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O FA ( R ?

) DO ANALÍTICO
Noeliza Lima (NÔ), 2001

De repente um barulho ensurdece, assusta... Este caos já se pressentia.


Na vida não há surpresas...há coisas que não se querem ver.
E então você bem devagarzinho se dá conta
que lá no fundo, bem escondida,
havia uma janela que você não abria.

Pessoas são bichinhos de pelúcia soltos na chuva.

Não é triste molhar o pelo destes ursinhos?

E a gente brinca de esconde esconde com a gente mesma


e o maior sofrimento passa reto...
Até a inevitável e descarada revelação.
Mas veja - não adianta apressar.
Nada ocorre antes do tempo.

Não precisa vasculhar baús antigos,


o sábio entende - tudo vem a seu tempo
Talvez por isto os oráculos falassem por parábolas
Assim a Esfinge falou à Édipo
Os terapeutas ouvem e aguardam
lêem nas entrelinhas o perpassar da angústia
o véu que esconde- desvela.
Mas pré-sentem o estardalhaço oculto - o inevitável clarão.
Dói os olhos de tão ofuscante (furaremos os olhos?)
O eu real salta à vista e à vida.
A natureza agradecida segue - impávida
Fim de tempestade.

Os estragos?
Que bom que chove - a enxurrada leva.
A alma leve convalesce.

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