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fl cdots de Ciclade - Broudes C4 A CIDADE E A UNIVERSIDADE Jodo Antinio de Paula Assume-se neste texto a existéncia de uma interdependéncia forte e complexa entre a cidade e a universidade. Trata-se de ver essa relacéo ‘como imentada por algo que, talvez, se possa chamar, como Goethe e Max Weber o fariam, de “afinidade eletiva’, no sentido de que néo se esté, seja diante de uma correlacao simples, seja de uma justapo- sigo mecainica, Cidade e universidade so complexos interligados por determinagbes e fecundagdes reciptocas. Reivindica-se aqui que tanto a natureza, quanto o destino daquelas instiuicées, a cidade e a univer- sidade, s40 algumas das melhores promessas da modemidade, pro- messas de liberdade e emancipacdo efetiva da humanidade. Assume-se aqui que tanto a cidade quanto a universidade séo frutos da modemidade; assume:se mais, assume-se que é a cidade, em seu sentido basico ¢ fundante, cemo espago da liberdade, a matriz essencial da universidade. Isto &, que a liberdade que a cidade reivin- dica, que @ pluralidade cultural que a cidade permite, que so 0 compartihamento e as miitiplas interagdes que a cidade possibilita, 880 05 elementos da constituigo da universidade como um dos insiru- mentos da construge da sociedadle humana livre e soldétia Palavra polissémiea, a “modemidade” remete a vérias dimensoes, sujeitos, processos. Sendo assim, nao hé propésito em ver a Todemidade como tendo pericdizacao Gnica. Vatias 80 as datacde possiveis, quanto vari pactos da modemidade. Se se que nfatizar a cidade 0 0 fundamental da modemidad i, UE Gs . at ‘aso de acompanhar Henri Pirenne, ¢ vé-la, a moderidade, como nascendo com a reinvencao das cidades, na Europa, nos séculos XI Xil, Se 0 que Se acentua é a constituigdo do Estado, em sua forma moderna, talvez seja 0 caso de vé-la, como faz Burckhardt, como uma criagéo do Renascimento italiano, na medida em que é al, com Maquiavel, que o Estado é pensado como “obra de arte", como cons- trugio social capaz de garantir paz, seguranca, direitos, o bem comum. ‘Se o acento 6 sobre os aspectos cienttfice-tecnolégicos da modemidade € 0 caso de reconhecer 0 passo decisivo da revolugao galilaica, nos séculos XVUXVIL Nao se esqueca também de ver @ modemidade como fundada, ‘também, por uma nova consciéncia sobre o tempo e 0 espago, sobre © corpo, sobre a natureza. Nesse sentido, a modemidade é 0 terreno tanto do surgimento da ciéncia experimental sobre 0 tempo, que viu multiplicarem-se os Instrumentos de medi-lo, quanto 6 também marcada pelas diversas modalidades e experiéncias de “descoberta” € investigagao do espago, do corpo, do universo. Tempo da represen- {ago do corpo, e de seu escrutinio, pela invencao do termémetro, do Inicroscépio; tempo do alargamento do espaco pela invencao da busso- la, dos instrumentos de navegagéo e do telescépio. Tempo da invengao da anatomia e da fisilogia, de Copémico e de Galileu, de Colombo e Vesalio, de Da Vinci e de Harvey. Este texto busca estudar a relacdo entre cidade e universidade nao s6 como um capitulo central da instauragao da modemidade. Atribui-se & cidade a universidade conte(idos emancipatorios que, apeser de todas as mazelas, crises e distorcoes que térm acometido a ‘moderidade, continuam a alimentar 0 melhor do que somos capazes no sentido da realizaco de uma humanidade autenticamente humana, crise inegavel da modemidade, suas intimeras aporias, impasses e tragédias ndo autoriza que se a descarte, absolutamente, como quer certa corrente pés-modema, que & guisa de denunciar certos aspectos efetivamente deletérios da modemidade, acaba por, afinal, render-se ao capitalismo globalitérioe excludente dominante hoje. Pode-se cogitar, num sentido nao inteiramente similar a tese de Habermas, que a modernidade ainda néo realizou todas as suas potencialidades emancipatérias. E que na raiz do desvirtuamento, da crise historica da modernidade estao duas apropriagses indébitas: de lum lado, a apropriacao capitalista, que insiste em estabelecer uma falsissima identidade entre capitalismo e modernidade; de outro, uma ‘outra apropriacao indébita, a do socialismo de caserna, que se reivin- dicou o herdeiro exclusivo do melhor das promessas da modernidade — as promessas da justiga, da liberdade, da igualdade. A construgaa de antidotos eficazes contra essas duas apropria- ‘Gées indesejaveis passa nao exclusivamente pela valorizacao dos sen tidos fundantes tanto da cidade, quanto da universidade. Isto 6, se formos capazes de reconhecer e valorizar tanto a cidade quanto a universidade como espagos da liberdade, da pluralidade, da diversi- dade, estaremos requalificando as instituicbes para se relancarem como instrumentos decisivos da realizacao da modernidade como projeto eletivarente emancipatério, Esse, est claro, ¢ esforco coletivo que envalverd, necessaria mente, varios sujeitos, processos e dimensdes. A proposta descrita aqui se realizard pelo reconhecimento da necessidade de superagao do cardter fechado, autoritario, excludente, elitista, privatista, particularista, tanto da cidade quanto da universidade, No ambito de discussao metodolégica que se trava hoje, esse esforco de Telancamento do caréter emancipatério da cidade e da universidade passa reconhecimento e valorizagao da pluralidade, da diversidade, da interdisciplinaridade, da transdisciplinaridade, Veja o diagrama A cidade modema, como um provérbio alemao consagrou, & 0 espago da liberdade — “o ar da cidade lberta. Liberdade conquistada tanto as imposigdes do senhoriato feudal, quanto 20 arbirio das mo- narquias @ impérios e 20 discriciondrio do poder da grea. Em sua luta por autonomia, a cidade criou corporagbes de offco, irmandades leigas, orciens religiosas mencicantes, universidades, governos e direl tos comunais, Heterogéneas, e com graus variados de autonomia, as “dades modernas experimentaram desde o mais avancado das formas republicanas de governo, como nos casos de Florenca, Veneza, até situagdes de certo hibridismo de poderes compartilhados, Entre as instituicoes meis caractetisticamente resultantes da vo- Cagdo de liberdade das cidades destaca-se a universidade, AA universidade vai afirmar-se num contexto em que terd que en- frentar as trés grandes insttuigbes que controlavam o ensino: as escolas alatinas, submetidas ao escrutinio das cortes; as escolas episcopais, submetidas 20 poder dos bispos; e as escolas manacais, submetidas a0 poder dos mosteiros. A universidade nasceu como corporagao de ofcio, quase sempre contrlada por protessores e estucantes, havendo, em trajetéria singular, a experiéncia de Bolonha, na qual eram os estudantes que controlavam a universidade, E do final do século XII inicio do XIll a 6poca de surgimento das primeiras universidades: Bolonha, Paris e Oxford. A criaco da Univer Sidade de Paris, em 1200, resultou da jungao de quatro faculdades: a de Artes, que ensinava as disciplinas do trivium (gramética, retérica e dialética) e do quadtivium (aritmética, geometria, miisica e astrono- mia); a de Direito (canénico ¢ civil); a de Medicina; e a de Teologia Dirigida por estudantes e professores, a Universidade de Paris Vivenciou, no século Xill, um debate cujo desenlace marcou toda a modemidade. Para o grande filésofo brasileiro Henrique Claudio de Lima Vaz, a consequéncla do embate que se verificou na Universidade de Paris, entre a Faculdade de Artes e a Faculdade de Teologia, esta ‘na base da emergéncia da modernidade. No centro da querela esté a relvingicagao da Faculdade de Artes pela liberdade de flosofar, isto é, a defesa de uma filosofia nao mais submetida & teologia. A polémica ‘eve como principals contendores, da lado da Faculdade de Artes, Siger de Brabante, ¢ do lado da Faculdade de Teologia, Sao Boavertura, Também participou do debate, numa posicéo que buscou o lugar inter ediario, Sao Tomas de Aquino (Vaz, 2002) A universidade, na medide em que se consolidou como espago do livre pensar, é uma criagéo da cidade, resultado do conjunto de Uiberdades, que as cidades reciamavam e construlam, AA afirmagéo da liberdade das cidades foi possivel, em grande medida, pela presenca de um quadro de tens6es entre o império, 0 Papado e as monarquias, que vai marcar a Europa entre os séculos XII @ XIV, Nesse periodo, assistiu-se tanto ao enfraquecimento do Ore ee eae ee papado e do impétio, quanto ao fortalecimento, de um lado, da monar- auie francesa, grande beneficiria da crise daqueles do's poderes “uni- versais", e, de outro, das cidades. No complexo de aliangas e disputas, de arranjos e movimentos téticos que marcaram o perfodo, as cidades se dividiram. A mais cléssica dessas divis6es € representada pelos “par- tidas” guelfo (apoladores do papa) e gibelino (apoiadores do impera- dor), que vao conflagrat a historia de Florenca por longo tempo. Essas disputas e conflitos, é certo, fazem parte de um movimento mais geral, de longa duragao, cujo sentido bésico é tanto a crise do mun- do feudal, de suas instituigies, quanto a emergéncia da modemidade Num registro que privilegia as relacoes simbblico-culturais seré possivel mostrar o quanto a fisionomia cultural da mademidade de- corre da vida urbana, da invenco da cidade modema. € a cidade, & © espaco urbana, ele proprio obra de arte, como disse Giulio Carlo Argan, {ue vai possibilitar, a partir do século XI, tanto o desenvolvimento da representacéo da figura humana, com a pintura de Giotto, quanto da representacéo da subjetividade humana, com a literatura de Petrarca, ‘como nos ensinou Otto Maria Carpeaux. A cidade deve ser reconhecida como matriz do humanismo moderno, pressuposto do projeto de afirmacao da dignidade © da plena emancipagao humana. A cidade como espaco da liberdade e a criatividade. Por outro lado, & preciso acompanhar uma outra idéia sobre a cidade que € ainda mais decisiva em sua afirmagao como espago emancipatério. Trata-se de algo que Robert Brenner tem insistido em lembrat: a recusa da cidade em se deixar dominar pelo capital. Ao conirio do que certo senso comum buscou estabelecer como evident, a cidade, durante longo tempo, resistiu ao capital. S6 com a Revo- lucdo Industrial, de fato, é que ela Seré submetida ao capital. Durante séculos, o capital desenvolveu-se fora da cidade. Isto transparece em varios aspects. Nas cidades, as corporagées de oficio tudo fizeram para impedir que prevalecessem as regras impessoais da concorréncia, a l6gica do lucro com base na busce permanente do “melhoramento", isto é, no aumento da produtividade do trabalho. Nesse sentido, foi no campo, transformado pelos “cercamentos" e desapropriagoes, pelo surgimento do artendamento e do trabalhador desprovido dos meios de produgdo, que surgiu e se desenvolveu o capitalism. Diz Ellen ‘Wood, sintetizando o tema: “O capitalismo, com tocos os seus impulsos VE Sumamente especificos de acumulago e maximizagéo do lucro, no fnasceu na cidade, mas no campo, num lugar muito especifico ¢ em poca muito recente da histéria humana. (...) a ideologia caracterstica ue distinguiu a Inglaterra das outras culturas européias foi, acima de tudo, a ideologia do ‘melhoramento’: nao a idéiailuminista do aperfei- goamento da humanidade, mas o melhoramento da propriedade, a &tica,e, a rigor, a ciéncia do luero, o compromisso com o aumento da Procutividade do trabalho e a prética do cercamento e da desapro- priagao” (Wood, 2001, p. 77, 119). A cidade empreenderé, na verdade, por longo tempo, a interdicao do capital e seus pressupostos: em lugar da competicéo, a cooperacao; em lugar do interesse individual, o interesse do grupo; em luger da acumulagao, a reprodugao; em lugar da universalizagao abstrata do valor de troca, a singularidade irredutivel do valor de uso A cidade, assim vista, recupera algo essencial como contraponta a0 deletério da vida urbana contemporénea, Trata-se, nesse sentido, de reivindicar uma outra sociabilidade urbana, sociabilidade baseada na valorizagao do policentrismo, no entendimento do urbano como “a liberdade de produzir diferengas (de diferir e de inventar 0 que difere)” (Lefebvre, 2002, p. 158). A cidade modema, entéo, no criou o capital, mas a liberdade modema nao criou o mercado, mas o humanismo modemo. A cidade criou, enfim, a possibilidade da construcao de identidades coletivas na medida em que entreteceu e amplificou desejos, aspiracoes & demandas coletivas, possibilitando também a constituicao de subjeti- Vidades lives e enriquecidas pelo convivio urbano. Nesse sentido, veja-se 2 universidade como uma das expresses sintéticas do que de melhor a cidade é capaz. i nets Ranks 4. ty Ccdurcls de Ciclebe BH VEHG, deos — A eidede © A Vet werdede Vale a pena retomar a pergunta: 0 que é 2 universidade? Lima resposta Possivel diria que a universidade, historicamente, teria trés caracteris- ticas essenciais. A primeira diria respeito ao seu papel como reposit5rio do patriménio filosstico, cientifico, artistico e cultural da humanidade. ‘nae versus | nie ao ar A universidade, nesse sentido, seria uma espécie de meméria do mundo, conservando tanto idéias, quanto valores, quanto simbolos, Essa fungao, ¢ claro, tem papel essencial na cimentacéo das identi. aces coletivas, na produgao de lacos intergeracionais que garantem a preservacao dos valores fundantes da humanidade, tals como a jus- tiga, a verdade, a beleza, 0 bem comum. Ha nesse processo varios aspectos que devem ser considerados. Uma primeira questao diz respeito @ uma contradigao central que @ Universidade vive sempre. Trata-se do fato de que se a conservacao do conhecimento um dado essencial, uma fungéo decisiva da univer- sidade, essa preservacao do conhecimento nao pode significar absolutizar o conhecimento tradicional, como se ele fosse a culminéincia do saber humano. Foi exatamente essa a tensao que a universidade enfrentou em seu nascedouro. Dominado pela teologia crista e pela Imetafisica classica (platénico/arstotéica), o conhecimento parecia um dado absoluto, incontrastével sob pena de severa represséo. A universi- dade teve que vencer esse monopélio pela reivindicacio da liberdade de pensamento. Se isso & decisivo e incancelével, assiste-se hoje tendéncia opos- ta. Vive-se hoje uma hipertrofia da novidade, que acaba por interditar, como se absolutamente irrelevante, tudo o que nao esteja sintonizado com os paradigmas dominantes, Essa tendéncia, cujo pressuposto 6 luma perspectiva linear do conhecimento, tem probleméticas implica- ‘goes para 0 avanco do conhecimento. Veja-se 0 trecho ~ Feyerabend hha recordado que la concepcién pitagrica de que la tierra se mueve fue abandonade por completo a partir de Aristételes y volvié a reviver fen Copémnico gracias a fa tradicién hermética, cujo papel histbrico todavia no ha sido explicado suficientemente. [Feyerabend lembrou ue a concepeao pitagérica de que a Terra se movia foi abandonada or completo a partir de Aristételes e voltou a reviver com Copérnico recas a tradicao hermeética, cujo papel histérico néo tem sido expli- cado suficientemente.] (Fernandez Buey, 1991). Assim, se hd que se buscar 0 novo, se isso condigéo para 0 desenvolvimento do conhecimento, néo se veja nisto cancelamento da meméria, do conhecimento produzido, sob pena tanto de certa desconexao diluidora de referéncias e identidades, quanto mesmo de empobrecimento cientfco, na medida em que, muitas vezes, o avanco do conhecimento significa a revisitacdo de autores e teses antigos, Uma segunds funcao da universidade afirmou-se no contexto da Revolugao Francesa, e poder-se-ia dizer que ¢ seu caréter republicano, isto 6, a universidade laica, pablica e universal. Sob esse aspecto, a Universidade brasileira vive hoje grave crise. De um lado, 0 ensino ppUblico nao tem expandido suas vagas, desatendendo, assim, crescentes contingentes que demandam a universidade; de outro, paralelamente & ‘expansdo do ensino privado, mesmo as universidades pliblicas vivem hoje variadas formas de “privatizacdo" comprometedoras do que deve- ria ser um de seus mais caros valores. Agregue-se a isso uma outta dimensao desse problema. Relativa- mente minoritaria, em termes de vagas para o ensino de graduagéo, a Luniversidade piblica no Brasil parece querer se apegar ao seu conside- rvel sucesso no campo da pesquisa e da pés-graduagéo, como se s6 'ss0, importante sem qualquer divida, pudesse justificar a sua exis- ‘encia, Nao se conclua daqui pela existéncia de uma disjuntiva, que & ‘alsa. Nao élegitimo entender que o importante avango da pesquisa e da Pés-graduacao, que precisa ser incrementado, signifique abandonar 0s esforcos, ainda mais urgentes, de apoio expanséo do ensino de Braduagao. Na verdade, até para conseguir 0 necessério apoio politico que a universidade pablica precisa ¢ indispensével que ela continue ‘ampliando vagas na graduagdo e democratizando o acesso 20s seus cursos, mediante acées afirmativas, que néo vacilem em reconhecer a existéncia de injusticas, que somente sero superadas quando houver programas especificos de enfrentamento de berreiras étnicas e sociais, Por meio de melhoria do ensino piblico em nivel fundamental e médio, de concessio de bolsas de estudos para estudantes carentes, pela ‘promogao de cursos de apoio e reforco para estudantes admitidos por melo dos programas de agdes afirmatives. Trata-se aqui de ver ameacas concretas & universidade publica No Brasil se ela aceitar ver reduzido & insignificancia seu papel como formadora de graduados. De resto, insista-se, néo hé por que consi- erar como excludentes os abjetivos de melhoria e expanséo dos pro- gramas de graduacéo e pés-graduacdo. Ha ainda outras ameagas a universidade piblica, Esto em curso, no Ambito do GATS ~ General Agreement on Trade in Services, pres. 302s no sentido de que o governo brasileiro assine tratados que consi- derem o ensino superior como “mercadoria", permitindo néo s6 a entrada do capital estrangeiro no sistema educacional brasileiro, como também sua definitiva privatizacao. Essas ameapas concretas & universidade pailica no Brasil s6 pode- ‘0 ser respondidas @ altura mediante clara e decidida mobilizagdo que reafirme seu caréter piblico, gratuito, laico, eriico e democratico, Finalmente, o teceiro decisivo papel da universidade é 0 rlativo a0 seu cardter de instrumento de produgdo de conhecimento. Ess terceira dimensdo da vida universitéria afirmou-se com a criagéo, em 1810,

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