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Fascículo de Natal
Ano II da Era FHC
PAULO ARANTES
especial para a Folha
''Fenum habet in cornu.'' Horácio, ''Sátiras'', I, 4, 33
Filósofo - Antes de tudo, um Funcionário da Humanidade (v. Funcionário).
Definição atribuída a Edmund Husserl pelo renomado pedagogo Dr. Aristarco
Argolo de Ramos. O corporativista Platão achava que a filosofia era uma
carreira de Estado.
Sacadura Cabral e Gago Coutinho - "O universo do consumo está passando por
um processo de diversificação de tal modo inesperado e fantástico, que
destrói por completo todos os prognósticos a respeito de sua função e de seu
papel alienador (...). Ao invés da homogeneização ocorre uma diversificação
capaz de servir a todos os gostos (...). As casas se tornam discotecas,
videotecas, acervos de cultura para todos os gostos (...). O menino mais
pobre da periferia de São Paulo sabe perfeitamente que roupa vestir, que
música quer ouvir, a que programa assistir (...). A favelada pobre não quer
apenas leite para seus filhos, mas também danoninhos." J.A. Giannotti,
Folha, 19/11/95. "Não acredito na estandardização (...). Não acredito nisso
(...). Esse pessimismo não se sustenta, a não ser como visão subjetiva
(...). Você se lembra que todo mundo imaginava que, por causa da comunicação
de massa, haveria estandardização. Mas considere a televisão. Veja o número
de canais que você pode escolher. Portanto ocorre justamente o contrário."
Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao Mais!, Folha, 13/10/96.
praga - V. Sarna.
Jacobinistas (sic) xiitas - Gente sem noção de país (v. Gente com noção de
país). Exemplo: ''Derrubada a monarquia pela Revolução Francesa, a
Assembléia Nacional Constituinte, dominada por jacobinistas (sic) xiitas,
sem noção de país, ameaçava naufragar''. Luís Nassif, Folha, 16/11/96 (v.
''Mirabô de Mello e outros estudos sobre a Revolução Francesa'').
Gente com noção de país - Exemplo: ''Mas o que você quer, rapaz? Se o
capitalismo for pro buraco, o Brasil vai junto. Se não, podemos tomar uma
carona''. Chico Alvim, Poeta dos Outros (v. Contradição performativa;
Partido Intelectual, ala esclarecida (majoritária) e ajustada).
''Deu a Lógica no Ajuste'' - ''Mas o presidente não é corrupto, tem uma puta
noção de país e conhece como ninguém a dinâmica do capitalismo'' (Grande
Otelo). ''Então tudo bem'' (Oscarito).
La règle du jeu - ''É preciso saber conviver com a infração contra valores
alheios para que tenhamos política.'' J.A. Giannotti, Folha, 7/6/92. (v.
Wanderley Luxemburgo, ''Contravenção ou Revolução'').
Ministros éticos entre si - Três Ministros Éticos (v. Ministro Ético, Minet)
conversando sobre Kant no elevador privativo de Fernando Affonso Collor de
Mello, A Coisa-em-si (v. Sujeito automático; Collosso informe).
Cultura da culpa 2 - "Eu não sou daquela turma que considera que nós somos
apenas vítimas dos países que se deram bem. Não. Acho que nós somos um povo
que não conseguiu criar uma nação saudável, robusta e afirmada. Eu não quero
pôr a culpa nos outros por inveja, porque eles se desenvolveram bem. Não. Eu
adoro os americanos, os EUA. Admiro muito. Mas acho que nós somos diferentes
e podemos fazer uma coisa melhor do que os americanos fizeram." Caetano
Veloso, Folha, 7/10/94.
O mundo sem culpa - "Eu ontem, lá onde eu estava, assisti um filme sobre o
Caetano Veloso _e ao falar do Caetano, eu falo de todo o mundo cultural, dos
que me prestigiaram votando em mim, e dos que não votaram, mas que eu devo
prestigiá-los, se aqui posso. O prestígio deles, às vezes, é muito maior do
que o meu, e que o Caetano afinal dizia coisas bastante tocantes, dizendo
que ele sentia, embora fosse ele pessoalmente cético como pessoa, que ele
achava que o Brasil tinha algo importante a oferecer como diferença no
mundo. Diferença não quer dizer antagonismo, quer dizer peculiaridade, coisa
própria. Nós temos um jeito próprio." Fernando Henrique Cardoso, Folha,
7/10/94.
Dez mil metros acima do Brasil - ''No avião leio uma entrevista com Ruy
Fausto (v. Ruy Fausto), imensa, na Folha, descrito como marxista insigne.
Deve ser um bom sujeito. Depois de dar 'n' voltas em cima do muro, Fausto
aconselha a companheiros marxistas de São Paulo a não aceitar empregos no
governo Fernando Henrique. Sabe o que está pedindo? Que um brasileiro recuse
convite a cargo público? Fausto cita um certo Arantes, em que dá leve puxão
de orelhas, por ter caído em tentação de ser funcionário público. É outro
marxista ilustre.'' Paulo Francis, ''O Estado de S. Paulo'', 17/10/96 (v. Um
certo Arantes).
Painel do Leitor
Buemba! Buemba! - ''Querem anular a minha legitimidade.'' (Tucano Simão, São
Paulo, SP)
Bicho solto - ''A dialética está solta nas ruas.'' (Coronel Erasmo Dias, São
Paulo, SP)