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Caros ex-colegas:
O fato é que fui impelido à deixar o cargo de diretor de Cultura, por ter
produzido uma obra onde interpreto um homem com distúrbios sexuais, e simulo
masturbação.
Não admito que meu caráter, minha honra e honestidade, e a minha capacidade
profissional sejam julgadas pelas cenas de um personagem fictício!
Ser relegado à posição de dispensável, por um trabalho sério que produzi e que
fora mal interpretado por uma minoria é, sinceramente, deprimente. O filme em questão
está disponível no Youtube desde fevereiro, quando também o divulguei em meu Orkut
e meu Twitter. Inúmeros foram os acessos, inclusive de pessoas de Maravilha. Neste
tempo, o trabalho foi muito elogiado. Em São Francisco do Sul, na TEIA Sul (encontro
de Pontos de Cultura da região Sul do país), presenciei o filme sendo aplaudido de pé
pelo público presente àquela mostra audiovisual; no mês de março, fui sondado por um
representante do núcleo audiovisual da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
– para lhe autorizar a incluir o filme no acervo da renomada instituição de ensino;
também em março, o filme foi exibido na TEIA Nacional (encontro nacional de Pontos
de Cultura), em Fortaleza (CE); sendo também em março, exibido em mostra paralela
na II Conferência Nacional de Cultura, recebendo congratulações pelo teor e pela
qualidade da produção. Mas, como toda obra incita reações e interpretações, ela
consequentemente não agradou a um determinado público, que por ignorância e
desconhecimento (muito se lê a Bíblia, pouco se estuda sobre a arte!) acabou
confundindo o resultado de uma produção fictícia com minha pessoa. O que me espanta,
de verdade, é que isto tenha sido o motivo de minha saída. Fiquei surpreso com a
posição adotada por todos os que sempre eu defendi.
Lamento muito por todos os encaminhamentos que até agora foram dados, e que
ficarão comprometidos. O Ponto de Cultura, algo por que tanto lutei e trabalhei, e que
agora que estava a pouco de ser implantado. O sistema municipal de Cultura, uma ação
que daria destaque à Maravilha, como cidade preocupada com as questões do setor. O
convênio com o SESC e todos os espetáculos que ainda virão. A FECIMAR e os seus
shows artísticos. A todos os projetos idealizados e implantados que eu coordenava.
Lamento, por todo este trabalho não ter tido valor algum, nem ao menos, para me
defender perante o inquisidor tribunal do Conselho Político do município.
Ainda agora não consigo sentir nada além de uma enorme perplexidade. Está
difícil assimilar tamanho golpe. Aos poucos vou percebendo que a racionalidade
política nem sempre é humana. Lamento.
Espero pelas palavras do prefeito Orli. Estarei sempre à disposição para qualquer
auxílio, da mesma forma que auxiliei enviando minhas propostas e intenções quando da
redação do Plano de Governo, na campanha eleitoral. Luto e lutarei sempre pela
evolução cultural de nossa cidade. Quem sabe assim, outros artistas não sofrerão
preconceito vil e poderão gozar de uma plena liberdade para se expressar.
Admiro e tenho enorme carinho e respeito pelo homem Orli Genir Berger.
Homem de coração bom, que a vida lhe transformou em político, e no qual eu dediquei
meu primeiro voto, acompanhando-o nas urnas em todas as vezes que pôs seu nome à
concorrência política. Agradeço a confiança em mim depositada e espero ter
contribuído, assim como espero sinceramente, voltar.
" E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-
lhe: Mulher, onde estão àqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse:
Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não
peques mais." (João 8:10-11)