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ARTIGO CIENTÍFICO
Rio de Janeiro
2009
1
RESUMO
Este artigo científico apresenta os procedimentos e os resultados da tese intitulada
“Gestão da Logística Empresarial Aplicada ao Apoio Logístico às Brigadas Blindadas
nas Operações Ofensivas”. O objetivo foi analisar as vunerabilidades logísticas
dessas brigadas no que tangia ao suprimento de munição coletiva das Viaturas
Blindadas de Combate (VBC) Leopard 1A5 e Viaturas Blindadas para Transporte de
Pessoal (VBTP) M 113-B dos calibres 105 mm (para VBC), 7,62 mm (utilizadas nas
VBC e VBTP nos seus armamentos coletivos), 12,7 mm (utilizadas nos armamentos
coletivos das VBTP) e 76 mm fumígenas (utilizadas nas VBC) e, ao final, propor a
adoção de conceitos e técnicas da gestão empresarial no apoio logístico às Brigadas
Blindadas (Bda Bld) - reunidas em uma ferramenta computacional - para que essa
grande unidade cumpra suas missões com a eficiência que a doutrina prevê. Os
resultados revelaram que a atual sistemática de apoio logístico não atende às
demandas logísticas em função da sua nova organização e da aquisição dos novos
carros de combate; que os dados médios de planejamento (DAMEPLAN), no que
concerne às munições, não se adequam às necessidades atuais; e que a gestão
empresarial moderna, por meio de suas técnicas e processos, tais como teoria das
filas, pesquisa operacional e programação linear, quando devidamente aplicadas,
contribuem para se incrementar a logística que apóia as Bda Bld. Nas suas
conclusões, o autor apresenta uma série de propostas, como a fabricação de
munição 105 mm para viatura blindada de combate no Brasil e a adoção de um
sistema tático de logística (SISTALOG), dentre outras, no sentido de mitigar as
vulnerabilidades evidenciadas na pesquisa.
1
O autor é Major de Cavalaria do Exército Brasileiro. Concluiu o Curso de Comando e Estado-Maior
da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) em 2008. Possui o MBA de Logística
Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os cursos Logistical Support to UN Peacekeeping
Operations e Operational Logistical Support (ONU/Institute for Training and Research/POCI). Foi
2
1 INTRODUÇÃO
“The first essential condition for an army to be able to stand the strain of battle
is an adequate stock of weapons, petrol and ammunition. In fact, the battle
is fought and decided by the quartermasters before the shooting begins.
The bravest men can do nothing without guns nothing without plenty of
ammunition [os destaques são nossos]; and neither guns nor ammunition
are of much use in mobile warfare unless there are vehicles with sufficient
petrol to haul them around. Maintenance must also approximate in quantity
2
and quality to that available to the enemy” . (CREVELD, 1977, p. 200).
Diante dos inúmeros encargos que um sistema logístico de combate tem sob
sua responsabilidade, a função de suprimento é das mais importantes. Dentre os
suprimentos necessários ao combate, a munição (Mun) destaca-se. Sem ela, o
combate moderno recuaria aos tempos dos tacapes, arcos e flechas e fundas.
Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados acerca das pesquisas
que o autor realizou para a obtenção do seu doutorado na Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército na área de Logística Militar Terrestre, cujo tema foi
“Gestão da Logística Empresarial Aplicada ao Apoio Logístico às Brigadas Blindadas
nas Operações Ofensivas”.
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“A logística militar conheceu profundas mudanças em resposta à Revolução nos Negócios Militares
e a transformação dos exércitos, que se são traduzidos por uma verdadeira ‘Revolução na Logística
Militar’. Além disso, a logística militar se inspira junto ao setor civil onde retoma não somente as
tecnologias (gestão em tempo real, fluxos longos, comércio eletrônico) mas também os conceitos
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2 MATERIAL E MÉTODO
2.1 TEMA
Ao longo de sua História, o Exército Brasileiro (EB) perseguiu fórmulas para
torná-lo tão eficiente quanto as necessidades que cada época impõe. Em razão
disso, sofreu diversas reestruturações. Na atualidade, a Estratégia Nacional de
Defesa (END), recém lançada, mantém essa tradição ao rearticular as Forças
Armadas (FA) no nível estratégico. Ao ressaltar que as FA devem ser organizadas
sob o trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença, as diretrizes da END
(BRASIL, 2008, p.9) estabelecem um corolário com as forças blindadas, dentre
outras, que é, por excelência, uma tropa móvel e altamente flexível.
Entende-se que, atualmente, o Sistema Logístico utilizado para apoiar uma Bda
Bld não é eficiente. Enxergou-se no desenvolvimento da tese realizada que a
logística empresarial por meio de suas ferramentas, processos e rotinas, é uma
solução no sentido de se atingir a eficiência necessária. Nesse sentido, decidiu-se
pela escolha do tema proposto.
2.2 PROBLEMA
O EB, ciente da importância de suas forças blindadas, vem, ao longo de anos,
buscando a melhor estrutura e o melhor material possível para dotar suas Bda Bld. A
recente compra da viatura blindada de combate (VBC) Leopard 1A5, bem como a
nova reestruturação das Bda que utilizam material blindado, confirmam essa
assertiva. Daí, surge o questionamento se a atual estrutura do EB atende com
eficiência as demandas logísticas das Bda Bld.
Assim, levantaram-se as seguintes situações-problema:
- com o atual Sistema Logístico, no que tange ao suprimento de munições, que
se desdobra na zona de combate, as Bda Bld têm capacidade de responder aos
imperativos doutrinários para executar um ataque coordenado?
- em que medida a adoção de ferramentas da gestão da logística empresarial
proporciona melhores condições às Bda Bld para cumprirem suas missões em um
quadro de operações ofensivas?
teóricos. Por último, observa-se uma delegação cada vez mais importante das tarefas logísticas às
entidades comerciais civis”. (trad. autor).
5
4
Classificação militar de suprimento que significa “Munição”.
6
2.5 HIPÓTESES
Durante o desenvolvimento da tese, buscaram-se subsídios no sentido de
validar as seguintes hipóteses (H):
H1 - a atual sistemática de apoio logístico das brigadas blindadas não
atende às demandas logísticas em função da sua nova organização e da aquisição
dos novos carros de combate adquiridos pelo Exército Brasileiro nas operações de
ataque coordenado;
H2 – os dados médios de planejamento (DAMEPLAN), no que concerne às
munições, não se adequam às necessidades atuais; e
H3 - a gestão da logística empresarial moderna, por meio de suas técnicas e
processos, quando devidamente absorvida pelo Sistema Logístico das brigadas
blindadas, contribui para se atingir os objetivos táticos dessas GU no ataque
coordenado no que tange ao suprimento classe V (Mun).
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3 RESULTADOS
5
Para a montagem desse quadro seguiu-se às condicionantes estipuladas no Caso Tupiniquim,
detalhadas no corpo da tese.
9
Munição FT 421º BIB FT 422º BIB FT 423º RCC FT 424º RCC Demanda Total
7,62 Cm 59.800 59.800 29.900 89.700 239.200
7,62 Tr 23.920 23.920 11.960 35.880 95.680
7,62 Pf 35.880 35.880 17.940 53.820 143.520
.50 Cm 54.000 36.000 18.000 36.000 144.000
.50 Tr 21.600 14.400 7.200 14.400 57.600
.50 Pf 32.400 21.600 10.800 21.600 86.400
105 HEAT 1.014 1.014 507 1.521 4.056
105 HEP 390 390 195 585 1.560
105 SMOKE 156 156 78 234 624
Gr 76 mm Fum 624 624 312 936 2.496
Quadro 1 - Munição necessária para uma Bda Bld para o Caso Tupiniquim.
Fonte: o autor.
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O fator “k” é utilizado no cálculo de estoque de segurança (ES) na logística empresarial, cuja
fórmula é ES = k x σD; onde σD é o desvio padrão da demanda de Mun. Para esse estudo, “K” recebeu
10
os valores dessa tabela. Na logística empresarial, adota-se, normalmente, 99%, 98% e 84% como
fator “k”, respectivamente.
7
O fenômeno da fricção foi identificado por Clausewitz. Ele considera que a fricção é o que torna a
guerra real, pois, de outra forma, tudo seria muito simples. Corresponde ao acúmulo de uma série de
dificuldades que começam a contribuir para a consecução do combate (chuvas, ataques inimigos,
quebra de viaturas etc). Para se ter uma idéia histórica desse fato, na batalha de Kursk, a 9ª Divisão
Panzer perdeu, em 20 minutos, 70 carros de combate fruto de um ataque aéreo russo bem sucedido.
(CROSS, 2008, p. 187).
8
Essas probabilidades são estimadas e servem tão somente para demonstrar que é possível obter-se
dados nos planejamentos táticos. Durante os estudos, foram confrontados dados de pesquisa
operacional, pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica na História Militar e utilização de dados
médios de planejamento utilizados na ECEME e na EsAO.
9
Idem.
10
Idem.
11
Idem.
11
12
Fatia de Brigada é o efetivo médio do escalão considerado mais o efetivo necessário para apoiá-lo
nos escalões superiores e na Zona de Adm. Sua finalidade é permitir uma estimativa inicial dos
efetivos que poderão ser empregados em determinada direção estratégica ou tática de atuação, bem
como das quantidades de suprimento necessárias para o seu apoio. Optou-se pelo valor de 270 t já
que ela é mais adequada ao nível Bda e divisão, conforme o ME 101-0-3, pois a natureza Bld infere
maiores necessidades de transporte.
13
BRASIL.Exército. Estado-maior. IP 17-82: a viatura blindada de combate - carro de combate
Leopard 1A1. Ed 2000. Rio de Janeiro, 2000. p. 67.
12
- artilharia antiaérea;
- Mun individual (7,62 mm e 9 mm);
- Mun morteiros médios e pesados orgânicos das U;
- Mun armamento antiaéreo orgânico das U; e
- outras Mun.
Isso inviabiliza a atual estimativa de transporte de Mun, excedendo em 106% a
estimativa do DAMEPLAN em termos de tonelagem/dia para uma Bda Bld (87 t)
caso houvesse a necessidade de se transportar em um único dia toda a Mun
necessária ao combate.
No entanto, a situação de remuniciar totalmente uma Bda Bld ocorreria
somente no início das Op, pois nos dias subseqüentes tratar-se-ia de
recompletamento das dotações. Nesse caso, ainda haveria defasagem entre
estimativa e necessidade real? Aparentemente não. Por outro lado, as pesquisas
demonstraram que sim. Na hipótese de se ressuprir somente a Mun consumida no
1º dia de combate, utilizou-se a tabela abaixo:
Tipo Nº Nº Vtr por Mun por Peso unitário Mun Peso total
Unidade/Mun SU SU CC (kg) (kg)
RCC/105 mm 8 13 15 21 32.760
RCC/ 7,62 mm 8 13 34015 0,024 849
BIB/12,7 mm 8 18 170 0,117 2.864
RCC/76 mm 8 13 12 1,260 1.572
Total - - - - 38.045
Quadro 4 – Necessidade de Mun no 1º dia de combate (em t).
Fonte: o autor, baseado no DAMEPLAN da ECEME (BRASIL, 2004, p. 7-7).
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Somente a Mun orgânica das Vtr. Não se considerou a Mun necessária para o uso individual e
coletivo (morteiros etc).
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Considerando 170 tiros da Mtr coaxial e 170 tiros da Mtr antiaérea.
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Somente a Mun orgânica das Vtr. Não se considerou a Mun necessária para o uso individual e
coletivo (morteiros etc).
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Nr
Natureza do Mun Total
Mun Nr de Baterias
Fogo ou 105 mm Tempo (Mun 155
155 mm peças por
Ação (3) mm)
Grupo
Preparação - 54 (1) 6 40 min 3 -17
Ap Ataque 1ª 34 + 17
- 6 2h 3 1.836
e 2ª horas = 51(2)
Ap Ataque 20 + 10 =
- 6 4 h18 3 2.160
após 2ª hora 30 (2)
Total 3.996
(1) Mun gasta em 40 min
(2) Mun gasta por hora
(3) Considerado o consumo previsto para Mun 105 mm = 155 mm no nível Bda, pois o GAC
de Bda Bld é 155 mm
Quadro 5 – Necessidade de Mun Art na preparação e no ataque até a 6ª hora de combate.
Fonte: o autor, baseado na nota de ensino de Apoio Logístico do Curso Art EsAO (BRASIL,
[1999], p. 3-33) e no DAMEPLAN da ECEME (BRASIL, 2004, p. 7-8).
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No Caso Tupiniquim, a Art divisionária não participa da preparação.
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Considerou-se + 4 horas de combate, já que o ataque da 42ª Bda Inf Bld tem uma duração prevista
de 6 horas.
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Sabe-se que há uma diferença entre a Mun para o Ap ao combate e para a preparação. A primeira
estaria na “dotação orgânica” e a segunda em “Mun para consumo imediato”. No entanto, para os fins
logísticos, tal diferenciação não é relevante, haja vista que deverá ser transportada no mesmo dia. Só
há relevância para a logística interna dos GAC, que não é objeto do presente estudo.
14
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Foram utilizados os dados para Mun 90 mm, já que não houve atualização no DAMEPLAN
brasileiro, o que não trás prejuízo aos resultados, já que o emprego da Mun é o mesmo.
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Estipulou-se que a 42ª Bda Inf Bld deveria realizar o ressuprimento de Mun
para o ataque que realizaria em D/0600. O Cmt Bda determinou ao E4 que todas as
FT deveriam estar remuniciadas e com os tanques de combustível plenos até
D/0230, já ocupando suas posições para o ataque.
O E4 42ª Bda Inf Bld reuniu os S4 das FT e informou que a Mun necessária
estaria disponível nos P Distr Cl V (M) a partir de D-1/2000. Determinou aos S4 que
deveria haver, no máximo, 1 Pel (4 VBC Leopard 1A5) no sistema de
remuniciamento em qualquer horário, com uma margem de acerto de 95%, para
evitar que o P Rem se tornasse um alvo compensador para a artilharia Ini que tinha
se mostrado eficiente em concentrações noturnas.
O S4 da FT 424º RCC (dotada de 3 SU Esqd CC e 2 Fuz Bld) que realizaria o
ataque principal, verificou que computando o tempo de deslocamento da ATC até o
P Distr Cl V(Mun), de carregamento da Mun nas Vtr 5 t, de deslocamento até a ATE
e, depois até a ATC, ele só teria condições de fornecer a Mun às SU a partir de
D/0030.
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Distância Tempo
Percurso/atividade GDH Obs
(km) (1) (Min)
ATC FT 424º RCC
29 73 D-1/1847 D-1/2000
P Distr Cl V (Mun)
Chegada no P
- - D-1/2000
Distr Cl V (Mun)
Carregamento
- 50 D-1/2000 D-1/2050
Mun (ATE + ATC)
P Distr Cl V (Mun)
17 43 D-1/2050 D-1/2131
ATE FT 424º RCC
Descarregamento
- 50 D-1/2131 D-1/2221
Mun (ATE)
ATE FT 424º RCC
11 30 D-1/2221 D-1/2251
ATC FT 424º RCC
Descarregamento
- 50 D-1/2251 D-1/2341
Mun (ATC)
Loteamento da
- 50 D-1/2341 D/0031
Mun para as 5 FT/SU
Entrega Mun para
- ? ?
as 5 FT/SU
Loteamento da
- ? ?
Mun para os 3 Pel
Entrega Mun para
- ? ?
os 3 Pel
⌦ Aprestamento
- ? ?
dos Pel
Velocidade de
acordo com a
experiência: fora de
Retorno para a
1 15 D/0145 D/0200 estrada, à noite, por
Pos
caminho desenfiado
e balizado por um
homem a pé
Pel prontos para o
- - D/0200
combate
Quadro 12 – Resumo do fluxo de Mun da AT FT 424º RCC até a entrega Mun nos Pel.
Fonte: o autor.
21
Militares responsáveis pela entrega de Mun nas SU.
20
22
Ap ao conjunto, Ap por área, Ap direto, Ap específico ou Ap suplementar.
23
Reforço, integração ou controle operacional.
24
Comboio especial, posto de suprimento móvel, reserva móvel e suprimento por via aérea.
21
com suas necessidades iniciais. Diante desse quadro, o Cmt da 42ª Bda Inf Bld
emitiu as seguintes diretrizes para o E4:
1) a prioridade para recebimento de Mun 105 mm é das FT em contato;
2) a FT 421º BIB deve receber, no mínimo, 80% do seu pedido;
3) a FT 422º BIB deve receber, no mínimo, 70% do seu pedido;
4) a FT 423º RCC deve receber, no mínimo, 50% do seu pedido;
5) a FT 424º RCC deve receber 100% do seu pedido;
6) o tempo de deslocamento entre cada ATC e P Distr Cl V(Mun), segue a
tabela abaixo:
Destino/Origem Tempo em horas (1)
ATC/FT 423º ATC/FT 424º
ATC/FT 421º BIB ATC/FT 422º BIB
RCC RCC
P Distr Cl V (M)
6,4 7,1 5,8 4,1
CASTELO
P Distr Cl V (M)
8 7,1 4,9 10
BRANCO
(1) ATC►A Ap Log 42ª Bda Inf Bld►ATE►ATC + tempo de carregamento e descarga.
Quadro 13 – Tempo de deslocamento entre ATC/FT e P Distr Cl V(Mun).
Fonte: o autor.
8) cada FT deve, sempre que possível, apanhar sua Mun em um único ponto,
a fim de diminuir a exposição de comboios ao ataque aéreo Ini e emboscadas; e
9) só serão permitidos deslocamentos noturnos, mesmo que isso impossibilite
fornecer toda a Mun solicitada pelas FT.
De posse desses dados, construiu-se o modelo da seguinte forma:
1) definição das variáveis:
F1 = demanda Mun FT 421º BIB = 32,8 t
F2 = demanda Mun FT 422º BIB = 32,8 t
F3 = demanda Mun FT 423º RCC = 16,4 t
F4 = demanda Mun FT 424º RCC = 49,2 t
A1 = disponibilidade Mun A Ap Log 42ª Bda Inf Bld (P Distr Cl V(Mun)
CASTELO) = 86,2 t
A2 = disponibilidade Mun A Ap Log 42ª Bda Inf Bld (P Distr Cl V(Mun)
BRANCO) = 30 t
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T1 = Tempo A1 ► F1
T2 = Tempo A1 ► F2
T3 = Tempo A1 ► F3
T4 = Tempo A1 ► F4
T5 = Tempo A2 ► F1
T6 = Tempo A2 ► F2
T7 = Tempo A2 ► F3
T8 = Tempo A2 ► F4
2) elaboração da função objetivo:
m n
MinimizarZ = ∑ ∑A F ij ij
i =1 j =1
F2 = α (resultado do modelo Alfa 1) + (1- α) (demanda anterior ao dia relativo ao estudo EM).
Aplicando-se o modelo:
0,2 (42) + (1 – 0,2) (30) = 32,4 ≈ 32
Consumo
Método Fórmula/Cálculo
Mun
DAMEPLAN Brasileiro 8 Consulta ao documento.
DAMEPLAN EUA 9 Consulta ao documento.
Ft +1 = αAt + (1 − α ) Ft
Ponderação exponencial 27
F (D+7) = 0,2 (7) + (1-0,2) (32) = 27
S t +1 = αAt + (1 − α )( S t + Tt )
Tt +1 = β ( S t +1 − S t ) + (1 − β )Tt
Ft +1 = S t +1 + Tt +1
Onde:
- Ft +1 =previsão com tendência corrigida para o
Ponderação exponencial com
26 período t+1
correção da tendência
- S t = previsão inicial para o período t
- Tt = tendência para o período t
β = constante ponderada de tendência
S (D+7) = 0,2 (7) + 0,8(32 + 0) = 27
T (D+7) = 0,3 (27 – 32) + 0,7 (0) = -1,5
F (D+7) = 27 – 1,5 = 25,5 ≈ 26
F1 = α (demanda relativa ao estudo EM) + (1- α)
Pelo modelo matemático
32 (demanda anterior ao dia relativo ao estudo EM).
sugerido pelo autor
0,2 (42) + (1 – 0,2) (30) = 32,4 ≈ 32
F1 = limite inferior + limite superior/2
Pela tabela de classificação
60% de 60 = 36 Car 105 mm
de demanda sugerida pelo 42
80% de 60 = 48 Car 105 mm
autor
Média = 36 + 48/2 = 42
Quadro 16 – Estimativa de consumo de Mun segundo diversos métodos.
Fonte: o autor.
25
Via de regra, considera-se que apenas 75 % estarão em uso; ou seja 4 Vtr.
31
Uma forma que a logística empresarial encontrou para estimar uma quantidade
segura de itens para a produção e operações de modo a se precaver contra
imprevistos, como greves, queda de barreiras nas estradas em que trafegam
caminhões que fazem o suporte logístico, problemas alfandegários e outros, foi a
criação do chamado “ estoque de segurança” (ES).
Raciocínio similar foi feito para a 42ª Bda Inf Bld. Certamente, com o avançar
do combate, os imponderáveis da guerra ocorrerão com maior intensidade:
bombardeio de pontes, estradas, quebra de Vtr e outros acontecimentos que
diminuirão a eficiência da logística.
A fórmula usualmente adotada para o cálculo do ES é a seguinte:
ES = Cm + k x Dp
Para que se chegue a uma estimativa de quanto deve ser esse estoque, são
necessários três aspectos:
- o nível de entrega que se quer ou se tem (k)
- o desvio padrão (Dp)
- o consumo médio diário (Cm)
Conforme já foi visto, o “k” pode ter uma ampla gama de valores. Para essa
simulação, utilizaram-se os seguintes valores:
K = 1,04 – probabilidade de receber a Mun = 85%
K = 1,29 - probabilidade de receber a Mun = 90%
K = 1,65 - probabilidade de receber a Mun = 95%
K = 2,06 - probabilidade de receber a Mun = 98%
K = 3 - probabilidade de receber a Mun = 99,87%
PR = 112 Car 105 mm por VBC ou 6.048 Car 105 mm por RCC
Resumidamente, quando o estoque do RCC atingir 6.048 Car 105 mm, o S4
deverá pedir Mun para o E4 da 42ª Bda Inf Bld. Caso peça mais tarde, corre o risco
de deixar o RCC sem Mun 105 mm em 48 horas.
eficiente para se entregar as Mun até o nível ATSU. Ao se verificar o quadro abaixo,
pode-se verificar quanto é necessário o uso de TI para facilitar a rotina necessária
para se melhorar os tempos de carregamento, descarregamento e outras atividades.
E4 Bda Bld
CLDEx/CLEx
4 DISCUSSÃO
Sistema Logístico da Bda Bld sofrerá. A tendência é que esse sistema tenha que
realizar adaptações na sua maneira de apoiar com mais freqüência do que se
imagina. Como, via de regra, adaptações geram perda de eficiência, há que se
esperar perdas para a logística da Bda Bld e a consequente diminuição de “K”.
Pode-se dizer que, matematicamente, isso é o mais provável de acontecer;
assim, não pode ser considerado como “surpresa” ou ineficiência do sistema
logístico; mas deve servir como alerta para que medidas sejam tomadas antes de o
problema ocorrer.
Há que se levar em conta que existem itens de Mun que são extremamente
sensíveis, como o caso das Mun 105 mm para VBC Leopard 1A5, as quais são
importadas. Ou seja, sua reposição em função de destruição pelo Ini ou uso em
quantidades maiores do que aquela planejada é impossível no curto prazo e,
provavelmente, também será ao longo de toda a campanha, já que o EB visualiza
conflitos rápidos. Assim, é lícito pensar que a localização de depósitos de Mun 105
mm serão objetos de interesse da inteligência Ini e poderão ser transformados em
“alvos de alta prioridade” para a Art Ini. Dependendo da eficiência do ataque Ini, a
inexistência de Mun para VBC poderá, inclusive, inviabilizar o emprego das duas
Bda Bld que o Brasil possui por razões logísticas.
Da análise desses dados, pode-se inferir que:
- os militares, em todos os níveis, devem ser adestrados com o entendimento
de que combater com carência de Mun será regra, não exceção;
- a fim de se precaver quanto a possibilidade de a Bda Bld perder PRC em
função da provável flutuabilidade das entregas de Mun, deverão ser previstos
estoques de segurança nas ATC e nas ATE das FT a fim de mitigar as prováveis
faltas de Mun;
- a EsAO e a ECEME devem aplicar temas escolares onde a falta de Mun seja
dado do problema militar a ser resolvido; e
- a defesa antiaérea dos depósitos de Mun 105 mm – que não são passíveis de
reposição no caso de perda – deve ser robusta, principalmente nos dias que
antecedem ao emprego das Bda Bld.
37
26
O DAMEPLAN brasileiro fala somente em 90 mm, mas foi adaptado para 105 mm por ser, assim
como o calibre anterior, o calibre dos canhões principais das VBC em uso atualmente pelo EB.
27
Para se chegar a esse número, utilizou-se no cálculo de Mun a organização de uma FT RCC
brasileira (39 VBC e 18 VBTP) e aplicou-se os quantitativos de Mun do DAMEPLAN brasileiro e o
dos EUA.
39
enfitadeira, já que esse item não foi adquirido pelo EB (até o momento, essa é a
realidade que se apresenta).
Sobre o processo de remuniciamento, deve ser destacado que deverá ser
diferenciado o trabalho do P Rem da ATSU com o trabalho da guarnição das VBC
em preparar a Mun para o combate. Um aspecto não pode atrapalhar o outro.
Assim, a responsabilidade do P Rem é entregar a Mun necessária aos Pel. A
guarnição deve, em lugar diferente daquele utilizado pelo P Rem, preparar essa Mun
para o combate e só retornar às suas posições com esse trabalho realizado.
Isso infere que na área de retaguarda da SU existam dois pontos distintos: um
para o P Rem e outro para as VBC para que, na medida em que recebam sua Mun,
possam enfitar, acondicionar em cofres e casulos de Mun, colocar as fitas nas
metralhadoras e outras atividades necessárias para se considerar ECD combater,
visto que não poderá fazer isso na sua posição, sob pena de revelar-se.
Verificou-se que a Teoria das Filas é uma ferramenta extremamente útil na
otimização do processo de remuniciamento e, caso se queira, de recompletamento
de combustível, pois a mesma analogia pode ser feita com bastante facilidade. Por
meio dela, pode-se saber quanto o sistema montado será eficiente e, caso se
verifique deficiências, onde se pode melhorar para se atingir o que se espera sem a
necessidade de ensaio e erro, o que poderia ser caótico em combate. Pode-se, por
exemplo, aumentar o número de P Rem Mun para VBC, diminuir a Mun a ser
entregue naquele dia ou, até mesmo, aumentar o número de militares de um P Rem.
Mas saber o que fazer com o menor custo em pessoal, é possível por meio da
Teoria das Filas. Ganha-se tempo e eficiência.
5 CONCLUSÃO
Foram formuladas três hipóteses no início deste estudo; todas elas
comprovadas.
Sobre a atual sistemática de apoio logístico das brigadas blindadas não atender
às demandas logísticas em função da sua nova organização e da aquisição dos
novos carros de combate adquiridos pelo Exército Brasileiro nas operações de
ataque coordenado (H1), verificou-se que tanto no que concerne à tonelagem, como
ao transporte e à distribuição, o impacto da adoção de VBC Leopard 1A5 impõe uma
revisão minuciosa de toda a arquitetura logística que, mesmo antes de tais VBC
serem adquiridas pelo governo brasileiro, já se encontrava ultrapassada e, portanto,
ineficiente.
Acerca de que os dados médios de planejamento (DAMEPLAN), no que
concerne às munições, não se adequariam às necessidades atuais (H2), verificou-se
que é verdadeira a hipótese, pois diante dos estudos e simulações oferecidos ao
longo do trabalho, o que se conclui é que o DAMEPLAN atual é consideravelmente
desconectado da realidade do combate moderno, naquilo que tange às Mun,
podendo, inclusive, gerar expectativas falsas e conclusões equivocadas acerca do
Ap Log em combate, conduzindo nossos planejadores a um desastre em uma
situação real de combate.
44
5.2.3 Estímulo para que militares façam cursos de logística militar no exterior.
Para que se possa ter um mínimo de direção sobre como aperfeiçoar a logística
militar brasileira, é fundamental que o EB mande oficiais e praças realizarem cursos
nos países cuja experiência em logística foi testada recentemente, como os EUA,
Inglaterra, França, Alemanha e Israel, dentre outros. A partir dessas experiência –
sem copiar, mas adaptando-se – poder-se-á incrementar a logística do EB com
maior velocidade, “queimando” etapas já aprendidas por outros exércitos.
Não sejamos nem vazios nem vocacionados para a mediocridade. Sejamos como
Castello: profissionais, leais, francos e visionários.
49
ABSTRACT
This Scientific Article presents procedures and results of the thesis entitled
"Management of Business Logistics Applied to Logistic Support to Armoured Brigade
in Offensive Operations." The objective was to analyze vulnerabilities of these
logistical brigades in regard to the ammunition supply of collective Main Battle Tank
(MBT) Leopard 1A5 and Armoured Personnel Carriers (APC) M 113-B of sizes 105
mm (to MBT) 7.62 mm (used in MBT and APC in their collective arms), 12.7 mm
(used in weapons of collective APC) and 76 mm smoke (used in MBT) and, finally,
propose the adoption of concepts and techniques of business management in
logistics support Armoured Brigade - in a computational tool - that this brigade fulfills
its mission with the efficiency that the doctrine expected.
The results show that the current logistic support does not meet the logistical
demands according to their new organization and acquisition of new tanks, the
average data planning (DAMEPLAN), with regard to ammunition, are unsuitable for
current needs, and that the modern corporate management, through its techniques
and processes, such as queuing theory, operational research and linear
programming, when properly implemented, help to improve the logistics supports in
Armoured Brigade. In its conclusions, the author presents a series of proposals, such
as the manufacture of 105 mm ammunition for MBT in Brazil and the adoption of a
tactical logistics system (SISTALOG), among others in order to mitigate the
vulnerabilities highlighted in the survey.
REFERÊNCIAS
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