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Comentário ao post

Caro colega Artur!

Não poderia estar mais de acordo consigo.

Apesar de só este ano estar a frequentar esta formação, já apliquei o modelo no ano
anterior. Se bem que não o dominando, desde logo me apercebi de uma série de
permissas para que o dito pudesse transformar-se num manual de funcionamento de
uma qualquer máquina automatizada (neste caso a BE).

Tive e tenho (até ver..) o privilégio de partilhar a função de PB (Professor Bibliotecário)


com uma colega (o agrupamento da Nazaré, único no concelho, contempla duas BEs e
cerca de 1400 alunos) muito experiente e com formação específica no modelo.
Acompanhei todo o processo de avaliação do domínio B, desde a sua planificação ao
tratamento dos dados e à elaboração do respectivo relatório. Não será necessário
indicar o número de horas utilizado nesse trabalho, com o respectivo prejuízo para
outras actividades, pois muitas delas seriam de difícil contabilização por terem
decorrido fora do horário de trabalho. Contudo, no final do processo, ficou um ligeiro
sabor a “burocracia tecnocrata”, que me levou a entender o MAABE, não como
Modelo de Auto avaliação da Biblioteca Escolar, mas antes como “Modelo de Auto
Afirmação da Biblioteca Escolar”. Se não vejamos: todo o processo de envolvimento
com os parceiros/colegas na definição e planificação de actividades, na sua
implementação, no seu acompanhamento, passando pela permissa necessário por
parte da direcção, até à recolha de evidências e à apresentação dos resultados por via
do relatório, assenta num modelo parametrizado e, por isso, voltado para a
justificação/validação da biblioteca enquanto parceiro no processo de
ensino/aprendizagem, como se até aqui a sua missão não fosse já uma referência de
qualidade imprescindível nas práticas quotidianas da escola portuguesa. Não me
parece que fosse necessário ou até oportuno um modelo tão extenso e aglutinante,
desculpem-me a expressão, quase castrador de ideias e de oportunidades que nem
sempre são condizentes com os procedimentos nele consagrados.

Não pretendendo assumir-me como céptico, nem mesmo fazer oposição ao modelo,
pois como o próprio colega começa por afirmar ele apresenta muitas virtudes, penso
que incide sobre nós, os PB, a responsabilidade de não transformar a nossa função
numa prática meramente burocrática, desligada da realidade e dos verdadeiros
destinatários da BE, que são os alunos. Para tal, cabe-nos saber utilizar a ferramenta
que é o MAABE para que dela possamos retirar o melhor proveito possível, numa
óptica de avaliação para a mudança na procura da excelência.

José Cesário Moreira

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