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Os atores envolvidos são:

. a Prefeitura de Noz Moscada, que atua como proponente e convenente;

. o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que atua como concedente;

. uma empresa de engenharia e arquitetura, que elaborou o projeto básico;

. o locatário do imóvel onde funcionará o restaurante, que entendo será o gestor e prestador
de serviço de alimentação, ocorrendo aí uma descentralização do funcionamento do
restaurante por meio de concessão ou ato administrativo precário;

. as Secretarias Municipais de Assistência Social e de Segurança Alimentar, bem como os


respectivos Conselhos Municipais, responsáveis pela formulação de políticas públicas no
âmbito municipal e que, no caso, atuaram na alteração da proposta enviada ao Ministério;

. uma Fundação de Apoio, da Universidade Municipal de Noz Moscada, que agiria como
interveniente;

. uma equipe técnica responsável por supervisionar e acompanhar a execução do projeto.

Examinando os atores e seus papéis no processo de formalização do convênio, observa-se que


a atuação da Fundação de Apoio e da equipe técnica é totalmente dispensável, uma vez que,
primeiro, a Fundação não pode atuar como interveniente, já que este papel cabe
primeiramente a instituição ou agente financeiro público federal, e a equipe técnica possui
papel que deve ser atribuído ao interveniente.

Desta forma, deveria ser verificada a possibilidade de que a instituição ou agente financeiro
público federal fosse a interveniente e, em caso de incapacidade técnica, outra instituição
pública ou privada poderia realizar o acompanhamento.

Os principais problemas a serem enfrentados pelo proponente para ter êxito na


formalização do convênio são:

. a antecipação da etapa do projeto básico que, de acordo com a Portaria Interministerial nº


128/2008, deveria ser realizado ou antes da liberação da primeira parcela ou mesmo, a critério
do concedente, antes da celebração do convênio, entretanto, parece que a Prefeitura realizou
o projeto básico sem ter isto devidamente claro;

. a propriedade do imóvel não parece ser um problema, visto que o histórico aponta que a
propriedade é de fato do município e o mesmo provavelmente realizou um contrato de
constituição de direito real de uso sobre o imóvel para que o mesmo seja usado para fim
específico, entretanto, caso o “aluguel” mencionado não seja especificamente esse
instrumento, aí poderá haver problemas para o uso do imóvel enquanto local para a obra do
restaurante;

. a alteração da proposta de trabalho por parte das Secretarias e Conselhos sem anuência do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
. a convocação da Fundação de Apoio para ser interveniente no processo sem que estivesse
claro que uma instituição ou agente financeiro federal possa fazê-lo;

. a convocação de equipe técnica de pessoas do círculo social do Prefeito sem qualquer


conhecimento técnico para o acompanhamento da obra e do convênio;

. outro problema detectado é a comprovação de que os recursos da contrapartida estão


garantidos por meio unicamente da LDO, pois a Lei de Responsabilidade Fiscal exige a
necessidade de previsão orçamentária da contrapartida, o que só pode ser feito pela LOA.

Caso eu fosse o Prefeito do município em questão, faria os seguintes ajustes:

. solicitaria que, no Plano de Trabalho, houvesse previsão de recursos para a elaboração do


projeto básico e esperaria uma posição do Ministério antes de executá-lo antecipadamente;

. faria alteração da proposta e enviaria para anuência do Ministério;

. avaliaria junto ao Ministério se instituição ou agente financeiro federal teria condições


técnicas de acompanhar a obra, e não formaria qualquer equipe técnica para isso, antes de
posição do Ministério;

. não admitiria que a composição da equipe tivesse como critério o fato de possuir ligação
pessoal com o Prefeito;

. faria projeto de lei para incluir na LOA a previsão orçamentária da contrapartida.

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