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S52 SABER VERA ANQUTETURA inclufdos, tornarmo-nos € sentirmo-nos < mesmos ir, ser inclufdos, : rie mover. Todo o resto € didaticamente stil, Prat 2 i ct is € mera alu: ecessdri, intelectualmente fecund mas émeraalasie fis p ia des: que, todos nds, seres fisicos, ‘atdria dessa hora em 6s er Seo ore ie sobretudo humanos, VIVEMOS OS esPag0s com uma cepa integral orginica. erd esta ahora da arquitetura, le CAPITULO 4 AS VARIAS IDADES DO ESPACO Uma perfeita historia da arquitetura 6 a hitéria dos méltiplos coeficientes que informam a atividade edificatéria através dos séculos ¢ englobam quase toda a gama dos interesses humanos.A arquitetura corresponde a exigéncias de natureza tio diferentes que deserever adequadamente o seu desenvolvimento significa entender a propria histéria da civilizagio, dos numerosos fatores que a compdem e que, com a predominincia ora de um ora de Outro mas sempre com a presenga de todos, geraram as diferentes concepgdes espaciais; €, pois, hist6ria e apreciagio dos valores artisticos, isto é, das personalidades criadoras que, com base nesta cultura espacial ou neste gosto arquitetdnico, produziram obras-primas, cuja exceléncia nao € objeto de demonstragio, cujo contetido figurativo, por assim dizer, estd presente como ele- mento da cultura ou do gosto da idade seguinte. Nos limites entre os quais € legitimo esquematizar um pro- Cesso histérico-eritico, frente a uma época ou a uma personalida- de artistica, dever-se-ia, antes de mais nada, explicar os seguin- tes dado: 8) Os pressupostos sociais. Todos 0s edificios sio 0 resultado de um programa construtivo. Este fundamenta-se na situag%o econdmica do pais e dos individuos que promovem as constru- ses, € no sistema de vida, nas relagdes de classe e nos costumes que delas derivam, sa sABtA VERA ARQUTETURA in uais, que se distinguem dos ante- ee sacle Gun to actlcuvicanen eee rad ai umben'o Gue Gucrem scr, o mundo dos seus See eh ribo sacl das sprees c das crengan roll Bcpesucncstte nicos-e, por assim dizer, 0 progresso das cigncns¢ das sua aplicagbes no artesanato na indsria, com atengdo espectfica para 0 que diz respeito a técnica da industria daconsiugdo‘e&organizacio da respectiva miio-de-obra. 4) O mundo figurativo e estético, 0 conjunto das concepgSes e imterpretagdes da arte e 0 Vocabulario figurativo que, em cada época, forma a lingua de onde os poetas extraem palavras e fa ses para exprimir, em linguagem individual, as suas eriagdes, Todas as aries colaboram para lustrar 0 gosto e 0s meios expres. sivos: a forma da imaginagio poética, os temas da invengio cro- mitica, os modos do sentimento plistico, as predilegdcs des jiéncias musicais, as modas do mobilidrio e do vestir. Todos esses fatores, analisados niio mecanicamente mas no conjunto das suas relagbes varidveis, apresentam a cena sobre a qual nasce a arquitetura, as obras da qual indicam a supremacia ora de uma classe dirigente, ora de um mito religioso, ora de um prop6sito coletivo, ora de um problema ou de uma descoberta ‘enica, ora de uma moda galante, mas so sempre o produto da coexisténcia edo equilforio de todos os componentes da civiliza- sfoem que surgem, Uma vez descritos esses fatores materiais, psicoldgicos ¢ ‘etafisicos comuns a toda uma época, ibertos do contetido, pas ‘ise histéria auténtica das personalidades artisticas e \ histOria dos monumentos. A critica dos monumentos também pode articu. lar-seesquematicamente na seguinte classificago aproximativa: 8) andlise urbanistica, isto €, a historia dos espagos exteriores em que surge o monumento ¢ que ele contribui para criar: ) andlise arquitetdnica propriamente dita, isto é, a historia {da concepeio espacial, do modo de sentir e viver os espaos interiores ©) andlise volunétrica, isto €, estudo do invélucro mural que contém oespaco; AS VARIAS IDADES 00 ESPAGO Ss d) andlise dos elementos decoratiy. ‘0S, isto &, da escultura ¢ da Pintura aplicadas arquitetura e sobretudo aos seus volumes: ¢) andlise da escala, ou seja, das relagdes dimensionais do edificio relativamente ao pardmetro humano, Olleitor compreende que neste capitulo, que examina alguns dos temas fundamentais cspaciais com mais de dois milénios de hist6ria, nio se pretende nem mesmo tentar desenvolver uma his- ‘6ria da arquitetura, ainda que em forma de répido esboco, Esse é um propésito vasto e talvez coletivo, uma exigéncia vital da nossa cultura, cuja realizacdo € possivel, como é demonstrado pelo étimo compéndio de Nikolaus Pevsner e por inimeras ¢ excelentes monografias, das quais as presentes p&ginas apenas pretendem ser uma modesta contribuicao orientadora, Antes de escrever este capitulo fizemos a nés mesmos a se- ‘uinte pergunta: para dar uma ilustragio prtica do que dissemnos até agora, € melhor tomar um edificio (por exemplo, o tema criti camente ail igreje enhos ¢ fotogral com a descrigdo completa dos seus valores urbanisticos, da sua essen. cia espacial, do seu gosto volumétrico, dos seus detalhes plasti Cos? Ou entio aludir sumariamente as principais concepedes do espaco interior que se encontram ao longo da hist6ria da arquite- {ura ocidental, com um método que omite algumas importantes Tegras ¢ intimeras excegées, que toma arbitrariamente um edifi. clo como protétipo de uma época, 0 que é criticamente antididd- {ico porque pode ser confundido com o velho e absurdo sistema de explicar as caracteristicas dos “estilos” arquitetOnicos em lugar das obras concretas de arquitetura? O primeiro caminho apresentava-se seguro; 0 segundo, cheio de riscos, necessariamente lacunoso. Prevaleceu este tltimo por que a anilise de um monumento isolado tenderia a impor uma longa critica volumétrica e plastica de que o piblico ndo tem, de fato, necessidade, experimentado j na matéria e no método por Vinte anos de critica modema das artes figurativas ¢ por numero- 80s livros de estudiosos eminentes. O que falta ¢ a educagio espa- Cial, livre de mitos ¢ protecionismos culturais, francamente atre- Vida. Como vem fazendo hé alguns decénios a critica literaria, 56 SABER VERA ARQUTETURA critica pict6rica, como vem fazendo a pro. Pr a jeclaragio de independéncia dos tabus monumentais ¢ etn cobs, da covardia moral que bloqueia tantas histérias dg ac Pee ie mas além de Valadier, como se, de hd um scevic areata parte, mo tivesse havido contribuigdes artistas, criagsey Sepaciais, engenhos férteis e auténticas obras-primas. Por isso ¢ pretetvel para o nosso objetivo tracar um arco, ainda que unilate Pare apends superficial, das idades espaciais de Ictino, Calfcrates Cpidlas, aiéa nossa gerecio de arquitetos filhos de Le Corbusier de Weight, em vez de acrescentar mais uma monografa erica particular que deixaria por solucionar a questio sobre a validade feral dainterpretasdo espacial aqui defendida Acescala humana dos gregos O templo grego caracteriza-se por uma enorme lacuna e uma supremacia incontestada através de toda a hist6ria. A lacuna con- siste na ignorincia do espaco interior, a gldria na escala humana Se, em todos os tempos da erica arquitetOnica, encontramos fren. tea frente os exaltadores e os detratores do templo grego, se ainda Fioje vemos opostos nos seus jutzos os dois mais conhecidos arc tetos modemos e assistimos 2 admiragao que Le Corbusier lhe manifesta ao desprezo de Wright, isto depende de uns terem con- siderado a negagao do espago e outros acscala humana, Quem investigar arquitetonicamente o templo grego, buscan- do, sobretudo, uma concepgao espacial, fugiré horrorizado, assi nalando-o ameagadoramente como exemplar t{pico de nao: arquitetura, Mas quem se aproxima do Partenon ¢ 0 admira como uma grande escultura, fica encantado como s6 acontece diante de pouquissimas obras do génio humano. J4 vimos que todo arquiteto deve ser um pouco um escultor para poder trans mitir, através do tratamento plastico do inydlucro mural e dos elementos decorativos, o prolongamento do tema espacial; mas © mito que faz de Fidias, mais do que de Ictino e Calicrates, 0 idealizador do Partenon parece simbolizar o carter meramente €scult6rieo das construgdes religiosas gregas, através de sete séculos de desenvolvimento.

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