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1: eoria Cientifica FE) ave “ sod i Py Rt ah { , < 4 NOPE OE ReeO Cnt Te) — BIBLIOTECA DR CEENOIAN AOCIATS Bronistaw MAUNowSKI : \ UMA ‘TEORIA CIENTIFICA DA CULTURA Traducto de José Avro Revise de Rosa Marra RuporRo ps SILA Moncim G. 8, Paraceina Segunda edigio S07, =D y = im 87 ZAHAR EDITCRES RIO OR JANEIRO ers f Rinaroananee Pitwio originel: A SCIENTICIC THEORY OF CULTURE AND OTHER ESSAYS Fublicado ros Bstndos Unidos peta The University . Erte toleme é a siltima deboracao que fornmulou desta idée. O Professor Mesinowski morrex 2 16 de maio de 1942. A pedido de Sr.* Sronishaw Malinowske revi o original até ser iapresss. Felizmen:e o préprio Professor Malicowsei Lavie worrigido 0 original dariogrefade att ¢ pigine 200 e ossim Timitet sinbas emendas 2 exros tipoprificos ¢ outros euponos Sbuos, “A abordagers hisica do Professor Malinoacski € adicio- naleente esclarecida pela inclusto, mesic eolume, de dois ensaios s¢ore inéditos. Conjessome grata 2 Sr* Bronis. law Meiinowska & 20 S. Bloke Espen pele asistencia gue ambos re fresteram ne prepara do ture pare publicaso Hurncron Carns Wnetington, D.C. 15 dp fevareizo de 1944 UMA TEORIA CIENTIFICA DA GULTURA ne: ae CAPITULO I Culture como Obieto de Investigacto Vientifica OD “zrruvo 20 Hosen” ¢ cersmtate um s6rale de algum mode protersiow, pira oo dar sbsundo, quando oplicado 1 Aatrogologia acadénica ne forma cma que ch se situa agora. Vérias disciplinas, antigas ¢ rcemes, venerivels e novas, tam bhém se ocupam’ das investigactes da naturcea humans. do tebilho masual hurcano ¢ das selagies entre os séres bums. tus. Podem reviulicn, sdibes clas, sei considciadss como ramos do legitimo Estuds do Homem. As mais velhes, certs mence, so 1s contribuigSes 4 filosotia mora, a teclogis, & histécia anaix oa oenos Iegencitia © ix interpretaghes de velhas leis ¢ coatunes. Pode oe eogoir a piste de tls contibuips aué cultures que ainda yerwnccem 2a [ade da Dodses lnkdal ie conceatraise em time de reconstragie dow primér- Gics de homers, na procura do Melo felunte” ‘e nss invest ges dos paral:los entre 05 achades préhistéricos e dados Stnogniticos. Remontendo Bs tealizesdes do duiny séculc, podiamos, 2a piur das HipStssts, ver nelis pouco mais do que tama colegio 82 peyas e-objetos de antiyaério, sbrangendo erudigio etnogriticn mediio ¢ coniegen de cténios = oses ¢ reunide de ‘dados senscionais a mespeto de rossos ancescrais stmihumanos, Essa eslin.alivs, contude, certament omitiris os melhores contribuicées do estudiosos pioacicos em cultrss humanss corpatadis, do_celibre de Herbert Sp ¢ Ado# Bastien, EB. Tyleee 7.71 Morgan, General Pits Rivers e Trederick Rael, W. G. Sumacr ¢ R. S, Seeicmet, E, Durkheim « A.G, Xelles. Todos ésscs penadores, apsin ‘cond alguns ce seus sucessores, fotam elaborande gradve- ence uma teoria dentifica de comportimeato econimico, 10 eontida de uma melhor conpresnsio ds mazurce humans, os secicdade ¢ cultura. Em conseqiércia, 20 escrever a respeito da abordegem sicntifica do Estalo’ do Hemem, 9 antropélego tem ume tatefa que, embora talvez aio seja facil, ¢ de sigume impor tincia, B ven dever definic em que’ scligio sealmeree ce situam de um part outro os xétics ramos da Ancropologis, Ble tem de detstminar o luger que ¢ Antropologia deve ocupar hho corjunts rasie amplo dor estados humenfstion. Tem ainda de recbrir @ velhy cuestio, em que sentido o kurmismo pode ser centfic, Neste encaio procurarei demaastiar ave @ panto de excontro rsa] de todos os xamos dt Antropologia € o estudo clentifco da ctltur, Tio logy v wntispéloge Fsico xeoonhesa fave “a niga 0 que a raga fax" teed ambi de admivie que qeaaquer medidas, classificagies cu cescrigSes de tipo tisico | Curren: ae nfo stm nenhuma selgvancia © menos ¢ até que pudermos correlacionae 0 tipo firico com o poder de crisgd0 culteral de fema raga, A tacela du imvestigador da 2rd Hisedria © do argued logo ¢ rezons:ruir a plens redidade vive de uote cultura do pasado a partic da evidéncia pascial, limitads © zemeucoecnr ee moaterais. © etnélag, par sua vez. que um 4 evidéncia de culturas primicivas atvais ¢ mais adiantadss, a fim de recmns- fruir a hitéria humaiu em térmos seja de evolegsa ow difusio, pode basear seus atgumentos em éados cientificos exetos Foenas sc compresnder o gue é zealmente cultura, Figdlmcste, © investigador einogrifico nfo yode observar a menos gue Saba o- que ¢ relevance e essencial € steje, déxse “nodd, op Gtado o deyiczn co sontecimentos etcranhas © forruices. Ein conseqigacie, a cota cientilic: em todo wabslho prinslpice tebricee obbre of susie trabalham e sua precisio téonica so deteeminidos pelo objetivo dessjade de sua atividade. Esse objetivo € um vake de ou cultura. E algo que ales apreciam porque satifsz uma de suas necessdadks vitsis, E uma condo indspeesivd de soa prépria existéncia. Bete senso de velor, conmdo. também se impregm ¢ dese permancatemente tanto 2 hsbildade manual como 23 cenbecimento :edrico. A atinde ciemffica, comoriticeds em téda a tecnologia primitiva e também ne ‘onginizzcio de empzéses eccndmicas primitivas @ na orgmniza gio social, aguda confianga ma experiéncia parseda com vists Wexocegio fursa, € um fitor glokel cue se deve prewumir ter estado om a0 desde os primérdios da Fumuidade, dewde gee 2 espe concyou sua earmza crup tomo fobr, som 0 sapiess € como kom poiticus. Se se extinguissem a 20 Una Teoara Crentirica pa Cuvrera atituds cientlfica ¢ 4 citimativa deli, mesms por ums gerasio, numa cormuniéade primitiva, til comonideds decsitla para wm cotade animel ou, mais provirclmeme, extinguirse: Assim, di suhstiacis inidal dos fattces smbiontes, dae séeptegdes carsals ¢ experénciss, 9 homem primitive, a0 ma sbotdagem cicatifice, Jolie de isdar ox feldres relevuntcs © corporiticflos em tistemas de selagces ¢ fatSree determiaantes. ou fren decisive em fudo isso era antes de tudo cis Helis, | Achame do fogn ets seessia para aquecer e codabar, pera dar seguranga e luz. Os instra- Frcmicn de pedis, as madcans ttabubeden © templcemedes, ws cuicies ¢ utecafin, tomb ahem de we, produidos « de gus o omen vive, Todas eset einidedes teenies prodativas eram bavcadas’ nurs teoria em que os ferdees tele vyantes eram isolados, em que o velot da exatidac tedrca eta apreciado, am que a prevsde no scelisagio era Kareada em experfnciss do ressedo, cuididosimeate formuledas, © ponte priccipal que ex estou tentando salientar aqui io é zante que o homam primitive tam eas ei¥acia, nat antes, em primeira Ingat, que a atitode centifica € ti> velha quarto a cules c, 2m segundo Inger, que « definigio -ainiza de citntis € detivada de quelquer execucic. pragmética. Se [Ose fos verificar essas concluiges quanto 4 saturest da dénda, extrafia de nossa sndlise das deseohersas, invercies ¢ tenras do homem rimitivo, pelo propresso da moderna Cigasia Fisica deste Copainico, Gallleu, Newton ou Faraday, ences- ttarlamos os meonos fatéres diferencais que distingvem o dientllico de outros modot de pensemento © comportamerto hummatos. Em tiie parte encontrimos, em primeiro lugar € prlncipalimente, 0 isolamerto dos faréres seein © relevances num Acrorminido proceso, A reslidece © « selovancia désiea fardres fo descobectas por observago ou experimentas, os uti estabelecem sue pemanente recorréncia. A coasteate verificacfo empfrica, assim como « ligacko original da teoris, experléocia cientificas, € parte evidente da propia exxéncia de ciincia. A teosa que lalhe deve cer emendids pela desco beta de por que fan. A incesante feriizao pelo inter cimbio de expeinca’ ¢ princfplos € Indipensivel, ror conseguinte, A citncia reelmente comeca qzando + princip.os gtruis sio submetidos 8 prova dos fatos, ¢ quando os protle- Darmagko Minima pa Cifvcra 2 mas priticos e as mlesSes cedricas de fardres relevinres io usidos ara manipular « tealidede ra asio Inmana. A defi- nigéo minima de citncis, por conseguinte, implica invariavel- mente 2 exittacia de leis gerais, um campo pare experimento oa observegio ¢ «.-, por fim, mez aes por isso menor importante, um contrile de raciociaio scadémico pela aplk ‘casio prétics, BE neste pont que os pretensder da Antenpslogir padiom ser sceitas. Beste estido, por vicos motives, teve de convergir pire 9 tem: exatral do’ vem canpo dus estudos bunuuistas, ou seja, e citura, Além disso, a Antropologis, especialacente em scus meets sspectos, tem a stu cédito o fate de que ‘a tmaiosia dor qne o els se cedicam cin abrigedae ao trahatho de campo exnvgrifico, ou scia, um tipo empitice de pesquisa. A Sutropobgia Goi lver 4’ pduscira de wédas xs Citacies Socisis a car o seu Taboratétio, [ado a Lido com @ sue oficine tedsica. © etndlogo extoda as realidedes da cultura sob a maior vatiecade de condigées embientes, racidis ¢ psicolécicas. Ele deve sez ao mesmo tempo petito os anc de observacio, sto €, no tabsho de capo etnelégico ¢ aa toorls de cultura. Em seu trabalho de campo e 2 suz andlise comparctivt da claire, epiendsa que nenhum déses dois o>jetives tem qualquer vaor # menos que sejem executades conjuntemente. Obervar significa selecionar, chssificsr, kobe rom hace na tcoria, Elaboror tenia teoria § rsvumit a televincia de cheer vagier pastadas © prever a confirmagio ou refutsgio empirica dos problemas te6rices spresentedos, Assim, om vérmor de sstudos histésioos, © antropélege reve de agr simul‘incemente come sea prdprio cionisia ¢ xuure uv uxciipulalo: des [ontes po: Be mesmo produzidas, Em térmos da Sociologia modems, o etntlogo, por meio de va earefs euito mais sinples, € caper de visualizer as cuburat coo um todo e cbeervile integrilmente por comisto pes. soal, Désse_medo, dle fornsceu s meio: parte Ja inspiracio no sentido des cendéncies teslmente cientificas dx Socislogin moderna, a anslise dos modernos fenémencs culturtis ¢ ds obscrvadio direta _cenvincents, ¢ niin intitiva, dis revelacice 22 ‘Usts Taorts Crenrfrica Ds Cunrena. Em conseyiiéacia, nie € tio fitil, endtil e prescncoso, cxrao podia de inicio’ parecer, dlscatir a abordagers cleotifioa do Esudo do Homem como s coniribulgio real da Antropo- logis moderna © fatura ao humanismo como ura todo. Neces- shames ama tor de culura, de sous processoe © predutes, do seu determiniso expedfico, de suz relagio com o2 fata Ibésicos da psicologia humana ¢ dos acontecimeatos orginices, dentro de carp Fnmano, eda depencéncis ds sociedade do anbieste, Eva teoria no ¢, de mode alzum, monopélio Jo actzopélogo. Ele tem, coarude, wma conttibukso special fuer, € isso pode provocar esforgos coitespondemtes por parte dos historadores de mentalidede emplricista dos. sociéloget, psicélogos @ cstudantes de atividales especifices, mo campo juridien, econémico ou ecueccionsl. Esta discussfo, mais ou mcaos pedante, sblre 0 cote sientifce, nos pagmitee, A Hissdae #8 Soeiongin, asim coms a Fronomia es Jurisprodéncia, devem assentar sevs alicetoes onida mie, conscientemmente e delibeiadousite uss bans wliday dy andiode ciexifics, A Citacis Social também deve trinsformatse a0 poder esriritual ustdo para o conitéle do poder mecinice. © humanism jamais delvard cle fer cent elementos artiticns, antimentsie ce momis, Mas a psSpria esséncia dos princlpios Aicos exige sun ffega, € isso apenas pole ser wliugidy ve © srluclplo € 180 verdadeiro ao fsto quanto indispcussvel ao_sentimento. Guta monivo pelo quil trtted tio explcitamente de defi- nisfo mfnima de cncie € ye, nam campo inteleamente nden Dermigh MINIMA PA CIENCIA 2 de investigaclo como x cultura, & perigoso pedi- cmprestede 03 métodos de uma da: disiplinas mais velhas ¢ mais bem fundedas. Os simiics orpinicos ¢ ¢s metfores mechnics, 3 consiceio dk que contar ¢ medir define a linba diviséria entre 4 dénca 0 conversa fads edo ico © muitse ootror aciffcios usedos parc tomar empiéstizoos 2a cepender de outra discplina tém feito mais mal que bem @ Sociologia. Nossa definieko minima implica que c papel fundamental de tida Gérela é dcimiter o cen lagitimo campo de agfo. Hla tem de emprega- métod>s de ycrdsdeira icentilicagio ou isola. rieato dos fatéres relevantes de sea procesto. Isso no & nada mals do que 0 estabelecimento de Icis gerais ¢ de con ceitos gue consudstanciem tais leit, Isso implica, naturalmente. que cada principio wérieo deve sempre ser treduxivel sum método de aberrvesio, e einds que ns obemrwarin acomp- nhemos cuidsdosamente es Lnhas de nowa anilis: conceptrsl, Finalmente, em tudo isso a inspiragio haurida dos rroblemar priticos — tais com peltdca colonial, trabalho trissiondrio, as Aificolaudes de conta de cultum e « trincalcamsio — pee lemas qne legitimamente pertencem 2 Antropelogis, € um invaridvel corretive das teories. era. GAPITULO wt Conceitos ¢ Métodes da Antropologia M cso. ora teove hiestio dis realizes anttopalégices estarie deslocada asste cnsaio, Um relaio completo ¢ adequato de toss og -ntentsses, pesquisas e teoriss actcca de pows ‘excticos e cultures remocas esté ainda para ser escrita.* Nio bi dévido que noma tal hstéra erend: mimere de fontes Gientificas de inspicag3o, esim com> amtiqualha: ¢ sensicione- lismos, scriam descobertos aos stabslhos de Llerédowo ¢ Técito, nos rlatas de Narco Pélo e des wiajantes porraguéses ¢ espanhéis <¢, mais tarde, nos dos desccbridores ¢ missiondrios doe sfcules XVI e XVII, A influénca césse hotizonte hhumirista’ cm expancio sore gas dos Encdopedisess Feinceies meteze mengio. cspceal. (4s naerativas de Bougainville e de clruns dos jcsuites franceses influencisram a teoris do Nobre Selvagem ¢ inspi- raram Rousceas = Moatecquies, em cajos ecetitos jf encen tramos duas fcotes de inspirecio antropolégica: 0 uso da vida priminva como um modéo pate o Homem dvilisado, beat como ume critica da ciilieasio por pamlelos coma selvafacia. Niles encontramos também 9 destio mais cientlfico de com- pirencer a culnurs coma am todo pela comperagio de emir variededes, Montesquicu : Oliver Goldsmith foram talvex os primelros que temaran vma compresnsie erftlea mis A © lero islery of Anthrepolery CLondres, 19241, 30 A. C. Haddor, ¢ concko, mas at worn 0 weelher- A thodred Yew of Aathropology Condres, 1633), ce T-K. Pennimar, € mala con- fifo, ming e alum mo’o pace snspieado he Huatory of Zana Togical Theory (Nova York, 1988), co RH. Lowie, ¢ clvertico, colaquial, ennteskadsmente partiedtic g mam wmpre exato, Concerns = Mérop0: ba ANTRoPoLociA. = 25. prefuoda da cultura que os cetcava pele comparisio com Givlicagbes exéticas A moderna Antropalogia cemegnt com iim pontode-vist: evolutivo, Era aliso. ammplamente inspirada pelos guides Exitos Jas interprempies darwicistar do descavolvimento Lic- Iigico e pelo deseo ce eletux uma aprenimicéo ente a decobertus préhisifrice ¢ oa elementos etaogrdicos. evolucionisrso, so momento, esti um tanto fora d= moda. Nao cobtants, suts ptincipais premisas nfo sdmeate sto vllidas, mas também do indispensévcis 20 investigader 4 campo assin econo tumbim 20 estudixo da teoris. 0 conccito de origem podia ser inerpretedo de cancra -bals prosaics cienttica, as nosso intcttsse cm remontar e tédi e qualquer manife= tag de vida homene nas suds formas mois simples continua to Iegltimm © to indispensdvel 2 plena comprecasto gulura questo 0 fére no tempo de Boucher de Perches e J.C. Prichard. Acedio que em tldma andlse scelaremos 2 opinido de que “origens” neda mois sio que a natutezs essen- cial de ums insiiio coms cassmento oa nario, famifia oo Estado, consregegio relgioes oe organisagio de broxaria, © conccita de “etmas” cortinva 13> valido quanto o de origens. Quslqver exquema evolutive de sucessivas camedss fe apeeiemments ens de et et rn geal oid apenat pana carise segibos ¢ sob certa: condigzet. No obeante, © principio geral de anSlise evolotiva permancce. Certss formas efntvamente precedem outras; ume etapa temopicr, ta como expressa em térmos como “:dede de Pedra", do Broaze”, “dade de Ferro” ou os niveis de oxganizacio em cli ow gcatio, de grupos numtricumeate peqtencs em csctsee dissemiangso centr coscentsagses stbenat on semé corbanas, um de_set consideracs do pontode-vista evolucio- rissa coimo a erate deexigss de um tipo especial de calture da mesma forma que em qualquer tentetiva de ocmpsraio ‘Ou represeraacio. em mspe. © cvelucionimn experimenton um ecipie tempordsia aab © aaque das escols do cxtreno difwsionista, também che males “histGrics”. Para ame visio jasia © ‘equilimda ex recomendara ap icitor 9 yerbéte sdbte 0 sssunto na” Pacey clopaedia of the Social Sciences, esctito por A.A. Gelder weser. O evalucionieme € ogoie 0 credo cattopolégice total 26 Uma Teorta Crewririca pa CunTuna mente sceito na Unio Soviética, mma forma, naturalmente, que deixa de ser cientitica, ¢ foi ressuscitedo nos Estados Unidos de maneira racional por virios jovens, notadamente A. Lesser ¢ L. White. A outra tendéncia dominante da Antropologia mais antiga pushe énfise fondamentalmente na difusio, isto & no processo de adosio oa empréstimo, por uma cultura de vétios inventos, implementos, institwigdes © crengas de outra. A difusdo como rocesso cultural € tho real ¢ inatacivel como a evolugio. Parece exato que nenhuma distingdo pode ser feta entre. os dois processos. Os partidérios de uma oa outra des escolas, contudo, « despeito da atitude de elgum modo intransigente hostil com que se enfrentam miituamente, tém sbordedo 0 probleme de erescimento da cultura de angulos difereates contribuldo de mancira independente para o seu exclerecimento, © inérito real da escola difusionista consiste no seu maior sentido do concreto, maior sentido histérico e, acima de tudo, nna saa concepedo das influéncics ambientes e geogrificas. Quer tomemos 0 trabalho de Ritter ou Ratzel, que provavel- mente podiam ser considerados pioneiros désse_ movimento, ‘verificamos que a corresio do evolucionismo mais antigo con- sie tin conan pics Winn devine contest do. 3. jontode.vista an:ropogeogréfico implics, por outro ae reg ghigarcayreuys mens natural. Como métcdo, também exige 2 apresentagio de pro- fblemas culturais com referéncia a um mapa, ea um mapa da distribnigio das culturzs em térmos de suas partes compo nentes. Na medida em que a ciéncia sempre ganha por mo mentar-se em outros sistemas de determinantes, ésse movimento prestou grandes servicas A Antropologia. A. brecha entte 0 evolucionismo € 0 difusionismo — ctda um déles, naturalmente, contém uma série de escolas pareiais © opinides divergentes — ainda aparece como 0 prio. cipel divisor de dguas no método ena formelagéo conceptual. ‘A essas_duas, acrescentase 3s vézes, no momento, a escola funcional, pela qual o autor & fregiientemente apontedo coma sendo o'maior responsivel. Na realidade. todavia, ¢ sob a Tente de aumento de um exame mais acurado, podiames apurat uma vatiedade muito maior de tendéncies, teorias © métodos: cada um dales caracterizado por uma concepcio definitiva do Conctrros © MéTovos Da ANTROFOLOGIA 7 que € 0 principio real de interpretagio e tendo uma abordagem specifica por meio da qual stingir a compreensio de um proceso ou produto cultural; indo cada um déles 20 trabalho de campo com ume série de algum modo diferente de com- imentos intelectusis nos quais reunir ¢ distribuir as provas. Assim, hi um método comparative, no qual o estudioso se interessa fundamentalmente em reunir ampla documentagéo cultural, tal como vimos no The Golden Bough, de Frazct, ou em Primitive Culture, de Tylor, ox nos volumes de Wester- marck sdbre 0 casamento e a morte. Nesses trabalhos, os autores se intercssam fundamentalmente em pér a nu a natu reza eccencial da crenga animista ou ito mégico de uma fase da cultura humana ou um tipo de organizagao exiencial. claro que 0 conjunto dessa zbordagem pressupde ume definigio realmente cientfica das rcalidades comparadss. A menos que alinkemos, em nostor imensos inventérios, fendmenos real- mente comparivels, ¢ no scjemos jamais iludidos por simils- ridades de cuperficie ou analogias fletfcis, uma grande parte do trabalho pode induzir a conclusées incorretas. Lembzemo- ‘nos também de que o método comparativo deve permanecet como base de qualguer generalizacio, de qualquer principio teStieo, ou de qualquer lei universal aplicfvel ao nosso campo de acho. Outro anifcia epistemolégicn as vézes utilizado exclusi- vemente, de vee: completamente rejeitado, € a interpretacio psicolégica de costume, crenga, ou idéia. Désse modo, 2 “de- Enicdo minima” de religiéo, de Tylor, ¢ todo 0 seu conceito te6tico de animismo como a esséacia da fE ¢ filosofia primitiva, sio fundamentalmente psicolégicos. Uma série de autores, tais como Wundr ¢ Crawley, Westermarck ¢ Lang, Frazer e Freud, abordaram problemas fundamentais como as origens da magia da religito, da moral e do totemismo, do tabu e da mana, propondo exclusivamente solugses psicolégicas. As vézes 0 pensador ndo faz mais do que repensat em ttrmos de filosofia de gabincte o que 0s primitivos teriam ou deviam ter pensado ou sentido sob certas condigSes, e como, por fra de tals Pensementos ou seatimentos, um costume, uma crenga ou uma peftica se ctistalizou. ‘Um grande ervdito escocés, W. Robertson Smith, foi talvez 0 primeiro a insistir claramente sébre 0 contexto sociolégico em thdas as discussBes, nfo apenas 28 Una Tsorma Crenrfrrca pa Currura sbbre « organizagio de grupos mas também sébre 4 crenca, ritual e mito. Foi éle acompanhado pelo grande sociélogo.¢ antropélogo frances Emile Durkheim, que crioa um des mais complcios ¢ inspirados sistemas de Sociologia. ste, conmudo, estava desfigurado por czrtos preconceitos metafisicos ¢, acima de tudo, pela completa tejeigio mio apenas de especulagses intospectivas psicolgicas, mas também de qualquer referéncia 4 base Biolégica do comportamento humano, De mouites mz- aneitas, todavia, Durkheim pode ser considerado como um dos representantes "mais seguros dessas tendéncias, na moderna Sociologia, que visam acima de tudo 3 plena compreensio cientifica da cultura como um fenémeno expecifico, ‘Uma ou das tendéncias ou atitudes especficas ainda tm de ser mencionadas, As palavras “‘histéria” e “histérico” tém sido freqlientemente usadas neste ensaio. Estou usando estas palevzes para descrever qualquer processo ou desenvolvimento geral que posse ser reconstraido de uma mancica mais on ‘menos satisatGria, ov que tenba de ser admitido como uma hipétese de trabalho. Todavia, a fim de tomar um processo histérico roalmente significativo em térmos de explicacio ou anilise, € acims de tudo necessirio provar que estamos, 20 longo’ da coordenada do tempo, ligando fendmenos que’ 330 rigorosamente compardveis. Fésse postivel delinear as modifi- cagGes ra hisidria das iostiwigGes imtecuay dene da resis cultura européia por sbbre o expaco de uns quinhentos anos; f6sse posetvel, zlém disso, demonstrar em cada etapa como essas modificagSes ocorreram ¢ como foram determinadss, podiamos indubitivelmente dizer que atingframos @ posi¢io de uma his téria cientlficamente elucidativa. Mesmo dentro do dominio da bisi6ria eserita, contudo, os elementos que nos_permiciram reconstruir uma hist6tia realmente cientifica so muito escassos, ¢ geralmente permitem, na melhor das hipSteses, reconstrucBes patciais to inteligentes ¢ esclareeedorss quanto ss que encon- tramos nos trabalhos de Taine, Lemprecht ou Max Weber. Uma vez mais, como em nossa critica dos métodes compara tives ou difusionistas, o valor dos resultados depende de uma definigio realmente cientifica da instituigdo que acom- panhamos em nossa investigacio. Em linguagem entropolé- fica, o: térmos “historia” e “histGrico” nunca ‘quanto eu possa compreender, definidos satisfatdriamente. Concarros x Mérovos ps ANTROPOLOGIA. \ 29. Uma ou duts abordagens & Antropologia teérica nasceram 1a pocita e confusio de um museu emogrifico. Os resultados tém sido, em conjunto, um tanto pericioses. Os objetos matetisis, como veremos, desempenham um papel muito espe- cifico em culture: Tomar um artefato como modelo de. um elemento cultural 4 extremamente petigoso. As principals criticas que feremos contra o Kulturkreislebre sto ditigidas 20 sofisima de tomar a forma fisica de um artefato como o prin. cipal ou exclusivo indice de identificaco cultural. O difu- sionismo, principalmente por intermédio de certas toupeiras de museu como Gracbner ¢ Ankermann, tem sido vinculado com 2 inspiragio de objetos mal claseificsdo: e mal definidos, amontoados indisctiminadamente em vittinas e pores de um velho edificio. Uma vez, porém, que a base do difusionismo deve ser uma correta identificaggo das realidades culturais ccartografadss no mapa, as falsas identificagées xesultantes dos famosos ciitérios de forma © quantidade tém perturbada o desenvolvimento seguro do que, de outro modo, seria uma tendéncia essencialmemte 2ceitivel De algum modo aparentado a inspirasio heurida de objetos mortos colecionados num maseu, foi 0 fmpeto derivado da Arqueologis ¢ da préhist6ria. No caso, porém, 0 prdprio cenirin ambiente de toda o problema — cua relaglo com 2 cstratificagao geolégica; 0 fato de que os vestigios masterisis freqiientemente nZo se limitam spenas a artefatos, mas contém despojos de sétes kumanos, relacionados a vida ox i morte, ¢ também reliquiss de atividades vitsis — nado isso tornou @ influéncia da Arqueologia sempre mais estimulante ¢ conver genie para o verdadeiro problema cientifico, Este indubicivel. mente se concentra em t6mo dos principios sBbre os quais © arqueslogo pode reconstruir totalidades cultarais de despojos fou indicior parciais. Em verdade, todo 0 método de tracar paralelos entre objetos emogréficos e achados préthistdricos foi inspirador e proveitoso, especialmente na medida em que © arquedlogo © 0 exnégrafo estavam ambos interessados nessas leis de processo e produto cultursis que nos permite zclacio- nar um artefato 2 uma técnica, uma téenica a um objetivo econémico, e um objetivo econémico a alguma necessidade vital do homem ou de um grupo humano. A arqueologia americana, especialmente a da regizo do Sudoeste, lidando com 30 UMA Taonia Crenrirtca Ds CurTura remanescentes intrlnsccamente relacionados a culturas ainda existentes, teve um campo mais proveitoso e fz muito bom uso déle ‘no brilhante trabalho de Bandelier e, mais recente- mente, de Gladwin e Haury. Recentemente a escola psicanalitica trouxe para o Estudo do Homem um pontode-vista especifico, talvez unilateral, porém importante. © antropélogo € talver mais reservado s6bre 0: conceitos de “‘inconscicote”, “libido”, “complexo de caste”, ou 0 motive do “‘retGrno a0 tirero”.” A. contribuicfo real da Bsicanilise € a sua insisténcia s6bre a formario ‘de atitudes mentais, isto & também sociolégicas, durante a pri meita infincia, dentro do conteato da instituigio doméstica, devida a infludncias culturzis tals como a educagio, 0 uso da autoridade patcrna c certos impulsos primétios associados com sexo, nutriglo e evacuaclo. Na verdade, Sigmund Freud de algum modo conseguiu romper 0 nosso tabu ocidental a respelto de varias “indecéncias”, de forma que qualquer pessoa que empregue jargio psicanalftico pode agora discorrer sbbre quer assuntos relacionados com a patte inferior do corpo humeno, a qual estava préviamente banida nfo apenas da sala de ‘visitas mes também da eula ecadérrica. Muito tece temente, foi criado no ramo norteameticano da confraria psicendlitica uma énfase, para nio dizer uma superénfase, sbbre influénciss culturais, que eugura uma colaborscéo pro- veitoza entre a Antropologia ¢ 0 estudo do inconsciente.? Minha convicgio quanto a sua fertilidade € devida ao fato de que os psicanalistas estio empenhados em procurar impulsos orginicos como determinantes de culture — uma posicio que ‘me foi favorita desde 0 inicio de mex trabslho em Antropo- fogia e que estudei exaustivamente no meu verbéte “Cultura”, na Encsclopeedie of the Sociel Sciences. Ademais, a Psict- niflise nunca serd capaz de desprezar a relagio orginica dos alementos culturais consubstanciados nos agrupamentos sociais. Bsse tipo de Psicologia se ocupa de fatfres tais como autoci- dade ou uso de férga, 0 desdobramento dos desejos orpinicos € sua transformacio em val6res, 0 estudo de normas como meios de repressio. Tudo isso’ jé encaminhou muitos patti 2 Gf 0 livro recente ‘The Mdividuat and Hle Society (Nova York, 1939), de A, Kandiner eR. Linton, Conczrros © Méropos pa ANTROPOLOGIA. =, 31 ditios de Freud na direcio de um tipo de anilise institucional mais ou menos sistemética, dentro da qual éles colocaram processos mentas, A aprovigio da Psicanflise nfo desmerece de mancira alguma da grande importincia que 0 bebaviorisme promete adguirir como Psicologia bisica para 0 estudo dos processos sociais © culturais. Por behaviorismo quero designat 0: mais novos deseavolvimentos da psicologia de_estfmuloeresposta, elaborada pelo Professor C. Hull na Universidede de Yale, ‘Thoradike na de Columbia oa H.S. Liddell na de Corel. 0 valor do behaviotismo é devido, em primeiro lugar, ao fato de que seus métodos so idénticos, no tocante 3s limitagdes ¢ vantagens, 205 do trabalho-de-campo antropolégico. Tra trando com gente de uma cultura diferente € sempre perigoso user_o curtocincuito de “‘empatia”, que geralmente cquivale a adivinhar 0 que 2 outra pessoa podia ter pensado ou seatido. © principio fundamental do investigador de campo, assim como também 0 do behaviorista, € que as idéizs, emagées © con: ses nunca prosseguem a condurir uma ‘existéncia ctiptica, cculta dentro das profundezas inexploraveis da mente, con: Giente ou inconsciente, Téda Psicologia experimental, ou scia Psicologia pare, pode lidar apenas com observagées ‘de com. portamento aberto, embora possa ser titil rclacionar tais obser- vagves A taquigrafia da interpretagao introspectiva. © problema de admitirmos ou no a existéncia de “cons- ciéncia”, “realidades espirituais”, “(pensamentos”, “idéias”, “crencas” © “‘waléres” como realidades subjetivas na mente de outras pessoas é esseacialmente metafisice. Nao vejo raxio ainda por que tais expresses diretamente referentes 4 minha propria experiéacia nfo devam ser introduzidas, contanto que fem cada caso sejam definidas em térmos de comportamento aberto, observavel, fisicamente verificével. Na realidade, tid a teorla de simbolismo que serf resumidamente delinesda aqui consiste na definigao de um simbolo ou idéia como algo que pode ser fisicamente testemunhado, descrito ou definido. As idGias, pensamentos e emogdes ttm de ser tratados com todos (08 outros aspectos da cultura, tanto funcionalmente como for- malmente. A abordagem funcional permitenos determinar o contexto pragmftico de um sfmbalo e provar que na redlidade cultural um ato verbal ou simbélico se torna real sdmente por 32 Una Teoria Crenrfrrca pa Curura meio do feito que produz, A sbordagem formal € a base éra a nossa conviegéo e prova disso, porque em trabalho-de- campo sociolégico ¢ etoogréfico € possivel definir as idéias, as crengss, az cxistalizagées emocionais de uma cultura comple. tamente diferente — com um alto gtas de precisio © objetividede, Neste tdsco e sépido levantamento das vérias abordagens 8 interpretagio antropolégica, de compreensio ¢ de documen- tagio, nos ocupamos de vaias categories de exposigio e critics. E necessério distinguir claramente entre 0 programa, 2 ins ragio c o interésse principal de um evolucionista em oposicao aos de um difasionista, um psicanalista on uma toupeita ‘de museu. As realizagies de cada excola podem ¢ devem ser em grande parte medidas pelo que elas se propuseram fazcr. ‘Ademais, ¢ numa ctapa posteriot, um estudioso interessado na histéria do pensamento antropolégico serf capaz de por cordem nessas realizecGes, deliminar as legitimas reivindicagses do difusionismo em comparagio com a interpretacio evolucio- nista; da unilateralidade sociolégica de um Durkheim contra as andlises introspectivas de um Wundt. Por agora, podemos pemitiraos adotar uma perspectiva universal € mesmo edé- fice e admitir que as escolas e tendéncies da Antropologia, 20 seguirem em parte seus prépries programas mais ou menos embleiosos, € a0 elaborarem, em parte, métodos, teorlas © princfpios ‘a fim de exccutar éssts programas, aperfeicoaram me estrutura respeitével, embora néo totalmente harmoniose ‘Alguns trabalhos, como o livro Ancient Society de L.H, Mor- gan, a. maie completa e intransigente exposigdo des tendéacias evolucionistas; 0 Children of the Sus, de W.J. Perry, uma exposigio erudita e ambiciosa do difusionismo.extremado; os sete volumes da Vélkerpsychologie, de Wundt; 0 magnifico conjunto da obra comparativa de Frazer, The Golden Bongh; The History of Human Marriage, de Westermarc — védas ‘esses obras merecem nosso respeito ¢ admireczo. Neste contexto, todavia, estamos acima de tudo interes. sedos. nos alicerces do ediffcio, ou seja, na contribuicéo real- mente cientffea contida nesses vérios trabalhos. E aqui terla- mos provivelmente de realizar uma obra cm parte inspirada pela profissio de demolidor de casas, uma obra certamente tna qual indmeros pontos fundamentals teriam de set postos Concertos = Méronos pa AnTRoPoLociA 3 em divida © apontados um ou dois erro: percistentes do método, Do lado positive, darfamos provivelmente crédito 4 um pesquisador como L.H. Morgan em primeiro lugar pela descoberta do sistema de dlassificacéo de parentesco ¢ pela sus resolute persisténcia em estudar os fundamentos das rele- pioneira de gi méioda de relacionar cousalmente os fatdres relevantes da orpanizagio bumana ¢ sua capacidade de distinguir, na maior parte de seus trabalhos, as linhas mesteas das instituigSes humanas. Wester sack contribuin mais, para $ ee onherimento do. casa- mento bumano ¢ da fomil correta apreciagio de tais relagocs ¢ da viulidade da instiuigto domestica, por sua penetrante percepsio intuitive quanto ao papel puramente ceri- monial de vérios tos nupeiais, de que por sua vinculasio evolucionista do casamento bumano com 0 acasalamento de macacos, péssaros e répteis. As contribuigdes_especificas. ¢ permanentes de Robertson Smith, Durkheim, Freud ¢ scus discfpulos j& foram registrades. Uma escola até agora no mencionada recebeu de um modo getal menos apreciagio do que realmente merece, talvez apenas por causa da modéstia ¢ limitesio cientfica de sca programa Quera referinme 3 escola de R.S. Steinmers © seus discipulos, que talvez mais consistentemente do que quelqucr outro satisferse com andlises cientificas de fatos socials e ssaltarais © no com ambiciosos csquemas reconstrutives ou reinterpretativos. Onde encontramos as principals deficiéacias das virias escolas clissicas de Antropologia? Na minha opinio, clas sempre se concentram em tro da questio de se, a0 construir tum sistema de etapas evolucionistas ou 20 delincar a difusio déste ou daquele fendmeno cultural, 0 estudioso dedicou sufi- ciente atengio 2 andlise plena ¢ clata da realidad: cultural gue exemina. Aqui seria possfuel mostrar que através de virias decenas ou centenss de livros © artigos dedicades 20 casamento primitivo, aos clis e relagées por patentesco, de Bachofen, McLennan c Morgan, os esctitos da escola alemi, scja socialista on juridica, até 20s pretensiosos trés volumes de Robert Briffault, dificilmente pode ser encontrada uma Gnica 34 Uma Teoria Crenrfrica pa CuLrura andlise clare do que se quer dizer por uma instituigio domés- tet, oa relagGes por parentesco. Na verdade, foi equi que ‘positores da teoria de promiscuidade primitive, tais como Starcke, Westermarck, Grosse e Crawley, realizatam trabelho ‘muito melhor no tocante 4 abordagem cientifica real, ¢ seus pontosdevista sio agora quase universalmente aceitos por todos 0s modernos antropélogos competentes. Além disso, a principal critica que pode set dirigida contra a valiosa andlise de magia de Frazer € que éle concentrou sua atengio em primero lugar sObre 0 rito e a f6rmuls, ¢ nao se deu conta suficientemente de que a megia € 0 que a magia faz. Por éste motivo, a execugio situal nao pode ser plenamente entendida excety com relaggo & exccucio utilitarista pragmética em que estd baseada, e 8 qual esti intrinsecamente telacioneds. A andlise de Tylor do animismo ressentese do fato de que #e considerava 0 bomem primitivo como um filésofo raciocinante, esquecendo que a religiZo, primitiva ou civilizds, € um esféxc0 ative organizado para permanecer em contato’ com podéres sobrenaturais, para mfluencié-los, e obedecerthes os manda. ‘mentos, Em tudo isso podemos ver que no foi dada suficiente tengo até agora aquela atividade cientifica que descrovemos num’ capitulo anterior, ¢ que consiste cm definir e relacionar claramente os fatéres seleventes que agem em fatos culturais tals como a magia, 0 totemismo, o sistema de clas e a insti tuigo doméstica. ¥ necessério demonstrar, em primeito Tugar, que um fenémeno que descjamos comparar em varias culturas, que desejamos delinear em sua evolugio ou acompanhar em sua difusdo, & uma, legitima unidade de observacio ¢ de exposigio téérica. 1 necessério definir clara e precisamente onde os determinantes materiais, as agGes humana, as erencas ¢ idéias, ou seja as reslizagses simbélicas, entram em tal uni dade ou realidade de cultura, como interagem ¢ como adquirem ésse caréter de relagdo permanente, necessitio a cada uma delas, H Sbvio que esse deficigncia inicial em andlice teérica teve também uma influéncia. mi sbbre 0 tabalhodecampo. O cbservador, quer endo livros de instrusio ¢ orlentagdo como Notes and Queries (Observagées e Interrogisées), quer inspizado pelos inimeras e froqiientemente divergentes teorias, coletou elementos isoldos em vez de investiger relacées Concertos © Méropos DA ANTROFOLOGIA. 35 aaturais, intrinsecas ¢ recorrentes. S: ente dizer que as relagies entre fator e fOrgas $30 ta0 importantes quanto os elementos isolados que existem nessas relagSes opostos uns 205 outros, Em ciéncia real o fato consiste na coneaio, contanto que esta. seja realmente determinada, universal e ‘cientifica- meate definivel. Hi um ponto, todavia, sibre o qual as vérias escolas mais velhas cometeram 0 pecado de ago em vez de omissio. Exe € 0 conctito acritico ¢ as vézes mesmo anticientifico dos “pesos- smortos” ou fésseis culturais na cultura humana. Por itso eu proponho o principio de que as culturas dio abrigo, em medida considerivel e em posigdes de importancia estratégica, « idéias, erengas, instituigées, costumes ¢ objetos que realmente ni0 pertencem 20 seu contexto. Nas teorias evolucionistas, ésses Pesos mortos aparecem sob a denominacio de “sol © difusionista denominaas “tragos de’ empréstim plexos de tacos”. No tocante A sobrevivéacia, eito a definigéo dada por A A. Goldenweiser, que certamenie nZo era um pattidério das doutrinas evolucionistas, Uma sobrevivéncia € “um sepecto cultural que nfo se ajusta no scu meio cultural. Hla persiste mais exatamente do que atut, ¢ sua fungio de algum modo nao se harmoniza com a cultura circundamic”. Esta é, talver, 2 melhor definipio do conceito ¢ seu autor acresceata: “Sa bemos, naturalmente, que sobrevivénciss cxistem. Elas repre sentam, de faro, um aspécto constante © onipresente de todas as cultures.” Tenbo de discordar desta opinigo. Seria melhor discutit 0 conceito com referéncia a nossa propria cultura, que indubitivelmente di mais oportunidade para a ocorréncia de sobrevivéncias, devido & vertiginosa velocidade do progress0 10s nostes dias, do que podiamos encontrar em qualquer outza situagio histérica. Onde encontrarfamos sobrevivéaciss? No desenvolvimento tecnolégico, 0 veiculo a motor substituin 0 gue era puxado a cavalo, Uma carroga puxada a cavalo, ou mesmo — ¢ ainda mais — um cabriolé, ao se “‘adaptam” 2s ruas de Londres e Nova York. Essas sobrevivéncias, todavi corres, O eabriolé aparece em certas horas do dia ou da noite, € em certos lugares. Serf uma sobrevivéncia? Sim € alo. Se 0 f8ssemos considerar como o melhor ¢ o mais ripido ou o mais barato meio de locomosio, naturalmente éle 36 Una Tsorta Crnnrfrica DA CULTURA setia tanto um anscronismo como uma sobrevivéncia. Mes € 6bvio que le mudou de funcio. Deixa sua fungio de hharmonizar-se com as condigées atuais? E claro que nfo. Um meio de locomogio to antiguado € usado por sentimento retrospective, come “uma incursio a0 pessado”; freqiento mente, temo dizer, éle se movimenta quando 0s passageiros ‘estio ligeitamente de pileque ou com inclinagées romAnticas. Nio ha divide que a sobrevivencie persiste porque adqui- sia uma nova significagio, uma nova fungio, mas a menos adotissemos alguma atitud: definitivamente moral ou de av Tiago estimativa, em ver de estudar o fendmeno como tle agora se desenzola, fariamos simplesmente uma descrigio Sncorreta de seus usos e sua significagio. Os modelos anti quidos de automéveis nfo sio usados simplesmente porque sobreviveram, mas porgue as pessoas nfo tém meios para comprar um carro mais névo. A fanedo € econmica. Se passdssemos a attificios e instivuigSes mais importantes ¢ mesmo racionais, poderfamos mencionar a larcira aberts sinda tente na Inglaterra e em certas partes da Franga, em oposicz0 4 calefagio central. Nisso, contudo, sc levarmos em conside- tagio, plenamente, os hébitos, atitudes e tipo de vida esportiva ing'éses, © 0 apégo A fungio e prestigio de uma larcira oa convivéncia de uma familia, teremos simplesmente de declarar que cla desempeula um papel definidy wuz casa inglésa ow ‘num apertamento em Nova York. dano real feito pelo conceito de sobrevivéncia em Antro- pologia consiste em que éle funciona, por um lado, como um icio metodolégico espirio na reconstrucéo de séries evolu- Gonistas; ¢, pior do que isso, € um meio eficiente de fazer observacio ‘de curtocircuito cm trabalhode-campo, Tomese, por exemplo, 2 memordvel descoberta de Morgan dos sistemas de classficacio de parentesco. Ele os considetava como sobre- vivénclas de uma etapa evolucionista anterior. Considerando que Ge foi capaz de observar a relacio extraordindriamente préxima entre o modo de dar nome a patenics a organizacio da instituigo doméstica, parece quase incrivel que inda tenha afirmado que as duas estavam em discordincia. ois, no sistema de Morgen, verificamos que a nomenclatura de clasi- Ficaglo sempre cmodamente sobrevive na mais clevada etapa seguinte, sem divida a fim de dar co eniropélogo a pista Concertos = Mérovos pa ANrRoroLociA | 37 para a reconstrucio da etapa anterior. Isso, todavia, significa na realidade que sétes humanos, sempre mal representados em relasio uns 20s outros © co mundo em geral, sio envolvidos por condigies reais de parentesco. Em téda sociedade nativa (os parentes eram falsamente, ou pelo menos inadequadamente, classificedes. A velha nomenclatura sobrevivia enquanto novas condigées jf haviam surgido. Este exemplo de uma sobrevi- véncia mostra, em primeiro lugar, que aeahuma compreensso clara do papel da linguagem pode ser obtida enquanto conti muarmos © nosso dormitar dogmitico no cémodo sofé da teoria da sobrevivéncia. Em segundo lugar, tal _conceito sempre permancceria no caminho de qualquer tabalhode- -campo detalhado e meticuloso visando a observasio de como 8 ago Lingtifstica de dar nome é realmente relacionada a outras atividades ¢ interésses que constituem a relagio entre pais ¢ filhos, irmfos e irmés, parentes ¢ membros de clas. © conceito se revelou igualmente destrative no tratamento des ccriménias de casamento, como sobrevivénciss de uma etapa mais antiga, nas quais © simbolismo da caprura ou da compra, ou certas liberdades tomadss com rclacio 3 noiva foram concebidos como sobrevivénciss de modos. zeais, ante- Hotes, de casar. No caso, ésse conceito também retardou demasiado nossa compteenséo gradual de que 0 chamado prego da wives wus € uune unas wuciciel wes uu aitiliis legal com fungées complesas, porém perfeitamente claras ¢ plenamente dbvias, no terreno econdmico, juridico ¢ seligioso. Tome-se qualquer exemplo de “sobrevivencias”. Verifcar-se, cima de tudo, que o caréter sobrevivente do chamado “rema- nescente” cultural € devido fundamentalmente 2 uma andlise incompleta dos fatos. Verificarsc- também que a maioris des sobrevivéncias, principalmente aquelas que tém sido afirmades a respeito de importantes instituicocs, elementos fondamentais ou costumes, tem gradual e progressivamente desaparecido da teoria antropolégica. O prejuizo real cfetuado por éste conceito foi retardar 0 trabalho-decampo eficaz. Em vez de pesquiser em beneficio da fun¢io atual d= qualquer fato cultural, o observador se satisfaria simplesmente com atingir uma entidade rigida, contida em si mesma. Uma critica adversa semelhante deve ser aplicada a0 com- ceito fandamental da maioria das escolas difusionistas, aquéle 38 ‘Una Teoara Crentieica DA CULTURA do txago ¢ do comple de tages, Em diffe, como em qualquer outta pesquisa comparative, em primeito lugar o probleme de identidade tem de ser'enfrentado e resolvido. Q crédito por havé-lo enfrentado pertence pionciramente F. Gracbner, um alemio, etndlogo de musea, que no inicio de gue caztcita especializorse em Histéria ¢ ctioa os famosos ¢ freqiientemente repetidos critérios de forma e quantidade na sua obra de desbravador; Methode der Ethnologie (1911). Impugnei ésse attificio metodolégico como. fundamentalmente anticientffico, ¢ como fundamentador de t8da a disciplina do difusionismo em licerce anticientifico, no verbéte “Anthro- pology” na décima terceira edicio da Encyclopaedia Britannica, a maneira como se segue: Graebner, 0 representante maximo da escola difustontsta, suse tenta que todas as Tegularidades do processo cultural sto "els da Vida ments” e que “seu estido clentiffen e metodalégien & passive) ‘apenas €o ponto de vista pslectogico” (Graebner, pag. 582, 1925) 9 [asso que Pater Schmidt, Wissier, Lowle @ Rivers usar cons tantemente intarpretagses psicalégicas. Em consegléncis, nenhum antropdlogo hoje em Gia deseia «liminer completamente estudo {do procesto mental, mes tanto aqudles que aplicamn explleactes palcologicas desde o principio como og que desejam wstas depois que a cultura fol "ristoricamente analisada” esquecem que a Interpretagdo da cultura em térmos de peicologa individuel & tao nati quente a simapleg andllse nistériea; @ que dlsgociar os estu- dos da mente, scciedade ¢ cultura € aniecipar os resultados. ‘do influente ¢ unilateral quanto a tendéncia psiccldgies & a Iinterpretacho do simllaridedes ¢ analogias de cultura pelo princl- blo de transinlisio mectalea, “De Infclo eotrgicameate proposto hor Raizel como 0 priacipal problems de Binologia, © estudo da istribuicdo ¢ ditus8o fol continuade por Frobealus, Ankermann, Graebner, Pater VW. Schmidt, Pater Noppers e aubsegllentemente pelo falecido Dr. Rivers Se as doutrinas recontemente propostes palo Professor Eliot ‘Smith e Mr. Porry a respeito da universal dlsteminagto de cultura Tor irradiaclo do Bgito terko de ser classifleadas ao Jado de outras hipbieses desprezacas, ou ze contém ume contribuisio permanente para a histéria da cultura, 6 9 quo ainds esté para Ser viste. Seu emprégo do clementos antropolégicas nko & 2 fatorio3 2 sua argumentagio realmente pertonce eo demainio da 3 A.A Goldenweiser, Early Civittzotton, pig. 311; RL, Lo- Wie, American Anthropology, page, 86-00 (1824); B. Malinowsil, Nature (31 de margo se 1024). Coneztros © Mfron0s a ANTROPOLOGIA. . 39 Azqueclogia, campo em que suas opiniSss se defrontaram com critica contriria. + Um ou dois antropsloges competentes, toda Via, deram forte apoio a essas tecring (Rivers, C.5. Fox). © mérito do ditustontzme antropoldgico maderado esta mait fem suas coniribulgdes geogratleas do que histéricas, Come um levantamento de fator corralacionades aoe ead substrates eo grifices, ¢ um método valloso de por @ vista a influéneia’ do abitar fisico assim como ag possibilidaces de trancmissio cultu- ral. Ag distribulgdes eartografadas para o¢ Estados Unidos por Boas, Spinden, Lowie, Wissler, Krosber, Rivet ¢ Nordensiivia; fo levantamento cae culturas melanéelas feito por Gracbner; 0 ax provineias austratianae realizado por W. Schmidt; 9 da Africa Preparado por Ankermann, posouiras valor duradouro. As hipdteses nistorieas de Frobenius, Rivers, Schmidt ¢ Grasuner, as grandiosas identificacSes dos “complexor de eulture™ or sdbre todo 9 globo, nlo seraq tao feilments aprovadas. Elas Se ressentem de lima visip ce cultura sem vida ¢ inorganica tratamena coms uma coisa que pode ser conservada em frigert leo durante séculos, transportada através ce oceatos conti entes, mectnicamente desmontada ¢ reeompocte. Aa recons- ‘trugdes mistoricas dentro de areas Ibnitadas, tals como tém sido feitas sdbre material nerte-amoricans, por examplo, até © ponte fem que elas sio bascadas em elementog definitivos ou em proves: arqueclégieas, dio resultados que podem oer empiricamiente ver- ficados ¢ por éste motive podem ter valor clentifico, O ectdo do Dr, B, Laufer sobre roda do aleiro ¢ certas contribuicses 8 hist6ria Ga cultura americana (T.A. Joyee, A-V. Hider, N.C. ‘Nelson, H. J. Spinden, L. Spier) so metodelSsicamente aceitévels, ‘ombera pertengam mais & Argucelosie do que & cituia un tees ¢ culturas vivas, Esoas obras aélidas devem ser claramente dife- Fengadas das produgdes om que uma histéria conietural € inven- tada ad hoc a fim de substituir fatos reais e observévels, nas quais, or conseguinte, 9 conhecido e empirico € “explicado” pelo ima> Bindslo © descorhecivel © Muito recentemente, ocorrea_na Universidade da Cali- fornia uma nova e inteligente ressutreigio da anélise de trasos. + 0.6.5, Crawford, Edinburgh Review, pége, 101-216 (2024); T.D. Kendriee, Axe Age, pags 84 ¢ soguintes (1025); J.L. Myres, Geographical Teacher, n° Tl, pags. 338 (1025); Discurso do Presidente, Folk-Lore, XXXVI, 1625, pig, 15; Flindere Petrie, Anolon Epyzt, pags. 78-84 (1028); T.E. Peet, Journal of Eovption. Arehacology, Vol. 10, pag. 65 (1924); A.M. Blackman, Wid, page 201-200, 5 Gitado com permissto des editores: Encyclopaedia Brie tannica, Tne, 40 Uma Tzonra Crentietca pa CurTura O Professor A.L. Krocber, lider dessa investigasdo, reconhece positivemente que a anilise de tragos e a caracterizgio de altura por tragos ou complexos de tragos dependem dé ques- tio de ce éles podem cer isolados como realidades e, em conse- aiéncia, sex comparados em observacio © teoria.” Citare! a asgamentagio relevante: “Si os nossos elementos ou fatdres, os tragos culturais, independentes uns dos outros? Embora nio estejemos prepe rados para responder categhticamente a essa pergunta, acredi- tamos que os tracos de cultura sio principalmente, se 0 absolutamente, independentes em todos os casos. Tsso porque tantos déles tém surgido tantas vézes, em todes 0s dominios da cultura e por téda parte, ¢ ocortide por vézes dissociados, muito cmbora nnutras époces ¢ noutros lugares aparecam freqientemente ou mesmo preponderantemente associados, que se toma lgico inferit, até demonstracio cm contritio, que todos éles podem ceorrer independentemente uns dos outros.” Essa, de qualquer modo. parece ser a suposicio implicits de todos os antropéloros da wiltima geragio, com excetio dos poucos sobreviventes da escola ‘evolucionists’ de TylorMo~ gan-Freect, © possivelmente do grupo de funcionalistes.* Se, em gonseqiiéncia, estamos em érx0 neste panto, acreditamos que nove décimos da Antropolorie da histéia da cultura praticados hoje em dia estdo também em @rra numa suposic#0 @ Dentro dos timites da Y6zlea ordinérta ou bom senso. As partes exeencials da tim trigo nia podem, naturalmente, ser con tadas como trages separadas: & pops de uma canoe. a corda ce um arco ete, Mosmo 0.arco ¢ a Teche sfio um nico trace até fue aurja a guestin de tum areo sem flecha. Neste caso, temos Sols tragos: a Tunda @ 0 arco de flecks. Sifnilarmente, enquanto fp coloeagto do uum arco em posicio nao pode ocorrer por si mesma, Aixinguimes, legitimemente, bastas ¢ areos comuns: 2, do mode, artos de uma tnies ‘curva ¢ areos reeurves, flechas radi- calmente ¢ tangenciaimente empenchatas, com popas rombudas, famedondadas cu pontiagudas etc. 1 Assim, o batiamo ocorre sem contlesio em certas seltas ot aenominagdes’ cristo, 84 supostcto parece estar subentendida na obra de estudto- sos the aiversos em sous métodos quanto Boas, Ratzel, Rivers. Eillot Smith, Wissier, Gractner, Scnmudt, Lowie, Dixon, Rivet etc. Concertos © Méropos ps ANTRoPoLoGIA | 41 getal por via de regra nfo expressa; © neste ponto esi na cordem do dia uma investigacto geral sGbre éste ponto.” Fstou profandamente convencido de que hé uma incom- preensio fundamental em qualquer tentativa de isolamento de tragos separados. Na verdade, a contribuigio positiva déste ensaio mostraré até onde ¢ sob que condigoes podemos isolar realidades relevantes, e onde o tratamento de tragos ou de complexos de tragos & inadmissivel. Esta néo seri dbviamente uma tentativa pata substitair uma palavra ou frase por outra. ‘Aquéles que preferem empregar expressies tsis como tragos ‘ou compleros de tragos, em vez de falar de instituigdes, grupos organizados, artefatos em uso, ou crencas ¢ idéiss na’ medida fem que eles afetam pragmiticamente © comportamento humano, sio positivamente convidados de bom grado a conservarem uaisquer rétulos ou usos verbais. O vinico ponto que importa E sc les sd0 eapezes de isolar uma série relacionada de fend- menos na base de uma anélise realmente cientifica, ow sob uma meta suposi¢io arbitririe. E adcmais, 0 ponto verdadeiro &, segundo Graebner, se damos 9 mévimo valor as caracterfs- ticas de um trago ou 3 composicio de um complexo, na medida em que elas «io extrinseces ¢ irelevantes, ou se, pelo contrério, procuramos apenas formas e rclagdcs que so determinadas 2 culrursis realmente stuantes. A segunde €, a nosso dia de ser scelumeuic cicatiica da cultora. A imeira, que diretamente se opée 2 el2, nfo pode, por conse- guinte, Ser cleatifica, Neste ponto nso pode haver compro- misso, ¢ nfo hé meio-térmo. A capiTuLo wv Que B Curruns? 43 =m primeiro logar, € claro que a_satisfacio das nec dades orginicas ou bsicas do homem € da raga = um Conjunto” Seino te coliies imposes a cada culture Os peoblemes preseatados pelas nccessidades nutritives, reprodutives e _do homem devem ser resolvidos. Fles so solucio- rf de um novo a! arial Exe ambiente, gu nto & -=t cultura pidprlamente ‘dia, tem de. ser_permaneatemeate Feproduakion mantide © adaintseendo—Tsto—eoz- 3 que pools ie deste ao sentido mals amplo-da eqprest0, como am ovo padrao de vids, que depende do-nivet cutturat- dx coma- “Taine do anbiente da chewnca “do grupo. Um padsio fg ide catutal, coniedo, Sgifica que ‘novas Hecescidades impSem e novos imperatives ou determinantes so inculcedos \ a0 comportamento humano. “A wadicio cultural, € claro, tem de ser transmitida de cada geragdo para a gctagZo seguinte. Os métodos ¢ mecanismos de caréter educacional devem existir em téda cultura. A ordem ¢ a ki tém de scr mantidas, uma Yez que a cooperagio & a esséacia de téda realizaggo cultural. Que B Cultura? D seedless scents le: superficialmente © panorama da culture, em tdas as suas manifestagies, 2 véo de péssaro. Ele ¢, dbviamente, 0 todo integtal co ‘bens de_consumo, por cartas constitucionais para_os_vir apamenios, socais, por idéias ofleios humanos, por crengas costumes. Quer consideremos uma culeura muito simples ‘6G primitiva, oa uma extremamente complexa ¢ deseavel ‘paraisonos com uma vesta aparelhage, em parte mater em patte bumana, em parte espititual, com a ajuda da qi Em t6da comunidade devem existir dispc para.a sangio hhomem, caper de lidar crm os problemas concrete, espetf de costumes, ica e leis. O substrato material da cultura tem £08, ate gut se deleonis, “Estes problemas surgem do fato de de ser renovado e mantido em condigies de funcionemento. que_o homem tem um corpo sujeito a varias necessidades Por iso, algumas formas de orgunizaio econdmice sto indie orginiets, © gue éle vive aum ambiente yuc ¢ v scu well pensdvels, mesmo nas culties ‘mais “primitivas aiiigoy_visio- que Sle formece se maiérlas primis para o sea Por conseguinte, 0 homem tem de satisfazer, antes de “Babak maa “€ Yambém_um seu perigoso inimigo, por- mais nada, ‘tédes as necessidades de seu organismo. Tem de —Guanto_abriga muitas forcas hostis. cir condigSes ¢ trabalhar pera alimentarse, aquecer-se, abri- garse, vestirse ou protegerse do frio, do vento ¢ des iniem- ‘Nesta formulagio despreocupada ¢ certaments despretea- i péries. Tem de protegerse © orgenizar essa protesdo contra siosa, que seré claborada pesa por pega, em primeiro lugar ~ consideramos implicito que a teoria e bas a no Os séres humanos sfo uma ie animal. Esto sujeitos_a_condigoes_clementares que de_ser_aiendidas de modo que os. individuos possam sobreviver, a raga continuat e os organisms em conjunto mantidcs em condigSes de funcionamento. ” Ademais, com” sua de artefatos..¢ sua_capacidade para _ptoduzilos ¢ apreciélos, o homem cria_um ambiente secundirio, Nada de Rove for Oly att agora sa até agora, © ss semelhantes de cultura téma sido proferics © aperfcigoadas. Tirsremos, todavia, uma ow duas conclusses adicionsis, inimigos © perigos externas, fisicos, animais ou humancs. Todos éstes problemas fundamentais ‘dos sfees Jnumancs si0 solucionados para o individvo por srtefatos, organizagio em grupos cooperatives ¢ também pelo desenvolvimento do conhe- cimento: um statido de valor ¢ ética, Tentaremos demonstrar que pode ser descnvolvida uma teoria na qual as necessidades Disicas © sus satisfagio cultural podem set vinculedas a deri vacgio de noves necessidades culturais ¢ cssas novas necessi- dades impsem 20 homem e a sociedade um tipo secundirio de determinismo. Seremos capares de fazer a distingso entre imperativos instramentais — emergentes de tipos de atividades 44 ‘Una Teorra Crenzfrica pA Cuctura tais como econBmicas, aormatives, educacionais.e politicas — ¢ imperativos integrativos. No caso, enumeraremos conheci. mento, religido ¢ magia, Quanto as atividades artisticas € recreativas, podemos relacion‘tlas diretamente a certas caric- teristicas fisiolégicas do organismo human, ¢ também mostrar sua influéncia ¢ dependéncia com respeito a modos de aio combineda a ctengas mégicas, industtiais ¢ zeligiosas, Se uma tal anédlise nos revela que tomando uma cultura individual como um todo coerente podemos definir uma sécie de determinantes gersis sos quais clz se tem de conformar, seremos capares de fazer uma série de predigSes como oriea. tagfo para pesquisa de campo, como medidas pera tratamento comparativo e como medidas comuns no processo de adaptacéo e mudange culturcis, Déste ponto-de-vista cultura néo ros aparceerf como uma “eolcha de retalhos”, como tem sido descrita at€ muito recentemente por um ou’ dois antropélogos competentes. Seremos capares de rejeitar a opinido de que “nenhume medida comum dos fendmenos culturais pode ser encontrada” e que “as lels dos processos culturais so vagus, insfpidas ¢ indteis”. ‘A. anilise cientitica da cultura, contudo, pode apontar para outro sistema de realidades que’ também’ se adapta 2s leis geraic, © pode accim cor uotda como um guia para tzebelho- sck-campo, como um meio de identificagio de realidades cultu- sais ¢ como uma base de engenharia social. A andlise apenas esbocada, na_qual_tentamos definir a relagio entre uma reali- caer Gita © wae Geoemnaee: eaeae fe humane, bésica ow derived, = pode ser denominada Func “delinida de ncnbume outra m , tina necessidade por uma atividade na qual os séreé humanos. ‘Bape, “sain artelatos Nio obstante, festa meime definigio implica outro principio com o qual podemos concretamente integrar qualquer fase de comporta- mento cultural. © conccito essencial, no caso, € 0 de organi- zagao. A fim de realizar qualquer objetivo, atingit qualquer. fim, os séres os _tém de se organizar. Como demons- irateniog, a organizacdo implica um esquema ou estrutura muito definido, do qual os. priccipals fatbres. sto universais, Porquanto sio aplicéyeis a todos os grupos organizados, os Que B Curura? 45 guais, por sua vez, na sua forma tipica, so universais pero thds_a-espécie humana. Proponho chemar tal unidade de orgonizacéo humana pelo velho térmo, nem sempre claramente definido ou consis- fentemente usodo, instituiggo. Este_conccito_implice uma, concordincia s6bre uma série de valéres tradicioaais por forca os_quais os homéns sc rednem._ implica também que definida uns com ‘os outros ¢ em relacéo a uw re, ica especifica de seu ‘soblane, satan arifical “Ds scordo com ua cars de ipios ou por mandato tradicional, obedecendo &s normas Expecicis ce sua escoca;lo, operaado por meio da apare Thagem material que manipulam, os séres humanos agem em conjunto ¢ assim sttisfazem alguns de seus desejos, ao mesmo tempo que imprimem uma marca em seu ambiente- Este dcfiniggo preliminar tcrd de ser tormeda mais precisa, mi concreta @ mais convincente. Neste caso, novamente, deseo antes de tudo insistir em que a menos que o antropélogo ¢ seus colegas humsnistas concotdem sébre 0 que & a”unidade definida na realidade cultural concreta, jamais havers qualguer Giéncia de civilizagio, E neste caso também, se chegermos uma tal concordincia, se pudermos criar alguns princfpios universalmente vilidos de sco institucional. lancarcmos uma vez mais o alicerce cientifico para as nossas investigagdes empiricas ¢ tedricas. Nenhum désses dois esquemas de andlise, dbviamente, implica que. t6das.as cultures séo idéntices, nem sinda que 0 estudioso_da cultura deva estar mais interessado em ident todavia, que a fim de sfvel uma medida de comparasfo clara e comum. Seria a demonstrar, alm disso, que a maiotia das divergé: so frequentemente atribuidas'@ indole micional ou tribal ae clfias — € i550 nfo sbmente na teoria do nacional-socialismo —& a ravio para es instituigdes organizadas em torno_ dé aigama necessidade ow valor altamente_especialiex “Tenémencs como a coga de caboeas, os extravagantes ritusis de morte ou mancizss de sepultar, e priticas de magia, podem ser melhor entendidos como elzboragio local de tendéncias © 46 Una Teorra Crmnripica DA CULTURA idéias escencialmente bumanas mas scentuadameate hipertro- fiadas, Z Nossos dois tipos de andlise,“functonal ¢ ‘institucional, nos permitiréo defjnir cultura mais concretamente, mais precisa © exaustivamente.¥ A cultura é um coni ins ynomas, em parte coordensdas. Ela se 3 mu nidade de sangue, por meio da procriagio; a_contigitidade spacial, relacionads &_cooperacio; 2 especializagdo de ativi- “Gates; c, por Tim, mas ao menos ‘importante, o uso do poder fia “organizagto_polltica, Cada ea alee ‘deve sua integridade © ia ao fat0 de que satisfar tOda a gema de ious, instrumentals e Jotegrativas, Super, pot ‘Toiseguinie, “como ‘tem sido feito recentemente, que cada cultura abrange apenas um pequeno segmento de sua drca potencial é, pelo menos num sentido, radicalmente errado. ‘Possemos nds descrever tédas as manifestagSes de cada cultura no mundo, encontrariamos dbviamente clementos iais como o canibalismo, a caga de cabegas, 2 “couvade”,? 0 “potlatch”,? a “kula”,? a cremacio, a mumificagio ¢ um vasto rol de minuciosas excentricidades periféricas. Déste ponto-de-vista € claro que nenhuma cultura abrange todos as extravagincias ¢ excentricidades catalogadas de muitas outras, Acredito, todavia, que essa ulmudageur € esscuciulincme ant cientffica. Deixa, em primeizo lugar, para definir, de acérdo com os princly de relevéncia, os elementos de uma cultura que podem ser considerados reais e de significaggo. Deixa também de nos dar qualquer pista para os costumes ou dispo- 1 Cowvade — variedade do costume que exvolve @ simulagto pelo marido das exporiénciae do nascimento da crianga e do pe- Hodo de reeguarde. 2 Potlatch — testim snstituelonalizado accmpenhato por dis- trtbaigha da presentes e, em alguns eases, destruleko de bens pelo fogo. Era um melo de se obter status focial entre of indiog O= costa noroeste dow Estados Unidos 3 Kula — sistema de trocas corimenials intergrupals ¢ interla- ‘sulares de Braceletes ¢ colares rituals no Sudocate da Melanésla. Fonte: A Dictionary of the Social Sciences, ed. por Julius Gould ¢ William L, Kolb, organizado sob os auspiclos da UNESCO, Gleneoe, Mlinois, The Free Preas of Glencoe, Que E Currura? 47 sgbes sparentemente exéticas. Na verdade, devemos set capazes de cemonstrar que slgumes realidades que parecem ws _primeita vista sGo_essencialmente aparentedas 40: d ultusis —humanos verdadciramenie universas ¢ fundamentais; ¢ 0 pr6prio reconhecimento disso permitiré a “eaplicario, ou scja a descrigio, em térmos comuns, de costumes exbticos. Seré também necessério, naturalmente, introduzir 0 ele- mento tempo, isto é, ’o clemento de mudanga. Tentaremos demonstrar que todos os processos evolucionérios ox de diftsto scontecem, em primeiro Ingar, na forma de mudance instity- ional. Quer na forma de invenco ou como um ato de difusio, um névo artificio técnico se incorpors a um sistema jd estabe: Heide de compovianent organza gera geadulnesie om ‘comple deforma desea intugse, ~Adcaie, nos termes nossa anélise funcional, demonstrarémos que neahuma invencio, nenbuma revolugao, nem mudanga social ou intelectual, jamais ecorte, exceto quando so criadas"novas nccessidades; e em comeqiiéncia novos artificios de téenica, de conhecimeato ou de, soca slo deptades 20 proceso om 2 ums insiisfo es Esie breve counciado, que € realmente um esbéso para @ nossa andlise subseqiente, mais completa, indica que a Aauvyolugia ceutifica consist numa teorla dé tnstirulgoes, ot seja, mpgpa “endlise conereta das unidades tipo de ums organi- zasio.§ Como uma teoria de necessidades bésicas e uma deri- vacdo de imperatives instrumentais ¢ intogrativos, a Antro- pelenia ifs nos dé a anilise focend ‘que nos pape lefinir a forma, assim cotho a significacio, de uma idéia habitual ou intengéo comum. Pode ser ficilmente percebido que tal abordagem cientifica de maneira alguma ultrapassa ov nega a validade das pesquisas histéricas ou evolucioniras. Ela simplesmente as suplementa com uma base cientifica. CAPITULO V Teoria do Comportamento Organizado 6 ee tamos, como a podemos observar cientificamente, € 2 organi- zasfo dos stres humanos em grupos permanentes. Bsses grupos se rélacionam por algum acérde, uma Ici ou costume tradi- Gional, algo que corresponde 20’ contrat social de Rousseau, Sempre 0s vemos cooperando dentro de um contexto material determinado: uma parte do ambiente reservada para seu uso, ‘uma equipegem de ferramentas ¢ artefatos, uma porgao de riqueza que é a sua por direito. Na sua cooperario éles obe- decem as regtas técnices de seu sialus ou offcio, as regras sociais de etiquéta, consideragSes de costume assim como também os costumes legais, religiosos © morais que caformam © seu compartamento. E sempre possivel, também, definir determinar socioldgicamente que efcito 2s_atividades de um agrapamento humano assim organizedo produzem, que accessi- dades satisfazem, que sctvigos prestam a si mesmo ¢ & comu- nidade como um todo. Ser justo estabelecer esta definisio geral plausivel por meio de uma breve referencia empirica. Extminemos de inicio sob que condigées a iniciativa privada se torna um fato cultural. A invergio de um ndvo artficio teenolégico, a descoberta de um névo principio ou a formulagio de uma nova icéia, ume revelagfo no sentida religioso ou um movimento estético © moral, continuam culturalmente irrelevantes a menos ¢ até que sejam’traduzidos ouma série organizada de atividades de coope- rapio, O inventor tem de registrar uma patente © orgenizar uma companhia para a produgio de seu ndvo invento. Tem, por conseguinte e acima de tudo, de convencer algumas pessoas de que seu invento vale a pena ser industcslizado, © em ‘Teonta D0 ComPoRTAMENTO ORGANIZADO 49 (eoaseqincia outros terio de ser convencidos de que vale a |, Peas comprar o artigo resultante. Uma companhia tem de ser * organizes ¢ registrada, o sea capital tem de ser agenciado, 2 thenlca tem de ser aperfeigoada, e em seguida 2 campanhe Industrial € langada. Esta consiste de atividades de produsio, comerciais ¢ de publicidade que podem ter éxito ou no; em ‘outrés palavres, podem preencher ume funsio econdmica defi- nida, satisfazeodo uma nova necessidede depois de ter sido esta criads, como € 0 caso do rédio, ou de outro modo setis- fazer com mais sucesso uma velha necessidade, como a de mumerosos produtes tais como a séda artificial, fon, os cos miéticos mais eficazes ou uma nova marea de uisque. Da mesma mancira uma nova revelagio, tal como a que cconeu a Mrs. Mary Baker Eddy ou a Mrs. Aimée Semple MecPherson ou Joseph Smith ou Frank Buchman, tem de ser fem primeiro Iugat provada petante um grupo de pessoas. Elas entio sc organizam, ou seja, se equipam materilmente, ¢ adotam uma série de regras de status e regras de desempenho, com as qusis realizam suas atividades rituais e praticam os seus principios dogmiticos © morais. Déste modo, satisfazem uma séie de necessidades espititusic, menos bisicas sem divide do que as relacionadas a tecidos’ de séda artificial ou a uma marca de uisque, mas, nio obstante, reais. Uma descoberta cientifica tem igualmente de ser consubstancisda e documen- tada por meio da aparelhagem de um laboratério, referénca de observagio ou_documentacio estatistice, assim como da palovra escrita, Tem de ser aplicada priticamente ou pelo menos relacionada a outros ramos de conhecimento, © entdo pocsie dase er prenchide fungio clnifie execiica de aver aumentado 0 nosso conhecimento. Se {Sssemos examinar déste ponto-devista qualquer movimento, tais como a ptoi- bicdo (de bebidas alcodlicas, nos EULA.) oa 0 contrle dz natalidade, o fundamentalismo ou 0 nudismo, uma comissio pata a melhoria das relacoes raciais, ou uma organizacio como © Bund,! a KuKlucKlan, ou a Agio Social do Padre Coughlin, vetiamos que cm todos éles podemes constaiar yuma certa concordancia na afirmacéo de um propésito comm assim como catre os membros do movimento, Terfamos tam- 3 Gonfederacho judaica. (N. do 7.) 50 Unsa Teorta Crrnriica DA CunrurA bém de estudar a organizagio de tal movimento com relecio a lideranga, direitos de proptiedade, diviséo de fungGes e ativi- dades, dizeitos © bencticios auferidos. Terfomos de registrar as regeas € 05 regulamentos técaicos, éticos, cientificos e legais otientadores do comportamento do grupo; seria desejével cotejar tais regulamentos com os desempenhos reais das pessoas. Finalmente, tetiamos de estimar a posicdo désse grupo com rclasio A comunidade como um todo, ou seja definir sua funsio. Fiéis aos noss0 ptincfpios, comecamos, por nossa propria civilizagio, convencidos de que a Antropologia bem poderia ter infeio em casa, Comecamos também por analisar se qual- quer idéia, principio, axtificio, revelagio zeligiosa ou principio moral tem qualquer relevéncia social ou cultural sem ser orga- nizado. Nossa resposta foi cleramente negativa. Um ponto-de- -viste, um movimento ético, a maior descoberta industrial, so culturalmente inexistentes enguanto estiverem confinados a cebega de uma 56 pessoa, Tivesse Hitler desenvolvido s6das, as suas doutrinas raciais, tédas as suas visdes de ume Alema- aha nazificeda ¢ de um’ mundo escravizado 20s scus legitimos donos, os nezistas alemfes; tivesse éle massactado todo © povo judeu, polonés, holandés ou britinico ¢ efetuado a conguista do jmando — tivesse éle feito tudo isso apenas na eva cabera, 9 stundo teria sido mais feliz ¢ a cigncia da cultura ¢ da selva jaria tetla sido privada de um dos. seus mais monstruosos ‘cxemplos, se bem que o mais revelador de como a iniciative priveda, caindo em solo férti, pode conduzir a0 desastze uni- yertel € a0 detramamento de sanguc, 4 fome © 4 comupcio fem escala mundial. Poderlamos fezet afirmagses semelhantes, num tom diferente, a respeito das descobertas de Issac News ton, das pects de Shakespeare, das idéias de Maomé ou Sio Francisco, ou do préprio fundador da cristandade, Nem a Histéria,' nem a Sociologia, nem 2 Antropologia tém nada a ver com 0 que fica dentro do cérebro de um individuo, por mais que néle baja de ginio, visio, inspiracio on malignidade. Daf, o prinelpio geral aqui desenvolvide de que a citncia do comportamento humano comeca com 2 organizacéo. Todavia, hé tipos de atividedes combinadas que nfo si0 devidos 2 execucio da iniciativa individual dentro do movi- mento histérico em que ocorrem. Téda criatura humana nasce dentro de uma fami, ume religifo, um sistema de conhect ‘Teoria DO ComPoRTAMENTO ORcANIZADO 31 mento, ¢ freqiientemente dentro de uma cstratificasio social @-umz constituigio politica, que, tendo muitas véze: existido durante séculos, nfo mudaram’ ou mesmo foram afecadas durante sua vida, Completemos, por conseguinte, a nossa anilise anterior ¢ olhemos a nossa volta, acompenhando de fato os nossos prSprios destinos num dia’ de trabalho ov ni hhist6ria de uma vida. Verificaremos novamente que por téda pirte © em cida decempento efetivo o individso pode, sti cr seus interésses ou necessidades € levar a cabo 16da e qualquer acGo efetiva apenas dentro de grapos organizados ou por meio da organizagio de atividades. Considere sua prdptia existéncia ou a de qualquer um de seus amigos ou conhccidos. © individuo vai dormir e acorda em sua case, mama hospe. daria, num acampamento, ou em alguma “instituigio”, soja cla 2 prisio de Sing Sing, um mosteiro ox um colégio rec dencisl. Cada uma dessas instieuigdes representa um sistema de atividades coordenadas e organizades, nas quais servicos <0 préstados ou recebidos, as qucis um ‘abrigo material com 0 mifnimo de conforto, oa méximo, € fornecido, e que sd ‘operadas com uma certa despesa € pagas pelos sets servigos € que empregam um grupo organizado de pessoas que as diigem € que cstabelecem um conjunto de regres, mais ou menos codificadas, que os internos tém de obedecer. A organizesZo de téday c coda uma dessas instituigdes, quer sejam domésticas, residenciais ov correcionais, € beseada numa Ici constitucional, num conjunto de valéres ¢ acdrdos. Cada uma delas também satisfea um conjunto de necessidedes dos intemos ¢ da socicdede em geral, ¢ assim preenche uma fungio. A menos que lidemos com um mosteiro ou Sing Sing, © individuo, depois que despertou, desempenha as indispen- siveis atividades sanitérias e ablugées, toma a sua refeigio matiaal ¢ sai. Dirige-se entZo 2 um centro de atividades, ou Por outta faz algumas compris ou apregoa suas mercadorias ou idéias, exercendo de algum mado a are de vender. Em cada caso suas atividades sio determinadas por sua relegio com algum negécio comercial ou industrial, com uma escola ou instituigio religiosa, com uma associagio politica ou orga aizagio reereativa da qual He & dirigente ox empregado. Se fOssemos investigar © comportamento difrio de qualquer indi- viduo, masculino ou feminino, méco ou velho, sadio ou doeate, 32 Una Tzont Crennferca DA CouTurA vetificarfamos que tédas as fascs de sua existéncia devem ester relacionadas a um ou outro dos sistemas de atividedes oxge- nizadas nos quais nossa cultura pode ser subdividida ¢ que fem seu conglomeredo realmente constituem nossa cultura. No lar ¢ no esctitétio, na residéncia ¢ no hospital, no clube © na escola, no diretério politico e na igreja, em téda parte encon- tramos um loger, um grupo, um conjunto de regulamentos ¢ regras de tdenica, © também’um estatute e uma fungio. roais completa demonstratia, além disso, que em cada caso temos um fundamento objetivo muito definido para nosse anilise, no cstudo do mio ambiente com os objetos espectficos 2 &le pertencentes — of edificios, © equipamemto 0 capital empregado numa instituigéo. Verifcariamos também que pata compreende: um clube atlético ou um laboratério centifico, uma igteja ou um muscu, teriamos de nos familia Hzar com as regras legais, técnicas e administrativas que coor denam as atividades dos membros. O pessoal que opera qualquer das instituig6es acima mencionsdas tem de ser anal: sado como um grupo organizado. Isso significa que terlamos de definir 2 hieresquia, a divisio de fongoes, © 0 status legal de cada membro, assim como também suas relagdes com os foutres. As regeas ou normas, tcdevia, invariivelmente sio redigidas de forma a defiair o comportamento ideal. O cotejo disse icloal com referdasia ao decempenho real & uma das mais importantes tarcfas do antropSlogo ou sociSlogo empenhado em trabalho-decimpo centifico. Por éste motive, em nossa andlise, distinguiriamos sempre, clara ¢ explicitamente, as regras ou normas das atividades. A organizacéo de cada um désses sistemes de atividades também implica a aceitagdo de certos valézes e leis funda. mental sempre a organiza¢io de pessoas para um fim deteeminada, aceito por elas, © reconhecido pela comunidade. Mesmo se féssemos considerar uma quadrilha de criminosos, verificarfamos que ela também tem seu préprio estanato defi nindo suas metas ¢ propésitos, embora a sociedade como um todo, especialmente seus érgios encarcegados da lei e de ordem, considere uma tal organizecdo como etiminosa, isto & como pperigosa e que deve ser descoberta, erradicada e punida Assim, uma vez mais, & claro que o éstatuto, ou seja, 0 pro- pésite reconhecido do grapo, e a fungio, isto é, 0 efeito integral Teoria po Cossronrasiento OxsaNizano | 53 das atividades, tém de ser claramente diferencisdos. © esta- tuto é a ideia da instituigfo como mantida por seus membros ¢ definida pela comunidade. A fun¢io € 0 papel dessa instituigso dentro do esquema toral de cultura, como definida pelo socié- logo que investiga uma cultura primitiva ou desenvolvide. Em sums, se quiséssemos dar uma descrigfo de uma exis tncia individaal em nossa préptia civilizacio ou em qualquer outra, terfamos de vincular suas atividades com o esquema social de vida organizada, isto é, com o sistema de instituigdes vigorantes nessa cultura. Além disso. a melhor descrigto. de qualaver cultura, em térmos de realidade concreta, consistitia em listar e analisar tddas as instituigdes em que essa cultura std organizada. Eu sutiro que tus tipo de abordagem sociolézica € 0 que de facto tem cxistide, embora como uma regra de algum modo implicita. praticeda por historiadores, por estudicsos de Economia, Politica ou qualquer outra ramo de Ciéncia Social, na sua avaliacio de cultures ¢ sociedades. O historisdor tem tratedo em grande parte de instituigées polfticas. © econo- mista, naturalmente, preocups-se com instituicSes oteanizadas para_a producio, comercializacio @ consamo de mercadorias. Aauéles que t2m lidsdo com a histéria da ciéacia ou da rel 0. ou nos proparcionado andlises comperativas de sistemas de coahecimento ¢ de crenca, também estiveram fundamental mente Tidando, mais ou menos com &ito, com fenémenos de conhecimento ¢ f€ manos. como entidades oreanizadas. Nio obstante, ao tratar do que sf0 gerslmente chamados os aspectos espiritusis ce civilizacSo. a abordazem s6bria e substancial em tétmos de orpanizacio social nem sempre tem sido reco- ahecida. As histérias do pensamento filoséfico, da ideolonia politica, das descobertas ou da criacio artistica tém muito freqiientemente acslizenciado o fato de que ouslauer forma de inspirscéo individual apenas se pode tornar inteiramente ume realidade cultural s« puder captar a opinizo piiblica de um grupo, equipar 2 insnirscio com meios materisis pera sua expressio. ¢ assim consubstanciarse numa instituicdo, (© cconomista, nor outro lado. as vézes & capaz de subes- timar o fat de que embora os sistemas de producto € pro- piedade determinem indubitivelmente t6da a gama de mani- festacdes de vida humana. Ges por sua vex sio determinados 34 ‘Uma Teoria Crenrieica DA Coururs Por sistemas de conhecimento ¢ de ética. Em outras pel glo marxista extremada, que consideraria « otganizcio econémica de um sistema como o determinante final da cultura, parece subestimar dois pontos catdcais na anélise aqui apre: sentada: em ptimeiro lugar, 0 conceito de estatuto, pelo qual verificamos que qualquer ‘sistema de produgio depende do coahecimento, do padrio de vida detinido por tida a série de fatéres culrarais e de sistema de leis poder polftico; em segundo lugar, o conceito de fungio, pelo qual vemos que a distribuigio ¢ ‘consumo sf0 tanto mais dependentes do. cariter total de'uma cultura quanto da organizagio produtiva em m outres palavras, andlise aqui proposta exigiria ccinitivamente que dentro ‘de cada universo especlfico de raciocinio de qualquer disciplina social, uma medida conside- rével de fecundacio. miirua com outros espectos de realidade culrarol devia ser praticada, a fim de evitar hipdstese © pes. ‘quisar ceusas primeiras ou yerdadeisas, Féssemos n6z passaz de nossa prdpria cultura para qualquer outra_menos conhecida ¢ mais exstica, encontraramos exata- mente as mesmes condicdes. A civilizacio chinesa difere da nossa na organizecio da vida de familia e sua releggo com o culto.xlos antepassades; nas diferencas de suas aldeiss ¢ estmx. tura municipal: na existéncia de um sistema de clas exteasivo, & naturnlments, na organieayZy cwuudinica © politics do. pals Estudando wma tribo australiana, teriamos de acomoanhar os pequencs grupos de familia, as hordas nas quaie as familias se grupam, 2s espécias de casamentos, os gtaus de idade © os clés totémicos. | Uma descrig#o de cada uma dessas unidades adquirivia significacio e se tornaria comprcensivel penas se estabelecéssemos a relegio da orgenizagio social com seu meio material; se féssemos capazes de captar 0 eédigo de repras em uso dentro de cada geupo e, novamente, demonstrar que éste teve sua otigem, para os natives, de aleuns.princfoios gerais que invaritvelmente tém_ uma ascendéncia lendéi, histérica ou mitolégica de revelacio precedente © primeva. AO relacionar os tipos gerais de atividedes © seus efeitos sBbre 2 vida total, sexiamos eapazcs de estimar a fungfo de cada sistema ividades organizadis e assim demonstrar como em conjunto Ales fornecem aos nativos alimento ¢ sbrigo, ordem © adestea- ‘mento, sistemas de orientagto ambiental ¢ crenga segundo as ‘Teoria Do CoMPORTAMENTO OrcANIZADO 55, aksis cssas pessoas se colocam em harmonia com o destino suas vides, © estudioso de eivilizacées mais clevadas OLS Side i pak pack cee a a oe setia 0 sistema de casta em relacio co bramanismo ¢ 0s mos- teitos originados dos dogmas da {é budista. Pela observacio de comunidades de aldeiss, de offcios, mezcados © emprésas indusitias, @le chegaria gradualmente 2 compreender e a sex capex de expliear como é:ses nativos obtiaham de seu meio ambiente recursos para viver. Em consegiéncia, tanto nas comunidades primitivas como nas civilizadas, verificamos que em primeiro lugar tea agio humana efetiva conduz 20 comportamento organizado. Come- amos a perceber que @:se comportamento organizado pode ser submetido 2 um esquema analitco definido. Provivelmente pexcebemos que o tipo dessas instituiges, ou unidades de comportamento organizado, apresenta certas similaridades fun- damentais através da ampla escola da variedade culural Podemos agora, por conseguinte, proceder « uma explicta, quase diagramftice, definiglo do’ conceito de instituigfo, que 6 como proporho, a legitima unidade da andlise cultural. CAPITULO WI As Unidades Concretas do Comportamento Organizada AA rn de tomar a enlse precedente mit definide ¢ mais proveitosa em trabalho-decampo ¢ em teoria, seri melhor representéla uma forma diagramtica, para dar definigdes claras de virios conceitos que dela derivamos © para suple- menté-la com uma lista a mals completa e concreta possivel de pos universalmente vélidos, © conceito que estivemos desen- volvendo € 0 de um sistema arganizado de atividades inten. cionais. Declaramos, antes de mais nada, que os séres humanos ascem ou penetram em grupos tadicionais jé fotmados. Ou, de outro modo, as vézes éles organizam ou instituem tals grupos. Defiiret como o estatuto de uma instituicio o sistema dle val6reo pete a consceucio dos yuais us séres humans se organizam on se filiam a organizagbes ja existentes. Definitei © pessoal de ume instituicdo como o grupo organizado A base de principios definidos de autoridade, divisio de fungoes distribuigio de privilégios e deveres.’ Os regulamentos ov normas de uma instituigfo séo az habilidades téenicas adqui tides, os habitos, as notmas legnis, os preceitos éticos que si ‘cites pelos membros ou a éles impostos. Ja esté claro, talvez, que tanto a organizacio do pessoal como & natureza dos regu. lamentos seguidos sto definidamente relacionadas 20 cstatuto, De certo modo tanto 0 pessoal como os regulamentos. so derivades do cstatuto © déle dependentes. Um fato importante foi registrado através de nossa anilise: t8da otgenizacio € invaritvelmente baseada e Intimamente associda com o meio ambiente material. Nenhuma instituicio esti suspensa no ar o4 flutuando de maneira vaga e indefinida, através do espago, Tédas tém um substeato material, ou scja, ‘As Unrpapes Coneneras po Comporr. Oxcantzavo 57 uma porgfo reservada des disponibilidedes ambientsis em riqueza, em instrumentes e também uma porcio dos lucros decorrentes de atividades combinadas. Organizado em estatuto, atuando por meio de sua cooperacio social © oxganizade, seguindo as regras de sua ocupacio especifica, usando 0 apare. Thamento material & sua disposicao, 0 grupo empenhase nas atividades para as quais foi organizado. A distinggo entre ativideder © regras € clara © precisa. As atividedes dependem da capacidade, poder, bonestided= © boa vontade dos membros. Elas afastom-se invariivelmente das regtas, que reptesentam o ideal de desempenho nio necessi- rlamente sua realidade. As atividades, além disso, estZo com substanciadas no comportamento real; as regras, muito fre- qiientemente em preceitos, textos ¢ regulamentos. Finalmente, apresentamos 0 conceito de funcio, ista é, 0 resultado integral de atividades orgonizadas, naquilo em que sc distinguem do ¢statuto, ou seja, a finalidade, o objetivo tradicional ou névo a ser alcangado. A distinglo & essencial. ESTATUTO ¥ + PESSOAL NORMAS. + ¥ APARELHAGEM MATERIAL H ¥ ATIVIDADES ‘ FUNCAO © diagrama acima apresentado dé uma ilustragdo concreta, mneménica, déste argumento. Nao € para set considerado como um eidos mistico ou um talismi mégico, E simplesmente uma maneita de relacionar, de forma condensada, os resultados da presente anilise ¢ de imprimir na mente e na meméria a elagio entre 0s varios pontos que colocames em scparado na presente andlise. Ele pretende demonstrat, de modo perfei- famente claro, que todo tipo de atividade éfetiva tem de ser 58 Uma Tesora Crenrfsica pa Cucruea organizado de uma maneica, ¢ smente de uma mancira, por meio da qual cla se tora culturalmente estabilizada, ou sea, incorporada & heranca cultural de um grupo. Qs resultedos de nossa andlise, todavia, da forma con substanciada no diagrama, sio definitivamente ambiciosos. O disgrama sepresenta as proposigGes que se seguem. Cada institsigfo, ou seja, tipo organizado de atividede, tem uma cruture definige, "A\fin de observat, compeender, decrevet € discorrer tedricamente sdbre uma instituigio, €' necessério analisé-la da mancita aqui indicada, e sdmente dessa maneita Isso. se aplica ao_trabalhode-campo e a quaisquer estudos com parativos entre diferentes cafturts, aos problemas de Antropo- logia e Sociologia aplicadas, ¢, ma verdad, a qualquer abor- dagem cientifica em matérits em que a culrura & 0 principal assunto, Nenhum elemento, “trago”, costume ou idéia é defi nido ou pode set definido ‘exceto colocando-o dentro de seu ambiente institucional real ¢ relevante, Estamos assim insis tindo em que tal andlise institucional € 80 sdmente possivel mas indispensével, E sustentado, no caso, que a insti € 2 unidede real da andlise cultural. Sustenta-se também que qualquer outro tipo de discussio ou demonsttacio cm térmos de trisos isoledos ou complexos de tacos, diferentes daqueles que obedeceriam 4 integtasio institucional, deve ser incorrcto. Contudo, « fim de demonstcar sinda mais cabelmente que 4 estratura institucional & universel ateavés de t6des 2s cultaras, ¢ dentro de qualquer manifestagio cultural, seré melhor fazet primeito uma outra generulizagio ampla porém importante. Pareceme que, ainda que instiruigSes tais como a familia, 0 Extedo, 0 grupo de idede ou a congregecio religiosa variem de uma cultura para a outra ¢, em alguns casos, dentro da mesma cultura, € possivel elaborar uma lista dos. tipos ou classes represcntativos de qualquer e td 2 cultura. Em outras palavras, cu sustentaria que a familia e 0 tipo de atividede baseado' num contrato de casamento permanente, no qual a reprodugio, a educagio € a cooperagio doméstica so 03 inte- xésses_dominantes, podem ser catalogados como um feto uni versal da cultura,’ Tentemos organizar esta liste, Isto podia ser concebido como um artifico vitil para qualquer investiga. dor de campo que se dirigisse « slguma zona selvagem ot (B) Ato > (G) Satisfasao ‘Teadéacia a respirar; inspicagio de climinagio de Cos sspiraggo de ar oxleen ‘on teetden fome Jngestio de alimento saciedade side absorsio de liquide saciedade ‘petite sexual conjugagio Aesintumescéncia fadige reponse restruragio da fnorgia mutular desasossteu atlvidsde satisagio de fadiga sonoléreia sono erpertar com energia restourada presio da bexign ——miegio remocio de tonto Dressip do intenino exeregio elacamento sbéomiaal méto fuga do perige selaeomento or evitagdo por volts 20 estado Bt cletivo oral Na segunda coluna enumeramos o desempenho fisiol6gico correspondente a cada impulso, Talvex seja isto 0 que menos varia na sézic, no que se relaciona com quaisquer motivagoes ou influéncias’ cultarsis. A ingestio real de alimento ¢ asp agio de ar; 0 ato de conjugacfo; sono, repouso, micgio ou excregio si0 fendmenos que podem ser” descritos em tétmos de Anatomia, Fisiologia, Bioquimica e Fisica. Mais correta- mente, talvez, pudéssemos dizer que uma definicéo minima, em téimos anatdmicos e fisioldgicos objetivos, pode ser dada para cada proceso, embore mesaxo aqui ocomam cectas modifica ‘Ges caliurais. Ne iiltima coluna alinbamos os resultados fintis das ativi- dades fisiolégicas, na sua relagio com o impulso Que E Narvauza Humana? 72 280, uma vez mais, apuramos que, por meio das atividades enumeradas na coluna do meio, uma modificagéo ocorre no corpo humano, produzindo condisies muito definidas nos tecidos que introspectivamente sio sentidas como conférto fisico, alivio ¢ satisfacdo. Em térmos de comportamento observdvel teramos de definilas como repouso orginico, como uma volta as ativi- dades cGnicas normais, como respirar, ou a reassungio de outras tarefas como no caso da evacuaqS0. No caso do impulso semual, temos a condigio geralmente descrita por psicélogos fisidloges como desintumescén ‘Teme de notar, contudo, que aqui a conjugasio, ou seja, © deserpenho esseacial do instinto, e a temporiria imobilidade de ambos os organismos envolvidos, € sob certas condigses apenas © ponto de pattida de outro proceso biolégico de importincia fandamental. A conjugasio efetiva gers 0 processo de gravidez em um dos dois organismos. Temos aqui uma complexa se giiéncia de acontecimentos biolégicos, na qual um ndvo ofga- hismo € gerado, de infcio dentro do corpo materno, depois déle se separando no ato do nascimento © comesando uma carrera parcialmente independente de desenvolvimento onto- génico. © processo de crescimento, intrauterine ¢ depois individual, € também um fato biolégico associado com uma variedade'de impulsos © necessidedes, c tem de ser classifi calo como um dererminante biolégico da cultura. INo ca:0, todavia, no podemos colocer 0 ctescimento sob 0 titulo de impulso, embora o crescimento implique, definitivamente, uma série de impulsos adicionais, especialmente na infincia, e é definidamente relacionado com 0 aparecimento de certos impulsos em diferentes etapes do desenvolvimento. Anal saremos resumidamente éste tltimo quando definirmes a relay entre impulso ou tendéncia e necessidade. Esta argumentacdo visa cstabelecer a significagio da ‘expressio ‘‘natureza humana”. Mostramos que o determinismo biolégico impSe ao comportamento humano certas seqiiéacias invaridveis, que devem estar incorporadas 2 téda cultura, seja ela refinada ou primitiva, complexa ou simples. Ji salienta- mos 0 fato de que tédas as trés fases ocorrem em cada culturs, € que sua concatens¢do & tio permanente ¢ invariével como € x natureze fisioligica minima de cada fase. Cada uma dessas sequéncias vitais tripartidas € indispensével a sobrevivéncia do Una Teorra Crenripica pa Cuntura lsmo, e, no tocante & conjugacio sexual e A gravider, lspensével 3 continuacio da comunidsde. claro que of fapectos anatimicos, bioldgicos ¢ fisicos désses processos 30 aio fundamentalmente a preocupagio da ciéncia da cultura, E necessério, todavia, para o estudioso da cultura, dar énface 2 ‘essa, base esseacialmente fisiolégica da cultura, | Por motives tedricos @ priticos, a Antropologia, como teoria da cultura, deve estabclecer uma coopera¢i0 atuante mais intima co: essas Ciencias Naturals oue nos podem fornecer a resposta especifica aos 0ss0s problemas. Assim, por exemplo, no estudo dos varios sistemas econdmicos ligados i produgto, distribuigso ¢ consumo de alimentos, 0 problema com 0 qual 0’ nutricionista ou 0 fisibloge da nutricio esté preocupado € funcamentalment vineulado a0 trabalho antropolégi Go pode definic o étimo de uma dicta em térmos de proteinas, hhidratos de carbono, sais minerais ¢ vitaminas necessirios & macutensio do organismo humana em boa savid=. Esse timo, sontudo, deve ser definido com referéncia a uma deierminad, cultura,” Porque o timo é stmente definivel com relasio & quantidede de tabslbo, muscular e netveso, 4 complaxdad das tarefas, iis tensics 'c esforgos porenciais exigidos de seus membros por uma determinada configuratio cultural. Ao mesmo tempo, a f6rmula ideal fornecida pelo dietista n30 tem importincia prética ou tedrica a menos que possamas vinewld via 405 suprimentos existentes no ambiente, 20s sistemas de produco © possibilidades de distribuicio. ! Estou aqui resumindo 0 tipo de pesquisa com o qual estive ligado durante varios anos no wabalho do Instituto Interna- sional de Linguss ¢ Culturas Africanas, Quando @ mio-de- -obra africana € contracada por uma emprésa europsia, seja de ings, “plantation” ou fibricas, verifica-se geralimente que os tabalhadoces esto subnutridos’ em relagio aos esforcos que tém de empregor em suas atividedes. Descobriu-se também, por meio de trabalho especializado entre os vécias tribos afti. ccanas, que, sob as novas tensées decorreates da mudanca culeue ral em geral, seu suprimento de alimento, suficieate no passedo, tomase inadequade, Em conseqiéacia, mesmo em Antropo. 1 Estudos sdbre o problema foram feltos peice Drs. AT. Richards, Margaret Read, Raymond Firth © Lord Halley. Que # Nerureza Hussana? . Bt logis. prética © aplicads, a andlise aqui cfetuada pessou do cxtigio de mero desidere para um esiglo de pespusa cfetiva Gonmd, 4 importa terica do problema condi intercambio ligeiramente diferente de pergunta ¢ resposta fate © bilogo eo cstadioso. da cukurn, Seria da maior importincia para 0 nosso estudo comparativo do comporta- ‘mento humano organizado se pudéssemos aprender com os que cstudam anatomia c fisiologis humanss comparadas, © 0 meio ambiente destas, quais sfo os limites dentro dos’ quais 95 otganismos humanos podem permanccer em condigdes satis- fatérias de funcionamento em térmos de ingestio de alimento, suptimento de oxiginio, escala de temperatura, quantidade d= umidade no ar ou diretamente atingindo « pels — isto 6, as condigécs minimas de ambiente fisico compaciveis com o cies cimento, 0 metabolismo, protegio contra microrganismos e suficiente reprodusio. Neste altimo ponto, por exemplo, 0 grinde problema de despovoacio, o mais on menos ripido deseparecimeato de algumes ragas e culearas primitives © a sobrevivéacia de outeas, & ume questo de qual « Antropolo. tio cientifica no pode fugiz. Aqui, provivelmente, os simples estudos ginecolégicos ou mesmo uma teoria puramente fisio- Veges dire ol seam sflewes, As relates cere todo © organismo especialmente os eventos dentro do sistema Sena Eevee co "dace de teprodeit n> uma questo que foi aberta por estudiosos tis como G.H. Lane Fox PittRivets © uns poucos sntropélogos fisicos, mas que ainds eguarda solucio. No tocante @ presente anélise, todavia, precisamos apenas declarar que 2s seqiiéncias vitals ‘resumidss em nossa tabela tém de sex definidas biolbgicamente em primeiro lugar. Elas sio relacionadas 4 cultura fundamentalmente por meio da redefinicéo dos impulsos, ¢ também através do fato de que a satisfagio de um impulso, ou como diriam alguns behavioris- tas, 0 refétgo de uma tendéncia, € uma constante psicolégica € um fator fisiol6gico que coarrolam 0 comportamento humano attayés de ume vasta ordem de atividades tradicionalmente determinadas. Seremos capazes de ver claramente que 0 con- junto de yastas Areas de etividedes culturais altemente compl cadas e diferengadas, em niveis primitives e altemente desen- volvidos, € todo Gle relscionado mais ou menos dirctamente 82 Una Teorta Crenririca pa Cuttura seqiiéncias vitais aqui coumeradas. Isso, naturalmeate, aio € uma idéia nova. Na verdade, um ou dois des sistemas mais influeates de filosofia cultural ou de interpretagio geral do comportamento humano em térmos de um principio demi: nante escolheram uma ou outra de nossas sequénciss vitals ¢ teataram demonstrar que ela ¢ 0 principal motor da bums. nidade como um todo. © sistema matxista implica que a série fome —> alimentagio- saciedade ¢ a bese final de tda mot. vvagio humana. A interpretagZo materialista da histéria salicnta parciakmente a necessidade fundamental de nutrigfo, parcial ‘mente a importincia da cultura material, o1 seja, rigueza, espe cialmente em sua fase produtive. Sigmund Freud e seus disc. alos ampliaram a tendéacia que nds modestamente envimcrs ‘mos como apetite sexual 20 conceito, de certo modo metatisico da libido, © tentaram subordinar 2 maioria das faces de orgs. suizagio social, ideologia ou mesmo de interésses econdmicos a fixagses infantis de tendéacias libidinosas. Nesse processo cles também inclufram as atividades dos intestinos © da bevige, e assim reduziram os motores principais impulsionadorce ‘da humanidade a 2onas e processos que ocorrem exatamente abaixe a cintura humana. Permanece contudo 0 fato de que 0 ores. nismo hamano € enatémica ¢ fisioldgicamente difetengado, © 2 atitonomia dos vétics impulsos tem de ser sustentada, Cade tendéncia comanda um tipo especifico de desempenho © cada seqiineis vital € em grande parte andependente das cutzas, Quanto ao problema de forms ¢ fungio, seri possivel mostrar que, neste nivel da andlise, jd podemos definir o ambos, Cada uma de nossas seqiéncias vitais tem sua forma definida Cada uma delas pode ser descrita em témos de Anatomie, Fisiologia ¢ Fisica. E a definicto minima co que tem de set comportamento efetivo, induzide por uma tendéncia e cond. zindo a uma satisfacio, € uma declaragio feita em térmos de Giéncia Natural, ¢ uma definigéo da forma dessa sequcoca yital. No tocente a fumgio, & para o fisidlogo fundamental. mente telagéo eatze as condicdes do organismo antes do. ato ¢ a modificasio uazida por éle, propiciadora do estado normal de repauso satisfagio. A fungio, nesse aspecio mais simples @ mais bisico do cemportamento humano, pode ser definida como a satisfagio cle vm impulso orginico pelo aio adequado. A forma ¢ a fungio, NA? 83 Que E Natureza He: wiamente, esto inextricivelmente relacionadas uma com a mene bopesied eaa ae sem leva a outs em con derecio. Na respiracio, por exemplo, a “forma”, no tocanie 4 corpo bumano, podia parecer a aspirasio de ar. Mas se a amosiera circundanie tem uma insuficgncia de oxigen! eatf cheia de monéxido ou algum outro gés venenoso, o efeito teria muito diferente da sspitagio de ar puro. Poderiamos entio dizer que a mesma forma apresenta uma fangio dife E daro que nio. Em nosca definicéo de forma incluimes nfo apenas o ato ceatral da seqiiéncia vital, mas também a condigao Inicial do. organismo, 0 meio ambiente co resultado final do ato, em tétmos do que scontece 49 organismo em sua interacio com os fat6res ambientes. Quando algum gfs venenoso atinge 23 pulmées, a forma do processo microfisiolSgico & dbviamente Giferente da de oxidagio. Em outrss palsvras, terfamos aqui tuma difcreaca de funcie, porque a forma do processo, como ty rod mudou, A fora ga, em strooe de comport to manifesto, represcntaria nfo 0 orgenismo respirand for algum tempo’ e depots chegando 40 cxado normal de satis Eig devida & zeaovecto de oxigénio nos sccidos, mas 20 estado de colapso, sadicalmente diferente no tocante 2 ativi cade total © 2 condicio dos tecidos. Poderiamos dizer que a abordagem formal coresponde 20 método de observasio Crompton dfn de vina seaiaca wt 20 asso a fungio € a redefinicio do que sconteceu em te Prictpios ieotifices ticados da Fisica, da ‘Bioguimica da Anatomia, ou sejs, uma andlise completa dos

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