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computadores 8088, o MS-DOS, o Windows 3.11 e o Unix. Mas muita gente se esquece
– ou talvez nem saiba – da história brasileira da Informática, uma fábula marcada pela
vergonha.
Na década de 80, o Brasil estava vivendo seus últimos anos de Ditadura Militar.
Os homens de farda que comandavam o país viram que a tecnologia estrangeira era
muito superior à produzida pela indústria nacional. Como eram um governo militar, não
podiam deixar a sua Pátria ser humilhada desta maneira e, então, tiveram uma ideia
genial. Alguém disse: “Vamos proibir a importação de todo e qualquer material
relacionado à indústria da informática para que as empresas nacionais se desenvolvam
e, quando reabrirmos o mercado, elas poderão concorrer em pé de igualdade com as
americanas”. Sim, você pode estar tendo um treco ao ler isso, mas foi exatamente o que
aconteceu: os militares criaram a famosa Reserva de Mercado, através da qual comprar
qualquer computador ou software no estrangeiro era proibido.
A pirataria, naquela época, no entanto, não era como a de hoje, onde se baixa um
programa e este é usado sem uma licença: era mais grave: os “programadores”
brasileiros pegavam um software estrangeiro e, através de engenharia reversa, mudavam
o nome do programa e diziam que eram eles quem tinham feito. E o fabricante nem
podia reclamar, pois as empresas eram protegidas pelo governo, que dava aval a esta
prática.
SISNE Plus
Trata-se de um sistema operacional desenvolvido pela Itautec e pela Scopus. Na
verdade, é um clone do MS-DOS, com algumas pequenas falhas (por exemplo: quando
aparecia uma mensagem “Quer continuar (S/N)?” era preciso apertar Y). Dizem que ele
teria sido escrito em Turbo Pascal. Quando a Microsoft soube de sua existência, tentou
processar as fabricantes para que parassem de vender esta cópia ilegal de seu sistema
mas, como a empresa era protegida do governo, todos os apelos do tio Bill foram
solenemente ignorados. Com o fim da reserva de mercado e a grande disseminação do
MS-DOS original, este sistema foi descontinuado.
SOx Unix
Nós também tínhamos um sistema Unix-Like. O SOx Unix talvez tenha sido um
dos mais bem-sucedidos projeto da informática nacional chegando, inclusive, a ser
certificado como UNIX-compatible pela X/Open em 1989. Foi desenvolvido pela
COBRA Tecnologia e projetado para rodar em seus próprios computadores. Apesar de
ter sido um sucesso tecnológico, o SOx veio muito tarde, quando a COBRA deixou de
dar suporte a ele. Depois disso, ele foi descontinuado e o governo optou pelo System V
4.0. Você pode encontrar mais informações sobre o SOx neste blog.
Redator
Um dos mais bem-sucedidos projetos da Itautec. Tratava-se de um processador
de textos em modo texto. Uma curiosidade é que o produto ainda existe mas mudou de
ramo: atualmente, ele é um clone da versão clássica do Microsoft Word com ênfase em
Gramática, Concordância e Literatura da Língua Portuguesa, sendo muito usado em
escolas de ensino fundamental e médio.
Carta Certa
Foi o processador de textos nacional que mais fez sucesso durante a Reserva de
Mercado, respondendo por 40% dos editores do Brasil. O único erro do Carta Certa era
que ele era um processador de textos para DOS e sua desenvolvedora, a Convergente,
tinha apenas um grande cliente:a Caixa Econômica Federal. Quando a Reserva acabou,
a Convergente prometeu que iria desenvolver uma versão do editor para o Windows
3.11, mas a Caixa não quis esperar e o substituiu pelo Microsoft Word. Como resultado,
o programa que outrora dominava 40% do mercado foi descontinuado e a Convergente
acabou sendo vendida.
E você? Conhece ou se lembra de mais algum programa antigo? Então conte pra
gente nos comentários!