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‘A conquista de Santarém na tradicao historiogréfica portuguesa ‘Armando de Sousa Pereira ‘conus Santé af ya porn ane Sos Pera 1.0 texto manuscrito ‘Anarrativa que constitu o mais antigo @ o mais completo testemunho documental sobre @ conquista de Santarém aos muguimanos por D. Afonso Henriques em 1147 6 tradicionaimente conhecida por De expugnatione Scalabis, tratando-se, na realidade, de um titulo moderno que Ihe fo aribuido por ‘Alexandre Herculano’, pois aquele que consta do manuscrite ¢ outro, mais cextenso: Quomode sit capta sanctaren civitas a rege alfonso comitis henrici fi. Especie de “poema em prosa”, como 0 definiy Herculano, pelas pecularidades lterarias que apresenta, uma vez que nele figura o proprio re narrando as peripécias do assalto & cidade, em discurso directo, portanto, & prOximo do estilo 6pico", ao exaltar os seus feitos militares © do grupo de ccavaleiros que o acompanha. Nartagdo de carécter extremamente realist’, atenta aos pormenores e reveladora de conhecimentos geograticos precisos, ‘mesmo quando concede algum espago para a introdugao de elementos de ambito escatologico’ © problema da autenticidade do testemunho ficou praticamente resolvido a partir do momento em que Alexandre Herculano o editou, considerando-o uma {das principals fontes para a historia do evento. De facto, foi deste texto que se serviu para escrever a parte relatva & conquista de Santarém da sua Historia de Portugat. Para este historiador 0 texto em causa é um apécrifo do século Xl ue atribui a pena de um monge cisterciense de Alcobaca; considera-o muito pr6ximo do acontecimento mas pie reservas quanto a sua contamporaneidadet Porém, aceitou-o sem reservas, uma vez que, segundo ele, 0 texto concorda “com outros monumentos daquela época recenterente descoberios”,referindo-se 2 uma carta de doagao de Sancho | a Ordem de Santiago, de 1198, na qual é enunciada a estratégia utlizada para a tomada da cidade, quando diz que o rel Bua ergo ou, 0 rx stor atonea evan eo {assem et contre qua on tas mens aso, {ecu ex ome tara tarts ca aan” ne go, ai ost soca bores Je, et ‘Sdasee nob geste oroagase exaum, ‘rinem, ext v ‘tr ata bro ee {Nace tem ECIUNO ceca tine (Ef ssa in ge haps lagen tern pe Bm) ‘en ano ear ee escent et ‘ae ua tan re yO Aes ov 2 2 ae a a ops ews ‘errant Coe (ev: Gene cet apr Paya ttf At STO ‘et Geen es ote Cg fi oy St eau gman Ft is Ucn ne 9 (scan on aces lane c pe tos rata ser = repens Cor ne ara, Gaerne a as ‘Ee apmgies amen ge Ieciopantns binomial paeap {ite eats atric. 48 sce ae canes Sas lage sho mrnseeeaise ‘ahh era ee a eco a Cam ance Att pepe TS 1391 reapers essa‘ son oi (el eptun Snd ca ‘Tasos es ea es enc i et Sei Na tae terse mo, Patan po 27 Cente eT Somecten Grote pence en Provence cr tse upc ‘osm ios pore tte on «th (rom ecne & letra Guam tn Eo ne p22 ert me ‘Se eens Aer eas (ine Soe nese ‘tc pe oa as a Fey te ates Pv Re arian terre omy se {tm ni LFS oe aes ‘Sa gras ans tae a ‘eseapea Wo fo Ran ps artis Seog anus Wasa RO Atoms ae rae ie a ot ew Sener 8 oiasimanns ane ican or es Serta om ona om ra ‘sie amccccn sso oe Fears mo Fat eta cr ‘er at mab Ao a Ser as ca sn eects uta ot aan ens ic ‘mreblarannn te Srupermapone es ws Ss FCs ty Sos 6 eeu po 44 re ‘ede HEL Doni ate ace ae ‘Sennen ttre corms sc de Gumi |. Hoo Henig 2 fa . Afonso *Sanctaren furtive intrauit®. Depois de Herculano, todos 0s An Sa ontee nao esiram em uizao come fone istéica a haut segura Bias ectecrmnce te 2 to tempo pensu-e, na senda dos hsoradors lcobacenses Eisai crane de Selecoroe, que 0 autor dese text oss2 0 propo, AtibugHo canna numer s aarra ate rat hr Se COTO completamente inverosimi, pois & muito pouco provével que, nesta 6c, mn are bap cara loigo apresentasse tais capacidades iterarias, com 0 recurso a varias ee een tp bas oe As comparagoes com passagens da Biblia", 0 que exige um bom connecimento Fenian geri ua Pe ‘Sree et ns rn TE, rt Pon ee eee ndaneas tga on em eae rancor el icra sss esa TA aa ha ou Ce oe Me hdr ae era Cn a, ‘paste, ‘sates ect a - ‘a cs, tg aaa eae ni, emia ewes eu ae aati Ste na aan neo soa Se, tnt era oe eat a Sah a i gm suerte eet a an iran te laimmeomanae, ‘Compl Liston trees Nacona, 18.1 pp. 4-265 op 250-04) See ec er tee vamos Scan cee eat arse sin a cara sen ‘spread alo eins Seve eaters Sy ir tears Seen arias eclpa anne Sa eta tenga Se Se ee ee pea imarntmee moet coon map nner air ce nae tet eee etn ain ee Serr dente enone nt, ceo merase Seaman ne seroma ———_——————— ‘conqust deSarténrat Psas partes / Amand Sous Pia dos seus textos, e pela insistente interpretagao providencialista dos factos”, caracteristicas proprias dos escritos de origem clerical. Trata-se de uma narrativa composta no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, por un monge que ‘acompantou o rei ou recolheu o depoimento directo de algum ou varios membros da expedi¢ao, como propoe Lindley Cintra“, podendo ser mesmo 0 prdprio testemunho do rei perante D. Teoténio e os seus monges, na opiniao de Anténio José Saraiva", ou teria sido mandada redigir, se néo redigida directamente, por um dos antigos cavaleiros do exército de Afonso Henriques que veio a professar no mosteiro depois de ter deixado a carreira das armas, com a intencionalidade de transmit as suas memérias e perpetuar as virtudes miltares do rei, como mais recentemente propés José Mattoso™. De origem crizia, @ nao alcobacense, como 0 prova, por exemplo, a passagem onde o rei diz que confiou o segredo da sua expedicao a D. Teot6nio, pprimeiro prior de Santa Cruz e principal conselheiro de Afonso Henriques, invocando 0 auxlio das suas preces para o sucesso da conquista”. Por outro lado, esta provado que existem fortes pontos de contacto entre este e outros textos provenientes dos scriptoria da mesma instituigae conimbricense, a Vita Sancti Theotonii ¢ os Annales Domi Alfonsi Portugalensium Regis, 0 que levou Lindley Cintra a atribuir-lhes uma autoria comum, e que seria, segundo 0 mesmo autor, um discipulo muito proximo de D. Teoténio, 0 que escreveu a sua Vita ‘nos primeiros anos da década de sessenta do século Xl, periodo temporal no ‘qual devernos inserir também a primeira redac¢ao do relato da tomada de Santarém., Finalmente, acrescente-se ainda que, pelas caracteristicas do seu discurso, este texto esté perfeitamente contextualizado pelo amibiente politico cultural que se vivia em Coimbra, a somibra do mosteiro de Santa Cruz, centro produtor das primeiras obras historiogréticas que pretendiam legitimar, ideologicamente, 0 rei e © novo Reino de Portugal”. TTesternunho Ginico integrado num cédice da lvraria de Alcobaga, ‘© manuscrito que contém este texto serd certamente uma cépia do original que estaria depositado em Santa Cruz, a menos que este tenha transitado sie ttt 2a toa nn smite names, Smaaaeeeema area Pare eceenraeae Seiad aescs magpie Seesmic: Regina tae Peano aeicmures seeicaterse meses Hse pearaceman. shoeeemanacrecemen Secrasenmacane, Seeman emmcnmae Sree ceerinca eee Saeecremeemnieenn, ie ea ete ietonn oe Se sap areca wi eal eae oan ty Eoeie cs aiaaneemst scram» SEte eevee omrmiee Biz increas emer SSE a cameraman rSnseeenoeee Eoaiamemenncnceucs spariemammanermmumeee Si etacoucrsaees Eeietan meena? 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CO testemunho que hoje possulmos é datavel, pelas caracteristicas paleograficas que apresenta, da primeira metade do século Xill, “écrit par une main de la méme époque", segundo Pierre David". Nao quer isto dizer que nao eexistisse um texto anterior, autégrafo, provavelmente o original composto em data muito préxima do acontecimento, como vimos antes. Ainda quanto a0 problema da datacao, considera 0 mesmo autor ser impossivel atribul-lo a0 século XVI, como 0 quiseram os autores que negaram a sua autenticidade, argumentando com o facto de o latim dos clérigos do século Xill, em que esta escrito 0 texto, se distinguir perfeitamnente do dos humanistas, pela abundancia de citagoes e alusdes a passagens da Biblia e pelo uso de certo numero de palavras caracteristicas do /atim cristdo, na expresso usada pelo mesmo autor®. Foi Lindley Cintra quem fez 0 estudo mais minucioso deste texto, introduzindo-o assim no citculo da historiografia portuguesa medieval, ao tentar estabelecer 0 corpus de fontes de que se serviu o conde D, Pedro de Barcelos para escrever a Cronica Geral de Espanha de 1344. Ao analisar a parte em que nesta crénica se narra a conquista de Santarém™, conclui que este texto apenas 6 coincidente com o relato num epis6dio, o do assalto a cidade, na medida em que, a estes factos histéricos acrescentou episédios de caracter puramente lendério, ausentes do texto manuscrito. Concluso da maior importancia, pois a partir dela Cintra considera provavel a existéncia de um outro texto da tomada de Santarém, hoje perdido, ciferente do do manuscrito que conhecemos, onde historia e lenda se misturavam, levantando a hipétese de ter sido deste texto perdido que se serviu o conde D. Pedro. Cabe-nos perguntar se este autor n4o Cconhecia, ou nao teria tido acesso ao manuscrito alcobacense, ou se o preteriu em relaco a estoutro, que talvez para 0s objectivos da sua escrita considerasse mais valido. Quer dizer, assim, que terdo existido dois relatos sobre a conquista de Santarém, mais ou menos coevos, mas completamente independentes um do outro, vindo o que se considera perdido a influenciar 0 texto da Crénica Geral de Espanha de 1344, , através desta, a cronistica posterior. ‘urge xine a enano sea min 80 pea atx. armors See ee ae, eee elena See crearanneers Seen Scaceeiecenencetes Pe et ‘Bie sino cna ao RLEREDD. feo rabenoran cata pecnecoe ers SEER SCE as Siena ecto tetar tear a tol Boe eee Soe eacenenee aes eee coe eet Sorrinte neces, Serene eeenerer Semeur Aconqs oe Sarton mato hiiatea prea rando Sosa Pea 2. Fortuna critica A nnarrativa que temos vindo a tratar foi pela primeira vez identiicada e publicada por Fr, Ant6nio Brando, na qual se baseou para escrever os ccapitulos XXII e Xxill da terceira parte da Monarchia Lusitana, e que diz ter ‘encontrado no "Cartorio de Alcobaga em hii livro grade escrito de mao em pergaminho @ contem as obras de S. Fulgencio”; dai se ter pensado, durante ‘muito tempo, que 0 seu autor era um monge deste mosteiro. Apesar de usar, j& ‘com algum aparato eritico, outro tipo de documentagao e proveniéncia, 0 que cconsiitui o aspecto notavel e inovador da sua produgo histérica, Brandao firma expressamente que considera esta narrativa "mais certa que as, Chronicas”, no duvidando da sua autenticidade, e referindo-se aqui as orénicas que anteriormento se escreveram @ que relatam 0 evento™. Ja om 1597 Fr. Bernardo de Brito, um dos mais desacreditados historiadores de Alcobaca”, mostra ter conhecimento deste texto, que considera “testemunho {do proprio Rey, que esta no mosteyro de Alcobaga no fim de him liuro, que tem. ‘as obras de Sam Fulgencio, de quem he tudo 0 @ vou contando", a0 qual dé um crédito inostimavel por ser “memoria ta antiga, & chea de authoridade"™ ‘Apresenta uma tradugao livre de algumas passagens” para ilustrar a sua narrativa da tomada, mas, mesmo dando-Ihe tal autoridade, acrescenta muitos ‘outros episédios de caracter lendétio, de fabrica posterior, como veremos a seguir; além disso, valoriza demasiado a tradig&o, que considera fonte segura de conhecimento, aceitando-a em vez do relato, nomeadamente quanto & data da conquista®. Na segunda metade do século XVII, George Cardoso 6 o primeiro autor a por fem causa a autenticidade do testemunho, argumentando apenas com o facto de, segundo ele, Santarém ter sido conquistada em 8 de Maio de 1147", dia de 'S. Miguel, ¢ nao aos 15 de Margo do mesmo ano, como de facto vem no relato e tinha ja sido provado por Branddo*. Considera esta uma razao suticiente para alirmar ser “falsa aquella memoria de Alcobaga, allegada por Brito & Brandao; a ‘qual diz que foi conauistada a ditta villa em Margo de 1131 [sic], & no em Meio de 1147", Sao varios os argumentos com que pretende validar a sua posic¢go: a celebragao, em Santarém, da festa da aparicao de S. Miguel “esclarecido patrono desta antiga , & populosa Vila™, isto porque foi por intercessao deste ‘aroanjo que Afonso Henriques a conquistou @ a defendeu valorosamente quando da invasao alméada de 1184 (!). Por esta razo foi erigida na alcégova {de Santarém uma ermida que Ihe foi dedicada®, e “em memoria de ser recuperada dos Mouros neste dia (...).& ella vai o Senado com Procissad, onde se canta Missa, & se Préga, referindose aos deuotos a causa desta solemnidade™*. Mas no sabemos quando se teriam iniciado estas festividades comemorativas, de caracter civico-religioso, e & provavel que tenha sido numa sericea tr pet Laermer, Speier ea ie eee Hohe ener cei ieieeetaneecars inerremca totum ace ies chearnenreeeraeens Sokeencemnan Saunas eee. Sanaa Eee gee peecensecmomstn cee ceerin Tanah owe SEE a a Secereirg me mreomeccnens iaeaemumeerese ey Serer cea renova gar a ea sass oe ‘2tcan pane nose” ena ‘Barts tae hie ce sg Sea has enya tg ech oi ‘ease tar hanes om ‘ironstone eugene St ru ooo eo Metra? Weiter fk eh amare uaa Sen Cosa nT Slain ur nacre gah ‘Se Srp senso. ‘ese bl oo nso Ee cceeeeeemon SELEEaeeeraate ae eee Bee itis Racers ee ee araeetreeeeia nen Saecianm tearm omens Serena hccacec tena a. Seer irra tomemaaratect Bo eomuo gay Shoceties oa deareraunreeae EEuoimenrss msn Sreieelemeemreccas Ee iorern mere rite Peuseminasmaraneee Sana ts te ExeiiSeeomeememat i ‘Tis teen Sgemee tors tnt ro 90 hsemnetesancmeas Enc mauee ceemnemnaones eae ae 2 ones eon te Gira 0. Mrs ein ea 8 fx altura em que ja se teria perdido a meméria precisa do feito”. Invoca ainda a inscrigao epigratica que se encontra no pedestal da estatua do rei, escultura do final do século XII, onda esté gravada a data de olto de Maio, mas o mais certo ‘6 que esta inscrigo tenha sido lavrada em data muito posterior. Ignacio da Piedade e Vasconcelos, numa Historia dos factos notéveis de ‘Santarém escrita em 1740”, baseia-se, para a parte relativa & conquista, nas ‘observagées de George Cardoso quanto a data que adopta e argumentos em sua defesa, a que no pardgrafo anterior fizemos referéncia. Em seu apoio cita também a obra de Duarte Nunes do Leao®, que considera “Author de crédito, pelo muito que indagou estas couzas”. Serve-se ainda de Brito e Brandao mas, ‘no entanto, concorda com Cardoso quanto a autenticidade da narrativa reclamada pelos alcobacenses. Porém, e nao sem alguna contradigéo, acaba por se conformar, como ele préprio afirma, “com 0 Manifesto, que o Rey (despois de todo 0 succedido) mandou escrever em Santa Cruz de Coimbra", transcrevendo, numa tradugao livre, 0 recho em que D. Afonso Henriques se dirige aos seus companheiros antes da conquista, como jé o fizera antes Fr, Bernardo de Brito®. A sua novidade reside, e repetimo-lo, no facto de atribuir a autoria aos crzios, enquanto outros a atribuiram ao préprio rei e redigido em Alcobaga, Dos primeiros estudos sobre os cédices da livraria do mosteiro de Aloobaca, devemos referir aquele que se deve a Fr. Joaquim de Santo Agostinho™, no qual, a0 estudar 0 cédice CCVII intula 0 nosso manuscrito Oragad sobre a conquista de Santarém, que considera "mais em estylo de Romance, que de Historia’, atribuindo-o ao século XVI, A forma literaria em que esta escrito em nada invalida a sua veracidade e autenticidade enquanto fonte hist6rica; porém, parece esta ser razAo suficiente para este autor o considerar apdcrito & condenar, por isso, a “impostura do seu Author", Sao os seguintes os apoios a que recorte: 1) por estar escrito no fim de um cédice antigo, com letra do século XVI @ junto de outros documentos que considera falsos, como por exemplo o carmen de Gosuino sobre a conquista de Alcacer do Sal; 2) por ser, para ele, incerta a data da tomada de Santarém, apesar do relato e enunciar correctamente, como tinha ja sido provado” Também 0 Cardeal Saraiva" rejeita a verdade deste relato, usando como primeiro argumento, também ele, o problema da datagao: adopta a data de 10 de Maio de 1147 baseando-se, numa leltura errada, diga-se, de uma ‘chamada Chronica Lusitana (trata-se, na realidade, dos Annales, igualmente conhecidos por Chronica Gothorum), para afirmar em seguida que se 0 relato de Aleobaca fosse verdadeiro alteraria a cronologia sugerida pela crénica a que se refere, “mas nés julgamos poder duvidar de que ele seja legitimo ¢ authentico™. Apresenta uma listagem de cinco argumentos que incicem, quase todos, sobre aspectos de pormenor do contetido do texto, sobretudo quando se trata 70. se et ge ON Ft Sen Sermitsneidwlo sonata st se Ghamesnaton dsopmienor send. Ansougat ipo heh TOS er Sana saying rin te te, Steer red ena es Sioa "Mons ener Sr Etat Tana esos tomi, Anny pon Acanqs ct Sti a asisriges anu Armand Sas Pein do problema de datas”, que este autor comenta minuciosamente mas que nos parecem completamente invalidos para justificar 0s seus propésitos. Apesar de tanta mindcia e cuidado posto na reprovagao de tal relato, Saraiva acaba por concordar com 0 mesmo quanto a data da conquista, em concordancia com 0 documento da doacgao do eclesidstico de Santarém aos Templaios, que ja referimos, e que também ele invoca’ Coube, portanto, a Herculano, como vimos no principio deste estudo, reabiltar um texto que, depois de incondicionalmente aceite pelos historiadores alcobacenses (no fossem eles oriundos desta mesma casa, onde o documento, estava depositado), fo! considerado falso por tantos outros, ‘atornane, spate soc eprom et Seicana pre salam pease nen (Gthaa anes wan aioe ie oax'n tr Sees snp ate oe fst opr Ss nce ace ret Erananetandara cote ara eas Be Sreracenmoge gens scan an, Uae no aaa Oy Be 2 cones ti Gia 0. Mons eis ea 2 3. A conquista de Santarém: andlise textual Se, como vimos, a Cronica Geral de Espanha de 1344, nao inclui 0 texto do DES no seu conjunto de fontes, as erénicas produzidas nos séculos XV e XVI, apesar de o nao citarem explicitamente, a ele recortem com abundancia, Acestrutura da narrativa ¢ jé outra, com a introdugao de novos episédios @ uma: diferente arrumagio dos mesmos no discurso, mas as semelhancas textuais ‘com o relato so bem evidentes; casos hé em que os seus autores se limitam a uma transposigéo para vernaculo do respective texto, 0 qual aparece pela primeira vez impresso e identificado como tal pelos historiadores de Alcobaga, ‘que nao deixam, por isso, de recorrer a outras fontes menos validas, reforgando e dando continuidade a determinados aspectos de carécter lendatio, relativos & Conquista. Distante no tempo, na formagao e nos objectivos da sua produgao historica, Alexandre Herculano vai empreender esforgos para erradicar os elementos de cardcter lendéio ¢ fantasioso que durante séculos andaram associados 4 conquista de Santarém, seguindo escrupulosamente o texto que publicou com 0 titulo facticio de De expugnatione Scalabis. ‘Vamos, portanto, procurar analisar o modo como o Unico @ mais antigo testemunho manuscrito conhecido da conquista de Santarém ¢ utiizado pela produgao historiografica subsequente, anotando os novos episédios que Ihe S40 acrescentados, @ quals as suas particularidades e proveniéncia, e os que S40 deslocados ou ignorados®. Os momentos em que dividimos a narrativa, na sua versao mais completa (incluindo, portanto, as variantes apostas a0 original), S40 (05 seguintes: 1) descrigo das qualidades naturais e fortaleza de Santarém; 2) preparacdo antecipada da conquista; 3) conselho do Arnado; 4) comunicagao da empresa a S. Teotonio; §) voto da fundacao de Alcobaga e intervengao de 8. Bernardo; 6) discurso do rei aos seus companheiros; 7) sinais no céu anunciam a vitéria dos cristéos; 8) assalto e conquista da cidade; %) fuga do aleaide de Santarém para Sevilha. A distribuiggo destes episddios pelos varios testemunhos e edigdes 6 a constante do quadro 1 Aleitura do quadro de sintese construido segundo a metodologia antes enunciada, permite-nos perceber, de imediato, que tanto 0 DES como a Cr. 1344 constituem duas narrativas diferentes, e independentes, de um mesmo acontecimento, a tomada de Santarém por D. Afonso Henriques em 1147. ‘A produgao historiogratica posterior utiliza e integra amibas as tradigbes. ‘Analisaremos agora, detalhadamente, cada um dos epis6dios em que cestruturamos a narrativa, © a forma como so apresentados em cada um dos textos, Distribuigao de episédios Quadro 1 Scemeomrpeca aca a Mastin tetas dt ae tt Acorusta Satna ratings pnp / Amun Ss Pera 1. Tanto 0 texto manuscrito como as restantes cronicas, a excepcao da Cr. 1344, comegam por descrever as qualidades de Santarém, pela eminéncia da sua posigao geogrética, pela fortaleza do seu sistema defensive e pela ‘abundéincia dos seus recursos naturals, razdes que servem de mébil e que justificam plenamente a necessidade da sua conquista®: “(utter munitissimam ori ‘mutitudine hominum, omnique genere ‘machinarum inexpugnabilem a tam paucissimis viris inuasam(..) muniuit ‘eam ipsa montis natura petrosa, et ‘aspera, ef uelut inter nubes porrigens ‘ipsam ciutatem: in sua sumitate planam, ‘non magnam ne ad tenenatum sit aici, nec moaicam ne furetur a paucis. Quomodo igitur huius speciostatem describere queam, cum nec hominum sacietur nisus cernentium ad orientalem pplagam plana, et omni generifrugum fertissima arua per C° LX. stadia? (.) Quid de ferteltate dicam, cum nec sit inferior apufia, sed superhabundet, uel piscium mutitudine, vel salubrate aque? Est equidom dei paraaisus, id est ‘eliciarum ortus (..)." "(J a cidade mais bem detendiéa pelo mimero dos seus soldados e tornada 140 Inexpugndvel por toda a especie de ‘engenhos de guerra, (..) defende-a a propria natureza rochosa e aspera do ‘monte, 0 qual camo que langa até as rnuvens a cidade, olana na sua parte mais alta e nem tao grande que alicute a detesa nem (do pequena que pouces @ ‘possam tomar de surpresa. E como ‘podere/ eu descrever a sua formosura, ‘quando néo ha quem possa saciar-se com a contemplacao das suas planicies, ue a perder de vista se espraiam a coriento, ou dos seus campos, abundantiesimos de toda a espécie de frutos € que se estendem por cento sessenta estéalos?(..) E que dire da sua Tetlidade? Ela nao é interior & de Apulia, ‘send par out lado notével quer pela ‘abundiéncia de pescarias quer pela salubridade das suas aguas. E na verdad 0 paraiso de Deus, um jarcim de desicias(..).” oko a i 8 Soir ectl enn ea Sse ces potuceescneees Ehoeaccenyeom ees race ececeas SSoecceaneas Soonemenamontee eae Saree neee ncaa Sebi skath cvsenene btn ecectmtomat care Ei enaecmee = aoe Sooaasmmc wae ins Boeaiiececneecieie Eemnaneastreuecitaes Siegen etnn tata sesateeanteae nae Sanne, Eesesinreee satan Seecee ee eee Siemens Eeevgnewsemaees et eee Stor Sage crea Sg Sweeter Shc eecems oe ‘ral Con tt pane SE ‘eit Cops Hien dite 0 ea Hs Ee 2, Para a preparacao da conquista da cidade, que obedecia, portanto, a um plano previamente detalhado, Afonso Henriques envia um homem da sua confianga, Mem Ramires*, a Santarém com o intuito de estudar in loco a forma de melhor a atacar, localizando os seus pontos mais vulneraveis, por onde 0 assédio sera mais faciitado, sendo também 0 mesmo que, depois, vai encabegar 0 assalto" Tandem pactita cum eis pace, ‘menendum ramiricem mei consili conscium premisi totus serutatorem regecil, ua semia vel parte muri ‘securius possemus nocte ingredl Na Cr 1344 “(..) tendo estabeecido pazes com 0s senhores da cidade, mandei a trente Mom Ramires, conhecedor dos meus _projectos, a sondar minuciosamente © ‘caso @ a investigar ao mesmo tempo por {ue ataihos ou por que parte da muraiha poderiamos entrar de noite mais @ seguro ste personagem substituido por Mem Moniz”, ¢ assim em todos os textos posteriores”.E a partir de Fr. Bernardo de Brito que se repoe de novo o nome de Mem Ramires, uma vez que é com este que se depara na leitura do texto manuscrito, rejeitando assim a licao da cronistica anterior”. Deseo anene ages eectiinsiaecatass congas estrous rand Sus Fern 3, Depois deste episddio, no DES comega-se a descrigao da marcha dos guerteiros, no itinerario que os conduz para Santarém, enquanto os restantes textos, @ partir da Cr. 1344, introduzem um novo evento, de cardcter puramente lendarrio: a confissdo, no campo do Amado, nas proximidades da cidade de Coimbra, que 0 rei faz aos membros do seu conselho, @ so eles Lourenco Viegas, Gongalo de Sousa e Pero Pais”, da sua intengao de tomar Santarém. Depois disto, e de volta ao paco, o rei surpreende, e surpreende-se, com a conversa de duas velhas mulheres, sobre o facto de ele pretender tomar Santarém, assunto envotto em extremo sigilo®: *(..) cavalgou com todos seus cavalleros e folsse ao Arnado e apartou césigo dom Louraco Veegas e dom Gongalo de Sousa e dom Pedro Paaez, 0 afrez, @ outios dous Ccavaleios (...E contouthes como avya en cora¢on de tomar Santarem (..).£, despois {ue fezeron seu acordo, tornousse el rey pera seus pages. E, indo per Figueira Vetha, disse ha mother contra as outras: Veodes 0 que ora el rey foy falar cO seus privados? Que fassem furtar Sanctare. , quado el rey ouvyo 0 que a moller dizi, foy maravihhado"* 2 ni cas en Mone ocr OS ‘Sarton fora isa npn ne Speen rip asp ry CPA 5h at aan ose oa eda Pea Sn oC drank te Soa coe 00 Tar te ‘ers efor ots a Pos ot fests ean hema ‘ee te ows hac (Sta Peeters ee pape es atin (tes fete" tp To 262s Oo ictal Goes eget Sc trey it eri ere rt. fen to oo oa po, Ensvoma tian mee men fase ae foes Gt eS asm mE var osu nnmscoun Gree a form wu feePianse¢ Mee went Sta ‘Mortis oearteechanaratafapcae eae et eae preps na aforsan i ‘om patie ae TD A eels See eget § (ate ones ees? ar gs fac mesa rero ‘cau aspen cere Seguegmwrettencasrrecter noes chdsdaacia's [3s arene tele a ‘indore iment sericea Pty ‘Sane cy scans A Eesteceesnimnts meses Sein eh at ner nate ‘pote stp ete Gta 9 Me Bh as ‘eieonn a ma tar be at ie ‘ects ema agua ei 2 cenea tcn Gat. Area vine 02 Es 4, Antes de partir na jomada que o leva a conquista de uma das pragas inimigas que mais em perigo punha a estabilidade do espago ja conquistado, ao ‘mesmo tempo que dificultava 0 avango para sul, Afonso Henriques reune-se ‘com o prior de Santa Cruz de Coimbra, D. Teoténio, seu principal conselheiro, a0 qual solicta a intercessao divina para que consiga realizar com sucesso 0 plano de tomada da cidade*: "odie, sicut credo, ft pro nobis communis oratio a canonicis sancte crucis, quibus predixi hoe nastrum negotium, ot in quibus contigo, t a cetero claro simul cum omni populo.” “Hoje, segundo creio, fazem preces por nds tanto as cénegos de Santa Cruz, a quem ‘comuniquei esta nossa empresa e em quem confo, como o restante clero juntamente com todo 0 pove.” A Cr, 1344 omite esta importante referéncia, que surge de novo com Fernao Lopes, nitida inluéncia da sua leitura, nao do selato, uma vez que aqui esta mengdo 6 bastante reduzida, mas da Vita Sancti Theotonil, onde este assunto 6 mais desenvolvido, pelas semelhangas textuais que apresenta com a Cr. 1419, informagao que teria recebido directamente do original latino ou da sua tradugao quatrocentista® eve ne sina Sc creduemasacige one hveremenceurencsss Seruea earatetrtea eimaresretteceneas ef i eases SEU Wart at seg mon Siete eaeeree rae ieiaaiiemernarnate ‘ut cr por ae ea cuss on ao se Beet teaearetaraatatn Sheumeeanesnaremc Sp Set Se ansnant rw ‘Acoras Sanrtn nas sagt pnipna mar Soa Pea 5. Associado & conquista de Santarém ha um interessante episédio que mereceu jé a atengao de alguns estudiosos: 0 voto do rei de doar uma certa parte do seu territorio aos cistercienses, onde poderiam fundar um mosteiro da sua ordem, se pela intercessao de S. Bernardo conseguir tomar com sucesso a cidade. De facto, assim acontece: por sugestao de um suposto seu iemao, D. Pedro Afonso, pela piedade do rei, pelas orag6es de S. Bernardo, que logo ‘soube de tal voto por comunicacao do Espirito Sento, e pela virtude de Deus, Santarém ¢ conquistada, Evento completamente ausente do DES, a narragao mais proxima e fidedigna do acontecimento, esta tradigao tem o seu primeiro registo textual na chamada IV" Cronica Breve de Santa Cruz de Coimbra, da primeira metade do século XIV, @ que aqui transorevernos: “E lez 0 mosteiro d'Alcobaga quando hia fihar Santarem A mouros E hia co elle seu ‘Jrmaao 0 qual jaz soputtado em na ousia do alcto Mestere. Eo seu nome he Pedro ‘Atomso. E chegando adima de Sera Minciga dom Pearo Afomso dise contra seu Jrmado ‘Rey dom Afonso, Senhor ouy) falar de hum homem boo E muj santo que chamam ‘Bernardo que he de ha hordem que chamom Sam Vento. E faz Deus por elle muylos. ‘milagres. E nom ha cousa que pega a Deus creeds bem que logo per mercee de Deus hiharedes Santarem. Entanges ihe disse EiRey escolhedeo vos dom Pedro Atoms meu strmaao honde teuerdes por bem. E entom ihe disse dom Pedro Afamso Sentor dadelhe ‘oda esta varzea como vay des Leirea viindo polio mar ataa qua. Emtam the aisse ElRey ‘muylo me praz em tall que nos nom leuemos mais afam om flhar esta vila de Santarem. E eu logo a esse Sam Bernardo que ell Rogue a Nosso Senhor Ihesu Christo que em tail ‘fa vaamos ale nos que descaiam os imijgo da fe do poder que teem. E entom foromsse. em esse da polla vertude de Deus. F pellas oragoeens de Ssam Bernardo que 0 soube pollo Esprito Santo fiharom a uila de Santarem E da tornada fez Eifiey dom Atfomso 0 “Mosteia dAlcobaca,"* A Cr. 1344, que usa este texto no seu conjunto de fontes, nao Ihe concede tanto relevo limitando-se a fazer uma breve roferéncia a fundago de Alcobaga”, e cabe & produgao cronistica dos séculos XV e XVI dar continuidade, com novas Particularidades lterarias, a tal tradigac® ‘Mas s&0 os historiadores de Alcobaga™ que se detem minuciosamente em torn deste episécio, contribuindo para que tal facto (0 voto do roi) passe de Jenda a verdade institucionalizada, para 0 que aduzem uma série de provas, documentais que, cronologicamente, localizam préximo do evento, como se tal proximidade fosse sinénimo de veracidade. Depois do rei ter pronunciado o voto, ‘acompanhado de “algUas lagrymas de deuaca’, como que a reforgar a sua beatitude, “por diuina permissa0 foy reuelada a nosso Padre $a6 Bernardo a necessidade delRey, & 0 voto que tinha feyto", e como se tal ndo bastasse para mistificar tal evento, Fr. Bernardo de Brito acrescenta ainda que “Algis, [no sabemos quem, pois parece-nos ser este o primeiro autor @ anunciar tal ian pas cons cata a ee ear Pgs eens ot sere ‘sanuomagnusrnccne heanmeenigr enue: oo ie Sc Dement Gacaret wipe commmessaunn ke ii Sn pt 1 Siccomoeeoeeast musauscwe ewig ars ieeomeeraecacree eee aceiemerse seecenecterertaresa ‘ep ten rt ota ase a ‘Sogronariess omer mmo ek ‘Senate ear het ‘abede manta smn ets bg eens ‘Sioa eee ee Mod eth ma Sam en ea trv uo etn sro Soo pte tacrentstatopnom trcieasisc sept ‘va a area amet ure ‘onesie seus oto Torn qn hain our repeweguiones ‘1 tm ecaret roses at tin Sea CO A {atl ones ers saa Senet i mse ‘Seve syne Sta flor obancas ttre aig maaan SSaPevS Arwon Grnsgeta Gua toe bom ‘mT apes egy ora asa Sn ‘ecm Faeogas po arp sa ‘Se tatu bone rs err Ste came tancgeaysanne wmocush dee oe ‘ects stn a 2 Cones Hatien Guar Au Hevigas ease ocorréncial atirmao, @ a noite sequinte apareceo nosso Padre Sam Bernardo a el Rey Dom Afonso, & o certiicou da vitoria, que auia de alcacar, & ou em sonhos, 0u velado, ihe deu a mao de cUprir 0 prometia, & Ina pedio pera coprimento do uoto™, como se de um auténtico acto de vassalagem se tratasse, entre 0 rei Claraval. E Brito confirma to grandioso evento com a “tradiga vulgar, & immemorial @ temos em Alcobaga"” e com a iconogratia, de origem alcobacense, rolativa a tal aparigso: “figuras de vulto muyto antigas” no Coro do. Mosteiro e outras nos vitrais da sala do Capitulo, figuras que também estavam “pintadas ao antigo em hit liuro de pergaminho, escrito na era de 1203, G foy & po muy chegado a este"” (ao da conquista, entenda-se). Ap6s a enumeragao de tais provas termina dizendo que “nao 18 a tradiga piquenos fundamétos"”, atrimonializada na edificagao, no suposto local onde 0 rei teria feito 0 voto, de lum arco triunfal, para o qual o proprio Brito lavrou uma inscrigao” Ea IV®Cr Breve que transmite a lenda na versao mais antiga que ‘conhecemos, ¢ portant isenta das interpolagdes devidas a cronistica posterior, sobtetudo de Fr. Bernardo de Brito, Constitui aquele texto um dos primeiros elementos do que Maur Cocheri designou por la légende a'Alcobaga, cujas, ‘origens remontam ao século XIII", e que, ao antedatar a fundagae do Mosteiro colocando-0 como consequéncia imediata da conquista de Santarém, conquista esta devida & devogao do rei nos milagres de Deus efectuados pela intercessao de S.Bernardo, tinha como objectivo colocar em destaque © contributo dos cistercienses para @ construcao da nacionalidade, langando para a obscuridade a figura de S. Teoténio e o papel que os crizios de facto exerceram, enquanto mentores espirtuais do rei e dos cavaleiros de Coimbra, para a edilicagao da monarquia portuguesa, no tempo da sua gestacao”, vine npra Fate des en Fo eg stasis ose or COHAN oa aa ‘Sot antacoun injec nes Pr ‘bts un os aan Safer tamer ss sds Ars ae apo sprees gr 998 ‘eat np soe ‘Beton was ors etter DD eeraereericateans, ‘Cas Cov arn Eoin» tp 0322 scissor’ tenance? Seen Fo, he se rad ‘eed a Enna aes Ne Eaeenncearsaee, faa pots ee moe a ea ceo gree oor See atv Sntouceet rn Guerre iti thy 2a on Rea cans eet a ators pages Amand Sas Pe ms T9069 Sh 2085.0 oR Fe Sed BS fm on one TE i e.8 6. Eno momento da narrativa er que 0 rei se dirige aos seus companheiros de armas” que ¢ enunciada, com potmenor. a estratégia e acg6es conducentes & lomada da cidade, & qual est subjacente uma atitude de exterminio total do inimigo mugulmano, uma radicalizagao do confronto. Aqui podemos também aperceber-nos do tipo de relacionamento existente entre 0 rei ¢ 0 grupo dos cavaleitos de Coimbra que mais frequentemente 0 acompanhava nas actividades militares": "Nests comiliones mei, nostis, et bene hosts, quia et mecum et sine me multos labores sustinusts es hac urbe in culus confnio esis. Nostis quanta mala fecerit Ciuitaivestre, et uobis, omnique meo regno, quaiter sit in laqueum, et in ‘Stuporem dentiurm mutistemponibus (...) ‘Sed hoc est quod prius facere debemus. Eligantur certum xx: @ numero esto, qui ‘decem fabricent scalas divsi per

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