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Gêneros Textuais

• Manifesto

O manifesto é um tipo de texto dissertativo que vem sendo explorado pelos


vestibulares como opção de redação.
Ao longo da história, ouvimos falar de vários manifestos: comunista, futurista,
antropófago, poesia Pau Brasil, etc. Todos com motivações e alvos diferentes, mas utilizando
do mesmo canal de comunicação: a escrita. Não uma simples escrita, mas um manifesto.
Afinal, no que consiste esse gênero textual? O objetivo aqui é impactar a opinião pública e,
portanto, a linguagem persuasiva é fundamental.
Lembra-se do que é persuasão? Vejamos: É quando queremos induzir alguém a apoiar
nossa opinião sobre determinado assunto. Assim, a linguagem persuasiva deve ter argumentos
convincentes e expositivos e, para tanto, enfatizará os aspectos positivos ou fará um apelo
emocional sobre uma situação.
Quando se trata de emoção, o manifesto levanta argumentos sobre algo que já é
polêmico, a fim de despertar indignação, revolta e protestos.
Logo, o princípio e a intenção de convencimento fazem com que o manifesto tenha um
caráter político, que atrai a opinião pública e incita a comunidade a tomar uma atitude frente ao
problema denunciado.
Quando decidir por fazer um manifesto nas aulas de redação ou no vestibular, lembre-
se de colocar: título, local, data e escreva “assinaturas” ao final. Nunca se identifique em um
concurso, pois sua produção textual pode ser anulada.
Além disso, deixe bem claro: o problema discutido, a análise pessoal do autor a
respeito do problema e os argumentos-chaves que justificam a escrita do manifesto.
Não há uma estrutura fixa a ser seguida, pois se trata de um texto dissertativo. A
linguagem deve estar de acordo com o público-alvo. No entanto, não utilize gírias, tampouco
palavras de baixo calão. Geralmente, os verbos estão ou no presente do indicativo (vamos,
temos, queremos, lutamos) ou no imperativo (Veja, lute, conquiste)!
O manifesto se expressa de forma escrita com a seguinte estrutura:

Título: anuncia o conteúdo do manifesto;

Desenvolvimento do texto: aqui se apresenta o tema a do manifesto, que é uma forma de


texto argumentativo. Isso quer dizer que a sua função é apresentar uma idéia.

Local, data e assinatura: todo manifesto deve ser assinado, seja pelas pessoas que
participaram da produção do texto, seja pelas que apóiam o que está sendo firmado.
Exemplo:
• Artigo de Opinião

O artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe seu
posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos.
É um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado, portanto,
o escritor além de expor seu ponto de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes
e admissíveis.
Logo, as idéias defendidas no artigo de opinião são de total responsabilidade do autor,
e, por este motivo, o mesmo deve ter cuidado com a veracidade dos elementos apresentados,
além de assinar o texto no final.
Contudo, em vestibulares, a assinatura é desnecessária, uma vez que pode identificar
a autoria e desclassificar o candidato.
É muito comum artigos de opinião em jornais e revistas. Portanto, se você quiser
aprofundar mais seus conhecimentos a respeito desse tipo de produção textual, é só procurá-lo
nestes tipos de canais informativos. A leitura é breve e simples, pois são textos pequenos e a
linguagem não é intelectualizada, uma vez que a intenção é atingir todo tipo de leitor.
Uma característica muito peculiar deste tipo de gênero textual é a persuasão, que
consiste na tentativa do emissor de convencer o destinatário, neste caso, o leitor, a adotar a
opinião apresentada. Por este motivo, é comum presenciarmos descrições detalhadas, apelo
emotivo, acusações, humor satírico, ironia e fontes de informações precisas.
Como dito anteriormente, a linguagem é objetiva e aparecem repletas de sinais de
exclamação e interrogação, os quais incitam à posição de reflexão favorável ao enfoque do
autor.
Outros aspectos persuasivos são as orações no imperativo (seja, compre, ajude,
favoreça, exija, etc.) e a utilização de conjunções que agem como elementos articuladores (e,
mas, contudo, porém, entretanto, uma vez que, de forma que, etc.) e dão maior clareza às
idéias.
Geralmente, é escrito em primeira pessoa, já que se trata de um texto com marcas
pessoais e, portanto, com indícios claros de subjetividade, porém, pode surgir em terceira
pessoa.

Exemplo:

PREVENIR OU REMEDIAR?
Por Cassildo Souza(*)
Entre os debates mais intensos que permeiam a sociedade atual, uma questão que não pode
ser colocada em segundo plano certamente é a descriminalização do aborto. Os que defendem
tal legalidade afirmam que, uma vez aprovada, a lei priorizaria o acesso a métodos seguros de
extração, em caso de gravidez indesejada, com a justificativa se preservar a vida da mãe.
Porém, o caminho mais coerente seria incentivar a prevenção, ao invés de se alimentar a
prática de um crime na mais aceitável significação da palavra.
Vivemos em um mundo rodeado de informações, e as campanhas promovidas pelos órgãos de
saúde competentes, se não são ideais, também não permitem alegar-se a falta de
conhecimento a respeito do assunto. Por ano, são distribuídos milhões de camisinhas e outros
mecanismos capazes de evitar que o indesejado (quase sempre inesperado) aconteça. Se,
mesmo assim, o índice de adolescentes que dão a luz cresce assustadoramente a cada ano,
com a possibilidade de o aborto tornar-se legal, isso aumentaria numa velocidade ainda maior.
Não sendo bem-sucedidas como deveriam, as estratégias de conscientização para se prevenir
a gravidez, como em qualquer outra campanha, devem evoluir; outros meios devem ser
criados. Podemos citar que algumas doenças foram erradicadas no passado, por terem sido
combatidas veementemente. Descriminalizar o aborto, além de constituir uma motivação para o
descompromisso com a vida, atesta a incapacidade do Estado para resolver questões sérias e
urgentes.
A atitude mais sensata é sempre eliminar o problema em sua origem, em qualquer que seja a
situação. Não se concebe mais, a essa altura, recorrer a mecanismos imediatistas para sanar
algo que poderia ter sido suprimido no passado. Os exemplos do insucesso estão em toda a
parte: por não se investir em educação é que se corre atrás de bandido, vivem-se inúmeras
epidemias e, para completar, ainda se quer permitir a castração de uma vida, antes mesmo de
ser concretizada.

• Carta

PARTICULARIDADES DA CARTA ARGUMENTATIVA

Em que reside a diferença entre carta-argumentativa e artigo de opinião? Se ambos os


textos são de cunho dissertativo-argumentativo, têm bastantes elementos semelhantes. Ambos
trabalham com base na opinião de seu autor, mas são gêneros específicos. Aliás, o termo
gênero textual refere-se à situação comunicativa, isto é, a quando usar a carta e quando usar o
artigo.
A carta-argumentativa caracteriza-se por ser uma correspondência com um leitor
definido, específico, em oposição ao artigo, que é produzido sempre se pensando num leitor
geral, num conjunto de pessoas geralmente desconhecidas.
As dificuldades dos alunos se apresentam, muitas vezes, em levar isso para o papel.
Inúmeros são os casos em que a estrutura é de carta, mas o texto é de artigo como, por
exemplo, o texto a seguir:
Currais Novos/RN, 11 de setembro de 2008

Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação,

Ao analisarmos os diversos problemas enfrentados pelos brasileiros, percebemos que a


educação apresenta-se como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na
última década, ainda assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” latino-americano.
Essa questão torna-se complexa, pois está relacionada a diversos problemas nacionais como a
desigualdade na distribuição de renda, a exploração do trabalho infantil, dificuldades no acesso
às escolas, exploração sexual de crianças e adolescentes, perfazendo um conjunto de tristes
realidades, que separam cada vez mais, as famílias em situação de vulnerabilidade social do
sistema regular de ensino.
As deficiências no processo de ensino-aprendizagem também merecem atenção,
principalmente nos primeiros anos escolares. Metodologias de ensino inadequadas, carências
de recursos humanos e materiais, péssimo sistema de transporte escolar, além de baixos
salários, são elementos importantes que contribuem para a evasão escolar e para a má
qualidade do serviço prestado.
Diante de tal situação, precisamos, ainda, percorrer um árduo caminho para que possamos ter
um país que veja a educação com a seriedade merecida. Sendo assim, a valorização do
magistério, a informatização das escolas, a capacitação profissional, além de um melhor
planejamento dos recursos aparecem como estratégias importantes, para transformar o
Sistema Educacional em um serviço eficiente e eficaz.

Atenciosamente,

Educalson Brasileiro

Apesar de a formatação ser de carta, não se tem a referência ao destinatário dentro do texto.
Expressões como "Vossa Excelência", "Senhor Ministro", ou até mesmo o uso de primeira
pessoa do singular dariam ao texto essa indicação. São elementos detalhísticos que
denunciam o gênero da carta e que muitas vezes não são considerados pelos alunos. Nesse
texto, abordam-se os problemas relacionados à educação, mas de forma muito distante, como
se não se fizesse referência específica. Vejamos, para se ter um caráter maior de carta, como
ficariam alguns trechos do texto acima.

Ao analisarmos os diversos problemas enfrentados pelos brasileiros, percebemos que a


educação apresenta-se como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na
última década, ainda assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” latino-americano,
conforme tomei conhecimento através da imprensa escrita, radiofônica e televisada.

Percebam que o simples fato de se utilizar um verbo em primeira pessoa caracteriza melhor o
gênero carta. Assim como em outros pontos:

Diante de tal situação, Excelentíssimo Ministro, entendo que precisamos, ainda, percorrer
um árduo caminho para que possamos ter um país que veja a educação com a seriedade
merecida. Sendo assim, a valorização do magistério, a informatização das escolas, a
capacitação profissional, além de um melhor planejamento dos recursos aparecem como
estratégias importantes, para transformar o Sistema Educacional em um serviço eficiente e
eficaz.

Como cidadão, espero que o Senhor, como representante maior da Educação Nacional,
mobilize os órgãos competentes, principalmente a Presidência da República, para que
estas e outras sugestões venham a tornar-se realidade. Confio na sua competência, mas
muito mais no seu bom senso, para que a nossa realidade passe a fazer parte de
estatísticas bem diferentes.
As indicações em negrito oferecem ao texto anterior um diferencial a fim de que se possa
discriminar melhor a carta, dando-lhe características próprias, distinguindo-a do artigo de
opinião.

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