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Resumo Abstract Aspectos semi de fotolitos dig iticos da relacao entre designer e bureau itais Semiotic aspects of the relationship between designer and digital film bureau Alexandre Farbiarz ‘Mestrando em Design pelo Departamento de Artes da PUCRio Vera Lucia Moreira dos Santos Nojima Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP; Professora do Programa de Mestratio em Design do Departamento de Artes da PUC-Rio Na relagio entre 0 designer e um de seus prestadores de servicos, 0 bureau de fotolitos digitais, ambos os atores constituem repertérios signicos proprios, caleados em contextos distintos. Esta situaco acarreta que o objeto-ponte dessa relagdo, 9 produto visualgréfico, seja representado por signos distintos e, consequentemente, interpretantes distintos conforme 0 repertorio do interlocutor. Esta relacio de géneros distintos, conforme 0 contexto de cada ator, ndo se apresenta com clareza na relacdo, sufocada pela superposigao de diversas esferas de relacionamento entre ambos, prejudicando o processo da comunicagio, Palavras-chave: designer, bureau de fotolitos digitais, semidtica In the relationship between designer and digital film bureau, both actors build peculiar repertoires of signs, based on different contexts. One consequence of this situation is that the common object of this shared relationship, the graphic visual product, will be represented by distinct signs and, consequently, will have different interpretants according to the interlocutor’s repertoire. This relationship between distinct modes, according to each actor's context, is not clearly visible in the relationship itself, being obscured by the overlapping of various spheres of the relationship, thus injuring the communication process. Key words: designer, digital flm bureau, semiotics sTu00s ORSON - 0 BEDAMEIRO-¥.7-H 2-AGDETO MR serecroRsenoricos- wexanoncranowne ess LL Introdugao O designer enfrenta problemas de comunicagio com 0 bureau de fotolitos digitais, no processo de produgéo de uma peca grifica, pois estes tém para com o seu objeto de trabalho relagdes distintas, acarretando uma dissociago comunicacional intransponivel até que os atores tomem consciéncia, da situagao que atravessam em prol da constituigao de um proceso dialégico de relacio profissional. ‘Muitos enfoques podem ser tomados como ponto de partida para a melhor compreenséo dessas questoes. Partindo de estudos anteriores’, parece pertinente enfocar 0 processo signico que perpassa essa relagdo, Para tanto, tomando por base o quadro teérico da semidtica peirciana, busca-se uma nova visio que possa ressaltar aspectos orientadores de futuras propostas para 2 “solugdo” dos problemas levantado: Uma visao semiética A idéia central da semiotica peirciana revela uma relagdo tiédica para definir 0 processo da semiose em trés elementos: 0 objetojreferente, 0 signojrepresentamen e o interpretante. “O signo, ou representamen, é tudo aquilo que, sob um certo aspecto ou ‘medida, esta para alguém no lugar de algo. Dirigese a alguém, isto é, cria rma mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido, Chamo este signo que ele cria o interpretante do primeiro signo, © signo esti no lugar de algo, seu objeto. Esti no lugar desse objeto, porém, no em todos seus aspectos, mas apenas com referéncia a uma espécie de idéia” (Noth, 1995, p. 65) Em uma interpretacao bastante simplificada podese dizer que 0 objeto, ou o referente, faz parte do mundo das “coisas”, materiais ou imateriais, ‘que cercam os homens e que constituem 0 seu mundo “real”, na quase independéncia da subjetividade humana. © signo se constitu’ como uma representagéo do objeto, uma representacSo sensorial dindmica, na medida em que transita deste objeto para dentro de nossa mente, permitindo-nos perceber e elaborar essa percep. 1 “0 dominio dos mecanismos © dos conhecimentos dos meios tecnolégicos de produsio de fotoltos digtais & pouco aleancado por parte das oumas personagens. Na medica em que ‘nfo se detém a compreensio dos meios ¢ processos, qualquer tentativa de interapo resulta em uma quebra no proceso comunicacional, A tecnologia, apregoada como libertador’ scaba por limitar a agdo eriaiva do designer, caleandose om justiicaivas técnica” (Fasbiare, 1906, p. 533). $12 esuwos oestn mo oeamena-¥.7=¥.1 ABUL 98 ACTOS SECO AERMORE FBI 31-22 © interpretante € a parcela do objeto original, transmitida pelo signo, que fo captada e modificada em nossa mente, permitindo a relagéo com 6 objeto original O processo de semiose esti centrado na dinamica dialogica da linguagem, pela qual a comunicagao se realiza através dos seis fatores bisicos (que a sustentam: “emissor e receptor slo posigSes que os interlocutores assumem alternadamente no processo interacional de qualquer ato de comunicagio, como elementos ativos na constituiglo da representagio; a mensagem @ constituida a partir de um recorte da referéncia de cada individuo, necessério a composicio do enunciado daquilo que esse pretende representar; por referéncia entendese toda a rede de valores, conhecimentos hhistoricos, afetivos, culturais, religiosos, profissionais, © experiéncias vivenciadas pelo interlocutor, ao longo de sua existincia, que formam e forjam a realidade em seu intelecto, seu pensamento; todo ¢ qualquer recorte dessa referéncia que se transforma em mensagem representa 0 que se denomina repertbrio; cbdigo ou sistema de codigos corresponde ao conjunto de sinais, ‘chamados signos, perceptiveis ao receptor; ‘canal diz respeito a0 percurso percorrido pelos signos, da emissio & recepcio, no processo de representagio da mensagem, Os interiocutores, emissor e recepior, sfo os responsiveis pela producio do enunciado, resultado da elaboragdo mental do conteddo da mensagem expresso por sinais perceptiveis ao receptor, chamados signos, que, cobviamente, compdem os cédigos. signo exerce a mediagSo entre 0 pensamento eo mundo em que 0 homem esti inserido, Os signos podem ser entendidos como intermediérios entre a nossa consciéncia subjetiva e o mundo dos fenémenos. Pensamos com signos e em signos. O pensamento existe na mente como signo mas para ser conhecido precisa ser extrojetado pela Linguagem. A expresso do pensamento é circunscrita pela linguager. Os cédigos so constitidos por signos e obedecem 2 um conjunto de regras bisicas que compSem a especificidade das linguagens, como por exemplo a danca, a misica, os fonemas da lingua, as letras do allabeto, os riimeros, 0 cédigo de transito {STU006 OF DESIGN IO OE INNERO- V7 -N. 2 -AGORTO 1968 ~AGPECTOS SOMUOMICOS- mocoRErARBIARZ Pur — 13 A aco do signo (semiose) desenvolve- se por meio de um processo de transformagio, pela agio do sujeito da codificagio da mensagem e, simullaneamente, por um processo de transago pela ago do sujeito de decodificagdo que tem o papel de destinatario,” (Nojima, 1998, p. 5) Para Peirce, *O signo, ou representamen, ¢ tudo aquilo que, seb wm certo aspecto ou ‘medida, esta para alguém no lugar de algo.” (Noth, 1995, p. 65) [geo nosso Quando Peirce afirma “sob um certo aspecto”, a que estaria se referindo? Eco (1981) busca esta explicacio na interpretacdo do texto original, “something which stands to somebody for something in some respect or capacity? (Peirce, 1931, p. 2.298), que pode ser compreendido como “(u) alguma coisa que aos olhos de alguém esta por outra coisa a algum respeito ou por alguma sua capacidade. ‘A algum respeito’ significa que o signo no representa a totalidade do objeto, mas ~ por via de abstragbes, diversas ~ 0 representa de um certo ponto de vista ou com o fim de um certo uso pritico.” (Eco, 1981, p. 32). “Um certo ponto de vista” esti sempre calcado na opinigo, na cultura, nos objetivos etc, dos interlocutores. © ponto de vista de uma pessoa nunca é exatamente igual ao de outra pois elas tém referenciais distintos. Neste onto se insere a questio do repertorio, Segundo Coelho Netto (1980), “Entende-se por repertério uma espécie de vocabulario, de estoque de signos conhecidos ¢ utilizados por um. individuo” (p. 123). Mais ainda, “Constituem esses repertérios, como se pode ver, além dos conhecimentos \enicos esperificos, todos os valores éicos, estéticos, floséficos, politicos, « ideologia do individuo, do grupo ou da classe social.” (Coelho Netto, 1980, p. 124125), Coelho Netto (1980) enfoca a questo do repert6rio como elemento determinante no processo de comunicagao. B a intersecao dos repertorios do emissor ¢ do receptor que permite a0 processo comunicacional funcionar, dado que, segundo 0 autor, “(..) para que a mensagem seja significativa para o receptor (..) € mecessério que os repertorios (..) tenham algum setor em ¢ comum” (p. 124), ow seja, tenham pelo menos alguns signos em comum. Nosso interesse em tais afirmagSes esti ma percepgfio de que repertorios estéo atrelados tanto ao individuo como ao grupo a que pertence, constituindose simultaneamente como elemento distinguidor e socializador. A partir da compreensio da relacao - e dos problemas decorrentes — entre 0 bureau de fotolitos digitals e o designer de comunicacio visual de 414 csvoss erosion -qoce mene-v.7-1.1-senuse | srr sme suena 911-2

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