Você está na página 1de 2
imeiro 139 assunto). (Psicologia de confessor e psicologia de puritano, duas formas do romantismo psicologico: mas também 0 seu oposto, a tentativa de observar “o ho- ‘mem’ do ngulo puramente atstico - ainda nao se ousa ali a apreciacéo contraria!) 10) Todo o sistema europeu das aspiracbes humanas tem consciéncia de seu absurdo, ou melhor, de sua “imoralidade”. Probabilidade de um novo budismo. O malor perigo. “Quais as relacoes entre a veracidade, o amor, a justia eo mundo verdadero?” Nao existe nenhumal 1 Niilismo 2. a) Niilismo, uma condicao normal. - Niilismo: faltarthe a finalidade: a resposta a pergunta “Para qué?” Que significa 0 niilismo? Que os valores superiores se de- preciam, Pode ser indicio de forca, pode o vigor do espirito au- mentar até parecerem improprios os fins que até entao de- sejava alcangar (“convie¢oes”, “artigos de fé") (porque a fé expressa geralmente a necessidade de condicdes de existéncia, a submissao a autoridade de certa ordem de coi sas que prospere e desenvolva um ser, proporcionandohe a aquisicao da poténcia...); por outra parte, o indicio de forca, insuficiente para erigit a si mesma uma finalida- de, uma razao de ser, uma fé. Aleanca 0 maximo de sua forga relativa como fora violenta de destruicao: como niilismo ativo. Poderiamos dar como seu oposto o niilismo fatigado que nao mais ata- ca: a mais conhecida de suas formas é 0 budismo, que ¢ ni ilismo passivo, como sinal de fraqueza; a atividade do es} rito pode estar fatigada, esgotacla, de tal forma que os fins e valores preconizados até o presente parecam impréprios endo mais se imponham, de sorte que a sintese dos valo- res e dos fins (sobre os quais repousa toda cultura sdlida) 40 Vontade se decomponha, e que os diferentes valores se g) entre si; uma desagregacao...; que tudo o que all tranquiliza, atormenta, venha em primeiro plano, s pagens diversas, religiosas ou morais, politicas ou cas etc. O niilismo representa um estado patolégico interi diario (patolégica é a desmedida generalizacao, a con\ sao que nao tende a nenhum sentido): ou porque as cas produtivas ainda nao estejam suficientemente sélidi ou porque a decadéncia ainda hesitante nao tenha dese berto seus meios. b) Condig&o desta hipétese. - Que absolutamente nao existe verdade; que nao ha uma modalidade absoluta das coisas, nem “coisa em si”. Isto propriamente nada mais € que niilismo, e 0 mais extremo niilismo. Ele faz consistir o valor das coisas precisamente no fato de que nenhuma realidade corresponde nem correspondeu a tais valores, os quais sao nada mais que um sintoma de forca por parte dos que estabelecem escalas de valor, uma sim- plificacao para conquislar a vida. 3. A pergunta do niilismo “para qué?” vem do uso, até hoje dominante, gracas ao qual fim parecia fixado, dado, exigido de fora - quer dizer, por alguma autoridade su- pra-humana. Quando desaprenderam a crer nessa autori- dade, procuraram, segundo uso antigo, ouira que soubes- se falar a linguagem absoluta e ordenar designios e encar- gos. A autoridade da consciéncia é agora, sobretudo, uma compensagao para a autoridade pessoal (quanto mais a moral se emancipa da teologia mais se torna imperiosa). 4, Neste caso, o sentido de “coisa em si” € 0 metafisico (Ding an Sich), pelo qual uma coisa subsiste em si mesma sem supor outra coisa, se- gundo o conceito kantiano e nao no conceito realista vulgar de existen- cia fore da representacao. Mas Nietzsche, em negando a “coisa em si”, nega 0 conceito Gntico, o noumeno da acepgao pés-kantiana, que afit- ma uma “existéncia” absoluta, fora da relacao dialética, em movimento. Nietzsche aceita somente a relacao tragico-dialética das coisas, em seu movimento de contradi¢ao, como ja expusemos no prélogo.

Você também pode gostar