢ entretanto ligadas entre si, ela apresenta a0 cantor a larefa mais diffil, sem que ele saiba exatamente contra 0 «que batatha, 8 pronsncia das vogais, a0 atague do som, da respi- ragio que ele se agarra. ‘A culpada geralmente, nfo é a vogel e sim a consoante anterior on posterior, que pela obstrugao do “"molde inte- rior compromete a continuidade do som" ‘A beleza do som, sendo ela mesma a arte do canto, cexige do cantor uma prontncia flexfvel nftida, incapaz de alterar em nada a beleza do som. ‘As consoantes K, L, M, Ny P,R, S, T devem se tomar sonoras no final de uma palavra ou de uma sfaba, pela adigio de um é brand, porém nftido. ‘A consoante RR forte & muitas vezes um sério empe- cilho & boa articulaglo. A maior parte das pessoas pronun- iam atrés da boca, como se fossem escarrar quando, 0 cantar, € obrigatsrio (em qualquer idioma) deslizé-a até a Ponta da ingoa, Para a boa emissio do R forte, imaginem-se tocando um apito de guarda notumo, Exercfeios: Com (nha, nhé, nhi, nho, nhu + gna, gne, gni, gno, gnu) servem para tfabalhar e automatizar a contraco dos ‘mifsculos do nariz. ‘Nilo esquecer de renovar 0 enérgico levantamento dos mifsculos do nariz, sempre que algum intervalo ou entre ‘uma nota ¢ outra de uma escala descendente, a vor ameace perder a sonoridade. NOVAMENTE A VOGAL A fo modifique a pureza das vogais a, 6, d eno 4 © atuno encontard facilmente a perfeta ressonkncia do d puro “por baixo dos olhos” e a partir da vopal bem tscancarada como “mée" do cabito. TEncontado esse “& puro”, © 86 trazBlo com culo para.o contro do Ibi superior (sem abrir bocko) e entéo foromes A pur, aredondado, lindo de morrer! 35 A Grande Escala Preconizado como 0 melhor dos exercicios pela famo- sa Lili Lehmann, Subindo: d6, ré, mi, f4, sol sol, Ia, si, d6 Shin hael CSCS if, ia, & Descendo: dé, sol, If, sol sol, 4, {4 mi, ré, d6 fips Une LheCoee cD eclt,

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