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Instrumentação

9a edição

Marco Antônio Ribeiro


Instrumentação
9a edição

Marco Antônio Ribeiro

Dedicado a Marcelina e Arthur, meus pais, sem os quais este trabalho não
teria sido possível, em todos os sentidos.

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se


claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e
pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão ou então,
que tem razão para evitar falar claramente (Rosa Luxemburg)

© 1978, 1982, 1986, 1989, 1992, 1995, 1997, 1999, 2002, Tek Treinamento & Consultoria Ltda
Salvador, Outono 2002
Prefácio
Qualquer planta nova, bem projetada para produzir determinado produto, sempre requer
sistemas de instrumentação para fazer a medição, controle, monitoração e alarme das
variáveis. A escolha correta dos sistemas pode ser a diferença entre sucesso e fracasso para
uma unidade, planta ou toda a companhia. Também, como há uma rápida evolução das
tecnologias e conseqüente obsolescência, periodicamente toda planta requer ampliações e
modificações radicais que incluem a atualização dos seus instrumentos e seus sistemas de
controle.
Assim, técnicos e engenheiros que trabalham com o projeto, especificação, operação e
manutenção de plantas de processo devem estar atualizados com a instrumentação e as
recentes tecnologias envolvidas. O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso
ministrado a engenheiros e técnicos ligados, de algum modo, a estas atividades. Este trabalho
de Instrumentação e um outro de Controle de processo constituem um conjunto completo para
estudo e consulta.
Neste trabalho, dá-se ênfase aos equipamentos e instrumentos e são apresentados três
grandes temas: Fundamentos, Funções dos Instrumentos e Medição das Variáveis.
Na primeira parte, de Fundamentos de Instrumentação, são apresentados os
conceitos relacionados com Instrumentação, Terminologia, Símbolos e Identificação
dos instrumentos analógicos e digitais; vistos os instrumentos sob a óptica de
sistemas; mostradas a evolução e as ondas da instrumentação. São apresentados os
parâmetros para a Especificação correta do instrumento individual, considerando o
processo, ambiente, risco e corrosão.
Na parte de Funções de instrumentos, são estudados individualmente os
instrumentos, tais como sensor, transmissor, condicionador de sinal, indicador,
registrador, totalizador, controlador e válvula de controle.
Finalmente na terceira parte, são mostradas as tecnologias empregadas para
medir as principais Variáveis de Processo, como pressão, temperatura, vazão nível,
pH, condutividade e cromatografia, que são as variáveis mais encontradas nas
indústrias químicas, petroquímicas e de petróleo.
Sugestões e críticas destrutivas são benvidas, no endereço: Rua Carmen
Miranda 52, A 903, CEP 41820-230, Fone (071) 452-3195 e
Fax (071) 452-3058 e no e-mail: marcotek@uol.com.br .

Marco Antônio Ribeiro


Salvador, verão 1999
Autor

Marco Antônio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de


Eletrônica
Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA,
período da implantação do polo petroquímico de Camaçari
.
Fez vários cursos no exterior e possui dezenas de artigos publicados nas
áreas de Instrumentação, Controle de Processo, Automação, Segurança, Vazão e .
Desde 1987, é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda.
á, firma que presta serviços nas áreas de Instrumentação e Controle de Processo.
Conteúdo
Fundamentos

1. Instrumentação 3. Sistemas de Instrumentação


Objetivos de Ensino 2 1. Classes de Instrumentos 1
1. Instrumentação 2 2. Manual e Automático 1
1.1. Conceito e aplicações 2
3. Alimentação dos Instrumentos 1
1.2. Disciplinas relacionadas 2
4. Pneumático ou Eletrônico 2
2. Vantagens e Aplicações 3
4.1. Instrumento pneumático 3
2.1. Qualidade do Produto 3
4.2. Instrumento eletrônico 3
2.2. Quantidade do Produto 3
2.3. Economia do Processo 4 5. Analógico ou Digital 4
2.4. Ecologia 4 5.1. Sinal 4
2.5. Segurança da Planta 4 5.2. Display 5
2.6. Proteção do Processo 4 5.3. Tecnologia 5
5.4. Função Matemática 5
2. Símbolos e Identificação 5.5. Analógica Versus Digital 6

1. Introdução 1 6. Burro ou inteligente 7

2. Aplicações 1 7. Campo ou sala de controle 8


7.1. Instrumento de campo 8
3. Roteiro da identificação 1 7.2. Instrumentos na sala 9
3.1. Geral 1
3.2. Número de tag típico 1 8. Modular ou integral 11
3.3. Identificação funcional 1 8.1. Painel de leitura 11
3.4. Identificação da malha 2 8.2. Instrumentos cegos 12

4. Simbologia de Instrumentos 3 9. Dedicado ou compartilhado 13


4.1. Parâmetros do Símbolo 3 10. Centralizado ou distribuído 13
4.2. Alimentação 3
4.3. Linhas entre os Instrumentos 6 11. Real ou Virtual 14
4.4. Balão do Instrumento 6 11.1. Instrumento real 14
11.2. Instrumento virtual 15
5. Malha de controle 13 11.3. Controlador virtual comercial 15
6. Sistemas completos 13
7. Referências bibliográficas 16
4. Terminologia
5.1. Introdução
5.2. Definições e Conceitos

i
Funções dos Instrumentos

3. Transmissor e manutenção 11
0. Funções dos Instrumentos 3.1. Transmissor descartável 11
3.2. Transmissor convencional 12
1. Instrumentos de Medição
3.3. Transmissor digital 12
1.1. Introdução 1
3.4. Transmissor híbrido 14
1.2. Tipos de Medição 1
4. Receptores associados 14
2. Aplicações da Medição 3
4.1. Instrumentos associados 14
2.1. Controle 3
4.2. Alimentação 14
2.2. Monitoração 4
4.3. Transmissor como controlador
2.3. Alarme 4
15
3. Sistema de Medição 4
5. Serviços associados 15
5.1. Especificação 15
1. Elemento Sensor 5.2. Instalação 15
1. Conceito 1 5.3. Configuração 16
5.4. Operação 16
2. Terminologia 1 5.5. Calibração 16
5.6. Manutenção 18
3. Modificadores 2
3. Princípios de transdução 3 3. Condicionadores de Sinal
4. Sensores Mecânicos 3
1. Conceito 1
5. Sensores Eletrônicos 3
2. Aplicações 1
5.1. Sensor capacitivo 4
5.2. Sensor indutivo 4 3. Funções desenvolvidas 2
5.3. Sensor relutivo 5
4. Linearização da Vazão 4
5.4. Sensor eletromagnético 5
4.1. Introdução 4
5.5. Sensor piezoelétrico 5
4.2. Lineares e Não-lineares 5
5.6. Sensor resistivo 5
5.7. Sensor potenciométrico 6 5. Compensação 6
5.8. Sensor strain-gage 6 5.1. Introdução 6
5.9. Sensor fotocondutivo 6 5.2. Condições normal, padrão e real
5.10. Sensor fotovoltáico 6 7
5.11. Sensor termoelétrico 6 5.3. Compensação da Temperatura 8
5.12. Sensor iônico 7 5.4. Tomadas 8
6. Escolha do sensor 7 6. Totalização da Vazão 9
7. Características Desejáveis 7 7. Serviços associados 10

2. Transmissor 4. Indicador
1. Conceitos básicos 1 1. Conceito 1
1.1. Introdução 1
2. Variável Medida 1
1.2. Justificativas do Transmissor 1
1.3. Terminologia 2 3. Local de Montagem 2
1.4. Transmissão do sinal 4
1.5. Sinais padrão de transmissão 4 4. Tipo da Indicação 2

2. Natureza do transmissor 5. Rangeabilidade da Indicação 3


5 6. Associação a Outra Função 4
2.1. Transmissor pneumático 5
2.2. Transmissor eletrônico 7 7. Serviços Associados 5
5. Registrador 4. Controlador Microprocessado 14
4.1. Conceito 14
1. Introdução 1 4.2. Características 14
4.3. Controladores comerciais 15
2. Topografia 1
4. Controlador SPEC 200 16
3. Acionamento do Gráfico 2
4.1. Descrição e Funções 16
4. Penas 2
5. Estação Manual de Controle 18
5. Gráficos 3 5.1. Estação Manual 18
5.2. Estação de Chaveamento A/M
6. Associação a Outra Função 4
18
7. Serviços Associados 5 5.3. Estação A/M e Polarização 19
5.4. Serviços Associados 20
6. Computador de Vazão
1. Conceito 1
8. Válvula de Controle
1. Introdução 1
2. Programáveis 1
2. Elemento Final de Controle 1
3. Dedicado 2
3. Válvula de Controle 2
4. Aplicações Clássicas 2
4.1. Vazão de liquido 2 4. Corpo 3
4.2. Vazão de gás 3 4.1. Conceito 3
4.3. Sistema com 2 transmissores 3 4.2. Sede 3
4.5. Vazão de massa de gás 3 4.3. Plug 3
5. Seleção do Computador 4 5. Castelo 4
6. Planímetro 4 6. Atuador 4
6.1. Histórico 4 6.1. Operação 4
6.2. Cálculo matemático 5 6.2. Atuador Pneumático 5
6.3. Método do corte e peso 5 6.3. Ações do Atuador 5
6.4. Método do planímetro 5 6.4. Escolha da Ação 6
6.5. Gráficos Circulares Uniformes6 6.5. Mudança da Ação 7
6.6. Seleção e Especificação 6 6.6. Dimensionamento 7
6.7. Outro Elemento Final 7
7. Controlador 7. Acessórios 8
7.1. Volante 8
1. Conceito 1
7.2. Posicionador 8
2. Componentes Básicos 1 7.3. Booster 9
2.1. Medição 1
8. Característica da Válvula
2.2. Ponto de Ajuste 1
10
2.3. Estação Manual Integral 2
8.1. Conceito 10
2.4. Balanço Automático 2
8.2. Válvula e Processo 10
2.5. Malha Aberta ou Fechada 3
8.3. Escolha de Características 12
2.6. Ação Direta ou Inversa 3
9. Operação da Válvula 13
3. Especificação do Controlador 5
9.1. Aplicação da Válvula 13
3.1. Controlador Liga-Desliga 5
9.2. Desempenho 13
3.2. Controlador com Intervalo Diferencial
9.3. Rangeabilidade 14
5
3.3. Controlador Proporcional 6 10. Vedação e Estanqueidade 15
3.4. Controlador P + I 7 10.1. Classificação 15
3.5. Controlador P + D 8 10.2. Fatores do Vazamento 15
3.6. Controlador P + I + D 10 10.3. Válvulas de Bloqueio
3.7. Controlador Tipo Batelada 10 15
3.8. Controlador Analógico
12 11. Dimensionamento 16
3.9. Controlador Digital 13 11.1. Filosofia 16
11.2. Válvulas para Líquidos 17
11.3. Válvulas para Gases 17
11.4. Queda de Pressão 17
12. Instalação 18 5. Especificação de
12.1. Introdução 18
12.2. Localização da Válvula 18 Instrumentos
12.3. Comissionamento 18 1. Informação do Produto 1
12.4. Tensões da Tabulação 19 1.1. Propriedade (feature) 1
12.5. Redutores 19 1.2. Especificação 1
12.6. Instalação da Válvula 19 1.3. Característica 2
13. Parâmetros de Seleção 20 2. Propriedades do Instrumento 2
13.1. Função da Válvula 20 2.1. Funcionalidade 2
13.2. Fluido do Processo 20 2.2. Estabilidade 6
13.3. Perdas de Atrito do Fluido 20 2.3. Integridade 6
13.4. Condições de Operação 21 2.4. Robustez 10
13.5. Vedação 21 2.5. Confiabilidade
13.6. Materiais de Construção 21 11
13.7. Elemento de Controle 21 2.6. Disponibilidade 15
14. Tipos de Válvulas 22 2.7. Calibração 16
14.1. Válvula Gaveta 23 2.8. Manutenção 17
14.2. Válvula Esfera 24 2.9. Resposta dinâmica 18
14.3. Válvula Borboleta 25 3. Especificações do instrumento 20
14.4. Válvula Globo 27 3.1. Especificações de Operação 20
14.5. Válvula Auto-regulada 28 Característica 20
15. Válvulas Especiais 30 3.2. Especificação de desempenho
15.1. Válvula Retenção 30 20
15.2. Tipo Levantamento 31 3.3. Especificações funcionais 30
15.3. Retenção Esfera 31 3.4. Especificações físicas 31
15.4. Retenção Borboleta 31 3.5. Especificação de segurança 32
15.5. Retenção e Bloqueio 4. Corrosão dos Instrumentos 41
32 4.1. Tipos de Corrosão 41
16. Válvula de Alívio de Pressão 32 4.2. Corrosão nos instrumentos 41
16.1. Função do Equipamento 32 4.3. Partes molhadas 42
16.2. Definições e Conceitos 32 4.4. Materiais de revestimento 42
16.3. Sobrepressão 33 4.5. Partes expostas ao ambiente 43
16.4. Válvula de Segurança 34 4.6. Instrumentos pneumáticos 43
4.7. Instrumentos eletrônicos 43
17. Válvulas Solenóides 36 4.8. Processos Marginais 45
17.1. Solenóide 36
17.2. Válvula Solenóide 36 5 Terminologia
17.3. Operação e Ação 37 2.1. Introdução 1
2.2. Definições e Conceitos 1
18. Válvula Redutora de Pressão 38 2.3. Referências Bibliográficas 31
18.1. Conceito 38
18.2. Precisão da Regulação 38
18.3. Sensibilidade 38
18.4. Seleção 39
18.5. Instalação 39
18.6. Operação 40
Medição das Variáveis
2.5. Enchimento Termal 8
Objetivos de Ensino 1
2.6. Termopar 9
1. Variáveis de Processo 2 2.7. Resistência detectora de temperatura
1.1. Introdução 2 (RTD) 14
1.2. Conceito 2
3. Acessórios 27
1.3. Dimensões 2
3.1. Bulbo 27
2. Tipos das Quantidades 3 3.2. Capilar 28
2.1. Energia e Propriedade 3 3.3. Poço de temperatura 29
2.2. Extensivas e Intensivas 3 4. Referências Bibliográficas 30
2.3. Pervariáveis e Transvariáveis 3
2.4. Variáveis e Constantes 4 3. Vazão
2.5. Contínuas e Discretas 4
2.6. Mecânicas e Elétricas 4 1. Fundamentos 1
1.1. Conceito de vazão 1
3. Faixa das Variáveis 6 1.2. Unidades 2
3.1. Faixa e Amplitude de Faixa 6 1.3. Funções Associadas 2
3.2. Limites de Faixa 6 1.4. Dificuldades da Vazão 3
3.3. Faixa e Desempenho 6
2. Medidores de Vazão 4
4. Função Matemática 7 2.1. Sistema de Medição 4
4.1. Conceito 7 2.2. Tipos de Medidores 4
4.2. Notação 7 2.3. Quantidade ou Instantânea 4
4.3. Função Linear 7 2.4. Relação Matemática 5
4.4. Correlação 8 2.5. Diâmetros Totais e Parciais 5
2.6. Com e Sem Fator K 5
1. Pressão 2.7. Volumétricos ou Mássicos 6
2.8. Energia Extrativa ou Aditiva 6
1. Conceitos Básicos 1 2.9. Medidor Universal Ideal 6
1.1. Definição 1 2.10. Medidores Favoritos 7
1.2. Unidades 1
1.3. Tipos 2 3. Geradores de ∆p 8
3.1. Elemento Gerador 9
2. Medição da Pressão 3
2.1. Objetivos da medição 3 4. Placa de Orifício 9
2.2. Padrões de calibração 4 4.1. Conceito 9
2.3. Sensores Mecânicos 6 4.2. Características Físicas 9
2.4. Sensores Elétricos 9 4.3. Tomadas da Pressão 10
2.5. Seleção do Sensor 9 4.4. Dimensionamento 10
4.5. Vantagens 11
3. Acessórios 9
4.6. Desvantagens e Limitações 11
3.1. Selo Químico 9
4.7. Orifício Integral 12
3.2. Pressostato 10
4.8. Tubo Venturi 12
4.9. Outros Geradores da Pressão13
2. Temperatura 4.10.Seleção do Elemento 13
1. Conceitos Básicos 1 4.11. Medidor do ∆p 13
1.1. Definições 1 5. Medidor Tipo Alvo (Target) 14
1.2. Unidades 2
1.3. Escalas 2 6. Rotâmetro de Área Variável 15
1.4. EPIT 3 7. Deslocamento Positivo 16
2. Medição da Temperatura 5
2.1. Introdução 5
2.2. Sensores 5
2.3. Termômetros de vidro 6
2.4. Bimetal 7
8. Medidor Magnético 17
8.1. Princípio de funcionamento 17
8.2. Sistema de Medição 17
8.3. Tubo Medidor 17
8.4. Transmissor de Vazão 18
8.5. Vantagens 18
8.6. Desvantagens e limitações 19
9. Turbina 19
9.1. Princípio de funcionamento 19
9.2. Construção 19
9.3. Vantagens 20
9.4. Desvantagens e limitações 20
10. Medidor tipo Vortex 21
11. Medidor Coriolis 23
11.1. Introdução 23
11.2. Efeito Coriolis 23
11.3. Calibração 24
11.4. Medidor Industrial 24
11.5. Características 25
11.6. Aplicações 25
11.7. Limitações 26
12. Medidor termal 26
12.1. Princípio de Funcionamento 26
12.2. Medidor a Calor 26
13. Medidor ultra-sônico 28
13.1. Introdução 28
13.2. Diferença de Tempo 28
13.3. Diferença de Freqüência 29
13.4. Efeito Doppler 29

4. Nível
1. Conceitos Básicos 1
1.1. Introdução 1
1.2. Conceito 1
1.3. Unidades 2
1.4. Aplicações 2
2. Medição de Interface 3
3. Medição de Nível 4
4. Visor de nível 4
4.1. Medidor com Bóia 5
4.2. Pressão Diferencial 6
4.3. Medição a borbulhamento 9
4.4. Medição com Deslocador 11
4.5. Medição Radioativa 13
4.6. Sistema com radar 20
4.7. Medidor sônico e ultra-sônico 25
Instrumentação
1. Fundamentos
2. Funções
3. Variáveis
1.
Fundamentos

1. Instrumentação
2. Símbolos e Identificação
3. Sistemas de Instrumentação
4. Terminologia
1.1
Instrumentação

Fig. 1.1.1. Operador de campo, sala de controle centralizada e arrea industrial

1
Instrumentação

Objetivos de Ensino 5. Controle: garantir que o valor de uma


variável permaneça igual, em torno
1. Definir o significado de instrumentação e ou próximo de um valor desejável
listar as disciplinhas correlatas. 6. Alarme e intertravamento: geração
2. Descrever as aplicações e as vantagens de sinais para chamar a atenção do
do controle e da automação industrial. operador para condições que exijam
3. Informar acerca do histórico e da sua interferência ou para atuar
evolução das tecnologias aplicadas: automaticamente no processo para
analógica e digital, pneumática e mantê-lo seguro
eletrônica, centralizada e distribuída, As variáveis envolvidas incluem mas não
dedicada e compartilhada, real e virtual.. se limitam a
1. Pressão
1. Instrumentação 2. Temperatura
3. Vazão
4. Nível
1.1. Conceito e aplicações 5. Análise
Os instrumentos estão associados e
A instrumentação é o ramo da aplicados aos seguintes equipamentos:
engenharia que trata de instrumentos 1. Caldeira: equipamento para gerar
industriais. vapor
Os enfoques da Instrumentação podem 2. Reator: equipamento onde se realiza
ser de uma reação química ordenada
1. Fabricação: construção de 3. Compressor: equipamento para
componentes e instrumento mover gases
2. Projeto: detalhamento básico e 4. Bomba: equipamento para mover
específico de sistemas liquidos
equipamentos e instrumentos 5. Coluna de destilação: equipamento
3. Especificação: estabelecimento de para separar diferentes produtos
características físicas, funcionais e com diferentes pontos de ebulição
de segurança dos instrumentos 6. Forno: equipamento para aquecer
4. Vendas: comercialização, marketing algum produto
e promoção de instrumentos 7. Refrigerador: equipamento para
5. Montagem: fixação correta dos esfriar algum produto
instrumentos no local de trabalho, 8. Condicionador de ar: equipamento
para que ele opere conforme o para manter as condições do ar
previsto ambiente dentro de determinados
6. Operação: monitoração do limites
desempenho do instrumento e As indústrias que utilizam os
atuação manual, quando necessário, instrumentos de medição e de controle do
para garantir segurança e eficiência processo, de modo intensivo e extensivo
7. Manutenção dos instrumentos: são:
reparo do instrumento quando 1. Química
inoperante, calibração e ajuste do 2. Petroquímica
instrumento quando o desempenho 3. Refinaria de petróleo
metrológico o exigir 4. Gás e óleo
As principais funções dos instrumentos 5. Dutos e Terminais
são: 6. Têxtil
1. sensor: detecção da variável medida 7. Fertilizante
2. Indicação: apresentação do valor 8. Papel e celulose
instantâneo da variavel 9. Alimentícia
3. Condicionamento do sinal: operação 10. Farmacêutica
de tornar mais amigável e tratável o 11. Cimento
sinal original 12. Siderúrgica
4. Registro: apresentação do valor 13. Mineração
histórico e em tempo real da variavel 14. Nuclear

2
Instrumentação

15. Hidrelétrica foles, estabelecimento de ângulos retos


16. Termelétrica entre alavancas, colocação de parafusos em
17. Tratamento d'água e de efluentes locais quase inacessíveis. A manutenção
dos instrumentos eletrônicos requer o
1.2. Disciplinas relacionadas conhecimento da eletrônica básica, do
funcionamento dos amplificadores
O projeto completo do sistema de
operacionais e atualmente das técnicas
controle de um processo envolve vários
digitais. O fabricante correto fornece os
procedimentos e exige os conhecimentos
circuitos eletrônicos e os diagramas de
dos mais diversos campos da engenharia,
bloco esquemáticos dos instrumentos.
tais como:
Para a sintonia do controlador e o
1. Mecânica dos fluidos, para a
entendimento dos fenômenos relativos ao
especificação de bombas,
amortecimento, à oscilação e à saturação é
dimensionamento de tubulações,
útil o conhecimento rigoroso dos conceitos
disposição de bandejas da coluna de
matemáticos da integral e da derivada. A
destilação, dimensionamento de
analise teórica da estabilidade do processo
trocadores de calor, especificação de
requer uma matemática transcendental,
bombas e compressores.
envolvendo a função de transferência, os
2. Transferência de calor, para a
zeros e os pólos de diagramas, as equações
determinação da remoção do calor
diferenciais, a transformada de Laplace e os
dos reatores químicos, pré-
critérios de Routh-Hurwitz.
aquecedores, caldeiras de
recuperação e dimensionamento de
condensadores. 2. Vantagens e Aplicações
3. Cinética das reações químicas, para Nem todas as vantagens da
o dimensionamento dos reatores, instrumentação podem ser listadas aqui. As
escolha das condições de operação principais estão relacionadas com a
(pressão, temperatura e nível) e de qualidade e com a quantidade dos produtos,
catalizadores, fabricados com segurança e sem
4. Termodinâmica, para o calculo da subprodutos nocivos. Há muitas outras
transferência de massa, do número e vantagens. O controle automático possibilita
da relação das placas de refluxo e a existência de processos extremamente
das condições de equilíbrio do complexos, impossíveis de existirem apenas
reator. com o controle manual. Um processo
Esses conhecimentos auxiliam na industrial típico envolve centenas e até
escolha e na aplicação do sistema de milhares de sensores e de elementos finais
controle automático associado ao processo. de controle que devem ser operados e
Os modelos matemáticos, as analogias e a coordenados continuamente.
simulação do processo são desenvolvidos e Como vantagens, o instrumento de
dirigidos para o entendimento do processo e medição e controle
sua dinâmica e finalmente para a escolha 1. não fica aborrecido ou nervoso,
do melhor sistema de controle. 2. não reclama,
A especificação dos instrumentos requer 3. não fica distraído ou atraído por pessoas
o conhecimento dos catálogos dos bonitas,
fabricantes e das funções a serem 4. não assiste a um jogo de futebol na
executadas, bem como das normas, leis e televisão nem o escuta pelo rádio,
regulamentações aplicáveis. 5. não pára para almoçar ou ir ao banheiro,
A manutenção dos instrumentos exige o 6. não fica cansado de trabalhar,
conhecimento dos circuitos mecânicos, 7. não tem problemas emocionais,
pneumáticos e eletrônicos dos instrumentos, 8. não abusa seu corpos ou sua mente,
geralmente fornecidos pelos fabricantes dos 9. não tem sono,
instrumentos. Para a manutenção da 10. não folga do fim de semana ou feriado,
instrumentação pneumática exige-se a 11. não sai de férias,
habilidade manual e uma paciência bovina 12. não reivindica aumento de salário.
para os ajustes de elos, alinhamento de

3
Instrumentação

Porém, como desvantagens, o Atualmente, o conjunto de normas ISO


instrumento 9000 exige que os instrumentos que
1. sempre apresenta erro de medição impactam a qualidade do produto tenham
2. opera adequadamente somente quando um sistema de monitoração, onde estão
estiver nas condições previstas pelo incluídas a manutenção e calibração
fabricante, documentada deles.
3. requer calibrações e ajustes periódicos,
para se manter exato 2.2. Quantidade do Produto
4. requer manutenção corretiva, preventiva
As quantidades das matérias primas,
ou preditiva, para que sua precisão se
dos produtos finais e das utilidades devem
mantenha dentro dos limites
ser medidas e controladas para fins de
estabelecidos pelo fabricante
balanço do custo e do rendimento do
5. é provável que algum dia ele falhe e pela
processo. Também é freqüente a medição
lei de Murphy, esta falha geralmente
de produtos para venda e compra entre
acontece na pior hora possível e pode
plantas diferentes.
acarretar grandes complicações.
Os instrumentos de indicação, registro e
totalização da vazão e do nível fazem a
2.1. Qualidade do Produto
aquisição confiável dos dados através das
A maioria dos produtos industriais é medições de modo continuo e preciso.
fabricada para satisfazer determinadas Os instrumentos asseguram a
propriedades físicas e químicas. Quanto quantidade desejada das substâncias.
melhor a qualidade do produto, menores
devem ser as tolerâncias de suas
propriedades. Quanto menor a tolerância,
maior a necessidade dos instrumentos para
a medição e o controle automático.
Os fabricantes executam testes físicos e
químicos em todos os produtos feitos ou,
pelo menos, em amostras representativas
tomadas aleatoriamente das linhas de
produção, para verificar se as
especificações estabelecidas foram
atingidas pela produção. Para isso, são
usados instrumentos tais como indicadores
de densidade e viscosidade, espectrômetros Fig. 1.1.2. Instrumentos de medição de nível
de massa, analisadores de infravermelho,
cromatógrafos e outros.
2.3. Economia do Processo
O controle automático economiza a
energia, pois elimina o superaquecimento
de fornos, de fornalhas e de secadores. O
controle de calor está baseado geralmente
na medição de temperatura e não existe
nenhum operador humano que consiga
sentir a temperatura com a precisão e a
sensitividade do termopar ou da resistência.
Os instrumentos garantem a
conservação da energia e a economia do
Fig. 1.1.1. Transmissor de pH processo .

Os instrumentos possibilitam a
verificação, a garantia e a repetibilidade da
qualidade dos produtos.

4
Instrumentação

2.5. Segurança da Planta


Muitas plantas possuem uma ou várias
áreas onde podem estar vários perigos, tais
como o fogo, a explosão, a liberação de
produtos tóxicos. Haverá problema, a não
ser que sejam tomados cuidados especiais
na observação e no controle destes
fenômenos. Hoje são disponíveis
instrumentos que podem detectar a
presença de concentrações perigosas de
gases e vapores e o aparecimento de
chama em unidades de combustão. Os
instrumentos protegem equipamentos e
vidas humanas.

2.6. Proteção do Processo


Fig. 1.1.3. Instrumentação aplicada à indústria O processo deve ter alarme e proteção
associados ao sistema de medição e
controle. O alarme é realizado através das
2.4. Ecologia mudanças de contatos elétricos,
monitoradas pelos valores máximo e mínimo
Na maioria dos processos, os produtos
das variáveis do processo. Os contatos dos
que não são aproveitáveis e devem ser
alarmes podem atuar (ligar ou desligar)
jogados fora, são prejudiciais às vidas
equipamentos elétricos, dispositivos sonoros
animal e vegetal. A fim de evitar este
e luminosos.
resultado nocivo, devem ser adicionados
Os alarmes podem ser do valor absoluto
agentes corretivos para neutralizar estes
do sinal, do desvio entre um sinal e uma
efeitos. Pela medição do pH dos efluentes,
referência fixa e da diferença entre dois
pode se economizar a quantidade do agente
sinais variáveis.
corretivo a ser usado e pode se assegurar
É útil o uso do sistema de desligamento
que o efluente esteja não agressivo.
automático ou de trip do processo. Deve-se
Os instrumentos garantem efluentes
proteger o processo, através de um sistema
limpos e inofensivos.
lógico e seqüencial que sinta as variáveis do
processo e mantenha os seus valores
dentro dos limites de segurança, ligando ou
desligando os equipamentos e evitando
qualquer seqüência indevida que produza
condição perigosa.
Os primeiros sistemas de
intertravamento utilizavam contatos de reles,
contadores, temporizadores e integradores.
Hoje, são utilizados os Controladores
Lógicos Programáveis (CLP), a base de
microprocessadores, que possuem grande
eficiência em computação matemática,
seqüencial e lógica, que são os parâmetros
básicos do desligamento para garantir a
segurança da planta.
Fig. 1.1.2. Incêndio em área industrial

Apostilas\Instrumentação. 11 Introdução.doc 23 MAR 01 (Substitui 03 SET 00)

5
1.2
Símbolos e Identificação

1. Introdução 3. Roteiro da identificação


A simbologia de instrumentação
analógica e digital, compartilhada e 3.1. Geral
integral, distribuída e centralizada se
Cada instrumento ou função a ser
baseia nas seguintes normas americanas
identificada é designado por um conjunto
(geralmente traduzidas para o português) :
alfanumérico, chamado de tag. A parte de
1. ISA S5.1, Instrumentation Symbols
identificação da malha correspondente ao
and Identification, 1984
número é comum a todos os instrumentos
2. ISA S5.3, Graphic Symbols for
da mesma malha. O tag pode ainda ter
Distributed Control/Shared Display
sufixo para completar a identificação.
Instrumentation, Logic and Computer
Systems, 1983
3.2. Tag completo típico
2. Aplicações
Os símbolos de instrumentação são TIC 103 Identificação do instrumento ou tag
encontrados principalmente em do instrumento
1. fluxogramas de processo e de T... Primeira letra: variável da malha,
engenharia, Temperatura
2. desenhos de detalhamento de
instrumentação instalação, ...C Última letra: identificação funcional:
diagramas de ligação, plantas de Controlador
localização, diagramas lógicos de ...I... Modificador ou complemento da
controle, listagem de instrumentos, função: Indicador
3. painéis sinópticos e semigráficos na 103 Número da malha de temperatura
sala de controle,
4. diagramas de telas de vídeo de
estações de controle. O número da malha do instrumento
pode incluir o código da informação da
área . Por exemplo, o TIC 500-103, TIC
500-104, aos dois controladores
indicadores de temperatura, ambos da
área 500 e os números seqüenciais são
103 e 104.

3.3. Identificação funcional


A identificação funcional do instrumento
ou seu equivalente funcional consiste de

6
Símbolos e Identificação

letras da Tab. 1.2.5 e inclui uma primeira de relação de vazões e usar FFC,
letra, que é a variável do processo medida controlador de fração de vazões.
ou de inicialização. A primeira letra pode As funções de computação (+. -, x, ÷,
ter um modificador opcional. Por exemplo, √), seleção (<, >), lógica e covnersão (i/p,
PT é o transmissor de pressão e PDT é o p/i) deve ter os símbolos ao lado do balão,
transmissor de pressão diferencial. para esclarecer a função executada.
A identificação funcional do instrumento
é feita de acordo com sua função e não de 3.4. Identificação da malha
sua construção. Assim, um transmissor de
pressão diferencial para medir nível tem o A identificação da malha geralmente é
tag LT (transmissor de nível) e não o de feita por um número, colocado ao final da
PDT, transmissor de pressão diferencial. identificação funcional do instrumento
Embora o transmissor seja construído e associado a uma variável de processo. A
realmente meça pressão diferencial, seu numeração pode ser serial ou paralela.
tag depende de sua aplicação e por isso Numeração paralela começa de 0 ou para
pode ser LT, quando mede nível ou FT, cada variável, TIC-100, FIC-100, LIC-100 e
quando mede vazão. Outro exemplo, uma AI-100. Numeração serial usa uma única
chave atuada por pressão ligada à saída seqüência de números, de modo que se
de um transmissor pneumático de nível tem TIC-100, FIC-101, LIC-102 e AI-103. A
tem tag LS, chave de nível e não PS, numeração pode começar de 1 ou
chave de pressão. qualquer outro número conveniente, como
O tag também não depende da variável 101, 1001, 1201.
manipulada, mas sempre da variável Quando a malha tem mais um
inicializada ou medida. Assim, uma válvula instrumento com a mesma função,
que manipula a vazão de saída de um geralmente a função de condicionamento,
tanque para controlar nível, tem tag de LV deve-se usar apêndice ou sufixo ao
ou LCV e não de FV ou FCV. número. Por exemplo, se a mesma malha
A segunda letra tipicamente é a função de vazão tem um extrator de raiz quadrada
do instrumento. FT é o tag de um e um transdutor corrente para pneumático,
transmissor (T) de vazão (F). Também a o primeiro pode ser FY-101-A e o segundo
segunda letra pode ter um ou mais FY-101-B. Quando se tem um registrador
modificadores. FIA é o tag de um indicador multiponto, com n pontos, é comum
de vazão, com alarme. Alarme é o numerar as malhas como TE-18-1, TE-18-
modificador da função indicação. Também 2, TE-18-3 até TE-18-n.
pode se detalhar o tipo de alarme, p. ex., Quando um registrador tem penas
FIAL é o tag de um indicador de vazão dedicadas para vazão, pressão,
com alarme de baixa. temperatura, seu tag pode ser FR-2, PR-5
O tag pode ter modificador da variável e TR-13. Se ele registra três temperaturas
(primeira letra) e da função (segunda letra). diferentes, seu tag pode ser TR-7/8/9.
Por exemplo, PDIAL é um indicador de Acessórios de instrumentos, como
pressão diferencial (modificador de medidores de purga, regulador de pressão,
pressão) com alarme (modificador do pote de selagem e poço de temperatura,
indicador) de baixa (modificador do que às vezes nem é mostrado
alarme). explicitamente no diagrama, precisam ser
Quando o tag possuir várias letras, identificados e ter um tag, de acordo com
pode-se dividi-lo em dois tags. O sua função e deve ter o mesmo número da
instrumento é simbolizado por dois balões malha onde é utilizado. Esta identificação
se tangenciando e o tag por ser, por não implica que o acessório deva ser
exemplo, TIC-3 para o controlador representado no diagrama. Também pode
indicador de temperatura e usar o mesmo tag da malha e colocando-
TSH-3 para a chave manual associada ao se a palavra de sua função, como SELO,
controlador. POÇO, FLANGE, PURGA. Há acessório
Todas as letras de identificação de que possui letra correspondente, como W
instrumentos são maiúsculas. Por isso, para poço termal.
deve-se evitar usar FrC para controlador

7
Símbolos e Identificação

Pode haver diferenças de detalhes de 4.1. Parâmetros do Símbolo


identificação. Por exemplo, para a malha
A simbologia correta da instrumentação
301 de controle de temperatura, pode-se
ter a seguinte identificação: deve conter os seguintes parâmetros
1. identificação das linhas de
interligação dos instrumentos, p.
TE-301 sensor de temperatura
ex.., eletrônica física , eletrônica por
TT – 301 transmissor de temperatura
configuração, pneumática.
TIC-301 controlador de temperatura
2. determinação do local de instalação
TCV-301 válvula controladora (ou de
dos instrumentos, acessível ou não
controle) de temperatura
acessível ao operador de processo.
3. filosofia da instrumentação, quanto
Porém, há quem prefira e use:
ao instrumento ser dedicado a cada
malha ou compartilhado por um
TIC-301-E sensor de temperatura
conjunto de malhas de processo
TIC – 301-T transmissor de temperatura 4. identificação (tag) do instrumento,
TIC-301-C controlador de temperatura envolvendo a variável do processo,
TIC-301-V válvula controladora (ou de a função do instrumento e o numero
controle) de temperatura da malha do processo.
5. outras informações adicionais.
Também é possível encontrar em
diagramas o tag de TIC ou TC para o 4.2. Alimentação dos instrumentos
controlador de temperatura. Como
praticamente todo controlador é também A maioria absoluta dos instrumentos de
indicador, é comum simplificar e usar TC. medição e de controle requer alguma fonte
Alguns projetistas usam pequenas de alimentação, que lhe forneça algum tipo
diferenças de tag para distinguir válvulas de energia para seu funcionamento.
auto controladas (reguladoras) de válvulas Os tipos mais comuns de alimentação
convencionais que recebem o sinal do são a elétrica e a pneumática, porém há
controlador. Assim, a válvula auto muitas outras disponíveis.
controlada de temperatura tem tag de TCV As seguintes abreviações são
e a válvula convencional de TV. sugeridas para denotar os tipos de
alimentação. Opcionalmente, elas podem
4. Simbologia de Instrumentos indicar também tipos de purga.

A normalização dos símbolos e AS Suprimento de ar (Air supply)


identificações dos instrumentos de
medição e controle do processo, que inclui ES Suprimento elétrico (Electric supply)
símbolos e códigos alfa numéricos, torna GS Suprimento de gás (Gas supply)
possível e mais eficiente a comunicação do
pessoal envolvido nas diferentes áreas de HS Suprimento hidráulico
uma planta manutenção, operação, projeto NS Suprimento de Nitrogênio
e processo. Mesmo os não especialistas
em instrumentação devem saber a SS Suprimento de Vapor (Steam supply)
identificação dos instrumentos. WS Suprimento de água (Water supply)

O nível de alimentação pode ser


adicionado à linha de alimentação do
instrumento. Por exemplo, AS 100 kPa
(alimentação pneumática de 100 kPa), ES
24 V cc (alimentação de 24 V cc para
instrumento elétrico).

8
Símbolos e Identificação

Tab. 1.2.1. Válvulas de controle Tab. 1.2.2. Válvulas manuais

(*) Válvula gaveta


Válvula de controle com (*) Pode ser acoplado
atuador pneumático atuador ao corpo
(*)
Válvula globo
Válvula atuada por
cilindro (ação dupla)
Válvula retenção

Válvula auto regulada ou


reguladora Válvula plug

Reguladora com tomada Válvula controle manual


de pressão externa
(*)
Válvula esfera

Reguladora de vazão
autocontida
(*)
Válvula borboleta ou
damper
S
Válvula solenóide com Válvula de retenção e
R três vias com reset bloqueio

Válvula de blowdown

Atuada por diafragma


(*)
Válvula diafragma
com pressão balanceada

(*)
Válvula ângulo

Válvula com atuador a (*)


diafragma e posicionador Válvula três vias

Válvula quatro vias


Ação da válvula
FC – Falha fechada
FO – Falha aberta Corpo de válvula isolado
FO ou FC
IhV
Válvula agulha
Válvula de controle com NV
atuador manual
Outras válvulas com
abreviatura sob o corpo
TSO

9
Símbolos e Identificação

Tab. 1.2.3. Miscelânea

PSV Válvula de segurança de Filtro tipo T


pressão, ajuste em 100
kPa
FE

Placa de orifício com flange


PSV Válvula de segurança de
vácuo, ajuste em 50 mm
H2O vácuo
FQI Totalizador indicador de
vazão a DP
PSE Disco de ruptura
(pressão) FI Indicador de vazão tipo área
variável

PSE Disco de ruptura (vácuo) FE Tubo venturi ou bocal


medidor de vazão

C = selo químico
P = amortecedor de FE Turbina medidora de vazão
pulsação ou elemento propelente
C S = sifão

FE Placa de orifício em porta


Plug placa

Mangueira FE
Tubo pitot ou Annubar

Filtro, tipo Y
Espetáculo cego instalado
com anel em linha
LSV Purgador de vapor (passagem livre)

T Espetáculo cego instalado


com disco em linha
(bloqueado)
LSV
Dreno contínuo
T
Transmissor de nível a
pressão diferencial
LT
Código item #1234

o Funil de dreno
(Ver abreviaturas)

Instrumento de nível tipo


LT deslocador, montado
externamente ao tanque

10
Símbolos e Identificação

4.3. Linhas entre os Instrumentos


As linhas de ligações entre os instrumentos devem ser mais finas que as linhas de
processo e são simbolizadas como mostrado a seguir.

Sinal indefinido: conexão com processo, elo mecânico ou


alimentação do instrumento
Sinal pneumático, típico de 20 a 100 kPa (3 a 15 psi)
Sinal eletrônico, típico de 4 a 20 mA cc
Sinal de ligação por programação ou elo de comunicação
Elo mecânico
~ ~ ~ Sinal eletromagnético ou sônico (guiado)
~ ~ ~ Sinal eletromagnético ou sônico (não guiado)
L L L Sinal hidráulico
Tubo capilar
Linha de processo

4.4. Balão do Instrumento


O instrumento completo é simbolizado por um pequeno balão circular, com diâmetro
aproximado de 12 mm. Porem, os avanços nos sistemas de controle com instrumentação
aplicando microprocessador, computador digital, que permitem funções compartilhadas em
um único instrumento e que utilizam ligações por programação ou por elo de comunicação,
fizeram surgir outros símbolos de instrumentos e de interligações.

Tab. 1.2.4. Representação dos instrumentos em Diagramas P&I

Sala de Controle Central Local Auxiliar Campo


Acessível ao Atras do painel Acessível ao Atras do painel Montado
operador ou inacessível operador ou inacessível no campo
ao operador ao operador
Equipamento
Instrumento
discreto

Equipamento
compartilhado
Instrumento
compartilhado
Software
Função de
computador

Lógica
compartilhada
Controle Lógico
Programável
Instrumentos compartilhando o mesmo invólucro. Não é
mandatório mostrar uma caixa comum.

Tab. 1.2.5. Letras de Identificação

11
Símbolos e Identificação

Primeira letra Letras subsequentes


Variável Modificador Função display Função saída Modificador
A Análise (5,19) Alarme

B Queimador Escolha (1) Escolha (1) Escolha (1)

C Escolha (1) Controle (13)

D Escolha (1) Diferencial

E Tensão (f.e.m.) Elemento sensor

F Vazão (flow) Fração ou relação (4)

G Escolha (1) Visor (9) ou


indicador local
H Manual (hand) Alto (high)
(7, 15, 16)
I Corrente Indicação (10)

J Potência Varredura (scan) (7)

K Tempo Tempo de mudança Estação controle


(4, 21) (22)
L Nível (level) Lâmpada (11) Baixo (low)
(7, 15, 16)
M Escolha (1) Momentâneo Médio (7, 15)

N Escolha (1) Escolha (1) Escolha (1) Escolha (1)

O Escolha (1) Orifício ou


Restrição
P Pressão, Vácuo Ponto de teste

Q Quantidade Integral, Total (4)

R Radiação Registro (17)

S Velocidade ou Segurança (8) Chave (13)


Freqüência
T Temperatura Transmissão (18)

U Multivariável (6) Multifunção (12) Multifunção (12) Multifunção (12)

V Vibração, Análise Válvula, damper


mecânica (13)
W Peso, Força Poço (well)

X Não classificado (2) Eixo X Não Não classificado (2) Não


Variável a definir classificado (2) classificado (2)
Y Evento, Estado Eixo Y Relé, computação
Função a definir (13, 14, 18)
Z Posição ou Dimensão Eixo Z Elemento final

12
Símbolos e Identificação

Notas para a Tabela das Letras de Identificação


1. Uma letra de escolha do usuário tem o objetivo de cobrir significado não listado que é necessário em uma determinada aplicação. Se usada, a letra
pode ter um significado como de primeira letra ou de letras subsequentes. O significado precisa ser definido uma única vez em uma legenda. Por exemplo,
a letra N pode ser definida como módulo de elasticidade como uma primeira letra ou como osciloscópio como letra subsequente.
2. A letra X não classificada tem o objetivo de cobrir significado não listado que será usado somente uma vez ou usado em um significado limitado.
Se usada, a letra pode ter qualquer número de significados como primeira letra ou como letra subsequente. O significado da letra X deve ser definido do
lado de fora do círculo do diagrama. Por exemplo, XR pode ser registrador de consistência e XX pode ser um osciloscópio de consistência.
3. A forma gramatical do significado das letras subsequentes pode ser modificado livremente. Por exemplo, I pode significar indicador, ou indicação;
T pode significar transmissão ou transmissor.
4. Qualquer primeira letra combinada com as letras modificadoras D (diferencial), F (relação), M (momentâneo), K (tempo de alteração) e Q
(integração ou totalização) representa uma variável nova e separada e a combinação é tratada como uma entidade de primeira letra. Assim, os
instrumentos TDI e TI indicam duas variáveis diferentes: diferença de temperatura e temperatura. As letras modificadoras são usadas quando aplicável.
5. A letra A (análise) cobre todas as análises não descritas como uma escolha do usuário. O tipo de análise deve ser especificado fora do circulo de
identificação. Por exemplo, análise de pH, análise de O2. Análise é variável de processo e não função de instrumento, como muitos pensam principalmente
por causa do uso inadequado do termo analisador.
6. O uso de U como primeira letra para multivariável em lugar de uma combinação de outras primeiras letras é opcional. É recomendável usar as
primeiras letras especificas em lugar da letra U, que deve ser usada apenas quando o número de letras for muito grande. Por exemplo, é preferível usar
PR/TR para indicar um registrador de pressão e temperatura em vez de UR. Porém, quando se tem um registrador multiponto, com 24 pontos e muitas
variáveis diferentes, deve-se usar UR.
7. O uso dos termos modificadores alto (H), baixo (L), médio (M) e varredura (J) é opcional.
8. O termo segurança se aplica a elementos primários e finais de proteção de emergência. Assim, uma válvula auto atuada que evita a operação de
um sistema de fluido atingir valores elevados, aliviando o fluido do sistema tem um tag PCV (válvula controladora de pressão). Porém, o tag desta válvula
deve ser PSV (válvula de segurança de pressão) se ela protege o sistema contra condições de emergência, ou seja, condições que são perigosas para o
pessoal ou o equipamento e que são raras de aparecer. A designação PSV se aplica a todas as válvulas de proteção contra condições de alta pressão de
emergência, independente de sua construção, modo de operação, local de montagem, categoria de segurança, válvula de alívio ou de segurança. Um
disco de ruptura tem o tag PSE (elemento de segurança de pressão).
9. A função passiva G se aplica a instrumentos ou equipamentos que fornecem uma indicação não calibrada, como visor de vidro ou monitor de
televisão. Costuma-se aplicar TG para termômetro e PG para manômetro, o que não é previsto por esta norma.
10. A indicação normalmente se aplica a displays analógicos ou digitais de uma medição instantânea. No caso de uma estação manual, a indicação
pode ser usada para o dial ou indicador do ajuste.
11. Uma lâmpada piloto que é parte de uma malha de instrumento deve ser designada por uma primeira letra seguida pela letra subsequente L. Por
exemplo, uma lâmpada piloto que indica o tempo expirado deve ter o tag KQL (lâmpada de totalização de tempo). A lâmpada para indicar o funcionamento
de um motor tem o tag EL (lâmpada de voltagem), pois a voltagem é a variável medida conveniente para indicar a operação do motor ou YL (lâmpada de
evento) assumindo que o estado de operação está sendo monitorado. Não se deve usar a letra genérica X, como XL
12. O uso da letra U para multifunção, vem vez da combinação de outras letras funcionais é opcional. Este designador não específico deve ser usado
raramente.
13. Um dispositivo que liga, desliga ou transfere um ou mais circuitos pode ser uma chave, um relé, um controlador liga-desliga ou uma válvula de
controle, dependendo da aplicação. Se o equipamento manipula uma vazão de fluido do processo e não é uma válvula manual de bloqueio liga-desliga, ela
é projetada como válvula de controle. É incorreto usar o tag CV para qualquer coisa que não seja uma válvula de controle auto atuada. Para todas as
aplicações que não tenham vazão de fluido de processo, o equipamento é projetado como:
a) Chave, se for atuada manualmente.
b) Chave ou controlador liga-desliga, se for automático e for o primeiro dispositivo na malha. O termo chave é geralmente usado se o dispositivo é
aplicado para alarme, lâmpada piloto, seleção, intertravamento ou segurança. O termo controlador é usado se o dispositivo é aplicado para o controle de
operação normal.
c) Relé, se for automático e não for o primeiro dispositivo na malha, mas atuado por uma chave ou por um controlador liga-desliga.
14. As funções associadas com o uso de letras subsequentes Y devem ser definidas do lado de fora do circulo de identificação. Por exemplo, FY
pode ser o extrator de raiz quadrada na malha de vazão; TY pode ser o conversor corrente para pneumático em uma malha de controle de temperatura.
Quando a função é evidente como para uma válvula solenóide ou um conversor corrente para pneumático ou pneumático para corrente a definição pode
não ser obrigatória.
15. Os termos modificadores alto, baixo, médio ou intermediário correspondem aos valores da variável medida e não aos valores do sinal. Por
exemplo, um alarme de nível alto proveniente de um transmissor de nível com ação inversa deve ser LAH, mesmo que fisicamente o alarme seja atuado
quando o sinal atinge um valor mínimo crítico.
16. Os termos alto e baixo quando aplicados a posições de válvulas e outras dispositivos de abrir e fechar são assim definidos:
a) alto significa que a válvula está totalmente aberta
b) baixo significa que a válvula está totalmente fechada
17. O termo registrador se aplica a qualquer forma de armazenar permanentemente a informação que permita a sua recuperação por qualquer modo.
18. Elemento sensor, transdutor, transmissor e conversor são dispositivos com funções diferentes, conforme ISA S37.1.
19. A primeira letra V, vibração ou análise mecânica, destina-se a executar as tarefas em monitoração de máquinas que a letra A executa em uma
análise mais geral. Exceto para vibração, é esperado que a variável de interesse seja definida fora das letras de tag.
20. A primeira letra Y se destina ao uso quando as respostas de controle ou monitoração são acionadas por evento e não acionadas pelo tempo. A
letra Y, nesta posição, pode também significar presença ou estado.
21. A letra modificadora K, em combinação com uma primeira letra como L, T ou W, significa uma variação de taxa de tempo da quantidade medida
ou de inicialização. A variável WKIC, por exemplo, pode representar um controlador de taxa de perda de peso.
22. A letra K como modificador é uma opção do usuário para designar uma estação de controle, enquanto a letra C seguinte é usada para descrever
controlador automático ou manual.

13
Símbolos e Identificação

C-#2
PAH (PI)
dp/dt AO-21
AI- PIC
211
S.P.
PY AS
0-300 211
PT
211
AS P
½"

FC
PCV
211

(a) Representação detalhada

PIC
211

(b) Representação simplificada

Fig. 1.2.1. Representação detalhada de uma malha de controle de pressão (a) e a equivalente, simplificada
(b).

14
Símbolos e Identificação

FR PR
1 2

FY Fluido do
1 trocador de
calor

FT PT
1 2

RTD
TV
3 TRC
3
TAL TSL
3 3

Fig. 1.2.2. Simbologia total

Fluido do
trocador de calor
TAL
4
FR PR
1 2

TV
3 TRC
3

Fig. 1.2.3. Simbologia de modo simplificado

15
Símbolos e Identificação

ELEMENTO DE VAZÃO FE

TRANSMISSOR DE VAZÃO FT
CAMPO

PAINEL
REGISTRADOR FR
EXTRATOR DE RAIZ QUADRADA
MEDIÇÃO

CONTROLADOR
PONTO DE AJUSTE
DIFERENÇA (ERRO) ∆
AÇÃO INTEGRAL
AÇÃO PROPORCIONAL K ∫
SOMADOR
FEEDFORWARD K Σ
TRANSFERÊNCI
RELÉ TRANSFERÊNCIA A/M Τ
LIMITADOR AJUSTÁVEL H e L <> MANUAL

SAÍDA
ESTAÇÃO AUTO-MANUAL I T A I

MANUAL EMERGÊNCIA
PAINE
L
CAMPO

TRANSDUTOR I/P I/P

VÁLVULA COM ATUADOR PNEUMÁTICO

Fig. 1.2.4. Diagrama funcional detalhado típico de malha de controle

16
Símbolos e Identificação

Tab. 1.2.6. Elementos do Diagrama Funcional Polarização, adição ou subtração

FT Transmissor de vazão
∆ Comparador, diferença

LT Transmissor de nível
Σ Adicionador, somador

PT Transmissor de pressão
Σ/n Tirador de média

TT Transmissor de temperatura
Σ/t Integrador

AT Transmissor de análise
Contato normalmente aberto

Lâmpada de painel Contato normalmente fechado

XI Indicador da variável X A Gerador de sinal analógico

XR Registrador da variável X Gerador de sinal manual

T S
Bobina de relé Atuador solenoide

T Chave de transferência
> Limitador de sinal alto
T Relé de transferência ou trip

> Seletor de sinal alto < Limitador de sinal baixo

Seletor de sinal baixo


< P/I Transdutor ar pneumático para corrente
Válvula com atuador pneumático
A/D Conversor analógico/digital

D/A Conversor digital/analógico


K Ação de controle proporcional

MO Operador motorizado
∫ Ação de controle integral

f(x) Operador não especificado


d/dt Ação de controle derivativa

Extrator de raiz quadrada 5. Malha de controle


× A Fig. 1.2.1 (a). ilustra como os
Multiplicador
símbolos anteriores são combinados para
descrever uma determinada malha de
÷ controle. Há vários níveis de
Divisor
detalhamento. À esquerda, tem-se a
malha com todos os detalhes e à direita,
± a malha simplificada.

17
Símbolos e Identificação

Esta malha de controle e indicação de 6. Sistemas completos


pressão (PIC) é controlada por um
sistema de controle distribuído A seguir são mostrados outros
compartilhado O ponto de ajuste deste exemplos com símbolos de
controlador é estabelecido por um instrumentação. As Fig. 1.2.2. e Fig. 1.2.3
computador supervisório através de um mostram o mesmo sistema de controle
highway de dados compartilhados que com diferentes graus de detalhamento.
fornece o elo de programação entre o Na Fig. 1.2.3 todos os elementos são
computador e o sistema de controle mostrados.
compartilhado. O número da malha de O registro da vazão é obtido de
controle é único e igual a 211, que pode 1. uma placa de orifício (elemento de
indicar a 11a malha da área 200. Todos vazão, FE-1, não mostrado),
os componentes da malha possuem este 2. transmissor de vazão, montado no
mesmo número, ou seja, campo, FT-1,
1. transmissor PT 211 3. extrator de raiz quadrada, montado
2. transdutor i/p PY 211 atrás do painel do operador
3. controlador PIC 211 4. registrador com duas penas, uma
O transmissor PT 211 está ligado ao para a vazão (FR-1) e outra para a
processo através de uma válvula de pressão (PR-2), montado no painel
bloqueio de ½ " (13 mm) e sente a de leitura.
pressão de 0 a 300 psi e gera na saída o O registro da pressão é obtido de
sinal padrão de corrente eletrônica de 4 a 1. transmissor de pressão, PT-2,
20 mA cc. O sinal de saída do montado no campo. A tomada da
transmissor é recebido e identificado no pressão usa a tomada de alta ou de
multiplexador do sistema compartilhado baixa da placa de orifício.
como a entrada analógica #17 (AI- 17). O Todos os sinais envolvidos são
controlador PIC 211 se encontra no pneumáticos, padrão de 20 a 100 kPa.
console #2 (C-2) do sistema A temperatura da saída do gás é
compartilhado e tem as funções de medida por um detector de temperatura a
controle PI. O sistema compartilhado resistência (RTD), montada em um poço,
também fornece um sinal de alarme de ligado diretamente ao registrador e
alta e uma variação de pressão de alta controlador de temperatura (TRC-3). A
(dP/dt) desta medição (PAH). No lado da saída elétrica do controlador (4 a 20 mA
saída do controlador, o sinal que deixa o cc) modula a abertura de uma válvula
multiplexador do sistema é identificada esfera (TV-3), com atuador a cilindro. O
como a saída analógica (AO-21), que controlador registrador de temperatura
ainda é o sinal de 20 mA cc que é tem uma chave de temperatura
recebido por um transdutor i/p, que o (termostato TSL-3), que atua um alarme
converte para o sinal pneumático de 20 a no painel (TAL-3), com a temperatura
100 kPa (0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 baixa.
psi), que está montado na válvula de A Fig. 1.2.3 usa uma simbologia
controle PCV 211. A válvula em si é simplificada para mostrar que um gás é
linear, em falha ela fecha (fail close - FC) aquecido e sua temperatura é controlada
e possui um posicionador (P). O por um controlador de painel. O fluido de
transdutor i/p requer a alimentação aquecimento é modulado por uma válvula
pneumática (AS - air supply), típica de de controle e registra a vazão do gás,
140 kPa (22 psi). pressão e temperatura de saída e há um
O diagrama da Fig. 1.2.1 (b) mostra alarme que atua com temperatura baixa.
uma malha de controle de pressão, digital
e compartilhada, PIC.

18
Alimentação

Fig. 1.2.5. Instrumentação para um sistema de distilação

19
Símbolos e Identificação

Fig. 1.2.6. Instrumentação para um sistema de reação

20
Sistemas de Instrumentação

A Fig. 1.2.5. mostra a descrição é atuado por nível baixo do reator (LSL-3 e
simbólica completa de um processo de LAL3). A reação é exotérmica e a
distilação. temperatura é controlada (T4) modulando a
A vazão de alimentação é medida (FE-3, pressão do refrigerante na jaqueta do
FT-3) e registrada (FR-3), mas não reator. Isto é feito pelo controlador de
controlada A taxa de entrada de calor é temperatura do reator ajustando o ponto de
proporcional à taxa de alimentação vezes ajuste do controlador de pressão da jaqueta
um ganho de relé (FY-3B), que ajusta o (PRC-5), que controla a pressão do vapor
ponto de ajuste do controlador de vazão do gerado pela transferência de calor para a
óleo quente (FRC-1). água de refrigeração. A temperatura do
O produto leve da torre é condensado, reator, se alta, atua um alarme. Se a
com a temperatura do condensado temperatura fica muito alta, ela fecha as
controlada mantendo-se constante a válvulas de alimentação A (FV-1) e B (FV-2)
pressão da coluna (PRC-11). A saída do e a de pressão (PV-5), enquanto abre a
produto leve tem vazão controlada (FRC-4). alimentação d'água e as válvulas de retorno
O ponto de ajuste do controlador é ajustado através de válvulas piloto solenóides de
por um relé divisor (UY-6), cujas entradas intertravamento (UY-7A, B, C, D). Estas
são a vazão de alimentação, como válvulas de alta temperatura podem também
modificada pelo relé função (FY-3A) e a ser atuadas por uma chave manual (HS-6).
saída do controlador de análise dos Um nível constante do refrigerante é
produtos leves (ARC-5). O controlador de mantido na jaqueta modulando a
análise recebe a análise do produto de seu alimentação de água e o nível baixo da
transmissor, que também transmite o sinal jaqueta atua um alarme (LSL-11 e LAL-11).
para uma chave de análise dual (alta/baixa), A pressão do reator é controlada modulando
que por sua vez, atua em alarmes o venting dos não condensáveis formados
correspondentes. na reação enquanto um disco de ruptura
O nível do acumulador é mantido protege o reator contra altas pressões
constante (LIC-7) através da manipulação perigosas (PSE-10).
da vazão de refluxo (LV-7), que é uma
válvula com falha aberta (FO). Uma chave
de nível separada atua um alarme de nível
do acumulador em alta e baixa (LSH/L 9).
Há uma indicação de nível local através de
visor (LG 10).
São medidas temperaturas em vários pontos do
processo e os valores são registrados (6 pontos - TJR
8-1 a 8-6) e indicados (3 pontos - TJI 9-1 a 9-3).
Alguns dos pontos de registro possuem chaves de
acionamento de temperatura baixa e alta (por
exemplo, TJSH 8-2, TAH 8-2 e TJSL 9-5 e TAL 8-5),
com respectivos alarmes
A Fig. 1.2.6. ilustra o sistema de controle
para um reator químico. O reagente A é
alimentado com vazão controlada (FC-1). As
vazões de A e B são controladas com razão
constante, através do relé de ganho (FY-1),
ajustando o ponto de ajuste do controlador
de vazão B (FIC-2). O nível do reator é
mantido constante (LIC-3) modulando a
saída dos produtos pesados (LC-3). Se o
nível é alto, ele automaticamente fecha as
válvulas de alimentação dos reagentes (FV-
1 e FV-2) através de válvulas solenóides
(UY-7A e UY-7B) e atua um alarme de nível
alto (LSH-3 e LAH-3). Um alarme separado Apostilas\Automação SimbologiaISA.DOC 24 NOV 98 (Substitui 01 SET 96)

21
1.3
Sistemas de Instrumentação
instrumento e faz a leitura. Também neste caso, ele
1. Classes de Instrumentos pode anotar a leitura feita para uso posterior.
Quando se necessita do registro continuo da variável,
Os instrumentos de medição e controle usa-se um registrador, que opera continuamente.
de processo podem ser classificados de Atualmente é possível, num sistema de aquisição de
acordo com a seguinte dialética: dados, a medição contínua de muitas variáveis e a
1. manual ou automático emissão de relatórios de medição através de
2. alimentado ou sem alimentação impressoras de computador.
externa
3. pneumático ou eletrônico
4. analógico ou digital
5. burro ou inteligente Fig. 1.3.1. Instrumentos portáteis (HP)
6. montado no campo ou na sala de
controle
7. modular ou integral
8. dedicado ou compartilhado 3. Alimentação dos
9. centralizado ou distribuído

2. Manual e Automático
Com relação à intervenção humana, a
medição instrumento pode ser manual ou
automática.
A medição mais simples é feita
manualmente, com a interferência direta de
um operador. A medição manual geralmente Instrumentos
é feita por um instrumento portátil. Exemplos
de medição manual: medição de um A energia está associada aos
comprimento por uma régua, medição de instrumentos de dois modos: através da
uma resistência elétrica através de um alimentação e do método de transdução.
ohmímetro, medição de uma voltagem com Qualquer instrumento para funcionar
um voltímetro. As medições feitas necessita de uma fonte de energia. Esta
manualmente geralmente são anotadas pelo fonte de energia pode ser externa e
operador, para uso posterior. explícita, quando o instrumento é
A medição pode ser feita de modo automático e alimentado. As duas fontes clássicas de
continuo, sem interferência humana direta. O alimentação de instrumentos são a
instrumento fica ligado diretamente ao processo, eletrônica e a pneumática.
sentindo a variável e indicando continuamente o seu Instrumentos eletrônicos são
valor instantâneo. Quando o operador quiser saber o alimentados por uma fonte externa de
valor medido, ele se aproxima adequadamente do voltagem, típica de 24 V cc. Esta
alimentação geralmente é feita por um único

22
Sistemas de Instrumentação

par de fios que simultaneamente conduz a


informação e a alimentação. Por questão
econômica e de segurança, raramente se
usa um instrumento de medição no campo
alimentado com uma bateria integral
(colocado no seu interior).
Fig. 1.3.3. Manômetro, sem alimentação externa

4. Pneumático ou Eletrônico
Os instrumentos de medição e controle
necessitam de uma fonte de energia externa
para o seu funcionamento adequado.
Dependendo da natureza desta fonte de
energia, os instrumentos podem ser
Fig. 1.3.2. Alimentação do transmissor eletrônico classificados em:
1. pneumáticos, onde estão incluídos os
puramente mecânicos.
Instrumentos pneumáticos são 2. eletrônicos, ou também chamados de
alimentados por uma fonte externa de ar elétricos.
comprimido, típica de 140 kPa (20 psi). Ambos os tipos de instrumentos podem
Cada instrumento pneumático montado no executar as mesmas funções, apresentando
campo é alimentado individualmente através vantagens e desvantagens, quando
de um conjunto filtro-regulador ajustável ou comparados. Esta comparação já foi
fixo. O filtro elimina, num estágio final, as clássica, na década de 1970, mas hoje há
impurezas, umidade e óleo contaminantes uma predominância da instrumentação
do ar comprimido. O regulador, ajustável ou eletrônica sobre a analógica.
fixo, geralmente abaixa a pressão mais A escolha entre pneumático ou
elevada de distribuição para o valor típico eletrônico não é apenas a escolha de um
de 140 kPa. O sinal padrão de transmissão instrumento isolado, mas de todo um
pneumática é de 20 a 100 kPa. sistema de instrumentação de controle do
Existem ainda instrumentos de processo. A escolha pode depender do tipo
montagem local que não necessitam de de processo e das variáveis envolvidas.
nenhuma alimentação externa para seu A escolha do sistema de instrumentação
funcionamento. Eles são chamados de auto- influi e implica na definição de outros
alimentados. Eles utilizam a própria energia equipamentos e sistemas. Ou seja, quando
do processo para seu funcionamento. se escolhe uma instrumentação pneumática,
Exemplos de indicadores e registradores há a necessidade de se ter um compressor
que não necessitam de alimentação externa de ar de instrumento, de capacidade
são: adequada à quantidade de instrumentos,
1. indicador local de pressão, com com filtros, secadores, estágios de redução
elemento sensor tipo bourdon C, e todo um sistema de interligações e
helicoidal, espiral, helicoidal ou fole. distribuição através de tubos plásticos ou de
2. indicador local de temperatura com cobre. Quando se escolhe uma
elemento sensor tipo bimetal. instrumentação eletrônica, deve-se
3. indicador ou registrador local de vazão considerar o sistema de alimentação
com elemento sensor de pressão elétrica, com eventual opção de reserva de
diferencial (diafragma). bateria para suprir a energia na falta da
alimentação alternada principal. Mesmo com
toda a instrumentação eletrônica, deve ser
considerado o uso do compressor de ar de
instrumento, para alimentar, no mínimo, os
transdutores I/P, pois as válvulas de
controle são atuadas pneumaticamente.

23
Sistemas de Instrumentação

4.1. Instrumento pneumático adequado para grandes distancias, pois a


resistência parasita da fiação atenua o sinal
O instrumento pneumático é aquele que
transmitido.
necessita, para seu funcionamento, da A alimentação dos instrumentos
alimentação de ar comprimido, pressão eletrônicos de campo é feita através do
típica de 120 kPa (20 psig). O sinal padrão
mesmo par de fios que conduz o sinal
de informação pneumática é o de 20 a 100
padrão de informação. Tais transmissores
kPa (0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi).
são chamados de 2-fios. Pretendeu-se
O dispositivo para gerar o sinal padrão é
diminuir o sinal padrão para faixa menor que
o conjunto bico palheta. A distância entre o 4 a 20 mA, para que a alimentação fosse de
bico que sopra e a palheta que se move em 5 V cc, porém, isso não se realizou.
função da variável medida modula o sinal de
saída entre 20 e 100 kPa. O dispositivo para
detectar o sinal padrão é o fole receptor.

Fig. 1.3.5. Medidor vortex, eletrônico (Foxboro)


Fig. 1.3.4. Transmissor pneumático (Foxboro)
Atualmente, quando se tem todo o
sistema digital, a transmissão é feita
Mesmo com o uso intensivo e extensivo digitalmente. Ainda não há um protocolo
de instrumentos eletrônicos, ainda hoje se padrão de transmissão digital e os
usa muito a válvula de controle com atuador fabricantes usam os seus protocolos
pneumático. Por sua simplicidade, proprietários, como HART, da Fisher-
confiabilidade e economia, a válvula de Rosemount, FOXCOM, da Foxboro. Em
controle com atuador pneumático ainda será outubro de 1996 deverá ser assinado uma
usada como elemento final de controle tentativa de padronização do Fieldbus.
padrão por muitos anos. O instrumento eletrônico pode ser uma
fonte de energia e por isso ele não é
4.2. Instrumento eletrônico seguro, a não ser que sejam tomados
O instrumento eletrônico é alimentado cuidados especiais de fabricação e
por energia elétrica, geralmente de 24 V cc. instalação. Ele deve possuir uma
Mesmo quando ele é alimentado pela linha classificação elétrica especial, compatível
alternada de 120 V ca, seus circuitos com a classificação de área do local onde
internos a semicondutores necessitam de ele vai operar.
corrente contínua para sua polarização e Há basicamente dois tipos de
portanto todos os instrumentos possuem instrumentos eletrônicos: à base de corrente
uma fonte de alimentação integralizada. e à base de tensão.
O sinal padrão para a transmissão de
corrente eletrônica é 4 a 20 mA cc. Já foi
usado o sinal de 10-50 mA cc, porém, por
causa da segurança e compatibilidade com
computadores digitais, ele desapareceu.
Existe também o sinal padrão de
transmissão de 1 a 5 V cc, porém ele não é

24
Sistemas de Instrumentação

instrumentos do sistema não interferem


no seu funcionamento normal.
3. como os instrumentos possuem
altíssimas impedâncias de entrada (MΩ)
as correntes circulantes são baixíssimas
(µA ou pA). O nível de energia dissipada
é baixo e o calor dissipado é desprezível.
Como recomendação: utiliza-se instrumento
Fig. 1.3.6. Instrumentos eletrônicos à base de corrente para a transmissão de
sinais, pois não há problemas de atenuação
com as distancias envolvidas e utiliza-se o
As características dos instrumentos à sistema com instrumentos à base de tensão
base de corrente são: para a manipulação local dos sinais, dentro
1. todos os instrumentos devem ser ligados do painel, para usufruir das vantagens de
em serie. Para garantir a integridade do baixo consumo, baixa dissipação de calor,
sistema, devem existir dispositivos de facilidade de ligações, flexibilidade de
proteção que possibilitem a retirada ou conexões.
colocação de componentes da malha,
sem interrupção ou interferência de 5. Analógico ou Digital
funcionamento. Caso não haja essa
proteção, quando um instrumento da O conceito de analógico e digital se
malha é retirado, ou mesmo se estraga, refere a
toda a malha fica desligada. 1. sinal
2. a ligação em serie também influi no valor 2. tecnologia
máximo da impedância da malha. A 3. display
malha de instrumentos à base de 4. função matemática.
corrente, onde todos são ligados em
serie, a soma das impedâncias de 5.1. Sinal
entrada de todos os instrumentos é Sinal é uma indicação visual, audível ou
limitada por um valor máximo, que é de outra forma que contem informação.
função geralmente do nível de Sinal analógico é aquele que vária de
alimentação da malha. Desse modo, é modo continuo, suave, sem saltos em
limitado o número de instrumentos degrau. O parâmetro fundamental do sinal
ligados em serie numa malha. Quando analógico é sua amplitude. Medir um sinal
esse limite é ultrapassado, a solução é analógico é determinar o valor de sua
usar o instrumento repetidor de corrente, amplitude. São exemplos de sinal analógico:
também chamados, casadores de 1. Sinal padrão pneumático de 20-100
impedância. kPa, onde o 20 kPa corresponde a 0% e
3. as impedâncias de entrada dos 100 kPa a 100%.
instrumentos são baixas (dezenas a 2. Sinal padrão eletrônico de 4-20 mA
centenas de ohms) e portanto as cc, onde o 4 mA cc corresponde a 0% e
correntes circulares são relativamente 20 mA a 100%.
elevadas (mA). Isso eqüivale a dizer que 3. As variáveis de processo são
o consumo de energia é elevado e há analógicas. Uma temperatura pode
grande dissipação de calor. variar de 20 a 50 oC, assumindo todos
As características dos instrumentos à base os infinitos valores intermediários. Uma
de tensão são: pressão de processo pode variar de 20 a
1. todos os instrumentos são ligados em 100 kPa, de modo contínuo.
paralelo. Os diagramas de ligação, como Sinal binário ou discreto é aquele que só
conseqüência, são mais simples, pois pode assumir valores descontínuos. O sinal
podem ser unifilares. digital é constituído de pulsos ou de bits.
2. os componentes apresentam alta Pulsos só podem ser contados; bits podem
impedância de entrada, de modo que a ser manipulados.
retirada, colocação ou defeito dos

25
Sistemas de Instrumentação

A saída de pulsos da turbina medidora para polarizar os circuitos. Os componentes


de vazão, onde cada pulso escalonada ativos (transistores, amplificadores
pode corresponder, por exemplo, a 1 operacionais) operam na região de
litro/segundo de vazão é um sinal binário. amplificação linear.
Um sinal digital de 8 bits pode ser Instrumento digital usa circuitos e
10011101. técnicas lógicas para fazer a medição ou
para processar os dados. Basicamente, um
5.2. Display instrumento digital pode ser visto como um
arranjo de portas lógicas que mudam os
O display ou readout é a apresentação
estados em velocidades muito elevadas
visual dos dados. Ele pode ser analógico ou
para fazer a medição. A base dos circuitos
digital.
digitais são os circuitos integrados digitais,
Display analógico é aquele constituído,
constituídos de portas lógicas (AND, OR,
geralmente, de uma escala fixa e um
NAND, NOR, NOT), multivibradores (flip-
ponteiro móvel (pode haver escala móvel e
flop), contadores e temporizadores.
ponteiro fixo). O ponteiro se move
Atualmente, todos estes circuitos e lógicas
continuamente sobre a escala graduada,
estão integradas no microprocessador. Os
possibilitando a leitura do valor medido.
circuitos digitais podem também executar as
Display digital é aquele constituído por
tarefas analógicas de amplificar e filtrar.
números ou dígitos. Os números variam de
Necessariamente, eles devem ter um
modo discreto, descontinuo, possibilitando a
estágio de conversão analógico-digital e
leitura do valor medido.
eventualmente, de digital-analógico.
O fator mais importante favorecendo o
instrumento digital, quando comparado com
o analógico, é a facilidade de leitura.
Quando o operador lê um instrumento
analógico, ele deve se posicionar
corretamente, fazer interpolação, usar
espelho da escala, ou seja, ter um bom
olho. A leitura analógica é suscetível a erro,
subjetiva e demorada.

Fig. 1.3.8. Totalização (digital) por meio analógico

5.4. Função Matemática


(a)
Há funções ou tarefas que são
tipicamente analógicas, como registro e
controle de processo. Só é possível registrar
um sinal analógico. Por exemplo, quando se
quer registrar a vazão, tendo-se uma turbina
(b) medidora com saída de pulsos, deve-se
Fig. 1.3.7. Display (a) analógico e (b) digital converter o sinal de pulsos em analógico. O
controle é também uma função analógica. O
seu algoritmo fundamental, PID, é
5.3. Tecnologia matematicamente analógico e continuo. O
controle liga-desliga é um caso particular,
A tecnologia eletrônica pode ser com uma saída discreta (digital). Um
analógica ou digital. controlador digital envolve uma tecnologia
A base dos circuitos analógicos é o digital para executar a função analógica de
amplificador operacional, que manipula e controle.
computada variáveis analógicas (corrente e Funções tipicamente digitais são alarme,
voltagem). Os componentes passivos contagem de eventos e totalização de
(resistência, capacitor e indutor) servem vazão. Quando se totalizam pulsos

26
Sistemas de Instrumentação

escalonados de medição de vazão, basta Porém, a leitura de instrumento


contá-los. Quando se totaliza um sinal analógico é de mais rápida e fácil
analógico proporcional à vazão, é interpretação, principalmente quando se tem
necessário converter o sinal para digital e comparações entre duas medições. Por
depois contar os pulsos correspondentes. isso, mesmo a instrumentação eletrônica
Um exemplo relacionando todos estes sofisticada com tecnologia digital possui
conceitos é a medição do tempo pelo medidores que simulam indicações
relógio. O tempo é uma grandeza analógica. analógicas. Por exemplo, o controlador
O tempo pode ser medido por um relógio single loop possui indicações da medição e
mecânico, com tecnologia analógica e do ponto de ajuste feitas através de gráfico
mostrador analógico. Tem-se engrenagens, de barras. Os relógios digitais foram muito
molas, pinos acionando um ponteiro que populares na década de 80, porque eles
percorre uma escala circular graduada. O eram novidade e mais baratos. Atualmente,
ponteiro se move continuamente. Este há o reaparecimento de relógios com
mesmo tempo pode ser medido por um display analógico, com ponteiros e escala,
relógio eletrônico, com tecnologia digital porque sua leitura é mais rápida e fácil, pois
mas com mostrador analógico. A tecnologia se sabe o significado de certas posições dos
do relógio é digital pois tem um ponteiros das horas e dos minutos.
microprocessador e um cristal oscilante. A A precisão é uma segunda vantagem do
indicação é analógica, pois é constituída de instrumento digital sobre o analógico.
escala e ponteiro. Porem, o ponteiro se Embora a precisão dependa da qualidade e
move com pequenos saltos, mostrando que do projeto do instrumento, em geral, o
está sendo acionado por pulsos. instrumento digital é mais preciso que o
Finalmente, o tempo pode ser indicado por analógico de mesmo custo. Tipicamente, a
um relógio digital. A tecnologia do relógio é precisão do digital é de 0,1% e do analógico
digital e o indicador é também digital. O é de 1%.
display são números que variam A exatidão de qualquer instrumento está
discretamente. Resumindo: a variável relacionada com a calibração. Como a
analógica tempo pode ser indicada através precisão de um instrumento digital depende
de relógio analógico (mecânico) ou digital da percentagem do valor medido e de mais
(eletrônico) com display analógico (escala e ou menos alguns dígitos menos
ponteiro) ou digital (números). significativos (erro de quantização), o
instrumento digital requer calibrações mais
5.5. Comparação Analógica Versus freqüentes que o instrumento analógico,
Digital cuja precisão depende apenas da
percentagem do fundo de escala.
Deve-se diferenciar um instrumento Os instrumentos digitais fornecem melhor
digital e um instrumento com display digital. resolução que os analógicos. A maior
Instrumento digital é aquele em que o resolução dos instrumentos digitais reduz o
circuito necessário para obter a medição é número de faixas necessárias para cobrir a
de projeto digital. Um instrumento com faixa de medição.
display digital é aquele que o circuito de
medição é de projeto analógico e somente a
indicação é de projeto digital.
Um instrumento analógico com leitura
digital geralmente não é mais preciso que o
mesmo instrumento analógico com leitura
analógica.
A principal vantagem do display digital é
a conveniência de leitura, quando não se
tem a preocupação de cometer erro de
paralaxe, quando se posiciona erradamente
em relação ao instrumento de leitura. Os
psicólogos garantem que se cansa menos Fig. 1.3.9. Instrumentos inteligentes (Foxboro)
quando se fazem múltiplas leituras digitais.

27
Sistemas de Instrumentação

6. Burro ou inteligente do que o sinal analógico. O principal


obstáculo é a falta de padronização deste
Os instrumentos convencionais de leitura sinal digital e seu respectivo protocolo.
apresentam os resultados para o operador, Algum dia isto será resolvido.
que deve interpretá-los. Esta interpretação 2. Todos os instrumentos de medição
envolve o uso da unidade de engenharia industriais contem componentes como
apropriada, linearização, alguma foles, diafragmas e elos que exibem
computação matemática e a conclusão final. comportamento não linear ou cujo
Obviamente, para isso se requer um comportamento pode ser alterado por
operador esperto ou inteligente. variações de temperatura, umidade,
Com o uso intensivo e extensivo do pressão, vibração, alimentação ou outros
microprocessador na instrumentação, efeitos externos. Em outros casos, os
tornou-se possível passar para o efeitos não lineares aparecem por causa
instrumento esta capacidade humana de dos princípios de medição, como a
computação matemática e interpretação de medição de vazão com placa de orifício.
resultados. Em 1983 apareceu o primeiro A estratégia, até hoje, era usar outros
transmissor microprocessado, lançado pela instrumentos para compensar estes
Honeywell e foi chamado de inteligente. efeitos.
Este é outro de muitos exemplos de nomes Como os instrumentos inteligentes
escolhidos estupidamente para instrumentos possuem uma grande capacidade
de processo. Não há nada particularmente computacional, estas compensações,
inteligente nos medidores inteligentes. correções e linearizações são mais
Porém, eles possuem características acima facilmente conseguidas através de
e além das de seus predecessores e estas circuitos embutidos no microprocessador.
capacidades devem ser entendidas. Como 3. Além de transmitir a informação, o
estes instrumentos foram chamados de transmissor inteligente pode também
inteligentes, por contraposição, os já ouvir. Um benefício prático disto é em
existentes são considerados burros (dumb). verificação de pré partida. Da sala de
Atualmente, há o sabido (smart) e o controle, o instrumentista pode perguntar
inteligente (intelligent), onde o inteligente ao transmissor que está no campo qual é
tem maiores recursos que o sabido, embora o seu número de identificação.
ambos sejam microprocessados. 4. Um transmissor inteligente pode ter sua
Atualmente, quando se fala indistintamente faixa de calibração facilmente alterada
que um instrumento é inteligente quer se através de comandos de reprogramação
referir a um instrumento a base de em vez de ter ajustes mecânicos locais.
microprocessador, com a capacidade Na medição de vazão com placa de
inerente de computação matemática, lógica, orifício, as verificações de zero do
seqüencial, intertravamento. instrumento requerem a abertura e
A capacidade adicional tornou-se fechamento das válvulas do distribuidor
possível pelo desenvolvimento da no transmissor.
microprocessador e a inclusão deste
componente admirável nos instrumentos de
medição. Isto significa que um transmissor
inteligente possui um pequeno computador
em seu interior que geralmente lhe dá a
habilidade de fazer duas coisas:
1. modificar sua saída para compensar
os efeitos de erros
2. ser interrogado pelo instrumento
receptor da malha.
As capacidades peculiares dos
instrumentos inteligentes são:
1. habilidade de transmitir medições do Fig. 1.3.10. Área externa
processo, usando um sinal digital que é
inerentemente um método mais preciso

28
Sistemas de Instrumentação

7. Campo ou sala de controle


Os primeiros instrumentos de medição e
controle, desenvolvidos até a década de
1940, eram de montagem local ou no
campo, próximos ao processo. Apenas com
o advento do transmissor, pneumático ou
eletrônico, que possibilitou o envio das
informações até distancias de centenas de
metros (pneumático) ou alguns kilômetros Fig. 1.3.11. Instrumentos em área industrial
(eletrônico), tornou-se possível a opção de
se montar os indicadores, registradores e
controladores em painéis centralizados e De um modo simplista, um instrumento
localizados em salas de controle. especificado e construído para ser montado
Outro fato que concorreu para o uso de no campo é mais robusto, mais resistente à
painéis centralizados em salas de controle corrosão e maior do que o seu
foi a complexidade crescente dos correspondente montado no painel da sala
processos, que requer a leitura e a de controle. A sua pintura e o seu
monitorização simultânea de muitas acabamento são normalmente especiais e
variáveis simultâneas. específicos para cada atmosfera.
Com o uso cada vez mais intensivo da Atualmente, se aplicam cada vez mais
instrumentação eletrônica, até com técnicas materiais plásticos (p. ex., epoxy) e fibra de
digitais de controle distribuído, a tendência é vidro, que são altamente resistente e não
a de se usar instrumentos centralizados em sofrem corrosão nem ferrugem.
salas de controle, distribuídas em toda a A montagem padrão dos instrumentos
extensão da planta. de campo é em tubo de 2" (50 mm) de
diâmetro. Os instrumentos de medição ou
7.1. Instrumento de campo registro de vazão, que utilizam o diafragma
Há instrumentos, que pela sua própria de pressão diferencial (câmara Barton) são
função desempenhada, só podem ser montados em pedestal (yoke), que é
montados no campo, próximos ou em levemente diferente da montagem em tubo
contato direto com o processo. Os sensores de 2". Na montagem em tubo, o instrumento
(parte dos instrumentos) e as válvulas de é preso lateralmente ao tubo, através de
controle são necessariamente montados no uma braçadeira. Na montagem em pedestal,
campo. Na maioria dos casos mas nem o instrumento é colocado sobre o tubo, pois
sempre, o transmissor é montado no campo. não há espaço lateral para ser fixado.
Em uma minoria dos casos, por questão de Os instrumentos de campo que
segurança ou de integridade, o transmissor apresenta portas, geralmente são trancados
é montado no painel cego da sala de com chave, de modo que apenas as
controle. Os outros instrumentos, tais como pessoas categorizadas lhe tenham acesso
indicadores, registradores, controladores, ao interior.
totalizadores, transdutores e conversores As portas e janelas de vidro,
podem ser montados tanto no campo como normalmente, são anti estilhaço, ou seja,
no painel da sala de controle. quando se quebram não produzem
Embora funcionalmente os instrumentos estilhaços, que seriam perigosos aos
sejam os mesmos, suas características operadores.
externas, relacionadas com robustez, Quando não há restrições de segurança,
segurança, funcionamento são diferentes. E por causa da presença de gases inflamáveis
como conseqüência, também os custos são no meio circundante, os instrumentos são
diferentes. iluminados internamente. As luzes são
acesas manualmente pelo operador ou pelo
instrumento de manutenção, facilitando a
operação noturna.

29
Sistemas de Instrumentação

Os instrumentos de campo devem ser


montados em lugares de fácil acesso, para
possibilitar abertura, troca de gráficos,
calibração e manutenção.

(a) Instrumentos soltos

Fig. 1.3.12. Instrumentos montados no campo

(b) Instrumentos montados nas estantes


Os instrumentos de campo são
Fig.4.13. Instrumentos em painel de leitura (Foxboro)
chamados também de "caixa grande". São
tipicamente de formato retangular. Os
registradores tem o formato retangular,
2. Os instrumentos de painel são mais
porém, seus gráficos são circulares, com
padronizados, pois manipulam sinais
diâmetro de 12".
padronizados provenientes dos
transmissores de campo. A maioria
7.2. Instrumentos montados na sala dos instrumentos de painel recebe o
de controle sinal de transmissores do campo, por
Com a complexidade dos processos questão de padronização, de
industriais, apareceu a necessidade de segurança e de técnica. Não seria
maior número de instrumentos para a seguro nem praticável trazer, por
manipulação dos sinais de informação. Para exemplo, um sinal de pressão de 100
que os painéis não se tornassem kg/cm2 do campo para o painel
proibitivamente grandes, o que implicaria diretamente. Como conseqüência,
em maiores custos e maiores dificuldades usa-se um transmissor, eletrônico ou
para os operadores, os fabricantes foram pneumático, de pressão para trazer
forcados a diminuir os tamanhos dos essa informação para a sala de
instrumentos. Esta miniaturização dos controle. E o sinal recebido pelo
instrumentos foi auxiliada pelo advento da instrumento de painel é um sinal
eletrônica e pelo uso de circuitos impressos padrão, de 4 a 20 mA se eletrônico ou
pneumáticos. 20 a 100 kPa se pneumático.
As características comuns aos 3. A padronização maior dos
instrumentos montados em painel são: instrumentos implica em menor
1. Os instrumentos são montados em número de instrumentos reservas.
estantes padronizadas, através de cabos Como conseqüência dessa
de engate rápido. Esta filosofia, valida padronização, por exemplo, todos os
para os instrumentos pneumáticos e controladores são iguais, quaisquer
eletrônicos, torna fácil a substituição a que sejam as variáveis controladas. O
manutenção dos instrumentos. controlador do painel recebe um sinal
padrão do transmissor de campo e
remete para a válvula de controle outro
sinal padrão. Para facilitar ainda mais,
os instrumentos de painel são
fornecidos com escalas

30
Sistemas de Instrumentação

intercambiáveis, de fácil substituição. uma industria cuja área do campo


Assim, em vez de se ter um seja perigosa por manipular produtos
controlador para cada variável de com gases inflamáveis e explosivos,
processo, tem-se um único controlador ela é um local seguro.
para todas as variáveis. Apenas são 7. Os tamanhos físicos dos instrumentos
trocadas as escalas dos instrumentos de painel são menores, para que os
painéis sejam menores, as salas de
controle sejam menores. A diminuição
do tamanho dos instrumentos não
prejudica a operação, pois na sala de
controle os operadores podem se
aproximar facilmente dos
instrumentos de leitura.

(a) Portátil (b) Painel

(c) Área industrial Fig. 13.15. Painel de leitura e armário cego


Fig. 1.3.14. Locais de montagem

4. Os únicos instrumentos de painel que


recebem sinais diretamente do
processo são os indicadores e
registradores de temperatura, com
elementos sensores a termopar ou a
bulbo de resistência. Também nessa
situação, os instrumentos continuam
sendo padronizados. Obviamente um
registrador de temperatura, com
termopar, não poderá receber sinal de
um transmissor eletrônico de pressão.
Porém, poderá ser ajustado para
receber sinal de outro termopar,
desde que sejam modificadas as
junções de compensação.
5. Os instrumentos de painel são
estruturalmente mais frágeis que os
instrumentos de campo, pois suas
condições ambientais são mais
favoráveis e porque as estantes de
montagem os protegem.
6. Os instrumentos elétricos montados
nos painéis são de uso geral. Ou seja,
mesmo que a sala de controle seja de

31
Sistemas de Instrumentação

8. Modular ou integral 8.1. Painel de leitura

Os primeiros instrumentos agrupavam A parte frontal do painel é o espaço nobre e


em seu invólucro todos os circuitos portanto deve ser ocupada apenas por
funcionais e são chamados de integrais. instrumentos que apresentem indicação em
Como resultado, eram pouco flexíveis e escalas, mostradores, gráficos e
praticamente não era possível fazer contadores. Na parte da frente do painel
modificações em sua operação. devem ser montados apenas os
instrumentos que exijam leitura ou cuidados
do operador: indicador, registrador,
controlador, estação manual de controle,
anunciador de alarme e contador-
totalizador.
Os indicadores são lidos e
eventualmente, suas leituras anotadas. Os
registradores informam os valores
registrados. Os seus gráficos são
periodicamente trocados. Tipicamente um
gráfico tipo tira, de rolo, tem duração de 30
dias; os gráficos tipo tira, sanfonados, tem
duração de 16 dias. Raramente há gráficos
Fig. 1.3.15. Instrumento integral
circulares de registradores caixa grande na
sala de controle, cuja duração típica é de 24
horas, ou menos comum, de 7 dias.
Ainda na instrumentação analógica
Os controladores apresentam a situação
apareceu a filosofia de separar os
do processo, mostrando o valor da medição,
instrumentos em módulos independentes
do ponto de ajuste e do sinal de saída e
fisicamente e separados geograficamente;
como conseqüência, a abertura da válvula
tem-se a instrumentação modular. Nesta
de controle. O operador pode variar o ponto
configuração, um controlador era constituído
de ajuste, conforme orientação do processo.
por:
Quando requerido, deve atuar direta e
1. módulo de entrada, que recebe o sinal de
manualmente no processo, através da
medição da variável de processo, vindo
estação manual de controle acoplada ao
do campo,
controlador automático, depois de fazer a
2. módulo de processamento de sinal, que
conveniente transferência auto-manual.
pode opcionalmente alterar o sinal
recebido, por exemplo, linearizando-o,
3. módulo de controle, onde está alojados
os circuitos de controle, com pontos de
teste e ajuste de sintonia,
4. módulo de saída, que envia o sinal de
controle de volta para o campo, para o
elemento final de controle,
5. estação de controle, que constitui a
interface com o operador de processo,
6. cabo de ligação entre o módulo e a
estação de controle.
Todos estes instrumentos são montados
Fig. 1.3.16. Sistema modular (Foxboro)
na sala de controle. Porém, somente as
estações de controle tem informação para o
Além dos instrumentos de indicação,
operador. Os instrumentos de painel foram
registro e controle, na parte frontal do painel
divididos em duas grandes categorias e
de leitura, estão colocadas as botoeiras de
segregados, para economia de espaço e
liga-desliga ou de múltiplas posições, que
para simplificação da operação:
podem ser acionadas pelo operador,
1. instrumentos de leitura (display)
dependendo da situação do processo.
2. instrumentos cegos (rack)

32
Sistemas de Instrumentação

processam os sinais de informação:


extratores de raiz quadrada (linearizam o
sinal quadrático proveniente do transmissor
de vazão, associado à placa de orifício),
multiplicador/divisor de sinais (associado à
medição de vazão com compensação de
temperatura ambiente e pressão estática),
integrador (cuja saída pulsada alimenta o
contador, que está localizado na parte
frontal do painel, porque possui uma
indicação digital) somador, seletor de sinais.
Esses instrumentos, geralmente chamados
de computadores analógicos, são montados
Fig. 1.3.17. Estação de operação de SDCD ou atras do painel de leitura ou em outro
Na parte superior do painel, logo acima painel, colocado atras do painel de leitura.
dos instrumentos convencionais de leitura Quando montados em outro painel, esse
está localizado o painel anunciador de painel é chamado de armário (ou rack). Os
alarme. Esse painel consiste de uma operadores de processo não necessitam ter
associação de som (buzina) e luzes e seu acesso a esse armário, desde que não há
objetivo é o de informar ao operador quando nenhuma informação a ser lida nesses
os níveis de segurança e funcionamento do instrumentos. Como esses instrumentos não
processo estão sendo alcançados. Quando apresentam nenhuma leitura são chamados
ocorre uma situação de alarme, a buzina de instrumentos cegos.
soa e a luz se acende. Nessa situação, o
operador deve acionar o botão de
conhecimento do alarme, de modo a
desligar o som (que é irritante, de
propósito). A luz continua acesa, podendo
ficar piscando, para indicar que a situação
do processo que provocou o alarme
continua ocorrendo. O operador deve
providenciar uma atuação no processo,
através da manipulação manual da estação
de controle, através do ligamento ou
desligamento de algum equipamento, de
modo que a variável alarmada retorne à sua
condição normal. Quando ocorre a
normalidade, a luz de alarme se apaga.
Ainda acima do anunciador, há o painel Fig. 1.3. Painel cego de instrumentos
sinóptico, onde está esquematizado em um
fluxograma, o processo da planta. Ela
facilita a tarefa do operador pois mostra as
ligações lógicas dos instrumentos e indica
os tags de identificação dos instrumentos
envolvidos. Há painéis semigráficos que
possuem lâmpadas de sinalização de
alarme.

8.2. Armário de instrumentos cegos


Há instrumentos na sala de controle que
executam funções inteligentes, porém não
apresentam nenhuma informação em forma
de indicação ou registro. São os
instrumentos auxiliares que condicionam e

33
Sistemas de Instrumentação

Em sistema de arquitetura modular ou


arquitetura dividida, a separação e o
conceito de painel de leitura e armário de
instrumentos cegos são mais nítidos.
Atualmente existe um consenso que todas
as funções de leitura podem e devem ser
separadas fisicamente das funções de
processamento e computação matemática.
Essa separação ocorre não apenas na
instrumentação eletrônica, mas também na
instrumentação pneumática.
Fig. 1.3.20. Registro compartilhado de temperatura

Porém, o mais comum, é o


compartilhamento do instrumento eletrônico
digital. A interface para o compartilhamento
é o multiplexador, que é o instrumento que
converte várias entradas em uma única
saída. Depois de multiplexar os sinais, há a
conversão dos sinais analógicos para digital;
(A/D). Quando há controle, o sinal digital
deve ser reconvertido para analógico e
Fig. 1.3.19. Registrador de 4 penas (Foxboro) voltar para o elemento final de controle.
Usam-se o conversor digital-para-analógico
e o de-multiplexador. O conjunto destas
9. Dedicado ou compartilhado funções de multiplexar, converter e
Instrumento dedicado é aquele que demultiplexar é feito por um único
executa uma função relacionada com uma instrumento chamado de modem
única variável de processo. Um instrumento (MODulador-DEModulador).
corresponde a uma malha e uma malha
corresponde a um instrumento. Os primeiros 10. Centralizado ou distribuído
instrumentos analógicos eram dedicados.
Atualmente, há instrumentos digitais O sistema de controle centralizado é
microprocessados que também são aquele que converte todas as funções de
dedicados a uma ou duas malhas de interface com o campo (unidades de E/S),
controle; são os instrumentos single loop. interface com operador, unidades de
Instrumento compartilhado é aquele que controle analógico e digital e gerenciamento
executa a mesma função, (indicação, em um único instrumento.
registro ou controle), de um grande número O sistema de controle distribuído
de variáveis, simultaneamente. executa as funções de controle
É possível se ter o compartilhamento de estabelecidas e permite a transmissão dos
várias malhas com um único instrumento sinais de controle e de medição. As
mecânico analógico, como o registrador diferentes funções de interface com o
multiponto, quando um instrumento registra campo (unidades de E/S), interface com
até 24 pontos de temperatura (tag TJR . operador, unidades de controle analógico e
digital, gerenciamento são distribuídas
geograficamente e interligadas pelo elo de
comunicação.
Os primeiros sistemas de
instrumentação analógico possuíam uma
sala de controle centralizada, para onde
convergiam todos os sinais de informação
do processo. Na sala de controle havia

34
Sistemas de Instrumentação

ainda a tomada de decisão do controle. As comportamento do processo, para que ele


primeiras aplicações de controle digital possa intervir na operação, nas situações de
incluíam um único computador centralizado emergência, de modo mais eficiente e
para fazer a coleta de dados e o controle do seguro. O ênfase é colocado no
processo. O alto custo do equipamento desenvolvimento dos equipamentos de
permitia a existência de apenas um (ou dois comunicação homem-máquina, com
computadores, quando havia reserva). aquisição de dados e telas de vídeo dando
O uso intensivo e extensivo de a possibilidade de estabelecer um dialogo
microprocessadores devido a grande entre os operadores e o processo.
redução de seu custo e do equipamento de Atualmente, os sistemas de controle
processamento de dados permitiu a distribuído proporcionam uma grande
distribuição da inteligência entre as quantidade de informação que deve ser
diferentes fases do processo de coletar passada gradualmente aos computadores
dados, condicionar sinais, tomar decisões e periféricos com o fim de prover controles
fornecer informação ao operador. avançados, otimizar o controle da planta e
Inicialmente houve a aplicação com gerenciar a sua eficiência. O êxito e
muitos pontos de controle indo para um eficiência destas decisões, independente
painel centralizado, depois com o sistema do seu nível, se baseiam na informação
digital distribuído, voltou-se a distribuir as exata disponível e na existência de um
funções de controle na área industrial. A sistema padronizado de comunicação entre
distribuição de equipamentos de controle o sistema de controle distribuído e os
diminui o número e o custo das fiações computadores que se acoplam a rede.
entre cada sensor e a sala de controle e
requer um sistema de multiplexagem 11. Real ou Virtual
confiável e um sistema de comunicação de
dados.
No controle digital distribuído, as funções 11.1. Instrumento real
de monitoração e controle são distribuídas
Instrumento real ou convencional é o
em vários painéis locais, cada um com seu
equipamento físico que executa a função
próprio sistema digital, todos interligados por
para o qual ele foi projetado, construído e
um sistema de comunicação. As operações
instalado. Ele deve ser especificado com
são distribuídas funcional e fisicamente
detalhe para a função a ser executada, pois
entre os vários processos da planta.
ele é pouco flexível.
Um controlador convencional deve ser
especificado e comprado com as ações de
controle necessárias. É muito difícil e quase
impossível fazer atualização (upgrade) de
um controlador convencional, para
acrescentar alguma característica opcional,
não prevista na época de sua compra.
Como já visto, o instrumento real pode
ser montado no campo ou na sala de
controle, pode ser pneumático ou eletrônico,
pode ser dedicado ou compartilhado por
várias malhas de medição e controle.
Atualmente, por causa do uso intensivo
e extensivo do computador pessoal na
Fig. 1.3.21. Estação de Operação Centralizada medição e controle de processo, há uma
tendência universal de substituir o
instrumento real de painel pelo instrumento
A tendência atual não é mais a de virtual. Porém, nem tudo pode ser virtual. Os
eliminar o operador, mas assisti-lo melhor, sensores e transmissores, que são a
fornecer-lhe ferramentas mais eficientes e interface com o processo, certamente
dar-lhe mais informações acerca do

35
Sistemas de Instrumentação

continuarão a ser físicos, reais, A única diferença entre o instrumento


convencionais. convencional e o virtual é o software e por
isso tem se a idéia que o software é o
11.2. Instrumento virtual instrumento.
Através do monitor de vídeo, teclado e
Um instrumento virtual é definido como
mouse, o operador pode fazer tudo no
uma camada de software, hardware ou de
processo industrial que é feito com o
ambos, colocada em um computador de uso
instrumento convencional, como:
geral, de modo que o usuário possa
1. alterar ponto de ajuste do
interagir com o computador como se fosse
controlador,
um instrumento eletrônico tradicional
2. passar de automático para manual e
projetado pelo próprio usuário.
vice-versa e em modo manual, atuar
Controlador virtual é aquele construído
diretamente no elemento final de
dentro de um computador pessoal.
controle
Atualmente, são disponíveis aplicativos para
3. estabelecer pontos de alarme de
desenvolver a face do controlador
máximo e de mínimo
(template), seu bloco funcional PID e os
4. alterar os parâmetros da sintonia
programas intermediários para interligar
(ganho, tempo integral e tempo
imagens, layouts, blocos e sinais externos.
derivativo)
Do ponto de vista do operador usuário, é
Adicionalmente, como o instrumento
muito difícil ver rapidamente as diferenças
dentro do computador possui muito mais
entre um instrumento virtual, constituído de
recursos, o operador pode:
programa e equipamento e um real, que é
5. ver a curva de resposta do
apenas equipamento. O que se vê na tela
controlador para atestar o resultado
do computador não dá imediatamente um
da sintonia
entendimento da filosofia de base. Diferente
6. ver a curva de tendência histórica
de um hardware, em que se pode abrir a
caixa e olhar dentro, a arquitetura no
software é abstrata e não é imediatamente
visível para um olho nu.

Fig. 1.3.23. Vista frontal de um controlador virtual

Fig. 1.3.22. Controlador virtual na tela do monitor

Para dar um exemplo, quando se tem 11.3. Controlador virtual comercial


um computador pessoal com um circuito de
aquisição de dados embutido, para um Como visto, o controlador é um
instrumentista ou operador de processo, o instrumento que recebe um sinal de
instrumento pode funcionar como indicador, medição da variável controlada (PV), recebe
registrador, controlador ou chave de um ponto de ajuste estabelecido pelo
atuação. operador (SP) e gera um sinal de saída
(MV), que é uma função matemática
específica da diferença entre a medição e o

36
Sistemas de Instrumentação

ponto de ajuste. Tipicamente, o sinal de Face frontal do controlador


saída vai para uma válvula de controle. O balão cinza escura do controlador
O ponto de ajuste pode ser indica que há um gatilho nele. Quando o
1. local, estabelecido pelo operador operador coloca o cursor sobre este balão,
2. remoto, determinado por um outro aparece a mãozinha vermelha. Quando ele
sinal, por exemplo saída de outro clica sobre o balão, aparece ao lado e
controlador acima do balão a face frontal do controlador,
3. remoto ou local, selecionado por permitindo ao operador ter mais
uma chave informações sobre o controlador e atuar no
Todo controlador possui uma chave processo através do controlador.
seletora para definir o modo de operação: A face do controlador virtual é similar a
1. automático, quando a saída é de um controlador convencional, possuindo:
determinada apenas pelo 1. barra gráfica verde da variável
controlador, em função das ações e medida (PV)
da diferença entre a medição e o 2. barra gráfica azul do ponto de ajuste
ponto de ajuste (SP)
2. manual, quando a saída é gerada 3. barra gráfica vermelha da saída do
diretamente pelo operador controlador (MV),
O controlador pode ter ou não ter 4. chave seletora A/M
alarme. O alarme pode ser de baixa, de alta (automático/manual). Quando está
ou ambos. Como nos indicadores, o em automático, aparece a chave
controlador sem alarme possui uma linha do Auto e quando está em manual, a
balão preta e o controlador com alarme, chave Manual.
linha vermelha. Todo controlador possui um 5. Chaves (4) de atuação manual da
balão com cinza escuro, para permitir a saída do controlador, atuável
chamada da sua face frontal, através de um somente quando o controlador está
gatilho. em modo manual: uma lenta e outra
A seqüência do alarme do controlador é rápida, uma subir e outra para
idêntica à do indicador. descer. Estas chaves não estão
habilitadas quando o controlador
está em automático.
6. Chave seletora Remoto ou Local do
ponto de ajuste (chave opcional)
7. Chaves (4) de atuação manual do
ponto de ajuste local, atuável
somente quando o controlador está
com ponto de ajuste local: uma lenta
e outra rápida, uma subir e outra
para descer. Esta chave não está
habilitada quando o controlador está
em ponto de ajuste remoto.
8. Indicações digitais dos valores do
ponto de ajuste (SP), variável
medida (PV) e saída do controlador
(MV), logo abaixo das barras
gráficas.
9. Botão (ícone parecido com gráfico)
Fig. 1.3.24.Face frontal do controlador, com ponto de para chamar a tela de tendência da
ajuste apenas local variável controlada.
10. Indicação do status da abertura da
válvula: A para aberta e F para
fechada.
11. Botão para chamado das telas de
sintonias P, I e D.

37
Sistemas de Instrumentação

Ação Automática ou Manual Se o operador clicar em Auto, a ação


Todos os controladores possuem a muda ou continua em automático; se clicar
opção de modo Automático ou Manual. em Manual, a ação muda ou continua em
manual e se clicar em Cancel, a ação
continua como está (nada é alterado).
Ponto de ajuste Remoto ou Local
Há controladores com ponto de ajuste
local e controladores com ponto de ajuste
local ou remoto (p. ex., controlador de
relação de vazões).
Em modo Manual, a chave de alteração
do ponto de ajuste não está habilitada. Em
modo automático (Auto) e com o ponto de
ajuste selecionado para Local, a chave de
alteração do ponto de ajuste fica habilitada:
o operador pode alterar o ponto de ajuste
local, atuando nas chaves à esquerda (SP),
para aumentar ou diminuir, de modo rápido
ou lento. Enquanto o controlador estiver em
modo Auto e com a chave de ponto de
Fig. 1.3.25. Frontais do controlador: operação do ajuste em Remoto, as chaves de alteração
controlador em modo Automático ou Manual do ponto de ajuste desaparecem. Neste
caso, o ponto de ajuste é alterado
automaticamente, através de algum sinal
Em modo automático (Auto), a chave de externo que chegue ao controlador
alteração da saída não está habilitada. O (tipicamente é a saída de outro controlador,
operador pode alterar o ponto de ajuste quando os dois estão em controle cascata).
local, atuando nas chaves à esquerda (SP),
para aumentar ou diminuir, de modo rápido
ou lento. Em modo Manual, a chave de
alteração do ponto de ajuste não está
habilitada. Através das chaves de atuação
da saída, o operador pode atuar
diretamente no processo, para aumentar ou
diminuir, de modo rápido ou lento.
Quando o operador clica na chave virtual
Manual ou Auto do frontal, aparece uma
janela para confirmar ou cancelar a
mudança.

Fig. 1.3.27. Frontais do controlador Local ou Remoto

Fig.1.3.26. Imagem que aparece para confirmar ou


canelar a transferência Auto-Manual da saída do
controlador

38
Sistemas de Instrumentação

Fig. 1.3.28. Frontais do controlador Local ou Remoto

Fig.1.3.30. Frontal de controlador com ponto de ajuste


Quando o operador clica na chave virtual Remoto ou Local e modo de operação Manual e
Local ou Remoto do frontal do controlador, Automático.
aparece uma janela para confirmar ou
cancelar a mudança.
Quando o operador clica na janela da
indicação digital da Relação, aparece a
janela para a alteração desta relação.

Fig. 1.3.29. Imagem que aparece para confirmar ou


canelar a transferência Local-Remoto do ponto de
ajuste

Se o operador clicar em Local, a ação Fig. 1.3.31. Janela para entrar com novo valor da
muda ou continua em local; se clicar em relação
Remoto, a ação muda ou continua em
remoto e se clicar em Cancel, a ação
continua como está (nada é alterado).
Sintonia do Controlador
Controle de relação Quando o operador clica na tecla virtual
Há malhas com controle de relação de PID aparece uma nova face frontal dos
vazões de HCN e Propanona. ajustes de sintonia do controlador.
A saída do controlador de vazão de
Propanona vai para o ponto de ajuste do
controlador de vazão de HCN, passando por
uma estação de relação (FFC). Esta relação
pode ser ajustada pelo controlador, que
clica no botão Relação

Fig. 1.3.32. Janela para sintonia do controlador

39
Sistemas de Instrumentação

Clicando no botão X, na parte superior Fig. 1.3.35. Janela para entrar com novo valor do
direita da janela de sintonia, ela é fechada ganho derivativo
(desaparece da tela).
Quando o operador clica na janela com a
indicação digital do ganho proporcional (kp), A sintonia do controlador (ajustes do
aparece a tela para ajuste do ganho do ganho proporcional, ganho integral e ganho
controlador. derivativo) é relativamente complexa e por
isso, por enquanto, é feita apenas pelo
Supervisor ou por instrumentista experiente.
Clicando no botão X, na parte superior
direita da imagem, a face frontal do
controlador é fechada (desaparece da tela).
Tela de ajuda
Quando operador clica na tecla virtual
ATUALIZA, o novo valor entra e foi feita a
alteração. Quando o operador clica na tecla
Fig. 1.3.33. Janela para entrar com o novo valor do virtual AJUDA, aparece a tela de ajuda.
ganho
Janelas de modificação de ajustes
Em todas as telas de modificação de
Quando o operador clica na janela com a ajustes (Modify Tag Value), há as seguintes
indicação digital do ganho integral (ki), informações:
aparece a tela para ajuste do ganho do 1. Nome do tag (Tag Name)
controlador. 2. Descrição do parâmetro alterado
3. Valor corrente
4. Novo valor a ser ajustado
5. Janela com o novo valor
6. Teclas para confirmar (OK), Cancelar
(Cancel) ou de Ajuda (Help).
Se operador clica em OK, o novo valor é
confirmado; se clica em Cancel, o antigo
valor é mantido. Quando ele clica em Help,
aparece a janela de ajuda.
Se o valor entrado está fora da faixa
aceitável, aparece uma janela informando o
Fig. 1.3.34. Janela para entrar com novo valor do
fato e o operador tem que entrar com um
ganho integral
valor aceitável.

Quando o operador clica na janela com a


indicação digital do ganho derivativo (kd),
aparece a tela para ajuste da ação
derivativa do controlador.

Fig. 1.3.36. Janela de alerta para entrada de valor


inválido de qualquer parâmetro

40
Sistemas de Instrumentação

Tendência do controlador
Quando o operador clica na chave virtual
com um ícone de gráfico, aparece a tela
com a tendência (real ou histórica) da
variável controlada.

Fig. 1.3.37. Imagem do gráfico de tendência do


controlador FQC-210-1A

No menu e em Modes, pode-se escolher


a tendência real ou tendência histórica. Em
tendência real, o gráfico mostra a variável
em tempo real, a partir do instante zero. Em
tendência real, o gráfico mostra o histórico
da variável controlada. Clicando na barra de
rolamento, pode-se andar para trás ou para
frente no tempo.

Apostila\Instrumentação Sistemas.doc 03 SET 00 (Substitui 10 DEZ 98)

41
1.4
Terminologia
pela entrada. A saída pode ser um sinal ou
2.1. Introdução um valor da variável manipulada. A entrada
pode ser o sinal de realimentação negativa
Deve haver uma uniformidade de da malha quando o ponto de ajuste é
termos e nomenclatura no campo da constante, um sinal de erro real ou a saída
instrumentação de processo. Aqui estão de outro controlador. Ação é também
definidos os principais termos chamada de modo.
especializados da Instrumentação, que Ação Derivativa (Rate) é a ação de
podem ser levemente ou totalmente controle em que a saída é proporcional à
diferentes do uso comum. taxa de variação da entrada. A ação
Os termos definidos são convenientes derivativa é expressa em tempo (s).
para o uso do pessoal envolvido de algum Ação Flutuante(Floating) é a ação de
modo com a Instrumentação, incluindo controle em que a taxa de variação da
projeto, fabricação, montagem, operação, saída é uma função pré determinada da
manutenção, teste e venda. entrada. Um erro na variável controlada faz
Os tipos de indústrias de processo a saída do controlador variar em uma taxa
incluem: química, petróleo, gás e óleo, constante. O erro deve exceder limites
petroquímica, geração de energia, predeterminados antes do controlador
siderúrgica, metalúrgica, alimentícia, têxtil, começar a variar.
farmacêutica, papel e celulose e Ação Integral (Reset) é a ação de
mineração. controle em que a saída é proporcional à
integral no tempo da entrada. A taxa de
2.2. Definições e Conceitos variação da saída é proporcional à entrada.
A ação integral é expressa em repetições
por tempo (s).
Ação do Controlador Ação Liga-Desliga é a ação de
Modo como a saída do controlador controle em que a saída é 0 ou 100% e o
varia em função da variável medida. elemento final de controle está ligado ou
O controlador possui ação direta desligado.
quando o valor do sinal de saída aumenta Ação Proporcional é a ação de
quando o valor da entrada (variável controle em que há uma relação linear
medida) aumenta. contínua entre a saída e a entrada.
O controlador possui ação inversa
quando o valor do sinal de saída aumenta Acessível
quando o valor da entrada (variável Instrumento visível pelo operador de
medida) diminui. processo, que apresenta sinais visuais de
indicação e registro de valores da variável
Ação de Controle de processo ou requer a atuação do
Ação do controlador ou de um sistema operador, para estabelecer ponto de
de controle é a natureza matemática ajuste, transferir de automático para
(função) da variação da saída provocada manual e vice-versa, atuar manualmente

42
Terminologia

no processo, acionar chaves liga-desliga. consiste em o valor de uma variável de processo


Instrumento acessível ao operador é atingir um valor limite, alto ou baixo, predeterminado.
montado no painel de leitura ou display; O alarme geralmente requer a atuação ou atenção
instrumento não acessível é montado em do operador.
armário cego ou rack.
Amortecimento
Redução progressiva ou supressão da
oscilação em um instrumento ou sistema.
A resposta a um degrau é chamada de
criticamente amortecida quando o tempo
de resposta é tão rápido quanto possível
sem overshoot. É sub amortecida quando
ocorre overshoot ou superamortecida
quando a resposta é mais lenta que a
crítica.
Amortecimento viscoso usa a
viscosidade dos fluidos para fazer o
amortecimento.
Amortecimento magnético usa a
corrente induzida nos condutores elétricos
pelas variações no fluxo magnético para
fazer o amortecimento.

Amplificador
Dispositivo que possibilita um sinal de
entrada controlar a potência de uma fonte
independe de sinal e assim ser capaz de
entregar uma saída que suporta alguma
relação com, e é geralmente maior que o
sinal de entrada.

Analisador
Nome incorreto atribuído a instrumento
Fig. 1.4.1. Conceitos de Display e Armário usado para medir pH, concentração,
(Rack) composição, condutividade ou densidade.
Os nomes corretos são sensor de análise,
transmissor de análise, indicador de
Ajuste análise ou registrador de análise.
Operação no instrumento para torná-lo
exato ou eliminar seus erros sistemáticos. Análise
Geralmente o ajuste é feito depois da Variável de processo que consiste na
calibração. Quando o instrumento não fica determinação da composição de uma
exato depois de vários ajustes, ele requer substancia, em percentagem (%) ou partes
manutenção. Cfr. calibração. por milhão (ppm). Também é incluída
Os principais ajustes de calibração do como análise o pH (potencial de H+), pIon
instrumento são o de zero e o de (potencial de íon), ORP (potencial de óxido
amplitude de faixa (span). redução), condutividade elétrica,
densidade. Análise é uma quantidade
Alarme física e não uma função de instrumento e
por isso deve ser preferida a forma de
Alarme é a indicação da existência de uma condição
sensor de análise (AE), transmissor de
normal ou anormal através de um sinal sonoro,
análise (AT), indicador de análise (AI) ou
visual ou ambos. A condição anormal geralmente
registrador de análise (AR)

43
Terminologia

Analógico Área externa é um local em que o


equipamento está exposto a condições
Propriedade que se refere ao sinal,
ambientais sem proteção, incluindo
função, tecnologia e display. temperatura, umidade, raio de sol direto,
Sinal analógico é aquele que pode vento, chuva e sereno.
assumir infinito número de níveis, entre 0 a
Área protegida é um local de processo
100%. O sinal de comunicação de 4 a 20
industrial com proteção contra exposição
mA cc é exemplo de um sinal analógico.
direta dos elementos, como luz do sol
Função analógica é aquela que envolve
direta, chuva, vento e sereno. As
medição, como controle ou registro. temperatura e umidade podem ser as
Tecnologia analógica é a baseada no mesmas da área externa. Pode haver
amplificador operacional (amp op).
condensação. A ventilação é natural.
Display analógico é baseado em escala
e ponteiro, onde um é móvel e outro é fixo.
O instrumento que manipula sinais
analógicos na sua entrada ou saída é
chamado de analógico. Cfr. Digital.

Aquecimento (warm up)


Período de tempo necessário para o
instrumento eletrônico se estabilizar e
operar normalmente, depois de ligado. O
instrumento pode apresentar erros
grosseiros ou não operar corretamente
durante o período de aquecimento.

Área de ambiente
Fig. 1.4.2. Diferentes áreas de processo
Local qualificado na planta com
condições ambientais especificadas de
conformidade com a severidade. As áreas Armário (Rack)
possíveis são: área de ar condicionado,
Painel sem indicações que não fornece
área de sala de controle, área externa e
informação e nem requer atenção do
área protegida
operador. Pode ser considerado, também,
Área de ar condicionado é um local
a parte traseira de um painel de leitura. Cfr.
com temperatura mantida constante em
Painel.
um valor nominal dentro de uma tolerância
estreita e igual a um valor confortável
típico. A umidade é também mantida
Atenuador
dentro de uma faixa estreita. Áreas com ar Dispositivo que diminui o tamanho do
condicionado possuem circulação de ar sinal entre dois pontos ou entre duas
limpo e são tipicamente usadas para freqüências. Atenuação é o inverso do
instrumentação como computador ou outro ganho. A atenuação pode ser expressa
equipamento requerendo ambiente como uma relação adimensional, relação
controlado. escalar ou em decibel (dB).
Área de sala de controle é um local Atenuação 4:1 é um critério de sintonia
com facilidade de aquecer ou resfriar o de controlador de processo onde a
ambiente. As condições são mantidas amplitude do desvio (erro) da variável
dentro de limites especificados. Pode controlada, seguindo um distúrbio, é
haver ou não controle automático de cíclica, de modo que a amplitude de cada
temperatura e umidade. As áreas da sala pico é ¼ do pico anterior.
de controle são comumente apropriadas
para a operação do sistema de controle, Atraso (delay)
havendo a presença continua de
O intervalo de tempo entre um sinal
operadores.
variando e sua repetição para alguma

44
Terminologia

duração especificada em um ponto a Banda proporcional é a região onde há


jusante do caminho do sinal. controle automático.

Atuador Bourdon C
Parte do elemento final de controle que Um sensor de pressão que converte a
translada o sinal de controle em ação do pressão em um pequeno deslocamento
equipamento final de controle no processo. aproximadamente linear. Ele é chamado
A válvula de controle geralmente possui de bourdon por causa de seu inventor e C,
um diafragma acionado pneumaticamente por causa de seu formato encurvado. Seu
como atuador. funcionamento se baseia na deformação
elástica do elemento. Outros elementos
Auto – aquecimento similares são: diafragma, fole, espiral e
helicoidal.
Aquecimento interno resultante da
dissipação da energia elétrica no sensor.
Fenômeno indesejável que ocorre na
Fig. 1.4.3. Bourdon C
medição de temperatura com resistência.

Auto - regulação
A propriedade de algumas variáveis no
processo adotarem um valor estável sob
dadas condições de carga, mesmo sem
um sistema de controle. Por exemplo, a Banda morta
temperatura de fervura da água é de 100
o
C, à pressão atmosférica padrão (103,1 A faixa através da qual uma entrada
kPa) pode ser variada sem provocar resposta
detectável. A banda morta é geralmente
Auto - sintonia expressa em percentagem da amplitude de
faixa.
A propriedade de alguns controladores
microprocessados adotarem Base de numeração
automaticamente os melhores valores de
sintonia (ganho, tempo integral e tempo O número cujas potências determinam
derivativo), sempre que as condições de o valor de cada posição no número. O
carga do processo variarem. mais usado no dia a dia é o decimal ou
base 10. Em computação, o sistema
Backlash padrão é o binário ou base 2. Em
configuração de sistemas digitais, é
Um movimento relativo entre partes comum se encontrar as bases octal (base
mecânicas que interagem, resultando em 8) e hexadecimal (base 16). A base
folga, quando o movimento é invertido. hexadecimal é útil em casos onde as
palavras são compostas de múltiplos de 4
Banda Proporcional bits (palavras de 4, 8, 16, 32 bits). A base
A variação na entrada de um octal é mais útil onde as palavras são
controlador Proporcional requerida para compostas de múltiplos de 3 bits (3, 6, 9 ou
produzir uma variação total na saída. 12 bits)
Assim, se 10% de variação no erro causa
uma variação de 100% na saída do
controlador, então é banda proporcional é
de 10.
Banda proporcional é a relação da
variação de entrada sobre a da saída.
Banda proporcional é o inverso do
ganho.

45
Terminologia

Binário Bypass
Um sistema de representação de Caminho alternativo em torno de outro
números de base 2, onde só existem os componente, tubulação, ligação ou
dígitos 0 e 1. É o sistema de trabalho dos sistema, usado principalmente para
computadores digitais. O binário pode ser permitir a manutenção do equipamento
considerado um caso especial de digital, colocado no caminho principal.
quando se tem apenas um bit. A saída de
uma chave é um sinal binário, pois a chave
só pode estar ligada ou desligada. Cfr.
Digital.

Bico-Palheta
Peça fundamental de todo instrumento
pneumático que transmite, manipula ou
controla sinais. Basicamente, o conjunto
converte um pequeno deslocamento da
palheta no sinal padrão pneumático de 20
a 100 kPa (0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi). Fig. 1.4.5. Calibração a seco

Bocal
Calibração
Tipo especial de restrição usada para
medir vazão de fluidos, gerando uma Operação de verificar a exatidão de um
pressão diferencial proporcional ao instrumento através da comparação com
quadrado da vazão. É usado em sistema outro padrão rastreado. Determinação dos
de calibração de medidores de vazão de pontos em que as graduações da escala
gases, pois ocorre nele o fenômeno da estão colocados. Também chamada de
vazão crítica. aferição ou verificação. Cfr. Ajuste.
Calibração a seco de transmissor é
aquela feita contornando o seu elemento
sensor; gerando valores internos como
padrão, não requerendo o padrão da
variável sendo medida.
Ciclo de Calibração é a aplicação de
valores conhecidos da variável medida e o
Fig. 1.4.4. Bocal de vazão registro dos valores correspondentes das
leituras de saída, sobre a faixa do
Bode, Diagrama de instrumento, nos sentidos de subida e
descida.
Um gráfico de função de transferência Curva de Calibração é a
versus freqüência, onde o ganho representação gráfica do relatório de
(geralmente em dB) e fase (em graus) são calibração.
plotados contra a freqüência em uma Rastreabilidade da Calibração é a
escala logarítmica. relação da calibração de um instrumento
com um instrumento calibrado e certificado
Bulbo por um Laboratório Nacional, através de
Parte sensível do elemento primário de um processo passo a passo.
temperatura. Invólucro que protege o Relatório de Calibração é a tabela ou
termopar ou o fio de resistência detectora gráfico da relação medida de um
de temperatura ou que contem o fluido de instrumento comparado com um padrão,
enchimento do elemento termal. O bulbo em toda sua faixa.
não é o elemento sensor.

46
Terminologia

Campo
Área industrial, off site limit bateries,
área externa, local. Cfr. Sala de controle.

Fig. 1.4.7. Operador em Centro de


Controle

Fig. 1.4.6. Estado de instrumento de campo Chave


Dispositivo que liga, desliga ou
seleciona um determinado circuito elétrico.
Carga A chave pode ser manual ou automática.
Carga do processo expressa os valores Chave automática é acionada quando a
nominais de todas as variáveis em um variável de processo atinge um valor
processo que afetam a variável controlada, predeterminado. Chaves automáticas
exceto a variável manipulada e a clássicas são: pressão (pressostato),
controlada. temperatura (termostato), nível, vazão,
posição (chave fim de curso).
Cavitação
Choque mecânico
Fenômeno indesejável da evaporação
do líquido e a implosão de bolhas quando Aplicação momentânea de uma força
o vapor volta ao estado líquido, que ocorre de aceleração a um equipamento. É
em interior de tubulações quando há geralmente expresso em número de
diminuição da pressão ou aumento da acelerações da gravidade (g).
temperatura. A cavitação pode ocorrer no
interior de elementos sensores de vazão, Cíclico
bombas, restrições e válvulas.
Uma condição de estado permanente
A cavitação pode destruir internos de
ou oscilação transiente de um sinal em
válvulas e sensores colocados na
relação ao valor nominal
tubulação. Cfr. flacheamento (flashing).
Condições de Operação
Célula de carga
Condições em que um instrumento ou
Sensor elétrico para medição de
equipamento está sujeito, não incluindo a
pressão ou peso. A ação é baseada em
variável medida por ele. As condições de
strain gauges montados dentro da célula
operação incluem: temperatura ambiente,
em uma barra de força. Também chamada
pressão ambiente, força gravitacional,
de célula extensiométrica. É o elemento
campos eletromagnéticos, inclinação,
sensor padrão da balança eletrônica. Cfr.
variações da alimentação (tensão,
cristal piezoelétrico e strain gauge.
freqüência, harmônicas), choque e
vibração.
Centro de Controle As condições de operação normais
Uma estrutura de equipamentos para são a faixa de condições de operação
medir, controlar ou monitorar um processo. dentro da qual o instrumento é projetado
Também pode se referir à sala de para operar e para a qual são
controle da planta. estabelecidas as influências de operação.
As condições de operação de
referência são a faixa de condições de
operação dentro da qual as influências de

47
Terminologia

operação são desprezíveis. As condições Condutância


de referência são usualmente estreitas.
Em circuito de corrente contínua, é o
Por exemplo, a condição de referência de
operação típica de um instrumento é de 24 inverso da resistência e portanto é a
medida da habilidade de um circuito
± 2 oC .
conduzir a corrente. Em corrente alternada,
é a parte real da admitância, quando a
impedância não contem reatância.
Transporte e Armazenamento Sua unidade SI é o siemens (S) e não
é mho.
Limites de operação
Operação normal Condutividade (elétrica)
Variável de processo ou grandeza
Limites de referência física que consiste na relação da
Condição de referência densidade de corrente elétrica para o
Limites de referência campo elétrico no material. Também
conhecida como condutância específica.
Condutividade é diferente de condutância.
Operação normal Também existe condutividade termal,
condutividade acústica
Limites de operação
Confiabilidade
Transporte e Armazenamento
Probabilidade que uma parte componente,
instrumento ou sistema funcione
Fig. 1.4.8. Diagrama das condições de operação satisfatoriamente, sob condições,
determinadas sem manutenção, durante
As condições de transporte e determinado período de tempo.
armazenamento são a faixa de condições
em que um instrumento ou equipamento Conhecimento (Acknowledgement)
está sujeito entre o tempo de construção e Chave do sistema de intertravamento
o tempo de instalação, incluindo o tempo ou alarme utilizada para silenciar o sistema
em que ele estiver desligado. Não deve sonoro, depois que o sistema é acionado.
ocorrer nenhum dano físico ou defeito de
operação durante este período, porem, Compartilhado
pode ser necessário se fazer pequenos
ajustes e calibração para restaurar sua Um único instrumento executa a
condição de operação normal. mesma função, geralmente indicação,
registro ou controle, de um grande numero
de variáveis, simultaneamente; é o
instrumento associado a muitas malhas.
Cfr. Dedicado.

Compensação
Provisão de uma construção especial,
equipamento suplementar, circuito ou
materiais especiais para contrabalançar
fontes de erro devidas às variações em
condições de operação específicas.
Eliminação de erros variáveis provocadas
por modificação.
Fig. 1.4.9. Instrumento montado no campo

48
Terminologia

Compensador
Equipamento que converte um sinal em
alguma função que direciona o elemento
final de controle para reduzir desvios na
variável diretamente controlada.

Computador Analógico Fig. 1.4.11. Instrumento configurável

Computador analógico é o instrumento Conformidade


que
1. faz operações matemáticas (soma, Conformidade é o grau de aproximação
multiplicação, divisão e integração) de uma curva a outra específica (e.g.,
2. seleciona sinais de máximo ou linear, logarítmica, parabólica, cúbica).
mínimo Geralmente é medida em conformidade e
3. lineariza sinais, p. ex.., extração da expressa em não conformidade. É um dos
raiz quadrada e caracterização de parâmetros da exatidão especificada do
sinal. instrumento. A conformidade pode ser
O computador analógico é também independente, baseada no terminal e
chamado de relé pneumático ou pelo nome baseada no zero.
específico, p. ex., somador, extrator de raiz
quadrada. Constante de Tempo
Um número caracterizando o tempo
necessário para a saída de um
equipamento atingir aproximadamente
63% do valor final, em resposta a um
degrau aplicado na entrada. A constante
de tempo é também chamada de tempo
característico.

Fig. 1.4.10. Computador analógico pneumático Consumo de ar


A máxima taxa em que o ar comprimido
é consumido por um instrumento
Computador Digital pneumático, dentro de sua faixa de
Sistema baseado no circuito integrado operação e durante condições de sinal
microprocessador. O computador inteiro constante. Geralmente expressa em m3/hr,
geralmente está embutido em uma única a temperatura e pressão especificadas.
placa de circuito impresso e trabalha com
palavras de dados com 8, 16 e 32 bits. Controlador
Instrumento que opera
Configuração automaticamente para regular uma variável
Seleção através de comandos do controlada. O controlador a realimentação
teclado da estrutura básica do algoritmo de negativa recebe um sinal proporcional à
controle, do formato da leitura e das variável medida, compara-o com um valor
terminações de entrada e saída. de referência estabelecido pelo operador e
Configurar por programação é fazer gera um sinal padrão na saída que é
as ligações de blocos funcionais através de função matemática da diferença entre a
programação de computador (software). A medição e a referência. O sinal de saída
configuração por programação é lógica e tende a manter a variável controlada igual
não física. Cfr. Fiação física ou em torno do valor desejado.
O controlador pode ter o nome das
ações de controle embutidas; tem-se
controlador liga-desliga (on-off),
controlador proporcional (P), controlador

49
Terminologia

proporcional mais integral (PI), controlador desliga pode ser realizado através de
proporcional mais derivativa (PD), chave.
controlador mais integral mais derivativa No controle liga-desliga convencional
(PID). um único ponto serve para ligar e desligar
o sistema. O Controle com Intervalo
(Gap) Diferencial é um controlador liga-
desliga, com dois pontos de atuação: um
para ligar e outro para desligar. A
vantagem é que o elemento final de
controle atua menor número de vezes e a
desvantagem é que a amplitude de
variação da variável é maior.

Controle Lógico Programável


Sistema digital, compartilhado, aplicado
principalmente para controle lógico de
processos com muita operação de liga-
Fig. 1.4.12. Controladores single loop desliga. Como não possui interface
Homem-Máquina, geralmente é associado
Controlador Single Loop é um a um sistema de computador onde roda
instrumento microprocessado, configurável um aplicativo para controle supervisório. É
e dedicado ao controle de uma, duas ou chamado abreviadamente de CLP.
até quatro malhas de controle. Alguns
modelos podem ser reconfigurados para Controle Multivariável
computador de vazão.
O controlador pode também ser auto- Sistema de controle mais elaborado,
operado; chama-se regulador. onde estão envolvidas duas ou mais
malhas de controle ou duas ou mais
Controle Compartilhado variáveis de processo.
Controle Adaptativo é aquele em que
Controle em que um único controlador os meios automáticos são usados para
divide seu tempo de computação e variar o tipo ou influência (ou ambos) dos
controle entre várias malhas de controle. parâmetros de controle, de modo a
Em vez de ser dedicado a uma única melhorar o desempenho do sistema de
malha, ele é compartilhado por todas as controle.
malhas da planta e assume o controle de Controle Auto-seletor é um sistema de
cada malha, uma por vez, de modo cíclico, controle com dois ou mais controladores,
em uma varredura predeterminada. em que apenas um é selecionado para
executar o controle, enquanto todos os
Controle Digital Direto outros ficam em espera. É mandatório o
Controle feito por um dispositivo digital uso de um seletor de sinais. É também
que executa todas as funções de detecção chamado de controle override.
de erro e atuação no elemento final de Controle Cascata é um sistema de
controle. controle com duas malhas fechadas, em
que a saída de um controlador (primário) é
Controle Liga-Desliga o ponto de ajuste de outro controlador
(secundário).
Um sistema de controle com duas Controle Faixa Dividida é um sistema
posições, em que um dos dois valores de controle em que o controlador atua em
discretos é zero. É um sistema simples de dois ou mais elementos finais de controle.
controle onde a saída do controlador só É também chamado de split range.
pode estar ligada (alta) ou desligada
(baixa) e consequentemente o elemento
final de controle está totalmente aberto
(100%) ou fechado (0%). O controle liga-

50
Terminologia

Controle Relação de Vazões é um Controle Realimentação Negativa


sistema de controle em que o controlador
Controle em que a variável medida é
recebe n medições de vazão e atua em
(n – 1) elementos finais de controle para comparada com seu valor desejado para
manter constante a relação entre as produzir um sinal de erro de atuação que
age de tal modo a reduzir o tamanho do
vazões.
erro.
Controle Processo
Controle Supervisório
O controle de processo é a regulação
Controle em que as malhas de controle
ou manipulação das variáveis que afetam a
operam independentemente, sujeitas a
operação do processo, de modo a obter
um produto com qualidade desejada em ações corretivas intermitentes. Exemplo de
controle supervisório é o sistema com os
quantidade eficiente. É o balanço dos
pontos de ajustes variados por uma fonte
fluxos de energia (pressão e temperatura)
externa.
e de material (vazão e nível).
Conversor
Variável não Variável Instrumento que transforma uma forma
controlada controlada
TC TT de energia elétrica em outra.
Conversor A/D que transforma um a
Temperatura
ambiente tensão ou corrente de entrada analógica
em um sinal digital proporcional.
Conversor D/A que transforma um sinal
Saída
Vapor digital, geralmente de um computador, em
uma tensão ou corrente de saída analógica
Variável Carga proporcional.
manipulada
Coriolis
Produto Força Coriolis é uma pseudoforça
TE dependente da velocidade em relação a
Condensado um sistema que está em rotação com
Distúrbio relação a um sistema inercial de
referência; é igual e oposta ao produto da
Fig. 1.4.13. Terminologia da malha de controle massa da partícula onde a forma age e sua
aceleração de Coriolis.
Efeito Coriolis é a deflexão relativa à
Controle Preditivo Antecipatório superfície da terra a qualquer objeto
movendo acima da terra, causada pela
Controle em que a informação referente força Coriolis. Um objeto se movendo
a uma ou mais condições que podem horizontalmente é defletido para a
afetar a variável controlada são esquerda, no hemisfério Sul.
convertidas, fora de qualquer malha de O medidor de vazão tipo Coriolis
realimentação negativa, em ação corretiva determina a vazão mássica a partir do
para minimizar os desvios da variável torque em um tubo que sofre uma vibração
controlada. externa.
O uso do controle preditivo
antecipatório não afeta a estabilidade do
sistema, pois ele não é parte da malha de
realimentação negativa que determina a
estabilidade.

Fig. 1.4.14. Medidor de vazão Coriolis

51
Terminologia

Correção características mais comuns são: linear,


abertura rápida e igual percentagem.
Diferença algébrica entre o valor ideal e
a indicação do valor medido. É a
Dedicado
quantidade que adicionada algebricamente
à indicação dá o valor ideal. Um instrumento executa uma função
Correção positiva denota que a relacionada com uma única variável de
indicação do instrumento é menor que o processo; um instrumento corresponde a
valor ideal. uma malha e uma malha corresponde a
correção = valor ideal – indicação um instrumento. Cfr. Compartilhado.

Corpo Negro Default


Um corpo ideal que absorve toda a Um valor automaticamente usado, a
radiação incidente e não emite nenhuma. não ser que seja especificado outro
(Conceito utilizado na medição de diferente.
temperatura com radiação)
Densidade
Correlação Variável de processo ou grandeza
A interdependência ou associação física que consiste na relação da massa
entre duas variáveis de natureza sobre volume. A unidade SI é kg/m3 .
quantitativa ou qualitativa. A correlação Embora exista instrumento que meça
pode variar de –1 (correlação inversa), 0 diretamente densidade, na prática de
(não há) a 1 (correlação total). Instrumentação é mais comum medir
densidade através da pressão e
Corrosão temperatura do fluido do processo.
Destruição gradual de um metal ou liga
Desvio (drift)
devido a processos químicos como
oxidação ou a ação de agente químico. A Uma variação indesejável na relação
corrosão pode ser eliminada ou diminuída saída-entrada durante um período de
pela escolha criteriosa dos materiais em tempo. O ponto de desvio é a variação na
contato. saída durante um período especificado de
Erosão é a perda de material ou tempo para uma entrada constante, em
desgaste de uma superfície provocada determinada condição de operação de
pela alta velocidade de um fluido. referência. Os pontos de desvio clássicos
A corrosão é de origem química; a são os de zero e de amplitude de faixa.
erosão é física. Expressão típica: o desvio no meio da
escala para a temperatura ambiente (24 ±
Cristal piezoelétrico 1 oC ), para um período de 48 horas, é de
±0,1% da amplitude de faixa da saída.
Um sensor elétrico de pressão que
Desvio permanente (offset) é a
gera uma tensão proporcional à pressão
aplicada na entrada. Cfr. strain gage. diferença estável entre o ponto de ajuste e
a medição de um controlador Proporcional,
quando há alteração da carga do processo
Característica, Curva
ou do ponto de ajuste do controlador. O
Uma curva (gráfico) que mostra os desvio permanente pode ser eliminado
valores ideais em regime ou uma saída de manualmente ou automaticamente, através
um sistema como função de uma entrada, da ação integral.
com as outras entradas sendo mantidas
em valores constantes especificados. Detector
Dispositivo para usado para sentir a
Característica de Válvula
presença de um objeto, radiação ou
Relação em percentagem da vazão e composto químico; chamado de elemento
abertura correspondente da válvula. As sensor.

52
Terminologia

Dew Point Digital


A temperatura e pressão em que um Propriedade que se refere ao sinal, função,
gás começa a se condensar em líquido. A tecnologia e display.
temperatura de dew point é aquela em que Sinal digital é aquele que só pode
o ar se torna saturado quando resfriado assumir determinados níveis, geralmente
sem adição de umidade ou mudança de dois: 0 ou 1. O sinal digital de comunicação
pressão; qualquer resfriamento adicional (protocolo) é um conjunto de bits (0 ou 1).
causa a condensação. HART é exemplo de um sinal digital.
Função digital é aquela que envolve
Diafragma contagem ou manipulação de pulsos.
Tecnologia digital é a baseada em
Um sensor de pressão que converte a
portas lógicas.
pressão em um pequeno deslocamento
Display digital é baseada em dígitos,
aproximadamente linear.
que substitui a escala e o ponteiro.
O instrumento que manipula sinais
Diagrama ladder digitais na sua entrada ou saída é
Diagrama consistindo de combinação chamado de instrumento digital. Cfr.
de entradas (contatos NA e NF de chaves Analógico.
manuais, chaves automáticas, relés) e de
saídas (bobinas de relés e de solenóides, Display
lâmpadas piloto, sirenes) colocados em
Representação visível da informação,
forma de degraus de uma escada,
em palavras, números, desenhos,
mostrando uma seqüência lógica de
monitores ou consoles de computador.
eventos e para ser rodado em um CLP.
Imagem da informação. Instrumento ou
Cfr. CLP.
painel acessível ao operador, para
apresentar alguma indicação, registro ou
contagem. Também chamado de read out.
Partida Parada

CR1 saída 1 Distúrbio


CR1-1 Uma variação indesejável que ocorre
em um processo que tende a afetar
CR1-2 LSH Vout-1 nocivamente o valor da variável controlada.
Vin saída 2
dp Cell
Vin-1 Vout-2
Um sensor de pressão que responde à
S saída 3 diferença na pressão entre duas fontes,
Vin-2 geralmente usado para medir vazão pela
pressão diferencial através de uma
TR1 saída 4
1800
restrição na tubulação. O transmissor d/p
CR1-3 Vin-3 TR1-2 cell possui um diafragma dp cell.
T
H saída 5

LSL TR1-2
Vout saída 6

Fig. 1.4.15. Diagrama ladder típico

Fig. 1.4.16. Aplicação típica do d/p cell

53
Terminologia

Driver Erro ambiental é o causado pela


variação na condição de operação
Uma seqüência de instruções de
especificada da condição de referência .
programa que controla um equipamento de Erro de amplitude de faixa é a
entrada-saída, como um acionador de diferença entre a amplitude real e a ideal.
disco. Às vezes, chamado de interface.
Um instrumento apresenta erro de
amplitude de faixa quando sua curva de
Elemento Final calibração tem inclinação diferente da
Elemento que varia diretamente o valor ideal.
da variável manipulada. Equipamento da Erro de atrito é devido à resistência ao
malha de controle que está em contato movimento apresentado pelas superfícies
com o processo, recebendo o sinal do em contato.
controlador. Normalmente, é a válvula de Erro de inclinação é a mudança na
controle com atuador pneumático; pode saída causada somente pela inclinação do
ser, também, cilindro, damper, válvula instrumento de sua posição normal de
solenóide. Cfr. Elemento sensor. operação.
Erro de tensão de montagem é
Eletrônico resultante da deformação de um
instrumento causada pela montagem e
Instrumento cuja alimentação é a conexões do instrumento.
tensão elétrica e cujo sinal padrão de Erro sistemático é aquele constante
transmissão de corrente é padronizado de em valor absoluto e sinal, quando se faz
4 a 20 mA cc. Cfr. Analógico, Digital e um grande número de medições nas
Pneumático mesmas condições e do mesmo valor de
uma dada quantidade. O erro sistemático
Elo de Comunicação pode ser eliminado ou diminuído pela
Circuito físico para ligar equipamentos calibração.
com a finalidade de transmitir e receber Erro de zero é o apresentado pelo
dados. instrumento operando sob condições
determinadas de uso quando sua saída
Equipamento está no valor inferior da faixa. instrumento
apresenta erro de zero quando sua curva
Um aparato para fazer uma de calibração não passa pela origem.
determinada função. Também chamado de
dispositivo.

Erro
A diferença algébrica entre o valor
medido de uma variável e seu valor ideal.
Neste caso é também chamado de
incerteza, desvio ou tolerância.
Um erro positivo denota que a
indicação do instrumento é maior que o
valor ideal.
erro = indicação – valor ideal
Em controle de processo, é o sinal de Fig. 1.4.17. Sensores de pressão
diferença entre a medição e o ponto de
ajuste do controlador. Espiral
Erro aleatório é aquele que varia seu
pequeno valor e sinal, quando se faz um Um sensor de pressão que converte a
grande número de medições nas mesmas pressão em um pequeno deslocamento
condições e do mesmo valor de dada aproximadamente linear. Elemento sensor
quantidade. O erro aleatório nunca pode mecânico que funciona sob deformação
ser eliminado e o seu tratamento elástica.
estatístico determina seus limites.

54
Terminologia

Estação Automático-Manual a) percentagem do valor medido real.


A expressão típica é ±1% do valor
Dispositivo que possibilita ao operador
medido.
selecionar um sinal automático ou um sinal
b) percentagem do fundo de escala. A
manual, como a entrada para um elemento
de controle. O sinal automático é expressão típica é ±1% do fundo da
normalmente a saída do controlador, escala ou limite superior da escala
enquanto o sinal manual é saída de um (URL – upper range limit).
c) percentagem da amplitude de faixa
dispositivo operado manualmente pelo
operador. É também chamada pelo seu (span). A expressão típica é ±1%
tag: HIC. amplitude de faixa.
d) percentagem do comprimento da
Estação Manual de Controle escala. A expressão típica é ±1%
o
C.
Instrumento cujo sinal de saída é Exatidão Medida é o desvio máximo
gerado arbitrariamente pelo operador. positivo e negativo observado no teste de
Pode ser independente do controlador um equipamento sob condições
automático ou pode estar acoplado a ele. especificadas e por um procedimento
Cfr. Controlador. específico. Geralmente é medida como
uma inexatidão e expresso como exatidão.
É tipicamente expressa em termos da
percentagem do valor medido ou
percentagem do fundo de escala.

Excitação
Alimentação externa aplicada a um
equipamento para sua operação. A
excitação sempre tem valores máximo e
Fig. 1.4.18. Estação manual de controle (HIC) mínimo, acima e abaixo do qual pode se
danificar ou degradar o desempenho do
instrumento.
Exatidão (accuracy)
Grau de conformidade de um valor Faixa
indicado com um valor padrão aceito Faixa é a região entre os limites dentro
reconhecidamente (valor ideal). Cfr. da qual uma variável é medida. A faixa é
Precisão definida por dois números: limite inferior e
Exatidão Especificada é o número limite superior. Assim, a temperatura é
que define um limite que os erros não para ser medida entre 20 e 100 oC , define
excederão quando um equipamento é a faixa da medição de temperatura.
usado sob condições de operação Amplitude de faixa é a diferença
especificadas. algébrica entre o limite superior e o inferior.
Quando as condições de operação não Assim, a temperatura na faixa de 10 a 100
são especificadas, devem ser assumidas o
C possui amplitude de faixa de 80 oC.
as condições de operação de referência. Faixa com zero elevado é aquela cujo
Como especificação de desempenho, a início (valor inferior) é menor que zero
exatidão (ou a exatidão de referência) deve (negativo); por exemplo de –20 a 100 oC,
ser assumida para significar a exatidão -100 a 0 oC ou -100 a –20 oC.
especificada do instrumento, quando Faixa com zero suprimido é aquela
usado nas condições de operação de cujo início é maior que zero (positivo); por
referência. exemplo de 20 a 100 oC.
A exatidão especificada inclui os efeitos
combinados de conformidade, histerese,
banda morta e repetitividade.
A inexatidão pode ser expressa por:

55
Terminologia

Falha Na medição de temperatura com RTD é


comum se usar três fios de ligação.
Condição causada pelo colapso,
quebra ou encurvamento, de modo que o
Flacheamento (flashing)
instrumento ou equipamento não mais
desempenhe sua função. Fenômeno indesejável da evaporação
Sistema de falha segura (failsafe) é do líquido (formação de bolhas de vapor),
aquele que vai naturalmente para uma que ocorre em interior de tubulações
condição segura, quando há falha no quando há diminuição da pressão ou
sistema. aumento da temperatura. O flacheamento
Válvula com falha fechada (FC - fail pode ocorrer no interior de elementos
close) é aquela com ação ar para abrir; em sensores de vazão, bombas, restrições e
caso de falha a válvula fica totalmente válvulas. Cfr. cavitação.
fechada.
Válvula com falha aberta (FO - fail Fole
open) é aquela com ação ar para fechar;
Um sensor de pressão que converte a
em caso de falha a válvula fica totalmente
pressão em um pequeno deslocamento
aberta.
aproximadamente linear.
Fator de Escala Foreground/background
O fator pelo qual o número de divisões
Um sistema de controle que usa dois
da escala do indicador ou do registrador
computadores, uma para fazer as funções
deve ser multiplicado para se obter o valor
de controle e o outro para aquisição de
da variável medida.
dados, avaliação do desempenho off-line,
operações financeiras, programações de
Fibra óptica produção. Qualquer um dos dois
Cabo (fio) de comunicação longo, fino, computadores pode fazer as funções de
de sílica fundida ou de outra substancia controle.
transparente, usado para transmitir a luz.
Também conhecido como guia de luz. Freqüência
Sensor de fibra óptica é um dispositivo
Número de ciclos completados por uma
em que a quantidade física a ser medida é
quantidade periódica na unidade de tempo.
feita para modular a intensidade, espectro,
A unidade SI de freqüência é hertz, que
fase ou polarização da luz de um diodo
é o inverso de segundo. Período é o
emissor de luz (LED) ou diodo laser
inverso de freqüência.
viajando através de uma fibra óptica. A luz
Freqüência também é o número de
modulada é detectada por um fotodiodo.
vezes um evento ocorre, durante
determinado intervalo de tempo. Por
Fieldbus exemplo, a freqüência de calibração de um
Protocolo digital para comunicação de instrumento é de duas vezes por ano.
instrumentos de campo, atualmente
suportado pela Fieldbus Foundation. Função
Uma regra matemática entre duas
Fio grandezas físicas, de modo que um valor
Condutor elétrico com resistência da primeira grandeza corresponda
teoricamente zero usado para interligar exatamente um valor da segunda. Por
instrumentos ou componentes de circuito. exemplo, a saída de um sensor deve ser
Também chamado de cabo. função de sua entrada (variável medida).
A configuração mais usada em Em instrumentação, a função do
Instrumentação é com dois fios trançados, instrumento está relacionada com seu
onde são transportados simultaneamente o objetivo na malha de medição. As funções
sinal analógico, a alimentação e o digital. clássicas são: detecção, transmissão,
condicionamento, indicação, registro,

56
Terminologia

contagem, alarme, intertravamento e Hot Standby (Reserva a quente)


controle.
Sistema onde um equipamento digital é
Função de Transferência é a resposta
de um elemento da malha de controle de reserva do outro, onde o reserva
processo que especifica como a saída do acompanha o status do principal, podendo
assumir a função imediata e
equipamento é determinada pela entrada.
automaticamente. Embora apenas um dos
equipamentos esteja na função, o outro
Ganho
está idêntico ao primeiro, podendo assumir
Ganho é a relação da variação da o comando a qualquer momento.
saída sobre a variação da entrada. Pode-
se definir ganho de instrumento individual, Impedância
do processo, da malha fechada ou fechada
Impedância elétrica é a oposição total
de controle.
que um circuito apresenta a uma corrente
Um sistema linear possui ganho
alternada; possui uma parte resistiva
constante; o ganho é variável no sistema
(resistência) e outra reativa (que pode ser
não linear.
Ganho é o inverso da banda capacitiva ou indutiva).
proporcional Em circuito de corrente contínua,
impedância equivale à resistência.
O ganho pode ser adimensional ou ter
qualquer dimensão.
Um controlador possui ganhos Indicador
ajustáveis das ações Proporcional, Integral Instrumento que sente uma variável de
e Derivativa processo e mostra o seu valor através do
conjunto escala e ponteiro (analógico) ou
Hardware (HD) de dígitos (digital). No indicador, apenas o
valor instantâneo da variável medida é
No contexto da informática, hardware
visualmente mostrado. Tag do indicador da
se refere ao equipamento físico associado
variável X é XI.
com o computador, como CI (circuito
integrado), placa de circuito impresso,
cabos, terminais. Cfr. software (SW).

HART
Acróstico de Highway Adressable
Remote Transducer. É um protocolo de
comunicação digital para instrumentos de
campo.

Hidrômetro
Fig. 1.4.19. Indicadores analógicos
Genericamente, instrumento que mede
vazão de líquidos. Em instrumentação, se
aplica geralmente a indicador local de Interface
vazão de água; às vezes o líquido não é
água. Alguma forma de dispositivo que
permite dois instrumentos incompatíveis se
Histerese comunicarem um com o outro.
Instrumentos compatíveis são ligados
A tendência de um instrumento dar diretamente, sem interface. Interfaces
uma saída diferente uma dada entrada, clássicas: transdutor i/p, e transdutor p/i,
dependendo se a entrada resulta de um que permitem a ligação de um instrumento
aumento ou diminuição do valor anterior. pneumático a um eletrônico. Também
Histerese é diferente de banda morta. chamada de driver.

57
Terminologia

Interferência eletromagnética
Qualquer efeito espúrio produzido no
circuito por campos eletromagnéticos
externos. A interferência pode ser
eliminada ou diminuída pela nova posição
dos equipamento ou por blindagem
elétrica.

Intertravamento
Fig. 1.4.20. Face de um instrumento virtual
Sistema lógico implementado em
hardware ou software para coordenar a
atividade de dois ou mais dispositivos,
Invólucro
onde a ocorrência de um evento depende
da existência prévia de outros eventos, de Estrutura que envolve os circuitos
ações do operador e da lógica instalada. constituintes de um instrumento,
O intertravamento deve garantir a garantindo sua integridade física e
operação segura da planta. O funcional. Há normas relacionadas com a
intertravamento é feito por controle lógico. escolha do invólucro, relacionadas com
Cfr. Alarme. sua integridade e a segurança do local.

Instrumentação IPTS
Coleção de instrumentos ou sua Escala Prática Internacional de
aplicação com objetivo de observação, Temperatura é a escala baseada em seis
medição ou controle. Área da Engenharia pontos, tomados em oC :
que trata dos equipamentos usados na a) Ponto triplo da água
detecção, transmissão, indicação, registro, b) ponto de ebulição da água
controle, alarme e intertravamento das c) ponto de ebulição do oxigênio
variáveis de processo. d) ponto de ebulição do enxofre
e) ponto de solidificação da prata
Instrumento inteligente f) ponto de solidificação do ouro
Instrumento a base de
Isolação
microprocessador, assim chamado porque
condiciona e manipula os sinais e Separação física entre partes de um
apresenta os resultados numa forma circuito ou sistema. A isolação evita a
amigável. A inteligência é aplicada a interação entre as duas partes. A isolação
sensores, transmissores, controladores e pode ser galvânica (transformador), relé ou
posicionadores de válvula. óptica (isolador óptico). Por exemplo, o
módulo de entrada do CLP possui isolação
Instrumento virtual entre sua entrada e sua saída.
Instrumento configurado e construído
Junta
dentro de um computador através de um
programa aplicativo específico. Sua Ponto de ligação entre dois fios ou dois
operação e características são idênticas a caminhos condutores de corrente. O
de um instrumento convencional, porém termopar possui duas juntas:
ele só existe dentro do computador. 1. junta de medição ou junta quente,
que é o ponto onde quer medir a
temperatura desconhecida.
2. junta de compensação, referência
ou junta fria, que deve estar em uma
temperatura constante e conhecida e
onde os fios estão ligados ao
instrumento de display.

58
Terminologia

Lâmpada Piloto Local de Risco (classificado)


Dispositivo que indica os estados de Porção da planta onde líquidos
operação de um sistema parado, combustíveis ou flamáveis, vapores, gases
operação, alarme, automático, manual . ou pós podem estar presentes no ar em
quantidades suficientes para provocar
LASER misturas explosivas ou ignitáveis.
Classificar uma área é lhe atribuir atributos
Acróstico de Amplificação de Luz por
relacionados com a Classe, Grupo e Zona.
Emissão de Radiação Estimulada (Light
Classe está relacionada com o tipo
Amplification by Stimulated Emission of
físico do material:
Radiation). Fonte de radiação, geralmente
1. Gás
nas faixas infravermelho, visível e
2. Pó
ultravioleta, caracterizada pela pequena
3. Fibra
divergência, coerência, monocromacidade
Grupo está relacionado com as
e alta colimação e potência.
características químicas do material. Por
exemplo, a Classe 1 possui os Grupos A,
Linear B, C e D.
Instrumento é linear quando sua saída Zona está relacionada com
varia na proporção direta da entrada. probabilidade de ocorrência do material no
Grandeza linear possui apenas uma local.
dimensão. Curva linear é aquela que se 1. Zona 0 é 100% de probabilidade
aproxima ou é igual a uma linha reta, 2. Zona 1 é alta probabilidade relativa
definida por dois pontos. Sistema linear 3. Zona 2 é baixa probabilidade
possui um desempenho uniforme. Escala relativa.
linear é aquela com divisões distribuídas
uniformemente. LVDT
Transformador Diferencial Variável
Linearidade Linear que mede deslocamento pela
Proximidade de uma curva relacionada conversão para uma tensão linearmente
com duas variáveis com uma linha reta. A proporcional.
linearidade é expressa em não linearidade.
É um dos parâmetros da exatidão Malha
especificada do instrumento. A linearidade
Conjunto de instrumentos interligados,
pode ser independente, baseada no
fisicamente ou por programação.
terminal e baseada no zero.
A malha pode aberta ou fechada, ativa
ou passiva.
A malha aberta é sem realimentação.
Exemplos: indicação ou registro de uma
variável (passivas). Outro exemplo:
atuação manual no processo (ativa).
A malha fechada tem um caminho de
sinal que inclui a malha de instrumentos e
o processo, onde o processo fecha a
malha. A malha de realimentação negativa
é sempre fechada.

Magnético, Medidor de Vazão


Sistema de medição de vazão de fluido
eletricamente condutor baseado na
Fig. 1.4.21. Área de risco ou classificada geração de uma força eletromotriz com
amplitude linearmente proporcional à
vazão volumétrica. O sistema consiste em
um tubo medidor e um transmissor de

59
Terminologia

vazão. O tubo medidor metálico possui um Modulação


revestimento isolante, bobinas de
O processo ou resultado do processo,
excitação e eletrodos de detecção.
onde alguma característica de uma onda é
variada de acordo com alguma
característica de outra onda.

Módulo
Um conjunto de peças interligadas que
constitui um equipamento ou instrumento
identificável. Um módulo pode ser
desligado, removido como uma unidade e
substituído por um reserva. O módulo
possui uma característica de desempenho
definida, que permite que ele seja testado
Fig. 1.4.22. Medidor magnético de vazão como unidade. Às vezes, o módulo é
chamado de cartão. Exemplos de módulos:
módulo de entrada e saída (I/O) de CLP ou
Manômetro de SDCD.
Genericamente, instrumento que mede
pressão. Em instrumentação, se aplica
Multiplexador
geralmente a indicador local de pressão. Instrumento, circuito ou dispositivo que
permite a seleção de um de vários canais
de dados analógicos sob o controle do
computador ou do sistema digital. O
multiplexador é parte integrante de um
sistema de aquisição de dados. O
multiplexador é também chamado de
modulador. O conjunto modulador-
demodulador é chamado de MODDEM.
Fig. 1.4.23. Manômetro
Não incenditivo
Medição Equipamento que em sua condição
Medição é a aquisição de informação normal de operação não provoca a ignição
na forma de resultado, acerca de estado, de uma atmosfera perigosa específica em
característica ou fenômeno do mundo sua concentração mais facilmente
externo, observado com auxílio de ignitável. Equipamento com classificação
instrumentos. A medição deve ser de não incenditivo só pode ser usado em
descritiva, seletiva e objetiva. A medição área segura e de Zona 2; não pode ser
pode ser quantitativa ou qualitativa. A usado em local de Zona 0 e Zona 1.
medição pode se aplicar à quantidade Também chamado de não faiscador (no
física e não física. sparking) Esta classe de proteção é
Em Instrumentação, o termo medir é simbolizada como ex-n.
vago e deve ser usado um termo mais
preciso como indicar, registrar ou totalizar. Nível
Variável de processo ou grandeza
Microprocessador física que consiste na altura da coluna
Um circuito integrado em larga escala liquida ou de sólido no interior de um
que tem todas as funções de um tanque ou vaso. O nível pode ser expresso
computador exceto memória e sistemas de em altura (m) ou percentagem.
entrada e saída, tais como: conjunto de
instrução, unidade lógica aritmética,
registros e funções de controle.

60
Terminologia

Normal P&I
Condições normal de temperatura e Acróstico de Process & Instruments (ou
pressão (CNTP) são: Piping & Instruments). É um diagrama
Temperatura = 0,0 oC esquemático que mostra os desenhos das
Pressão = 101,3 kPa tubulações e da instrumentação associada
para medição e controle.
Oscilação
Peso
Qualquer efeito que varia
periodicamente entre dois valores, subindo Variável de processo ou grandeza
e descendo. Oscilar é o mesmo que ciclar. física derivada igual ao produto da massa
Um controlador oscila ou entra em pela aceleração da gravidade local. Peso é
oscilação quando sua saída varia uma força, cuja unidade SI é o newton (N).
periodicamente entre dois valores O peso é medido através da balança.
extremos. Um pulso espúrio pode provocar Bomba de peso morto é um
a oscilação, que se mantém instrumento usado como padrão para
indefinidamente na malha fechada. calibrar instrumentos de pressão em que a
pressão hidráulica conhecida é gerada por
Otimização de Controle meio de pesos livremente balanceados
(mortos) colocados em um pistão
Controle que automaticamente procura
calibrado.
e mantém o valor mais vantajoso de uma
variável especificada, em vez de mantê-la
Pirômetro
igual ao ponto de ajuste.
Um sensor de temperatura baseado na
Padrão radiação eletromagnética emitida por um
objeto, que é função da temperatura.
Equipamento (instrumento), receita
(procedimento) ou material de referência
certificada usado como referência para a
calibração de uma quantidade física ou
outro instrumento.
Condição padrão (conforme ISO 5024):
Temperatura = 15,0 oC
Pressão = 760 mm Hg (101,3 kPa)
Condição padrão (conforme AGA –
American Gas Association):
Temperatura = 60 oF (15,6 oC)
Pressão = 762 mm Hg
Condição padrão (conforme CGI –
Compressed Gas Institute):
Temperatura = 68 oF (20 oC)
Pressão = 760 mm Hg
Célula padrão (Weston): fornece uma
tensão de 1,018 636 V, @ 20 oC
Gravidade padrão: 9,806 65 m/s2

Painel de Leitura (Display)


Painel frontal, com acesso ao operador,
com as escalas de indicações, registros e Fig. 1.4.25. Exemplo de um P&I
com os dispositivos de atuação, como
botoeiras, chaves e teclados.
Pitot
Tubo Pitot é um sensor que mede a
vazão volumétrica a partir da pressão de

61
Terminologia

estagnação e da estática de um fluido. Instrumento pneumático é alimentado


Chamado também de tubo de impacto. com ar comprimido (120 a 140 kPa) e
possui sinal padrão de transmissão de 20 a
pH 100 kPa (0,1 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psig).
Cfr. Eletrônico.
Atividade do íon H+ de um sistema. É
definido como –log aH+, onde aH+ é a
Poço termal
atividade do íon hidrogênio. Em solução
diluída, atividade é essencialmente igual à Receptáculo metálico onde é colocado
concentração. A solução de pH de 0 a 7 é o bulbo ou o elemento sensor de
ácida, igual a 7 é neutra e de 7 a 14 é temperatura, para possibilitar a sua
básica ou alcalina. colocação e retirada sem interrupção do
O potencial de óxido redução (ORP) ou processo. Tag: TW.
potencial redox é a diferença de tensão em
um eletrodo imerso em um sistema
reversível de oxidação e redução. É a
medição do estado de oxidação do
sistema.

Placa de orifício Fig. 1.4.27. Poços de temperatura


Tipo especial de restrição usada para
medir vazão de fluidos, gerando uma
pressão diferencial proporcional ao Ponto de Ajuste
quadrado da vazão. É o elemento sensor Valor da variável que o operador
de vazão mais usado, por causa da estabelece no controlador como referência
facilidade de calibração do sistema. Tag da ou ponto ideal de controle. O ponto de
placa: FE. ajuste é o valor desejado ou ideal para o
Quando a placa de orifício é tão controle. Também chamado de set point.
pequena (diâmetro menor que 2”), ela é Em controle a diferença entre o ponto
colocada diretamente na tomada de de ajuste e a medição é chamada de erro.
processo do transmissor, quando é
chamada de orifício integral. Posição
A placa de orifício pode ser usada para
diminuir vazão ou pressão em um sistema, Localização de determinado componente
quando é chamada de orifício de ou dispositivo. É comum a chave de
restrição (tag RO). posição ou chave fim de curso ou chave
limite, que é acionada quando determinada
peça mecânica atinge determinado ponto.
Em Automação, é comum usar chave de
posição para confirmar abertura ou
fechamento de válvula de controle.

Posicionador
Dispositivo acoplado à haste da válvula
de controle para garantir uma relação
Fig. 1.4.26. Placas de orifício biunívoca entre o sinal de saída do
controlador e a posição da válvula. Ele
recebe na entrada o sinal do controlador,
Pneumático gera um sinal padrão na saída e está
Sistema que emprega gas, geralmente mecanicamente ligado à válvula. O
ar comprimido, como portador da posicionador é um controlador de
informação e o meio para processar e posição.
avaliar a informação.

62
Terminologia

Pressão equipamento opera sob condições


normais.
Grandeza física ou variável de
Pressão de processo é a pressão em
processo definida como força por área e um ponto especificado no meio do
cuja unidade SI é o pascal (1 Pa = 1 N/1 processo.
m2)
Pressão de projeto é a usada no
Pressão absoluta é a pressão cujo
projeto de um vaso ou instrumento para
ponto de referência (zero) é o vácuo total.
determinar a espessura mínima
Pressão ambiente é a pressão que
permissível ou característica física das
envolve um instrumento. peças para uma dada máxima pressão de
Pressão atmosférica é a pressão trabalho (MWP), em uma dada
exercida na superfície da Terra pelos
temperatura.
gases que a circundam. A pressão
Pressão de ruptura, determinada por
atmosférica varia principalmente com a
teste, é aquela em que o equipamento se
altura. Também chamada de pressão rompe. O teste consiste em fazer o
barométrica. equipamento se romper.
Pressão diferencial é a diferença de
Pressão de suprimento é aquela
pressão entre dois pontos. São clássicas
aplicada à alimentação do instrumento
as medições de nível de líquido e de vazão
pneumático para fazê-lo operar.
de fluidos através da pressão diferencial. Pressão de surge é um pico de
Pressão dinâmica é a pressão que um pressão acima da pressão de operação
fluido móvel possui se ele é levado ao
que ocorre rapidamente em partidas de
repouso pela vazão isentrópica contra um
bombas, fechamentos de válvulas.
gradiente de pressão. Também conhecida
Pressão de vapor de um líquido é
como pressão de impacto, pressão de
aquela em que o líquido começa a se
estagnação ou pressão total. evaporar, a uma dada temperatura.
Pressão estática é a pressão em Pressão de vazamento (leak) é aquela
regime permanente aplicada a um
em que ocorre algum escape detectável
equipamento ou tubulação. Na tubulação,
em um equipamento.
é medida na parede interna, onde a
velocidade do fluido é zero. No elemento
de pressão diferencial, a pressão estática
está aplicada igualmente às duas Pressão manométrica
conexões.
Pressão manométrica é a pressão Pressão Atmosférica
cujo ponto de referência é a pressão Zero Relativo Pressão absoluta
atmosférica. Vácuo ou
Pressão máxima de trabalho (MWP –
maximum working pressure) é a máxima pressão manométrica negativa
Pressão atmosférica
permissível em um vaso ou equipamento,
sob qualquer circunstância durante a
Pressão absoluta
operação, a uma dada temperatura. É a
máxima pressão que pode ser aplicada a
Zero Absoluto
um processo ou equipamento. Por norma,
se estabelece o limite seguro para uso
regular. Pode-se chegar à MWP por dois
Fig. 1.4.28. Terminologia da pressão
métodos:
1. Projetada – por análise adequada
do projeto, com um fator de
Pressurização
segurança.
2. Testada – por teste de ruptura de Classe de proteção aplicada a
amostras típicas. ambiente, instrumento e equipamento
Pressão de operação é a pressão real elétrico, onde se aplica um gás inerte em
(positiva ou negativa) em que um uma pequena pressão positiva. A pressão
positiva interna impede a entrada de gases

63
Terminologia

inflamáveis ou explosivos no interior. Reação ao Processo


Também chamada de purga e é
Um método de determinação dos
simbolizada por ex-p.
ajustes ótimos do controlador quando
sintonizando uma malha de controle de
Procedimento
processo. O método é baseado na reação
Uma seqüência de ações escritas que de uma malha aberta a um distúrbio tipo
coletivamente mostram como uma degrau.
determinada tarefa deve ser feita.
Procedimento clássico: para calibração. Regime permanente
Uma característica de uma condição,
Processo
como valor, periodicidade, amplitude ou
Qualquer sistema composto de taxa de variação constante (com variação
variáveis dinâmicas, usualmente desprezível), durante longo período de
envolvidas em operações de fabricação ou tempo. É o contrário de transiente.
produção. Qualquer mudança física ou Chamado steady-state.
química de matéria ou conversão de
energia. Na prática, diz-se também do local Registrador
onde ocorre a mudança ou conversão.
Instrumento que sente uma variável de
processo e imprime o seu valor histórico
Protocolo
em um gráfico. O registro pode ser
Um conjunto de regras semânticas e analógico ou digital e pode ser visualmente
sintáticas (procedimentos) que permitem a indicado ou não. XR é o tag do registrador
comunicação digital entre dois de X.
instrumentos.

Prova de explosão
Equipamento, invólucro ou instrumento
que evita que uma explosão ou chama
interna se propague para o ambiente
exterior, devido à sua estrutura mais
Fig. 1.4.30. Instrumentos de leitura (Foxboro)
robusta e a pequenos espaçamentos entre
peças criticas. Também chamado de prova
de chama. Classe de proteção tipo ex-d.
Regulador
Um controlador em que toda a energia
necessária para operar o elemento final de
controle é derivada do sistema controlado.
É um conjunto de válvula (elemento final)
com o mecanismo de controle (onde se
tem o ajuste do ponto desejado de
controle). Os reguladores clássicos são de
pressão (o mais comum), temperatura e
vazão.
Fig. 1.4.29. Invólucro à prova de explosão Relé
Conjunto de bobina e contatores: os
contatos se alteram quando a bobina é
Prover (lê-se prúver) energizada. Dispositivo que liga, desliga ou
transfere um ou mais circuitos elétricos. O
Prover (lê-se prúver) é um sistema relé serve para isolar sinais de alto e de
usado para calibrar medidor de vazão, in baixo nível de potência. Em
situ. Pode ser balístico ou esférico.

64
Terminologia

Instrumentação, relé é o nome alternativo Resposta


para o computador analógico pneumático.
O comportamento da saída de um
instrumento em função da entrada, ambas
Repetitividade
relativas ao tempo. As entradas clássicas
A proximidade entre um número para se observar a saída são: rampa,
consecutivo de medições do mesmo valor degrau e senóide. A saída pode ter
de uma grandeza, sob as mesmas componentes em regime permanente
condições de operação. É usualmente (steady state) e transiente.
medida como não repetitividade e
expressa como repetitividade, em Ressonância
percentagem da amplitude de faixa. É um
dos parâmetros da precisão do A ressonância de um sistema ou
elemento é uma condição evidenciada por
instrumento. Na atual terminologia do
grande amplitude de oscilação, que resulta
INMETRO, mesmo que precisão.
quando uma pequena amplitude de
entrada periódica tem uma freqüência se
Reprodutitividade
aproximando da freqüência natural do
A proximidade entre um número sistema.
consecutivo de medições do mesmo valor
de uma grandeza, sob as mesmas Reynolds, número de
condições de operação, durante um
Número adimensional que relaciona as
período de tempo. É medida como não
forcas inerciais e viscosas de um
reprodutitividade e expressa como
escoamento de fluido. Está relacionado
reprodutitividade, em percentagem da
amplitude de faixa. É um dos parâmetros com o estado laminar ou turbulento da
da precisão do instrumento e inclui vazão. Na prática, é usado para verificar a
aplicabilidade de determinado medidor de
histerese, banda morta, desvio e
vazão.
repetitividade.

Reset RTD
Acróstico para Detector de
Reset (rearme) é a restauração de um
Temperatura a Resistência. Sensor de
equipamento de memória ou estágio
binário para um estado prescrito, temperatura de natureza elétrica que
fornece informação da temperatura quando
usualmente zero.
há variação na resistência de um fio
Chave do sistema de intertravamento
metálico como uma função da temperatura.
ou alarme que habilita o sistema para
O metal default é a platina (Pt 100).
voltar a funcionar.
Nome alternativo para a ação integral,
que elimina o desvio permanente do
controlador. Fig. 1.4.31. Sensor tipo RTD dentro do bulbo
A condição reset de um circuito flip flop
em que o estado interno é levado a zero.
O modo reset é considerado o modo de
condição inicial.

Resolução
A mínima variação detectável de
alguma variável em um sistema de
medição. O mínimo intervalo entre dois
detalhes discretos adjacentes que podem
ser distinguidos um do outro.

65
Terminologia

Rotâmetro intensidade luminosa (candela). A partir


destas unidades de base, pode-se criar
Um medidor de vazão baseado na
qualquer unidade derivada. O SI dá o
proporcionalidade da elevação de um estado oficial e recomendado para uso
deslocador em uma tubo graduado cônico, universal pela Conferência Geral de Pesos
arranjado verticalmente.
e Medidas.
Genericamente (e erradamente),
chama-se qualquer medidor de vazão de
Sinal
rotâmetro.
Rotâmetro de purga é um indicador de Variável física (visual, aural ou de outra
presença ou não de vazão de ar, usado em natureza) que contem a informação acerca
medição de nível de líquido de tanque com de outra variável. O sinal pode estar na
borbulhamento de ar comprimido. entrada ou na saída do instrumento.
Sinal analógico representa uma
variável que pode ser continuamente
observada e representada. O sinal
analógico é medido. O sinal de 4 a 20 mA
é analógico.
Sinal digital representa uma variável
através de um conjunto de valores
discretos, de acordo com uma regra
(protocolo). O protocolo HART é um sinal
digital.
Sinal binário representa uma variável
através de um bit, que pode ser 0 ou 1. A
saída de uma chave é um sinal binário,
Fig. 1.4.32. Rotâmetros de área variável pois ela só pode estar aberta ou fechada.
Sinal de pulsos representa uma
Ruído variável através de um conjunto de pulsos,
Um componente indesejável de um onde a informação pode estar na
sinal ou variável. O ruído deve ser da freqüência, amplitude, fase ou posição dos
mesma natureza que a do sinal. O ruído pulsos. Um pulso só pode ser contado e
pode ser expresso em unidades da saída não medido.
ou em percentagem da saída. A relação sinal/ruído (S/N – signal –
noise) expressa a qualidade do sinal;
Saturação quanto maior a relação, melhor é o sinal.
Em Instrumentação, existe um
A condição de um sistema em que o instrumento com a função de selecionar
aumento da entrada não produz mais sinal (e.g., o maior, o menor, o do meio).
aumento na saída, pois ela já atingiu seu
limite físico. A saturação pode ocorrer no Segurança intrínseca
máximo (mais comum) ou no mínimo. Em
controle de processo, um controlador com Classe de proteção em que o sistema e
ação integral pode saturar quando o erro a fiação são incapazes de liberar energia
da medição for muito demorado. elétrica ou termal, sob condições normais e
anormais, para causar ignição de uma
SI mistura atmosférica específica em sua
concentração mais facilmente ignitável. A
Símbolo do Sistema Internacional de segurança intrínseca se baseia em
Unidades, criado em 1960. SI é um colocação de barreiras de energia elétrica
sistema de unidades físicas em que as entre as áreas de risco e segura.
quantidades fundamentais são sete (com Equipamento intrinsecamente seguro
suas unidades): comprimento (metro), pode ser usado em área segura e de Zona
massa (kilograma), tempo (segundo), 0 a 2. Esta classe de proteção é
temperatura (kelvin), corrente elétrica simbolizada como ex-ia e ex-ib.
(ampere), quantidade de substância (mol),

66
Terminologia

Segurança aumentada aquisição de dados (geralmente feita por


Controladores Lógico Programáveis) e um
Equipamento ou instrumento que evita
sistema de computador digital de uso geral
o aparecimento de faísca interna, através onde é rodado um programa aplicativo
de um projeto e montagem especiais. para o controle supervisório.
Classe de proteção simbolizada como ex-e
e só permitida em ambiente de Zona 2
SDCD (Sistema Digital de Controle
(não pode ser usado em Zona 0 ou 1).
Distribuído)
Sensitividade Sistema digital de instrumentação que
executa funções de controle estabelecidas
Relação da variação da saída sobre a
e permite a transmissão dos sinais de
variação da entrada que causa a saída,
controle e de medição. As diferentes
depois que se atinge o estado de regime.
funções:
Também conhecida com ganho.
1. interface com o campo,
2. interface com operador,
Sensor
3. unidades de controle
Um dispositivo que converte uma 4. gerenciamento do controle
variável física, como pressão, vazão, nível, são distribuídas geograficamente e
análise e temperatura em uma quantidade interligadas por um sistema de
analógica mais amigável, geralmente comunicação. Possui uma poderosa e
mecânica (deslocamento) ou elétrica amigável interface Homem-Máquina.
(tensão ou resistência elétrica). Aplicado principalmente para controle de
O sensor não é um instrumento, mas é processos contínuos complexos.
um componente do instrumento, p. ex.., do
indicador, registrador, transmissor e
controlador. Geralmente o sensor está em
contato com o processo para detectar o
valor da variável.
Também chamado de elemento sensor,
elemento primário, probe, detector e
transdutor. XE é o sensor da variável X.
A entrada e saída do elemento sensor
são ambas não padronizadas. Cfr.
Elemento final.

Servomecanismo
Um dispositivo de controle automático Fig. 1.4.33. Console de operação de um
em que a variável controlada é a posição Sistema Digital de Controle Distribuído
mecânica ou qualquer uma de suas
derivadas no tempo.
Sistema de Controle
Sistema de Aquisição de Dados Um sistema em que a manipulação ou
Um sistema que faz a interface de atuação é usada para conseguir uma valor
muitos sinais analógicos, chamados predeterminado de uma variável.
canais, para um computador. Todas as Sistema de Controle Automático é
chaves, controles e conversões estão um sistema de controle que opera sem
incluídas no sistema. intervenção humana.
Sistema de Controle Multivariável é
SCADA (Supervisory Control And um sistema de controle utilizando sinais de
entrada derivados de duas ou mais
Data Acquision)
variáveis de processo com o objetivo de
Acróstico para Controle Supervisório e afetar conjuntamente a ação do sistema de
Aquisição de Dados. Sistema digital para controle.

67
Terminologia

Sistema de Controle Não Interativo é Temperatura absoluta é aquela


um sistema de controle com vários mensurável em teoria na escala de
elementos projetado para evitar distúrbios temperatura termodinâmica. A unidade SI
em outras variáveis controladas por causa é o kelvin (K). É a escala cujo 0 K
de ajustes na entrada do processo que são corresponde a –273,16 oC.
feitos com o objetivo de controlar uma Temperatura ambiente é a temperatura
determinada variável de processo. do meio envolvendo um equipamento.
1. Para equipamento que não gera
Software (SW) calor, é a mesma que a temperatura
do meio envolvendo o equipamento
Em informática, o software se refere
quando o equipamento não está
aos programas que fornecem as instruções
presente.
para o computador nas operações e
2. Para equipamento que gera calor, é
cálculos a serem feitos. Geralmente os
a mesma que a temperatura do
softwares são disponíveis em disquete,
meio envolvendo o equipamento
disco rígido ou CD-ROM, de onde podem
quando o equipamento está
ser instalados e carregados no
presente e dissipando calor.
computador.
3. Os limites da máxima temperatura
Quando o programa está gravado
ambiente permissível são baseados
permanentemente em um circuito, ele é
na hipótese que o equipamento em
chamado de firmware.
questão não esteja exposto a fonte
de energia radiante significativa.
Solenóide Temperatura do processo é a do meio
Bobina. A solenóide está geralmente do processo no elemento sensor.
associada a um conjunto de contatos (relé) Temperatura relativa é aquela obtida de
ou a um corpo de válvula (válvula pontos notáveis de mudança de estado de
solenóide). substância pura. As escalas clássicas são
a Celsius (não usar grau centígrado!) e a
Strain gage Farenheit. Estas escalas valem em relação
ao zero absoluto:
Ver Célula de Carga
0 K = -273,16 oC
0 oR = -459,69 oF
Tacômetro
Instrumento que mede a velocidade Tempo
angular de um eixo rotativo, em rotação
Dimensão do universo físico, em um dado
por minuto.
local, que ordena a seqüência de eventos.
É uma das sete unidades de base do SI,
Telemetria cuja unidade é o segundo (s).
Transmissão e recepção a distância de Tempo característico é o atraso de
sinais, através do ar, por meio de ondas de reposta de um sistema, quando a saída
rádio freqüência ou linha telefônica. leva para atingir aproximadamente 63% do
valor final, em resposta a um degrau
Temperatura aplicado na entrada. O tempo
característico é também chamado de
Uma propriedade de um objeto que constante de tempo do sistema.
determina o sentido do fluxo de calor Tempo derivativo é o tempo que a
quando o objeto é colocado em contato ação derivativa de um controlador PD se
termal com outro objeto: o calor flui de uma adianta da ação proporcional, quando se
região de mais alta temperatura para uma aplica uma rampa na entrada. O tempo
de mais baixa. Pode ser medida por uma derivativo é igual à ação integral. Cfr.
escala experimental (baseada em alguma Controle, ação derivativa.
propriedade ou por um instrumento) ou por Tempo integral é o tempo que a ação
uma escala de temperatura absoluta. A integral de um controlador PI leva para
temperatura é uma das sete grandezas de repetir a ação proporcional, quando se
base do SI.

68
Terminologia

aplica um degrau na entrada. O tempo momento da força ou momento de rotação.


integral é o inverso da ação integral. Cfr. A unidade SI é newton x metro (N.m). O
Controle, ação integral. produto escalar força x distância = trabalho
Tempo morto é o intervalo de tempo (N x m = J)
entre uma variação no sinal de entrada
para um sistema de controle e a resposta Transdutor
para o sinal. Durante o tempo morto o
Em Engenharia, qualquer dispositivo
processo está incapaz de responder a
que converte um sinal de entrada em um
qualquer estímulo na entrada.
sinal de saída de forma diferente.
Em Instrumentação, é o instrumento
Termistor
que converte o sinal padrão pneumático
Sensor de temperatura a semicondutor, em sinal eletrônico (P/I) ou vice-versa (I/P).
que converte a temperatura em resistência, Incorretamente chamado de conversor. A
geralmente não linear e com coeficiente entrada e saída do transdutor são ambas
termal negativo. padrão. Tag: XY.

Termômetro Transferível
Genericamente, instrumento que mede Característica do sistema que permite
temperatura. Em instrumentação, se aplica ao operador canalizar ou dirigir um sinal de
geralmente a indicador local de um instrumento para outro, sem
temperatura. necessidade de alterar a fiação. A
transferência pode ser por chave ou por
Termopar teclado.
Sensor de temperatura de natureza
Transiente
elétrica que produz uma tensão
aproximadamente linear e proporcional à Comportamento de uma variável
diferença da temperatura medida e uma durante a transição entre dois estados em
temperatura de referência conhecida. regime. Geralmente, o transiente é rápido.

Transmissor
Instrumento que sente uma variável de
processo e gera um sinal padrão eletrônico
ou pneumático proporcional ao valor da
variável. A entrada do transmissor é não-
padrão e a saída é padrão. Tag XT
Fig. 1.4.37. Sensores tipo termopar Transmissão é a transferência à
distância de sinais padronizados, feita
Teste, Ponto de através de fio (eletrônico) ou tubo
(pneumático).
Pontos acessíveis para a instalação
Os sinais padrão de transmissão são:
temporária e intermitente de instrumento
1. pneumático: 20 a 100 kPa
de medição, para fins de manutenção.
2. eletrônico analógico: 4 a 20 mA
3. eletrônico digital: HART (de facto)
Teste, Chave de Transmissor inteligente é o
Chave do sistema de intertravamento e transmissor a base de microprocessador e
alarme que, quando acionada, evidenciam- cuja saída única é um protocolo digital,
se as falhas de lâmpadas e verifica a como HART, Fieldbus ou FoxCom.
lógica do sistema. Transmissor híbrido é aquele com
duas saídas simultâneas: um protocolo
Torque digital e o sinal padrão de 4 a 20 mA cc.
Produto vetorial de uma força por uma
distancia. Também conhecido como

69
Terminologia

Válvula de Controle
Equipamento usado para regular a
vazão de fluidos em tubulações e
máquinas, recebendo o sinal de saída do
controlador e atuando na variável
manipulada. É o elemento final de controle
mais utilizado. Tag XV ou XCV.
Fig. 1.4.35. Transmissor eletrônico

Tubo de vazão (flow tube ou meter run)


Tubo metálico, com acabamento
especial e dimensões criteriosamente
escolhidas, usado para alojar um elemento
sensor de vazão, para melhorar a precisão
da medição.

Fig. 1.4.38. Válvula de controle (Fisher)

Fig. 1.4.36. Tubo de vazão ou meter run Válvula de segurança


Válvula acionada por mola e atuada
Turbina medidora de vazão pela pressão que permite o fluido escapar
Instrumento medidor de vazão baseado do recipiente pressurizado em uma
na geração de um trem de pulsos cuja pressão ligeiramente acima do nível
freqüência é linearmente proporcional à seguro de trabalho. Chamada de válvula
vazão volumétrica. de seguranca para líquido, quando abre
continuamente ou válvula de alivio para
gás, quando abre repentinamente. Tag:
Fig. 1.4.37. Turbina medidora de vazão PSV.

Vapor
Vapor é um gás à temperatura abaixo
da temperatura crítica, de modo que ele
pode ser liqüefeito por compressão, sem
baixar a temperatura. Sob o ponto de vista
termodinâmico, gás e vapor possuem o
mesmo significado prático.
O vapor d'água, água no estado
Umidade gasoso, é o fluido de trabalho mais usado
Ar é uma mistura de oxigênio, na industria para aquecimento, limpeza e
nitrogênio e vapor d'água. Umidade é a reação de processo. O vapor d'água é
quantidade de vapor d'água na atmosfera. gerado na caldeira.
As unidades de umidade são:
1. umidade relativa, de 0 a 100% Variável de Processo
2. dew point (ponto de saturação) ou Qualquer grandeza física mensurável,
temperatura do bulbo seco e como pressão, temperatura, nível, vazão e
molhado análise. Pode ser classificada como
3. relação de volumes ou de massas controlada, manipulada e carga do
Genericamente, o medidor de umidade processo.
é chamado de higrômetro.

70
Terminologia

Variável controlada é a regulada pela as massas de sua posição de equilíbrio. A


malha de controle. vibração resultante é uma tentativa das
Variável manipulada é a atuada no forças agirem nas massas para equalizá-
elemento final de controle, através do las.
controlador, para regular a controlada.
Geralmente é a vazão de um fluido. Viscosidade
Variável medida é a quantidade,
Variável de processo ou grandeza
propriedade ou condição que é medida. É
física que consiste na resistência que um
também chamada de mensurando.
gás ou líquido oferece para fluir quando é
Carga do processo são todas as
submetido a uma tensão de cisalhamento.
variáveis envolvidas que afetam a
Também conhecida como resistência à
controlada, exceto a controlada e
vazão ou atrito interno.
manipulada.
Visor de nível
Vazão
Indicador local e direto de nível, através
Variável de processo associada com
de uma escala transparente graduada. Tag
volume ou massa de fluido que passa por
do visor é LG (level glass).
um ponto durante determinado intervalo de
tempo. Vazão é o movimento contínuo de
fluido (gás, vapor ou líquido) através de
Vortex
uma tubulação fechada ou canal aberto. Medidor de vazão baseado na
Vazão também pode ser o movimento formação e medição da freqüência de
discreto de objetos sólidos através de uma vórtices provocados por um sensor de
esteira. canto vivo colocado no fluxo do fluido.
Em Instrumentação, a vazão pode ser
detectada (FE), transmitida (FT), indicada
(FI), registrada (FR), totalizada (FQ),
alarmada (FA) ou chaveada (FS).

Venturi
Tubo venturi é um elemento sensor de
vazão, com geometria definida, que produz
uma pressão diferencial proporcional ao
quadrado da vazão volumétrica.

Fig. 1.4.40. Medidor de vazão tipo vortex

Wheatstone, ponte de
Circuito eletrônico consistindo de 4
Fig. 1.4.39. Tubo medidor de vazão venturi resistências, de modo que, quando
balanceado (corrente em D nula), são
Vibração iguais os produtos das duas resistências
opostas (R1 x R4 = R2 x R3). É o circuito
Movimento periódico ou oscilação de um default para medir resistências e pequenas
elemento, equipamento ou sistema. tensões desconhecidas.
Variável de processo que é medida e
monitorada em sistema de proteção de
grandes máquinas rotativas.
A vibração é causada por qualquer
excitação que desloca algumas ou todas

71
Terminologia

R1 R2

E
D

R3 R4

Fig. 1.4.41. Circuito da ponte de Wheatstone

Ziegler – Nichols
Método de sintonia do controlador,
onde a determinação dos ajustes ótimos se
baseia na determinação do ganho
proporcional que causa instabilidade na
malha fechada.

Decaimento 4:1

Fig. 1.4.42. Resposta de controlador bem


sintonizado

Apostilas\Instrumentação Terminologia.DOC 10 DEZ 98

72
2
Funções

0. Introdução
1. Elemento Sensor
2. Condicionadores de Sinal
3. Transmissor
4. Indicador
5. Registrador
6. Computador de Vazão
7. Controlador
8. Válvula de Controle

73
2.0
Funções dos Instrumentos
Estas funções podem ser feitas por
Objetivos de Ensino um ou vários módulos.

1. Relacionar as necessidades e 1.2. Tipos de Medição


aplicações das medições das
variáveis, em controle, monitoração Há três procedimentos principais de
e alarme de processos industriais. medição:
2. Apresentar as principais funções da 1. medição direta
medição e controle: deteção da 2. comparação
variável, condicionamento do sinal, 3. substituição
apresentação dos dados e atuação Medição direta
no processo.
Como o nome sugere, esta é a forma
3. Mostrar os principais tipos de
mais simples de medição. Por exemplo,
instrumentos, pelo princípio de
se mede a voltagem escolhendo um
funcionamento, atuação,
medidor com a faixa correta de voltagem,
alimentação, natureza do sinal.
ligando-o nos terminais apropriados e
lendo a voltagem diretamente da posição
1. Instrumentos de Medição do ponteiro na escala ou nos dígitos do
display.
1.1. Introdução O método equivalente na pesagem é
tomar uma balança com mola, com a
Em Instrumentação, o termo medir é faixa correta, colocar nela o peso
vago e ambíguo. Normalmente, quando desconhecido e ler o deslocamento na
se fala medir, se quer dizer indicar o valor escala calibrada.
de uma variável. Porém, o mesmo termo Os dois métodos possuem várias coisas em
medir se refere a sentir. Mais ainda, comum. Ambos os métodos se baseiam no
medir pode incluir transmitir, registrar, comportamento de algum sistema físico (sensor e
totalizar, alarmar ou controlar. Embora a processador do sinal) para converter a quantidade
instrumentação trate dos instrumentos medida (sinal de entrada) em uma quantidade
medidores, não existe símbolo (tag) para observável (sinal de saída). Para o voltímetro, o
o medidor, mas para indicador (I), processo físico é a rotação da bobina móvel
transmissor (T), registrador (R), quando a corrente passa por ela. O balanço da
totalizador (Q), alarme (A) e controlador mola se baseia no deslocamento causado pela
(C) e condicionador (Y). força da gravidade no peso. Para os dois
Esta confusão aparece porque um instrumentos, é necessária uma calibração inicial
sistema completo de medição envolve as da posição do ponteiro, como uma função da
funções básicas de magnitude do sinal de entrada. Isto é feito
1. sentir a variável somente em
2. condicionar o sinal uma posição, tipicamente na deflexão de fundo de
3. apresentar o valor da variável. escala e a precisão da leitura em outros pontos
depende da linearidade da resposta do sistema. A

74
Funções dos Instrumentos
precisão contínua do instrumento entre as outro sistema físico para se obter o valor da
calibrações depende do valor pelo qual a resposta quantidade medida.
do sistema pode variar, devido ao envelhecimento
e outros efeitos. A precisão da medição direta
depende fundamentalmente do sistema físico
escolhido como transdutor e processador do sinal,
do número de vezes de calibração do sistema e da
qualidade do equipamento usado.

Fig. 2.1.2. Medição por comparação

É verdade que é necessário usar e se


usa um sistema de medição para indicar
a obtenção do balanço do nulo. O
Fig. 2.1.1. Medição direta sistema necessita apenas da leitura do
zero; ele não precisa ser calibrado nem
precisa dar uma resposta linear. O
Medição comparativa - balanço de sistema de medição deve ser calibrado
nulo ou ajustado somente quando as leituras
estiverem fora do equilíbrio.
O método comparativo de pesagem
deve ser muito familiar a todos. Usam-se Medição por substituição
dois pratos da balança para comparar os Como já visto, o método comparativo
pesos da massa desconhecida e da de medição é fundamentalmente mais
massa conhecida. Quando eles forem preciso do que o método correspondente
iguais, não haverá deflexão do ponteiro. de medição direta, por que se elimina o
Quando um for maior que o outro, haverá sistema de medição como meio de
uma deflexão para algum dos lados da interpretar o sinal de entrada sendo
balança. Tudo se resume a uma questão medido. Foi visto também que uma forma
de se ter pesos calibrados conhecidos limitada de sistema de medição era usar
para que se tenha a pesagem exata de o registro da posição do balanço do nulo.
qualquer massa desconhecida. Um método mais preciso ainda de
Não há necessidade de calibração. medição elimina qualquer efeito do
Em cada medição, a quantidade sistema de medição.
desconhecida é comparada diretamente Como exemplo, seja a balança
com uma quantidade conhecida. química com dois pratos, que fica
Uma situação similar pode ocorrer na medição balançada exatamente quando há a
elétrica. Pode-se produzir uma voltagem massa de 200 g em cada prato. Agora,
conhecida e então compará-la com uma voltagem se estes pesos forem removidos e um
desconhecida. A comparação real é feita usando- peso de apenas 1 g for colocado em
se um galvanômetro que detecta se há passagem cada prato, haverá ainda um balanço
ou não de corrente por ele. Quando as voltagens perfeito? Espera-se que sim. Porém,
forem diferentes, haverá passagem de corrente entre a primeira e a segunda medições
em alguns dos dois sentidos, dependendo do valor foram removidas 398 g do sistema e isto
relativo das voltagens. Quando elas forem iguais afetará as tensões e resistências
não haverá corrente pelo galvanômetro. Quando presentes nos braços, suportes e
se obtém a posição zero (nulo), garante-se que as ponteiro. É bem possível que haja uma
voltagens são exatamente iguais. Este método, pequena variação no comportamento do
chamado de balanço de nulo, é extremamente sistema, dando um erro na medição da 1
preciso porque ele não se baseia em qualquer g. Em uma balança mais precisa deveria
haver uma garantia que o peso total no

75
Funções dos Instrumentos
sistema não variasse, mesmo se forem desejado ou variando dentro de limites
medidos pesos de diferentes valores. Isto estreitos. Só se controla uma variável.
pode ser feito pelo método da Não se pode ou não há interesse em
substituição. controlar grandeza que seja constante.
Uma balança perfeita é obtida com os pesos O controle pode ser obtido
calibrados de 200 g no prato B. Um peso manualmente, quando o operador atua
desconhecido M é colocado no prato A. Para se no processo baseando-se nas medições
consiga um novo balanço, agora é necessário e indicações de grandezas do sistema. O
remover pesos do prato B. controle manual é de malha aberta e é
matematicamente estável.
Há várias técnicas e teorias para se
obter o controle automático de processos
industriais. A técnica básica e a mais
usada é através da malha fechada com
realimentação negativa (feedback), onde
1. mede se a variável controlada na
saída do processo,
2. compara-a com um valor de
Fig. 2.1.3. Medição por substituição referência e
3. atua na entrada do processo,
4. de modo a manter a variável
O peso removido de B é igual ao peso controlada igual ao valor desejado
desconhecido colocado no prato A, de ou variando em torno deste valor.
modo que este peso foi medido. Porem, o O controle automático com
que é significativo neste novo sistema é realimentação negativa pode se tornar
que o peso total na balança não foi mais complexo, envolvendo muitas
alterado. Tudo que aconteceu foi a variáveis de processo simultaneamente.
substituição de um peso desconhecido São casos particulares de controle a
por um peso conhecido e as condições realimentação negativa multi variável:
do sistema de medição (balança) não cascata, faixa dividida (split range) e
foram alteradas. Assim, a medição por auto-seletor.
substituição envolve a recolocação de Outra técnica alternativa é o controle
algo de valor desconhecido por algo de de malha fechada preditivo antecipatório
valor conhecido, sem alterar as (feedforward). Esta estratégia envolve
condições de medição. 1. a medição de todos os distúrbios
Por exemplo, seja a resistência de que afetam a variável controlada,
valor desconhecido em um circuito. Se 2. um modelo matemático do
ela é substituída por uma resistência de processo sob controle,
valor conhecido, R, de modo que a 3. a atuação em uma variável
voltagem e a corrente no circuito manipulada,
continuem exatamente as mesmas, então 4. no momento em que há previsão
o valor da resistência desconhecida é de variação na variável controlada
também igual a R. e antecipando-se ao aparecimento
do erro.
2. Aplicações da Medição 5. para manter a variável controlada
constante e igual ao valor
Os principais usos da medição em desejado,
processos industriais e operações são: Um caso particular e elementar de
1. controle controle preditivo antecipatório é o
2. monitoração controle de relação de vazões.
3. alarme. Atualmente, com a aplicação
intensiva e extensiva de instrumentação
2.1. Controle digital a microprocessador e com
Controlar uma variável de processo é computadores, há vários níveis de
mantê-la constante e igual a um valor estratégias de controle, como:

76
Funções dos Instrumentos
1. controle continuamente, analisam-se as
2. coordenação condições do processo e, em caso
3. otimização extremo, pode-se desligar o sistema, de
4. gerenciamento. modo automático ou manual, quando os
Ao nível do processo, no chão de limites críticos de segurança são
fábrica, há o controle de regulação atingidos.
automática, envolvendo as variáveis de
processo, dados de engenharia e com 2.3. Alarme
alta freqüência de atuações.
Em sistemas de controle e de
Acima do nível do controle de
monitoração é comum se ter alarmes.
processo, há o controle de coordenação,
Um sistema de alarme opera dispositivos
quando são estabelecidos os pontos de
de aviso (luminoso, sonoro) após a
ajustes dos controladores e é feita a
ocorrência de uma condição indesejável
supervisão do controle. Acima deste
ou perigosa no processo. O sistema de
nível, tem-se a otimização do controle,
alarme é usado para chamar a atenção
quando são usados e analisados os
do operador para condições anormais do
dados do processo, para o controle
processo, através de displays visuais e
estatístico.
dispositivos sonoros. Os displays visuais
Finalmente, no topo da pirâmide, tem-
geralmente piscam lâmpadas piloto para
se o controle de gerenciamento da
indicar condições anormais do processo
planta. Quanto mais elevado o nível,
e são codificados por cores para
maior o nível de administração e de
distinguir condições de alarme
complexidade. Quanto mais baixo e
(tipicamente branca) e de desligamento
próximo do processo, mais engenharia e
(tipicamente vermelha). Diferentes tons
menos complexidade.
audíveis também podem ser usados para
diferenciar condições de alarme e de
2.2. Monitoração
desligamento.
Monitorar é supervisionar um sistema, Um sistema de alarme possui vários
processo ou operação de máquina, para pontos de alarme que são alimentados
verificar se ele opera corretamente por uma única fonte de alimentação. O
durante sua operação. Em anunciador de alarme apresenta a
instrumentação, é comum usar informação operando em seqüência. A
instrumentos para medir continuamente seqüência descreve a ordem dos
ou em intervalos uma condição que deve eventos, incluindo as ações das chaves
ser mantida dentro de limites pré de alarme, lógica do anunciador, sinal
determinados. São exemplos clássicos sonoro, display visual e ação do
de monitoração: operador.
1. radioatividade em algum ponto de Tipicamente, cada seqüência tem
uma planta nuclear, quatro objetivos:
2. deslocamento axial ou vibração 1. alertar o operador para uma
radial de eixos de grandes condição anormal,
máquinas rotativas, 2. indicar a natureza da condição
3. reação química em reatores anormal (alarme ou desligamento),
através da análise de composição 3. requerer a ação de conhecimento
dos seus produtos. pelo operador
Um sistema de monitoração é 4. indicar quando o sistema retorna à
diferente de um sistema de controle condição normal.
automático porque não há atuação
automática no sistema, ou por 3. Sistema de Medição
incapacidade física de atuação ou por
causa dos grandes atrasos entre as Embora haja vários tipos de controle,
amostragens, medições e atuações. No vários níveis de complexidade, vários
sistema de monitoração, todas as enfoques diferentes, há um parâmetro
indicações e registros são avaliados em comum no controle, monitoração e

77
Funções dos Instrumentos
alarme do processo: a medição das básicos, que fazem parte de todos
variáveis e grandezas do processo. A instrumentos:
medição é fundamental. A base de um 1. elemento sensor ou elemento
controle correto é a medição precisa da transdutor, que detecta e converte a
variável controlada. entrada desejada para uma forma
mais conveniente e prática a ser
manipulada pelo sistema de medição.
O elemento sensor é também
chamado de elemento primário ou
transdutor. Ele constitui a interface do
instrumento com o processo.
2. elemento condicionador do sinal, que
manipula e processa a saída do
sensor de forma conveniente. As
principais funções do condicionador
de sinal são as de amplificar, filtrar,
integrar e converter sinal analógico-
(a) elemento sensor real desmontado digital e digital-analógico.
3. o elemento de apresentação do dado,
que dá a informação da variável
medida na forma quantitativa. O
elemento de apresentação de dado é
também chamado de display ou
readout. Ele constitui a interface do
instrumento com o operador do
processo.
Os elementos auxiliares aparecem em alguns
instrumentos, dependendo do tipo e da técnica
envolvida. Eles são:
(b) elemento e transmissor
1. elemento de calibração para
Fig. 2.1.4. Transmissor de temperatura com
fornecer uma facilidade extra de
sistema de enchimento termal
calibração embutida no
instrumento. Os transmissores
A instrumentação para fazer estas
inteligentes possuem esta
medições é vital para a indústria. O uso
capacidade de autocalibração
de instrumentação em sistemas como
incorporada ao seu circuito.
casa de força, indústrias de processo,
2. elemento de alimentação externa
máquinas de produção automática, com
para facilitar ou possibilitar a
vários dispositivos de controle,
operação do elemento sensor, do
manipulação e segurança revolucionou e
condicionador de sinal ou do
substituiu velhos conceitos. Os
elemento de display.
instrumentos tem produzido uma grande
3. elemento de realimentação
economia de tempo e mão de obra
negativa para controlar a variação
envolvida. Os sistemas de instrumentos
da quantidade física que está
agem como extensões dos sentidos
sendo medida. Este elemento
humanos e facilitam o armazenamento
possibilita o conjunto funcionar
da informação de situações complexas.
automaticamente, sem a
Por isso, a instrumentação se tornou um
interferência do operador.
componente importante das atividades
rotineiras da indústria e contribuiu
significativamente para o
desenvolvimento da economia.
Um sistema genérico de medição
consiste dos seguintes elementos

78
Funções dos Instrumentos

(a) instrumento desmontado (b) lateral

Fig. 2.1.6. Registro de temperatura a termopar ou


RTD

(c) Vista frontal do instrumento


Fig. 2.1.5. Indicador de pressão manométrica ou Em outro exemplo, no registro de
manômetro com bourdon C temperatura com termopar ou RTD, o
termopar ou o RTD (detector de
temperatura a resistência) é o elemento
Por exemplo, no indicador analógico sensor que detecta a temperatura a ser
de pressão com bourdon C, o elemento medida. A temperatura medida gera uma
sensor é o tubo metálico em forma de C. pequena tensão ou varia a resistência
A pressão a ser medida é aplicada elétrica do RTD. Esta pequena tensão ou
diretamente no sensor que sofre uma resistência é medida por um circuito
deformação elástica, produzindo um eletrônico chamado de ponte de
pequeno movimento mecânico. A entrada Wheatstone. A tensão ou a variação da
do sensor é a pressão e a saída é um resistência é linearmente proporcional à
movimento mecânico. Este pequeno temperatura medida. A ponte de
movimento é mecanicamente amplificado Wheatstone é um condicionador de sinal.
por meio de engrenagens e alavancas, Através de uma polarização externa e um
que constituem os elementos balanço de nulo, é possível determinar a
condicionadores do sinal. Finalmente, um tensão gerada pelo termopar ou variação
ponteiro é fixado na engrenagem e da resistência elétrica do RTD. O circuito
executa uma excursão angular sobre da ponte também processa o sinal
uma escala graduada em unidade de elétrico, amplificando-o, filtrando-o de
pressão. O conjunto escala e ponteiro ruídos externos e, no caso, convertendo-
constitui o elemento de apresentação de o para um sinal para o registro final da
dados. Este instrumento é analógico e temperatura. Este instrumento é
seu funcionamento é mecânico. Ele não eletrônico e a indicação é digital. A
requer alimentação externa, pois utiliza a apresentação de dados não é feita
própria energia da pressão para através do conjunto pena e gráfico do
funcionar. registrador.

Apostilas\Instrumentação 20Ffunção.doc 11 DEZ 98 ( Substitui 26 ABR 97)

79
Sensor

2.1
Elemento Sensor
elemento que mede a pressão diferencial
1. Conceito gerada pela placa é o secundário.
Em alguns processos o elemento
O elemento sensor não é um sensor pode estar protegido por algum
instrumento mas faz parte integrante da outro dispositivo, de modo que ele não fica
maioria absoluta dos instrumentos. O em contato direto com o processo. O selo
elemento sensor é o componente do de pressão e o poço de temperatura são
instrumento que converte a variável física exemplos de acessórios que evitam o
de entrada para outra forma mais usável. A contato direto do sensor com o processo.
grandeza física da entrada geralmente é Os nomes alternativos para o sensor
diferente grandeza da saída. são: elemento transdutor, elemento
O elemento sensor depende primário, detector, probe, pickup ou pickoff.
fundamentalmente da variável sendo
medida. O elemento sensor geralmente 2. Terminologia
está em contato direto com o processo e dá
a saída que depende da variável a ser De um modo geral, transdutor é o
medida. elemento, dispositivo ou instrumento que
Exemplos de sensores são: recebe a informação na forma de uma
1. o tubo bourdon que se deforma quantidade e a converte para informação
elasticamente quando submetido a para esta mesma forma ou outra diferente.
uma pressão, Aplicando este definição, são transdutores:
2. o strain gauge que varia a elemento sensor, transmissor, transdutor
resistência elétrica em função da corrente para pneumático (i/p) e
pressão exercida sobre ele; pneumático para corrente (p/i), conversor
3. o sensor bimetal que varia o formato eletrônico analógico para digital (A/D) e
em função da variação da conversor digital para analógico (D/A).
temperatura medida, A norma ISA 37.1 (1982): Electrical
4. o termopar que gera uma militensão Transducer Nomenclature and Terminology
em função da diferença de padroniza a terminologia e recomenda o
temperatura entre dois pontos; seguinte:
5. a placa de orifício que gera uma 1. elemento sensor ou elemento transdutor
pressão diferencial proporcional ao para o dispositivo onde a entrada e a
quadrado da vazão volumétrica que saída são ambas não-padronizadas e de
passa no seu interior. naturezas iguais ou diferentes.
Se há mais de um elemento sensor no 2. transmissor para o instrumento onde a
sistema, o elemento em contato com o entrada é não-padronizada e a saída é
processo é chamado de elemento sensor padronizada e de naturezas iguais ou
primário, os outros, de elementos sensores diferentes.
secundários. Por exemplo, a placa de 3. transdutor para o instrumento onde a
orifício é o elemento primário da vazão; o entrada e a saída são ambas
padronizadas e de naturezas diferentes.

80
Sensor

4. conversor para o instrumento onde a 14. Posição


entrada e a saída são ambas de 15. Potência
natureza elétrica mas com 16. Pressão e vácuo
características diferentes, como o 17. Queima (combustão)
conversor A/D (analógico para digital), 18. Radiação nuclear
D/A (digital para analógico), conversor 19. Temperatura
I/F (corrente para freqüência), conversor 20. Tempo
i/v (corrente para voltagem). 21. Tensão elétrica
O nome correto e completo do elemento 22. Torque
transdutor recomendado pela norma ISA 23. Umidade
37.1 (1982) inclui: 24. Vazão
1. o nome transdutor, 25. Velocidade
2. variável sendo medida, 26. Vibração
3. modificadora restritiva da variável, 27. Viscosidade
4. princípio de transdução, O segundo modificador do sensor se
5. faixa de medição, refere ao tipo ou à restrição da quantidade
6. unidade de engenharia. medida. Os exemplos incluem:
Exemplos de elementos sensores: 1. Absoluta (temperatura, pressão)
1. Transdutor, pressão, diferencial, 0 a 2. Angular (velocidade)
100 kPa, potenciométrico 3. Diferencial (pressão, tensão)
2. Transdutor, pressão de som, 4. Escalar (velocidade)
capacitivo, 100 a 160 dB. 5. Gauge (pressão)
3. Transdutor, aceleração, relativa, ±3 g. 6. Infravermelha (luz)
4. Transdutor de pressão absoluta a 7. Intensidade
strain gauge amplificador, 0 a 500 8. Linear
MPa. 9. Mássica (vazão)
5. 0-300 oC, resistivo, superfície, 10. Radiante
temperatura, transdutor. 11. Relativa (densidade, pressão)
12. Superfície
3. Modificadores 13. Total
14. Vetorial (velocidade)
Há quatro modificadores do sensor: 15. Volumétrica (vazão)
1. mensurando O terceiro modificador é o princípio de
2. tipo do mensurando transdução elétrico envolvido, como:
3. princípio elétrico 1. Capacitivo
4. características especiais 2. Eletromagnético
O mensurando ou quantidade medida 3. Indutivo
determina o nome do elemento sensor. 4. Ionizante
Embora as principais variáveis de processo 5. Fotocondutivo
sejam nível, pressão, temperatura e vazão, 6. Fotovoltáico
as possíveis variáveis medidas são: 7. Piezoelétrico
1. Aceleração 8. Potenciométrico
2. Análise (composição, pH) 9. Relutante
3. Atitude 10. Resistivo
4. Condutividade elétrica 11. Strain gauge
5. Corrente elétrica 12. Termelétrico
6. Deslocamento O quarto modificador do sensor se
7. Densidade refere a alguma característica especial ou
8. Força (peso) propriedade relevante do sensor. Ele serve
9. Fluxo de calor para dar mais detalhe ao nome. Exemplos:
10. Freqüência 1. Amplificador
11. Luz 2. Autogerador
12. Nível de líquido 3. Cápsula
13. Número de Mach (velocidade 4. Chave
relativa) 5. Colado

81
Sensor

6. Dobrável
7. Elemento exposto
8. Fole
9. Giro
10. Incremento discreto
11. Integrante
12. Saída ca (corrente alternada)
13. Saída cc (corrente contínua) 1. Espiral (b) Enchimento termal
14. Saída digital
15. Saída dual
16. Saída freqüência
17. Semicondutor
18. Servo
19. Soldável
20. Tubo bourdon
21. Turbina
22. Ultra-sônico (c). Placas de orifício
23. Vibrante Fig. 1.1. Elemento sensores mecânicos

3. Princípios de transdução
O elemento sensor mecânico não necessita
Conforme a natureza do sinal de saída, de nenhuma fonte de alimentação externa
os sensores podem ser classificados como: para funcionar; ele é acionado pela própria
1. mecânicos energia do processo ao qual está ligado.
2. eletrônicos Exemplos de elementos sensores
Praticamente, toda variável de processo mecânicos:
pode ser medida eletronicamente e nem 1. Espiral, para a medição de pressão;
toda variável pode ser medida 2. Enchimento termal, para temperatura;
mecanicamente. Por exemplo, o pH só 3. Placa de orifício, para a vazão
pode ser medido por meio elétrico. As
principais vantagens do sinal eletrônico 5. Sensores Eletrônicos
sobre o mecânico são:
1. não há efeitos de inércia e atrito, O elemento sensor eletrônico recebe na
2. a amplificação é mais fácil de ser entrada a variável de processo e gera na
obtida saída uma grandeza elétrica, como tensão,
3. a indicação e o registro à distância corrente elétrica, variação de resistência,
são mais fáceis. capacitância ou indutância, proporcional a
Durante o estudo das variáveis de esta variável.
processo, serão vistos com profundidade Há elementos sensores eletrônicos
os princípios mais comuns descritos ativos e passivos.
adiante. Os elementos ativos geram uma tensão ou
uma corrente na saída, sem necessidade
4. Sensores Mecânicos de alimentação externa. Exemplos:
1. cristal piezelétrico para a pressão
O elemento sensor mecânico recebe na 2. termopar para a temperatura
entrada a variável de processo e gera na 3. eletrodos para a medição de pH.
saída uma grandeza mecânica, como Os circuitos que condicionam estes
movimento, força ou deslocamento, sinais necessitam de alimentação externa.
proporcional à variável medida. Os elementos passivos necessitam de
uma polarização elétrica externa para
poder medir uma grandeza elétrica passiva
para medir a variável de processo. As
grandezas elétricas variáveis são: a
resistência, a capacitância e a indutância.

82
Sensor

Exemplo de elementos sensores passivos 1. pelo movimento de um dos


eletrônicos: eletrodos (placas), alterando a
1. resistência detectora de distancia d
temperatura 2. pela variação da área das placas
2. célula de carga (strain gauge) para 3. pela variação do dielétrico entre as
a medição de pressão e de nível, duas placas fixas.
3. bobina detectora para a transdução Atualmente, a maioria dos
do sinal de corrente para o sinal transmissores eletrônicos usa cápsulas
padrão pneumático. capacitivas para a medição de pressão
manométrica, absoluta ou diferencial.

∆C

(a) Placas móveis, dielétrico fixo

Fig. 1.2. Elemento sensor eletrônico de pH


∆C
Os elementos sensores eletrônicos
podem ser dos seguintes tipos:
1. capacitivo
2. indutivo
3. relutante
4. eletromagnético
5. piezoelétrico
6. resistivo
7. potenciométrico
8. strain gauge
9. fotocondutivo (b) Placas fixas, dielétrico variável
10. fotovoltáico
11. termelétrico Fig. 1..3. Transdução capacitiva
12. ionizante
5.2. Sensor indutivo
5.1. Sensor capacitivo O sensor indutivo converte a variável de
O sensor capacitivo converte a variável processo medida em uma variação da
de processo medida em uma variação da auto-indutância elétrica de uma bobina. As
capacitância elétrica. Um capacitor consiste variações da indutância podem ser
de duas placas condutoras de área A causadas pelo movimento de um núcleo
separadas por um dielétrico (ε) pela ferromagnético dentro da bobina ou pelas
distância d, conforme a expressão variações de fluxo introduzidas
matemática seguinte: externamente na bobina com núcleo fixo.
Há transmissores eletrônicos, a balanço
A de forças, que utilizam (ou utilizavam)
C=ε bobinas detetoras para a medição da
d pressão.
Assim, a variação de capacitância pode
ser causada

83
Sensor

Fig. 1.6. Transdução eletromagnética

∆L 5.5. Sensor piezoelétrico


O sensor piezoelétrico converte uma
Fig.2.4. Transdução indutiva variável de processo medida em uma
variação de carga eletrostática (Q) ou
5.3. Sensor relutante voltagem (E) gerada por certos materiais
O sensor relutante converte a variável de quando mecanicamente estressados. O
processo medida em uma variação da stress é tipicamente de forças de
voltagem devida a uma variação na compressão ou tração ou por forças de
relutância entre duas ou mais bobinas entortamento exercida no cristal
separadas e excitadas por tensão alternada diretamente por um elemento sensor ou por
(ou de duas porções separadas de uma um elo mecânico ligado ao elemento
mesma bobina). Esta categoria de sensor.
sensores inclui relutância variável,
transformador diferencial e ponte de ∆E
ou
indutâncias. A variação na trajetória da ∆Q
relutância é usualmente feita pelo
movimento de um núcleo magnético dentro
da bobina.

∆E
ou
∆Q

Tap
central ∆E
Fig. 1.7. Transdução piezoelétrica
(a) compressão ou tensão
(b) força de entortamento
Fig. 1.4. Transdução relutiva por transformador
diferencial 5.6. Sensor resistivo
O sensor resistivo converte a variável
5.4. Sensor eletromagnético de processo medida em uma variação de
O sensor eletromagnético converte a resistência elétrica. As variações de
variável de processo medida em uma força resistência podem ser causadas em
eletromotriz induzida em um condutor pela condutores ou semicondutores
variação no fluxo magnético, na ausência (termistores) por meio de aquecimento,
de excitação. A variação no fluxo feita é resfriamento, aplicação de tensão
usualmente pelo movimento relativo entre mecânica, molhação, secagem de certos
um eletromagneto e um magneto ou porção sais eletrolíticos ou pelo movimento de um
de material magnético. braço de reostato.

∆E

84
Sensor

∆R Wheatstone polarizada, de modo que a


saída é uma variação de voltagem.

∆R

Fig. 1.10. Transdução de strain gauge

A B
∆R
∆R Ex

∆E
C D

Fig. 1.8. Transdução resistiva 5.9. Sensor fotocondutivo


O sensor fotocondutivo converte a variável
5.7. Sensor potenciométrico
de processo medida em uma variação de
O sensor potenciométrico converte a resistência elétrica (ou condutância) de um
variável de processo medida em uma material semicondutor devido à variação da
variação de relação de voltagens pela quantidade de luz incidente neste material.
variação da posição de um contato móvel
(wiper) em um elemento resistivo, através
do qual é aplicada uma excitação. A
relação dada pela posição do elemento
móvel é basicamente uma relação de Luz ∆R
resistências.

Ex
+
- Ew L ∆
Ew
Ex

Luz ∆E

Fig. 1.11. Transdução foto condutiva


Fig. 1.9. Transdução potenciométrica

5.8. Sensor strain gauge 5.10. Sensor fotovoltáico


O sensor strain gauge converte a O sensor fotovoltáico converte a
variável de processo medida em uma variável de processo medida em uma
variação de resistência em dois ou quatro variação de tensão elétrica de um material
braços da ponte de Wheatstone. Este semicondutor devido à variação da
princípio de transdução é uma versão quantidade de luz incidente em junções de
especial da transdução resistiva, porém, certos materiais semicondutores.
ela envolve dois ou quatro sensores strain
gauges resistivos ligados em uma ponte de

85
Sensor

Fig. 1.12. Transdução fotovoltáica A qualidade da medição da variável


sendo controlada estabelece a linha de
referência do desempenho global do
5.11. Sensor termoelétrico sistema. É muito importante entender os
princípios físicos que permitem o sensor
O sensor termoelétrico converte a
converter a variável do processo em uma
variável de processo medida em uma
grandeza elétrica ou mecânica.
variação de força eletromotriz gerada pela
É fundamental estabelecer a exatidão,
diferença de temperatura entre duas
precisão, resolução, linearidade,
junções de dois materiais diferentes, devido
repetitividade e tempo de resposta do
ao efeito Seebeck.
sensor para as necessidades do sistema.
Um sensor especificado com precisão
insuficiente pode comprometer o
T1 T2 ∆E desempenho de todo o sistema. No outro
extremo, selecionar um sensor com
precisão exagerada e difícil de ser
conseguida na prática, não é justificado
para um controle que não requer tanta
Fig. 1.13. Transdução termelétrica
precisão.
5.12. Sensor iônico
O sensor iônico converte a variável de
processo medida em uma variação da
corrente de ionização existente entre dois
eletrodos.

(a) Esquemático

Fig. 1.14. Transdução ionizante

6. Escolha do sensor
O objetivo de um sistema de controle é
garantir uma correlação rigorosa entre a (b) Físico
saída real e a saída desejada. A saída real
é a variável de processo e a saída Fig. 1.15. Elemento de enchimento termal, com
desejada é chamada de ponto de ajuste. compensação de temperatura ambiente
Gasta se muita matemática, eletrônica e
dinheiro para se obter e garantir o
desempenho do sistema. Porém, por
melhor que seja o projeto matemático ou a
implementação eletrônica, o controle final
não pode ser melhor que a percepção da
variável do processo.

86
Sensor

7. Características Desejáveis do O sensor deve ser imune à


corrosão, erosão, pressão,
Sensor temperatura e umidade ambientes.
Em certos casos, o sensor do sinal de 10. o sensor deve ser facilmente
entrada pode aparecer discretamente em disponível e de preço razoável.
dois ou mais estágios, tendo-se o elemento
primário, secundário e terciário. Em outros
casos, o conjunto pode ser integrado em
um único elemento.
Algumas características desejáveis de
um elemento sensor que devem ser
consideradas em sua especificação e
seleção para uma determinada aplicação
são:
1. o elemento sensor deve reconhecer
e detectar somente o sinal da
variável a ser medida e deve ser
insensível aos outros sinais
presentes simultaneamente na
medição. Por exemplo, o sensor de
velocidade deve sentir a velocidade
instantânea e deve ser insensível a
pressão e temperatura locais.
2. o sensor não deve alterar a variável
a ser medida. Por exemplo, a
colocação da placa de orifício para
sentir a vazão, introduz uma
resistência à vazão, diminuindo-a. A
vazão diminui quando se coloca a
placa para medi-la.
3. o sinal de saída do sensor deve ser
facilmente modificado para ser
facilmente indicado, registrado,
transmitido e controlado. Por isso,
atualmente os sensores eletrônicos
são mais preferidos que os
mecânicos, pois são mais
facilmente manipulados.
4. o sensor deve ter boa exatidão,
conseguida por fácil calibração.
5. o sensor deve ter boa precisão,
constituída de linearidade,
repetitividade e reprodutibilidade.
6. o sensor deve ter linearidade de
amplitude.
7. o sensor deve ter boa resposta
dinâmica, respondendo rapidamente
às variações da medição.
8. o sensor não deve induzir atraso
entre os sinais de entrada e de
saída, ou seja, não deve provocar
distorção de fase.
9. o sensor deve suportar o ambiente
hostil do processo sem se danificar
e sem perder suas características. D:\APOSTILA\INSTCONT 21Sensor.DOC 11 DEZ 98 (Substitui 15 ABR 95)

87
2.2
Transmissor

1. Conceitos básicos 1.2. Justificativas do Transmissor


Antes do aparecimento do transmissor
pneumático, circa 1930, o controlador era
1.1. Introdução
conectado diretamente ao processo. O
Rigorosamente o transmissor não é controlador e o painel de controle deviam
necessário, nem sob o ponto de vista de estar próximos ao processo. O transmissor
medição, nem sob o ponto de vista de oferece muitas vantagens em comparação
controle. A transmissão serve somente com o uso do controlador ligado
como uma conveniência de operação para diretamente ao processo, tais como a
tornar disponíveis os dados do processo segurança, a economia e a conveniência.
em uma sala de controle centralizada, num 1. os transmissores eliminam a
formato padronizado. Na prática, por causa presença de fluidos flamáveis,
das grandes distâncias envolvidas, as corrosivos, tóxicos mal cheirosos e
funções de medição e de controle estão de alta pressão na sala de controle.
freqüentemente associadas aos sinais dos 2. as salas de controle tornam-se mais
transmissores. práticas, com a ausência de tubos
O transmissor é geralmente montado capilares compridos, protegidos,
no campo, próximo ao processo. Porém, compensados e com grande tempo
ele também pode ser montado na sala de de atraso.
controle, como ocorre com o transmissor 3. há uma padronização dos
de temperatura com o termopar ou com a instrumentos receptores do painel;
resistência elétrica. os indicadores, os registradores e os
controladores recebem o mesmo
sinal padrão dos transmissores de
campo.

Fig. 2.1. Transmissores para medição de nível Fig. 2.2. Transmissor montado em local hostil

88
Transmissor

1.3. Terminologia exemplo, os efeitos da temperatura


na medição de pressão).
O transmissor é também chamado
erradamente de transdutor e de conversor.
Transdutor é um termo genérico que
designa um dispositivo que recebe
informação na forma de uma ou mais
quantidades físicas, modifica a informação,
a sua forma ou ambas e envia um sinal de
saída resultante. Este termo é genérico e
segundo este conceito, o elemento
primário, transmissor, relé, conversor de
corrente elétrica para pneumático e a
válvula de controle são transdutores. Fig. 2.3. Elementos sensores de
Há uma norma na instrumentação, pressão
ANSI/ISA S37.1-1978 (R1982) que
estabelece uma nomenclatura uniforme e
consistente entre si e para elemento
sensor, transmissor, conversor, transdutor. Transmissor
O transmissor é o instrumento que
Elemento sensor converte um sinal não-padrão em um sinal
Elemento sensor é um dispositivo padrão de natureza igual ou distinta. O
integrante de um instrumento que converte transmissor sente a variável através de um
um sinal não-padrão em outro sinal não- sensor no ponto onde ele está montado e
padrão. Por exemplo, o bourdon C é um envia um sinal padrão, proporcional ao
elemento sensor de pressão, que converte valor medido, para um instrumento
a pressão em um pequeno movimento receptor remoto. É desejável que a saída
proporcional. Nem a pressão de entrada e do transmissor seja linearmente
nem o deslocamento do sensor são proporcional à variável medida e nem
padronizados. sempre há esta linearidade.
Todo transmissor possui um elemento Por exemplo: o transmissor eletrônico
sensor, que depende essencialmente da de pressão sente um sinal de pressão, por
variável medida. Atualmente além do exemplo, de 15 a 60 MPa, e o converte em
sensor da variável principal o transmissor um sinal padrão de corrente de 4 a 20 mA
inteligente possui outro sensor para medir cc e o transmite. Outro exemplo: o
a temperatura ambiente e fazer a transmissor pneumático de pressão
compensação de suas variação sobre a manométrica converte um sinal de
variável principal. pressão, e.g., de 60 a 100 MPa, em um
Já existe disponível comercialmente sinal padrão pneumático de 20 a 100 kPa
transmissor multivariável. No único (3 a 15 psi) e o transmite. Nos dois
invólucro do transmissor há vários exemplos, as faixas da pressão de entrada
sensores para medir simultaneamente a são não padrão mas as saídas dos
variável principal (vazão) e as secundárias transmissores eletrônico (4 a 20 mA) e
(pressão e temperatura do processo), pneumático (20 a 100 kPa) o são.
também para fins de compensação.
Neste contexto, tem-se: Transmissor sabido (smart)
1. Sensor primário é o sensor que Transmissor sabido é um transmissor
responde principalmente ao em que é usado um sistema
parâmetro físico a ser medido. microprocessador para corrigir os erros de
2. Sensor secundário é o sensor não linearidade do sensor primário através
montado adjacente ao primário para da interpolação de dados de calibração
medir o parâmetro físico que afeta de mantidos na memória ou para compensar
modo indesejável a característica os efeitos de influência secundárias sobre
básica do sensor primário (por o sensor primário incorporando um
segundo sensor adjacente ao primário e

89
Transmissor

interpolando dados de calibração Transdutor


armazenados dos sensores primário e O transdutor é o instrumento que
secundário. converte um sinal padrão em outro sinal
padrão de natureza distinta. Por exemplo:
transdutor pressão-para-corrente ou P/I
converte o sinal padrão pneumático de 20
a 100 kPa no sinal padrão de corrente de 4
a 20 mA cc e o transmite. O transdutor
corrente-para-pressão ou I/P, converte o
sinal padrão de corrente de 4-20mA cc no
sinal padrão pneumático de 20 a 100 kPa e
o transmite.
O transdutor i/p compatibiliza o uso de
um controlador eletrônico (saída 4 a 20
Fig. 2.4. Transmissor eletrônico (Foxboro) mA) com uma válvula com atuador
pneumático (entrada 20 a 200 kPa).
Elemento transdutor tem o mesmo
significado que elemento sensor ou
Transmissor inteligente elemento primário.
Transmissor inteligente é um
transmissor em que as funções de um
sistema microprocessador são
compartilhadas entre
1. derivar o sinal de medição primário,
2. armazenar a informação referente
ao transmissor em si, seus dados de
aplicação e sua localização e
3. gerenciar um sistema de
comunicação que possibilite uma
comunicação de duas vias
(transmissor para receptor e do
receptor para o transmissor),
superposta sobre o mesmo circuito
que transporta o sinal de medição, a
comunicação sendo entre o
transmissor e qualquer unidade de Fig. 2.5. Transdutor i/p, montado na válvula
interface ligada em qualquer ponto
de acesso na malha de medição ou Conversor
na sala de controle. O conversor é o instrumento que
O primeiro termo que apareceu foi transforma sinais de natureza elétrica para
smart (sabido), que foi traduzido como formas diferentes. Por exemplo: conversor
inteligente. Depois, apareceu o transmissor analógico/digital: transforma sinais de
intelligent, com mais recursos que o natureza analógica (contínuo) em sinais
anterior. Porém, já havia o termo digitais (pulso descontínuo). Mutatis
inteligente e por isso, no presente trabalho, mutandis, tem-se o conversor
traduziu-se smart por sabido e intelligent digital/analógico, que transforma sinal
por inteligente. Atualmente os dois termos, digital em analógico.
smart e inteligente, tem o mesmo Geralmente, o conversor A/D e D/A
significado prático. Por exemplo, Fisher está associado ao multiplexador, que
Rosemount usa o termo smart e a Foxboro converte várias entradas em uma única
usa o termo intelligent para o transmissor saída e o demultiplexador, que converte
com as mesmas características. Por uma entrada em várias saídas. O conjunto
consistência, o transmissor convencional conversor A/D e D/A e multiplexador e
não inteligente é burro (dumb). demultiplexador é também chamado de
Modem (MODulador DEModulador).

90
Transmissor

O transmissor inteligente, por ser digital


e receber um sinal analógico, tem
necessariamente em um conversor A/D em
Transmissor
sua entrada. O transmissor híbrido, que é
digital e possui a saída analógica de 4 a 20 Receptor
mA deve possuir em sua saída um
conversor D/A. Fonte

(a) Tipo. 2. Circuito com 2 fios

Transmissor

Receptor

Fonte
Fig. 2.6. Sinal analógico e digital

1.4. Transmissão do sinal (b) Tipo 3. Circuito com 3 fios


O sinal de transmissão entre
subsistemas ou dispositivos separados do
sistema deve estar de conformidade com a
norma ANSI/ISA SP 50.1 - 1982
(Compatibility of Analog Signals for Receptor
Electronic Industrial Process Instruments)
Esta norma estabelece, entre outras
coisas,
1. a faixa de 4 a 20 mA, corrente
continua, com largura de faixa de 16
mA, que corresponde a uma tensão
de 1 a 5 V cc, com largura de faixa (c) Tipo 4. Circuito com 4 fios
de 4 V
2. a impedância de carga deve estar Fig. 2.7. Consideração do tipo de transmissor
entre 0 e um mínimo de 600 Ω.
3. o número de fios de transmissão, de 1.5. Sinais padrão de transmissão
2, 3 ou 4.
4. a instalação elétrica Sinal pneumático
5. o conteúdo de ruído e ripple O sinal padrão da transmissão
6. as características do resistor de pneumática no SI é 20 a 100 kPa
conversão de corrente para tensão, (kilopascal) e os seus equivalentes em
que deve ser de (250,00 ± 0,25) Ω e unidades não SI: 3 a 15 psig e 0,2 a 1,0
coeficiente termal de kgf/cm2. Praticamente não há outro sinal
α ≤ 0,01%/oC, de modo que a tensão pneumático de transmissão, embora em
convertida esteja entre (1,000 a hidrelétricas onde se tem válvulas
5,000 ± 0,004) V enormes, é comum o sinal de 40 a 200 kPa
7. o resistor não deve se danificar (6 a 30 psi).
quando a entrada for de 10 V ou de
40 mA. Sinal eletrônico
O sinal padrão de transmissão
eletrônico é o de 4 a 20 mA cc,
recomendado pela International
Electromechanical Commission (IEC), em

91
Transmissor

maio de 1975. No inicio da instrumentação falhas no sistema, como falta de


eletrônica, circa 1950, o primeiro sinal alimentação ou fio partido no transmissor
padrão de transmissão foi o de 10 a 50 mA eletrônico ou entupimento do tubo, quebra
cc, porque os circuitos eram pouco do tubo, falta de ar de suprimento no
sensíveis e este nível de sinal não transmissor pneumático.
necessitava de amplificador para acionar Quando se manipula a tensão elétrica,
certos mecanismos; hoje ele é raramente pode-se ter e se medir a tensão negativa e
utilizado, por questão de segurança. portanto pode-se usar uma faixa de 0 a 10
Atualmente há uma tendência em V cc detectora de erro. Isto significa que o
padronizar sinais de baixo nível, para que 0 V se refere ao valor mínimo da faixa
se possa usar a tensão de polarização de medida e quando há algum problema o
5 V comum aos circuitos digitais. sinal assume um valor negativo, por
Existe ainda o sinal de transmissão de exemplo, -2,5 V cc. Esta faixa possui o
1 a 5 V cc, porém ele não é adequado pois zero vivo.
há atenuação na transmissão da tensão.
Usa-se a corrente na transmissão e a 2. Natureza do transmissor
tensão para a manipulação e
condicionamento do sinal localmente, Como há dois sinais padrão na
dentro do instrumento. instrumentação, também há dois tipos de
transmissores: pneumático e eletrônico
Relação 5:1
Todos os sinais de transmissão, 2.1. Transmissor pneumático
pneumático e eletrônicos, mantém a
O transmissor pneumático mede a
mesma proporcionalidade entre os valores
variável do processo e transmite o sinal
máximo e mínimo da faixa de 5:1, ou seja
padrão de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig),
proporcional ao valor da medição. A sua
100 kPa 20 mA 15 psi 5V alimentação é a pressão típica de 140 kPa
= = = =5
20 kPa 4 mA 3 psi 1V (20 psig). O mecanismo básico para a
geração do sinal pneumático é o conjunto
Esta proporcionalidade fixa facilita a bico-palheta, estabilizado pelo fole de
conversão dos sinais padrão, pelos realimentação.
transdutores. Para funcionar o transmissor
pneumático requer a alimentação de ar
Zero vivo comprimido, no valor típico de 140 kPa (22
Todas as faixas de sinais padrão de psi). O transmissor é alimentado
transmissão começam com números individualmente por um conjunto de filtro
diferentes de zero, ou seja os sinais regulador. O regulador pode ser fixo
padrão são 20 a 100 kPa e não 0 a 80 kPa, (ajustável na oficina) ou regulável pelo
4 a 20 mA cc e não 0 a 16 mA cc. Diz-se operador, no local.
que uma faixa com supressão de zero, ou Há dois princípios mecânicos básicos
seja partindo de número diferente de zero para o funcionamento do transmissor
é detectora de erro. Por exemplo, seja o pneumático:
transmissor eletrônico de temperatura com 1. balanço de forças e
faixa de medição de 20 a 200 oC. A sua 2. balanço de movimentos.
saída vale:
4 mA, quando a medida é de 20 oC,
20 mA, quando a medida é de 200 oC e
0 mA, quando há problema no
transmissor, como falta de alimentação ou
fio partido .
Se a saída do transmissor fosse um
sinal de 0 a 20 mA não haveria meios de
identificar o sinal correspondente ao valor
mínimo da faixa com o sinal relativo às

92
Transmissor

Fig. 2.9. Transmissor pneumático a balanço de


forças: (a) esquema e (b) vista externa
Fig. 2.8. Esquema típico de um transmissor
pneumático a balanço de forças (Foxboro) As principais vantagens são:
1. a robustez e a precisão da
operação, praticamente sem
Balanço de forças movimento e desgaste das peças,
O sistema é mantido estável, pelo 2. a opção da supressão ou da
equilíbrio das forças aplicadas a uma elevação do zero, necessária
barra. A variação na medição desequilibra medições de nível.
o sistema, alterando a posição da barra, As suas desvantagens são:
variando proporcionalmente o sinal 1. não há indicação local da variável
transmitido e retornando o sistema à transmitida, mas apenas a indicação
condição de equilíbrio. Como a posição da opcional do sinal de saída do
barra está relacionada com o equilíbrio ou transmissor,
balanço das forças atuando nesta barra, 2. a velocidade da resposta é lenta
este sistema é chamado de balanço de Os transmissores a balanço de força
forças. são genericamente chamados de d/p cell,
O diafragma sente a pressão do embora rigorosamente d/p cell seja uma
processo e através de um flexor, transmite marca registrada da Foxboro e se refira ao
uma força a barra de força. A barra de transmissor de pressão diferencial para
força funciona como a palheta em relação medição de vazão e de nível.
ao bico. A variável do processo modula a O transmissor pneumático a balanço de
distância entre o bico e a barra de forças. forças da Foxboro foi um dos mais bem
Através do mecanismo de transmissão sucedidos instrumentos da historia da
pneumática (relé pneumático, fole de instrumentação. O transmissor pneumático
realimentação, mola de ajuste de zero) era tão estável e repetitivo que, a partir
obtém-se uma saída padrão e estável de dele, foi projetado e construído o
20 a 100 kPa (3 a 15 psi), linearmente transmissor eletrônico, também a balanço
proporcional à pressão medida. Através do de forças.
deslocamento do volante que serve como
fulcro para o equilíbrio das forças e ajusta Balanço de movimento
a largura de faixa de medição. No sistema a balanço de movimentos,
a medição é sentida pelo elo mecânico,
que desequilibra o sistema bico-palheta.
Este desequilíbrio provoca variações no
sinal transmitido, até haver novo equilíbrio.
Na realidade há um balanço de posições
mas o sistema é referido como balanço de
movimentos.
O transmissor a balanço de movimento
permite a indicação local da medição; é
naturalmente um transmissor-indicador.

93
Transmissor

requer a alimentação, geralmente a tensão


contínua. Normalmente esta alimentação é
feita da sala de controle, através do
instrumento receptor (indicador,
controlador ou registrador), onde está a
fonte de alimentação. A alimentação é feita
pelo mesmo fio que porta o sinal
transmitido de 4 a 20 mA. Os conceitos de
fonte de tensão e de fonte de corrente
explicam porque se pode utilizar apenas
um par de fios para transportar tanto o
sinal de corrente como a alimentação de
tensão. A corrente só deve depender da
Fig. 2.10. Esquema de transmissor pneumático a variável medida e não deve depender da
balanço de movimentos (Foxboro) tensão de polarização. A tensão de
alimentação não pode ser afetada pelo
valor da corrente gerada.
A tensão de alimentação pode variar,
dentro de limites convenientes e depende
principalmente do valor do sinal transmitido
e do valor da resistência total da malha de
controle.

Fig. 2.11. Transmissor a balanço de movimento

As principais vantagens do transmissor


a balanço de movimentos são:
1. apresenta a indicação da medida, no
Fig. 2.12. Tensão de alimentação e impedância da
local de transmissão malha de transmissão eletrônica
2. opera com grande variedade de
elementos primários, pois a força Transmissor indutivo
necessária para atua-lo é pequena
No transmissor eletrônico a balanço de
(cerca de 2 gramas).
forças, o pequeno movimento provocado
As suas desvantagens são:
na barra de força é amplificado e posiciona
1. não apresenta a opção de
o núcleo móvel de uma bobina. Quando a
abaixamento e elevação de zero.
pressão varia, a barra de força se
2. sua operação é mais delicada e sua
movimenta e altera a posição do núcleo da
calibração é mais difícil e menos
bobina, variando a indutância. Através da
estável, por causa dos elos
variação da indutância um circuito
mecânicos e das partes moveis. .
condicionador gera o sinal padrão de 4 a
20 mA cc, proporcional a pressão medida.
2.2. Transmissor eletrônico
Este transmissor é chamado de indutivo,
O transmissor eletrônico mede a pois se baseia na variação do núcleo de
variável do processo e transmite o sinal uma bobina detectora. Atualmente, este
padrão de corrente de 4 a 20 mA cc transmissor foi substituído por outros
proporcional ao valor da medição. Ele

94
Transmissor

menores e melhores, como capacitivo, com para o diafragma sensor no centro da


fio ressonante e sensor CI. célula de pressão diferencial. O diafragma
sensor funciona como um elemento de
mola que deflete em resposta à pressão
diferencial aplicada através dele. O
deslocamento do diafragma sensor, um
movimento máximo de 0,10 mm, é
proporcional à pressão diferencial. As
placas de capacitor em ambos os lados do
diafragma sensor detectam a posição do
diafragma sensor. A capacitância
diferencial entre o diafragma sensor e as
placas do capacitor é então proporcional
Fig. 2.13. Transmissor a balanço de forças indutivo linearmente à pressão diferencial aplicada
aos diafragma isolantes. A capacitância é
detectada por um circuito ponte e é
Transmissor capacitivo convertida e amplificada para o sinal
No inicio dos anos 80, a Rosemount padrão, linear, a dois fios de 4 a 20 mA cc.
lançou o transmissor eletrônico capacitivo,
que se tornou um dos tipos de
instrumentos mais vendidos na
instrumentação.
O princípio de operação básico é a
medição da capacitância resultante do
movimento de um elemento elástico. O
elemento elástico mais usado é um
diafragma de aço inoxidável ou de Inconel,
ou Ni-Span C ou um elemento de quartzo
revestido de metal exposto à pressão do
processo de um lado e uma pressão de
referência no outro. Dependendo da Fig. 2.14. Célula δ capacitiva (Rosemount)
referência, pode-se medir pressão absoluta
(vácuo), manométrica (atmosférica) ou
diferencial. O sensor capacitivo tem precisão típica
A capacitância de um capacitor de de 0,1 a 0,2% da largura de faixa e com a
placas paralelas, é dada simplificadamente seleção de diafragmas, pode medir faixas
por: de 0,08 kPa a 35 MPa (3 in H20 a 5000
psi).
A Os transmissores capacitivos perdem
C=ε em popularidade apenas para os com
d
strain gauge e tem-se as seguintes
onde
vantagens
C é a capacitância
1. alta robustez e
ε é a constante dielétrica do isolante
2. grande estabilidade
entre as placas
3. excelente linearidade
A é a área das placas
4. resposta rápida
d é a distância entre as placas.
5. deslocamento volumétrico menor
Como a pressão pode provocar um
que 0,16 cm3 elimina a necessidade
deslocamento, ela pode ser inferida
de câmaras de condensação e potes
através da capacitância, que também
de nível
depende de um deslocamento.
Suas limitações, principalmente dos
Os diafragmas isolantes detectam e
transmissores capacitivos mais antigos,
transmitem a pressão do processo para o
são:
fluido de enchimento (óleo de silicone). O
1. sensitividade à temperatura
fluido transmite a pressão de processo
2. alta impedância de saída

95
Transmissor

3. sensitividade à capacitância parasita


4. sensitividade a vibração As vantagens deste transmissor são:
5. pequena capacidade de resistir à 1. boa repetitividade
sobrepressão 2. alta precisão
O transmissor eletrônico capacitivo da 3. boa estabilidade
Rosemount foi outro instrumento best 4. baixa histerese
seller da instrumentação. 5. alta resolução
6. sinal de saída forte
Transmissor fio ressonante 7. geração de um sinal digital.
O transmissor com sensor a fio As limitações incluem:
ressonante foi lançado no fim da década 1. sensitividade à temperatura
de 1970, pela Foxboro, que gosta muito de ambiente, requerendo compensação
fio, pois já havia aplicado o fio Nitinol, com embutida.
memória mecânica, para acionar ponteiros 2. sinal de saída não linear
e penas dos instrumentos de display do 3. alguma sensitividade à vibração e
sistema SPEC 200. Neste projeto, um choque.
circuito oscilador faz um fio oscilar em sua
freqüência de ressonância, enquanto a Transmissor com sensor a CI
tensão do fio é variada como uma função Os transmissores mais recentes
da pressão do processo. As pressões do utilizam o estado da arte da tecnologia
processo são detectadas pelos diafragmas eletrônica, com um sensor a circuito
de alta e baixa pressão, nos lados direito e integrado, com um chip de silício piezo-
esquerdo do sensor. Quando a pressão resistivo difuso.
diferencial aumenta, o fluido de Na fabricação deste sensor, boro é
enchimento transmite uma força difundido em uma estrutura de cristal de
correspondente ao fio, excitado por um silício para formar uma ponte de
campo magnético. O dano por Wheatstone totalmente ativa. Neste
sobrepressão é evitado pelos diafragmas processo de difusão, o boro e o silício são
sendo suportados por placas reservas. A unidos a um nível molecular, eliminado a
variação na tensão do fio modifica a necessidade de métodos mecânicos de
freqüência de ressonância do fio, que é solda, como usado nos sensores
então digitalmente medida. Configurações convencionais de strain gauge. Este
semelhantes são usadas na medição de processo resulta em sensores com
pressão absoluta e manométrica. Quando altíssima repetitividade e estabilidade,
usado para medir pressão absoluta, o lado somente conseguidas em instrumentos de
de baixa é coberto por uma capa e faz-se laboratório.
vácuo na cavidade da ordem de 0,52 Pa
(0,004 mm Hg).

Fig. 2.16. Circuito da ponte de Wheatstone

Fig. 2.15. Sensor de pressão a fio ressonante


(Foxboro)

96
Transmissor

A faixa de pressão de cada sensor de 3. necessidade de cabeamento


silício é determinada pela espessura do especial entre sensor e circuito
silício diretamente sob a ponte de amplificador.
Wheatstone. A espessura do diafragma de A aplicação típica do sensor
silício é determinada ataque químico na piezoelétrico é no medidor de vazão
parte traseira de cada chip sob a ponte vortex. É piezoelétrico o sensor que
para uma profundidade específica. O chip detecta a freqüência criada pelos vórtices
acabado é então colada a uma placa de de De Karmann.
pyrex ou alumina com suporte e isolação
do chip. Para medição de pressão
manométrica ou diferencial, faz-se um
buraco através do pyrex para acessar a
cavidade na parte traseira do chip. Isto
fornece uma referência da pressão
atmosférica para o sensor de pressão
manométrica e uma passagem para o lado
da baixa pressão do sistema de
enchimento de fluido para o d/p cell. Para a
medição de pressão absoluta, a cavidade
do chip é evacuada antes de colar a placa
de pyrex, fornecendo uma referência de
pressão absoluta. Fig. 2.17. Transmissor de vazão tipo vortex
O chip é então montado em um extrato (Foxboro)
de cerâmica ou aço inoxidável selado a
vidro. Conexões com fio de ouro
completam o conjunto, que é juntado ao 3. Transmissor e manutenção
pacote completo do sensor.
Diafragmas de isolação de vários Quanto à manutenção e independente
materiais resistentes a corrosão são do princípio de funcionamento ou da
soldados no lugar, sobre o chip sensor e variável medida, há quatro tipos básicos de
as cavidades entre o chip são cheias sob transmissores eletrônicos disponíveis
vácuo com óleo silicone DC-200 ou atualmente:
Fluorinert FC/B. Este processo isola 1. analógico descartável
totalmente o sensor de silício do meio da 2. analógico reparável
pressão sem um link mecânico. O 3. digital híbrido
diafragma de isolação também fornece a 4. digital inteligente
proteção de sobrefaixa para o sensor de
silício no d/p cell. 3.1. Transmissor analógico
descartável
Transmissor com sensor piezoelétrico
O sensor é um cristal de quartzo ou O transmissor analógico descartável
turmalina que, quando exposto a pressão possui saída analógica de 4 a 20mA cc e
ou força em torno do seu eixo, é um circuito encapsulado irrecuperável
elasticamente deformado. A deformação quando estragado. Quando o transmissor
produz uma força eletromotriz se danifica (o que os fabricantes
proporcional. asseguram ser raro) é integralmente
As vantagens do transmissor com substituído por outro. Sua confiabilidade é
sensor piezoelétrico são: expressa não em MTBF (tempo médio
1. pequeno tamanho entre falhas) mas em MTFF (tempo médio
2. robustez para a primeira falha).
3. alta velocidade de resposta Como vantagens, tem-se:
4. autogeração do sinal. 1. Baixo custo de aquisição, com
As desvantagens são: preços típicos entre US$50 a
1. limitado à medição dinâmica US$350,
2. sensitividade à temperatura

97
Transmissor

2. Baixo custo de reposição, pois é 3. Geralmente são mais frágeis e


mais barato substituir prontamente menos resistentes a ambientes
um transmissor do que mandar um hostis, o bloco terminal podendo se
instrumentista de manutenção a um quebrar quando submetido a abuso;
local distante para retirar do 4. Menos confiável, pois são usados
processo um transmissor defeituoso, projetos e circuitos mais baratos
levá-lo para a oficina, repará-lo, para torná-los mais competitivos.
levá-lo de volta para o processo e
reinstalá-lo. A substituição pré- 3.2. Transmissor analógico
configurada pode ser feita na convencional
primeira ida ao local do processo,
3. Pequeno tamanho, simplicidade e
O transmissor analógico convencional
transmissão a dois fios, possui saída padrão de 4 a 20 mA cc e
4. Facilidade de implementar técnica circuitos acessíveis para sua calibração e
de proteção, como segurança manutenção. Eles podem ser reparados e
intrínseca e não incenditivo, pois o ter suas faixas de calibração alteradas no
encapsulamento favorece a campo ou na oficina, pelo usuário final. Os
conformidade com exigências de seus preços variam de US$300 a
normas. US$500,00.

Fig. 2.20. transmissor convencional (Foxboro)


Fig. 2.18. Transmissor descartável de pressão
(Dynisco)
As suas principais vantagens são:
1. O transmissor convencional é
reparável, possuindo um invólucro
que protege os circuitos e permitindo
o seu acesso fácil e seguro aos
circuitos. Seus circuitos analógicos
são simples e é fácil achar os
Fig. 2.19. Transmissor de temperatura descartável defeitos e repará-los. A possibilidade
(Eckardt) de ser reparado torna o transmissor
convencional mais seguro e menos
caro para serviço em longo prazo.
As principais desvantagens e limitações 2. O transmissor é robusto, suportando
são: bem os rigores do processo, grande
1. A precisão é pior do que a dos vibração mecânica, alto calor e
outros tipos, pois o transmissor deve atmosfera agressiva
ter baixo custo, 3. O transmissor convencional pode ter
2. Pequena flexibilidade, pois o sua faixa alterada dentro de grandes
transmissor tem somente uma única limites. O transmissor de
entrada e faixa fixa de calibração e temperatura pode aceitar todos os
não são convenientes para tipos de termopares ou RTD de
aplicações que requerem alterações vários valores. Tipicamente as
freqüentes do processo, alterações de parâmetros são feitas
mecanicamente no campo ou na

98
Transmissor

oficina, ajustando-se
potenciômetros, alterando-se
posições de jumpers ou mudando
chaves DIP.
4. O transmissor analógico tem melhor
tempo de resposta que o do
transmissor digital e também se
recupera mais rapidamente, depois
de uma interrupção de alimentação.
5. Possui precisão melhor do que a do
transmissor descartável e pior do
que a do digital.
Como desvantagens, tem-se:
1. Menos estável e requer mais
calibração do que o transmissor Fig. 2.21. Instrumentação inteligente
digital, pois os ajustes mecânicos
feitos através de potenciômetros de
fio são pouco estáveis. 2. Mínimo de reserva: uma grande
2. Não são adequados para aplicações variedade de parâmetros de
com operação e comunicação operação pode ser armazenadas na
digitais, porém, para a maioria das memória do microprocessador do
aplicações o alto custo da transmissor digital. Um único
substituição dos transmissores transmissor pode ser
analógicos convencionais por eletronicamente programado para
digitais não se justifica substituir qualquer outro transmissor
do sistema. Facilidades com vários
3.3. Transmissor inteligente digital tipos de sensores e faixas de
medição permitem um menor
O transmissor inteligente digital tem um número de instrumentos reservas
microprocessador embutido em seu para reposição ou adição.
circuito e possui saída digital, apropriada 3. Altíssima precisão: melhor do que
para se comunicar com outros dispositivos qualquer outro transmissor.
digitais com o mesmo protocolo. Ele não Tipicamente, da ordem de 0,05 a
possui a saída padrão de 4 a 20 mA cc. 0,1% do fundo de escala.
Suas vantagens são: 4. Autodiagnose: a maioria dos
1. Recalibração remota: o transmissor transmissores digitais possui um
digital pode ser recalibrado sobre o programa de autodiagnose em sua
elo de dados digitais da sala de memória interna que
controle, através da estação de automaticamente identifica falhas do
operação, de um computador digital sensor e do transmissor. O pessoal
ou de um terminal portátil de manutenção de instrumentos
proprietário. Porém, isso é útil pode usar a informação fornecida
somente em plantas envolvendo pelas mensagens de erro enviadas
grandes distâncias e com variações do transmissor no campo para a sala
freqüentes no processo. Ele permite de controle para preparar a
alterações imediatas de parâmetros, substituição e reparo do instrumento.
sem perda de tempo e custo para O benefício é o menor tempo de
mandar um técnico a cada ponto de malha parada.
medição para fazer uma alteração 5. Segurança de comunicação:
manual. diferente do transmissor
convencional que tem um par de fios
para transportar o sinal seguro e a
perigosa alimentação, o sinal digital
pode ser comunicado através de
fibra óptica ou links de luz

99
Transmissor

infravermelha, que são seguros por O transmissor é simultaneamente


natureza. analógico e digital e o usuário experiente
pode tirar proveito das vantagens isoladas
de cada tipo, como as vantagens de
Fig. 2.22. Transmissor inteligente (Foxboro) padronização e resposta rápida da
transmissão analógica e as vantagens de
autodiagnose, facilidade de recalibração e
As principais desvantagens do alteração de parâmetros da parte digital do
transmissor digital inteligente são: transmissor.
1. Custo: embora os preços tendem a O planejamento correto da aquisição de
cair e se comparar aos do transmissores híbridos pode economizar
transmissor convencional, o preço investimentos quando se implanta uma
de aquisição do digital ainda é um instrumentação digital do sistema global. O
pouco maior do que o do transmissor híbrido pode substituir tanto
convencional um transmissor analógico como um digital
2. Não padronização do sinal digital: existente sem necessidade de qualquer
este é o maior obstáculo técnico componente adicional. Também é
para o uso extensivo do transmissor necessário pouco treinamento de
digital. Atualmente ainda existem operadores e instrumentistas, quando de
vários protocolos de comunicação sua integração no sistema.
digital proprietários, como HART,
Foxcom, Fieldbus. Até que se 4. Receptores associados
chegue a um consenso acerca do
protocolo de comunicação digital,
muitos usuários preferirão não usar 4.1. Instrumentos associados
o transmissor digital.
A transmissão é uma função auxiliar,
3. Tempo de resposta: o transmissor
opcional. Usa-se o transmissor quando se
de campo operando em baixa
quer a indicação, o registro ou o controle
potência tem dificuldade de operar
da variável de processo em um local
rapidamente a comunicação digital.
remoto do processo, geralmente na sala de
A resposta demorada é inerente
controle. Como conseqüência, o
para começar e completar uma
transmissor sempre requer outro
transação de comunicação digital.
instrumento para completar sua função:
Além disso, alguns transmissores
indicador, registrador, controlador, alarme
inteligentes tem grande tempo de
ou integrador de vazão.
recuperação após a perda da
alimentação, durante o que os
transmissores excedem a faixa por
cima ou por baixo, acionando
erradamente alarmes e causando
problemas para outros instrumentos
no sistema.

3.4. Transmissor híbrido analógico


digital
Como ainda hoje a maioria das
aplicações envolve o sinal padrão de
corrente de 4 a 20 mA cc e também por
causa da ausência de uma padronização Fig. 2.23. Controladores de painel
do sinal digital, muitos transmissores
digitais possuem simultaneamente os dois
sinais de transmissão:
1. analógico de 4 a 20 mA cc e
2. digital

100
Transmissor

Alguns transmissores podem ter uma 4.3. Transmissor como controlador


indicação local da variável medida. Outros
transmissores podem, opcionalmente, ter a Em alguns casos raros e simples, o
próprio transmissor pode funcionar como
indicação de sua saída, que é proporcional
um controlador limitado. Para que a saída
ao valor da variável medida.
típica do controlador
Há transmissores que podem medir
simultaneamente várias variáveis de de
s = s o + K p (m − sp ) + Ki ∫ edt + K d
processo e para tanto, eles possuem os dt
vários sensores destas variáveis
embutidos em seu corpo. A aplicação fique igual a do transmissor
clássica é na medição de vazão
compensada, onde e quanto se quer medir s = Km
simultaneamente o sinal proporcional à s = Km
vazão (pressão diferencial), pressão tem-se
estática e temperatura. O instrumento 1. com bias igual a zero, (so = 0)
receptor associado a este transmissor é o 2. com banda proporcional fixa e igual
computador de vazão. Todos estes a 100% (Kp = 1)
instrumentos envolvidos são 3. com ponto de ajuste igual a zero (sp
microprocessados. = 0),
4. apenas com o modo proporcional
4.2. Alimentação (Ki = Kd = 0).
O transmissor eletrônico montado no
campo sempre necessita de uma
5. Serviços associados
alimentação. Raramente esta alimentação Como os outros instrumentos, o
é fornecida por bateria integral, por transmissor deve ser especificado,
questão de economia e de segurança. O montado, calibrado rotineiramente e
comum é a alimentação do transmissor ser mantido em perfeitas condições de
fornecida por um instrumento montado na funcionamento.
sala de controle. Assim, além de receber o
sinal do transmissor, o instrumento 5.1. Especificação
receptor também alimenta o transmissor.
Alguns fabricantes possuem fontes de Na especificação do transmissor,
alimentação separadas, montadas na sala devem ser fornecidos os seguintes
de controle, para alimentar os parâmetros ao fabricante:
transmissores de campo, separadas e 1. a variável do processo a ser
independentes de outros instrumentos. transmitida,
2. o elemento sensor desejado, em
função da faixa, do processo, da
variável e do material,
3. o sinal padrão de transmissão e a
alimentação, como 20 a 100 kPa ou
3 a 15 psig (rigorosamente são
sinais diferentes, quanto a
calibração),
4. os materiais do corpo do
Fig. 2.24. Fiação do transmissor, receptor e fonte transmissor, dos parafusos, da
tampa e do elemento sensor,
5. a montagem: tubo de 2" (pipe),
pedestal (yoke), superfície ou painel,
6. a faixa calibrada da variável,
7. a conexão ao processo: rosca 1/2"
NPT, flange 150 psi, selo.
8. quando há contato direto com o
fluido do processo: tipo do material

101
Transmissor

quanto à corrosão, erosão, sujeira, 5.3. Configuração


temperatura e pressão estática,
9. identificação da malha do processo,
10. a classificação mecânica do
5.4. Operação
invólucro: NEMA ou IEC IP, O transmissor é geralmente um
11. a classificação elétrica do instrumento cego, montado no campo, que
instrumento, se elétrico e se não requer a atenção do operador. Quando
montado em área classificada: prova possui indicação da variável medida, ele
de explosão, purgado ou pode requerer a leitura periódica para
intrinsecamente seguro, entidade de comparação com a indicação do painel.
aprovação,
12. acessórios: conjunto filtro regulador, 5.5. Calibração
conjunto distribuidor (manifold),
indicação do sinal de saída ou da A calibração do transmissor garante sua
variável medida, exatidão. O transmissor é calibrado antes
13. opções extras, como materiais
de ser montado. Depois, ele deve ser
especiais em contato com o calibrado
1. quando programado pelo plano da
processo (Monel, Hastelloy,
qualidade (ISO 9000),
tântalo, preparação para manipular
2. depois da manutenção ou
oxigênio, cloro, hidrogênio, aplicação
3. quando requisitado pela operação.
em serviço nuclear, amortecimento
Calibrar um transmissor requer
maior que o normal, saída reversa,
1. local adequado,
aquecimento elétrico para evitar o
2. procedimento claro
congelamento, alta temperatura do
3. padrões rastreados
processo, selo de proteção, pontos
4. técnico treinado
de teste, proteção de sobre faixa.
5. registro documentado
6. prazo de validade
5.2. Instalação
A montagem do transmissor deve ser
feita conforme as recomendações do
fabricante, diagramas do projetista e
normas de engenharia aplicáveis, quanto
aos aspectos de corrosão, segurança,
localização e funcionamento.
A partida e comissionamento do
transmissor de pressão diferencial para
vazão e nível envolve algumas operações
seqüenciais recomendadas pelo fabricante,
que se não forem seguidas corretamente
podem danificar o transmissor ou
descalibrá-lo. Fig. 2.26. Calibração de transmissor (Rosemount)

Ambiente
Como o transmissor opera em
condições muito pouco exigentes (-40 a
+60 oC), raramente ele requer um
ambiente de calibração controlado. Porém,
o ambiente deve ser conhecido e as
condições de calibração (pressão,
temperatura e umidade relativa ambientes)
Fig. 2.25. Transmissor para vazão de gás devem ser registradas no relatório de
calibração.

102
Transmissor

Procedimento Prazo de validade


Procedimento de calibração não é Toda calibração possui um prazo de
simplesmente o manual do fabricante, mas validade, depois do qual o instrumento se
algo mais abrangente que inclui o manual torna não confiável. O prazo de validade é
do fabricante. O procedimento deve ser estabelecido pelo usuário, pois somente
escrito pelo executante e pode ser ele tem o domínio completo de todas as
copidescado (feita revisão para uniformizar informações e dados do instrumento e do
linguagem, arrumar estilo, eliminar erros processo. Este prazo considera o tipo de
vernáculos) pelo chefe. instrumento, recomendações do seu
O procedimento tem o objetivo de fabricante, severidade do processo,
garantir que a mesma pessoa, em tempos precisão do instrumento e penalidade da
diferentes ou pessoas diferentes ao não conformidade.
mesmo tempo, façam a mesma calibração Programa consistente de calibração
exatamente do mesmo modo. sempre prevê critério para administrar os
Procedimento que é usado geralmente prazos, aumentando e diminuindo os
sofre revisões periódicas. Quando algo intervalos, para que se trabalhe o mínimo
deve ser mudado, primeiro se muda o necessário com o máximo possível de
procedimento, com o consenso de todos eficiência. Há vários critérios de alteração
os envolvidos, e depois de muda o de prazos de validade de calibração; os
comportamento. mais conhecidos são o de Schumacher e o
de Grasmann.
Padrões
Todos os padrões usados na calibração Realização
devem ser rastreados, ou seja, calibrados A calibração do transmissor geralmente
contra outros padrões superiores e dentro consiste em
do prazo de validade. A rastreabilidade do 1. Simular a variável sentida, não a
padrão é que lhe dá a garantia que ele necessariamente a medida. Por
está confiável e fornece o valor verdadeiro exemplo, simula-se a militensão do
convencional. Se o padrão não estiver termopar e não a temperatura
rastreado e sua calibração estiver vencida, medida. Tipicamente são simulados
a calibração que ele faz não é confiável e os pontos correspondentes a 0, 25,
portanto é inútil. 50, 75, 100, 75, 50, 25 e 0% da
faixa. Sobe-se e desce-se para
Técnico treinado verificar histerese do transmissor.
O executante da calibração deve 2. Comparar os valores lidos com os
conhecer o instrumento que vai calibrar e valores pré-estabelecidos no
todos os cuidados e procedimentos relatório, conforme precisão do
envolvidos. Enfim, deve estar treinado transmissor,
especificamente para fazer a calibração. 3. Quando os valores lidos estiverem
Calibração feita por pessoa não fora dos limites, ajustar o
habilitada não é confiável. transmissor nos pontos de zero e de
largura de faixa (span). Com os
Registro ajustes, a saída do transmissor deve
Toda calibração deve ser registrada e ser igual a 20 kPa ou 4 mA cc para
os registros devem ser guardados por 0% da entrada e 100 kPa ou 20 mA
algum período estabelecido pelo cc, quando a variável assumir 100%
executante. Os registros referentes ao do valor do processo (ou vice-versa,
programa de qualidade (ISO 9000) devem quando a saída do transmissor for
ser disponíveis e acessíveis ao auditor. invertida). Os pontos intermediários
Outros registros podem ser acessíveis ao devem seguir a curva de calibração,
cliente comprador (transferência de geralmente uma reta.
custódia) ou algum fiscal do governo. 4. Quando os valores estiverem dentro
Calibração sem registro escrito é inútil. dos limites, não se faz nada, a não
ser desmontar o circo, arrumar o
transmissor e voltá-lo para o

103
Transmissor

processo. As pessoas não resistem 5.6. Manutenção


e geralmente fazem pequenos
ajustes, o que não está de Quando o transmissor apresenta algum
problema evidente de operação, ele deve
conformidade com o procedimento.
ser submetido à manutenção. Alguns
5. Quando o transmissor não gera os
transmissores também podem ser
sinais dentro dos limites, depois de
submetidos a programas de manutenção
um (ou dois, ou quantos o
executante definir) ajuste, o preventiva. A manutenção tem os objetivos
transmissor está com problema e principais de garantir:
1. a continuidade operacional do
requer manutenção.
instrumento, e como resultado, do
6. Depois de qualquer manutenção,
processo
todo instrumento deve ser calibrado.
2. a precisão nominal do transmissor.
Além destes pontos, que se aplicam a
todo transmissor, ainda se deve tomar os Com o tempo, o transmissor sofre
desvios que o fazem se afastar de
seguintes cuidados:
seu desempenho nominal e a
1. A calibração dos transmissores a
manutenção correta elimina estes
balanço de movimentos exige
desvios.
também os ajustes de angularidade.
2. Os transmissores de nível e de
Calibrar e fazer manutenção do
vazão, quando operaram em transmissor são operações totalmente
diferentes, embora haja algumas
pressões diferentes da atmosférica,
correlações como:
devem ser alinhados
1. Se um transmissor não consegue
dinamicamente.
3. A calibração do transmissor deve ser
ser calibrado, ele requer
feita na posição real de trabalho. manutenção.
2. Depois de qualquer manutenção, o
4. Transmissor inteligente requer
transmissor necessita ser calibrado.
calibrador especial proprietário
(também chamado de configurador,
comunicador, terminal portátil), que
também deve ser periodicamente
rastreado.

Fig. 2.27. Calibração de transmissor inteligente


através do Comunicador Hart (Rosemount)

Apostila\Instrumentação 22Transmissor. Doc 11 DEZ 98


(Substitui 20 SET 96)

104
2.3
Condicionadores de Sinal
A medição volumétrica dos gases só
1. Conceito tem significado prático quando se faz a
compensação da pressão estática e da
Há necessidade de se ter instrumentos temperatura do processo. Compensar a
com funções auxiliares para alterar o sinal medição da vazão significa medir os sinais
gerado pelo sensor e combinar analógicos proporcionais à vazão, à
matematicamente vários sinais padrão. pressão e à temperatura e continuamente
Como o sinal gerado pelo elemento sensor executar a seguinte equação matemática:
pode ser inadequado para ser usado pelo Como o volume do gás é diretamente
instrumento de display, é necessário proporcional à temperatura e inversamente
utilizar um instrumento para alterar este proporcional à pressão, na compensação
sinal para torná-lo mais conveniente para o fazem-se as operações inversas, ou seja:
uso no instrumento display. Esta alteração
pode ser linearização do sinal, filtro dos P
ruídos, amplificação do sinal. Fc = Fm
T
O computador analógico é o
instrumento que executa as operações
onde
matemáticas, a seleção dos sinais, o
Fc é a vazão compensada
alarme, o condicionamento e a geração de
Fm é a vazão medida, sem
sinais analógicos.
compensação
Ele pode ser pneumático ou eletrônico.
P é proporcional à pressão absoluta
Quando pneumático é também chamado
T é proporcional à temperatura
de relé pneumático ou relé computador. O
absoluta
computador analógico pneumático é mais
Quando o sistema de medição inclui a
limitado e pode manipular apenas um ou
placa de orifício, o sinal é proporcional ao
dois sinais de entrada. Quando eletrônico,
quadrado da vazão e a relação acima fica
ele pode manipular até quatro sinais
analógicos ao mesmo tempo.
P
Fc = Fm
2. Aplicações T
O computador analógico processa os
sinais de informação para desempenhar as Quando se usam computadores
funções matemáticas requeridas pelo pneumáticos, são necessários três
processo. instrumentos:
A aplicação típica dos computadores 1. extrator de raiz quadrada
analógicos é na medição compensada da 2. divisor
vazão. 3. multiplicador

105
Condicionadores de Sinal

3. Funções desenvolvidas
Os principais computadores analógicos
que desenvolvem operações matemáticas
são:
3.1. Multiplicador/divisor
A sua função matemática genérica é:

D = A.B/C

onde D é a saída e A, B e C são as entradas.

Fig. 3.1. Computador analógico pneumático Quando pneumático, o computador


analógico só pode receber dois sinais de
entrada e portanto, ele só pode executar
Na teoria, é indiferente a ordem das uma única operação, por vez. Através da
operações, mas na prática as operações alteração da posição do relé pneumático
devem ser feitas na seguinte ordem: ele pode ser :
1. No sistema com pequena variação
da pressão estática e grande multiplicador: D = A × B
variação na temperatura: primeiro A
se faz a multiplicação F.P e depois divisor: D =
C
a divisão por T.
2. No sistema com grande variação da extrator de raiz quadrada: D = A
pressão estática e pequena
variação na temperatura: primeiro elevador ao quadrado: D = A 2
se faz a divisão F/T e depois a
multiplicação por P. Quando eletrônico, ele pode executar
A regra mnemônica é: a variável que sofre as operações simultaneamente e através
pequenas variações é manipulada duas da alteração das entradas, realimentações
vezes e a que varia muito é operada da saída e colocação de jumpers, pode-se
apenas uma vez, de modo que os erros ter a combinação das operações de
resultantes são os menores possíveis. multiplicação, divisão, extração de raiz
O multiplicador e o divisor podem ser quadrada e elevação ao quadrado.
usados também no sistema de controle de
relação de vazões, quando os 3.2. Somador/subtrator
computadores servem para determinar o A saída do instrumento vale:
ponto de ajuste ou para modificar a vazão
medida. D = aA +- bB +-cC +-eE,
O seletor de sinais é o instrumento
chave para o controle auto-seletor; o onde
computador seleciona automaticamente a A, B, C e E são os sinais de entrada,
variável cujo valor está mais próximo do D é o sinal de saída,
valor critico de segurança. a, b, c e e são os ganhos das entradas.

3.3. Extrator de raiz quadrada


É o instrumento tipicamente aplicado
para linearizar o sinal de saída do
transmissor de vazão associado a placa de
orifício, quando se tem a saída do
transmissor proporcional ao quadrado da
vazão. Como visto, a extração da raiz
quadrada pode ser executada pelo

106
Condicionadores de Sinal

multiplicador/divisor, porem, 'e mais o de valor intermediário. O seletor de valor


econômico o uso do instrumento intermediário recebe três sinais de entrada
especifico. A saída do extrator vale: e seleciona o sinal do meio. O valor
intermediário entre três sinais não deve ser
D= A confundido com o valor médio de dois a
quatro sinais. Por exemplo, o somador
pode ser ajustado para dar a media dos
sinais.
3.6. Alarme
O alarme pode ser acionado
diretamente pela ação do ponteiro do
indicador e da pena do registrador em
microswitches ou pode ser realizado pelo
computador analógico, que recebe o sinal
analógico na entrada e muda o contato
elétrico da saída, quando o valor do sinal
atingir os limites críticos predeterminados.
Pode haver três tipos diferentes de alarme:
1. alarme absoluto, de máximo e/ou de
mínimo. A saída do modulo de alarme
muda de estado quando o sinal de
entrada atinge um valor pré-ajustado,
de máximo ou de mínimo.
2. alarme de desvio, aciona o contato
de saída quando os dois sinais
Fig. 3.2. Sinal linear e quadrático
variáveis da entrada se desviam de um
valor predeterminado. Este tipo de
alarme se aplica principalmente em
3.4. Caracterizador do sinal controle, quando os dois sinais
alarmados são a medição e o ponto de
É um instrumento que aproxima qualquer
ajuste; quando os sinais se afastam de
função matemática para vários segmentos
uma valor ajustado, o alarme é
de reta, com os pontos de inflexão e as
acionado.
inclinações dos segmentos ajustáveis. Sua
3. alarme de diferença é acionado
aplicação pratica é a linearização dos
quando o sinal se afasta de um sinal de
níveis de tanques de formatos não
referencia ajustável de um valor
lineares. Exemplos de tanques com
determinado.
formatos lineares: quadrados,
retangulares, cilíndrico em pé; exemplos
de não-lineares: esféricos, cônicos e
cilíndricos deitados. A curva (nível x
quantidade estocada) de um tanque
esférico tem um formato de S e pode ser
aproximada para vários segmentos de reta
através do caracterizador de sinal. Através
da medição do nível e do caracterizador,
pode-se determinar diretamente a
quantidade estocada.
3.5. Seletor de sinais
Este instrumento recebe de duas a quatro
entradas e seleciona automaticamente
apenas um sinal de entrada. Os seletores
mais usados são o de máximo ou mínimo e

107
Condicionadores de Sinal

3.7. Compensador dinâmico 4. Linearização da Vazão


O compensador dinâmico possui a
função de adiantar ou atrasar o sinal
aplicado a entrada. Ele é chamado de 4.1. Introdução
lead/lag e se aplica no controle preditivo Linearizar um sinal não-linear é torna-lo
antecipatório (feedforward). linear. Só se lineariza sinais não lineares,
aplicando-se a função matemática inversa.
3.8. Gerador de sinais
Por exemplo, lineariza-se o sinal
O computador analógico pode gerar quadrático, extraindo a sua raiz quadrada;
sinal na saída, sem sinal aplicado na lineariza-se o sinal exponencial, aplicando
entrada. A sua saída gera um sinal com seu logaritmo.
característica conhecida e ajustável, como A linearização pode ser feita de vários
a rampa universal, a tensão ajustável, o modos diferentes, tais como:
temporizador. 1. escolha da porção linear da curva,
3.9. Transdutor como na aplicação de medição de
temperatura por termopares. Cada
Genericamente, transdutor é qualquer tipo de termopar apresenta uma
dispositivo que altera a natureza do sinal região linear para determinada faixa
recebido na entrada com o gerado na de temperatura.
saída. Deste ponto de vista, o elemento 2. uso de uma escala não-linear, como
sensor, o transmissor, o conversor são na aplicação de medição de vazão
considerados transdutores. por placa de orifício. Como a placa
Em instrumentação, transdutor é o de orifício gera uma pressão
instrumento que converte o sinal padrão diferencial proporcional ao
pneumático no sinal padrão de corrente quadrado da vazão, usa-se uma
eletrônica (P/I) ou vice versa (I/P). Ele escala do indicador ou um gráfico
possibilita a utilização de instrumentos do registrador do tipo raiz
pneumáticos e eletrônicos na mesma quadrática, podendo ler diretamente
malha. Eles são chamados incorretamente o valor da vazão em unidades de
de conversores. engenharia. Quando se usam
Resumidamente, tem-se: termopares para medições de
1. elemento sensor, onde a entrada e a temperatura que incluem regiões
saída são ambas não-padronizadas, não-lineares, usam-se as escalas
2. transmissor, onde a entrada é não- especificas para cada termopar, tipo
padronizada e a saída é padronizada, J, K, R, S, T, E.
3. transdutor, onde a entrada e a 3. uso de instrumentos linearizadores,
saída são ambas padronizadas, como o extrator de raiz quadrada do
4. conversor, onde a entrada e a saída sinal de pressão diferencial
são ambas de natureza elétrica; tem-se proporcional ao quadrado da vazão,
conversor A/D (analógico para digital), gerado pela placa de orifício.
D/A (digital para analógico), conversor 4. uso de circuitos linearizadores,
I/F (corrente para freqüência). incorporados no transmissor (por
O transdutor serve de interface entre a exemplo, transmissor inteligente) ou
instrumentação pneumática e a eletrônica. no instrumento receptor (registrador
Como o elemento final de controle mais de temperatura a termopar).
usado é a válvula com atuador 5. uso de pontos de curva de
pneumático, o transdutor I/P é usado linearização, armazenados em
principalmente para casar a ROMs ou PROMs, como nos
instrumentação eletrônica de painel com a sistemas de linearização de baixa
válvula com atuador pneumático. vazão em sistemas com turbinas
medidoras de vazão. A não
linearidade da medição é devida a
viscosidade e densidade do fluido

108
Condicionadores de Sinal

(numero de Reynolds) e do tipo de correspondem a grandes variações na


detecção-geração de pulsos. vazão e em altas vazões, grandes
6. uso de programas (software) de variações da saída correspondem a
linearização em sistemas digitais, pequenas variações na vazão.
como nos computadores de vazão
ou sistemas digitais de aquisição de Tab. 3.1. ∆p x saídas
dados. Durante a configuração do
sistema, tecla-se o tipo de não- Medidor vazão Saída linear Saída raiz quad.
linearidade do sinal de entrada e o % saída % vazão % vazão
sistema automaticamente lineariza 0,0 0,0 0,0
o sinal. 1,0 1,0 10,0
10,0 10,0 31,6
4.2. Medidores Lineares e Não- 25,0 25,0 50,0
lineares 50,0 50,0 70,7
75,0 75,0 86,6
O medidor de vazão linear é aquele
100,0 100,0 100,0
cuja saída varia diretamente com a vazão.
Isto significa que uma dada percentagem
da saída corresponde `a mesma
percentagem de vazão. Matematicamente, A linearização do sinal quadrático é
tem-se: feita pelo computador analógico chamado
extrator de raiz quadrada, onde é valida a
vazão = K x saída seguinte relação:

São exemplos de medidores lineares: % saída = % entrada


1. turbina, cuja freqüência de pulsos é
linearmente proporcional `a vazão O extrator de raiz quadrada possui alto
volumétrica instantânea, ganho em pequenas vazões e pequeno
2. medidor magnético, cuja amplitude ganho em grandes vazões. Para contornar
da tensão variável é linearmente a grande instabilidade do instrumento em
proporcional `a vazão volumétrica manipular os pequenos sinais, são usados
instantânea, vários macetes:
3. vortex, cuja freqüência de pulsos é 1. a saída fica zero quando a entrada
linearmente proporcional `a vazão é pequena (menor que 10%),
volumétrica instantânea, 2. a saída fica igual a entrada quando
4. mássico, tipo Coriolis, cuja a entrada é pequena (menor que
freqüência de precessão é 10%),
linearmente proporcional `a vazão 3. calibra-se o extrator com o zero
mássica instantânea, levemente abaixo do zero
Quando a saída do medidor não verdadeiro, eliminando o erro em
corresponde linearmente `a vazão, o baixas vazões e tendo pequeno
medidor é não-linear. O medidor não-linear erro em grandes vazões.
mais comum é a placa de orifício, que
produz uma pressão diferencial
proporcional ao quadrado da vazão. Tem-
se as seguintes equações:

vazão = K × saída

saída = K' (vazão)2

Quando a vazão medida dobra de valor, a


pressão diferencial gerada aumenta de 4
vezes. Como resultado, em baixas vazões,
pequenas variações da saída

109
Condicionadores de Sinal

5. Compensação
onde o fator simplificado (P/ZT) compensa a
variação da pressão e temperatura (que determinam
5.1. Introdução a densidade), variando das condições nominais de
projeto para as reais de operação e calcula o volume
Em serviços de medição de gás, a
requerido nas condições nominais para provocar o
maioria dos medidores de vazão mede o
efeito da mesma vazão nas condições reais. Isto
volume real ou infere o volume real,
significa, por exemplo, que se P/ZT for 1,10, o gás
tomando como referência a vazão
nas condições reais é 1,10 mais denso do que o gás
volumétrica nas condições nominais de
nas condições nominais e 10% mais de gás vaza
operação. Quando as condições reais do
realmente através do medidor linear do que está
processo se afastam das condições
medido, assumindo as condições nominais de
nominais de projeto de operação, ocorrem
operação.
grandes variações no volume real,
Nas condições nominais de operação,
resultando em grande incerteza na
o fator (P/ZT) é usado para corrigir o
medição da vazão. Um modo de resolver
volume real antes que as não linearidades
este problema seria manipular a vazão
sejam compensadas. Assim, estes fatores
mássica, medindo-se a vazão volumétrica
são tratados do mesmo modo que a
e a densidade do fluido e usar a relação
densidade, nas equações do medidor.
Quando a vazão variar não linearmente
W=rxQ
com a densidade do gás, a vazão também
vai variar não linearmente com o fator
onde
P/ZT. Para o sistema com placa de orifício,
W é a vazão mássica
portanto, o fator de compensação é a raiz
Q é a vazão volumétrica
quadrada de P/ZT, pois a vazão
r é a densidade.
volumétrica é proporcional `a raiz quadrada
A medição da densidade de um fluido
da densidade.
vazando é relativamente cara, demorada e
A compensação da pressão e
pouco confiável e a prática mais comum é
temperatura usa a hipótese de o fator de
inferir o valor da densidade a partir dos
compressibilidade Z ser constante nas
valores da pressão estática absoluta e da
condições de operação próximas das
temperatura do processo, aplicando-se a
condições nominais e despreza os efeitos
lei do gás real.
da compressibilidade.
Tem-se:
Para se medir a vazão volumétrica compensada
usa-se a equação, para o medidor linear:
 Z  P  T 
Vf = Vn  f  n  f 
 Zn  Pf  Tn   Z  P  T 
Vf = Vn  n  f  n 
 Z f  Pn  Tf 
ou quando as condições nominais de operação são
conhecidas e podem ser resumidas em uma
e quando o fator de compressibilidade
constante matemática, a equação fica simplificada
nas condições reais não se afasta do fator
como:
nas condições nominais:

 Z × Tf 
Vf = K × Vn  f   P  T 
Vf = Vn  f  n 
 Pf 
 Pn  Tf 
Fazer a compensação da temperatura
Para um medidor com saída proporcional ao
e pressão reais do processo, que se
quadrado da vazão, tem-se a equação:
afastaram da temperatura e pressão
nominais é justamente multiplicar por
 P  T 
Vf = Vn  f  n 
Pf
 Pn  Tf 
Z f × Tf

110
Condicionadores de Sinal

Note-se que a equação da vazão Tab. 3.2. Erros da medição do gás sem
compensada é o inverso da equação da lei compensação de T
dos gases, justamente para eliminar os
efeitos da pressão e da temperatura. Ou Temperatura (oC) Erro (%)
seja, como a vazão volumétrica depende -20 -13
da pressão e temperatura de um fator -10 -11
(ZT/P), deve-se multiplicá-la por um fator -5 -7
de compensação (P/ZT) para se ter uma 0 -6
vazão volumétrica compensada. 5 -4
A operação de corrigir um erro fixo é 10 -2
chamada de polarização (bias) e a 15 0
compensação é a correção de um erro 20 +2
variável. 25 +4
30 +6
Quando somente se quer a 40 +8
compensação da pressão, pois a 45 +9
temperatura é se afasta pouco de seu valor 50 +10
nominal, assume-se um valor constante
igual ou diferente do nominal e o incorpora * Condição padrão (standard)
`a constante. (Cfr. Industrial Flow Measurement, D.W. Spitzer)
Quando a temperatura for constante e Tab. 3.3. Erros da medição do gás sem
diferente do valor nominal, em lugar de compensação da P
usar um medidor de temperatura para Pressão, Tolerância em torno da pressão nominal
fazer a compensação continua, aplica-se psig
um fator de correção na leitura do medidor. Psig 0,25 0,50 1 2 3
A compensação da pressão é 0,25 1,7% NA NA NA NA
implementada, multiplicando-se a pressão 2,0 1,5% 3,0% 6,1% 12,2% NA
5,0 1,3% 2,6% 5,2% 10,3% 25,8%
absoluta pela vazão medida e uma
10 1,0% 2,0% 4,1% 8,2% 20,5%
constante, antes de linearizar a saída do 20 0,7% 1,5% 2,9% 5,8% 14,5%
medidor. 50 0,4% 0,8% 1,6% 3,1% 7,8%
De modo análogo, quando a pressão é 75 0,3% 0,6% 1,1% 2,2% 5,6%
assumida constante e diferente do valor 100 0,2% 0,4% 0,9% 1,7% 4,4%
nominal, se aplica um fator para a leitura 125 0,2% 0,4% 0,7% 1,4% 3,6%
do medidor em lugar de usar um medidor
de pressão para a compensação. A (Cfr. Industrial Flow Measurement, D.W. Spitzer)
compensação da temperatura é
implementada, multiplicando-se a
temperatura absoluta pela vazão medida e 5.2. Condições normal, padrão e real
uma constante, antes de linearizar a saída
Na medição do fluido compreensível, é
do medidor.
mandatório definir as condições sob as
quais está sendo medida sua vazão
volumétrica. A mesma vazão de um fluido
compreensível pode ser expressa por
valores totalmente diferentes, em função
das condições especificadas.

111
Condicionadores de Sinal

As condições normal de pressão e 5.3. Compensação da Temperatura


temperatura (CNPT) são: de Líquidos
Temperatura : 0,0 oC (273,2 K) As necessidades da precisão que
Pressão : 760 mm Hg (14,6959 psi) requerem compensação para as variações
Umidade relativa: 0% de densidade causadas pelas variações da
temperatura do liquido são poucas (por
Pela norma ISO 5024 (1976), as condições exemplo, amônia). Neste caso, deve-se
padrão (standard) são: medir a temperatura do liquido e
compensar segundo a formula:
Temperatura : 15,0 oC (59 oF, 288,2 K)
Pressão : 101, 3250 kPa (14,6959 psi) Vf = Vn /T
umidade relativa: 0%
Constante Universal: 8,3144 J/(g.mol.K) 5.4. Tomadas de Pressão e
Temperatura
Há autores que assumem a As tomadas da pressão e da
temperatura padrão (standard) igual a temperatura devem ser localizadas
15.56 oC (60 oF). Para líquidos, a corretamente para cada tipo de medidor de
temperatura padrão base é também igual a vazão, para minimizar o erro na medida
15,0 oC, na indústria; em laboratório é final.
comum usar a temperatura de 20,0 oC. A tomada da pressão é mais critica que
As condições de operação, de trabalho a da temperatura, pois há uma grande
ou reais são aquelas efetivamente variação da pressão local no medidor de
presentes no processo. vazão. Na prática, há uma pequena
Por exemplo, seja a vazão volumétrica diferença entre a pressão a montante
de ar igual a 100 m3/h, nas condições (maior) e a jusante (menor) do medidor,
reais de 30 oC e 2,0 kgf/cm2A. Esta vazão quando o medidor provoca uma perda de
pode ser expressa como: carga. É comum se tomar a pressão a
montante do medidor. Qualquer que seja a
100 m3/h real, (30 oC e 2,0 kgf/cm2) localização, a pressão deve corresponder
180 Nm3/h, (0 oC e 1,0 kgf/cm2 A) a vazão não perturbada, em pontos sem
190 Sm3/h, (15,0 oC e 1,0 kgf/cm2 flutuações ou pulsações. Alguns medidores
Absoluta) de vazão já possuem a tomada de pressão
no seu corpo. No sistema com placa de
Em inglês, as unidades e abreviações orifício, é comum se usar a mesma tomada
comuns são: a montante da placa usada medir a
ACFM (actual cubic foot/minute) e pressão diferencial. Nos programas de
SCFM (standard cubic foot/minute). computador de cálculo de placa, o menu
apresenta as opções de tomadas a
montante ou a jusante da placa.
Propriedades do Ar nas Condições Padrão: A tomada de temperatura é menos
critica, desde que há pouca variação da
Compressibilidade (Z) 0,999 582 4 temperatura ao longo do medidor de
Densidade 1,225 42 kg/m3 vazão. As tomadas de temperatura estão
Peso molecular 28,962 4 tipicamente localizadas a cerca de 10
diâmetros depois do medidor, para não
causar turbulência na entrada do medidor.
Deve-se destacar que os sensores de
vazão e de temperatura são tem
necessidades opostas, quanto ao local de
montagem: os sensores de vazão
requerem local tranqüilo, sem distúrbios;
os de temperatura devem ser usados em
local com turbulência, para homogeneizar
a temperatura.

112
Condicionadores de Sinal

Na implementação da compensação da unidades de engenharia. Este fator de


pressão e temperatura na medição de multiplicação do totalizador depende da
vazão, é interessante investigar se já vazão máxima e da velocidade de
existem medições da pressão e da contagem desejada pelo operador.
temperatura do processo, a jusante ou a O contador só pode ter mostrador
montante do medidor de vazão, pois se digital. Em alguns contadores, os dígitos
elas já existirem em locais corretos, estas podem ser mostrados analogicamente,
medições podem ser usadas para a como os indicadores de consumo de
compensação, sem necessidade de energia elétrica caseiros.
instrumentos adicionais. O totalizador pode receber sinais analógicos ou
digitais. Quando o sinal de entrada é analógico, o
totalizador o converte, internamente, em pulsos e os
conta na saída. Quando o sinal de entrada já é em
multiplicador
- divisor
extrator raiz
quadrada
pulsos, o totalizador os escalona e os conta. Quando
controlador
os pulsos já são escalonados, o totalizador os conta
x/÷ √ de vazão diretamente. Pulso escalonado é aquele que já
possui uma relação definida com a unidade de
PT FY FY FIC engenharia de vazão, volume ou massa.
Há uma certa confusão entre o
si sin integrador e o contador. O integrador pode
nal al receber sinais analógicos e os integra. Na
FT operação de integração, o sinal analógico
é convertido para pulsos que são
TT finalmente contados. Todo integrador de
vazão possui um contador; ou seja, o
contador é o display do integrador. O
contador é também chamado de
FCV acumulador.
FE Os contadores podem ser
eletromecânicos ou eletrônicos. Os
contadores eletromecânicos custam mais
Fig. .3.3. Malha de compensação e linearização de
caro e requerem maior energia de
medição de gás com placa de orifício
alimentação, porem, quando há falta da
tensão de alimentação, o ultimo valor
totalizado permanece indicado. Os
contadores puramente eletrônicos são
6. Totalização da Vazão mais econômicos, requerem menor nível
de tensão de alimentação e consomem
O totalizador de vazão é um
muito menos energia. Porem, na falta da
instrumento completo que detecta, totaliza
tensão de alimentação eles perdem a
e indica, através de um contador digital, a
indicação. Para solucionar este problema,
quantidade total do produto, que passa por
são utilizados contadores eletrônicos
um ponto, durante um determinado
alimentados com bateria com vida útil de 5
intervalo de tempo.
a 10 anos. Deste modo, quando há perda
O totalizador de vazão é também
da alimentação principal, o contador não
chamado de integrador, de FQ, de
zera o valor totalizado.
quantificador e, erradamente, de contador.
O contador é apenas o display ou o
readout do totalizador.
Os totalizadores são calibrados para
fornecer a leitura direta, em unidades de
volume ou de massa do produto. Ele pode
possuir uma constante de multiplicação,
que é o numero que deve multiplicar pela
indicação para se ter o valor totalizado em

113
Condicionadores de Sinal

7. Serviços associados
O computador analógico é
especificado, escalonado, montado e
mantido para desempenhar a função
desejada.
A especificação do computador
analógico é simples e envolve:
1. a escolha da função a ser
executada,
2. a determinação dos sinais de
(a) Pneumático entrada e de saída,
3. o fornecimento da alimentação
compatível com os sinais
manipulados,
4. a identificação na malha..
O escalonamento (scaling) do
computador analógico é a adequação do
instrumento à função matemática
requerida. Escalonar o somador universal
é ajustar os ganhos e polarizações dos
(b) Eletrônico
sinais de entrada para ele fazer a soma
Fig. 3..4. Totalizador de vazão especifica do processo. O escalonamento
depende da função matemática, dos
dados do processo, dos sinais
FI manipulados e dos circuitos internos do
instrumento. A partir da equação genérica
do processo, desenvolve-se a equação
normalizada e chega-se a equação da
FT FQ 0 1 3 5 0 tensão. A partir da equação da tensão se
constrói a tabela de ajuste, atribuindo
valores notáveis para as entradas e
determinando teoricamente os valores da
saída. Fisicamente, ajustando-se os
ganhos e as polarizações do computador,
obtém-se as saídas teóricas.
Os limitadores de sinais e de alarme
FE possuem ajustes que possibilitam a
determinação do valor de acionamento.
A montagem dos computadores deve
Fig. 3..5. Indicação e totalização de vazão
ser feita de conformidade com a literatura
do fabricante e com os diagramas de
Há contador com predeterminador: há um ligação do projeto. As ligações da entrada
contador normal e um contador onde se podem determinar a função
estabelece o valor determinado. Quando o desempenhada pelo computador.
contador atinge o valor pré-ajustado, ele Realimentações, curto circuitos e ligações
para de contar e o processo é adequadas do mesmo instrumento podem
interrompido. determinar funções totalmente diferentes
do multiplicador/divisor.

Apostila\Instrumentação 23Condicionador. doc 11 DEZ 98 (Substitui 18 FEV 98)

114
2.4
Indicador
como PG (pressure gauge). O elemento
1. Conceito sensor do indicador de pressão pode ser o
tubo Bourdon, o helicoidal, o fole, a espiral,
O indicador é o instrumento que sente o strain gauge . As escalas possuem
a variável do processo e apresenta o seu unidades de kgf/cm2, Pa (pascal) ou psig.
valor instantâneo. É freqüentemente O indicador de temperatura é também
chamado de medidor, receptor, repetidor, chamado de termômetro. Na prática, se
gauge, mas estes termos são chama de termômetro apenas o indicador
desaconselháveis por serem ambíguos e local de temperatura. Em algumas
imprecisos. Indicador específico de convenções se simboliza o indicador local
pressão é chamado de manômetro; de de temperatura como TG (temperature
temperatura é chamado de termômetro e o gauge). O elemento sensor do indicador de
de vazão, rotâmetro. Estes nomes também temperatura pode ser o bimetal, o
não são recomendados, embora sejam enchimento termal, a resistência elétrica e
muito usados. O recomendado é chamar o termopar. As escalas possuem unidades
respectivamente de indicador de pressão, de oC e K.
de temperatura e de vazão. O indicador de vazão é também
O indicador sente a variável a ser chamado de rotâmetro. Na prática, se
medida através do elemento primário e chama de rotâmetro apenas o indicador de
mostra o seu valor através do conjunto vazão de área variável. O símbolo FG
escala + ponteiro ou de dígitos. significa visor de vazão (flow glass) e é
O tag de um indicador da variável X é usado em sistemas onde se quer verificar
XI; de um indicador selecionável XJI. a presença da vazão e não
O indicador pode ser estudado necessariamente o seu valor, como na
considerando os seguintes parâmetros medição de nível com borbulhamento de
1. a variável medida gás inerte. O elemento sensor de vazão
2. o local de montagem mais usado é a placa de orifício; quando a
3. o formato exterior escala do indicador é raiz quadrática, pois
4. natureza do sinal a pressão diferencial gerada pela placa é
5. o tipo de indicação proporcional ao quadrado da vazão. Os
outros indicadores da vazão estão
2. Variável Medida associados à turbina, ao tubo medidor
magnético e ao medidor com
Dependendo da variável a ser indicada, deslocamento positivo . As escalas
há diferenças básicas no elemento sensor, possuem unidades de volume/tempo ou
nas unidades da escala e pode haver massa/tempo. Adicionalmente, a vazão
nomes específicos para o indicador. pode ser totalizada e o valor final é
O indicador de pressão é também indicado através de dígitos do contador.
chamado de manômetro. Na prática, se Não existe contador analógico para a
chama de manômetro apenas o indicador totalização da vazão.
local de pressão. Em algumas convenções
se simboliza o indicador local de pressão

115
Indicador

miniaturizados e pequenos, para economia


de espaço. Para ainda maior economia de
espaço é comum se ter indicadores com 1,
2 ou 3 ponteiros, para indicar
simultaneamente 2 ou 3 variáveis
independentes. Para facilitar a leitura,
neste caso de leituras múltiplas, cada
ponteiro tem uma cor diferente. O indicador
de painel possui geralmente escala
vertical, percorrida por ponteiros
horizontais.
Fig. 4. 1. Manômetro ou indicador local de pressão
(Foxboro)
4. Tipo da Indicação
A indicação da leitura pode ser
O indicador local de nível é chamado
analógica, feita através de um
de visor e possui o tag LG (level glass). A
posicionamento contínuo do ponteiro na
maioria dos sistemas de medição de nível
escala ou digital, através da amostragem
de líquidos se baseia na pressão
de um dígito.
diferencial. A escala típica para a medição
O instrumento analógico usa um
de nível é de 0 a 100% , sem unidade.
fenômeno físico para indicar uma outra
grandeza, por analogia. Ele mede um sinal
3. Local de Montagem que varia continuamente e como
conseqüência, a posição do ponteiro varia
Os indicadores podem ser montados
continuamente assumindo todas as
em dois lugares distintos no campo ou na
posições intermediários entre o 0 e 100%.
sala de controle.
Pode-se ter escala fixa e ponteiro móvel e
Os indicadores de campo ou locais são
mais raramente, escala móvel e ponteiro
montados próximos ao processo, muitas
fixo.
vezes diretamente na tabulação ou vaso
do processo. Os indicadores de campo
normalmente são formato grande,
tipicamente circulares, que é o formato
mais resistente. Quando usados ao relento
devem ser a prova de tempo e quando
montados em locais perigosos devem
possuir classificação elétrica especial
compatível com a classificação da área.

Fig. 4. 3. Indicadores com escala vertical e


horizontal (Foxboro)

Quando a leitura é através de um


número, o indicador é digital. Ele conta os
pulsos do sinal digital e indica o valor
através de dígitos que mudam
Fig. 4. 2. Indicador de painel (Foxboro) discretamente. Para cada valor da variável
medida, há um número indicado.
Atualmente já existem instrumentos
Os indicadores de painel geralmente são pneumáticos digitais, embora o mais
retangulares pois é mais fácil se fazer uma difundido seja o indicador eletrônico digital.
abertura retangular numa chapa de aço do
que uma abertura circular. São tipicamente

116
Indicador

Fig. 4. 4. Indicador digital de pressão (HBM)


Fig. 4. 5. Transmissor e indicador de pressão
(Foxboro)
Atualmente, são disponíveis
indicadores eletrônicos com barra de
gráfico (bargraph), que possuem técnicas e
5. Rangeabilidade da Indicação
circuitos digitais para a manipulação do Tão importante quanto à precisão e
sinal, porém, com a indicação final em exatidão do instrumento, é sua
forma de barra de LEDs (diodo emissor de rangeabilidade. Em inglês, há duas
luz) como se fosse analógica. palavras, rangeability e turndown para
Uma indicação digital, pelo fato apenas expressar aproximadamente a extensão de
de ser digital não é necessariamente mais faixa que um instrumento pode medir
precisa ou confiável que uma indicação dentro de uma determinada especificação.
analógica. Decididamente é mais fácil fazer Usamos o neologismo de rangeabilidade
uma leitura digital do que uma com para expressar esta propriedade.
ponteiro-escala, se cansa menos e há
menor probabilidade de cometer erros
quando se fazem inúmeras leituras digitais.
A precisão e a confiabilidade dependem
ainda da qualidade dos componentes, do
projeto, do mecanismo, da calibração e de
vários outros fatores.
Os indicadores de painel normalmente
são montados em estantes apropriadas
que já possuem conectores pneumáticos e
eletrônicos de encaixe rápido para facilitar
a substituição para a manutenção.
Na eletrônica são comuns as
indicações através de LEDs e quartzo
liquido. Atualmente. há pesquisa e
desenvolvimento com tecnologias
baseadas na ionização de plasma e Fig. 4. 6. Escalas de indicação
fluorescência no vácuo. O objetivo final de
qualquer projeto é a obtenção de uma
indicação visível à distância e de pequeno Para expressar a faixa de medição
consumo de energia elétrica. adequada do instrumento define-se o
Nos sistemas com computador digital, parâmetro rangeabilidade. Rangeabilidade
as indicações são feitas através de é a relação da máxima medição sobre a
monitores de vídeo e as telas também mínima medição, dentro uma determinada
simulam as escalas dos instrumentos, com precisão. Na prática, a rangeabilidade
leituras analógicas. estabelece a menor medição a ser feita,
depois que a máxima é determinada. A
rangeabilidade está ligada à relação
matemática entre a saída do medidor e a
variável medida. Instrumentos lineares

117
Indicador

possuem maior rangeabilidade que os valores. Um instrumento com pequena


medidores quadráticos (saída do medidor rangeabilidade é incapaz de fazer
proporcional ao quadrado da medição). medições de pequenos valores da variável.
Na medição de qualquer quantidade se A sua faixa útil de trabalho é acima de
escolhe um instrumento pensando que ele determinado valor; por exemplo, acima de
tem o mesmo desempenho em toda a 10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33%
faixa. Na prática, isso não acontece, pois o (3:1).
comportamento do instrumento depende Em medição, a rangeabilidade se aplica
do valor medido. A maioria dos principalmente a medidores de vazão.
instrumentos tem um desempenho pior na Sempre que se dimensiona um medidor de
medição de pequenos valores. Sempre há vazão e se determina a vazão máxima,
um limite inferior da medição, abaixo do automaticamente há um limite de vazão
qual é possível se fazer a medição, porém, mínima medida, abaixo do qual é possível
a precisão se degrada e aumenta muito. fazer medição, porém, com precisão
Por exemplo, o instrumento com degradada.
precisão expressa em percentagem do Em controle de processo, o conceito de
fundo de escala tem o erro relativo rangeabilidade é também muito usado em
aumentando quando se diminui o valor válvulas de controle. De modo análogo,
medido. Para estabelecer a faixa aceitável define-se rangeabilidade da válvula de
de medição, associa-se a precisão do controle a relação matemática entre a
instrumento com sua rangeabilidade. Por máxima vazão controlada sobre a mínima
exemplo, a medição de vazão com placa vazão controlada, com o mesmo
de orifício, tem precisão de ±3% com desempenho. A rangeabilidade da válvula
rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a precisão está associada à sua característica
da medição é igual ao menor que 3% inerente. Na válvula linear, cujo ganho é
apenas nas medições acima de 30% e até uniforme em toda a faixa de abertura da
100% da medição. Pode-se medir valores válvula, sua rangeabilidade é cerca de
abaixo de 30%, porém, o erro é maior que 10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e
±,3%. Por exemplo, o erro é de 10% precisão que se tem para medir e controlar
quando se mede 10% do valor máximo; o 100% da vazão, tem se em 10%. A válvula
erro é de 100% quando se mede 1% do de abertura rápida tem uma ganho muito
valor máximo. grande em vazão pequena, logo é instável
o controle para vazão baixa. Sua
rangeabilidade vale 3:1. A válvula com
igual percentagem, cujo ganho em vazão
baixa é pequeno, tem rangeabilidade de
100:1.

6. Associação a Outra Função


A indicação é uma função passiva e
sua malha é aberta. A indicação pode estar
associada com as outras funções, como a
transmissão, o controle, o registro e a
totalização.
O transmissor a balanço de movimento
é naturalmente um indicador local da
Fig. 4.7. Precisão em percentagem do fundo de variável transmitida. Há transmissores que
escala possuem o indicador do sinal de saída e
como conseqüência a indicação indireta da
Não se pode medir em toda a faixa por variável transmitida.
que o instrumento é não linear e tem um Toda malha de controle a
comportamento diferenciado no início e no realimentação negativa requer a indicação
fim da faixa de medição. Geralmente, a da variável medida e do ponto de ajuste.
dificuldade está na medição de pequenos Quando o controlador é disponível na

118
Indicador

arquitetura modular, com a estação de e periodicamente, depois que entra em


leitura e separada do controlador cego, a operação. Os períodos de calibração são
indicação fica somente na estação de determinados principalmente pelos
leitura. seguintes parâmetros:
O registrador é naturalmente um 1. recomendação do fabricante,
indicador onde a escala é o gráfico e o 2. classe de precisão do indicador
ponteiro é a pena. Mesmo assim, o 3. agressividade do meio onde está
registrador possui também a escala auxiliar montado
de indicação. A indicação correta do 4. penalidade pela não conformidade
registrador é dada pela posição da pena da indicação
em relação a escala do gráfico. A calibração do indicador pode também ser
O indicador pode possuir alarme, determinada e requerida pelo pessoal da
normalmente acionado pela posição do operação, quando há desconfiança ou
ponteiro. certeza de que a sua indicação não é
confiável.
7. Serviços Associados Calibrar um indicador significa
1. simular a variável medida
O indicador deve ser especificado, 2. medi-la com um padrão rastreado
montado, calibrado, operado e mantido de 3. comparar o valor do padrão com o
modo a apresentar as leituras corretas e indicado pelo instrumento
com a precisão determinada pelo Quando necessário, deve-se ajustar a
fabricante. Para a especificação do posição do ponteiro na escala, de modo
indicador, devem ser considerados os que a indicação fique conforme um padrão
seguintes parâmetros: de referência, dentro dos limites de
1. a variável do processo associada, tolerância estabelecidos pela precisão do
2. o elemento sensor, que é função da indicador.
variável, da faixa de medição, do O ajuste do indicador consiste na
fluido e das condições de operação atuação nos mecanismos de zero, largura
e segurança do processo. de faixa, balanço ou linearidade (quando
3. a faixa calibrada, importante para a há interação entre zero e largura de faixa)
definição do elemento sensor e da e angularidade (se balanço de
escala, movimentos).
4. a escala, com os valores mínimo e Operar um indicador é fazer a sua
máximo, o formato e a unidade da leitura periodicamente. Quando o operador
variável, perceber alguma anormalidade no
5. a plaqueta gravada, com a indicador, ele deve requerer um
indicação útil para o operador, instrumentista para fazer a sua
6. a identificação da malha (tag), manutenção. O indicador é retirado pelo
7. o tipo de montagem campo, painel, instrumentista e é feita a manutenção na
superfície, tubo de 2" ou pedestal oficina.
(yoke).
8. o local de montagem e como
conseqüência, a classificação
elétrica e mecânica do invólucro.
9. as opções extras, com alarme,
acabamento especial, proteção
contra sobrefaixa.
A montagem do indicador deve ser feita
conforme a literatura recomendada do
fornecedor, dos diagramas do projeto e
das normas existentes.
Para que a leitura fornecida pelo
indicador seja confiável, é necessário que
ele seja calibrado, antes da montagem
(mesmo que já venha calibrado de fábrica)

119
2.5
Registrador
é do formato circular. O registrador circular
1. Introdução geralmente é montado no campo, próximo
ao processo e ligado diretamente ao
O registrador é o instrumento que elementos primário, não necessitando do
sente uma ou muitas variáveis do uso do transmissor. O gráfico possui o
processo e imprime o seu valor no gráfico, diâmetro externo típico de 12" e com
de modo contínuo ou descontinuo, mas rotação de 24 horas ou de 7 dias.
permanente. Ele fornece o comportamento Diariamente ou semanalmente o operador
histórico da variável. O registro é feito deve trocar o gráfico.
através de pena com tintas em gráfico O registrador montado no painel possui
móvel. O gráfico é também chamado de o gráfico em tira. Embora o tamanho físico
carta (influencia do inglês, chart). do registrador de painel (largura de 4")
O tag de um registrador da variável X seja menor que o circular de campo (12"
é XR; de um registrador multivariável UR e de diâmetro) e ocupe um terço do espaço,
de um registrador selecionável XJR. a área útil de registro no gráfico de tira é a
O registrador é diferente do mesma que a do circular (4").
instrumento chamado impressora. A Normalmente o percurso da pena é no
impressora imprime apenas os valores sentido horizontal, mas existe registrador
indicados, quando acionada ou cuja pena tem uma excursão vertical. O
programada. O registrador imprime os gráfico do registrador de painel pode ser
valores de modo automático e contínuo. do tipo rolo (duração de 30 dias) ou
Atualmente, há outros mecanismos sanfonado (duração de 16 dias).
mais eficientes e de maior capacidade Na parte superior do registrador está
para o armazenamento das informações, colocada a escala, que preferivelmente
tais como os disquetes e as fitas deve ser igual a do gráfico. Quando
magnéticas dos computadores digitais. houver mais de um registro, o registrador
O registrador pode ser estudado continua com uma única escala e o gráfico
considerando os seguintes parâmetros: possui várias escalas em gomos
1. a topografia diferentes. A função da escala do
2. acionamento do gráfico registrador é a de dar a ordem de
3. a pena e grandeza do registro e geralmente é de 0
4. o gráfico. a 100, linear, indicando percentagem.
Para fins de leitura e de Calibração, o que
2. Topografia deve ser lido é a posição da pena em
relação ao gráfico.
Por topografia deve-se entender a O registrador pode possuir as unidades
forma e o local de montagem do de controle. Tem-se assim o instrumento
registrador. Em função do formato, os registrador-controlador. Ele possui um
registradores são divididos em circulares e único elemento receptor, que está
em tira. acoplado mecanicamente ao sistema de
O registrador circular possui gráfico
circular e sua caixa não necessariamente

120
Registrador

registro (pena) e ao sistema de controle demonstrações didáticas e na sintonia do


(conjunto bico-palheta). controlador é desejável uma velocidade
maior. Tipicamente há durações de
gráficos circulares desde 1 minuto até 30
dias.

4. Penas
O registrador contínuo possui de 1 a 4
penas de registro. Quando o registrador
possui mais de uma pena, os tamanhos e
os modelos destas penas são diferentes,
para que não haja interferência mútua dos
registros. Isto deve ser considerado ao se
especificar as penas de reposição
especificar a posição da pena em questão
externa, intermediária, interna, primeira,
segunda.
Fig. 5. 1. Registrador de vazão e pressão (Foxboro)
O registrador multiponto possui uma
única pena ou dispositivo impressor
associado a um sistema de seleção de
3. Acionamento do Gráfico entradas. Há um sistema de varredura das
entradas, de modo que todas as leituras
A pena do registrador só se move
são lidas e registradas, uma de cada vez,
numa direção e sua posição depende do
consecutivamente e numa ordem bem
valor da variável registrada. para haver um
estabelecida. Para identificar a entrada ou
registro contínuo, o gráfico deve se mover
a variável registrada, usam-se cores de
em relação a pena. O acionamento do
tintas diferentes ou então o próprio
gráfico é conseguido por um motor que
dispositivo impressor possui diferentes
move engrenagens, que por sua vez
marcas de identificação.
movem o gráfico, desenrolando-o ou
desdobrando-o de um lado e enrolando-o
do outro lado.
O motor de acionamento do gráfico
pode ser elétrico, mecânico ou
pneumático.
No painel e em áreas seguras usam-se
motores elétricos com tensão de
alimentação de 24 V ca, 110 V ca ou 220
V ca. Quando o registrador é montado no
campo, em área classificada ou em local
sem energia elétrica, o acionamento do
motor deve ser através de mola mecânica; Fig. 5. 2. Registrador de painel (Foxboro)
a corda deste acionamento pode durar
cerca de uma semana. Alternativamente o
registrador com acionamento elétrico pode Há ainda os registradores de tendência
ser montado em área classificada, porém, ou trend recorder. São registradores que
deve ter a classificação elétrica compatível possuem 4 penas registradoras e recebem
com o grau de perigo do local. na entrada até 20 sinais diferentes e
O gráfico pode ser acionado e movido independentes para serem registrados.
em diferentes velocidades. A velocidade Um sistema adequado de seleção escolhe
mais comum para o registrador retangular 4 entradas particulares e as registra
de painel é de 20 mm/hora, considerada simultaneamente. Este tipo de registrador
lenta. Em partida de unidades, em faz o registro contínuo de multipontos e é
laboratórios, em plantas piloto, em muito útil em partidas de unidades ou
testes, quando se está interessado na

2.5.121
Registrador

tendência e na variação das grandezas


apenas durante o transiente.
O registrador de painel geralmente é
montado em estante apropriada e ocupa
duas posições, quando o movimento da
pena é horizontal; ele ocupa uma única
posição quando a pena se movimenta
verticalmente.
A pena pode ter formato em V ou em
caixa (box). A pena V requer a coloco
freqüente da tinta. Na pena tipo caixa, o
período de colocação de tinta é maior. Fig. 5.3. Registrador microprocessado (Yokogawa)
Como isso não é muito pratico, atualmente
a maioria dos registradores usa o sistema
de tubo capilar. A tinta é acondicionada Opcionalmente o registrador de painel
em pequeno reservatório e um sistema de possui uma lâmpada piloto e contatos de
tubo capilar a leva para a pena. Deve-se alarme acionados fisicamente pela
tomar cuidado especial com estes posição da pena. O conhecimento do
registradores durante seu transporte para alarme consiste em abrir a porta do
manutenção. No inicio da operação é registrador.
necessário se apertar o reservatório de
tinta - com cuidado - de modo que se 5. Gráficos
encha todo o capilar de tinta, expulse as
bolhas de ar e a tinta chegue até a pena. O registro das variáveis, feito pela
É uma boa idéia colocar um pedaço de pena, é conservado no gráfico. O gráfico
papel absorvente debaixo da pena quando deve ser de papel absorvente, de boa
se faz esta operação para prevenir qualidade, de modo que não estrague nem
borrões. entupa a pena. O traçado deve ser
O registrador de painel deve ser contínuo, nítido e sem borrão.
montado na posição horizontal, A analise do registro da variável pode
preferivelmente. Existem inclinações indicar o horário dos distúrbios do
máximas permissíveis, além das quais não processo. Para isso, assume-se que o
há registro. gráfico esteja corretamente instalado,
As cores das penas são iguais as ajustado para o tempo real do dia e que o
cores da tinta de registro. As tintas não registrador esteja calibrado.
devem ser misturadas, pois a cor da A tinta deve fluir pela pena, de modo
mistura é totalmente diferente da cor dos contínuo, conseguido pela pressão
componentes, e.g., o verde misturado com mecânica adequada entre a pena e o
o vermelho dá o marrom. gráfico. Se a pressão da pena é excessiva
O movimento da pena é linear, no pode haver rasgos no gráfico e desgaste
registrador de painel com gráfico de tira e excessivo da pena, se é insuficiente, pode
é um arco de circulo, no registrador com haver deslizamentos e saltos da pena.
gráfico circular. O comprimento de um gráfico de tira
varia de 30 a 70 metros de comprimento.
Normalmente o de rolo tem o dobro do
tamanho do gráfico sanfonado. O último
meio metro do gráfico de tira, quando
faltam cerca de 18 horas de registro, é
marcado com uma faixa vermelha, para
advertência da proximidade da troca do
gráfico.
O gráfico possui duas coordenadas o
valor registrado da variável e o tempo. O
movimento da pena é linear em uma
direção, normalmente transversal. O

2.5.122
Registrador

movimento mecânico do gráfico é regular 6. Associação a Outra Função


e longitudinal. A maioria dos gráficos usa
coordenadas cartesianas, geralmente O registro é uma função passiva que
retangulares com as linhas retas se armazena os valores históricos da variável
cruzando perpendicularmente. Quando do processo. A malha de registro é aberta,
pelo menos uma das linhas de referência iniciada no elemento sensor, ligado ao
é um arco de circulo, as coordenadas são processo e terminada no registrador.
curvilíneas. De pouco uso, porém O registrador ligado diretamente ao
existentes, são as coordenadas polares processo pode alojar a unidade de
uma distância e um ângulo. controle automático. No painel, as funções
de controle e de registro são sempre
independentes e executadas por
instrumentos separados.
O registrador pode ter, opcionalmente,
os contatos elétricos para alarme, que são
acionados pela posição da pena e podem
ser atuados pelo valor mínimo, máximo ou
diferencial. Cada pena possui os seus
contatos de alarme independentes.
(a) Rolo (b) Sanfonado O gráfico do registro da vazão
Fig. 5.4. Enrolamento do gráfico instantânea pode ser utilizado para a sua
totalização. A partir do registro da pressão
diferencial proporcional ao quadrado da
Existe uma grande quantidade de vazão pode-se determinar a quantidade
gráficos diferentes. As diferenças estão no total da vazão, numa operação manual ou
tamanho físico, no tamanho da área útil de através do planímetro.
registro, nas escalas, nos furos de fixação, Embora raro, é possível se associar a
no sistema de enrolamento. transmissão ao registrador local.
Para a especificação correta de um
gráfico deve se fornecer
nome do fabricante do registrador.
Obviamente o fabricante do registrado
fornece gráficos somente para uso em
instrumentos de sua marca. Mesmo que a
escala seja a mesma, as dimensões do
gráfico e da área útil de registro sejam
idênticas, pode haver diferenças na função
lateral, no sistema de acionamento.
Normalmente os fabricantes de
registradores fornecem inicialmente uma
quantidade de gráficos suficiente para 6
meses de operação.
formato e tipo de acionamento. Há
gráficos circulares de 10" e 12" de Fig. 5.5. Registrador com ações de controle
diâmetro e gráficos em carta tipo rolo ou (Foxboro)
sanfonado, de 4".
faixa de medição. Deve-se informar a
faixa ou as diferentes faixas e suas
características matemáticas. Por exemplo,
0-100 uniforme ou linear, 0 a 10 raiz
quadrática. Quando se trata do registro da
temperatura, o tipo da curva, além da faixa
de medição. Por exemplo, RTD de Pt,
termopar tipo J, K.

2.5.123
Registrador

7. Serviços Associados o pessoal da operação se responsabiliza


por esta tarefa.
O registrador deve ser especificado, A calibração do registrador deve ser
montado, operado e mantido de modo feita pelo instrumentista. Calibrar um
correto, para que não se danifique e que registrador é verificar se o sinal de entrada
registro os valores das variáveis com o correspondente. Quando estiver fora, o
mínimo erro especificado pelo fabricante. registrador deve ser ajustado. Ajustar o
Na especificação do registrador, registrador é posicionar pena em relação
devem ser conhecidos os seguintes ao gráfico (e não em relação a escala do
parâmetros: registrador) de conformidade com os
1. a variável do processo P, T, F, L. sinais de entrada.
2. o elemento sensor desejado
3. a montagem tubo 2", painel,
estante especial, ângulo de
inclinação.
4. o número e o tipo das penas, de
acordo com o número das variáveis
registradas 1 a 4 penas continuas
ou 6, 12 ou 24 pontos
5. o acionamento do gráfico elétrico
(tensão e freqüência), e mecânico
(duração da corda),
6. o enrolamento do gráfico,
7. a escala do registrador valor e tipo
(faixa de medição, linear, raiz
quadrática),
8. a escala do gráfico valor e tipo
(faixa de medição, marcação do
tempo, dupla, tripla, linear),
9. a plaqueta gravada dados úteis
para o operador do processo, como
a correspondência das penas com
as variáveis registradas.
10. a identificação das malhas, como
TR 2O4.
11. o suprimento de gráfico e de tinta,
12. as opções extras, como alarme,
iluminação interna, acabamento
especial, unidade de controle,
contador-integrador.
13. a classificação mecânica do
invólucro e classificação elétrica, se
há alimentação elétrica e se a área
é perigosa.
A montagem do registrador deve seguir as
instruções do fabricante, os diagramas de
ligação do projeto detalhado e as normas
existentes.
O pessoal da operação é responsável
pela leitura dos registros, pelo
armazenamento organizado dos gráficos
para consulta posterior, pelo enchimento
ou troca dos recipientes de tinta e pela
troca dos gráficos. Quando os gráficos são
usados para a totalização, via planímetro,

2.5.124
2.6
Computador de Vazão
que pode ser montado em painel da sala
1. Conceito de controle ou diretamente no campo,
onde é alojado em caixa para uso
O computador de vazão é projetado industrial, com classificação mecânica do
para a solução instantânea e contínua das invólucro à prova de tempo e, quando
equações de vazão dos elementos requerido, com classificação elétrica da
geradores de pressão diferencial (placa, caixa à prova de explosão ou à prova de
venturi, bocal) e dos medidores lineares de chama.
vazão (turbina, medidor magnético, vortex). O computador é programado e as
O computador de vazão recebe sinais constantes são entradas através de um
analógicos proporcionais à pressão teclado, colocado na frente ou no lado do
diferencial, temperatura, pressão estática, instrumento.
densidade, viscosidade e pulsos Os computadores de vazão sofreram
proporcionais à vazão e os utiliza para uma grande evolução, desde o seu
computar, totalizar e indicar a vazão lançamento no mercado, no inicio dos anos
volumétrica compensada ou não- 1960. Eles foram originalmente projetados
compensada e a vazão mássica. para manipular as equações da AGA
(American Gás Association) para vazão
mássica de gás e foram construídos em
torno de multiplicadores, divisores e
extratores de raiz quadrada. Atualmente,
os computadores são principalmente
dispositivos digitais que podem ser
classificados em dois tipos
1. programável, que faz quase
qualquer cálculo desejado que está
programado nele e
2. pré-programado ou dedicado, que
manipula apenas uma aplicação
Fig. 6.1. Aplicação típica de computador de vazão selecionada.

2. Programáveis
A vazão instantânea e a sua totalização
são indicadas nos painéis frontais do As unidades programáveis são os
computador de vazão, na forma de computadores de vazão mais avançados
indicadores digitais, contadores do mercado. Eles custam mais, quando
eletromecânicos ou eletrônicos. O comparados com os computadores
computador provê ainda saídas analógicas dedicados. Dependendo da programação,
e contatos de reles para fins de controle e eles calculam a vazão de gases ou líquidos
monitoração da vazão. usando as equações da AGA, API
O computador de vazão é um (American Petroleum Institute e outras
instrumento a base de microprocessador

125
Computador de Vazão

relações. Eles também fazem cálculos de 4. Aplicações Clássicas


vazão volumétrica. A compensação, de
massa , molar e media, energia, BTU,
eficiência, trabalham com níveis de tanque, 4.1. Vazão de liquido
manipulam vazões em canais abertos,
Quando usado com a placa de orifício, o
executam o algoritmo de controle PID,
computador recebe o sinal analógico de 4
fazem cálculos de transferência de
a 20 mA cc do transmissor de vazão d/p
custódia e muitas outras coisas.
cell, proporcional ao quadrado da vazão
medida, lineariza-o, extraindo a raiz
quadrada e o escalona em unidade de
engenharia.
Como os líquidos com composição
constante são considerados não
compressíveis, não se é necessária a
compensação da pressão e da
temperatura e a vazão é proporcional à
raiz quadrada da pressão diferencial, ∆P.

Q=C ∆P

Esta constante C é calculada dos


Fig. 6. 2. Totalizador de vazão (Foxboro)
dados relacionados com o tipo do fluido e
dos parâmetros mecânicos da instalação
do medidor, tais como beta da placa, faixa
do transmissor, tipo de tomadas da
3. Dedicado pressão diferencial. Esta constante é
Os computadores de vazão dedicados colocado no computador como um fator do
são relativamente mais simples, mais sistema digital e escalona a saída para a
fáceis de usar, montados no campo e mais unidade de vazão desejada.
baratos que os programáveis. Como
desvantagem, eles só fazem uma tarefa,
manipulam apenas uma malha e sua
capacidade gráfica é limitada. Tipicamente,
eles computam as vazões de gases ou
líquidos baseados nas várias equações
AGA ou API. Alguns, porém, calculam
vazões de vários estados de vapor e
outros são dedicados a cálculos de vazão
para canais abertos, vertedores e calhas.
Muitos destes computadores são
reprogramáveis . Porém, o programa pode
ser modificado no campo pelo operador,
que responde a perguntas do seu menu.

Fig. 6.3. Computador, com bateria solar (Daniel)

126
Computador de Vazão

4.2. Vazão de gás com compensação correta e aplica o fator de escalonamento


certo. Quando a vazão sobe, o
Como os gases são compressíveis, é chaveamento para o transmissor de 200"
necessário fazer a compensação da
ocorre em 98% da faixa do transmissor de
pressão estática e da temperatura do
30"; quando a vazão desce, o
processo. Nesta aplicação, o computador
chaveamento para o transmissor de 20" se
recebe três sinais analógicos
dá em 96% desta faixa. Esta diferença de
o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor chaveamento é para evitar a oscilação
de vazão, proporcional ao quadrado da contínua entre os dois transmissores,
vazão medida,
quando a vazão estiver marginalmente
o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor
próxima do fundo de escala do transmissor
de pressão, proporcional à pressão
de 20".
absoluta estática do processo. Mesmo que
seja usado o valor da pressão absoluta,
normalmente se usa um transmissor de
FQI
pressão manométrica e acrescenta-se 1
kgf/cm2 de polarização.
o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor
de temperatura, proporcional à FY
temperatura absoluta do processo. 2
Opcionalmente, pode-se recebe o sinal de
resistência de um RTD ou a militensão de
um termopar. Também deve ser usado o
valor da temperatura absoluta, em K; basta
somar 273,2 à escala Celsius. FT1-
opcionalmente, pode receber o sinal de 1 FT2- PT
TT
4 a 20 mA cc de um transmissor de 1
densidade, para corrigir a densidade do
FE TW+TE
gás.
O computador executa a seguinte
equação: Fig. 6.4. Sistema com uma placa e dois
transmissores de vazão
∆p × p
Q=C 4.5. Vazão de massa de gás
T×G
Qualquer gás pode ser medido em
Se a densidade relativa do gás é termos de sua massa ou peso, usando-se
aproximadamente constante com o tempo, a entrada de um medidor de densidade do
um fator médio 1/G pode entrar como parte gás, corrigindo-se a compressibilidade e a
da constante C composição do gás.

4.3. Sistema com 2 transmissores e W = k ∆p


uma placa
Existem computadores de vazão duais
que podem receber sinais de sistemas de
medição de vazão com uma placa e dois
transmissores ou com duas placas e dois
transmissores.
É comum se usar dois transmissores
associados a uma única placa de orifício
para aumentar a rangeabilidade da
medição; por exemplo, um calibrado de 0 a
20" c.a. e o outro de 0 a 200" c.a. O
computador de vazão seleciona
automaticamente a pressão diferencial

127
Computador de Vazão

5. Seleção do Computador Interfaces de comunicação definir os


tipos de interfaces para Controlador Lógico
Quando selecionando um computador Programável, para Sistemas Digitais de
de vazão, deve-se primeiro decidir o que o Controle Distribuído, para impressoras .
computador vai fazer, se é necessário um Aplicações definir as equações
instrumento de precisão ou um sistema de matemáticas a serem executadas como da
controle, lembrando-se que o controle AGA-3, AGA-5, AGA-7, ANSI/API 2530,
preciso começa com uma medição precisa ANSI/API 2540, NX-19, ISO 5167, NIST
e de alta resolução. A resolução do 1045 e equações de vapor ASME 9.2.
computador de vazão é dada pelo número Software entrada da configuração
de bits de seu conversor A/D, por exemplo simples de somente alguns parâmetros. As
um computador com conversor de 18 bits modificações podem ser feitas pelo usuário
possui resolução de 0,01%. Porém, ou apenas pelo fabricante.
quando se considera a precisão, deve-se Serviço no campo partida do sistema,
tomar o elo mais fraco do sistema, o reparo no campo e disponibilidade de
elemento sensor de vazão. A precisão do peças de reposição.
sistema nunca ficará melhor que a do
sensor do sistema, mesmo com conversor 6. Planímetro
A/D de 18 bits.
Também deve se considerar a Muitas indústrias armazenam os
necessidade da compensação de pressão, gráficos com os registros permanentes dos
temperatura, densidade e/ou viscosidade e valores instantâneos da vazão para a
quais os sensores e transmissores usados observação visual das vazões instantâneas
para as medições destas variáveis. e das suas tendências, para fins de
As questões que devem ser cobrança e para levantamento de
consideradas acerca do computador de balanços. A totalização da vazão pode ser
vazão são obtida ou por cálculos manuais ou através
Desempenho da medição resolução, do planímetro.
capacidade de linearização, indicação da
vazão instantânea, totalização, alarme, 6.1. Histórico
intertravamento, pré-determinação.
O planímetro é um instrumento de
Condições ambientais e local de
precisão usado para a avaliação rápida e
montagem sala de controle, que é um
exata de áreas planas de qualquer formato
ambiente excelente ou no campo, que
ou contorno. Na medição de vazão, o
requer caixa à prova de tempo e se for
planímetro é usado especialmente para
área classificada, requer uma classificação
totalizar a vazão, a partir de registros da
elétrica especial.
vazão instantânea, da pressão estática e
Quantidade de malhas manipuladas
da temperatura em gráficos circulares ou
possibilidade de se usar um computador
de tira. A integração pode ser feita por um
de vazão com canal dual.
planímetro de mesa operado
Tipos de sinais de entrada e saída
manualmente, automaticamente ou por um
analógicos eletrônicos de 4 a 20 mA cc e
sistema incluindo um computador pessoal.
pneumáticos de 3 a 15 psig, sinal de
O primeiro planímetro foi desenvolvido
resistência elétrica (RTD) e militensão de
pelo matemático suíço James Laffon, em
termopar, militensão de tubo magnético de
1854. Ele chamou-o de "Integrador
vazão, ou sinal de freqüência (turbina,
Scheiben". Trabalhando de modo
vortex, deslocamento positivo, ultra-
independente, o professor austríaco A.
sônico). Possibilidade de saída analógica
Miller Hauenfels inventou o planímetro
para uso em outro equipamento.
polar, em 1855.
Comunicações definir a metodologia de
Os fabricantes mais conhecidos são:
contatos de entrada/saída, sinais
LASICO (Los Angeles Scientific Instrument
analógicos, sinais de pulso, portas de
Co.), Flow Measurement (Tulsa, OK), UGC
comunicação, por exemplo serial RS 232
Industries e Ott.
C, RS 422 .

128
Computador de Vazão

Há três métodos básicos para medir as pedaço do mesmo material de tamanho


áreas planas de registros de vazões conhecido.
instantâneas: Este método é lento, destrutivo e
1. cálculo matemático, impreciso. Pequenas variações na
2. método do corte e peso e umidade do ar ambiente pode alterar
3. método do planímetro. significativamente o peso do material,
provocando grandes erros. Uma balança
de precisão é tão cara e difícil de ser
obtida quanto um planímetro.

6.4. Método do planímetro


O método do planímetro é o mais
profissional, rápido, preciso, eficiente e
consistente método para medir áreas
planas. Não se requer nenhuma habilidade
matemática para operar um planímetro,
simplesmente deve-se seguir o contorno
da área com um traçador e o resultado é
diretamente indicado, por contadores
digitais, mecânicos ou eletrônicos.
Atualmente, os planímetros possuem
várias funções, como as de:
Fig. 6.5. Planímetro para gráfico circular (Lasico) 1. computação automática da área na
escala e unidade corretas,
2. processamento dos resultados
6.2. Cálculo matemático ou através de calculadoras embutidas,
aritmético 3. programação para qualquer relação
Embora lento, o cálculo aritmético de escala plausível,
funciona bem, quando são envolvidas 4. acumulação de resultados na
áreas de formato regular, como o memória, para processamento
quadrado, retângulo, triângulo e círculo. posterior,
Quando a figura é mais complicada, 5. conversão rápida entre unidades de
como o trapézio, ou composta de várias vários sistemas,
outras regulares, como o retângulo com 6. programação para medições em
extremidades circulares, demora-se mais, volume (m3, ft3) ou $/volume.
pois ela deve ser subdividida em figuras A precisão típica do planímetro é de ±
regulares e suas seções são avaliadas 0,1 a ±0,5% do fundo de escala.
separadamente e somadas ao final.
Quando a figura é completamente
irregular, é necessário subdividir a área em
quadrados de tamanho conhecido. Os
quadrados devem ser contados e as
seções dos quadrados estimados em
tamanho e somadas. Neste caso, não é
mais eficiente usar o método do cálculo
matemático, pois o método seria muito
lento e impreciso.

6.3. Método do corte e peso


As áreas a serem calculadas devem
ser cortadas com uma tesoura, colocadas
em uma balança de precisão e pesadas. O
peso total é dividido pelo peso de um

129
Computador de Vazão

6.5. Gráficos Circulares Uniformes 6.6. Seleção e Especificação do


Os gráficos uniformes são divididos em Planímetro
segmentos iguais, entre o raio interno e o A seleção e especificação do
externo. Ao longo de um arco sobre o qual planímetro incluem:
a pena registrou, os gráficos podem ser 1. formato e tamanho do gráfico,
marcados em percentagem do fundo de circular de 10", circular de 12", tira de
escala ou em unidades das variáveis 4" tipo rolo, tira de 4" tipo sanfona.
medidas, como oC, psia, m3/h.) 2. relação matemática da saída com
relação a vazão: linear, quadrática.
3. tipo do totalizador/contador,
mecânico ou eletrônico, com ou sem
escalonador.

Fig. 6.6. Planímetro para gráfico de tira

Para um planímetro que integra


radialmente, deve-se usar um fator de
correção, porque o planímetro radial
considera as distancias radiais médias e os
gráficos uniformes empregam incrementos
iguais ao longo do arco. Este fator pode
ser obtido de curvas disponíveis na
literatura técnica.
A não ser que as pressões diferencial
e estática permaneçam constantes ou seja
usado um extrator de raiz quadrada, os
planímetros radiais não devem ser usados
para achar a média dos registros das
pressões diferencial e estática. Nos
cálculos deve-se achar a média da raiz
quadrada e não a raiz quadrada da média.

Apostilas\Instrumetnacao Display.doc 11 DEZ 98 (Substitui 27 ABR 97)

130
2.7
Controlador
1. Conceito 2.1. Medição
O principal componente da malha de No controlador a realimentação
controle é o controlador, que pode ser negativa, a variável controlada sempre
considerado um amplificador ou um deve ser medida. O controlador pode estar
computador. ligado diretamente ao processo, quando
O controlador automático é o possui um elemento sensor determinado
instrumento que recebe dois sinais a pela variável medida. O controlador de
medição da variável e o ponto de ajuste, painel recebe o sinal padrão proporcional a
compara-os e gera automaticamente um medição do transmissor e deve possuir
sinal de saída para atuar a válvula, de circuitos de entrada que condicionam o
modo a diminuir ou eliminar a diferença sinal de medição. O controlador
entre a medição e o ponto de ajuste. O pneumático possui o fole receptor de 3 a
controlador detecta os erros infinitésimas 15 psig e o controlador eletrônico possui o
entre o valor da variável de processo e o circuito receptor, que pode ser a ponte de
ponto de ajuste e responde, Wheatstone, o galvanômetro, o circuito
instantaneamente, de acordo com os potenciométrico. A medição é indicada na
modos de controle e seus ajustes. O sinal escala principal do controlador.
de saída é a função matemática canônica
do erro entre a medição e o valor ajustado, 2.2. Ponto de Ajuste
que inclui as três ações de controle
proporcional, integral e derivativa. A Quanto ao ponto de ajuste, há três
combinação dessas três ações e os seus modelos de controladores
ajuste adequados são suficientes para o 1. com o ponto de ajuste manual,
controle satisfatório e aceitável da maioria 2. com o ponto de ajuste remoto,
absoluta das aplicações práticas. 3. com o ponto de ajuste manual ou
remoto.
O controlador com o ponto de ajuste
2. Componentes Básicos manual possui um botão na parte frontal,
Para executar estas tarefas, o facilmente acessível ao operador de
controlador deve possuir os seguintes processo, para que ele possa estabelecer
blocos funcionais manualmente o valor do ponto de
1. a medição, referência. Quando o operador aciona o
2. o ponto de ajuste botão, ele posiciona o ponteiro do ponto de
2. a comparação ajuste na escala e gera um sinal de mesma
3. a geração do sinal de saída natureza que o sinal da medição.
4. a atuação manual opcional
5. a fonte de alimentação
6. as escalas de indicação

131
Controlador

2.3. Estação Manual Integral


A maioria absoluta dos controladores
possui a estação manual de controle
integralizada ao seu circuito. Sob o ponto
de vista do controle, as situações mais
comuns que requerem a intervenção
manual do operador de processo são
1. na partida do processo, quando a
banda proporcional é menor que
100%. Neste caso, quando a
medição está em 0% e o ponto de
ajuste está acima de 50%, a
Fig. 7. 1. Controlador analógico de painel (Foxboro) variável controlada está fora da
banda proporcional.
2. quando o processo entra em
O controlador com o ponto de ajuste
oscilação, ou seja, quando o ganho
remoto não possui nenhum botão na parte
da malha fechada de controle fica
frontal. O sinal correspondente ao ponto de
igual a 1. Quando se coloca o
ajuste entra na parte traseira do
controlador em manual, abre se a
controlador e é indicado na escala
malha de controle e se pode
principal. O sinal pode ser proveniente da
estabilizar o processo.
saída de outro controlador ou de uma
Assim, para as partidas e emergências,
estação manual.
o controlador deve incluir um gerador de
O controlador com os pontos de ajuste
manual do sinal de saída acionado
remoto e local possui um botão para o
diretamente pelo operador do processo.
operador estabelecer manualmente o
Quando a saída vem do circuito PID, diz-se
ponto de ajuste e recebe o ponto de ajuste
que o controlador está em automático;
remoto. Ambos os sinais são indicados na
quando vem do gerador manual, o
escala principal. O controlador possui
controlador está em manual.
também a chave seletora R/L (remoto-
local) do ponto de ajuste.
2.4. Unidade de Balanço Automático
É fundamental que a medição e o ponto
de ajuste sejam de mesma natureza, A maioria dos controladores com a
ambos pneumáticos, mecânicos, de estação manual possui a estação de
corrente ou de tensão elétrica, para que balanço automático que permite a
seja possível a comparação entre eles. O passagem de automático para manual e
ponto de ajuste e a medição são indicados vice versa, de modo contínuo, sem
na mesma escala principal do controlador provocar distúrbio no processo e sem a
e a posição relativa dos ponteiros fornece necessidade de se fazer o balanço manual
o valor do erro entre os dois sinais. da saída do controlador. Erradamente se
pensa que esta transferência requer a
igualdade entre a medição e o ponto de
ajuste (?!). Quando o controlador não
possui a estação de transferência
automática, o operador deve garantir que o
sinal inicial da saída manual seja igual ao
sinal final da saída automática de modo
que o processo não perceba esta mudança
de automático para manual. No mínimo, o
controlador possui um dispositivo de
comparação que possibilita o balanço
Fig. 7. 2. Controladores e registrador (Foxboro) prévio entre os sinais de saída automático
e manual. O fundamental é não provocar
uma descontinuidade no sinal de saída

132
Controlador

quando da transferência de automático


para manual ou manual para automático.

2.5. Malha Aberta ou Fechada


Assim que o controlador é instalado em
um processo e colocado em automático,
cria-se uma malha fechada. A saída do
controlador afeta a medição e vice-versa.
Quando este efeito é quebrado em
qualquer uma das direções, a malha é
chamada de aberta e não mais existe o
controle a realimentação negativa. Vários
eventos podem abrir a malha fechada a
realimentação negativa
1. a colocação do controlador em
manual. Isto causa a saída se Fig. 7. 3. Controlador pneumático de campo
manter constante, mesmo que haja (Foxboro)
variação da medição, a não ser que
o operador a modifique.
2. a falha do sensor ou do A regra básica para a seleção das
transmissor. Isto elimina a ações do controlador e da válvula é a
habilidade do controlador observar seguinte:
a variável controlada. 1. a partir da segurança do processo,
3. a saturação da saída do controlador determina-se a ação da válvula de
em 0 ou 100% da escala. Isto controle.
elimina a habilidade do controlador 2. depois de definida a ação da
atuar no processo. válvula e partir da lógica do
4. a falha do atuador da válvula, por processo, determina-se a ação do
causa de atrito ou falha na válvula. controlador.
Quando uma malha de controle não Por, exemplo, seja o controle do nível de
está operando corretamente, a primeira um tanque. As alternativas são a
coisa a verificar é se a malha continua segurança do tanque cheio ou vazio, a
fechada. Muitas vezes, se perde muito ação do controlador direta ou inversa, a
tempo tentando sintonizar um controlador atuação da válvula ar-para-abrir ou ar-
quando o problema está em outro local da para-fechar e a válvula de controle esta na
malha de controle. entrada ou na saída do tanque.
Combinando-se estas situações, chega-se
2.6. Ação Direta ou Inversa a quatro configurações possíveis
O controlador possui a chave seletora
Tanque vazio seguro e válvula na saída.
para ação direta e ação inversa. A ação
A partir da segurança, obtida com o
direta significa que o aumento da medição
tanque vazio, a válvula deve ser ar-para-
implica no aumento da saída do
fechar na falta de ar, a válvula abre e o
controlador. A ação inversa significa que o
tanque se esvazia, levando o sistema para
aumento da medição provoca a diminuição
a segurança. A válvula está a 100% com 3
da saída do controlador.
psig e a 0% com 15 psig. A ação do
A escolha da ação do controlador
controlador, como conseqüência, deve ser
depende da ação da válvula de controle e
inversa quando o nível aumenta, a válvula
da lógica do processo. A atuação da
deve abrir mais para faze-lo diminuir e a
válvula de controle pode ser ar-para-abrir
saída do controlador deve diminuir, abrindo
ou ar-para-fechar deve ser escolhida em
mais a válvula.
função da segurança do processo.

133
Controlador

Tanque vazio seguro e válvula na


entrada.
A partir da segurança, obtida com o
tanque vazio, a válvula deve ser ar-para-
abrir na falta de ar, a válvula fecha e o
tanque se esvazia, levando o sistema para
a segurança. A válvula está a 0% com 3
psig e a 100% com 15 psig. A ação do LC
controlador, como conseqüência, deve ser
inversa quando o nível aumenta, a válvula
deve fechar mais para faze-lo diminuir e a 100% ã
saída
0
saída do controlador deve diminuir, 3 15 psi

fechando mais a válvula. Fig. 7.4. Ação inversa do controlador

Tanque cheio seguro e válvula na saída.


A partir da segurança, obtida com o Tanque
tanque cheio, a válvula deve ser ar-para- Tanque vazio é seguro. Falta de ar,
abrir na falta de ar, a válvula fecha e o válvula abre, tanque fica vazio, que é a
tanque se enche, levando o sistema para a condição segura.
segurança. A válvula está a 0% com 3 psig
e a 100% com 15 psig. A ação do Atuador da válvula (Falha Aberta)
controlador, como conseqüência, deve ser Ação do atuador: ar para fechar.
direta quando o nível aumenta, a válvula Com 20 kPa (3 psi) válvula aberta; com
deve abrir mais para faze-lo diminuir e a 100 psi (15 psi), válvula fechada. Em caso
saída do controlador deve aumentar, de falha, válvula fica aberta.
abrindo mais a válvula.
Controlador
Tanque cheio seguro e válvula na Ação inversa (inc/dec)
entrada. Quando nível aumenta, controlador
A partir da segurança, obtida com o atua na válvula para abrir mais, fazendo
tanque cheio, a válvula deve ser ar-para- nível diminuir
fechar na falta de ar, a válvula abre e o Quando válvula abre mais, saída
tanque se enche, levando o sistema para a diminui.
segurança. A válvula está a 100% com 3 Ação inversa porque aumento do nível
psig e a 0% com 15 psig. A ação do produz diminuição da saída do controlador.
controlador, como conseqüência, deve ser Esta configuração apresenta o
direta quando o nível aumenta, a válvula inconveniente de demorar a esvaziar o
deve fechar mais para faze-lo diminuir e a tanque, quando ele estiver cheio e
saída do controlador deve aumentar, necessitar ir para a posição segura de
fechando mais a válvula. vazio. Por isso, a configuração mais
Um controlador que é retirado da malha conveniente é:
para a manutenção e é reinstalado pode 1. Tanque vazio seguro
ter sua ação de controle invertida. Muitas 2. Ação do atuador: ar para abrir
vezes, o posicionador da válvula pode 3. Controlador atuando na válvula
reverter a resposta da válvula. Enfim, a de entrada do tanque
ação do controlador, a ação da válvula, a 4. Ação do controlador: direta.
posição do atuador, a ação do
posicionador, tudo deve ser considerado e
coerente para se obter o controle
desejado.

134
Controlador

3. Especificação do
Controlador
As dificuldades de controle do processo
variam muito e por isso são disponíveis
controladores comerciais de vários tipos e
LC
modos de controle.
Existem características padronizadas e
existem aquelas especiais, fornecidas
100%

0
ã
saída
somente quando explicitamente solicitado.
3 15 psi
Não especificar todas as necessidades
requeridas implica em se ter um controle
Fig. 7. 5. Ação direta do controlador de processo insatisfatório e até impossível.
Especificar o equipamento com
características extras que não terão
Tanque utilidade é, no mínimo, um desperdício de
Tanque cheio é seguro. Falta de ar, dinheiro.
válvula fecha, tanque fica cheio, que é a Constitui também uma inutilidade a
condição segura. especificação do instrumento com
características especiais, sem entende-las
Atuador da válvula (Falha Fechada) e sem ajusta-lo de modo apropriado.
Ação do atuador: ar para abrir.
Com 20 kPa (3 psi) válvula fechada; 3.1. Controlador Liga-Desliga
com 100 psi (15 psi), válvula aberta. Em
caso de falha, válvula fica fechada. O controlador liga-desliga é instável,
por construção, pois não possui o circuito
Controlador de realimentação negativa para diminuir
Ação direta (inc/inc) seu ganho, que é, infinito. A sua
Quando nível aumenta, controlador construção é a mais simples e o
atua na válvula para abrir mais, fazendo controlador pneumático consiste de
nível diminuir 1. fole de medição
Quando válvula abre mais, saída 2. fole de ponto de ajuste
aumenta. 3. conjunto bico-palheta
Ação direta porque aumento do nível Como não se precisa estabilizar o
produz aumento da saída do controlador. sistema, não se usa o fole de
Esta é a configuração preferida para a realimentação negativa. O controlador liga-
condição de tanque cheio seguro. Outra desliga pode ser obtido a partir do
configuração possível, mas que apresenta controlador proporcional, retirando-se o
o inconveniente de demorar a encher o conjunto fole de realimentação
tanque, quando ele estiver vazio e proporcional e a mola.
necessitar ir para a posição segura de A saída do controlador pneumático liga-
cheio, é: desliga é igual a 0 psig ou 20 psig, que é o
1. Tanque cheio seguro valor da alimentação.
2. Ação do atuador: ar para fechar O controlador liga-desliga pode sofrer
3. Controlador atuando na válvula pequenas modificações que melhoram o
de entrada do tanque desempenho do circuito convencional.
4. Ação do controlador: inversa.
3.2. Controlador de Intervalo
Diferencial
O controlador de intervalo diferencial é
análogo ao liga-desliga, porém, em vez de
ter um único ponto de referência, possui
dois pontos de atuação um para ligar o

135
Controlador

elemento e outro para desligar. Entre os sobre a Instrumentação Pneumática e


dois pontos há um intervalo. sobre a Instrumentação Eletrônica. Porém,
O principal objetivo do controle de para fixar idéia e para se entender os
intervalo diferencial é evitar as operações princípios básicos, será visto aqui o circuito
freqüentes de partida e parada do básico do controlador proporcional. Por
operador final. A amplitude de oscilação é simplicidade e por exigir menos pré-
aumentada, porém, a freqüência de requisítos, será mostrado o esquema
oscilação é melhorada e o elemento final simplificado do controlador pneumático.
de controle é acionado um menor número Será admitido que seja sabido o
de vezes. funcionamento do conjunto bico-palheta-
A principal aplicação do controle de relé pneumático. O conjunto bico-palheta
intervalo diferencial é em sistema de gera um sinal pneumático padrão de 3 a 15
medição de nível, quando não se quer o psig, proporcional a distância relativa entre
controle exato do nível, mas se deseja o bico que sopra e a palheta que obstruí. O
apenas evitar que o tanque vaze ou fique bico é alimentado pela alimentação
vazio. O motor da bomba de enchimento é pneumática de 20 psig. O relé serve para
ligado no nível mínimo e desligado no nível amplificar pneumaticamente a pressão e o
máximo. Entre os dois níveis o motor volume de ar comprimido. Os foles
permanece numa situação estável ligado pneumáticos exercem forças que são
quando estiver subindo e desligado proporcionais aos sinais de pressão
quando estiver descendo. Deste modo, o recebidos. Assim, quando se falar do fole
motor da bomba de enchimento é ligado de medição, pode se estar referindo
poucas vezes. indistintamente ao valor da medição, a
pressão exercida no fole, ou na força
exercida pelo fole. Foi considerado o
sistema a balanço de forças, quando
saída poderia ter sido escolhido o de balanço de
100% movimentos.
O circuito básico do controlador
80%
pneumático com ação proporcional é
60% constituído dos seguintes elementos
40%
1. fole de medição, que recebe o sinal
da medição da variável do processo
20%
2. fole de ponto de ajuste,
0% estabelecido manualmente ou de
0%
Banda larga 100% Temperatura modo remoto. Esse fole sempre
está em oposição ao fole de
Banda estreita
medição, a fim de que seja
detectado o erro ou o desvio entre
Fig. 7. 6. Banda proporcional ambos os valores.
3. conjunto bico-palheta-relé, para
gerar o sinal de saída do
controlador.
3.3. Controlador Proporcional 4. A alimentação pneumática de 20
A relação matemática da saída do psig é aplicada ao bico, através do
controlador proporcional puro é a seguinte: relé pneumático.
5. fole proporcional ou fole de
100% realimentação negativa, que recebe
s = s0 + e o sinal de saída do relé, que é a
BP
própria saída do controlador. A
finalidade do fole proporcional é a
Pelo enfoque do presente trabalho, não
de estabilizar o sistema em uma
serão vistos os circuitos interiores dos
posição intermediária. A
instrumentos. Esse assunto será tratado
realimentação negativa é a
com maior rigor e cuidado nos trabalhos

136
Controlador

responsável pela estabilidade do proporcional dosa a correção do


sistema. controlador, evitando uma correção
6. mola, usada para contrabalançar a exagerada para uma determinada variação
força do fole proporcional. do processo. Se houvesse apenas a
Normalmente a mola é ajustada realimentação externa, provida pela
para prover a polarização do medição do processo, a correção seria
controlador. Ela é ajustada para o muito demorada e sempre haveria
controlador produzir uma saída de 9 sobrepico (overshoot) de correção.
psig, quando o erro for igual a zero. Enquanto houver erro entre a medição
7. o fulcro ou ponto em torno do qual e o ponto de ajuste, os seus foles tem
as forças se equilibram. O pressões diferentes e o fole de
deslocamento desse ponto em realimentação atua. Quando a medição
torno da barra de forças é que fica igual ao ponto de ajuste, a saída do
estabelece o valor da banda controlador se estabiliza. Quando aparece
proporcional do controlador. Quanto algum erro, a saída do controlador irá
mais próximo o ponto estiver dos também variar, para corrigir o erro. Desse
foles medição-ponto de ajuste, mais modo, como a saída do controlador está
larga é a banda proporcional, menor realimentada ao fole proporcional, o fole irá
é o ganho e menos sensível é o atuar até conseguir uma nova estabilização
controlador. Quanto mais próximo entre a medição o ponto de ajuste. Porém,
estiver o ponto de apoio do conjunto desde que a medição se afastou do ponto
fole proporcional-mola, mais estreita de ajuste, ele volta a ficar igual a ele,
é a banda proporcional, maior é o porém, diferente do valor anterior ajustado.
ganho e mais sensível é o O controlador pneumático proporcional
controlador. possui os três foles de medição, de ponto
No caso extremo do fulcro estar no de ajuste e de realimentação negativa.
ponto de contato dos foles de medição e Para completar o balanço das forças
de ponto de ajuste, o controlador não exercidas por estes foles é introduzida uma
responde a nenhuma variação; não há quarta força fixa, exercida por uma mola,
controle. Quando o fulcro coincidir com o geralmente ajustada para fornecer uma
fole proporcional e a mola, não há força equivalente a pressão de 9 psi (50%
realimentação negativa, o sistema é de 3 a 15 psi). Como a força da mola é
instável e o controlador é liga-desliga, a ser fixa, só existe um ponto para a medição
visto depois. ser igual ao ponto de ajuste, que é
exatamente o ponto correspondente a 9
psi. Em todos os outros pontos, o
controlador consegue estabilizar o
processo, porém com a medição diferente
do ponto de ajuste. Este é o modo físico de
mostrar porque o controlador proporcional
não consegue eliminar o desvio
permanente entre medição e ponto de
ajuste, exceto quando ambos são iguais a
9 psi.

Fig. 7. 7. Circuito pneumático com as ações de 3.4. Controlador Proporcional mais


controle (Foxboro) Integral
A relação matemática da saída do
controlador proporcional mais integral é a
O fole proporcional é um dispositivo seguinte:
que fornece a realimentação negativa ao
controlador antes que a medição o faça
100% 1
Ti ∫
através do processo. A realimentação s = s0 + e+ edt
interna do controlador é mais rápida que a BP
realimentação externa do processo. O fole

137
Controlador

e a ação integral é a máxima


Raramente se utiliza a ação integral possível.
isolada. Em compensação, o controlador Na prática, o circuito pneumático
com as duas ações, proporcional e completo da unidade integral possui o fole,
integral, é utilizado em cerca de 70% das o tanque integral e a restrição. Aqui, por
malhas de controle de processo. simplicidade, supõe-se que o próprio fole
O controlador proporcional mais integral possui uma capacidade suficiente.
integral possui as duas ações O controlador proporcional mais
independentes e com objetivos diferentes e integral possui duas realimentações da sua
complementares saída
1. a ação proporcional é estática e 1. a realimentação negativa, aplicada
serve para estabilizar o processo. diretamente ao fole proporcional,
Porém, a ação isolada é insuficiente 2. a realimentação positiva, aplicada
para manter a medição igual ao ao fole integral através de uma
ponto de ajuste e deixa um desvio restrição pneumática ajustável.
permanente. Com a restrição numa posição
2. ação integral é dinâmica e serve intermediária, as pressões do fole
para eliminar o desvio permanente proporcional e do fole integral não podem
deixado pela ação proporcional. A ser simultâneas. A ação proporcional é
ação integral é uma correção imediata e a ação integral é atrasada;
adicional e atua depois da ação imediatamente após o aparecimento do
proporcional. erro há a realimentação negativa e depois
No controlador pneumático de um intervalo ajustável, atrasada, há a
proporcional e integral, acrescenta-se um realimentação positiva.
fole junto à mola. Em vez de se ter uma Quando o processo se estabiliza, tem-
força fixa, tem se uma força variável, que se o circuito do controlador equilibrado a
pode equilibrar as forças proporcionais às força da medição é igual a do ponto de
pressões da a medição, do ponto de ajuste ajuste e a força do fole proporcional é igual
e da realimentação negativa. a do integral. Quando aparece um distúrbio
O controlador pneumático P + I possui no processo e a medição se afasta do
os seguintes componentes circuito ponto de ajuste, o controlador
1. fole de medição, P + I faz uma correção proporcional ao
2. fole de ponto de ajuste, em erro, imediatamente. Esta atuação deixa
oposição ao fole de medição, um desvio entre a medição e o ponto de
3. fole de realimentação negativa ou ajuste. Logo depois da ação proporcional e
fole proporcional, enquanto persistir alguma diferença entre a
4. fole integral, que se superpõe à medição e o ponto de ajuste, a ação
mola e em oposição ao fole de integral irá atuar, até que a medição fique
realimentação. Ele também recebe novamente igual ao ponto de ajuste. A
a realimentação da saída do ação integral irá atuar no processo até que
controlador, atrasada e em se tenha novamente outro equilíbrio entre
oposição ao fole proporcional. A a medição e o ponto de ajuste.
realimentação positiva da saída do
controlador ao fole integral é feita 3.5. Controlador Proporcional mais
através de uma restrição Derivativo
pneumática. O objetivo desta
restrição ajustável é o de atrasar o A relação matemática da saída do
sinal realimentada determinando a controlador proporcional mais derivativa é
ação integral. Ela pode ficar a seguinte:
totalmente fechada, de modo que
ela corta a realimentação e elimina 100% de
s = so + e + Td
a ação integral ou totalmente BP dt
aberta, quando não produz
nenhuma restrição, nenhum atraso No controlador pneumático
proporcional e derivativo, acrescenta se

138
Controlador

uma restrição no circuito de realimentação fole integral possui uma capacidade


negativa. Em vez de se ter uma suficiente.
realimentação instantânea, tem-se uma O objetivo da restrição é o de atrasar a
realimentação com um atraso ajustável. realimentação negativa. Como a
O controlador proporcional mais realimentação negativa atrasa a resposta
derivativo possui o seguinte desempenho do controlador, atrasar o atraso equivale a
a ação proporcional estabiliza adiantar a resposta, para os desvios
estaticamente o processo corrigindo os rápidos do processo lento. Por esse
erros proporcionalmente as suas motivo, a ação derivativa é também
amplitudes, chamada de ação antecipatória
a ação derivativa adiciona uma O controlador proporcional mais
componente corretiva para cuidar derivativo possui o seguinte
principalmente dos erros com variação funcionamento:
rápida. 1. imediatamente após a variação
rápida do processo não há
realimentação negativa, pois há
uma restrição pneumática. O
R R
controlador se comporta como um
controlador liga-desliga ou com uma
banda proporcional muito estreita,
R R
- 2. com o passar do tempo, a
Ve + realimentação negativa vai se
R
RI CI processando e pressurizando o fole
-
proporcional e tornando o
+ controlador estável.
- R
3. quando a variação do processo é
+ R R
muito lenta, praticamente a ação
derivativa não atua, pois lentamente
RD também está havendo a
CD - Vo realimentação negativa.
R
- + 4. Desse modo, quanto mais brusca
for a variação na medição, menor
+
será a ação imediata da
Fig. 7. 8. Circuito eletrônico esquemático do realimentação negativa e mais ação
controlador PID corretiva será transmitida a válvula,
pela ação derivativa.
5. Quando se coloca o circuito
Note se que o controlador P + D deixa derivativo no elo da realimentação
o desvio permanente entre a medição e o negativa do fole proporcional há
ponto de ajuste. A ação derivativa é alguns inconvenientes
incapaz de corrigir o desvio permanente, 6. há a interação entre os modos
pois ele é constante com o tempo. proporcional e derivativo. Quando o
O circuito do controlador proporcional controlador possui o modo integral,
mais derivativo é constituído de a ação derivativa interfere também
1. o fole de medição, no modo integral.
2. o fole de ponto de ajuste, em 7. a ação derivativa segue a ação
oposição ao fole de medição, proporcional
3. o fole proporcional, sendo 8. a ação derivativa modifica a saída
realimentada negativamente da do controlador quando há variação
saída e através da do ponto de ajuste, provocado pelo
4. restrição derivativa. operador. Se esta variação for
Na prática, o circuito pneumático muito rápida, e geralmente o é, a
completo da unidade derivativa possui o saída do controlador produz um
fole, o tanque derivativo e a restrição. Aqui, pico, podendo fazer o processo
por simplicidade, supõe-se que o próprio oscilar.

139
Controlador

A solução prática para eliminar esses 3. a derivativa é uma ação adicional


problemas é colocar o circuito derivativo que apressa a correção, gerando
antes das ações proporcional e integral e uma ação proporcional à velocidade
atuando apenas na medição. da variação do erro, antes da ação
proporcional.
O modo proporcional é o modo básico
e é sempre utilizado nos controladores
analógicos. Ele é o principal responsável
pela estabilidade do processo.
O modo integral deve ser usado para
eliminar o desvio permanente entre a
medição e o ponto de ajuste. Ele deve ser
evitado quando há possibilidade de
saturação. Ou, o que é mais inteligente,
devem ser tomados cuidados especiais
para se evitar que a ação integral leve o
controlador para a saturação.
O modo derivativo de ser usado em
Fig. 7. 9. Circuito pneumático do controlador PI processos com grande inércia e que
sofrem variações bruscas, que seriam
3.6. Proporcional + Integral + vagarosamente corrigidas, em o modo
derivativo. Porém, a ação derivativa deve
Derivativo
ser em processos com muito ruído, que
A relação matemática da saída do são pequenas e numerosas variações
controlador proporcional mais integral mais bruscas. A ação derivativa iria amplificar
derivativa ou do controlador PID é a esses ruídos, tornando o desempenho do
seguinte: controle do processo prejudicado.
O modo proporcional desempenha uma
100% 1 de realimentação negativa no interior do
s = s0 + e + ∫ edt + Td controlador, tornando-o mais estável. A
BP Ti dt
ação integral executa uma realimentação
positiva, se opondo à ação proporcional. A
ou, no caso pratico onde a ação ação derivativa, geralmente separada e
derivativa só atua na medição m da anterior às outras duas ações, retarda a
variável, realimentação negativa, apressando a
correção.
100% 1 dm
s = s0 + e + ∫ edt + Td
BP Ti dt 3.7. Controlador Tipo Batelada
O processo batelada ou descontinuo é
O controlador proporcional mais ciclicamente ligado, controlado e
integral mais derivativo possui as três desligado. É sempre desejável que todo o
ações de controle e é o mais completo controle seja feito em automático, sem o
possível. envolvimento direto e manual do operador.
Repetindo os objetivos das ações Quando se utiliza um controlador
1. a ação proporcional estabiliza o convencional, contendo modos
processo, provocando uma proporcional e integral, para o controle de
correção proporcional ao valor do processo batelada, os períodos de tempo
erro, instantaneamente, em que o processo fica desligado e o
2. a integral é uma ação auxiliar que controlador continua ligado podem causar
elimina o desvio permanente, a saturação do modo integral e, portanto,
produzindo uma correção do controlador. Quando o processo está
proporcional à duração do erro, desligado, o controlador continua
depois da ação proporcional, integrando o desvio entre a medição e o
ponto de ajuste e certamente fica saturado.

140
Controlador

Também, a banda proporcional do ponto de ajuste evita a ultrapassagem,


controlador se desloca para o fim de melhorando a resposta do processo.
escala superior. Embora sejam fenômenos interligados
Quando o processo é restabelecido, a e dependentes, há basicamente dois
medição irá subir e o controlador ainda ajustes na chave batelada
continua inoperante, pois a medição está ajuste de batelada, que determina o
totalmente fora da banda proporcional. O valor da saída onde a chave atua,
controlador só irá começar a atuar quando grampeando a saída. Esse é o ponto de
o desvio mudar de sentido. A medição atuação (trip).
precisará ultrapassar o ponto de ajuste ajuste de precarga, que regula o valor
para se começar o controle do processo. da ação batelada, que é o valor do
Basta haver uma pequena capacidade no deslocamento da banda proporcional para
processo, a maioria dos processos a tem, baixo, após a atuação da chave. Esse é o
para haver uma ultrapassagem grande da valor de precarga (preload)
medição em relação ao ponto de ajuste. Existem chaves bateladas para valor
Há um grande overshoot (é inevitável, máximo e para valor mínimo.
outra vez, o uso da palavra em inglês). Tipicamente, para batelada de máximo,
Para eliminar a saturação e a o ponto ajustado é 15,2 psig e o valor de
conseqüente ultrapassagem da medição precarga é ajustado em 3,0 psig. Mutatis
usa-se a chave batelada, desenvolvida mutandi, para batelada de mínimo,
especificamente para essa aplicação. Na normalmente se ajusta o ponto de batelada
prática, usa-se controlador batelada, que é em 2,8 psig e o ponto de precarga em 15,0
um controlador convencional com uma psig. Obviamente, outros valores podem
chave batelada incorporada a seu circuito. ser reajustado e os fabricantes de
O controlador batelada, disponível com instrumentos fornecem a literatura técnica
dois modos proporcional e integral e com explicativa para a adequada Calibração em
três modos, proporcional, integral e bancada. Mas, normalmente, ambos os
derivativo, é linear, contínuo, com ajustes ajustes são feitos na fábrica e não se
adicionais de batelada e de precária, feitos requer verificação ou mudança posteriores.
na chave batelada. A chave batelada atua na pressão de
A função exercida pela chave é a de saída do controlador, cuja faixa é de 3 a 15
pressurizar o fole integral do controlador psig. O ajuste batelada, que determina o
pneumático. No controlador eletrônico, é a ponto de atuação, é estabelecido em, p.
de carregar artificialmente a uma ex., 15,2 psig. O ajuste pode ser feito por
determinada tensão, o capacitor integral do uma mola ou pode ser o valor de um sinal
circuito. pneumático remoto. Quando a saída do
Nessa nova condição, o controlador controlador está abaixo de 15 psig, a
não satura em valor elevado e a banda pressão exercida do lado da mola é maior
proporcional não é deslocada para o limite e o sinal de saída do controlador passa
superior da faixa de medição. Quando a livremente pela chave e vai realimentar o
saída do controlador alcançar um valor circuito integral do controlador. Isso
pré-determinado, ajustado na chave de permite que, em operação normal, o
batelada, o circuito integral fica grampeado controlador atue sem interferência da
em um valor artificial. Isso força a banda chave de batelada. Quando a saída atingir
proporcional a mudar de sentido. Como o valor de batelada ajustado na chave,
resultado desse deslocamento, a medição assumido de 15,2 psig, a força do
entra mais cedo dentro da banda diagrama da chave é menor no lado da
proporcional. Na partida automática do mola. A chave batelada atua, cortando o
processo de batelada, a medição começa sinal de saída que era realimentada ao
a subir e logo entra na banda proporcional, controlador. A pressão do circuito integral
fazendo a saída do controlador atuar cedo do controlador é, então, aliviada para a
no processo, bem antes da medição atmosfera (quando não há ajuste de
alcançar o ponto de ajuste. Essa precarga) e cai, até atingir 0 psig. Quando
aproximação suave da medição para o utilizado o conceito de precarga, a pressão
do circuito integral cai até esse valor,

141
Controlador

previamente ajustado na chave batelada. conector, na estante e nos módulos


Essa situação permanece, enquanto o de encaixe. Não é necessário
sinal de saída do controlador continuar especificar um controlador batelada
maior que o valor batelada ajustado. Como que certamente custa mais caro e
o sinal do modo integral diminui, a banda fica superdimensionado.
proporcional é deslocada para baixo do 3. para controle de processo tipo
ponto de ajuste do controlador. O ajuste de batelada, deve-se especificar o
precarga evita que a banda proporcional controlador especial, também tipo
caia muito aquém do ponto de ajuste, batelada. Além de evitar a
tornando muito longo o período que o saturação do modo integral, ele
controlador permanece inativo na malha. torna possível a partida automática
Com o ajuste de precarga, durante a do processo, sem ultrapassagem da
partida do processo, a medição entra logo medição em relação ao ponto de
na banda proporcional e o controlador ajuste. Nessa especificação é
começa a atuar mais cedo. Como importante definir qual a lógica do
conseqüência, a medição não ultrapassa o sistema, se batelada máxima ou
ponto de ajuste e a resposta dinâmica do batelada mínima. E, também,
processo é ideal. consultando a literatura dos
Na versão eletrônica, a filosofia de fabricantes disponível, determinar o
operação é a mesma, porém os valor dos ajustes de batelada e de
equipamentos são diferentes. Não há precarga requeridos.
chave batelada eletrônica. O controlador
eletrônico batelada acrescenta à 3.8. Controlador Analógico
configuração convencional um circuito de
Historicamente, até a década de 1970
realimentação contendo amplificadores
foi usado principalmente o controlador
operacionais e o circuito de polarização.
analógico pneumático, até a década de
Os ajustes de batelada e de precarga são
1980, o controlador analógico eletrônico e
feitos em potenciômetros e o acesso se dá
a partir da década de 1980, o controlador
pela parte frontal do controlador. Os limites
digital eletrônico.
de batelada e de precarga são atuantes
O controlador analógico usa sinais
mesmo em operação manual.
contínuos para computar a saída do
Referente a saturação do modo integral
controlador. Testes feitos em controlador
do controlador devem ser tomadas as
analógico industrial eletrônico revelaram os
seguintes precauções
seguintes resultados
1. controladores de processo,
1. a banda proporcional medida era de
especialmente os eletrônicos, que
0 a 25% maior que a marcação do
possuem limitadores do sinal de
dial,
saída, podem ser usados sem
2. o tempo integral medido era cerca
nenhum cuidado extra em controle
de 100% maior que a marcação do
de malhas simples. Os limitadores
dial,
da saída certamente impedirão a
3. o tempo derivativo marcado era
saturação do modo integral, que
cerca de 40% a 70% menor que a
poderia ser provocada pela
marcação do dial,
realimentação interna normal.
4. o tempo integral medido não se
2. para os sistemas de controle que
alterava com a variação do ajuste
exijam apenas a realimentação
do tempo derivativo. Teoricamente,
externa, como no caso de controle
para o controlador série, o tempo
em cascata e auto-seletor,
integral deveria aumentar com o
especificam-se controladores
aumento do tempo derivativo.
padrão com a opção extra de
5. o tempo derivativo e a banda
realimentação externa.
proporcional medidos obedeceram
Normalmente, essa opção de
aproximadamente as equações
realimentação externa do
teóricas, exceto que a variação
controlador implica também em
pequenas modificações no

142
Controlador

medida foi menor que a calculada 5. continua a mesma operação com a


para os ajustes grandes do dial. próxima variável controlada.
6. a saída do controlador medida O tempo requerido para conseguir um
mostrou um pico sempre que um novo nível da variável manipulada é curto
ajuste derivativo de qualquer valor comparado com o tempo entre as
era feito. O algoritmo teórico do amostragens. Pode-se assumir que a
controlador série fornece somente entrada para o processo é uma seqüência
um pico se o tempo derivativo fosse de valores constantes que variam
ajustado em valores maiores que instantaneamente no inicio de cada
1/4 Ti. período de amostragem.

Fig. 7. 11. Painel de programação do single loop


Fig. 7. 10. Ajustes do controlador analógico
(Foxboro)
Deve-se ter um algoritmo de controle
para o cálculo dos valores das variáveis
3.9. Controlador Digital manipuladas. O prosaico algoritmo PID é
ainda utilizado.
Hoje se vive em um mundo analógico Esta operação discreta é repetitiva e o
cercado por um universo de tecnologia
período é chamado de sample e hold.
digital. O computador digital é usado de
A grande desvantagem do controlador
modo intensivo e extensivo na
digital é a introdução de vários tipos de
instrumentação, no controle digital
tempo morto devido ao tempo de
distribuído, no controle lógico programado
amostragem, a computação matemática, a
de processos repetitivos, no controle a
filtragem analógica das harmônicas da
realimentação negativa de uma única
freqüência de amostragem e a
malha (single loop), em computação
caracterização do modo derivativo. Por
analógica de medição de vazão, na
causa deste tempo morto adicional, o
transmissão .
controlador digital não pode ser usado
Embora o processo seja contínuo no
indiscriminadamente em malha de controle
tempo, o controlador digital existe em um
de processo critico e rápido, como para o
mundo discreto porque ele tem
controle de surge de compressor ou
conhecimento das saídas do processo
controle de pressão de forno em faixa
somente em pontos discretos no tempo,
estreita.
quando são obtidos os valores de O controlador digital aumentou a
amostragem.
capacidade de computação para o controle
Em geral, o controlador digital:
e para a caracterização das ações de
1. obtém um valor amostrado da saída
controle, sendo adequado para estratégias
do processo,
de controle avançadas, como o controle
2. calcula o erro entre a medida e o
preditivo antecipatório (feedforward).
ponto de referência armazenado no
Tipicamente, o controlador digital é
computador,
superior ao analógico na precisão e
3. computa o valor apropriado para a
resolução dos ajustes dos modos de
entrada manipulada do processo,
controle; na precisão da computação
4. gera um sinal de saída para o
adicional, linearização e caracterização de
elemento final de controle, sinal; na flexibilidade em função da

143
Controlador

programação e da comunicação. Porém, o 4.2. Características


aumento da flexibilidade resulta em um
aumento da responsabilidade do Tamanho
instrumentista, desde que maior leque de
Tem tamanho pequeno ou muito
escolha implica em maior probabilidade de
pequeno (menor que as dimensões DIN).
cometer erros.
Não necessariamente a mais importante,
O controlador digital usa sinais
mas um das características mais notável
discretos para computar a saída do
da presente geração de controladores
controlador. Geralmente, o controlador
single loop é seu pequeno tamanho físico.
digital é baseado em microprocessador. O
A maioria dos controladores segue as
controlador digital emula o algoritmo
dimensões européias DIN (Deutche
analógico PID.
Industrie Norm) para aberturas de painel.
4. Controlador Funções de controle
Microprocessado Muitos controladores chamados de
single loop são dual loops. Através de
microprocessadores no circuito, muitos
4.1. Conceito controladores oferecem os formatos de
O controlador single loop é o liga-desliga e PID. Outros controladores
instrumento microprocessado com todas incorporam funções matemáticas, ou no
as vantagens relacionadas acima inerentes próprio circuito ou através de módulos
à sua natureza que pode ser usado para funcionais opcionais incorporados na
controlar uma única malha (daí o nome, caixa. Estas funções matemáticas incluem:
single loop). É também chamado de single 1. Somador - subtrator
station. O controlador single loop resolve o 2. Ganho ajustável com polarização
algoritmo de controle para produzir uma 3. Multiplicador - divisor
única saída controlada. O seu baixo custo 4. Compensador lead/lag
permite que ele seja dedicado a uma única (avanço/atraso)
malha. Por questão de marketing e por 5. Filtro dual
causa de sua grande capacidade, um 6. Limitador de rampa
único invólucro pode ter dois e até quatro 7. Limitador de sinal
controladores, porém, com o aumento de 8. Rastreamento (tracking) analógico
dificuldade da operação. 9. Extrator de raiz quadrada
O microprocessador pode ter qualquer 10. Seletor de sinal (alto/baixo)
função configurável e por isso, um mesmo 11. Seletor de sinal (médio
instrumento pode funcionar como 12. Conversor de sinal (termopares,
controlador, controlador cascata, RTD)
controlador auto-seletor ou como 13. Potenciômetro (não isolado e
computador de vazão com compensação isolado)
de pressão e temperatura. A configuração
Auto-sintonia
pode ser feita através de teclados
acoplados ao instrumento ou através de Esta propriedade é disponível na maioria
programadores separados (stand alone). dos controladores single loop, exceto nos
Como a tecnologia do single loop é de baixo custo.
moderna, o instrumento incorpora todos os Seqüencial e programação de tempo
avanços da tecnologia eletrônica,
microprocessadores, displays novos e A maioria dos controladores single loop
programas criativos. possui capacidade de programação
temporal e sequenciamento de operações.
A programação envolve quaisquer duas
variáveis, porém o mais comum é se ter o
tempo e a temperatura. Em siderurgias, é
comum a aplicação de programas de
temperatura, onde se tem uma rampa de

144
Controlador

aquecimento, a manutenção da
temperatura em um patamar durante um
determinado tempo e o abaixamento em
vários degraus.
Outras propriedades
Os controladores single loop possuem
ainda capacidade de auto/manual, ponto
de ajuste múltiplo, autodiagnose e
memória. São construídos de
conformidade com normas para ser
facilmente incorporado e acionado por Fig. 7. 12. Controladores single loop (Foxboro)
sistemas SDCD.
As aplicações típicas do single loop são
em plantas pequenas e médias que não Suas especificações funcionais são:
podem ou não querem operar, em futuro 1. sinais de entrada proporcionais,
próximo, em ambiente com controle digital qualquer combinação não excedendo
distribuído. Mesmo em sistemas de SDCD, 4 analógicas (4 a 20 mA, 1 a 5 V,
há malhas críticas que, por motivo de voltagem de termopar ou resistência
segurança, são controladas por de RTD) e 2 entradas de freqüência.
controladores single loop. Todos os sinais de entrada são
convertidos e podem ser
4.3. Controladores comerciais caracterizados em uma variedade de
cálculos.
Controlador Foxboro 2. cada controlador possui duas
funções de controle independentes
O controlador single station Foxboro inclui:
que podem ser configuradas como
1. display analógico fluorescente para
um único controladores, dois
mostrar através de barra de gráfico o
controladores em cascata ou em
valor da variável, do ponto de ajuste
seleção automática. Os algoritmos
e da saída do controlador
padrão para cada controlador são P,
2. display digital para indicar através de
dígitos os valores e unidades de I, PD, PI, PID e controle EXACT
3. duas saídas analógicas não isolados
engenharia
3. display alfanumérico para indicar tag
e duas saídas discretas
4. outras funções de controle como
da malha selecionada
4. painel da estação de trabalho, para
caracterização, linearizadores, portas
indicar status de operação lógicas, condicionadores de sinal
5. alarmes
(computador ou local), status do
6. computações matemáticas
ponto de ajuste (remoto, local ou
7. alimentação do transmissor de
relação), status da saída (automático
ou manual) e status de alarme campo
8. memória para armazenar todos os
(ligado ou desligado)
5. teclado com 8 teclas para
parâmetros de configuração e
configuração e operação para operação
9. filtros de entrada (Butterworth)
selecionar, configurar e sintonizar o
10. distribuição de sinais (até 30
controlador
sinais para roteamento interno)

145
Controlador

Controlador Yokogawa 4.1. Descrição e Funções


O controlador single loop da Yokogawa A estação de controle automático
incorporam funções computacionais e de fornece a interface para a interação normal
controle que podem ser combinadas do do operador com a malha de controle, de
mesmo modo que uma calculadora de modo automático ou manual.
bolso. A função de auto-sintonia para A estação indica os valores da medição
otimizar o controle é útil principalmente em (ponteiro vermelho) e ponto de ajuste
aplicações de batelada de multiprodutos, (ponteiro preto e branco) em uma escala
onde as características do processo de 100 mm de altura, vertical,
podem variar de produto para produto. intercambiável com a escala do indicador
Suas características incluem: ou estação manual. A precisão dessas
1. controle feedforward, com indicações é de 0,5% da largura de faixa.
computações de ganho e Há indicação também do sinal de saída,
polarização, em uma escala horizontal, com precisão de
2. processamento de sinais 2,5% da largura de faixa.
3. entradas analógicas (4 pontos de 1
a 5 V cc)
4. saídas analógicas (3 pontos de 1 a
5 V cc, 1 ponto de 4 a 20 mA cc)
5. estação de computação
programável com display de dados,
processamento de sinal e
sequenciamento
6. 10 pontos de status de
entrada/saída definidos pelo usuário
7. quatro chaves funcionais no painel
frontal para iniciar as seqüências de
controle
8. quatro lâmpadas associadas para
Fig. 25. Estação de controle automático
indicar o progresso da seqüência ou
servir como cursor
9. 43 funções computacionais
Na parte frontal, a estação de controle
possui a chave de transferência de duas
posições AUTOMÁTICO ou MANUAL, que
fornece a transferência sem necessidade
de balanço e sem provocar
descontinuidade ao processo. Logo abaixo
dessa chave há o botão de comando
manual, que gera um sinal de 0 a 10 V cc,
em duas velocidades distintas. Há uma
seta indicando o sentido de abertura ou
fechamento da válvula de controle, bem
como dois índices de memória para indicar
Fig. 7. 13. Controladores single loop (Yokogawa) os limites de trabalho do operador final.
Quando a estação é do modelo com
ponto de ajuste manual, há um botão, na
parte frontal da estação, para prover o seu
4. Controlador SPEC 200 ajuste. Quando a estação tem ponto de
ajuste ou manual ou remoto, além desse
botão de ajuste manual, há uma chave
seletora com duas posiçÕes
REMOTO/LOCAL. Opcionalmente, pode
haver lâmpadas de alarmes, colocadas na
parte superior da estação. Nesse caso há

146
Controlador

um pequeno botão de reconhecimento e controle, por um cabo padrão, de tamanho


teste do alarme, entre os dois botões variável, 2AK.
ajuste manual e seleção R/L. Quando não Normalmente a estação é ligado ao
há alarme é possível se encontrar o furo, módulo padrão 2AC. Porém, quando há
porém com uma tampinha plástica. A características especiais, p.ex., sistema
identificação da estação é feita no visor, na auto-seletor, a estação de controle deve
parte superior e frontal. ser ligada também a um módulo especial,
p.ex., 2AC-R3. Ainda, quando há opções
extras para a estação de controle, p.ex.,
indicação do estado AUTO/MANUAL,
ajuste externo do modo AUTO/MANUAL,
as estações exigem também um módulo
de distribuição de sinais com acesso à
função de controle (2AX+DFA). Nesse
caso, a estação de controle recebe
alimentação das duas áreas painel de
leitura e armário. Finalmente, em casos
extremos pode se exigir o uso de módulo
especial de controle, p.ex., 2AC+R3 e
módulo de distribuição especial, p.ex.,
2AX+DFC.
Os fusíveis, disponíveis no módulo de
Fig. 26. Estação de controle ligada ao armário controle protegem o sistema SPEC200 de
curto circuito eventualmente provocados
pela estação de controle e sua fiação.
Geralmente a sintonia dos circuitos
eletrônicos, ajustes de calibração são
encontráveis e feitos no cartão de controle.
A estação de controle é uma caixa vazia,
Fig. 27. Bloco terminal no módulo de controle apenas com o circuito de indicação e com
as chaves de monitoração do operador.
Nessa configuração o operador não tem
aos circuitos de sintonia e ajustes de zero,
faixa, limites de saída. Apenas estabelece
o ponto de ajuste, aciona manualmente o
elemento final de controle. Quando essa
situação não é desejável, pode-se ter os
Fig. 28. Estação com tomada para o circuitos eletrônicos e de alarme na própria
cabo estação de controle. Nesse caso, os
cartões de controle são diferentes e não
possuem nenhum ajuste em sua parte
A estação de controle automático é frontal. São os cartões 2AX+T.
montada na estante do painel de leitura.
Cada estação ocupa um espaço de
estante. É ligada à estante através de um
cabo padrão, com 42 polegadas de
comprimento, preso à estante por uma
braçadeira e com a tomada fixa à parede
da estante por 4 parafusos. Esse conjunto
de ligação é igual, tanto para o indicador,
registrador, estação manual ou estação
automática.
A estação de controle automático é
ligada à área do armário ao módulo de

147
Controlador

5. Estação Manual de Controle 5.1. Estação Manual

A estação manual, chamada de HIC (hand A estação de atuação manual (Manual


indicator controller), de estação auxiliar ou Loading) gera o sinal padrão, pneumático
de estação de carga manual (load station) ou eletrônico, através da atuação manual
é o instrumento que possibilita ao operador do operador. A estação possui um medidor
atuar diretamente no processo através da do sinal de saída gerado manualmente.
geração manual de sinais padrão Duas aplicações típicas da estação
eletrônicos ou pneumáticos. manual:
As aplicações típicas da estação 1. regular manualmente a posição da
manual incluem válvula de controle no campo. Esta
1. a atuação direta e manual no ação manual pode substituir a
processo, em substituição ao atuação automática do controlador
controle automático ou como única ou a atuação manual feita
alternativa. localmente através do volante da
2. a geração do ponto de ajuste válvula.
remoto do controlador 2. estabelecer o ponto de ajuste de
3. o aumento da capacidade, como controlador individual ou mesmo
adicionar polarização, fazer ajustar simultaneamente os pontos
proporção, atuar em vários de ajuste de vários controladores no
elementos finais. mesmo nível. Nesta aplicação a
A estação auxiliar tem aparência saída da estação de ajuste manual
externa idêntica à do controlador, com alimenta diretamente o circuito do
escala vertical; botões de atuação; chaves ponto de ajuste dos controladores.
de transferência A/M, polarização e relação
. 5.2. Estação de Chaveamento A/M
As estações são disponíveis em vários Normalmente o controlador possui uma
modelos de complexidade crescente estação manual auxiliar, que pode ser
1. a estação manual de carga atuada manualmente pelo operador, desde
2. a estação com chaveamento A/M que a chave seletora esteja na posição
3. a estação com chave A/M e com Manual. Esta estação manual, acoplada a
100% de polarização ajustável unidade de controle automático, é de
4. a estação de relação tamanho pequeno, com a resolução de
leitura pior que as indicações da estação
automática e com a arquitetura pouco
flexível e limitada. Por isso, se
desenvolveu comercialmente a estação
manual com o chaveamento
automático/manual.

Fig. 7.14. Estação manual acoplada ao controlador

Fig. 7.15. Estação manual (stand alone)

148
Controlador

A estação auxiliar de chaveamento A/M


é usada com outro controlador automático
e permite as seguintes opções
1. Regulação manual da posição da
válvula de controle, quando a chave
de transferência estiver em Manual.
2. Passagem direta do sinal de um
controlador automático para a
válvula de controle, quando a chave
de transferência estiver em
Automático.
Tipicamente há uma indicação da Fig. 7. 16. Estação manual A/M
diferença entre os sinais automático e
manual de modo a informar e auxiliar o
operador nos procedimentos de
transferência. 5.3. Estação A/M e Polarização
Quando a malha de controle complexa
requer um único controlador atuando em A estação com chaveamento A/M e
duas ou mais válvulas de controle, em polarização ajustável possui as seguintes
paralelo, a saída do controlador automático características:
passa através das várias estações 1. na posição automática, ela não atua
manuais para atuar nas várias válvulas de no processo e o sinal automático
controle. Esta montagem permite ao proveniente do controlador
operador atuar manualmente uma ou mais automático, passa através dela sem
válvulas de controle, enquanto as outras alteração e é apenas indicado.
válvulas estão sendo controladas 2. na posição manual, o sinal de saída
automaticamente. Isto é justificado quando da estação é dado pela relação
1. em postas em marcha, quando 3. saída manual = sinal automático +
ainda as capacidades das válvulas polarização ajustável manual
estão excessivas. Há excesso de O operador de processo pode adicionar ou
ganho, portanto instabilidade, subtrair, de 0 a 100% do sinal de entrada,
quando ambas as válvulas estão do sinal automático de entrada antes de
operando muito próximos da retransmiti-lo a válvula de controle.
posição de fechamento. Aplicação típica para o uso desta
2. as válvulas estão estação A/M com polarização é o sistema
superdimensionadas, para atender com dois ou mais elementos finais de
a capacidade de futuras controle regulados por um único
ampliações. Também neste caso controlador. Com esta estação, o operador
existem malhas com ganhos muito de processo pode polarizar uma válvula
elevados, portanto instáveis. Uma com relação as outras. A polarização pode
outra solução para este problema ser desejável e necessária por uma ou
seria utilizar, se disponíveis, mais das seguintes razões
válvulas com capacidades 1. separar os níveis de operação de
reduzidas. Nas ampliações, dois operadores finais idênticos,
trocariam os internos das válvulas para impedir a interferência e
para capacidades totais. interação entre ambos.
3. há necessidade da manutenção de 2. balancear dois operadores finais
uma das válvulas, enquanto as para prevenir que apenas um
outras válvulas permanecem no assuma toda a carga do processo.
processo. 3. balancear a saída de todos os
4. se fixa o ponto de operação de uma operadores finais de modo que as
válvula manualmente enquanto as entradas do processo fiquem
outras válvulas são controladas uniformes.
automaticamente.

149
Controlador

Fig. 7. 17. Estação manual com polarização

5.4. Serviços Associados


Na especificação da estação manual de
controle separada do controlador
automático, deve ser conhecidos e
informados ao fabricante os seguintes
parâmetros
1. a função a desempenhar geração
do sinal, indicação, polarização,
relação ,
2. os sinais de entrada e de saída,
3. a faixa da escala de indicação,
4. a montagem, com a verificação
previa da estante e dos cabos de
engate rápido,
5. as opções extras.
6. A operação da estação manual
envolve
7. a leitura do sinal gerado e
opcionalmente dos sinais externos,
8. a atuação manual para gerar o sinal
interno
9. a atuação manual para gerar a
polarização desejada, se aplicável,
10. a atuação manual da chave seletora
A/M.

Apostilas\Instrumentação 25Controlador.doc 18 OUT 00 (Substitui 11 DEZ 98)

150
2.8
Válvula de Controle

1. Introdução 2. Elemento Final de Controle


Aproximadamente 5% dos custos totais A malha de controle a realimentação
de uma indústria de processo químico se negativa possui um elemento sensor, um
referem a compra de válvulas. Em termos controlador e um elemento final de
de número de unidades, as válvulas controle. O sensor ou o transmissor envia
perdem apenas para as conexões de o sinal de medição para o controlador, que
tubulação. o recebe e o compara com um ponto de
As válvulas são usadas em tubulações, ajuste e gera um sinal de saída para atuar
entradas e saídas de vasos e de tanques no elemento final de controle. O elemento
em várias aplicações diferentes; as final de controle manipula uma variável,
principais são as seguintes que influi na variável controlada, levando-a
1. serviço de liga-desliga para valor igual ou próximo do ponto de
2. serviço de controle proporcional ajuste.
3. prevenção de vazão reversa O controle pode ser automático ou
4. controle e alívio de pressão manual. O controle manual pode ser
5. especiais remoto ou local. A válvula de controle abre
6. controle de vazão direcional e fecha a passagem interna do fluido, de
7. serviço de amostragem conformidade com um sinal de controle.
8. limitação de vazão Quando o sinal de controle é proveniente
9. selagem de vaso ou de tanque de um controlador, tem-se o controle
De todas estas aplicações, a mais automático da válvula. Quando o sinal de
comum e importante se relaciona com o controle é gerado manualmente pelo
operador de processo, através de uma
estação manual de controle, tem-se o
controle manual remoto. Na atual manual
local, o operador atua diretamente no
volante da válvula.
Há vários modos de manipular as
vazões de materiais e de energia que
entram e saem do processo; por exemplo,
por bombas com velocidade variável,
bombas dosadoras, esteiras, motor de
passo porém, o modo mais simples é por
controle automático de processos. meio da válvula de controle.
O controle pode ser feito de modo contínuo
ou liga-desliga. Na filosofia continua ou
Fig. 8.1. Esquema típico de válvula de controle analógica, a válvula pode assumir, de
modo estável, as infinitas posições entre
totalmente fechada e totalmente aberta. Na

151
Válvula de Controle

filosofia digital ou liga-desliga, a válvula só 3. Válvula de Controle


fica em duas posições discretas ou
totalmente fechada ou totalmente aberta. O As funções da válvula de controle são:
resultado do controle é menos satisfatório 1. Conter o fluido do processo, suportando
que o obtido com o controle proporcional, todos os rigores das condições de
porém, tal controle pode ser realizado operação. Como o fluido do processo
através de chaves manuais, chaves passa dentro da válvula, ela deve ter
comandadas por pressão (pressostato), características mecânicas e químicas
temperatura (termostato), nível, vazão ou para resistir à pressão, temperatura,
controladores mais simples. Neste caso, a corrosão, erosão, sujeira e
válvula mais usada é a solenóide, atuada contaminantes do fluido.
por uma bobina elétrica. 2. Responder ao sinal de atuação do
controlador. O sinal padrão é aplicado
ao atuador da válvula, que o converte
em uma força, que movimenta a haste,
em cuja extremidade inferior está o
obturador, que varia a área de
passagem do fluido pela válvula.
3. Variar a área de passagem do fluido
manipulado. A válvula de controle
manipula a vazão do meio de controle,
pela alteração de sua abertura.
4. Absorver a queda variável da pressão
da linha. Em todo o processo, a válvula
é o único equipamento que pode
fornecer ou absorver queda de pressão
controlável.

Fig. 8. 2. Válvula de controle

O sinal de controle que chega ao


atuador da válvula pode ser pneumático ou
eletrônico. A válvula de controle com
atuador pneumático é o elemento final de
controle da maioria absoluta das malhas.
Mesmo com o uso cada vez mais intensivo
e extensivo da instrumentação eletrônica,
analógica ou digital, a válvula com atuador
pneumático ainda é o elemento final mais Fig. 8. 3. Válvula de controle (Fisher)
aplicado. Ainda não se projetou e construiu
algo mais simples, confiável, econômico e
eficiente que a válvula com atuador Depois de instalada na tubulação e
pneumático. Ela é mais usada que as para poder desempenhar todas as funções
bombas dosadoras, as alavancas, as requeridas a válvula de controle deve ter
hélices, os basculantes, os motores de corpo, atuador e castelo. Adicionalmente,
passo e os atuadores eletromecânicos. ela pode ter acessórios opcionais que
facilitam e otimizam o seu desempenho,
como posicionador, booster, chaves,
volantes, transdutores corrente elétrica
para ar pneumático e relé de inversão.

152
Válvula de Controle

4. Corpo 4.3. Plug


O plug ou obturador da válvula pode ter
diferentes formatos e tamanhos, para
4.1. Conceito
fornecer vazamentos diferentes em função
O corpo da válvula de controle é da abertura. Cada figura geométrica do
essencialmente um vaso de pressão, com obturador corresponde a uma quantidade
uma ou duas sedes, onde se assenta o de vazão em função da posição da haste.
plug (obturador), que está na extremidade Os formatos típicos fornecem
da haste, que é acionada pelo atuador características linear, parabólica,
pneumático. A posição relativa entre o exponencial, abertura rápida.
obturador e a sede, modulada pelo sinal
que vem do controlador, determina o valor
da vazão do fluido que passa pelo corpo
da válvula, variando a queda de pressão
através da válvula.
No corpo estão incluídos a sede,
obturador, haste, guia da haste,
engaxetamento e selagem de vedação. O
conjunto haste-plug-sede é chamado de
trim.

Fig. 8. 5. Válvula com conexão rosqueada


Materiais
Como a válvula está em contato direto
com o fluido do processo o seu material
interior deve ser escolhido para ser
compatível com as características de
corrosão e abrasão do fluido. A parte
externa do corpo da válvula é metálica,
geralmente ferro fundido, aço carbono
Fig. 8. 4. Corpo da válvula contendo o fluido cadmiado, aço inoxidável AISI 316, ANSI
304, bronze, ligas especiais para alta
temperatura, alta pressão e resistentes à
4.2. Sede corrosão química. As partes internas,
justamente aquelas que estão em contato
A válvula de duas vias pode ter sede com o fluido, são o interior do corpo, sede,
simples ou dupla. A sede da válvula é onde obturador, anéis de engaxetamento e de
se assenta o obturador. A posição relativa vedação e também devem ser de material
entre o obturador e a sede é que adequado.
estabelece a abertura da válvula. Na
válvula de sede simples há apenas um
caminho para o fluido passar no interior da
válvula. A válvula de sede simples é
excelente para a vedação, porém requer
maior força de fechamento/abertura. A
válvula de sede dupla, no interior da qual
há dois caminhos para o fluxo, geralmente
apresenta grande vazamento, quando
totalmente fechada. Porém, sua vantagem
é na exigência de menor força para o
fechamento e abertura.

153
Válvula de Controle

Conexões Terminais prover vedação, usam-se caixas de


A válvula é instalada na tubulação engaxetamento. Algumas caixas requerem
através de suas conexões. O tipo de lubrificação periódica. Os materiais típicos
conexões terminais a ser especificado para de engaxetamento incluem Teflon®,
uma válvula é normalmente determinado asbesto, grafite e a combinação deles
pela natureza do sistema da tubulação em (asbesto impregnado de Teflon e asbesto
que a válvula vai ser inserida. As conexões grafitado).
mais comuns são flangeadas, rosqueadas, Quando a aplicação envolve
soldadas. Há ainda conexões especiais e temperaturas extremas, muito baixas
proprietárias de determinados fabricantes. (criogênicas) ou muito elevadas, o castelo
Os fatores determinantes das conexões deve ter engaxetamento com materiais
terminais são tamanho da válvula, tipo do especiais (semimetálicos) e possuir aletas
fluido, valores da pressão e temperatura e horizontais, que aumentem a área de troca
segurança do processo. de calor, facilitando a transferência de
As conexões rosqueadas são usadas energia entre o processo e a atmosfera
para válvulas pequenas, com diâmetro externa e protegendo o atuador da válvula
menor que 2". A linha possui a rosca contra temperaturas extremas.
macho e o corpo da válvula a rosca fêmea. Em aplicações onde se quer vedação
É econômico e simples. total ao longo da haste, pois o fluido do
O corpo da válvula pode ser soldado processo é tóxico, explosivo, pirofosfórico,
diretamente à linha. Este método é pouco muito caro, usam-se foles como selos. O
flexível, porém é utilizado para montagem fluido do processo pode ser selado interna
permanente, quando se tem altíssimas ou externamente ao fole.
pressões e é perigoso o vazamento do
fluido. 6. Atuador
Conectar o corpo da válvula à
tubulação através do conjunto de flanges,
parafusos e porcas é o método mais 6.1. Operação Manual ou Automática
utilizado para válvulas maiores que 2". As Os modos de operação da válvula
flanges podem ser lisas ou de faces dependem do seu tipo, localização no
elevadas e sua classe de pressão ANSI processo, função no sistema, tamanho,
deve ser compatível com a pressão do freqüência de operação e grau de controle
processo. desejado. Os modos possíveis são manual
Geralmente a válvula de controle ou automático.
possui uma entrada e uma saída; é
chamada de duas vias. Porém, há
aplicações de mistura ou divisão, que
requerem válvulas com três vias duas
entradas e uma saída (mistura) ou uma
entrada e duas saídas (divisão).

5. Castelo
O castelo (bonnet) liga o corpo da
válvula ao atuador. A haste da válvula se
movimenta através do engaxetamento do
castelo. Há três tipos básicos de castelo:
aparafusado, união e flangeado.
O engaxetamento no castelo para
alojar e guiar a haste com o plug, deve ser Fig. 8. 6. Atuador pneumático da válvula
de tal modo que não haja vazamento do A atuação manual pode ser local ou
interior da válvula para fora e nem muito remota. A atuação local pode ser feita
atrito que dificulte o funcionamento ou diretamente por volante, engrenagem,
provoque histerese. Para facilitar a corrente mecânica ou alavanca. A atuação
lubrificação do movimento da haste e manual remota pode ser feita pela geração

154
Válvula de Controle

de um sinal elétrico ou pneumático, que posição extrema, ou totalmente aberta ou


acione o atuador da válvula. Para ser totalmente fechada. Operacionalmente, a
atuada automaticamente a válvula pode força da mola se opõe à força do
estar acoplada a mola, motor elétrico, diafragma; a força do diafragma deve
solenóide, servo mecanismo, atuador vencer a força da mola e as forças do
pneumático ou hidráulico. processo.
Freqüentemente, é necessário ou Erradamente, se pensa que o atuador
desejável operar automaticamente a da válvula requer a alimentação de ar
válvula, de modo contínuo ou através de pneumático para sua operação; o atuador
liga-desliga. Isto pode ser conseguido pela funciona apenas com o sinal padrão, de 20
adição à válvula padrão um dos seguintes a 100 kPa (3 a 15 psi).
acessórios O atuador pneumático consiste
1. atuador pneumático ou hidráulico para simplesmente de um diafragma flexível
operação continua ou de liga-desliga, colocado entre dois espaços. Uma das
2. solenóide elétrica para operação de câmaras deve ser vedada à pressão e na
liga-desliga, outra câmara ha uma mola, que exerce
3. motor elétrico para operação continua uma força contraria. O sinal de ar da saída
ou de liga-desliga. do controlador vai para a câmara vedada à
Geralmente, um determinado tipo de pressão e sua variação produz uma força
válvula é limitado a um ou poucos tipos de variável que é usada para superar a força
atuadores; por exemplo, as válvulas de exercida pela mola de faixa do atuador e
alívio e de segurança são atuadas por as forças internas dentro do corpo da
mola; as válvulas de retenção são atuadas válvula e as exercidas pelo próprio
por mola ou por gravidade e as válvulas processo.
globo de tamanho grande e com alta O atuador pneumático deve satisfazer
pressão de processo são atuadas por basicamente as seguintes exigências
motores elétricos ou correntes mecânicas. 1. operar com o sinal de 20 a 100 kPa (3 a
As válvulas de controle contínuo são 15 psig),
geralmente atuadas pneumaticamente e 2. operar sem posicionador,
através de solenóides, quando se tem o 3. ter uma ação falha-segura quando
controle liga-desliga. Geralmente estes houver falha no sinal de atuação,
mecanismos de operação da válvula são 4. ter um mínimo de histerese,
considerados acessórios da válvula. 5. ter potência suficiente para agir contra
as forças desbalanceadas,
6.2. Atuador Pneumático 6. ser reversível.
Este tipo de operador, disponível com
6.3. Ações do Atuador
um diafragma ou pistão, é o mais usado.
Independente do tipo, o princípio de Basicamente, há duas lógicas de
operação é o mesmo. O atuador operação do atuador pneumático com o
pneumático, com diafragma e mola é o conjunto diafragma e mola
responsável pela conversão do sinal 1. ar para abrir - mola para fechar,
pneumático padrão do controlador em 2. ar para fechar - mola para abrir,
força-movimento-abertura da válvula. O Existe um terceiro tipo, menos usado,
atuador pneumático a diafragma recebe cuja lógica de operação é ar para abrir - ar
diretamente o sinal do controlador para fechar.
pneumático e o converte numa força que Outra nomenclatura para a ação da
irá movimentar a haste da válvula, onde válvula é falha-aberta (fail-open), que
está acoplado o obturador que irá abrir equivale a ar-para-fechar e falha-fechada,
continuamente a válvula de controle. igual a ar-para-abrir.
A função do diafragma é a de converter
o sinal de pressão em uma força e a
função da mola é a de retornar o sistema à
posição original. Na ausência do sinal de
controle, a mola leva a válvula para uma

155
Válvula de Controle

ausência de pressão, deve levar a válvula


para o fechamento total.
Uma válvula com atuação ar-para-
fechar opera de modo contrario. Na
ausência de ar e com pressões menores
que 20 kPa (3 psig), a válvula deve estar
totalmente aberta. Com o aparecimento de
pressões acima de 20 kPa (3 psig) e seu
aumento, a válvula diminuirá sua abertura.
Com a máxima pressão do controlador, de
100 kPa (15 psig), a válvula deve estar
totalmente fechada. Na falha do sistema,
quando a pressão cair o 0 kPa, a válvula
deve estar na posição totalmente aberta.
(a) Ar para abrir (b) Ar para fechar Certas aplicações exigem um válvula
Fig. 8. 7. Atuador pneumático da válvula de controle com um diafragma especial, de
modo que a falta do sinal de atuação faca
a válvula se manter na ultima posição de
A operação de uma válvula com atuador abertura; tem-se a falha-última-posição.
pneumático com lógica de ar para abrir é a
seguinte quando não há nenhuma pressão 6.4. Escolha da Ação
chegando ao atuador, a válvula está
A primeira questão que o projetista
"desligada" e na posição fechada. Quando
deve responder, quando escolhendo uma
a pressão de controle, típica de 20 a 100
válvula de controle é "o que a válvula deve
kPa (3 15 psig) começa a crescer, a
fazer, quando faltar o suprimento da
válvula tende a abrir cada vez mais,
alimentação?" A questão esta relacionada
assumindo as infinitas posições
com a "posição de falha" da válvula.
intermediárias entre totalmente fechada e
A segurança do processo determina o
totalmente aberta. Quando não houver
tipo de ação da válvula falha-fechada (FC -
sinal de controle, a válvula vai
fail close), falha-aberta (FC - fail open),
imediatamente para a posição fechada,
falha-indeterminada (FI - fail indetermined),
independente da posição em que estiver
falha-última-posição (FL - fail last position).
no momento da falha. A posição de
A segurança também implica no
totalmente fechada é também conhecida
conhecimento antecipado das
como a de segura em caso de falha. Quem
conseqüências das falha de alimentação
leva a válvula para esta posição segura é
na mola, diafragma, pistão, controlador e
justamente a mola. Assim, o sinal
transmissor. Quando ocorrer falha no
pneumático de controle deve vencer a
atuador da válvula, a posição da válvula
força da mola, a força apresentada pelo
não é mais função do projeto do atuador,
fluido do processo, os atritos existentes
mas das forças do fluido do processo
entre a haste e o engaxetamento.
atuando no interior da válvula e da
O atuador ar-para-abrir necessita de
construção da válvula. As escolhas são
pressão para abrir a válvula. Para
vazão-para-abrir (FTO - flow to open),
pressões menores que 20 kPa (3 psig) a
vazão-para-fechar (FTC - flow to close),
válvula deve estar totalmente fechada.
ficar na ultima posição (FB - friction
Com o aumento gradativo da pressão, a
bound). A ação vazão-para-fechar é
partir de 20 kPa (3 psig), a válvula abre
fornecida pela válvula globo; a ação vazão-
continuamente. A maioria das válvulas é
para-abrir é dada das válvulas borboleta,
calibrada para estar totalmente aberta
globo e esfera convencional. As válvulas
quando a pressão atingir exatamente 100
com plug rotatório, esfera flutuante são
kPa (15 psig). Calibrar uma válvula é fazer
típicas para ficar na ultima posição.
a abertura da válvula seguir uma reta,
passando pelos pontos 20 kPa x 0% (3 psi
x 0%) e 100 kPa x 100% (15 psi x 100%)
de abertura. A falha do sistema, ou seja, a

156
Válvula de Controle

6.5. Mudança da Ação são 40 a 200 kPa (6 a 30 psig) e 20 a 180


kPa (3 a 27 psig). Os fabricantes
Porém há vários modos de se inverter a apresentam equações para dimensionar e
ação de controle do sistema constituído de
escolher o atuador pneumático.
controlador, atuador e válvula de controle
1. troca da posição do atuador, alternando
6.7. Atuador e outro Elemento Final
a posição relativa diafragma e mola.
2. alguns atuadores possuem uma O atuador de válvula pode,
alimentação alternativa o sinal pode ser excepcionalmente, ser acoplado a outro
aplicado em dois pontos possíveis, cada equipamento que não seja a válvula de
um correspondendo a uma ação de controle. Assim, é comum o uso do atuador
controle. pneumático associado a cilindro,
3. alteração do obturador + sede da basculante e bóia. Mesmo nas
válvula. combinações que não envolvem a válvula,
4. alteração do modo de controle, no o atuador é ainda acionado pelo sinal
próprio controlador. A maioria dos pneumático padrão do controlador. E a
controladores possui uma chave função do atuador continua a de converter
seletora para a ação de controle direta o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig) em
(aumenta medição, aumenta sinal de uma força, que pode provocar um
saída) e inversa (aumenta medição, movimento.
diminui sinal de saída). Mesmo em sistema com
Na aplicação prática, deve se consultar instrumentação eletrônica, com
a literatura técnica disponível e referente a controladores eletrônicos que geral 4 a 20
todos os equipamentos controlador, mA cc, o comum é se usar o atuador
atuador e válvula, para se definir qual a pneumático com diafragma e mola. Para
solução mais simples, segura e flexível. compatibilizar seu uso, insere-se na malha
de controle o transdutor corrente-para-
6.6. Dimensionamento do Atuador pneumático. O conjunto transdutor I/P +
atuador pneumático é ainda mais simples,
Há atuadores de diferentes tamanhos e
eficiente, rápido e econômico que o
seu dimensionamento depende dos
atuador eletromecânico disponível
seguintes parâmetros pressão estática do comercialmente.
processo, curso da haste da válvula, O atuador pneumático é o mais
deslocamento da mola do atuador e da
comumente usado, por causa de sua
sede da válvula. A força gerada para
simplicidade, econômica, rapidez e
operar a válvula é função da área do
garantia de funcionamento. Os atuadores
diafragma, da pressão pneumática e da
pneumáticos são aplicados principalmente
pressão do processo. Quanto maior a para a obtenção do controle proporcional
pressão do sinal pneumático, menor pode contínuo. Para o controle liga-desliga é
ser a área do diafragma. Como
mais conveniente usar a válvula solenóide.
normalmente o sinal de atuação é padrão,
de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), geralmente
o tamanho do diafragma depende da 7. Acessórios
pressão do processo; quando maior a
pressão do fluido do processo, maior deve 7.1. Volante
ser a área do diafragma. O atuador
pneumático da válvula funciona apenas O volante manual é usado para o
com o sinal do controlador, padrão de 20 a fechamento manual da válvula no local, em
100 kPa (3 a 15 psig). Ele não necessita substituição ao fechamento automático ou
do suprimento de ar de 120 a 140 kPa (20 manual, feito através do atuador
a 22 psig). pneumático, em casos de emergência,
O tamanho físico do atuador depende durante a partida ou na falta de ar. Eles
da pressão estática do processo e da não são muito freqüentes e só se justifica
pressão do sinal pneumático. A faixa de sua aplicação em serviços críticos ou
pressão mais comum é o sinal de 20 a 100 quando não há válvulas de bloqueio ou de
kPa (3 a 15 psig); outras também usadas bypass.

157
Válvula de Controle

Os principais acessórios incluem as subtrai ar do atuador da válvula, até se


hastes com extensão, operador com obter a posição correta. Há um elo
corrente, operador com engrenagens. mecânico através do qual o posicionador
sente a posição da válvula e monitora o
sinal que vai para o atuador. O
posicionador pode ser considerado um
controlador proporcional puro.
As justificativas legitimas para o uso do
posicionador são para
1. eliminar a histerese e banda morta
da válvula, garantindo a excursão
linear da haste da válvula, por causa
de sua atuação direta na haste,
Fig. 8. 8. Válvula com volante 2. o posicionador alterar a faixa de sinal
pneumático, por exemplo, de 20 a
100 kPa (3 a 15 psig) para 100 a 20
7.2. Posicionador kPa (15 a 3 psig) ou de 20 a 60 kPa
(3 a 9 psig) para 20 a 100 kPa (3 a
O posicionador é um acessório 15 psig). O uso do posicionador é
opcional e não um componente obrigatório obrigatório na malha de controle de
da válvula, mesmo que algumas plantas faixa dividida (split range), onde o
padronizem e tornem seu uso extensivo a mesmo sinal de controle é enviado
todas as válvulas existentes. para várias válvulas em paralelo.
O posicionador é um dispositivo São razões para o uso do posicionador,
acoplado à haste da válvula de controle mas não muito legitimas
para otimizar o seu funcionamento. Ele 1. aumentar a velocidade de resposta
recebe o sinal padrão de 20 a 100 kPa (3 a da válvula, aumentando a pressão ou
15 psig) e gera, na saída, também o sinal o volume do ar pneumático de
padrão de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig) e por atuação, para compensar atrasos de
isso é necessária a alimentação transmissão, capacidade do atuador
pneumática de 120 kPa (20 psig). pneumático. Deve-se usar um
booster no lugar do posicionador.
2. escolher ou alterar a ação da válvula,
falha-fechada (ar para abrir) ou falha-
aberta (ar para fechar). Deve-se
fazer isso com relé pneumático ou no
próprio atuador da válvula.
3. modificar a característica inerente da
válvula, através do uso de cam
externa ou gerador de função. Isto
também não é uma justificativa
valida, pode-se usar relé externo que
não degrade a qualidade do controle.
Há porém, duas outras regras, talvez
mais importantes, embora menos
conhecidas, referentes ao não uso do
(a) Posicionador montado (b) Posicionador fora posicionador. São as seguintes
Fig. 8. 9. Válvula com posicionador 1. não se deve usar posicionador
quando o processo é mais rápido que
a válvula.
O objetivo do posicionador é o de 2. ao se usar o posicionador, deve se
comparar o sinal da saída do controlador aumentar a banda proporcional do
com a posição da haste da válvula. Se a controlador, de 3 a 5 vezes, em
haste não esta onde o controlador quer relação à sua banda proporcional
que ela esteja, o posicionador soma ou sem posicionador. Quando isso é

158
Válvula de Controle

impossível, não se pode usar o controle de vazão de líquido ou de pressão


posicionador. de líquido.
As regras para uso e não uso devem
ser conceitualmente entendidas. O
posicionador torna a malha mais sensível,
mais rápida, com maior ganho. Se a malha
original já é sensível ou rápida, a
colocação do posicionador aumenta ainda
mais a sensibilidade e rapidez, levando
certamente a malha para uma condição
instável, de oscilação. Quando se coloca
um posicionador em uma malha de
controle rápida, o desempenho do controle
se degrada ou tem que se re-sintonizar o
controlador, ajustando a banda Fig. 8. 10. Booster
proporcional em valor muito grande, às O booster é usado no atuador da
vezes, em valores não disponíveis no válvula para apressar a resposta da
controlador comercial. válvula, para uma variação do sinal de um
Geralmente não se usa posicionador controlador pneumático com baixa
em malha de controle de vazão, pressão capacidade de saída, sem o inconveniente
de líquido e pressão de gás em volume de provocar oscilações, por não ter
pequeno, que já estes processos são muito realimentação com a haste da válvula. Eles
rápidos. Para processos rápidos, mas com reduzem o tempo de atraso resultante de
linhas de transmissão muito grandes ou longas linhas de transmissão ou quando a
com atuadores de grandes volumes, a capacidade da saída do controlador é
solução é acrescentar um amplificador insuficiente para suprir a demanda de
pneumático (booster), em vez de usar o grandes atuadores pneumáticos.
posicionador. O booster também melhora o Os outros possíveis usos de booster
tempo de resposta e aumenta o volume de são
ar do sinal pneumático e, como seu ganho 1. amplificar ou reduzir o sinal
é unitário, não introduz instabilidade ao pneumático, tipicamente de 1:1 e 1:3
sistema. ou 5:1, 2:1 e 3:1
O posicionador pode ser considerado 2. reverter um sinal pneumático por
como um controlador de posição, de alto exemplo, quando o sinal de entrada
ganho (banda estreita). Quando ele é aumenta, a saída diminui. Quando a
colocado na válvula de controle, o entrada é 20 kPa (3 psig) a saída é
posicionador é o controlador secundário de 100 kPa (15 psig), quando a entrada
uma malha em cascata, recebendo o ponto é 100 kPa (15 psig), a saída é 20 kPa
de ajuste da saída do controlador primário. (3 psig).
Esta analogia é útil, pois facilita a
orientação de uso ou não-uso do 8. Característica da Válvula
posicionador. Como em qualquer de
controle cascata, o sistema só é estável se
a constante de tempo do secundário 8.1. Conceito
(posicionador) for muito menor que a do
A característica da válvula de controle é
primário.
definida como a relação entre a vazão
através dela e a posição da haste,
7.3. Booster
variando ambas de 0 a 100%. A vazão na
O booster, também chamado relé de ar válvula depende do sinal de saída do
ou amplificador pneumático, tem a função controlador que vai para o atuador. Na
aproximada do posicionador. A aplicação definição da característica, admite-se que
típica do booster é para substituir o 1. o atuador da válvula é linear (o
posicionador, quando ele não é deslocamento da haste é
recomendado, como em malhas de proporcional à saída do controlador),

159
Válvula de Controle

2. a queda de pressão através da


válvula é constante,
3. o fluido do processo não está em
cavitação, flashing ou na vazão
sônica (choked)
São definidas duas características da
válvula: inerente e instalada. A
característica inerente se refere à
observada com uma queda de pressão
constante através da válvula; é a
característica construída e fora do
processo. A instalada se refere à
característica quando a válvula está em
operação real, com uma queda de pressão
variável e interagindo com as influências Fig. 8. 11. Características da válvula
do processo não consideradas no projeto.

8.2. Características da Válvula e do O objetivo da caracterização da vazão


Processo é o de fornecer um ganho do processo
Para se ter um controle eficiente e total relativamente constante para a
estável em todas as condições de maioria das condições de operação do
operação do processo, a malha de controle processo.
deve ter um comportamento constante em A característica da válvula depende do
toda a faixa. Isto significa que a malha seu tipo. Tipicamente os formatos do
completa do processo, definida como a contorno do plug e da sede definem a
combinação sensor-transmissor- característica. As três características
controlador-válvula-processo-etc. deve ter típicas são linear, igual percentagem e
seu ganho e dinâmicas os mais constantes abertura rápida; outras menos usadas são
possível. Ter um comportamento constante hiperbólica, raiz quadrática e parabólica.
significa ser linear.
Característica de Igual Percentagem
Na prática, a maioria dos processos é
não-linear, fazendo a combinação sensor- Na válvula de igual percentagem, iguais
transmissor-controlador-processo não percentagens de variação de abertura da
linear. Assim, deve-se ter o controlador válvula correspondem a iguais
não-linear para ter o sistema total linear. A percentagens de variação da vazão.
outra alternativa é a de escolher o Matematicamente, a vazão é proporcional
"comportamento da válvula" não-linear, exponencialmente à abertura. O índice do
para tornar linear a combinação sensor- expoente é a percentagem de abertura.
transmissor-controlador-processo. Se isso O termo "igual percentagem" se aplica
é feito corretamente, a nova combinação porque iguais incrementos da posição da
sensor-transmissor-processo-válvula se válvula causam uma variação da vazão em
torna linear, ou com o ganho constante. O igual percentagem. Quando se aumenta a
comportamento da válvula de controle é a abertura da válvula de 1%,, indo de 20 a
sua "característica de vazão". 21%, a vazão ira aumentar de 1% de seu
valor à posição de 20%. Se a posição da
válvula é aumentada de 2%, indo de 60 a
61%, a vazão ira aumentar de 1% de seu
valor à posição de 60%. A válvula é
praticamente linear (e com grande
inclinação) próximo à sua abertura
máxima.
A válvula de igual percentagem produz
uma vazão muito pequena para grande
variação da abertura, no inicio de sua
abertura, mas quando está próxima de sua

160
Válvula de Controle

abertura total, pequenas variações da A característica instalada é real e


abertura produzem grandes variações de diferente da característica inerente, que é
vazão. Ela exibe melhor controle nas teórica e de projeto. Na prática, uma
pequenas vazões e um controle instável válvula com característica inerente de igual
em altas vazões. percentagem se torna linear, quando
instalada. A exceção, quando a
Característica Linear característica inerente é igual à instalação,
Na válvula com característica linear a ocorre quando se tem um sistema com
vazão é diretamente proporcional à bombeamento com velocidade variável,
abertura da válvula. A abertura é onde é possível se manter uma queda de
proporcional ao sinal padrão do pressão constante através da válvula, pelo
controlador, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), ajuste da velocidade da bomba.
se pneumático e de 4 a 20 mA cc, se A característica instalada de qualquer
eletrônico. válvula depende dos seguintes parâmetros
A característica linear produz uma 1. característica inerente, ou a
vazão diretamente proporcional ao valor do característica para a válvula com
deslocamento da válvula ou de sua queda de pressão constante e a
posição da haste. Quando a posição for de 100% de abertura,
50%, a vazão através da válvula é de 50% 2. relação da queda de pressão através
de sua vazão máxima. da válvula com a queda de pressão
A válvula com característica linear total do sistema,
possui ganho constante em todas as 3. fator de super dimensionamento da
vazões. O desempenho do controle e válvula.
uniforme e independente do ponto de É difícil prever o comportamento da
operação. válvula instalada, principalmente porque a
característica inerente se desvia muito da
Característica de Abertura Rápida curva teórica, há não linearidades no
A característica de vazão de abertura atuador da válvula, nas curvas das
rápida produz uma grande vazão com bombas.
pequeno deslocamento da haste da
válvula. A curva é basicamente linear para 8.3. Escolha de Características
a primeira parte do deslocamento com uma
inclinação acentuada. A válvula introduz A escolha da característica da válvula e
uma grande variação na vazão quando há seu efeito no dimensionamento é
uma pequena variação na abertura da fundamental para se ter um bom controle,
válvula, no inicio da faixa. A válvula de em larga faixa de operação do processo. A
abertura rápida apresenta grande ganho válvula com característica inerente linear
em baixa vazão e um pequeno ganho em parece ser a mais desejável, porém o
grande vazão. Ela não é adequada para objetivo do projetista é obter uma
controle contínuo, pois a vazão não é característica instalada linear. O que se
afetada para a maioria de seu percurso; deseja realmente é ter a vazão através da
geralmente usada em controle liga-desliga. válvula e de todos os equipamentos em
série com ela variando linearmente com o
Característica Instalada deslocamento de abertura da válvula.
O dimensionamento da válvula se Como a queda de pressão na válvula varia
baseia na queda de pressão através de com a vazão (grande vazão, pequena
suas conexões, assumida como constante queda de pressão) uma válvula não-linear
e relativa à abertura de 100% da válvula. normalmente fornece uma relação de
Quando a válvula está instalada na vazão linear após a instalação.
tubulação do sistema, a queda de pressão A escolha da característica correta da
através dela varia quando há variação de válvula para qualquer processo requer uma
pressão no resto do sistema. A instalação analise dinâmica detalhada de todo o
afeta substancialmente a característica e a processo. Há numerosos casos onde a
rangeabilidade da válvula. escolha da característica da válvula não
resulta em conseqüências serias. Qualquer

161
Válvula de Controle

característica de válvula é aceitável 5. Igual percentagem, para controle de


quando pressão de líquido, com qualquer
1. a constante de tempo do processo é variação da queda de pressão
pequena (processo rápido), como através da válvula.
vazão, pressão de líquido e Como há diferenças grandes entre as características
temperatura com misturadores, inerente e instalada das válvulas e por causa da
2. a banda proporcional ajustada do imprevisibilidade da característica instalada, deve-se
controlador é estreita (alto ganho), preferir
3. as variações de carga do processo 1. válvula cuja construção tenha uma
são pequenas; menos que 2:1. propriedade intrínseca, como a
A válvula com característica linear é borboleta e a de disco com abertura
comumente usada em processo de nível rápida,
de líquido e em outros processos onde a 2. válvula que seja caracterizada pelo
queda da pressão através da válvula é projeto, como as com plugs linear e
aproximadamente constante. de igual percentagem,
A válvula com característica de igual 3. válvula digital, que possa ser
percentagem é a mais usada; geralmente, caracterizada por software,
em aplicações com grandes variações da 4. característica que seja obtida através
queda de pressão ou onde uma pequena de equipamento auxiliar, como
percentagem da queda de pressão do gerador de função, posicionador
sistema total ocorre através da válvula. caracterizado, cam de formato
Quando se tem a medição da vazão especial. Estes instrumentos são
com placa de orifício, cuja saída do principalmente úteis para a alteração
transmissor é proporcional ao quadrado da da característica instalada errada.
vazão, deve-se usar uma válvula com Em resumo, a característica da válvula
característica de raiz quadrática de controle deve casar com a
(aproximadamente a de abertura rápida). A característica do processo. Este
válvula com a característica de vazão de casamento significa que os ganhos do
abertura rápida é, tipicamente, usada em processo e da válvula combinados
serviço de controle liga-desliga, onde se resultem em um ganho total linear.
deseja uma grande vazão, logo que a
válvula comece a abrir. 9. Operação da Válvula
As recomendações (Driskell) resumidas
para a escolha da característica da válvula
são 9.1. Aplicação da Válvula
1. Abertura rápida, para controle de
Antes de especificar e dimensionar uma válvula de
vazão com medição através da placa
controle, deve-se avaliar se a válvula é realmente
de orifício e com variação da queda
necessária ou se existe um meio mais simples e
de pressão na válvula pequena
mais econômico de executar o que se deseja. Por
(menor que 2:1).
exemplo, pode-se usar uma válvula autocontrolada
2. Linear, para controle de vazão com em vez da válvula de controle, quando se aceita um
medição através da placa de orifício controle menos rigoroso, se quer um sistema
e com variação da queda de pressão econômico ou não se tem energia de alimentação
na válvula grande (maior que 2:1 e disponível. Em outra aplicação, é possível e
menor que 5:1). conveniente substituir toda a malha de controle de
3. Linear, para controle de vazão com vazão por uma bomba de medição a deslocamento
sensor linear, nível e pressão de gás, positivo ou por uma bomba centrífuga com
com variação de queda de pressão velocidade variável. O custo benefício destas
através da válvula menor que 2:1. alternativas é usualmente obtido pelo custo muito
4. Igual percentagem, para controle de menor do bombeamento, pois não se irá produzir
vazão com sensor linear, nível e energia para ser queimada na queda de pressão
pressão de gás, com variação de através da válvula de controle.
queda de pressão através da válvula Quando se decide usar a válvula de
maior que 2:1 e menor que 5:1. controle, deve-se selecionar o tipo correto

162
Válvula de Controle

e dimensiona-se adequadamente. Para a rangeabilidade da válvula de controle é a


seleção da válvula certa deve-se entender relação matemática entre a máxima vazão
completamente o processo que a válvula sobre a mínima vazão controláveis com a
controla. Conhecer completamente mesma eficiência. É desejável se ter alta
significa conhecer as condições normais rangeabilidade, de modo que a válvula
de operação e as exigências que a válvula possa controlar vazões muito pequenas e
deve satisfazer durante as condições de muito grandes, com o mesmo
partida, desligamento do processo e desempenho. Na prática, é difícil definir
emergência. com exatidão o que seja "controlável com
Todas os dados do processo devem mesma eficiência" e por isso os números
ser conhecidos antecipadamente, como os especificados variam de 10 a 1.000%.
valores da vazões (mínima, normal e O mais importante é ter bom senso e
máxima), pressão estática do processo, tratar o conceito de rangeabilidade sob um
pressão de vapor do líquido, densidade, ponto de vista qualitativo. A rangeabilidade
temperatura, viscosidade. É desejável é importante porque
identificar as fontes e natureza dos 1. diz o ponto em que se espera que a
distúrbios potenciais e variações de carga válvula atue em liga-desliga ou perca
do processo. completamente o controle, devido a
Deve-se determinar ou conhecer as vazamentos,
exigências de qualidade do processo, de 2. estabelece o ponto em que a
modo a identificar as tolerâncias e erros característica começa a se desviar
aceitáveis no controle. Os dados do do esperado.
processo devem também estabelecer se a
válvula necessita fornecer vedação total,
quando fechada, qual deve ser o nível
aceitável de ruído, se há possibilidade de
martelo d'água, se a vazão é pulsante.

9.2. Desempenho
O bom desempenho da válvula de
controle significa que a válvula
1. é estável em toda a faixa de
operação do processo,
2. não opera próxima de seu
fechamento ou de sua abertura total,
3. é suficientemente rápida para corrigir
os distúrbios e as variações de carga
do processo,
Fig. 8. 12. Característica e
4. não requer a modificação da sintonia
rangeabilidade
do controlador depois de cada
variação de carga do processo.
Para se conseguir este bom
A rangeabilidade da válvula está
desempenho da válvula, deve-se
associada diretamente à característica da
considerar os fatores que afetam seu
válvula. A válvula com característica
desempenho, tais como característica,
inerente de abertura rápida está
rangeabilidade inerente e instalada, ganho,
praticamente aberta a 40%, pois ela só
queda de pressão provocada, vazamento
fornece controle estável entre 10 e 40% e
quando fechada, características do fluido e
sua rangeabilidade é de 4:1. A válvula de
resposta do atuador.
abertura rápida tem uma ganho variável,
muito grande em vazão pequena e
9.3. Rangeabilidade praticamente zero em vazão alta. Ela é
Um fator de mérito muito importante no instável em vazão baixa e inoperante em
estudo da válvula de controle é a sua alta vazão.
rangeabilidade. Por definição, a

163
Válvula de Controle

A rangeabilidade da válvula com


característica inerente linear é de 10:1 pois
ela fornece controle entre 10 e 100%. A Tab. 1. Classificação das Estanqueidades
válvula linear possui ganho (sensibilidade)
uniforme em toda a faixa de abertura da Classe I Não testadas nem garantidas para
válvula, ou seja, a mesma dificuldade e vazamentos.
precisão que se tem para medir e controlar Classe II Especificadas para vazamento menor
100% da vazão, tem se em 10%. que 0.5% da vazão máxima.
A válvula com característica inerente de igual Classe III Especificadas para vazamento menor
percentagem tem rangeabilidade de que 0.1% da vazão máxima,
aproximadamente 401, pois ela controla desde 2,5 a Classe Especificadas para vazamento menor
100%. A válvula com igual percentagem possui IV que 0.01% da vazão máxima.
ganho variável, pequeno em vazão baixa e elevado Classe V Especificadas para vazamento menor
em vazão alta. Ela possui um desempenho que 5 x 10-4 ml/min de vazão d'água
excelente em baixas vazões e é instável para por polegada do diâmetro da sede.
vazões muito elevadas. Classe Especificadas para válvulas com sede
Na consideração da rangeabilidade da VI macia e o vazamento e expresso como
válvula, é importante se considerar que a vazão volumétrica de ar, com pressão
rangeabilidade da válvula instalada é diferencial nominal de até 345 kPa.
diferente da rangeabilidade teórica, fora do
processo. A rangeabilidade instalada é
sempre menor que a teórica. Isso ocorre Não se deve usar uma única válvula
porque o Cv instalado é geralmente maior para fornecer simultaneamente as funções
que o Cv teórico. Por exemplo, se o Cv de controle e de vedação completa (tight
real é cerca de 1,2 do Cv teórico, a shutoff). As melhores válvulas para
máxima vazão controlada pela válvula é bloqueio não são necessariamente as
cerca de 80% da abertura da válvula. Se a melhores escolhas para o controle.
válvula é de igual percentagem, 80% da De acordo com a norma (ANSI B
abertura corresponde a cerca de 50% da 16.104), as válvulas são categorizadas em
vazão. Deste modo, a rangeabilidade é seis classes, de acordo com seu
cerca de 50:1, em vez de 100:1. vazamento permissível. Estes limites de
Lipták define "rangeabilidade estanqueidade são aplicáveis apenas à
intrínseca" como a relação do Cvmax para o válvula nova, sem uso.
Cvmin, entre os quais o ganho da válvula
não varie mais que 50% do valor teórico. 10.2. Fatores do Vazamento
Por esta definição, a rangeabilidade da
Alguns fabricantes listam em seus
válvula linear é maior do que a da válvula
catálogos os coeficientes de vazão, Cv,
de igual percentagem.
aplicáveis para as válvulas totalmente
abertas e os valores dos vazamentos,
10. Vedação e Estanqueidade quando totalmente fechadas. Estes valores
só valem para a válvula nova, limpa,
operando nas condições ambientes. Após
10.1. Classificação
alguns anos de serviço, o vazamento da
Qualquer vazão através da válvula válvula varia drasticamente, em função da
totalmente fechada, quando exposta à instalação, temperatura, pressão e
pressão diferencial e à temperatura de características do fluido.
operação é chamada de vazamento A estanqueidade depende da
(leakage). O vazamento é expresso como viscosidade dos fluidos; fluidos com
uma quantidade acumulada durante um viscosidade muito baixa são muito difíceis
período de tempo específico, para de serem contidos; por exemplo,
aplicações de fechamento com vedação dowtherm®, freon®, hidrogênio.
completa ou como percentagem da A temperatura afeta o vazamento,
capacidade total, para as válvulas de principalmente quando o corpo da válvula
controle convencionais. está a uma temperatura diferente da

164
Válvula de Controle

temperatura do plug ou quando o Cv é bem aceito e foi introduzido pela


coeficiente de dilatação termal do material Masoneilan, em 1944. Uma vez calculado
do corpo é diferente do coeficiente do o Cv da válvula e conhecido o tipo de
material do plug. Em algumas válvulas, por válvula usada, o projetista pode obter o
exemplo, nas borboletas, é prática usual tamanho da válvula do catálogo do
deixar espaçamentos entre o disco e a fabricante.
sede, para acomodar a expansão do disco, O coeficiente Cv é definido como o
quando se tem grandes variações de número de galões por minuto (gpm) de
temperatura do processo. O vazamento água que flui através da válvula totalmente
será maior quando se estiver operando em aberta, quando há uma queda de pressão
temperaturas abaixo da temperatura de de 1 psi através da válvula, a 60 oF. Desse
projeto da válvula. modo, quando se diz que a válvula tem o
Tensões mecânicas na tubulação onde Cv igual a 10, significa que, quando a
está instalada a válvula podem também válvula está totalmente aberta e com a
provocar vazamentos na válvula. Por isso pressão da entrada maior que a da saída
deve se tomar cuidados em sua instalação em 1 psi e a temperatura ambiente é de
e principalmente no aperto dos parafusos. 15,6 oC, sua abertura deixa passar uma
Deve-se isolar a válvula das forças vazão de 10 gpm. O Cv é basicamente um
externas da tubulação, através de índice de capacidade, através do qual o
suportes. engenheiro é capaz de estimar, de modo
rápido e preciso, o tamanho de uma
10.3. Válvulas de Bloqueio restrição necessária, em qualquer sistema
de fluido.
Quanto maior a força de assentamento
Mesmo que o método de Cv seja usado
na válvula, menor é a probabilidade de
por todos os fabricantes, as equações para
ocorrer vazamentos. Somente as válvulas
calcular o Cv difere um pouco de fabricante
pequenas podem suportar grandes forças
para fabricante. A melhor política é usar a
em suas sedes. Por isso, os materiais da
recomendação do fabricante da válvula
sede devem ser duros, para suportar estas
escolhida. O dimensionamento correto da
grandes forças de fechamento. Os
válvula é feito através de formulas teóricas,
materiais mais apropriados para aplicações
baseadas na equação de Bernouille e nos
com fluidos não lubrificantes, abrasivos,
dados de vazão, ou através de ábacos,
com alta temperatura são aço Stellite® ou
curvas, réguas de cálculo específicas.
inoxidável endurecido
Atualmente, a prática mais usada é o
Por outro lado, os materiais da sede
dimensionamento de válvula através de
devem ser macios (resilientes) para prover
programas de computador pessoal.
a vedação completa, durante longos
O dimensionamento correto da válvula,
períodos. Os materiais padrão são o Teflon
determinado por formulas, régua de cálculo
e Buna-N®. O Teflon é superior na
ou programa de computador pessoal,
resistência à corrosão e na compatibilidade
sempre se baseia no conhecimento
à alta temperatura (até 250 oC); o Buna-N
completo das condições reais da vazão.
é mais macio, mas é limitado a
Freqüentemente, uma ou várias destas
temperaturas menores que 100 oC. Estes
condições são assumidas arbitrárias; é a
materiais devem operar em pressões
avaliação destes dados arbitrários que
menores que 3,5 Mpa (500 psig) e com
realmente determinam o tamanho final da
fluidos não abrasivos.
válvula. Nenhuma formula - somente o
bom senso combinado com a experiência -
11. Dimensionamento pode resolver este problema. Nada
substitui um bom julgamento de
engenharia. A maioria dos erros no
11.1. Filosofia
dimensionamento é devida a hipóteses
O dimensionamento da válvula de incorretas relativas às condições reais da
controle é o procedimento de calcular o vazão.
coeficiente de vazão ou o fator de Na prática e por motivos psicológicos, a
capacidade da válvula, Cv. Este método do tendência é super dimensionar a válvula,

165
Válvula de Controle

ou seja, estar do lado mais "seguro". Uma vena contracta. Assim que o gás atinge a
combinação destes vários "fatores de velocidade do som, na vazão crítica, a
segurança" pode resultar em uma válvula variação na pressão à jusante não afeta a
super dimensionada e incapaz de executar vazão, somente variação na pressão a
o controle desejado. montante afeta a vazão.
Aqui serão apresentadas as equações
de cálculo da Masoneilan e da Fisher 11.4. Queda de Pressão na Válvula
Controls para mostrar as diferenças em
Deve-se entender que a válvula de
suas equações e seus métodos.
controle manipula a vazão absorvendo
A maior diferença ocorre nas equações
uma queda de pressão do sistema. Esta
de dimensionamento de fluidos
queda de pressão é uma perda econômica
compressíveis (gás, vapor ou vapor
para a operação do processo, desde que a
d'água)
pressão é fornecida por uma bomba ou
compressor. Assim, a economia deve ditar
11.2. Válvulas para Líquidos
o dimensionamento da válvula, com
A equação básica para dimensionar pequena perda de pressão. A queda de
uma válvula de controle para serviço em pressão projetada afeta o desempenho da
líquido é a mesma para todos os válvula.
fabricantes. Em um sistema de redução de pressão,
é fácil conhecer precisamente a queda de
∆P pressão através da válvula. Isto também
Q = C v f ( x) ocorre em um sistema de nível de um
ρ
líquido, onde o líquido passando de um
vaso para outro, em uma pressão
onde constante e baixa. Porém, na maioria das
Q = vazão volumétrica aplicações de controle, a queda de
∆P = queda de pressão através da pressão através da válvula deve ser
válvula ou escolhida arbitrariamente.
∆P = P1 - P2 O dimensionamento da válvula de
P1 = pressão a montante (antes da controle é difícil, porque as
válvula) recomendações publicadas são ambíguas,
P2 = pressão a jusante (depois da conflitantes ou não satisfazem os objetivos
válvula) do sistema. Não há regra numérica
ρ = densidade relativa do líquido específica para determinar a queda de
Há outras considerações e correções pressão através da válvula de controle.
devidas à viscosidade, flacheamento e Luyben recomenda que a válvula esteja
cavitação, na escolha da válvula para a 50% de abertura, nas condições normais
serviço em líquido. de operação; Moore recomenda que o Cv
necessário não exceda 90% do Cv
11.3. Válvulas para Gases instalado e que a válvula provoque 33% da
queda de pressão total, na condição
O gás é mais difícil de ser manipulado
nominal de operação. Outros autores
que o líquido, por ser compressível. As
sugerem 5 a 10%. Quanto menor a
diferenças entre os fabricantes são
percentagem, maior é a válvula. Quanto
encontradas nas equações de
maior a válvula, maior é o custo inicial da
dimensionamento para fluidos
instalação mas menor é o custo do
compressíveis. Estas diferenças são
bombeamento.
devidas ao modo que se expressa ou se
Uma boa regra de trabalho considera
considera o fenômeno da vazão crítica.
um terço da queda de pressão do sistema
A vazão crítica é a condição que existe
total (filtros, trocadores de calor, bocais,
quando a vazão não é mais função da raiz
medidores de vazão, restrições de orifício,
quadrada da diferença de pressão através
conexões e a tubulação com atrito) é
da válvula, mas apenas função da pressão
absorvido pela válvula de controle.
à montante. Este fenômeno ocorre quando
o fluido atinge a velocidade do som na

166
Válvula de Controle

A pressão diferencial absorvida pela 12. Instalação


válvula de controle, em operação real, é a
diferença entre a coluna total disponível e
a necessária para manter a vazão 12.1. Introdução
desejada através da válvula. Esta pressão
A decisão mais importante na aplicação
diferencial é determinada pelas
de uma válvula é a sua colocação certa
características do processo e não pelas
para fazer o trabalho certo. Depois, mas de
hipóteses teóricas do projetista.
igual importância, é a sua localização e
Por causa da economia, a queda de
finalmente, a sua instalação. Todas as três
pressão através da válvula deve ser a
etapas são igualmente importantes para se
menor possível. Por causa do controle, a
obter um serviço satisfatório e uma longa
queda de pressão através da válvula deve
vida da válvula.
ser a maior possível. Para poder fazer o
controle correto, a válvula deve absorver
12.2. Localização da Válvula
do sistema e devolver para o sistema a
queda de pressão. Quando a proporção da As válvulas devem ser localizadas em
queda de pressão através da válvula é uma tubulação, de modo que elas sejam
diminuída, a válvula de controle perde a operadas com facilidade e segurança. Se
habilidade de aumentar rapidamente a não há operação remota, nem manual nem
vazão. Também, a pequena perda de automática, as válvulas devem ser
carga resulta em grande tamanho da localizadas de modo que o operador possa
válvula e, como conseqüência, maior custo ter acesso a elas. Quando a válvula é
inicial da válvula e uma diminuição da faixa instalada muito alta, além do alcance do
de controle, pois a válvula está super braço levantado do operador, ele terá
dimensionada. dificuldade de alcança-la e não poderá
A quantidade de vazão máxima da fecha-la totalmente e eventualmente
válvula deve ser de 15 a 50% acima da haverá vazamento, que poderá causar
máxima vazão requerida pelo processo. As desgaste anormal nos seus internos.
vazões normal e máxima usadas no
dimensionamento devem ser baseadas 12.3. Cuidados Antes da Instalação
nas condições reais de operação, sem
As válvulas são geralmente
aplicação de qualquer fator de segurança.
embrulhadas e protegidas de danos
durante seu transporte, pelo fabricante.
Esta embalagem deve ser deixada no lugar
até que a válvula seja instalada. Se a
válvula é deixada exposta, poeira, areia e
outros materiais ásperos podem penetrar
nas suas partes funcionais. Se estas
sujeiras não forem eliminadas, certamente
haverá problemas quando a válvula for
instalada para operar.
As válvulas devem ser armazenadas
onde sejam protegidas de atmosferas
corrosivas e de modo que elas não caiam
ou onde outros materiais pesados não
possam cair sobre elas.
Fig. 8. 13. Quedas de pressão ao longo do sistema Antes da instalação, é conveniente ter
e na válvula de controle todas as válvulas limpas, normalmente
com ar comprimido limpo ou jatos d'água.
A tubulação também deve ser limpa, com a
remoção de todas as sujeiras e rebarbas
metálicas deixadas durante a montagem.

167
Válvula de Controle

12.4. Tensões da Tabulação de vazão crítica corrigido, que relaciona o


Cv da válvula, o Cf da válvula sem os
A tubulação que transporta fluidos em redutores e os diâmetros da válvula e da
alta temperatura fica sujeita a tensões
tubulação.
termais devidas a expansão térmica do
sistema da tubulação. Por isso, deve se
12.6. Instalação da Válvula
prover expansão para o comprimento de
tubulação envolvido, para que estas Há cuidados e procedimentos que se
tensões não sejam transmitidas às válvulas aplicam para todos os tipos de válvulas e
e às conexões. há especificações especiais para
A expansão da tubulação pode ser determinados tipos de válvulas.
acomodada pela instalação de uma curva Quando instalar a válvula, garantir que
em "U" ou de uma junta de expansão entre todas as tensões da tubulação não sejam
todos os pontos de apoio, sempre transmitidas à válvula. A válvula não deve
garantindo que há movimento suficiente suportar o peso da linha. A distorção por
para acomodar a expansão do esta causa resulta em operação ineficiente,
comprimento de tubulação envolvido. Note obstrução e a necessidade de manutenção
que a mesma condição existe, mas em freqüente. Se a válvula possuir flanges,
direção contraria, quando se tem será difícil apertar os parafusos
temperaturas criogênicas (muito baixas). corretamente. A tubulação deve ser
Neste caso, também de se deve prover suportada próxima da válvula; válvula
compensação para a contração da linha. muito pesada deve ter suporte
independente do suportes da tubulação, de
modo a não induzir tensão no sistema da
tubulação.
Quando instalar válvula com haste
móvel, garantir que há espaço suficiente
para a operação da válvula e para a
remoção da haste e do castelo, em caso
de necessidade de manutenção local.
É conveniente instalar a válvula com a
haste na posição vertical e com movimento
para cima; porém, muitas válvulas podem
ser instaladas com a haste em qualquer
ângulo. Quando instalar a válvula com a
haste se movimentando para baixo, o
Fig. 8. 14. Instalação da válvula em local acessível castelo fica abaixo da linha de vazão,
formando uma câmara para pegar e
manter substancias estranhas. Estas
sujeiras, se presas, podem eventualmente
12.5. Redutores arruinar a haste interna ou os filetes de
Por questão econômica e para facilitar rosca.
a sua operação, é comum se ter o
diâmetro da válvula menor do que o da
tubulação. Para acomodar esta diferença
de diâmetros, usa-se o redutor entre a
tubulação e a válvula. O redutor aumenta
as perdas e varia o Cv da válvula. O
comum é usar um fator de correção, que é
a relação dos Cv's, sem e com os
redutores. Estes fatores de correção
podem ser obtidos dos fabricantes ou
levantados experimentalmente.
O efeito dos redutores na vazão crítica
é também sentido e deve-se usar o fator

168
Válvula de Controle

13. Parâmetros de Seleção Para a resposta rápida para a abertura


para sobrepressão e grande vazão para a
Tão importante quanto a escolha do exaustão, deve-se usar as válvulas de
elemento sensor e do controlador do alívio e de segurança. A válvula padrão é a
processo, é a seleção da válvula de poppet, acionada por mola.
controle.
Os fatores que orientem e determinam 13.2. Fluido do Processo
a escolha da melhor válvula se referem
O fluido do processo passa dentro do
principalmente à aplicação e à construção.
corpo da válvula. As propriedades do fluido
Os parâmetros ligados à aplicação são
manipulado devem ser conhecidas. Estas
fluido do processo, função da válvula,
propriedades incluem densidade,
condições do processo, vedação da vazão,
viscosidade, corrosividade e abrasividade.
queda de pressão. Os fatores relacionados
Fluido é um termo genérico que pode
com a construção incluem o atuador,
significar gás, vapor, líquido puro ou líquido
elemento de controle, conexões, materiais,
com sujeira (slurry). É importante analisar
engaxetamento, sede, internos .
o sistema para ver se mais de um fluido
O primeiro passo na seleção da válvula
passa através da válvula.
é o de determinar exatamente o que é
Quando se manipulam fluidos que
esperado da válvula, ou seja, qual a função
podem causar deposição de
a ser desempenhada pela válvula depois
contaminantes, deve-se usar válvula com o
dela ter sido instalada. Esta avaliação
mínimo de obstrução à vazão, como
correta da função estreita os tipos de
esfera, gaveta, globo ou diafragma.
válvulas convenientes para a aplicação.
As válvulas esfera e globo são as
Em muitas aplicações, há vários tipos de
recomendadas para a manipulação de
válvulas que funcionarão igualmente bem e
vapor a alta pressão.
a escolha pode ser baseada somente em
fatores como custo e disponibilidade. Para
outras aplicações, pode ser que a melhor
13.3. Perdas de Atrito do Fluido
escolhe é uma válvula não disponível Os vários tipos de válvulas exibem
industrialmente; a solução é mandar quedas de pressão diferentes, quando
construir uma válvula especial ou usar a totalmente abertas e por isso este fator
disponível que apresente mais vantagens, deve ser considerado na seleção.
embora não seja a ideal. Um sistema típico que requer uma
perda de pressão limitada é a tubulação de
13.1. Função da Válvula sucção de uma bomba. No projeto de tal
sistema, deve se considerar a altura total
Para o controle proporcional e contínuo
da sucção, que deve incluir perdas internas
do processo, variando o valor da abertura,
da bomba, lift estático de sucção, perdas
a válvula mais padrão é a globo, que é a
de atrito, pressão de vapor e condições
mais estável e previsível das válvulas.
atmosféricas. É necessário diferenciar
Para o controle liga-desliga, as
entre a altura necessária e a disponível. A
melhoras escolhas são as válvulas globo,
altura necessária se refere as perdas
esfera, gaveta e com plug. As válvulas
internas da bomba e é determinada por
esfera e de plug normalmente executam
teste de laboratório. A altura disponível é
abertura mais rápida que as válvulas
uma característica do sistema de sucção e
gaveta e globo.
pode ser calculada. A altura disponível
Para o controle da direção da vazão do
sempre deve exceder a altura requerida
fluido, usa-se a válvula de retenção, que
pela bomba.
bloqueia a vazão em uma direção e
permite a passagem normalmente na outra
direção ou a válvula de restrição que
13.4. Condições de Operação
permite a passagem de uma determinada As pressões e temperaturas máximas e
vazão, em uma ou mais direções mínimas devem ser conhecidas. A
especificadas. As válvulas com portinhola resistência à corrosão do material de
(swing) são as preferidas. construção da válvula pode ser

169
Válvula de Controle

influenciada por estes fatores, Para serviço em alta pressão e/ou alta
principalmente quando se tem corpos e temperatura, deve-se considerar os vários
revestimentos de plástico. tipos de aços, ligas de níquel, ligas de
O controle de vazão em alta pressão titânio e outros materiais de alta
geralmente requer o uso de válvula esfera resistência. Para serviço em vapor d'água,
ou globo, eventualmente válvula gaveta. considerar o aço carbono, bronze e metais
Em aplicações de alta temperatura, similares. Em todos os casos de condições
deve-se cuidar para que a expansão termal severas de uso, deve-se consultar a
não cause deformação nas partes literatura dos fabricantes para determinar a
molhadas da válvula. conveniência de uma determinada válvula.

13.5. Vedação 13.7. Elemento de Controle


Quase todas as válvulas podem prover O tipo do elemento de controle ou de
vedação total, quando totalmente fechamento determina o tipo da válvula a
fechadas, porém, muitas vezes, com alto ser usado. Inversamente, a escolha do tipo
custo e complexidade de construção. da válvula determina o tipo do elemento de
Assim, existem alguns tipos que fornecem fechamento. Os elementos mais comuns
vedação de modo natural e mais simples, são a esfera, disco, cunha, plug e agulha.
como as válvulas esfera, gaveta, globo e As peças da válvula que ficam em
de plug. A pior válvula para vedação é a contato direto com o fluido do processo
borboleta. são chamadas de partes molhadas. Os
Geralmente a válvula de controle não é formatos e variedades destas partes
aplicada para prover vedação completa, dependem do tipo da válvula; os mais
mas para trabalhar com aberturas típicas e comuns são a haste, plug, gaiola, sede ou
variáveis entre 25 e 85%, dependendo de assento . Em muitas válvulas, usa-se selos
sua característica de vazão. Quando se em torno da haste, para prover vedação
quer vedação total, quando não há para o exterior da válvula. Estes selos
controle, é boa prática usar uma válvula de estão sujeitos a desgaste e por isso devem
bloqueio (stop) em série com a válvula de ser substituídos periodicamente.
controle. Há muitos estilos de sedes de válvula,
com diferenças de geometria, material e
13.6. Materiais de Construção rigidez . Os formatos determinam a
característica da válvula (vazão x abertura
O material de construção da válvula
da válvula) e sua capacidade de vedação,
está relacionado diretamente com as
quando totalmente fechada.
propriedades de corrosividade e
Efetivamente, há apenas quatro
abrasividade do fluido que irá passar pela
métodos básicos de controlar a vazão em
válvula. A escolha da válvula pode ficar
uma tubulação, através de uma válvula
limitada pela disponibilidade das válvulas
1. mover um disco ou um obturador
em materiais específicos.
(plug) em ou contra um orifício, como
Às vezes, por questão econômica, deve
feito na válvula globo, ângulo, Y e
se considerar separadamente o material do
agulha.
corpo e dos internos (plug, haste, anel,
2. deslizar uma superfície plana,
disco .) da válvula. Para certos tipos de
cilíndrica ou esférica através de um
válvulas revestidas, como a diafragma,
orifício, como feito na válvula gate,
Saunders, o material do revestimento
plug, esfera e de pistão.
normalmente é diferente do diafragma
3. rodar um disco ou elipse em torno de
elástico.
um eixo, através do diâmetro de uma
A combinação da pressão, da
caixa circular, como feito na válvula
temperatura de operação e das
borboleta e no damper.
características do fluido determinam os
4. mover um material flexível na
materiais de construção permissíveis. Os
passagem da vazão, como feito na
líquidos e gases corrosivos normalmente
válvula diafragma e pinch.
requerem aços inoxidáveis, ligas de níquel,
materiais cerâmicos e plásticos especiais.

170
Válvula de Controle

Todas as válvulas atualmente uma variedade de modos manual,


disponíveis controlam a vazão por um ou pneumático, elétrico . Elas podem
mais de um dos métodos acima. Muitos responder de um modo previsível a sinais
refinamentos foram feitos e melhorias provenientes de sensores de pressão,
incorporadas nos projetos com as novas temperatura e outras variáveis do processo
tecnologias e novos materiais. Cada tipo ou podem simplesmente abrir e fechar
de válvula tem sua aplicação ótima. Cada independentemente da potência do sinal
tipo de válvula foi projetado para uma de atuação.
função específica e quando usada para Aproximadamente todas as válvulas em
desempenhar esta função, a válvula opera uso hoje podem ser consideradas como
corretamente e tem longa vida. modificações de alguns poucos tipos
O movimento do elemento de controle básicos. As válvulas podem ser
da vazão é conseguido por meio de uma classificadas de diferentes modos, tais
haste que é fixada ao elemento de controle como tamanho, função, material, tipo do
e gira, move ou combina estes dois fluido manipulado, classe de pressão,
movimentos, de modo a estabelecer a sua modo de atuação . Há válvulas com
posição. As exceções são as válvulas de princípios de funcionamento já do domínio
retenção (check) e algumas válvulas de público, outras que ainda estão
segurança e auto-reguladas, que são patenteadas e são propriedades e
operadas pelas forças do fluido dentro da fabricadas por uma única firma. Um modo
zona de pressão. conveniente de classificar as válvulas é de
acordo com a natureza do meio de
14. Tipos de Válvulas operação empregado. Este modo é
esquemático e simples, pois todas as
Há muitos tipos de válvulas de controle válvulas caem em uma das oito categorias
no mercado. Quase todo mês aparece um gaveta, globo, esfera, borboleta, plug,
válvula de controle "nova e melhorada", pinch, poppet, swing. Por exemplo, numa
tornando difícil a sua classificação. indústria petroquímica, 90% de todas as
O número de válvulas usadas para o válvulas usadas são dos tipos gaveta,
controle de fluidos é elevado, com válvulas globo, retenção, esfera, borboleta e plug.
variando de simples dispositivos de liga- A seguir serão vistos a descrição, uso,
desliga até sistemas de servomecanismo vantagens e desvantagens de cada um
complexos. Seus tamanhos variam de dos tipos acima.
pequeníssimas válvulas medidoras usadas
em aplicações aeroespaciais até válvulas
industriais com diâmetros de vários metros
e pesando centenas de quilos. As válvulas
controlam a vazão de todos tipos de
fluidos, variando de ar e água até produtos
químicos corrosivos, sujos, metais líquidos
e materiais radioativos. Elas podem operar
em pressões na região do vácuo até
pressões de 100 000 psig e temperaturas
variando da faixa criogênica até as faixas
de metais derretidos. Eles podem ter
tempo de vida variando de apenas um ciclo
até milhares de ciclos, sem a necessidade
de reparo ou substituição. As válvulas
podem ter exigência de vedação total,
onde pequenos vazamentos podem ser
catastróficos ou elas podem ser
complacentes, permitindo a passagem de
quantidades razoáveis de fluido quando
totalmente fechadas, sem que isso seja
grave. As válvulas podem ser operadas por

171
Válvula de Controle

14.1. Válvula Gaveta queda de pressão e pouca


turbulência.
Descrição 2. Na posição totalmente fechada ela
fornece uma excelente vedação.
A válvula gaveta é caracterizada por
3. Sua geometria fica relativamente livre
um disco ou porta deslizante que é movida
de acumulo de contaminantes.
pelo atuador na direção perpendicular à
4. Sua construção possui a maior faixa
vazão do fluido. Há muitas variações na
de aceitação para a temperatura e
sede, haste e castelo das válvulas gaveta.
pressão do fluido.
Elas são disponíveis em vários tamanhos e
5. Quase todo tipo de metal pode ser
pesos.
usado e trabalhado para seus
A norma API 600-1973 define e
componentes.
descreve as duas principais classificações
para a válvula gaveta cunha (wedge) e
com disco duplo; a mais popular na
indústria petroquímica é tipo cunha.
A válvula gaveta tipo cunha é
disponível em três configurações diferentes
cunha sólida plana, cunha sólida flexível e
cunha partida.

Fig. 8. 16. Válvulas gaveta

Desvantagens
As numerosas vantagens da válvula
gaveta não a tornam a válvula universal.
Fig. 8. 15. Válvula gaveta em angulo Ela possui as seguintes limitações e
inconvenientes
1. A abertura entre a gaveta e o corpo
da válvula, durante a subida ou
A válvula gaveta cunha sólida flexível descida, provoca distúrbios na vazão
se tornou mais popular que a sólida plana, do fluido, resultando em vibração
dominando o mercado. Ela possui melhor indesejável e causando desgaste ou
desempenho de selagem, requer menor erosão da gaveta.
torque operacional e apresentar menor 2. A turbulência do fluido pode também
desgaste no material da sede. O único ser causada pelo movimento de
fator negativo é sua construção mecânica subida ou descida da gaveta. A
que não fornece alívio de pressão para o válvula gaveta é vulnerável à
corpo da válvula. Recomenda-se vibração, quando praticamente
especificar um furo de vent no lado a aberta e é sujeita ao desgaste da
montante da cunha, para evitar pressão sede e do disco.
elevada na cavidade do corpo. 3. O ganho da válvula é muito grande,
quando ela está próxima de sua
Vantagens abertura total. Isto significa que a
1. Na posição totalmente aberta, a operação da válvula é instável na
gaveta ou o disco fica fora da área de operação próxima de sua abertura
vazão do fluido, provocando pequena total.

172
Válvula de Controle

4. A lâmina percorre uma grande válvula compacta pode ser disponível


distancia entre as posições também na versão resistente à corrosão.
totalmente aberta e fechada; como A válvula gaveta de ferro fundido,
conseqüência, válvula gaveta possui descrita na norma API 593-1973, é usada
resposta lenta e requer grandes em aplicações com água de utilidade, água
forças de atuação. do ar e vapor d'água à baixa pressão.
Aplicações e Restrições 14.2. Válvula Esfera
A válvula gaveta é o tipo mais
freqüentemente especificado e Descrição
corresponde a cerca de 70 a 80% do total
A válvula tipo esfera possui um
de válvulas da indústria petroquímica. A
obturador esférico, que se posiciona dentro
principal razão de sua popularidade é que
de uma gaiola. Outro tipo de válvula esfera
a planta petroquímica necessita de
consiste em um obturador esférico, com
válvulas de bloqueio e de válvulas liga-
uma abertura. Quando o eixo de abertura
desliga.
coincide com o eixo da vazão, tem-se a
A válvula gaveta é ideal para
máxima vazão. Quando o eixo da abertura
aplicações de bloqueio (totalmente
é perpendicular à tubulação, a válvula está
fechada) e de controle liga-desliga, onde
fechada.
ela opera ou totalmente aberta ou
A válvula esfera é basicamente uma
totalmente fechada e não necessitam ser
esfera alojada em um invólucro. A rotação
operadas com grande freqüência. Ela é
da esfera de 90o muda a posição de
conveniente para aplicações com alta
totalmente aberta para totalmente fechada.
pressão e alta temperatura e para uma
A esfera pode ser fixa ou flutuante, com
grande variedade de fluidos.
porte reduzido ou total. As válvulas esfera
Os fatores limitantes tornam a válvula
são disponíveis em uma variedade de
gaveta inadequada para controle contínuo,
tamanhos e com vários mecanismos de
para manipular fluidos em velocidades
atuação.
muito elevadas ou para serviço requerendo
A válvula esfera pode ser considerada
operação rápida e freqüente da válvula.
um tipo modificado da válvula plug; em vez
Não se recomenda usar a válvula gaveta
do plug tem-se a esfera polida com um furo
em serviço de vapor d'água.
que gira, para dar passagem ou bloquear a
A válvula gaveta com disco duplo é
vazão.
projetada de modo que o ângulo da cunha
A válvula do tipo esfera flutuante
siga flexivelmente os vários ângulos da
suporta a esfera com dois assentos
sede da válvula. Esta construção única
esféricos colocados no corpo da válvula,
mantém um alto desempenho de selagem,
um no lado da entrada e outro no lado da
mesmo que o corpo da válvula seja
saída. Ela construção mecânica simples
deformado. A válvula gaveta com disco
torna esta válvula mais popular que as
duplo é usada em serviço criogênico ou em
outras do tipo esfera. A pressão a
altíssima temperatura, onde o corpo da
montante empurra a esfera e a esfera
válvula pode se deformar com a variação
comprime a sede da bola do lado a
da temperatura do processo.
jusante, para bloquear a vazão do fluido.
A válvula gaveta resistente a corrosão
Classe 150 é descrita na norma API 603-
1977. O corpo da válvula é feito de aço
inox tipo 304, 316 ou 347 ou Alloy 20, que
apresenta resistência à corrosão da
maioria dos produtos petroquímicos.
A válvula gaveta de aço carbono
compacta, descrita na norma API 602-
1974, é largamente usada em linhas de
dreno, linhas de bypass ou com
instrumentos na tubulação de processo. A

173
Válvula de Controle

Fig. 8.17. Esquema de válvula esfera Aplicações e restrições


A válvula esfera é usada em controle
contínuo, quando de pequeno tamanho.
Vantagens
Ela é mais adequada para serviço de
As características da válvula esfera são desligamento (shutoff). Ela podem
1. mudança pequena na direção da manipular fluidos corrosivos, líquidos
vazão dentro do corpo da válvula, criogênicos, fluidos muito viscosos e sujos.
resultando em pequena queda de Elas podem ser usadas em alta pressões e
pressão. A resistência à vazão é medias temperaturas. Há limitação
semelhante à da válvula gaveta. desfavorável da temperatura por causa do
2. a rotação da esfera de 90 graus uso de elastômeros na sede da válvula.
fornece uma operação completa da A válvula esfera não é recomendada
válvula. Diferente das válvulas globo para controle contínuo, pois quando ela
e gaveta, que requerem espaço estiver parcialmente aberta, o aumento da
vertical para o deslocamento da velocidade do fluido pode danificar os
haste, a operação é fácil e o tamanho assentos da esfera expostos ao fluido.
da válvula pode ser muito pequeno.
3. A abertura da válvula e a quantidade 14.3. Válvula Borboleta
da vazão podem ser determinadas
muito precisamente, tornando-a
Descrição
adequada para controle proporcional,
embora sua aplicação principal seja A válvula borboleta possui este nome
em operação de liga-desliga. por causa do formato da combinação
4. Ela prove boa vedação, quando disco-haste. É uma válvula totalmente
totalmente fechada. diferente da convencional com sede-
5. Elas são de operação rápida e obturador-haste.
relativamente insensíveis à A válvula borboleta consiste de um
contaminação. disco, com aproximadamente o mesmo
diâmetro externo que o diâmetro interno do
corpo da válvula, que gira em torno de um
eixo horizontal ou vertical, perpendicular à
direção da vazão. O disco atua como
basculante na posição completamente
paralela à direção da vazão, válvula está
aberta; na posição perpendicular à direção
da vazão, a válvula está fechada. Como
ela não veda perfeitamente, pode haver
pequeno vazamento.
Fig. 8. 18. Válvula esfera flutuante
Desvantagens
As principais limitações da válvula são
1. A sede da válvula esfera pode ser
sujeitas à distorção, sob a pressão
de um selo, nos espaçamentos entre
metais, quando a válvula é usada
para controle.
2. O fluido entranhado na esfera na Fig. 8. 19. Válvula borboleta tipo flauta
posição fechada pode causar A válvula borboleta típica consiste de
problemas. um disco que pode girar em torno de um
3. Por causa de sua abertura rápida, a eixo, em um corpo fechado. O disco fecha
válvula esfera pode causar os contra um anel selante, para fechar a
indesejáveis golpe de aríete ou pico vazão. Vários mecanismos de atuação,
de pressão no sistema.

174
Válvula de Controle

como alavanca e cam podem ser usados limitadas a sistemas de baixa


para operar a válvula. pressão.
A norma API 609-1973 Butterfly valves 3. Quando usam materiais elastômeros
descreve e define os principais tipos de na sede, há limitação de temperatura
válvulas borboleta, embora não especifique (90 oC).
a sua construção mecânica.

aberta controlando fechada

Fig. 8.22. Posições da válvula borboleta


Fig. 8. 20. Elemento de controle da válvula borboleta
Aplicações
Vantagens As válvulas borboleta são usadas
As vantagens da válvula borboleta são geralmente em sistemas de baixa pressão,
1. Produzir uma queda de pressão onde não se necessita de vedação
muito pequena, quando totalmente completa. Elas são normalmente usadas
aberta. em linhas de grandes diâmetros.
2. Ser barata, leve, de comprimento Válvula Swing
pequeno (raramente flangeada). O
A válvula swing é semelhante à
diâmetro da válvula pode ser do
borboleta, exceto que elas giram em torno
mesma dimensão que a tubulação.
de um lado e não ao longo do diâmetro.
3. Possuir construção e operação
Elas podem ser atuadas pela vazão, por
extremamente simples.
molas de torsão, por alavancas .
4. Fornecer controle liga-desliga e
As válvulas swing são usadas
contínuo.
principalmente como válvulas de retenção,
5. Manipular grandes vazões de água,
para bloquear a vazão em uma direção.
líquidos contendo sólidos e gases
As válvulas swing possuem
sujos.
praticamente todas as vantagens das
válvulas borboleta pequena queda de
pressão, pequeno peso e custo
relativamente pequeno.
A vedação da válvula swing é muito
alta, são sujeitas à deposição de
contaminantes e introduz turbulência em
baixas vazões. As superfícies de selagem
sofrem erosão, quando o fluido está em
alta velocidade.

Fig. 8. 21. Válvula borboleta


Desvantagens
1. A vedação da válvula borboleta é
relativamente baixa, a não ser que
seja usado selo especial. O selo é
geralmente danificado pela vazão
com alta velocidade.
2. Estas válvulas usualmente requerem
grandes forças de atuação e são Fig. 8. 23. Válvula swing para retenção

175
Válvula de Controle

válvula gaveta. As superfícies da sede são


menos sujeitas a desgaste e a capacidade
14.4. Válvula Globo de provocar grandes quedas de pressão
torna a válvula globo conveniente para
Descrição controle. A válvula globo é favorita para
aplicações de controle liga-desliga, quando
É uma válvula com o corpo esférico,
há operação freqüente da válvula, por
com sede simples ou dupla, com obturador
causa do deslocamento pequeno do disco.
guiado pela haste ou pela gaiola e que
pode apresentar várias características
diferentes liga-desliga, linear, igual
percentagem.
Há três tipos principais de válvulas na
família globo, ângulo e Y. Elas são
caracterizadas por um elemento de
fechamento, geralmente um disco ou plug,
que é movido por uma haste atuadora,
perpendicular à sede em forma de anel. A
vazão passa da entrada para a saída,
através da sede. Os três tipos diferem
principalmente na orientação da sede em Fig. 8. 25. Válvula globo guiada pela gaiola
relação à direção da vazão através da
válvula.
A válvula tipo Y é uma versão Desvantagens
modificada da válvula globo. O corpo da As válvulas globo provocam grande
válvula é construído de modo que as perda de pressão; isto pode ser
mudanças na direção do fluido dentro do indesejável em muitos sistemas. A direção
corpo são minimizadas; é também da vazão é alterada repentinamente,
chamada de válvula globo de vazão reta. quando o fluido atinge o disco, causando
A válvula globo não é definida por uma grande turbulência no corpo da
nenhuma norma API. A indústria válvula. Em grandes tamanhos, elas
petroquímica usa a norma inglesa 1873- requerem muita potência para operar,
1975 Steel globe and globe stop and check necessitando de alavancas, engrenagens.
valves for the petroleum, petrochemical As válvulas globo são normalmente mais
and allied industries. pesadas do que outras válvulas de mesma
especificação.
A turbulência do fluido na passagem
pela abertura da válvula globo causa
vibração no disco, resultando em estrago
da haste. Para evitar isso, deve se projetar
um guia especial do disco, principalmente
em serviço com alta velocidade do fluido.

Fig. 8. 24. Válvula globo em ângulo

Vantagens
As válvulas globo são, geralmente,
mais rápidas para abrir ou fechar que a Fig. 8. 26. Válvula globo Y

176
Válvula de Controle

aplicações requerem válvulas maiores, a


economia começa a tender para os
Aplicações sistemas completos.
As válvulas globo são usadas O regulador requer menor espaço e
principalmente como válvulas de controle menor trecho da tubulação para a sua
contínuo; elas podem ser consideradas instalação e operação.
como uma válvula de controle de vazão de A não necessidade de alimentação
uso geral. Neste aplicação, a válvula globo torna a válvula auto-operada mais
é projetada com a sede do corpo com conveniente para aplicações em lugares
material mais duro, já que o serviço severo remotos e inacessíveis. O regulador não
pode causar desgaste e erosão. Para está sujeito a falta de alimentação e por
controle mais fino da vazão, usa-se a isso o sistema é mais seguro, porém o
válvula agulha, que é uma versão funcionamento da válvula auto-operada em
modificada da válvula globo. A válvula Y é si não é mais seguro ou confiável que o
usada para controle contínuo e controle funcionamento da válvula de controle
liga-desliga de líquidos sujos (slurry) e de convencional.
alta viscosidade. A válvula globo pequena, Como o regulador não requer fonte
feita de liga de cobre, é usada externa de energia ele é inerentemente
freqüentemente em linhas de gás seguro e pode ser usado em qualquer local
domesticas ou em serviço de baixa perigoso, pois sua presença não
pressão, com disco de plástico para compromete a segurança. As válvulas com
garantir boa vedação. atuador eletrônico requerem classificação
elétrica especial, como prova de explosão,
segurança intrínseca.

(a) sede simples (b) sede dupla


Fig. 8. 27. Válvula globo

14.5. Válvula Auto-regulada


Fig. 8. 28. Válvula auto-regulada de temperatura
Conceito
O regulador é uma válvula de controle
com um controlador embutido. Ele é
operado pela energia do próprio fluido Desvantagens do Regulador
sendo controlado e não necessita de fonte O ponto de ajuste é provido
externa de energia. O regulador é manualmente e não é possível o ajuste
chamado de válvula auto-operada, auto- remoto. A precisão e a resolução do ajuste
regulada, reguladora. do ponto de ajuste são precárias.
O controle só pode ser proporcional,
Vantagens do Regulador com banda proporcional fixa. Não é
A vantagem principal é o menor custo possível a combinação com os outros
do regulador em relação ao custo total da modos, integral e derivativo.
malha convencional com o transmissor, o É limitado a poucas aplicações,
controlador e a válvula de controle. O podendo ser usado para o controle de
regulador é mais barato no custo inicial, na pressão, temperatura e nível, em
instalação e na manutenção, determinadas faixas e sob condições muito
principalmente quando as linhas de restritivas.
processo são pequenas. Quando as É pouco preciso e não possui
indicações da variável medida.

177
Válvula de Controle

É puramente mecânico e incompatível termal está conectada diretamente a haste


com os sinais elétricos de termopar, bulbo da válvula e desenvolve a força e o
de resistência, contato . Há ainda a deslocamento necessários para abrir-
pequena flexibilidade com os acessórios, fechar a válvula. O regulador atuado
como o posicionador, a chave limite, o diretamente é mais simples, mais
volante manual, a solenóide . econômico e tem um controle mais
proporcional.
Regulador de Pressão No tipo atuado por piloto, o atuador
O regulador de pressão é o dispositivo termal move uma válvula piloto, que
para reduzir a pressão, para controlar o controla o valor da pressão do fluido que
vácuo e a pressão diferencial. Ele pode ser passa pela válvula através de um
aplicado a gases, líquidos e vapores. diafragma ou pistão, que estabelece a
O diafragma é o componente básico posição da haste da válvula principal. O
responsável pela operação do regulador. O regulador com piloto possui bulbo menor,
diafragma compara o ponto de ajuste, que resposta mais rápida, maior ganho e pode
é convertido em uma força pela atuar em válvulas de alta pressão.
compressão ajustável da mola com a A instalação adequada inclui a correta
pressão a ser regulada, que é convertida localização do bulbo, onde as variações de
em outra força de diafragma em si e ajusta temperatura são prontamente sentidas e
a abertura da válvula para reduzir o erro onde não ha perigo de dano.
entre estas duas pressões. Assim o
diafragma é, simultaneamente, o elemento
de realimentação, o dispositivo de
detecção de erro e o atuador.
A ruptura do diafragma é a falha mais
comum no regulador. A maioria dos
reguladores falha na posição totalmente
aberta quando o diafragma falha. Em
aplicações críticas, uma solução seria o
uso de dois reguladores em série, com o
segundo regulador ajustado em um valor
maior que o primeiro, por exemplo, 20%.
Ele ficará totalmente aberto em operação
normal e será o responsável pela Fig. 8. 29. Reguladora com piloto
regulação somente durante a falha do
primeiro.
O regulador de pressão deve ser Regulador de Nível
instalado com filtro a montante, com O regulador de nível é um instrumento
purgador-separador de condensado, que é atuado pela variação de nível do
quando houver vapor. Deve haver trechos líquido do processo. Ele não necessita de
retos antes e depois do regulador. suprimento de energia e por isso é auto-
atuado.
Regulador de Temperatura Os principais tipos são do tipo bóia
Um regulador de temperatura é um direta e bóia piloto.
dispositivo controlador que inclui o O mais simples regulador de nível
elemento sensor termal, a entrada de consiste de uma alavanca atuada por uma
referência e a válvula de controle. O bóia flutuadora e que atua diretamente na
sistema é auto-atuado a energia para a válvula de controle.
atuação da válvula é suprida pelo O regulador com bóia piloto é mais
processo. versátil e sensível. Neste sistema a
Há basicamente dois tipos, conforme a alavanca da bóia atua um relé pneumático.
atuação da válvula atuado diretamente e A válvula de controle é assim operada por
atuado por piloto. pressão pneumática.
No tipo de atuação direta, a unidade de
potência (diafragma, fole) do atuador

178
Válvula de Controle

Regulador de Vazão 15. Válvulas Especiais


O regulador de vazão usa a energia do
próprio líquido a ser medido, para sua
operação. Ele normalmente possui uma 15.1. Válvula Retenção (Check Valve)
restrição para provocar a pressão
As válvulas de retenção são projetadas
diferencial e utilizar esta mesma pressão
unicamente para evitar a vazão no sentido
diferencial para atuar em um pistão, que
inverso em uma tubulação, que perturba o
por sua vez, controla a vazão.
processo seriamente e pode até causar
O regulador contem em um único
acidente. A pressão do fluido vazante abre
dispositivo os três elementos de controle
a válvula e o peso do mecanismo de
primário-controlador-final. O ponto de
retenção e qualquer reversão da vazão a
ajuste é estabelecido externamente.
fecha, automaticamente.
Quando a vazão atinge o ponto de ajuste
Há diferentes tipos de válvulas de
estabelecido, a válvula de controle integral
retenção portinhola (swing), com
impede qualquer acréscimo de vazão.
levantamento de disco ou esfera (lift),
O regulador é um dispositivo utilizado
disco, retenção-bloqueio, tipo sanduíche
em sistemas onde a precisão não é crítica,
(wafer). A seleção do tipo mais
como em sistemas de irrigação e
conveniente depende da temperatura, da
distribuição de água.
queda de pressão disponível e da limpeza
do fluido.
Conclusões
Mesmo na época dos controladores a
microprocessador, que serão a base do
controle do próximo século, ainda há
aplicações válidas para o regulador
desenvolvido no século passado.
O regulador ainda é usado para
aplicações pouco exigentes e em locais
onde não é disponível nenhuma fonte de
energia. Ele justifica a sua aplicação, por
causa de sua simplicidade e economia.
Fig. 8. 30. Válvula de retenção com portinhola

A válvula de retenção padrão é a com


portinhola (swing), que abre com a pressão
da linha, onde a vazão no sentido normal
faz o disco se afastar do assento. Ela se
fecha quando a pressão cai e fica
totalmente fechada, quando o disco é
mantido contra o anel do assento pelo seu
peso ou por mecanismos externos ligados
ao eixo estendido através do corpo da
válvula. Elas podem operar na posição
vertical (vazão para cima) ou horizontal.
A válvula de retenção com portinhola é
usada em velocidades baixas do fluido,
onde a reversão da vazão é rara. As suas
características são a baixa resistência à
vazão, a baixa velocidade e a mudança de
sentido da vazão pouco freqüente. Uma
reversão repentina da vazão do fluido pode
fazer o disco martelar a sede, danificando-
a ou se danificando.

179
Válvula de Controle

Uma vazão pulsante pode fazer a gravidade ou pela ação de uma mola e
válvula de retenção com portinhola oscilar pela pressão da vazão.
continuamente, danificando a sede, a A válvula de retenção tipo
portinhola ou ambas. Este problema pode levantamento pode ser usada em ambas
ocorrer também quando a força da as posições, horizontal e vertical. Ela
velocidade do fluido não é suficiente para possui alta resistência à vazão e é usada
manter a posição da portinhola estável. principalmente em tubulações de 1 1/2" ou
A válvula de retenção é geralmente menores.
fechada pela pressão da vazão reversa e o Em geral, a válvula de retenção lift
pelo peso do disco. Se o disco pode ser requer queda de pressão relativamente
fechado logo antes do inicio da vazão alta. Elas possuem uma construção interna
reversa, o martelo d'água pode ser evitado. semelhante à da válvula globo. Suas
Porém, a maioria das válvulas de retenção características de operação são mudança
precisa da ajuda da vazão reversa para freqüente do sentido da vazão e prevenção
fechar o disco. A massa e a velocidade do de vazão inversa. Elas são usadas com
fluido da vazão reversa causam grande válvulas globo ou de ângulo.
martelo d'água contra a sede do corpo da
válvula. Podem ser usadas molas para 15.3. Válvulas de Retenção Esfera
proteger contra o martelo d'água, porém a
Esta válvula de retenção é similar à
adição da mola requer mais pressão para
válvula lift, exceto que o disco é substituído
abrir o disco e aumenta a resistência do
por uma esfera, que pode girar livremente.
fluido e a queda de pressão.
Elas são limitadas a serviço de fluidos
Semelhante às válvulas de controle, as
viscosos e são disponíveis apenas em
de retenção são disponíveis em diferentes
pequenos diâmetros.
materiais, como bronze, ferro fundido, aço
carbono, aço inoxidável, aços especiais .
As conexões podem ser rosqueadas,
15.4. Válvulas de Retenção
flangeadas, soldadas e tipo wafer. As Borboleta
modernas válvulas são disponíveis com As válvulas de retenção tipo borboleta
corpo no estilo wafer; elas possuem tem uma geometria similar à válvula de
extremidades planas e sem flanges e são controle, de modo que elas podem ser
instaladas entre flanges da tubulação. usadas em conjunto. As características de
operação da válvula de retenção borboleta
são resistência mínima à vazão, mudança
freqüente de sentido e uso em linhas
equipadas com válvulas de controle
borboleta. Elas podem ser usadas na
posição vertical ou horizontal, com a vazão
vertical subindo ou descendo.

15.5. Válvula de Retenção e Bloqueio


Fig. 8. 31. Válvula de retenção tipo levantamento A válvula de retenção e bloqueio (stop
(lift) check) combina as características de
retenção (vazão em somente um sentido) e
de bloqueio (vazão zero, quando
15.2. Válvulas de Retenção Tipo totalmente fechada). Ela é composta de
Levantamento uma válvula de retenção com
Nas válvulas de retenção tipo levantamento do disco e uma válvula
levantamento (lift), um disco ou uma esfera globo. Quando a haste é levantada para a
é levantada da sede, dentro de guias, pela abertura total, a válvula opera como uma
pressão de entrada da vazão. Quando a de retenção normal. Quando a haste move
vazão para ou inverte de sentido, o disco para baixo, para fazer o fechamento total,
volta para o assento, por causa da a válvula funciona como uma de bloqueio
globo.

180
Válvula de Controle

A válvula de retenção-bloqueio é usada


particularmente em casas de força, para
serviço com vapor. Ela possui um disco
flutuante que levanta sob condições de
vazão, como a força da pressão da
caldeira de vapor. Suas principais
aplicações incluem
1. evitar a vazão reversa do vapor do
header principal,
2. ajudar a colocar a caldeira em
serviço, depois de ter sido Fig. 8.32. Válvula de alívio
desarmada (shutdown),
3. ajudar a desligar a caldeira, quando a
queima parar, 16.2. Definições e Conceitos
4. agir como uma válvula de segurança
Os termos válvula de segurança e
imediata, evitando a vazão de vapor
válvula de alívio são usados com o mesmo
de volta para o header.
sentido, para designar válvulas que
A norma API Spec. 6D "Pipeline valves"
protegem contra a pressão excessiva.
descreve os tipos regulares de válvulas de
Porém, há diferença entre elas.
retenção tipo portinhola.
A válvula de segurança é projetada
para ter uma ação de abertura total,
16. Válvula de Alívio de provendo um alívio imediato. Ela está
Pressão descrita no código ASME, que especifica
capacidade, sobre-faixa de pressão e
diferença entre pressão ajustada e de
16.1. Função do Equipamento rearme. A válvula de alívio é projetada
A função básica de um equipamento de para abrir lentamente com aumento na
alívio é a de aliviar uma condição de pressão inicial. Estas válvulas não
sobrepressão de um sistema de modo possuem um código de projeto. A válvula
automático, econômico e eficiente. A de alívio é normalmente usada para aliviar
função adicional é a de conter o sistema de pressões excessivas desenvolvidas por
pressão, durante o tempo em que a fluidos não compressíveis, desde que uma
sobrepressão cai, voltando para a pequena descarga deste fluido irá prover
condição normal. Isto é conseguido por um um alívio imediato. Sob estas condições
sistema de balanço de forças agindo no não é necessário que a válvula de alívio
fechamento da área de alívio. A área do abra total e imediatamente, mas que ela
orifício de alívio de pressão é selecionada continua abrindo enquanto a pressão
para passar a vazão necessária, em estiver subindo.
condições específicas. Esta área é fechada Por causa destas diferenças na ação, as
por um disco, até que a pressão ajustada válvulas de segurança são usualmente
seja atingida. A pressão contida do sistema empregadas para aliviar pressão excessiva
age em um lado do disco; do outro lado há causada por gases (fluidos compressíveis),
uma força exercida diretamente por uma enquanto as válvulas de alívio são usadas
mola. Todo este conjunto é alojado dentro para aliviar a pressão excessiva causada
de um corpo, com conexões de entrada e por líquidos (fluidos não-compressíveis).
de saída, um prendedor do disco e outros A válvula de segurança-alívio (safety-
acessórios para prover a característica de relief) tem um projeto de abertura total e
desempenho especificada. pode ser usada em fluidos compressíveis e
não-compressíveis.

16.3. Sobrepressão
Os sistemas de alívio de pressão
fornecem os meios de proteção de pessoal
e equipamento de operação anormal do

181
Válvula de Controle

processo. Algumas das condições que acima da sede e permitir a passagem de


causam aumento excessivo da pressão uma pequena vazão do fluido. Quando
são uma maior pressão se acumula na entrada,
1. exposição ao fogo ou outras fontes a mola é mais comprimida, fazendo o disco
externas de calor, subir mais, aumentando a área de
2. aquecimento ou resfriamento de passagem, aumentando a vazão do fluido.
líquido bloqueado entre válvulas ou O levantamento gradual do disco com o aumento da
em alguma outra seção fechada do pressão de entrada, através de toda a faixa útil da
sistema, resultando em expansão válvula e a realização de sua capacidade de
hidráulica, descarga total em 25% de sobrepressão são as
3. falha mecânica de equipamentos principais características da válvula de alívio. Estas
normais de segurança, propriedades diferenciam a válvula de alívio da
funcionamento inadequado dos válvula de segurança, cujo disco obtém seu
instrumentos de controle, falha na levantamento especificado com pequena
operação manual, resultando em sobrepressão. A válvula de alívio é usada
enchimento ou esvaziamento do principalmente para serviço de líquido.
equipamento,
4. produção de mais vapor do que o 16.4. Válvula de Segurança
sistema pode manipular, seguindo
A válvula de segurança e a válvula de
um distúrbio operacional,
alívio de segurança são projetadas
5. geração inesperada de vapor,
especificamente para dar uma abertura
resultando no desequilíbrio de
total com pequena sobrepressão. elas
energia do processo,
possuem discos pressionados por mola
6. reação química exotérmica e
que fecham a abertura de entrada da
produção excessiva de gás do
válvula contra a pressão de entrada e são
sistema.
caracterizadas pela abertura rápida e
Objetivos completa, produzida por uma câmara que,
a uma pressão predeterminada, aumenta a
A partir destas situações e
área entre o disco e a sede a um ponto
necessidades, os objetivos do sistema de
onde a força da mola não mais supera a
alívio de pressão são
força de entrada.
1. atender as normas e leis
O fluido vazante é dirigido para reagir
governamentais, incluindo o controle
contra o disco e a força da mola. Esta ação
ambiental,
utiliza a energia cinética (proporcional à
2. proteger o pessoal de operação
massa e à velocidade) para manter a
contra perigos causados de
válvula na posição aberta. Quando a vazão
sobrepressão de equipamentos,
for menor que 25% da capacidade da
3. minimizar as perdas de material
válvula, a energia cinética não é suficiente
durante e após um distúrbio
para manter a válvula totalmente aberta e
operacional, causado por uma
a mola faz a válvula se fechar. Esta
sobrepressão rápida,
repetição de abertura e fechamento é
4. evitar danos a equipamentos e
característica da válvula de segurança. A
propriedades vizinhos,
freqüência de repetição muito alta
5. reduzir os prêmios de seguro da
(chattering) é indesejável e ocorre com
planta.
válvula super dimensionada.
Operação da Válvula de Alívio É essencial o conhecimento da válvula
As válvulas de alívio tem discos de alívio. Por exemplo, o coeficiente de
pressionados por mola, que fecham a descarga é diferente para as várias
abertura de entrada da válvula contra a válvulas dos fabricantes diferentes. A
pressão da fonte. O levantamento do disco válvula pode ser instalada de modo que ela
é diretamente proporcional à sobrepressão limita as condições nas quais foi feito o seu
acima da pressão ajustada. Quando a dimensionamento. As válvulas de alívio
pressão de entrada se iguala a pressão devem ser dimensionadas e instaladas de
ajustada, o disco pode subir um pouco modo que elas controlem descarga do

182
Válvula de Controle

fluido e não sejam vitimas da descarga do Em reações exotérmicas, a válvula deve


fluido. ser dimensionada para passar uma vazão
Quando dimensionada corretamente, a capaz de aliviar a pressão na máxima
válvula de alívio continua a descarregar, pressão possível.
até que a pressão de entrada caia de 4 a Após a capacidade do fluido a ser aliviada
5% abaixo do ponto de ajuste. A diferença é determinada, é necessário calcular a
entre a pressão em que a válvula de alívio área do orifício necessário para aliviar a
abre a pressão de fechamento é chamada quantidade predeterminada de líquido ou
blowdown. A válvula de segurança possui vapor. Depois da determinação da área,
um anel ajustável para controlar o pode-se fazer a seleção da válvula
blowdown. consultando tabelas de fabricantes, que
listam várias válvulas com a área do
Válvula de Alívio e Segurança orifício necessária. A seleção final será
A válvula de alívio e segurança é usada baseada na conformidade da área do
como equipamento de alívio em refinarias orifício com a válvula que satisfaça a
de petróleo e indústrias químicas. Ela é pressão, temperatura e materiais de
descrita como uma válvula com um castelo construção.
fechado com todas as características da A ASME apresenta formulas para
válvula de segurança. determinar a área efetiva do orifício que irá
Como o nome implica, ela pode ser determinar a capacidade especificada do
usada em dois tipos de serviço como uma fluido.
válvula de alívio ou como válvula de
segurança. Quando usada como válvula de Construção da Válvula
alívio, o anel de blowdown é retirado, de As válvulas de segurança e alívio são
modo que a câmara não produz nenhum normalmente mantidas na posição fechada
efeito, evitando a abertura rápida e total da por meio de um disco pressionado por uma
válvula e fazendo a válvula operar mola. A pressão da mola é ajustada de
exatamente como uma válvula de alívio. modo que uma pressão predeterminada
Ela pode ser usada também como válvula agindo sobre o disco da válvula (sede)
de segurança, exceto quando a levantará o disco da sede permitindo a
temperatura é muito elevada e altera a passagem do fluido através da abertura.
característica da mola. Em válvulas de segurança, o disco se
A vantagem da válvula de alívio e projeta sobre a sede, para fornecer uma
segurança é sua versatilidade, controlando área de passagem adicional após a
rigorosamente ou evitando a emissão do abertura inicial e deste modo, levantando
fluido. rapidamente o disco para a posição de
totalmente aberta. A sede é usualmente
Dimensionamento cercada por um anel ajustável, de modo
A válvula de alívio deve proteger que, quando a válvula começa a abrir, a
equipamento sujeito a sobrepressão, pressão é também aplicada a superfície
provocada por várias causas distintas. Por exposta adicional e não apenas ao disco.
exemplo, numa coluna de fracionamento, Pelo ajuste deste disco, regula-se a
pode aparecer sobrepressão por causa de pressão de blowdown, que é a diferença
fogo externo, descarga bloqueada, perda entre a pressão de alívio e uma pressão
de refluxo, falha de alimentação elétrica, levemente menor em que a válvula fecha.
falha de resfriamento, falha de Um blowdow pequeno é inconveniente,
instrumentos de controle . A válvula de pois a válvula irá abrir-fechar
alívio deve ser dimensionada para cada periodicamente e não irá abrir
uma das condições em separado e o rapidamente.
tamanho final deve ser suficientemente As válvulas de alívio são projetadas de
grande para manipular a maior modo que a área exposta a sobrepressão
capacidade. é a mesma, com a válvula aberta ou
O primeiro passo é calcular a vazão fechada, fazendo com que o disco seja
necessária através da válvula de alívio de levantado da sede lentamente, quando a
pressão para evitar acúmulo excessivo.

183
Válvula de Controle

pressão subir, até que a válvula atinja a 6. a abertura através de toda a


abertura total. tubulação e conexões entre um vaso
A maioria das válvulas de segura de pressão e sua válvula de alívio de
possuem mola. Uma minoria funciona com pressão deve ter, no mínimo, a área
peso e alavanca externos. da entrada da válvula.
As válvulas de alívio de pressão com 7. as válvulas de alívio de líquido
mola tem a pressão de alívio ajustada por devem ser ligadas abaixo do nível
meio de um parafuso no topo do castelo, normal do líquido.
que varia a compressão da mola. 8. todas as linhas de descarga devem ir
As válvulas de alívio são disponíveis diretamente para o ponto do alívio
para temperatura criogênicas até 750 oC e final. Para linhas mais longas, deve-
de alta pressão até 10 000 psig. A maioria se usar cotovelos com raio grande,
das válvulas de segurança e algumas quando for necessário mudar a
válvulas de alívio são equipadas com uma direção. Deve-se evitar, no projeto da
alavanca externa para verificação do alívio. linha, conexões próximas e deve-se
As válvulas de alívio são disponíveis minimizar as tensões na linha ,
em uma grande variedade de materiais usando-se juntas de expansão.
ferro fundido, aço carbono, aço inoxidável, 9. é essencial fazer e seguir um
bronze, Hastelloy®, Monel, revestida de programa de inspeção e manutenção
Teflon. preventiva para cada válvula de alívio
de pressão. Toda e qualquer válvula
Instalação e Manutenção de alívio de pressão em serviço limpo
A instalação da válvula de alívio de e não corrosivo deve ser
pressão é descrita no código ASME, que inspecionada e testada, no mínimo,
deve ser estudado e entendido, para o uma vez por ano. Válvula em serviço
dimensionamento, seleção e instalação. corrosivo ou severo deve ser
Os pontos mais importantes são: inspecionada mais freqüentemente.
1. a válvula de alívio de pressão deve Deve-se registrar e manter estes
ser localizada e instalada de modo relatórios de teste e inspeção para
que ela seja facilmente acessível saber quando e por quem cada
para reparo. válvula foi inspecionada e testada.
2. Se o projeto de uma válvula de alívio 10.Os testes não devem envolver
de pressão ou de segurança é tal apenas o ponto de ajuste da pressão
que é acumulado líquido no lado de de alívio, mas também a capacidade
descarga do disco, a válvula deve ser de alívio da válvula, nas condições
equipada com um dreno no ponto do processo.
mais baixo. 11.A capacidade nominal de uma
3. A mola em uma válvula de alívio de válvula de segurança ou de alívio
segurança em serviço para pressões deve ser conforme o que estiver
até 140 kPa (20 psig), não pode ser gravado na plaqueta da válvula para
resetada para qualquer pressão além as condições de projeto originais.
de 10% acima ou abaixo do valor
marcado na válvula. Para pressões
acima de 140 kPa (20 psig), a mola
não deve ser reajustada para
qualquer pressão além de 5% abaixo
ou acima da marcação da válvula.
4. nenhuma válvula de alívio de líquido
não pode ser menor que 1/2".
5. as válvulas de segurança e alívio
devem ser ligadas ao vaso no
espaço com vapor, acima do líquido
ou em uma tubulação ligada ao
espaço do vapor no tanque a ser
protegido.

184
Válvula de Controle

17. Válvulas Solenóides acionado na solenóide, quando a bobina é


energizada.
As válvulas são disponíveis na
17.1. Solenóide construção normalmente fechada ou
normalmente aberta. A válvula
Solenóide elétrica é uma bobina de fio
normalmente fechada abre, quando se
energizada eletricamente para produzir um
aplica corrente (energiza) e fechada
campo magnético no seu interior, que
quando a corrente é cortada
provoca um movimento mecânico em um
(desenergizada). A válvula normalmente
núcleo ferromagnético, colocado no centro
aberta fecha quando a corrente é aplicada
do campo. Quando a bobina é energizada,
e abre quando a corrente é cortada. Os
o núcleo está em uma posição, quando
termos normalmente aberto ou
desenergizada, está em outra posição.
normalmente fechado se referem à posição
A solenóide pode ser de operação
antes da aplicação da corrente.
analógica ou digital. Exemplos de
As válvulas solenóides são projetadas
excitação analógica de solenóide é a
para operação liga-desliga (on-off) ou
ativação da bobina de um alto falante de
totalmente aberta ou totalmente fechada.
áudio ou o controle de freios mecânicos
Como as válvulas solenóides são de ação
em carros elétricos. Porém, a solenóide é
rápida, deve-se cuidar que não haja golpe
mais usada em sistemas de controle como
de aríete nas tubulações do processo, o
um dispositivo digital, onde uma potência
que poderia danificar tubulação, medidores
constante é aplicada ou retirada de sua
de vazão, válvulas.
bobina.

Fig. 8. 33. Aplicação de válvula solenóide


Fig. 8. 34. Solenóide na válvula de controle
A solenóide pode estar acoplada a relé,
para operar contatos elétricos. Os contatos
são abertos ou fechados, conforme a 17.3. Operação e Ação
energização-desenergização da bobina. As solenóides são usualmente
Outra aplicação industrial importante é empregadas com válvulas globo liga-
acoplar a solenóide ao corpo de uma desliga com haste deslizante. Há
válvula; tem-se a válvula solenóide. basicamente quatro tipos de operação
1. ação direta,
17.2. Válvula Solenóide 2. operada por piloto interno
A válvula solenóide é a combinação de 3. operada por piloto externo
duas unidades funcionais básicas a 4. com sede e disco semibalanceados
solenóide e a válvula. A válvula solenóide Na válvula com ação direta o núcleo da
é usada para controlar a vazão de fluidos solenóide (plunger) é mecanicamente
em tubulações, principalmente de modo ligado ao disco da válvula e abre ou fecha
digital (liga-desliga). Ela é aberta ou diretamente a válvula. Uma mola
fechada pelo movimento do núcleo normalmente mantém o plug na posição

185
Válvula de Controle

aberta ou fechada e é contra esta força Ambos os plugs são montados em uma
que a solenóide deve mover o plug para a única haste. A pressão da linha do lado da
posição oposta. A operação não depende entrada da válvula é introduzida debaixo
da pressão ou vazão da linha. do plug inferior e acima do plug superior. A
A válvula operada com piloto interno é força para baixo no plug superior é maior
equipada com um pequeno orifício piloto, do que a força para cima do plug inferior.
utilizando a pressão da linha para sua Esta pequena diferença de força, mais a
operação. Quando a solenóide é força exercida por uma mola, mantém os
energizada, ela abre o orifício piloto e alivia plugs inferior e superior em suas sedes.
a pressão do tipo do diafragma ou plug da Quando a solenóide é energizada, os plugs
válvula para a saída da válvula. Isto resulta são levantados, abrindo a válvula. Por
em um desequilibro de pressão através do causa da força que age para cima no plug
plug ou diafragma, que abre o orifício inferior, a solenóide deve apenas superar
principal. Quando a solenóide é estas pequenas diferenças e a força da
desenergizada, o orifício piloto é fechado e mola.
toda a pressão da linha é aplicada ao topo As válvulas solenóides são também
do disco, fornecendo uma força de assento disponíveis em configurações de várias
que fecha totalmente. vias. As válvulas com duas vias são as
convencionais, tendo uma conexão de
entrada e outra de saída. A válvula abre ou
fecha, dependendo da solenóide
energizada ou desenergizada.
As válvulas solenóides de três vias tem
três conexões com a tubulação e dois
orifícios. Um orifício está sempre aberto e
outro sempre fechado. Estas válvulas são
usadas comumente para alternadamente
aplicar pressão para e aliviar pressão de
uma válvula. Elas servem também para
convergir ou divergir a vazão nas
conexões.
As válvulas solenóides com quatro vias
são usadas para operar cilindros de ação
dupla. Estas válvulas possuem quatro
conexões uma pressão, dois cilindros e
uma exaustão. Em uma posição da
válvula, a pressão é aplicada a um cilindro,
a outra é ligada a exaustão. Na outra
Fig. 8. 35. Operação da válvula solenóide posição, a pressão e a exaustão estão
invertidas.

A válvula com piloto externo é operada


através de um diafragma ou cilindro. Esta
válvula é equipada com um piloto
solenóide de três vias, que alternadamente
aplicada a pressão para ou aliviada a
pressa do diafragma para a operação. A
pressão da linha ou uma fonte separada de
pressão é usada para operar a válvula
piloto.
A válvula com sede e disco
semibalanceados é de dupla sede. O corpo
contem duas sedes, uma acima da outra,
com um espaço entre elas. O plug inferior
é levemente menor do que o superior.

186
Válvula de Controle

18. Válvula Redutora de ser dimensionadas e selecionadas


corretamente, instaladas e mantidas de
Pressão acordo com as instruções do fabricante, de
modo que suas peças internas se movam
18.1. Conceito livremente.

A válvula redutora de pressão serve para diminuir a 18.4. Seleção da Válvula Redutora de
pressão a jusante para um nível determinado dentro Pressão
dos limites impostos pelo tipo de válvula usado.
Basicamente há dois tipos de A determinação da melhor válvula
redutoras: redutora depende da a aplicação. Devem
1. operada diretamente, em que a válvula ser conhecidas as respostas das seguintes
principal é operada pela ação perguntas
combinada de uma mola e da pressão 1. Quais são as pressões máxima e
de saída, que é aplicada ao lado inferior mínima a montante?
do diafragma. É válvula redutora mais A pressão a montante (upstream) é
simples e pode operar apenas em também referida como pressão de entrada
variações limitadas de vazão. A pressão ou suprimento.
reduzida é dependente da pressão de 2. Qual a pressão a jusante a ser
entrada. mantida constante ou qual a faixa
2. operada por piloto, em que a válvula ajustável da pressão reduzida
principal é aberta por meio de um desejada?
pistão, que é atuado pela pressão de A pressão a jusante (downstream) é a
uma válvula piloto. Esta válvula é pressão na saída da válvula, ou pressão
internamente balanceada e controla a de descarga ou pressão reduzida. O seu
pressão reduzida de modo preciso, valor é determinado pelo processo.
mesmo que haja variação na pressão Quando a pressão regulada é fixa, o
de entrada. Ela manipula variações dimensionamento da válvula se baseia na
grandes de vazão. pressão diferencial estabelecida pela
mínima pressão de entrada. Se a pressão
18.2. Precisão da Regulação regulada é ajustável, a válvula é
dimensionada de acordo com a mínima
Há uma relação definida entre a pressão diferencial disponível.
precisão da regulação e a capacidade da 3. Quais as vazões mínima, máxima e
válvula redutora ou reguladora. A válvula media que passam pela válvula
redutora com mola deve ser ajustada redutora?
enquanto passa uma vazão mínima. A Não escolha o tamanho da válvula
pressão reduzida obtida, quando se redutora apenas fazendo-o igual ao
aumenta lentamente a vazão, até chegar à diâmetro da tubulação. Cada fabricante
capacidade especificada, é uma medida da possui sua tabela de capacidade própria.
precisão da regulação. Uma válvula 4. Deve haver vedação total?
redutora ajustada para entregar 600 kPa Uma válvula de vedação fecha
(100 psig) de pressão, na vazão mínima, totalmente, impedindo a vazão do fluido
possui precisão de regulação de 99%, se para a saída. Somente válvulas de sede
ela entrega 598 kPa na capacidade simples podem prover vedação total.
especificada. Nunca usar válvula de sede dupla para
reduzir pressão e simultaneamente vedar.
18.3. Sensibilidade 5. Qual deve ser o tipo de conexão?
A sensibilidade de uma válvula redutora Esta resposta é determinada pela boa
de pressão usa a resposta das variações prática de tubulação e as condições reais
da pressão e a mantém constante a de instalação. Se a válvula é rosqueada, é
despeito das variações de carga. recomendado o uso de uniões em ambas
Sensibilidade é diferente de precisão de as extremidades da válvula.
regulação. Para se obter a maior
sensibilidade, as válvulas redutoras devem

187
Válvula de Controle

18.5. Instalação paralelo pode ser a solução. Para grandes


reduções de pressão, a operação de duas
As regras gerais de instalação de válvulas em série pode ser a solução.
válvulas também se aplicam às válvulas
redutoras de pressão, além do seguinte:
18.6. Operação
1. Deve sempre incluir um bypass para
permitir a manutenção de Quando colocar a válvula redutora em
emergência, sem desligar a operação, verificar a posição (aberta ou
alimentação. fechada) de todas as válvulas de bloqueio
2. Não instalar uma válvula redutora em (stop) ligadas na instalação.
um local inacessível, o que tornaria Eliminar o condensado, óleo e sujeiras
difícil ou impossível a manutenção e que poderiam danificar a válvula redutora.
serviço. Quando colocar uma válvula redutora
3. Instalar indicadores locais de pressão em operação, é melhor abrir a válvula de
na entrada e saída da válvula, bloqueio a jusante e gradualmente abrir a
facilitando o ajuste e a verificação da válvula de bloqueio a montante, antes de
válvula redutora. ajustar a válvula redutora. Enquanto esta
4. Se a linha tiver sujeira em suspensão operação estiver sendo feita, observar o
no fluido, instalar um filtro antes da indicador de pressão da saída, evitando
redutora. pressão excessiva que poderia aquecer ou
5. Instalar uma válvula de segurança danificar o equipamento. Quando a
depois da válvula redutora de pressão ficar muito alta, ela pode ser
pressão. facilmente controlada com uma válvula de
bloqueio a montante.
Não resetar a válvula redutora
enquanto estiver enchendo o sistema da
tubulação. Quando um sistema de baixa
pressão está frio, é necessário um
razoável intervalo de tempo para
pressurizá-lo; durante este tempo a válvula
redutora estará totalmente aberta, até que
seja atingida a pressão desejada.

Fig. 8.36. Válvula reguladora de pressão com piloto

Há vários conceitos errados acerca, da


válvula redutora de pressão, nenhum
sendo mais grave que fazer o tamanho da
válvula igual ao diâmetro interno da
tubulação. Invariavelmente, o tamanho
correto da válvula redutora de pressão é
menor que a tubulação. Se este
procedimento não for adotado, a válvula
redutora será sempre superdimensionada
e haverá instabilidade em baixas vazões.
Para grandes variações de capacidade,
a operação de duas válvulas redutoras em
Apostilas\Instrumentação 25Valvula.doc 11 DEZ 98 (Substitui 25 ABR 97)

188
2.9
Especificação de Instrumentos
estreita é um atributo com um parâmetro
1. Informação do Produto mensurável, que é a largura da faixa de
passagem.
Os fabricantes de instrumentos As propriedades do instrumento são
geralmente possuem definições para as descritas com adjetivos e não com
especificações de seus produtos e como números. Os termos são vagos e
elas devem ser apresentadas. Muita coisa promocionais, como
está mudando nos anos 90, principalmente 1. qualidade superior,
por causa das exigências e da certificação 2. alta precisão,
das normas da série ISO 9000. 3. instalação simples.
A informação do produto é um termo 4. Cápsula possui pequeno volume
genérico para qualquer atributo usado para
descrever um produto e suas capacidades. 1.2. Especificação
É o termo mais geral usado para discutir a
propriedade de um produto. A especificação é uma descrição
A informação inclui os dados que são quantitativa das características requeridas
registrados, publicados, organizados, de um equipamento, máquina, instrumento,
relacionados ou interpretados dentro de estrutura, produto ou processo. Enquanto a
um sistema de referência de modo que propriedade diz que o instrumento tem alta
tenham significado. As informações de um precisão, a especificação diz que a
instrumento possui a seguinte hierarquia precisão é de ±0,1% do valor medido,
de termos: incluindo linearidade, repetitividade,
1. propriedades (features) reprodutibilidade e histerese.
2. especificações Em engenharia, as especificações são
3. características uma lista organizada de exigências básicas
para materiais de construção, composições
1.1. Propriedade (feature) de produto, dimensões ou condições de
teste ou um número de normas publicadas
Propriedade é um atributo do produto por organizações (como ASME, API, ISA,
oferecida como uma atração especial. As ISO, ASTM) e muitas companhias
propriedades descrevem ou melhoram a possuem suas próprias especificações. Em
utilidade do produto para o usuário. Uma inglês, é chamada abreviadamente de
propriedade não é necessariamente specs.
mensurável, mas ela pode ter um As especificações descrevem
parâmetro associado mensurável. formalmente o desempenho do produto.
Se uma propriedade com um parâmetro Uma especificação é um valor numérico ou
mensurável é de interesse do usuário, uma uma faixa de valores que limita o
especificação do produto descreve e desempenho de um parâmetro do produto.
quantifica esta propriedade. Por exemplo, A garantia do produto cobre o desempenho
uma interface I/O de um medidor é uma dos parâmetros descritos pelas
propriedade e não é mensurável, mas o especificações. Os produtos satisfazem
filtro de banda de passagem de resolução

189
Especificação de Instrumentos

todas as especificações quando Capacidade


despachado da fábrica. A capacidade do sistema depende do
Algumas especificações são somente número e tamanhos dos elementos,
válidas sobre um conjunto de condições estrutura do circuito, tamanho e estrutura
externas limitado ou restrito mas em tais do software.
casos a especificação inclui uma descrição
destas condições limitadas. As Operabilidade
especificações ambientais também Operabilidade é o grau em que um
definem as condições que um produto sistema é fornecido com meios para
pode ser submetido sem afetar observar e manipular a operação de um
permanentemente o seu desempenho ou processo. A operabilidade inclui também a
causar estrago físico. Estas condições habilidade de observar e manipular a
podem ser climáticas, eletromagnéticas operação de um sistema. A operabilidade
(como susceptibilidade eletromagnética), depende das ferramentas e procedimentos
mecânicas, elétricas ou precondições de para dar comandos e chamar e representar
operação, (como tempo para aquecimento, os dados do processo e a velocidade de
intervalo de calibração) resposta para executar comandos e
fornecer dados para um recipiente
1.3. Característica exigente. O termo velocidade de resposta
As características descrevem o está relacionado com a transmissão de
desempenho do produto que é útil na informação de
aplicação do produto mas não são 1. processo (medição) para processo
cobertas pela garantia do produto. Elas (atuador), como em uma malha de
descrevem o desempenho que é típico da controle
maioria de um dado produto, mas não está 2. um elemento do sistema para outro
sujeita ao mesmo rigor associado com as elemento do sistema
especificações. 3. elemento do processo ou sistema
para operador e vice-versa.
2. Propriedades do Instrumento Compatibilidade
As propriedades do sistema são A compatibilidade é a habilidade de um
agrupadas juntas nas seguintes categorias: equipamento poder ser usado em conjunto
1. Funcionalidade com outro. É também a habilidade de um
2. Estabilidade computador aceitar dados manipulados por
3. Precisão outro equipamento sem conversão de
4. Padronização dados ou modificação do código. De um
5. Operabilidade modo geral, é a habilidade de um novo
6. Segurança sistema servir a usuários de um sistema
7. Não relacionada com a função velho. Em computação, é a característica
de um computador ou sistema operacional
2.1. Funcionalidade que permite ele rodar programas escritos
para outro sistema. Por exemplo, os
Funcionalidade é a extensão na qual programas que rodam no Windows 3.1
um sistema é fornecido com uma estrutura rodam no Windows 3.11 e Windows 95 e
básica inerente de hardware e software os programas que rodam no Pentium®
com que estruturas funcionais especificas (novo) são compatíveis com o processador
possam ser formadas para controlar 80486 (velho).
processos.
A funcionalidade compreende: Padronização
1. capacidade A padronização é a redução dos
2. operabilidade instrumentos a um só tipo, unificado e
3. compatibilidade simplificado, segundo um consenso
4. flexibilidade preestabelecido e universal.
5. configurabilidade Em instrumentação, a padronização se
refere à mesma bitola e tipo de conexão

190
Especificação de Instrumentos

com processo, mesmo sinal de traz a alimentação (24 V cc). Os


transmissão de informação, mesmo nível conceitos de fonte de tensão, fonte de
de alimentação, mesmo tipo de montagem, corrente explicam facilmente esta
mesma dimensões físicas, mesmas possibilidade.
tomadas de encaixe. 4. existência de sinais em corrente e
A instrumentação pneumática apareceu tensão, contínua e alternados,
cerca de duas décadas antes da analógicos ou digitais.
eletrônica. Este maior tempo de aplicação, Mesmo com essas alternativas e
aliado à maior simplicidade e menor dificuldades, atualmente há uma tendência
obsolescência, certamente é o fator para se padronizar o sinal de transmissão
determinante da sua padronização em corrente no nível de 4 a 20 mA cc, a
universal. Essa padronização se refere a: tensão de alimentação é de 24 V cc, o
1. nível do sinal de informação e de sinal padrão para manipulação interna em
transmissão único: 20 a 100 kPa. Não 0-10 V cc, tensão de alimentação dos
há diferença significativa entre este sinal circuitos internos em +15 V cc, tensão de
e os equivalentes: 0,2 a 1,0kg/cm2 ou. 3 alimentação do sistema digital em +5 V cc.
a 15 psi Há apenas um pequeno detalhe
de calibração do mesmo instrumento. Flexibilidade
2. nível de alimentação único: 20 psi de ar A flexibilidade é a qualidade de um
comprimido, seco, limpo e filtrado. equipamento ser levemente alterado ou
Mesmo o consumo de ar, em SCF modificado para desempenhar sua função.
(standard cubic feet) é similar para Sistema flexível é aquele que pode ser
qualquer instrumento pneumático. facilmente alterado, como colocação,
3. número de conexões pneumáticas retirada ou alteração dos componentes.
requeridas, com designação única: Modularidade é a propriedade de montar
ENTRADA, SAÍDA, SUPRIMENTO. O uma flexibilidade funcionado em um
tamanho mais utilizado é rosca fêmea sistema pela montagem de unidades
1/2" NPT. discretas que podem ser facilmente
4. procedimentos de teste e calibração. ligadas, combinadas ou arranjadas com
5. técnicas de montagem e instalação, outras unidades. Um sistema com módulos
tanto no campo como no painel. independentes é mais flexível que aquele
Assim, a grande vantagem do sistema com as partes integralizadas em um único
de instrumentação pneumática é sua equipamento.
padronização, existindo apenas um sinal Flexibilidade resulta em liberdade de escolha e de
inteligente, de 3 a 15 psig. ligações de equipamentos. Um instrumento é
A instrumentação eletrônica ainda considerado flexível quando pode ser interligado a
atingiu esse grau de padronização, já uma grande variedade de outros instrumentos.,
alcançado pela pneumática, porém se mesmo de diferentes fabricantes ou de diferentes
percebe uma tendência para a nacionalidades. Um sistema é considerado flexível
padronização. As dificuldades da obtenção quando as interligações podem ser modificadas,
desta padronização são devidas aos quando os componentes podem ser facilmente
seguintes fatores: retirados ou acrescentados.
1. disponibilidade de duas configurações Paradoxalmente, a flexibilidade é
completamente distintas: à base de conseguida pela padronização. A
corrente e à base de tensão. padronização na fabricação e fornecimento
2. possibilidade de se usar fonte de de instrumentos possibilita uma grande
alimentação regulada ou não comum a flexibilidade na sua seleção e nas suas
todo o sistema ou individual a cada ligações com outros, pelo usuário final. Por
instrumento. exemplo, os instrumentos pneumáticos,
3. possibilidade de transmissão com dois por serem muito padronizados, podem ser
ou quatro fios. Atualmente, a maioria interligados sem nenhuma restrição,
dos transmissores eletrônicos usa o mesmo sendo de origem diferentes, pois
sistema de apenas dois condutores. O todos os sinais de saída e de entrada são
mesmo condutor que leva o sinal de iguais. Os únicos níveis de sinais são: 20 a
informação (4 a 20 mA cc) para o painel 100 kPa para a informação, transmissão e

191
Especificação de Instrumentos

controle e 140 kPa para a alimentação. hardware entre si para executar uma
Assim, um transmissor pneumático do determinação função do circuito.
fabricante F1 pode ser ligado à entrada do
controlador do fabricante F2, cuja saída vai Intercambiabilidade
para a válvula do fabricante F3. É a habilidade de substituir
componentes, peças ou equipamentos de
um fabricante por outros sem perder a
função ou a adequação ao uso, sem
necessidade de reconfiguração. Por
exemplo, dois transmissores pneumáticos
de mesma variável de processo, calibrados
na mesma faixa, são intercambiáveis entre
si, mesmo que sejam de fabricantes
diferentes. Um transmissor digital
inteligente da Rosemount, com protocolo
de comunicação HART não é
intercambiável com um transmissor
inteligente que não suporte este protocolo.
Também se entende efeito da
intercambiabilidade como a variação na
função do instrumento que aparece
quando se troca o sensor do instrumento.
Fig. 1.4.1. Instrumento configurável Por exemplo, seja tolerância de um sensor
(MTL) é de ±1 oC em alguma temperatura,
espera-se uma variação de 0 a 2 oC
quando o sensor for substituído por outro
Configurabilidade tendo a mesma tolerância.
A configurabilidade do sistema é a
qualidade de se alterar o arranjo dos seus Interoperabilidade
componentes, pela adição ou retirada de Interoperabilidade é a habilidade de
equipamentos auxiliares. Instrumento substituir componentes, peças ou
configurável é aquele cuja função é equipamentos de um fabricante por outros
determinada pela configuração ou sem perder a função ou a adequação ao
programação, que pode ser física uso, com necessidade de reconfiguração.
(hardware) ou lógica (software). A Por exemplo, dois transmissores
configuração lógica pode também ser inteligentes de fabricantes diferentes, mas
chamada de programação. ambos com protocolo HART são
A configuração física é feita através de interoperáveis, pois podem ser substituídos
mudanças de fiação (hardwire) entre entre si, porém, há necessidade de
instrumentos entre si, entre instrumentos e pequenos ajustes na reconfiguração.
equipamentos de entrada e saída, ou
alteração de posição de jumpers e chaves Seletividade
thumbwheel no circuito do instrumento ou Seletividade é a habilidade de um
em sua parte frontal. A configuração lógica medidor responder somente às alterações
ou por programação é feita através de da variável que ele mede e ser imune às
computadores pessoais ou de terminais outras alterações e influências.
dedicados proprietários portáteis (hand Uma medição pode ser alterada por
held) ou de mesa. Os transmissores modificação ou por influência.
inteligentes podem ser configurados Os erros sistemáticos de influência ou
através de terminais portáteis ou interferência são causados pelos efeitos
microcomputadores e os controladores externos ao instrumento, tais como as
lógicos programáveis através de terminais variações ambientais de temperatura,
de mesa ou microcomputadores. pressão barométrica e umidade. Os erros
Para um sistema de computador, de influência são reversíveis e podem ser
configurar é relacionar os elementos do

192
Especificação de Instrumentos

de natureza mecânica, elétrica, física e


química.
Os erros mecânicos são devidos à
posição, inclinação, vibração, choque e
ação da gravidade.
Os erros elétricos são devidos às
variações da voltagem e freqüência da
alimentação. As medições elétricas sofrem
influência dos ruídos e do acoplamento
eletromagnético de campos.
Também o instrumento pneumático
pode apresentar erros quando a pressão
do ar de alimentação fica fora dos limites Fig. 1.4.2. Sinal e ruído
especificados. Sujeiras, umidade e óleo no
ar de alimentação também podem
provocar erros nos instrumentos A diferença entre o erro de interferência
pneumáticos. e o de modificação, é que a interferência
Os efeitos físicos são notados pela ocorre no instrumento de medição e o de
dilatação térmica e da alteração das modificação ocorre na variável sendo
propriedades do material. Os efeitos medida.
químicos influem na alteração da O erro sistemático de modificação é
composição química, potencial devido à influência de parâmetros externos
eletroquímico, no pH. que estão associados a variável sob
O sistema de medição também pode medição. Por exemplo, a pressão exercida
introduzir erro na medição, por causa do por uma coluna de liquido em um tanque
modelo, da configuração e da absorção da depende da altura, da densidade do liquido
potência. Por exemplo, na medição da e da aceleração da gravidade. Quando se
temperatura de um gás de exaustão de mede o nível do liquido no tanque através
uma máquina, da medição da pressão diferencial, o erro
1. a temperatura do gás pode ser não devido a variação da densidade do liquido
uniforme, produzindo erro por causa da é um erro de modificação. Outro exemplo,
posição do sensor, é na medição de temperatura através de
2. a introdução do sensor, mesmo termopar. A militensão gerada pelo
pequeno, pode alterar o perfil da termopar depende da diferença de
velocidade da vazão, temperatura da medição e da junta de
3. o sensor pode absorver (RTD) ou emitir referência. As variações na temperatura da
(termopar) potência, alterando a junta de referência provocam erros na
temperatura do gás. medição. Finalmente, a medição da vazão
Os efeitos da influência podem ser de volumétrica de gases é modificada pela
curta duração, observáveis durante uma pressão estática e temperatura.
medição ou são demorados, sendo O modo de eliminar os erros de
observados durante todo o conjunto das modificação é fazer a compensação da
medições. medição. Compensar uma medição é
Os erros de influência podem ser medir continuamente a variável que
eliminados ou diminuídos pela colocação provoca modificação na variável medida e
de ar condicionado no ambiente, pela eliminar seu efeito, através de computação
selagem de componentes críticos, pelo uso matemática. No exemplo da medição de
de reguladores de alimentação, pelo uso nível com pressão diferencial, mede-se
de blindagens elétricas e aterramento dos também a densidade variável do liquido e
circuitos. divide-se este sinal pelo sinal
correspondente ao da pressão diferencial.
Na medição de temperatura por termopar,
a temperatura da junta de referência é
continuamente medida e o sinal
correspondente é somado ao sinal da junta

193
Especificação de Instrumentos

de medição. Na medição de vazão 2.3. Integridade


compensada de gases, medem-se a
vazão, pressão e temperatura. Os sinais Conceitos
são computados de modo que as
Integridade é a propriedade de um
modificações da vazão volumétrica
instrumento se manter inteiro, individido,
provocadas pela pressão e temperatura
completo, resistente e firme no seu
são canceladas.
funcionamento. A integridade do
instrumento é ameaçada pelo ambiente
2.2. Estabilidade
onde o instrumento está montado e por
Há vários modos diferentes de isso ela é garantida através da
conceituar estabilidade, tais como especificação correta da classificação
1. Tendência de um sistema se manter mecânica do seu invólucro, de
operando, de modo previsível, preciso, conformidade com normas existentes.
exato e seguro. Em computação de dados, é a
2. Extensão na qual um sistema pode ser propriedade dos dados que podem ser
confiável de desempenhar as funções recuperados no caso de sua destruição
que lhe foram atribuídas, de modo através de falha do meio de registro, falta
exclusivo e correto. de cuidado do usuário, defeito do
3. Probabilidade que um componente, programa ou outro acidente.
equipamento ou sistema desempenhe A integridade se relaciona com a
satisfatoriamente sua função planejada, garantia de funcionamento especificado do
sob dadas circunstâncias, tais como as sistema. O sistema que não perde sua
condições ambientais, valor da integridade é confiável. A ausência de
alimentação e através da manutenção distúrbio e falha crítica é um aspecto da
para um período de tempo especificado. confiabilidade. O distúrbio atrapalha o
Atualmente se usa o termo funcionamento da malha, porém sem
dependabilidade (dependability) como interromper completamente a operação do
sinônimo de estabilidade. sistema. A falha crítica causa o
Alguns parâmetros da estabilidade desligamento do sistema ou a perda de
podem ser quantificados por taxa de controle da malha. Como exemplos: a
desvio (drift rate), por períodos de flutuação da tensão ou da freqüência da
funcionamento, períodos de defeitos, alimentação do sistema, dentro de uma
duração de reparo. Como se vê, a determinada faixa, pode provocar leitura ou
estabilidade está diretamente ligada com o controle pouco precisos, porém, o sistema
tempo e indiretamente com outros fatores contínua com a medição e com o controle.
externos, como temperatura e pressão O desligamento total da tensão de
ambientes, vibração, alimentação. alimentação do sistema eletrônico que
Na falta de estabilidade, o desempenho do interrompe toda medição e todo controle é
instrumento se degrada. Alguns dos aspectos da uma falha crítica. Pode haver falha crítica
estabilidade são probabilísticos e outros são indireta: o desligamento da alimentação do
determinísticos, por natureza. A estabilidade pode é compressor de ar comprimido do sistema
muito aumentada pela adição da redundância ao pneumático pode, depois de um
sistema. determinado tempo, causar o desligamento
Pelas definições de estabilidade, dos instrumentos pneumáticos. Sem
devem ser incluídos os seguintes energia elétrica não há ar comprimido, não
parâmetros: há alimentação pneumática, não há
1. integridade medição e controle da instrumentação
2. disponibilidade pneumática.
3. confiabilidade
4. robustez Classificação Mecânica
5. calibração A operação de um instrumento pode
6. mantenabilidade ser afetada pela temperatura ambiente,
7. segurança (safety e security) umidade, interferência eletrônica, vibração
mecânica e atmosfera circundante.

194
Especificação de Instrumentos

Tipicamente, os instrumentos de medição


e controle de processo podem estar
montados ou na sala de controle ou na
área industrial.
A sala de controle é um local fechado,
onde a temperatura e umidade são
geralmente controladas através de ar
condicionado. O instrumento de campo
pode estar totalmente desprotegido ou ter
uma proteção rudimentar adicional contra o
sol, a chuva ou o vento. De qualquer
modo, quando usado no ar livre, a caixa do
instrumento fica exposta aos efeitos da luz
ultravioleta, da chuva, da umidade, do Fig. 1.4.3. Instrumento para uso
orvalho, das poeiras, dos respingos dos externo
líquidos de processo e das sujeiras
contaminantes que circulam no ar. Eles
estão ainda submetidos a grande e rápidas Existem basicamente duas normas
variações de temperatura durante o dia, para a classificação mecânica dos
podendo haver um gradiente de invólucros dos instrumentos: IEC e NEMA.
temperatura entre o sol e a sombra do
instrumento exposto. Por esses motivos,
os invólucros dos instrumentos devem ser
de alta qualidade, cuidadosamente
testados e precisamente classificados de
acordo com normas concernentes, de
modo que possam prover proteção contra
ambientes potencialmente adversos. Os
invólucros dos instrumento, mesmo
montados em ambientes nocivos, devem Fig. 1.4.4. Instrumento para uso interno
protege-los, de modo que durem o máximo
e que o ambiente não interfira na sua
operação. .

195
Especificação de Instrumentos

Tab. 5.1. Proteção do equipamento contra ingresso de corpos sólidos e líquidos, IEC IP

PRIMEIRO DÍGITO SEGUNDO DÍGITO


1o Teste Grau de Proteção 2o Teste Grau de Proteção
0 Sem proteção de pessoas contra 0 Sem proteção
contato com peças vivas ou móveis
dentro do invólucro.
Nenhuma proteção do equipamento
contra ingresso de corpos sólidos
estranhos
1 Proteção contra contato acidental ou 1 Proteção contra gotas de água
involuntário com pecas móveis ou condensada.
vivas dentro do invólucro por uma Gotas de água condensada caindo
grande superfície do corpo humano, no invólucro não tem nenhum efeito
p. ex., uma mão mas sem proteção nocivo
contra acesso deliberado de tais
partes.
Proteção contra ingresso de corpos
sólidos estranhos de tamanho
grande
2 Proteção contra contato com pecas 2 Proteção contra gotas de líquido.
móveis ou vivas dentro do invólucro Gotas de líquido caindo no invólucro
pelos dedos. não tem nenhum efeito nocivo,
Proteção contra ingresso de corpos quando o invólucro está deslocado
sólidos estranhos de tamanho médio de um ângulo de até 15o da vertical
3 Proteção contra contato com pecas 3 Proteção contra chuva.
móveis ou vivas dentro do invólucro A água caindo da chuva em um
por ferramentas, fios ou outros ângulo igual ou menor que 60o com
objetos de espessura maior que 2,5 relação à vertical não terá nenhum
mm efeito nocivo.
Proteção contra ingresso de corpos
sólidos estranhos de tamanho
pequeno
4 Proteção contra contato com pecas 4 Proteção contra borrifo.
móveis ou vivas dentro do invólucro A liquido borrifado de qualquer
por ferramentas, fios ou outros direção não terá nenhum efeito
objetos de espessura maior que 1 nocivo.
mm
Proteção contra ingresso de corpos
sólidos estranhos de tamanho
pequeno
5 Proteção completa contra contato 5 Proteção contra jatos d'água.
com pecas móveis ou vivas dentro A água projetada por um bocal de
do invólucro. Proteção contra qualquer direção sob condições
depósitos nocivos de pó. O ingresso determinadas não terá nenhum efeito
de pó não é totalmente evitado, mas nocivo.
o pó não pode entrar em quantidade
suficiente para interferir com a
operação satisfatória do
equipamento envolvido.
6 Proteção completa contra contato 6 Proteção contra condições de deck
com pecas móveis ou vivas dentro de navio (equipamento vedado a
do invólucro. Proteção contra água). A água de mar profundo não
ingresso de pó. entra no invólucro sob condições
determinadas
7 Proteção contra imersão em água.
Não deve ser possível a entrada de
água no invólucro sob condições
determinadas de pressão e tempo.

8 Proteção contra imersão indefinida


em água, sob condições
determinadas de pressão. Não deve
ser possível a entrada d'água no
invólucro.

196
Especificação de Instrumentos

características adicionais de proteção,


Norma NBR-IEC estabelecidas entre o fabricante e usuário.
No Brasil, o órgão credenciado pelo Por exemplo, um instrumento que a
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia prova de pó e a prova de jato fraco d'água
e Qualidade Industrial) para emitir a tem a designação de IEC IP 55. A
maioria das normas técnicas é a ABNT colocação de respiradouro para dreno
(Associação Brasileira de Normas pode alterar a classificação mecânica do
Técnicas), empresa não governamental invólucro, por exemplo, de IEC IP 65 para
sem fins lucrativos. A maioria das normas IEC IP 55.
elétricas brasileiras se baseia nas normas É possível haver uma codificação com
do IEC (International Electrotechnical a omissão de um dos dois dígitos
Comission). (substituído por X). Por exemplo, IEC IP X5
A norma válida que fixa as condições significa que o instrumento é protegido
exigíveis aos graus de proteção dos apenas de jato d'água. Outro exemplo, IEC
invólucros de equipamentos elétricos de IP 5X é uma proteção apenas contra pó.
baixa voltagem é a NBR 6146, DEZ 90 -
Invólucros de equipamentos elétricos - Norma NEMA
Proteção: Especificação, baseada na A norma NEMA (National Electrical
norma IEC 529/76. Ela substitui e cancela Manufacturers Association) fornece outro
as NBR 5374, 5408 e 5423/77. Estas método de classificação do invólucro do
normas fornecem os métodos de classificar instrumento para indicar os vários
os instrumentos com relação aos ambientes para os quais o instrumento é
ambientes em que eles podem ser usados adequado. A norma cobre os detalhes de
e os procedimentos de teste para verificar construção e os procedimentos de teste
se tal classificação é conveniente. para verificação se o instrumento está
Os tipos de proteção cobertos pela conveniente com a classificação recebida.
norma são os seguintes: Todas as designações NEMA requerem
1. contra o contato ou aproximação de invólucros resistentes à ferrugem.
pessoas às partes vivas, contra o Basicamente, há dois locais de uso: interno
contato às partes moveis no interior ou externo. Os dígitos que designam a
do invólucro e contra a penetração classe NEMA variam de 1 a 13.
de corpos sólidos estranhos ao Há três termos básicos NEMA:
equipamento e 1. prova de - significa que o ambiente
2. contra a penetração prejudicial de não atrapalha o funcionamento ou
água no interior do invólucro onde operação do instrumento. Por
está o equipamento exemplo, instrumento à prova de
A norma não trata dos graus de tempo funciona normalmente
proteção contra danos mecânicos, risco de mesmo quando submetido aos
explosão ou condições como umidade, rigores do tempo: vento, umidade,
vapores corrosivos, fungos, vermes ou orvalho. Ele não é necessariamente
animais daninhos. vedado ao tempo, porém, se
A designação da norma começa com garante que, mesmo que o
as letras IP (Ingress Protection - proteção ambiente entre no seu interior, ele
de ingresso) e inclui um sufixo com dois continua funcionando normalmente.
números. Opcionalmente, tem-se as letras 2. resistente a - significa que o
suplementar: S, M ou W, que significam: instrumento não se danifica quando
S teste com equipamento em repouso, na presença do determinado
M teste com equipamento em ambiente. O equipamento resistente
operação mecânica a é mais frágil que o a prova de. O
(A ausência das letras S e M significa equipamento resistente a
que o grau de proteção vale para todas as geralmente possui uma restrição,
condições normais de serviço). por exemplo, de pressão máxima.
A letra W após as letras IP significa que Por exemplo, um relógio resistente
o equipamento é apropriado para uso em a água para 100 metros significa
condições de tempo especificadas e possui que funciona quando usado dentro

5.197
Especificação de Instrumentos

d'água, sem se danificar, mas até classificada não garante que o instrumento
uma profundidade de 100 metros. possa ser montado em áreas externa.
Além deste limite, ele pode se
danificar e deixa de funcionar.
3. vedado a - significa que o
instrumento é hermeticamente
selado para aquele determinado
ambiente. Por exemplo, instrumento
vedado a pó evita a entrada de pó
no seu interior.
NEMA 1 NEMA 4 NEMA 7
Tab.5.2. Resumo da denominação NEMA
NEMA 1 uso geral Fig. 1.4.5. Invólucros com classe NEMA
NEMA 2 a prova de respingos
NEMA 3 a prova de tempo
NEMA 4 vedado a jatos d'água 2.4. Robustez
NEMA 5 vedado a poeira
NEMA 6 uso imerso
A robustez é a característica de um
NEMA 7 a prova de explosão, Classe I equipamento funcionar conforme
NEMA 8 prova de explosão, contato em óleo esperado, mesmo quando submetido a
NEMA 9 a prova de explosão, Classe II condições adversas, pois ele é imune às
NEMA 10 a prova de explosão, minas agressões do meio onde ele está colocado.
NEMA 11 resistente a ácidos Instrumento robusto é aquele que funciona
NEMA 12 resistente a choque mecânico leve conforme previsto em ambiente hostil. A
NEMA 13 a prova de poeira, não vedado. robustez de um instrumento é garantida
por sua classificação mecânica de
Tab.5.3. Conversão de Números NEMA para IEC invólucro.
NEMA IEC Controle robusto é aquele insensível à
1 IP 10
incerteza do modelo e ao comportamento
2 IP 11
dinâmico do processo. Programa robusto é
3 IP 54
aquele que funciona bem mesmo sob
3R IP 14
condições anormais.
3S IP 54
4 e 4X IP 56
5 IP 52
6 e 6P IP 67
12 e 12K IP 52
13 IP 54
Observação: não pode ser usado para
converter classificação IEC em NEMA.

Embora o NEC tenha algumas


classificações de invólucro que incluem a
classificação elétrica, a classificação
mecânica não pode ser confundida com a
classificação elétrica. Elas são
independentes. Por exemplo, o uso do
instrumento em local externo nem sempre
é necessário para um local de Zona 1.
Assim como a classificação mecânica de
uso externo não assegura que o
instrumento possa ser montado em local
perigoso, a classificação para uso em área

5.198
Especificação de Instrumentos

2.5. Confiabilidade custo inicial e um menor custo de


manutenção. O modo correto de usar
Conceitos qualquer instrumento deve ser aprendido.
Por isso, o pessoal de manutenção prefere
Confiabilidade é a habilidade ou
usar uma mesma marca de instrumento.
probabilidade de um instrumento se manter
Marca que seja desconhecida geralmente
em operação, em um nível especificado de
é menos confiável, durante um
desempenho, sob condições ambientais
determinado período de tempo.
determinadas, durante um determinado
Quando algo funciona bem para a
período de tempo e com um mínimo de
gente antes, é apenas natural dar
atenção.
preferência para ele quando se tem ocorre
A confiabilidade de um instrumento ou
a mesma aplicação. Mudar para um
de uma malha de instrumentos é a
sistema ou método novo requer boa
consistência com que ele mede ou controla
justificativa.
quando se supõe que hajam condições
O desempenho passado conhecido não
adequadas e de acordo com seu programa
está necessariamente limitado à própria
e ajuste. A confiabilidade de um
experiência em casa. Também inclui a
instrumento depende do cuidado com que
experiência de outros que tenham tido de
ele é instalado. Para um instrumento ser
eliminar problemas similares em
bem sucedido na sua operação, ele deve
aplicações iguais à sua própria planta e
ser bem selecionado, montado no lugar
que tenha aprendido a duras penas com a
apropriado e ser usado corretamente. As
instrumentação ou sistema que esteja
condições típicas que precisam ser
sendo considerado. O que se deveria fazer
consideradas incluem:
para conseguir os resultados esperados
1. variações na tensão de alimentação e
quando se decidiu comprar isto?
tamanho dos transientes de voltagem;
A Fig. 1.4.6. mostra um padrão de
2. com alimentação de corrente alternada,
aceitação que ocorre muito
as variações na freqüência e conteúdo
freqüentemente em plantas, especialmente
harmônico;
na operação. A escala horizontal é o tempo
3. o nível de energia de rádio freqüência
e a vertical mostra os diferentes níveis de
indesejável radiada pelo equipamento
aceitação para novos equipamentos em
não deve causar interferência nas
operação. Quando o pessoal de operação
comunicações de rádio;
primeiro escuta as novidades, usualmente
4. o equipamento deve ser capaz de
do projeto, que se está adquirindo um
tolerar alguma radiação de rádio
equipamento novo que nunca foi usado na
freqüência se é previsto seu uso
planta antes, a reação à idéia
próximo de fontes de alta potência de
provavelmente fica entre a dúvida e a
rádio ou radar;
indiferença. Esta atitude prevalece até a
5. valores máximo e mínimo da
época da partida, quando o operador se
temperatura ambiente;
familiariza com o novo equipamento e os
6. valores máximo e mínimo da umidade;
problemas usuais são eliminados, justo
7. níveis de vibração e choque mecânico;
acerca de tudo que pode dar errado
8. condições externas, como exposição a
acontece. Há uma queda no nível de
pó, areia, chuva, radiação solar,
aceitação.
respingo de água salgada ou outros
Este descontentamento continua,
líquidos
enquanto durarem os problemas de
9. variações de carga, quando aplicável.
produção com o novo equipamento, até
Confiabilidade e aceitação que numa reunião, o gerente da planta
declara: algo tem que ser feito! Neste
A confiabilidade é importante por que
ponto, reclama-se do fabricante dos
um instrumento que necessita de
instrumentos e um especialista que
manutenção ou calibração freqüentes para
realmente entende do equipamento, vem,
se manter em funcionamento preciso e
corrige os problemas e fornece as
exato, se torna mais caro do que um
respostas que os manuais de instrução
instrumento melhor que tem um maior
não dão ou que os manuais fornecem mas

5.199
Especificação de Instrumentos

que nunca foram lidos e o novo equipamentos, interrompendo totalmente o


equipamento começa a operar exatamente processo. Quando é inevitável a perda do
como era o esperado. controle, deve se interromper o processo,
O nível de aceitação se eleva às alturas evitando-se a perda inútil de material fora
e permanece lá por muito tempo. da especificação, protegendo-se o pessoal
Eventualmente, porém, o processo natural e o equipamento da operação.
de desgaste ocorre e aparecem alguns
pequenos problemas que requerem
manutenção. Estes problemas são Sob o aspecto da confiabilidade, o
facilmente corrigidos de modo que a sistema que requer o uso freqüente do
aceitação do novo equipamento controle manual pelo operador é pouco
permanece em nível satisfatório. confiável.
Um outro aspecto da confiabilidade do
controle de processo se refere a ausência
de falhas dos instrumentos.
Como regra, a confiabilidade do
instrumento mecânico e pneumático é total
quando o equipamento é novo e decresce
com a idade. O instrumento pneumático
requer manutenção periódica e
ciclicamente ha picos de falta de
confiabilidade. A manutenção preventiva
pode evitar essas crises de confiabilidade.
Confiabilidade e tipo de instrumentos
Os instrumentos eletrônicos possuem
Fig. 1.4.6. Curva de aceitação de novos um comportamento diferente. A
instrumentos instrumentação eletrônica pode operar,
sem problemas, durante vários anos,
desde que esteja instalada corretamente,
Por isso, quando se pergunta a alguém alimentada por tensão regulada e operada
acerca de sua opinião sobre o adequadamente. Como o instrumento
desempenho de um novo equipamento, é eletrônico possui raras peças moveis, pois
importante saber em que época ou ponto mesmo as chaves liga-desliga podem ser
da curva que se está, pois a resposta estáticas, a sua confiabilidade independe
depende deste ponto. da idade. O componente menos confiável
Confiabilidade e falhas do sistema eletrônico é o contato. O
capacitor eletrônico é um componente que
Mesmo as falhas críticas podem ser pode apresentar problema, porém só é
evitadas ou se pode eliminar os efeitos usado na fonte de alimentação.
nocivos provocados por elas. Nos Como segunda regra, ou como
exemplos anteriores, a colocação de uma continuação da regra do instrumento
alimentação elétrica alternativa através de pneumático, tem-se: o instrumento
década de bateria pode suprir a energia ao eletrônico pode apresentar problema assim
sistema de instrumentação eletrônica que é ligado e nas primeiras horas de
durante um tempo limitado e determinado funcionamento. Depois que o instrumento
pela capacidade da bateria. No caso do entra em regime permanente, dificilmente
sistema pneumático, o uso de compressor apresentará defeito, com o uso e a
reserva ou de cilindro de pressão aumenta aplicação correta.
a integridade, portanto a confiabilidade do Em eletrônica, se define como drift o
sistema. afastamento gradual das características de
Ao lado da preocupação de tornar o um componente ou de um equipamento
funcionamento do sistema mais confiável, das especificadas originalmente.
há a colocação de dispositivos de alarme e Atualmente, os componentes eletrônicos
de intertravamento, que podem desligar os para uso industrial são submetidos a

5.200
Especificação de Instrumentos

tratamento especial para minimizar os seus Quantificação da confiabilidade


desvios, como o burn in. Este tratamento A confiabilidade pode ser quantificada
consiste em submeter o componente e o com números relacionados com os tempos
instrumento inteiro a temperaturas envolvidos. Tem-se:
artificialmente elevadas, durante longo 1. MTBF, que significa Mean Time
tempo (p. ex., 72 horas) de modo que eles Between Fails (Tempo Médio Entre
ficam envelhecidos precocemente e não se Falhas). O MTBF de um dado tipo
alteram com a idade e com as condições de instrumento ou sistema é
ambientais. determinado por teste, experiência
ou ambos. Um grande MTBF é bom
Confiabilidade e condições ambientais
e depende de o fabricante do
A maioria dos problemas de instrumento usar materiais de alta
funcionamento dos instrumentos é qualidade, projeto correto e cuidado
causada pelas variações das condições de na fabricação e de o usuário aplicar
contorno e do ambiente, tais como a o instrumento para o tipo de serviço
temperatura, a umidade, a pressão, a para o qual ele foi fabricado e fazer
poeira, a atmosfera corrosiva, a maresia, o a manutenção de rotina
vento, a vibração e os choques mecânicos. recomendada.
Quando as especificações recomendadas 2. MTTR, que significa Mean Time To
pelo fabricante são excedidas pelas Repair (Tempo Médio Para
condições reais da operação, certamente Reparar). O MTTR é determinado
aparecerão falhas no instrumento. No pela experiência. Um pequeno
aspecto de ter o desempenho modificado MTTR é bom e depende de o
pelas condições ambientais, o instrumento fabricante projetar um instrumento
pneumático é menos sensível que o de fácil manutenção e de o usuário
eletrônico. O instrumento eletrônico teme a ter estocado ou conseguir
alta temperatura e deixam de funcionar rapidamente peças de reposição e
quando submetidos a temperaturas acima ter uma equipe de manutenção bem
de 90 oC, por causa de seus circuitos que treinada e capacitada com facilidade
incorporam semicondutores. É de acesso ao equipamento que
recomendável o uso de ar condicionado, precisa ser reparado.
onde a temperatura e a umidade são 3. MTFF (Mean Time First Fail - Tempo
controladas dentro de níveis satisfatórios Médio Primeira Falha). Quando o
nas salas de controle com instrumentação instrumento é descartável, pois não
eletrônica. É mandatório o uso de ar pode ser reparado, a confiabilidade
condicionado no ambiente com é dada pelo tempo para haver a
computadores digitais. primeira falha. Depois desta falha o
Temperaturas muito baixas instrumento é jogado fora e
(criogênicas), também podem causar substituído por outro.
problemas aos circuitos eletrônicos, pela
redução do ganho dos circuitos
semicondutores e pelo fenômeno da
supercondutividade. Por isso, a não ser
que o sistema eletrônica tenho sido
projetado e previsto para estas condições
especiais, o seu uso deve ser evitado.
Quando há vibrações, os instrumentos
mecânicos são mais afetados, por
possuírem peças moveis. As vibrações
podem causar problemas de contato ou de
ruptura dos condutores em equipamentos
eletrônicos.

5.201
Especificação de Instrumentos

Número de componentes da malha


LSH LT
A confiabilidade é melhorada pela 66 66
redução de número de elos na corrente de
instrumentos. Quanto menos instrumentos
LIC
tiver a malha, mais confiável ela é, pois 66
cada instrumento individual tem algum Tanque
Trip da
risco de falha e contribui para o risco da bomba
falha da malha.
A precisão da malha de instrumentos
também depende da quantidade de
instrumentos componentes. Quanto mais Bomba (a) Menos
instrumentos tiver a malha, maior é o erro
total resultante, qualquer que seja o
algoritmo de cálculo. O melhor projeto de LSH
malha de instrumentos é aquele que usa o 67
mínimo número de instrumentos para
executar a tarefa requerida. Seja o mais LC LT
67 67
simples possível (em inglês: KISS: Keep it Tanque
simple, stupid!)
Trip da
Confiabilidade e redundância bomba

Deve-se ter redundância quando a


falha da instrumentação na planta resulta Bomba (b) Mais
em um risco inaceitável de perigo físico ou
perda momentânea. Redundância significa
fornecer um segundo elemento alternativo
para executar uma função, quando o Fig. 1.4.7 Evitando transbordamento do tanque
primeiro falha. A redundância pode ser
aplicada a qualquer tipo de equipamento:
sensor, controlador, computador, fonte de Outro modo de aumentar a
alimentação, trocador de calor, sistema confiabilidade da planta é pela diversidade.
completo, tubulação, cabos de Diversidade é quando se tem dois canais
comunicação. fazendo a mesma coisa, mas de modos
Para uma redundância ser totalmente diferentes. É improvável que os diferentes
efetiva, cada canal deve operar totalmente canais sofram o mesmo tipo de falha. Por
independente do outro. Isto significa que exemplo, a medição redundante de nível
nenhuma simples má operação, como através de deslocador e de dispositivo a
abertura ou fechamento incorreto de uma pressão diferencial: os dois sistemas são
chave e nenhuma simples falha, como a construídos diferentemente e tem
falha de uma fonte de alimentação, possa princípios de funcionamento fisicamente
derrubar os dois canais. Quando dois diferentes.
controladores são alimentados por uma Um bom princípio de projeto para
única linha elétrica, eles não são seguir em todas as plantas é separar a
totalmente independentes pois a falta de função normal de controle da função de
energia desliga os dois controladores. segurança. Separar significa ter diferentes
A falha de uma fonte de alimentação sensores e transmissores. A Fig.4.7(a)
comum é um exemplo de falha de modo mostra como devem ser o sistema de
comum. A falha de modo comum pode controle e segurança de nível de um
também ser causada pela queda de um tanque. O controle é conseguido através
único objeto em cima de dois controladores de um transmissor de nível, controlador e
redundantes, que desliga os dois canais. válvula de controle. A segurança é
Para evitar este tipo de falha, os dois conseguida através de uma chave de nível,
canais devem ser separados um do outro. que desliga o motor da bomba que enche o
tanque. O controlador regula normalmente
o nível do tanque e normalmente o tanque

5.202
Especificação de Instrumentos

não derrama. No caso de haver alto nível Há sistema que mede disparidades
por causa de um grande distúrbio, a chave entre dois ou mais instrumentos de
de nível alto desliga a bomba e a vazão de processo que deveriam dar a mesma
entrada do tanque fica zero, evitando que o indicação. Se a disparidade se torna
nível do fique excessivamente alto. O excessiva, é atuado um alarme de
tanque não derrama. disparidade, mesmo que não se detecte
Todas as partes de um esquema nenhuma falha no processo.
provavelmente operam como o esperado. Medições para aumentar a
Porém, o esquema da Fig. 1.4.7 (a) tem confiabilidade podem ser aplicadas a
uma fraqueza que pode potencialmente qualquer sistema de processo com grande
causar falha: tanto o controlador como a perigo potencial, embora elas sejam mais
chave de nível dependem de um único usadas na indústria de energia nuclear.
transmissor e por isso ambos estão Há um movimento no mundo da
sujeitos a uma falha de modo comum. eletrônica, incluindo instrumentos, no
Na Fig. 1.4.7(b) tem-se um sistema desenvolvimento de equipamento tolerante
mais confiável para evitar que o tanque a falha, que possui componentes ou
derrame. Quase tudo é a mesma coisa, circuitos internos redundantes. O efeito é
exceto que agora a chave de nível sente o possibilitar o instrumento ou sistema
nível diretamente e independente do envolvido continuar funcionando
controlador. Agora, se a malha de controle corretamente mesmo se alguma peça do
falhar, a chave não é afetada. Quando a instrumento ou sistema falhar. Esta técnica
chave falhar, a malha de controle não é é usada extensivamente em alguns
afetada. sistemas de controle distribuído e controle
Um bom exemplo de redundância é o lógico programado.
homem que usa cinto e suspensório para Para sistemas de processo
seguras suas calças. Se o cinto falha, o importantes, pode-se fazer uma análise de
suspensório segura; se o suspensório falha. Análise de falha é um estudo
falha, o cinto segura. Tem-se um sistema detalhado do que pode acontecer ao
de segurança com redundância, processo se as várias partes do sistema de
diversidade e separação. equipamento e instrumento do processo
Em sistemas de medição críticos, como falhar. O estudo pode revelar uma
na indústria nuclear, os sensores são necessidade de equipamento reserva
redundantes. Tem-se três sensores (backup), uma mudança na ação de falha-
separados e um sistema de votação. O segura ou outras mudanças ou pode
sistema de alarme é inicializado pelo simplesmente confirmar a adequação do
sistema de votação um-dos-três e o sistema existente.
desligamento é feito pelo sistema dois-dos-
três. Se qualquer um dos três sensores é 2.6. Disponibilidade
alto, o sistema de alarme toca para chamar
Disponibilidade é o tempo disponível do
a atenção do operador, que pode
instrumento em operação normal. É o
investigar e julgar qual ação deve ter
tempo em que o instrumento está ligado,
tomada. Quando dois canais estirem altos,
não está sob manutenção e é sabido ou
então o sistema é desligado
acreditado que está operando
automaticamente. A idéia deste sistema é
corretamente. Relação de disponibilidade é
que um único sinal alto pode ser aberração
relação da quantidade de tempo que um
e falso e não deve ser considerado para se
sistema está realmente disponível para uso
desligar o processo. Mas se a leitura alta é
para a quantidade de tempo que é suposto
confirmada por uma segunda leitura, então
que ele esteja. Disponibilidade de dados,
ambas as leituras altas são consideradas
canais de dados e equipamentos I/O de
válidas e o sistema é desligado
computadores, é a condição de estar
automaticamente. Em sistemas mais
pronto para uso e não imediatamente
conservativos pode-se usar um sistema de
colocado para fazer outras tarefas.
votação de dois-dos-quatro, que possuem
A disponibilidade ou disponibilidade no
quatro medições em vez de três.
tempo pode ser determinada dos

5.203
Especificação de Instrumentos

parâmetros MTBF e MTTR. Disponibilidade Por definição do INMETRO (Portaria


é a fração de tempo que o instrumento ou 029, 10 MAR 95), calibrar e aferir são a
sistema pode estar pronto para usar e para mesma coisa e são diferentes de ajustar.
funcionar corretamente. Costuma-se definir Ajustar é atuar no instrumento, depois de
a Disponibilidade, D, como a relação verificado que ele está fora, durante a
matemática: calibração, de modo a torná-lo exato. Ou
seja, a calibração garante a exatidão do
MTBF instrumento ao longo do tempo.
D= Como o ambiente e a idade dos
MTBF + MTTR
componentes do instrumento alteram seu
A disponibilidade de um instrumento desempenho, periodicamente o
aumenta quando o MTBF aumenta e o instrumento deve ser calibrado, para voltar
MTTR diminui. Um instrumento muito a ter o desempenho metrológico desejado.
disponível é aquele que demora em falhar
e quando falha, é rapidamente consertado.
Às vezes, um fabricante não pode
fornecer dados para o MTBF e MTTR para
calcular a disponibilidade do instrumento,
principalmente para equipamentos não
eletrônicos. Porém, sempre pode-se tentar
estimar a disponibilidade ou julgar a
qualidade aparente dos equipamentos.
Fig. 1.4.8. Calibração de instrumento pneumático
Quando se considera a confiabilidade na
escolha de um instrumento ou projeto de
um sistema, obtém-se uma planta que
A calibração confiável e válida requer:
tende a ter pequeno custo de manutenção
1. padrões rastreados
e poucas paradas de produção por causa
2. procedimentos claros e escritos
de falhas de instrumentos. Estes fatores
3. ambiente conhecido
devem ser considerados na escolha de
4. pessoal treinado
determinado tipo de instrumento em favor
5. registros documentados
daquele mais confiável e disponível,
6. período de validade
mesmo que seja o de mais custo inicial.
O intervalo entre duas calibrações
sucessivas é estabelecido pelo usuário e é
2.7. Calibração
função de:
Calibração é a verificação, por medição 1. tipo de instrumento
e comparação com um padrão rastreado, 2. recomendação do fabricante
do valor exato de cada leitura da escala de 3. severidade do ambiente
um instrumento ou do valor de sua saída 4. precisão requerida pelo processo
ou do atributo de um elemento sensor ou 5. penalidade resultante da medição
de um instrumento que não possui ajuste. inexata do instrumento
Curva de calibração é um registro dos 6. disponibilidade do instrumento pela
dados de calibração, dando o valor correto operação
para cada leitura indicada de um 7. exigência contratual
instrumento. Um ponto de calibração é 8. exigência legal
aquele em que se faz uma verificação ou O intervalo é dinâmico e deve ser
ajuste. aumentado, diminuído ou mantido em
Um material de referência certificado é função do resultado das calibrações
um padrão que indica se um instrumento anteriores. Há regras de bolo
ou procedimento analítico está trabalhando (Schumacher, Grasmann) para administrar
dentro de limites prescritos ou uma solução os períodos de calibração dos
com concentração conhecida (solução instrumentos.
padrão) usada em instrumentação
analítica.

5.204
Especificação de Instrumentos

2.8. Manutenção A questão de se fazer o serviço na


própria planta ou enviar o instrumento para
Manutenção é a ação e o custo de manter algo em o fabricante deve ser decidida pelo
boa condição e trabalhando em ordem. Tempo de usuário, considerando os aspectos de
manutenção é o tempo requerido para a
custo, tempo de entrega, qualidade do
manutenção corretiva e preventiva do equipamento.
produto, materiais, técnicas e know-how.
A manutenção correta do instrumento garante que
Há usuários que fazem seus próprios
sua precisão não piore ao longo do tempo.
termopares. O instrumentista corta dois
Mantenabilidade é a habilidade do equipamento
comprimentos de fio termopar, por
satisfazer os objetivos operacionais com um mínimo
exemplo, um de ferro e outros de
esforço de manutenção sob condições ambientais
constantant (tipo J), enrola-os juntos com
operacionais em que a manutenção programada e
um alicate e depois solda a junta com um
não programada seja feita. Quantitativamente, a
maçarico. O instrumentista então declara
probabilidade que um item seja restaurado para
que o termopar é realmente um sensor de
condições específicas dentro de um dado período de
temperatura, ligando-o a um medidor que
tempo quando a ação de manutenção é feita de
lê militensão. O que foi esquecido é que
acordo com procedimentos e fontes pré-
um termopar é realmente uma pequena
determinadas.
bateria cuja força eletromotriz (fem) da
saída varia com a temperatura. O medidor
lê uma fem e não a temperatura por si. A
fem medida tem de ser convertida para
temperatura usando uma tabela de
correlação que é levantada por laboratórios
nacionais, como o NIST americano e PTB
alemão. As tabelas do NIST foram
levantadas experimentalmente a partir de
métodos rigorosamente controlados.
Um fabricante comercial tem método
Fig. 1.4.9. Medições e teste em instrumento para montar um termopar muito mais
eletrônico cuidadoso que o do instrumentista. A
pureza e a qualidade metalúrgica dos fios
é cuidadosamente protegida para que a
Os gostos e desgostos do pessoal de tabela de correlação seja válida, através de
manutenção de instrumentos também são uso de alicate especial e método especial,
fatores de seleção de instrumentos. evitando oxidação, stress termal e
Geralmente, o pessoal da manutenção de mudança na estrutura cristalina.
instrumentação quer instrumentos que Certamente o método usado pelo
1. tenham suas leituras facilmente instrumentista em sua oficina de
verificadas manutenção de instrumentos duma planta
2. possam ser calibrados no zero sem petroquímica ou siderúrgica não é tão
remoção do processo rigoroso.
3. mantenham sua calibração por longos Quando se compra um termopar de
períodos de tempo um fabricante conceituado, ele fornece
4. possam ser instalados em locais de fácil junto do termopar a sua especificação
acesso técnica, onde é declarada sua precisão.
5. sejam mantidos pelos próprios Por exemplo, para o termopar tipo J, a
instrumentistas, sem a necessidade de precisão é de ±2,2 oC ou ±0,75% do valor
enviá-los para o fabricante para reparo medido, o que for maior. Esta precisão é
ou calibração. garantida pelos materiais e métodos
O que o pessoal da instrumentação não empregados pelo fabricante. Qual seria a
quer é ser pioneiro no uso de uma nova precisão do termopar construído pelo
instrumentação, especialmente se eles instrumentista? Para isto ser respondido,
acreditam que o trabalho possa ser feito deve-se aferir o termopar, comparando-o
com instrumentos que eles já conhecem. com um padrão certificado. Como
conclusão, atualmente é raro se fazer um

5.205
Especificação de Instrumentos

termopar, quando se quer uma medição velocidade do som; tipicamente há um


com incerteza conhecida. O comum é atraso de 0,25 segundos para cada 30
comprar o termopar de fabricante metros de tubulação de cobre de 1/4"
conhecido e especialista e em aplicações diâmetro externo.
onde há auditorias de qualidade para
verificar a evidência da calibração, compra-
se o termopar já rastreado e certificado e
com o preço muito maior.
Quando a instalação de um novo
sistema de medição ou controle é
completada, a questão que se coloca é:
quem vai fazer isto operar? A partida de
um novo sistema geralmente é feita por
especialista da companhia que vendeu o
sistema. Porém, um dia ele vai embora e
deixa a manutenção e o cuidado do
sistema para o grupo de instrumentação da
planta. Se este grupo não tem o know-how
para fazer o trabalho ou se simplesmente
ele não tem o tempo suficiente para manter Fig. 1.4.10. Tempo de atraso
o sistema operando conforme o esperado,
depois de algum tempo o desempenho do
sistema se deteriora até ficar totalmente Não há limitação prática para a
inútil. O problema se complica mais ainda distancia quando o sinal transmitido é
quando a produção depende da eletrônico. Por questões praticas de
disponibilidade do sistema. Neste caso há tamanho de industria, as distancias
chamadas freqüentes e caras do pessoal envolvidas na transmissão eletrônica vão
do fabricante. até cerca de alguns kilômetros. Quando as
A capacidade de manutenção é distancias envolvidas são maiores usam-se
constituída de conhecimento, tempo e técnicas de transmissão sem fio, através
aceitação de responsabilidade. Se o de ondas de rádio-freqüência: é o campo
pessoal de manutenção não tem estes três da telemetria, que é outro departamento da
fatores, com relação à nova instrumentação. Por causa dos atrasos
instrumentação, ou não está preparado envolvidos, as distancias para a
para adquiri-los, então deve-se escolher transmissão pneumática são limitadas a
algo bem simples para fazer o trabalho. algumas centenas de metros, tipicamente
300 metros. As soluções, imperfeitas, para
2.9. Resposta dinâmica se aumentar as distancia ou diminuir os
atrasos na transmissão pneumática,
A resposta dinâmica se refere aos envolvem o uso de tubulações de cobre
tempos de atraso, às freqüência de corte e em vez de plástico, tubulações com
ganhos do sinal de saída em função do maiores diâmetros, uso de 4 tubos em vez
sinal de entrada, ambos referidos ao de 2, uso de posicionadores na válvula de
tempo. De modo absoluto, a resposta do controle e uso de amplificadores
instrumento eletrônico é melhor (mais pneumáticos (booster).
rápida) que a do instrumento pneumático. A característica dinâmica dos
Tipicamente, a ordem de grandeza dos equipamentos e atualmente a base da
atrasos dos instrumentos eletrônicos é de aplicação de microprocessadores no
micro segundos (10-6 s) e de décimos de controle de processo. As constantes de
segundo para os instrumentos tempo dos processos industriais são tão
pneumáticos (10-1 s) maiores que as constantes de tempo dos
Praticamente não há atraso na equipamentos eletrônicos, que um único
transmissão eletrônica, pois a transmissão controlador analógico pode controlar
se processa à velocidade da luz. A simultaneamente todas as malhas da
transmissão pneumática se processa à planta, desde que haja um conveniente

5.206
Especificação de Instrumentos

sistema de interface processo-controlador. dimensionamento correto de válvulas de


Na prática, essa interface existe e consiste controle, reduções e placas de orifício evita
num sistema de multiplexagem e o aparecimento de cavitações,
conversões analógico-digital e digital- 'flacheamento" de gases e vibrações.
analógico. Em sistema eletrônico, os ruídos são
Embora a resposta dinâmica dos captados das linhas de energia, motores e
instrumentos eletrônicos seja rápida que a transformadores, que criam campos
dos pneumáticos, a dinâmica do processo eletromagnéticos intensos. É o chamado
a ser controlado é determinante. Quando ruído de 60 Hz. Esse ruído é facilmente
as constantes de tempo da maioria das evitado pela separação física das linhas de
malhas do processo são grandes energia das linhas de instrumentação.
(processos lentos), é compatível e Quando isso não é suficiente, usam-se fios
aceitável o uso de instrumentos blindados e trançados e bandejas
pneumáticos, principalmente, para metálicas. E, de qualquer modo, os ruídos
aplicações de montagem local. remanescentes são filtrados nas entradas
Em processos que envolvem grandes dos instrumentos receptores de sinais.
distancias, o atraso da transmissão pode
ser um fator decisivo e a escolha deve
recair na instrumentação eletrônica.
As curvas de resposta em freqüência
são equivalente para ambos os sistemas,
talvez com pequena vantagem para o
pneumático. Tipicamente, ambos os
sistemas respondem até a freqüência de
10 Hz. A vantagem do sistema eletrônico é
a facilidade de variação e ajuste dessa
freqüência de corte, através da
substituição de capacitores, que já são
componentes naturais dos seus circuitos.
O ruído é um problema presente nos
dois sistemas, pneumáticos e eletrônico. O
ruído é uma interferência, de origem
externa ou interna, que aparece misturado
ao sinal de informação. O ruído é de
mesma natureza física do sinal - por isso
que ele interfere no sinal - e pode alterar
sua informação. Em sistema pneumáticos,
os ruídos são vibrações de estruturas
mecânicas, vibrações ou pulsações de
fluidos, tais como ar comprimido, água,
vapor, líquido de processo. Essas
turbulências dos fluidos podem ocorrer
quando há restrições nas linhas,
provocadas por válvulas de controle,
placas de orifício para medição de vazão,
reduções de pressão, curvas, cotovelos ou
conexões de tubulações. Para se eliminar
essas turbulências e ruídos, são usados o
amortecimento mecânico, conseguido pelo
uso de fluidos de enchimentos de
diafragmas mais viscosos e os
retificadores de vazão. A colocação de
suportes e a melhor ancoragem das
tubulações também elimina ou diminui os
ruídos e perturbações. Finalmente, o

5.207
Especificação de Instrumentos

3. Especificações do A Tab. 5.5 mostra valores típicos de


condições de transporte, armazenagem e
instrumento operação de um transmissor eletrônico
As especificações do instrumento microprocessado.
incluem as
1. especificações de desempenho Tab. 1. Características desejáveis pelos usuários
2. condições de operação
3. especificações funcionais Característica
4. especificações físicas 1 Alta exatidão
5. especificações de segurança 2. Alta confiabilidade (qualidade)
6. características opcionais 3. Durabilidade – robustez
7. dimensões nominais 4. Pouca e fácil manutenção
8. instruções para pedido 5. Alta precisão (repetitividade)
6. Facilidade de limpeza
3.1. Especificações de Operação 7. Suportar poeira
As especificações de operação 8. Facilidade de instalação
consideram 9. Facilidade de configuração
1. as influências do fluido do processo 10 Facilidade de uso
2. condições de operação de referência 11 Saída de 4 a 20 mA cc
3. condições de operação normal 12 Resistência à intempérie
4. limites de operação
onde são estabelecidos os valores de temperatura (Fonte: ISA Intech, Abr 1997)
do processo, temperatura ambiente, umidade
relativa, valor da alimentação, impedância da malha 3.2. Especificação de desempenho
para sinal analógico e digital.
As condições de operação de Introdução
referência são aquelas com que o Desempenho é o ato de funcionamento
instrumento foi testado e calibrado. As do instrumento, de modo previsível,
especificações de desempenho do estável, exato, preciso e seguro. É um
instrumento são válidas para estas termo muito amplo, que inclui
condições de referência. Estas faixas de operabilidade, previsibilidade, precisão,
operação são as mais estreitas e exatidão, estabilidade e segurança.
raramente são iguais às condições reais de A operabilidade ou funcionamento inclui
processo. os parâmetros de capacidade, flexibilidade,
Os limites de operação são mais configurabilidade, robustez,
alargados que os de referência e devem compatibilidade, intercambiabilidade e
ser respeitados pelo usuário. Operar o interoperabilidade.
instrumento fora destes limites de Por sua vez, a precisão inclui os
operação danifica irremediavelmente o parâmetros de repetitividade,
instrumento. reprodutibilidade, linearidade,
Embora seja esquecidos pelo sensibilidade, rangeabilidade, resolução,
instrumento, os limites de transporte e banda morta, histerese. A precisão do
armazenagem também devem ser instrumento é mantida por sua
considerados. Muitos instrumentos já manutenção.
chegam danificados ao usuário porque A estabilidade da operação inclui os
estes limites não foram respeitados pela parâmetros de confiabilidade, falibilidade,
empresa transportadora e não foram integridade e disponibilidade.
tomados os devidos cuidados pelo
despachante do instrumento. A
temperatura ambiente de transporte tem
uma faixa pouco mais larga que a relativa
à operação, a umidade relativa do ar tem
os mesmos limites que os de operação.

5.208
Especificação de Instrumentos

Tab. 5.5. Condições de Transporte, Armazenamento e Operação

Influência Condições de Condições de Limites de Limites de


Operação de Operação Operação Armazenagem e
Referência Normal transporte
Temperatura do 24 ± 2 oC -29 a +82 oC -46 e +121 oC Não aplicável
sensor com silicone
Temperatura do 24 ± 2 oC -29 a +82 oC -29 e +121 oC Não aplicável
sensor com fluorinert
Temperatura do 24 ± 2 oC -29 a +82 oC -40 e +85 oC -54 e +85 oC
circuito eletrônico
Opção com LCD 24 ± 2 oC -20 a +82 oC -29 a +85 oC -54 e +85 oC
Umidade relativa 50 ± 10% 0 a 100% 0 e 100% 0 e 100%
não condensante
Tensão de 30 ± 0,5 V cc 12,5 a 42 V cc 12,5 a 42 V cc Não aplicável
alimentação Ver Fig. 1.4.11 Ver Fig. 1.4.11
Carga de saída com 650 Ω 0 e 1450 Ω 0 e 1450 Ω Não aplicável
saída de mA Ver figura Ver figura
1 m/s2 (0,1 "g") 0 a 30 m/s2 30 m/s2 11 m/s2
Vibração (0 a 3 "g") (3 "g") (1,1 "g")
de 5 a 500 Hz de 5 a 500 Hz (Na embalagem)
Posição de montagem Horizontal ou Horizontal ou Sem limite Não aplicável
para cima para cima

Notas:
1. Embora o LCD (display de cristal líquido) não seja danificado em qualquer temperatura dentro dos Limites
de Armazenagem e Transporte, as atualizações ficam mais lentas e a facilidade de leitura piora em
temperaturas fora das Condições Normais de Operação
2. Com a tampa superior colocada e as entradas dos conduítes seladas.
3. Carga mínima de 200 é necessária para a comunicação apropriada (Ver figura).
4. Parte molhada do diafragma sensor em um plano vertical.
5. Ver exigências de fonte de alimentação e limites de carga
(Cfr. Foxboro, PSS 2A-1A1 C, p. 3)

Fig. 1.4.11. Tensão de alimentação e impedância da malha de transmissão

5.209
Especificação de Instrumentos

O desempenho do instrumento é se degrade e ultrapasse os limites


influenciado por vários fatores, como originais.
temperatura do processo e ambiente, Geralmente, quanto mais preciso o
pressão do processo e ambiente, instrumento, mais elevado é o seu custo.
propriedade do fluido do processo Um instrumento com grande precisão
(densidade, viscosidade, condutividade serve de padrão para calibração de um
elétrica, calor específico), posição do instrumento com menor precisão, ambos
instrumento, vibração da estrutura de da mesma espécie. O mesmo tipo de
suporte, alimentação e ruídos externos. medidor pode ter diferentes precisões em
Nas especificações do instrumento, os função do fabricante, projeto de construção
parâmetros de desempenho geralmente e materiais empregados. Por exemplo, um
são expressos de modo quantitativo. medidor de vazão tipo turbina pode ter
diferentes precisões em função de seu
Exatidão fabricante (Foxboro ou Hoffer), princípio de
Exatidão é o grau de conformidade do funcionamento (mecânica, detecção
valor indicado para um valor verdadeiro ou magnética ou de RF), geometria (axial,
ideal. Como o valor verdadeiro é tangencial ou de inserção), fluido medido
desconhecido, usa se o valor verdadeiro (gás ou líquido).
convencional, dado por padrão
reconhecidamente confiável. Para que o
valor dado pelo padrão seja confiável, é
necessário que o padrão seja rastreado, ou
seja, comparado contra outro padrão
superior também confiável.
A exatidão medida é expressa pelo
desvio máximo observado no teste de um
instrumento sob determinadas condições e
através de um procedimento especifico. É
usualmente medida como uma inexatidão
e expressa como exatidão. Grande precisão Pequena precisão
A exatidão do instrumento está Pequena exatidão Grande exatidão
relacionada com os erros sistemáticos. A
exatidão do medidor é conseguida através
da sua calibração periódica.
Precisão
Precisão (precision) é o grau de
concordância mútua e consistente entre
várias medições individuais replicadas. A
precisão é uma medida do grau de
liberdade dos erros aleatórios do
instrumento. A precisão é a qualidade que
caracteriza um instrumento de medição dar
Pequena precisão Grande precisão
indicações equivalentes ao valor Pequena exatidão Grande exatidão
verdadeiro da quantidade medida. A Fig. 1.4.12. Precisão e exatidão
precisão está relacionada com a qualidade
do instrumento. Quando o instrumento
deteriora a sua precisão, alargando a Exatidão e Precisão
dispersão de suas medidas do mesmo É tentador dizer que se uma medição é
valor, ele necessita de manutenção. A conhecida com precisão, então ela é
manutenção criteriosa do instrumento, também conhecida com exatidão. Isto é
utilizando peças originais e conservando o perigoso e errado. Precisão e exatidão são
projeto original não melhora a precisão conceitos diferentes.
nominal do instrumento, fornecida pelo A precisão é uma condição necessária
fabricante quando novo mas evita que ela para a exatidão, porém, não é suficiente.

4.210
Especificação de Instrumentos

Pode-se ter um instrumento muito preciso, A precisão estática é o status de como


mas descalibrado, de modo que sua as indicações se agrupam em torno do
medição não é exata. Mas um instrumento valor verdadeiro da variável de processo
com pequena precisão, mesmo que ele senso medida sob condições estáticas ou
forneça uma medição exata, logo depois de regime permanente. A precisão estática
de calibrado, com o tempo ele se desvia e é uma característica saída versus entrada,
não mais fornece medições exatas. Para o a entrada sendo o valor verdadeiro da
instrumento ser sempre exato, é variável medida e a saída sendo a leitura
necessário ser preciso e estar calibrado. do medidor.
No tiro ao alvo, quando se tem O tempo não entra na determinação da
1. todos os tiros agrupados, porém fora do precisão estática. Quando o valor de uma
centro, tem-se boa precisão e ruim variável medida se altera, o medidor tem
exatidão, todo o tempo que ele precisa para assumir
2. todos os tiros com grande sua nova leitura. A precisão estática é
espalhamento, mas com a média no usualmente expressa em ternos do erro
centro, tem-se ruim precisão e boa que se pode esperar. O erro potencial
exatidão, pode ser estabelecido em unidades de
3. todos os tiros com grande engenharia da variável do processo sendo
espalhamento e com a média fora do medida ou em percentagem da largura de
centro, tem-se ruim precisão e ruim faixa medida.
exatidão
4. todos os tiros agrupados e com a média Especificação da precisão
coincidindo com o centro, tem-se boa A precisão pode ser especificada para
precisão e boa exatidão. toda a faixa de operação, para uma faixa
Outro exemplo, um relógio de boa limitada de operação ou para um ponto
qualidade é preciso. Para ele estar exato, especifico de trabalho. O comum é
ele precisa ter sido acertado (calibrado) especificar a precisão associada com a
corretamente. Desde que o relógio preciso rangeabilidade do instrumento. Por
esteja exato, ele marcará as horas, agora e exemplo, a precisão do instrumento é de
no futuro com um pequeno erro. Seja ±1% do valor medido para rangeabilidade
agora um relógio de má qualidade e de 10:1 e ±0,5% do valor medido para a
impreciso. Logo depois de calibrado, ele rangeabilidade de 5:1.
marcará a hora com exatidão, porém, com Basicamente, a precisão dos
o passar do tempo, a sua imprecisão fará instrumentos é expressa de dois modos
com ele marque o tempo com grandes diferentes, como:
erros. Um instrumento impreciso é também 1. percentagem do fundo de escala
inexato. Mesmo que ele esteja exato, com 2. percentagem do valor medido
o tempo ele se afasta do valor verdadeiro e As expressões em percentagem da
dará grande erro. largura de faixa ou em unidade de
engenharia são equivalentes à expressão
Precisão estática e dinâmica de percentagem do fundo de escala.
A precisão de uma medição existe em Instrumentos com precisão expressa em
duas formas: estática e dinâmica. Ambos percentagem do fundo de escala possuem
os tipos da precisão são importantes no erro absoluto constante (igual ao produto
controle e medição do processo, embora da precisão pelo valor do fundo de escala)
de modos diferentes. A precisão estática é e o erro relativo aumento com a diminuição
geralmente requerida em situações de do valor medido.
balanço, como em custódia, balanço de Instrumentos com precisão expressa
materiais e otimização de processo. A em percentagem do valor medido possuem
precisão dinâmica é importante em erro relativo constante (igual ao valor
controle automático, desde que o nominal) e o erro absoluto diminui com a
desempenho do controle depende da diminuição do valor medido. Instrumento
velocidade com que os componentes com precisão expressa em percentagem
reagem. do valor medido é melhor que o

4.211
Especificação de Instrumentos

instrumento com precisão expressa em Comparação da precisão


percentagem do fundo de escala. Em algumas organizações, o
Erro de zero ocorre quando a curva de estabelecimento da precisão do
calibração está levemente fora do zero e instrumento é feito em uma base
faz toda a curva se afastar de igual valor. específica. Para ser capaz de interpretar
Há instrumentos que possuem a condição qualquer especificação de precisão feita é
de zero definida e portanto não necessário entender a base.
apresentam erro de zero. Erro de largura Um sistema muito usado envolve o
de faixa (span) ocorre quando a curva de cálculo de um número estatístico chamado
calibração está com inclinação levemente de desvio padrão. A confiabilidade dos
diferente da teórica, e faz a curva se valores da precisão determinados por este
afastar de pouco no inicio e mais no fim da método melhora quando o número de
curva, ou seja, o erro é proporcional ao pontos de calibração aumenta. Assim,
valor medido. Todo instrumento possui erro quanto maior o número de medições mais
de largura de faixa ou de sensitividade. confiável é o valor do desvio padrão obtido.
Instrumento que possui apenas erro de Quando se tem o desvio padrão de um
largura de faixa (não tem erro de zero), instrumento de medição, então se espera
tem imprecisão expressa em % do valor que 99% do tempo as leituras do
medido. Instrumento que possui os dois instrumento caem dentro de três vezes o
tipos de erro, de zero e de largura de faixa, desvio padrão do valor verdadeiro, 95% do
deve ter imprecisão expressa em % do fim tempo delas estão dentro de duas vezes o
de escala. desvio padrão do valor verdadeiro e 68%
A precisão expressa pelo fabricante do tempo elas estão dentro de um desvio
nos catálogos do instrumento é válida padrão do valor verdadeiro. Sempre existe
apenas para o instrumento novo e nas um nível de confiança ou de probabilidade
condições de calibração. para as medições caírem dentro de um
determinado intervalo de medição ou de
Especificação do catálogo do fabricante
tempo.
A especificação da precisão do Os fabricantes de instrumento que
instrumento publicada nos catálogos dos fornecem as suas especificações, incluindo
fabricantes, geralmente, é feita de modo sua precisão e os laboratórios de
ambíguo, incompleto ou confuso. Por calibração que usam padrões e
exemplo, a precisão da medição de vazão especificam as incertezas da calibração
com placa de orifício é de ± 3%. Há várias devem informar claramente quais o nível
coisas erradas nesta especificação; por de confiança e o número de desvios
exemplo: padrão usados.
1. precisão de ±3% tecnicamente significa
que o erro é de ±3% e a precisão é de Parâmetros da precisão
±97%. Os parâmetros constituintes da
2. independe do valor da medição, o erro é precisão são os seguintes:
de ±3%. O correto é dizer que o erro é, 1. linearidade
no máximo, igual a ±3% ou a incerteza 2. repetitividade
está dentro dos limites de ±3%. 3. reprodutibilidade
3. a percentagem do erro deve estar 4. sensitividade
relacionada com o valor medido ou com 5. banda morta
a largura de faixa. É incompleto e inútil 6. resolução
somente escrever ±3%; o correto é dizer 7. banda morta
±3% do fundo de escala. Quando se 8. histerese
conhece a faixa calibrada, 9. quantização (se digital)
imediatamente se tem o erro em 10. rangeabilidade
unidade de engenharia. O fabricante pode quantificar individualmente cada
um destes parâmetros ou simplesmente expressar o
valor final da precisão e declarar que inclui todos
estes parâmetros.

4.212
Especificação de Instrumentos

Linearidade Em um instrumento eletrônico, o desvio de


A linearidade do instrumento é sua largura de faixa pode ser provocado, como
conformidade com a linha reta de no desvio do zero, por uma variação da
calibração. Ela é usualmente medida em característica de algum componente.
não linearidade e expressa como Quando a medição se afasta da linha
linearidade. reta e os valores da medição aumentando
Quando a medição é não linear são diferentes dos valores tomados com a
aparecem desvios da linha reta de medição decrescendo, o instrumento
calibração. As formas mais comuns são: apresenta erro de histerese. Tais erros
desvio de zero, desvio da largura de faixa podem ser provocados por folgas e
e desvio intermediário, geralmente desgastes de peças ou por erros de
provocado pela angularidade ou pela angularidade do circuito mecânico do
histerese. instrumento. O desvio intermediário
Quando a medição é uma linha reta envolve um componente do instrumento,
não passando pela origem, o instrumento alterando sua calibração. Isto pode ocorrer
necessita de ajuste de zero. Em um quando uma parte mecânica é super
sistema mecânico, o desvio de zero é forçada ou pela alteração da característica
usualmente devido ao deslize de um elo no de um componente eletrônico. O desvio no
mecanismo. Ele pode ser corrigido pelo instrumento eletrônico ou pneumático
reajuste do zero do instrumento. Em um mecânico pode ser compensado e
instrumento eletrônico, o desvio de zero é eliminado pela inspeção periódica e
causado por variações no circuito devidas calibração do instrumento.
ao envelhecimento dos componentes, A vantagem de se ter uma curva linear
mudanças nas condições de contorno, de calibração é que a leitura do
como temperatura, umidade, campos instrumento se baseia somente um fator de
eletromagnéticos. conversão. Quando a curva é não linear:
1. usa se uma escala não-linear, com a
função matemática inversa (impossível
em indicadores digitais),
Saída
2. incorpora-se um circuito linearizador
antes do fator de conversão,
% f. s. 3. usa se uma lógica para avaliar a relação
Linha reta
nominal não linear e gravam-se os pontos na
% v. m. memória digital (ROM, PROM) do
instrumento, fazendo-se a linearização
por segmentos de reta ou por
polinômios.
Faixa de tolerância repetitividade
Ponto onde % f. s. = % v. A repetitividade de um instrumento é a
Entrada sua habilidade de reproduzir a mesma
saída, quando a entrada é repetida. A
Fig. 1.4.13. Expressão da linearidade repetitividade de uma malha de controle é
a habilidade de toda a malha (transmissor,
controlador, transdutor, atuador) reproduzir
Quando a medição é uma linha reta, o sinal de controle, quando são repetidas
passando pelo zero porém com inclinação as condições do processo.
diferente da ideal, o instrumento necessita Quando o instrumento é não repetitivo
de ajuste de largura de faixa ou de ganho. sua curva de resposta para valores
Um desvio de largura de faixa envolve uma crescentes é diferente da curva para
variação gradual na calibração, quando a valores decrescentes.
medição se move do zero para o fim da
escala. Pode ser causada, em um sistema
mecânico, pela variação na constante da
mola de uma das partes do instrumento.

4.213
Especificação de Instrumentos

durante um longo período de tempo. A


reprodutibilidade inclui repetitividade,
histerese, banda morta e drift.
Sensitividade
A sensitividade do medidor é a menor
alteração na variável de processo para a
qual o medidor irá responder alterando sua
saída. A sensitividade é usualmente
expressa como uma percentagem da
largura de faixa. Nenhum medidor
industrial possui sensitividade infinita.
Quando a alteração da variável do
processo sendo medida se torna cada vez
menor, atinge-se um ponto onde o medidor
se recusa a responder.
Grande sensitividade não garante
grande precisão, mas uma grande
sensitividade reduz as demandas do
Fig. 1.4.14. Curva de repetitividade sistema do display e aumenta a
probabilidade de se conseguir alta precisão
total do sistema. Uma sensitividade de 1
Reprodutibilidade mV/oC é melhor que uma de 1 µV/ oC, pois
Reprodutibilidade tem vários sentidos: é mais fácil manipular 1 mV do que 1 µV,
1. American Society for Testing and como amplificar ou filtrar ruídos.
Materials (ASTM), a reprodutibilidade A maioria dos medidores industriais
mede a habilidade de um segundo possuem uma sensitividade da ordem de
instrumento obter a mesma indicação 0,2% da largura de faixa. Assim, para um
de um termômetro usando o mesmo medidor cuja faixa é de 100 a 300 oC, a
sensor e o mesmo método mas com sensitividade seria de 0,2% de 200 oC,
equipamentos de teste diferentes. que vale 0,4 oC. Isto significa que se a
2. Usuário: reprodutibilidade é a variação da temperatura medida for menor
capacidade do sistema de medição que 0,4 oC, o medidor não irá responder.
indicar a mesma condição termal Se a faixa acima pudesse ser diminuída
repetidamente e com a substituição de para 150 a 250 oC, a sensitividade da
um novo sensor, sem olhar a precisão medição seria melhorada para 0,2 oC
da temperatura absoluta. (0,2% x 100 oC = 0,2 oC). A sensitividade
3. Como parâmetro da precisão, da medição é importante para o controle
reprodutibilidade é a habilidade de um automático. Se o sistema de medição do
instrumento dar a mesma medida toda controlador não reage às alterações na
vez que ele medir o mesmo valor. variável controlada, então o controlador
A reprodutibilidade é uma expressão do não gerará nenhuma ação de controle.
agrupamento da medição do mesmo valor da
mesma variável sob condições diferentes (método
diferente, instrumento diferente, local diferente,
observação diferente), durante um longo período de
tempo.
A perfeita reprodutibilidade significa
que o instrumento não apresenta desvio,
com o decorrer do tempo, ou seja, a
calibração do instrumento não se desvia
gradualmente, depois de uma semana, um
mês ou até um ano.
Pode-se também entender a
reprodutibilidade como a repetitividade

4.214
Especificação de Instrumentos

a resolução de cinco vezes, de 5 para 1 oC.


Saída qo Esta melhoria é devida parcialmente a uma
largura de faixa menor e parcialmente ao
fato de se usar divisão de 1 oC em vez de
∆qo divisão de 5 oC.
∆qi

∆qo
sensitividade =
∆qi

Entrada qi (a) Menor resolução, menor precisão

Fig. 1.4.15. Expressão da sensitividade

Em muitos casos, a alta sensitividade


(b) Maior resolução, maior precisão
dos instrumentos eletrônicos pode
Fig. 1.4.16. Réguas com resoluções diferentes
aumentar a chance de haver interferências
e captação de ruídos. Por exemplo,
sistema de medição de pH que manipulam
Sejam duas réguas, de mesmo
níveis de tensão de microvolts são muito
tamanho, porém a régua (b) tem mais
susceptíveis a ruídos.
divisões entre os números. Assim,
A sensitividade é também a relação da
enquanto se lê 6,2 na régua (a) pode-se ler
variação do valor de saída para a variação
6,25 na régua (b). Na primeira régua, o
do valor de entrada que a provoca, após se
dígito 2 é duvidoso e na segunda, o dígito
atingir o estado de regime permanente. É
2 é garantido e o duvidoso é o 5.
expressa como a relação das unidades das
Não se deve pensar que há uma
duas quantidades envolvidas. A relação é
função entre a resolução e precisão.
constante na faixa, se o instrumento for
Qualquer instrumento pode ser feito com
linear. Para um instrumento não-linear,
maior resolução, simplesmente expandindo
deve-se estabelecer o valor da entrada. O
sua escala e colocando mais graduações
inverso da sensitividade é o fator de
ou mais dígitos. Isto não melhora sua
deflexão do instrumento.
precisão. Um medidor honesto é aquele
Resolução em que a resolução é comparável com a
precisão. O indicador de nível de
Quando o ponteiro está entre duas
combustível de um automóvel é
graduações, qual é o valor correto?
usualmente graduado em pontos de 25%.
Sempre há um limite prático de número de
Como tal, ele é um bom exemplo de um
graduações que podem ser marcadas em
instrumento honesto, desde que sua
uma dada escala ou gráfico, por exemplo,
precisão provável é também de cerca de
100. Um medidor com uma faixa de 0 a
300 oC normalmente tem uma escala com ±25%.
100 divisões, com cada divisão Seja um indicador compartilhado de
representando 3 oC. Os valores aceitáveis temperatura, com um indicador
para as divisões da escala são 1, 2 e 5 compartilhado por dezenas de termopares.
unidades ou algum fator de 10 destes Este indicador tem uma longa escala
valores. Deste modo, um indicador com circular com um grande número de
faixa de 0-300 oC provavelmente tem 60 graduações, gerando uma grande
divisões na escala, com cada divisão confiança na precisão do instrumento. Esta
representando 5 oC. confiança é justificada?
Se a faixa pudesse ser diminuída para Os sensores que estão ligados ao
100 a 200 oC, seriam usadas 100 divisões indicador multiponto de temperatura são
e cada divisão seria de 1 oC, que melhora termopares. Assim, o indicador não mede

4.215
Especificação de Instrumentos

temperatura mas pequenas forças Quantização


eletromotrizes ou militensões. Cada O tratamento digital dos sinais
militensão deve ser convertida para uma analógicos provenientes das medições do
leitura de temperatura usando uma processo sempre resulta em um erro,
correlação entre a saída do termopar e a chamado de erro de quantização. Por isso
temperatura. (Nos EUA, esta correlação é a precisão de um instrumento digital é
produzida pelo National Institute of expressa em % do valor medido (ou % do
Standards and Technoogy - NIST). fundo de escala) ± n dígitos. Este ±n
Um indicador de temperatura dígitos que é o erro de quantização.
multiponto numa siderúrgica tem uma faixa O erro de quantização se refere a
de 0 a 1200 oC, com divisões de escala de leitura digital e resulta do fato de tornar
2 oC. Isto significa que o indicador pode ler discreto o valor de saída da medida. O
1 oC, que é a maior resolução sobre uma melhor modo de entender o erro de
faixa de 1200 oC. A precisão da medição quantização, inerente a todo instrumento
da temperatura é tão boa assim? digital que sempre possui uma incerteza de
Como um instrumento para medir ±n dígitos em sua leitura é o erro da idade
militensão, a precisão do indicador de de uma pessoa. Assim que uma criança
temperatura é boa; o erro é provavelmente nasce, sua idade é expressa em dias. A
melhor do que 0,2 % da largura de faixa ou idade expressa em dias tem erro em horas.
dentro de 2,4 oC. Porém, ainda fica a No primeiro ano, a idade passa a ser
dúvida acerca do comportamento do expressa em meses. A idade expressa em
termopar e a correlação temperatura x meses em erro de quantização de
militensão do NIST. semanas ou dias. Depois de uns 4 ou 5
Os fabricantes que fazem termopares anos, a idade da criança passa a ser
do modo cuidadoso e sob condições expressa em anos e o erro de quantização
controladas, publicam as especificações de passa a ser de meses. No dia do seu
seus termopares como tendo uma precisão aniversário, a pessoa tem idade exata em
±2,2 oC ou ±0,75 do valor medido (tipo J). anos, meses e dias. Logo depois do
Assim, o indicador de temperatura tem um aniversário, por exemplo de 40 anos, a
erro de ±7 oC em qualquer temperatura pessoa tem 40 anos. Um mês depois do
medida. aniversário, a idade continua de 40 anos,
Quando se consideram também os mas o erro de quantização é de um mês.
erros devidos aos fios de extensão de Um mês antes de fazer 41 anos, a pessoa
termopar e à junta de compensação, o erro ainda tem 40 anos, mas o erro da idade já
total da malha chega até a 20 oC e por isso é de 11 meses. Então, a idade da pessoa
não tem nenhum sentido prático usar uma sempre tem um erro, pois sua expressão é
escala com resolução de ±2 oC. discreta; aumentando de 1 em 1 ano,
Quando o indicador multiponto de passando de 40 para 41 anos.
temperatura é substituído por um display
de console de computador a precisão não Banda Morta
melhora, por que os sensores continuam O efeito da banda ou zona morta
sendo os termopares, a correlação aparece quando a medição cai nas
continua sendo a da NIST, os fios de extremidades das escalas. Quando se
extensão continuam sendo usados. mede 100 volts, começando de 0 volt, o
Como conclusão, sempre deve se indicador mostra um pouco menos de 100
considerar a incerteza de toda a malha. É volts. Quando se mede 100 volts, partindo
inútil e desperdício de dinheiro, usar um de 200 volts, o ponteiro marca um pouco
instrumento de display de painel com mais de 100 volts. A diferença das
grande resolução (alto custo) quando se indicações obtidas quando se aproxima por
tem associado a ele uma malha com baixo e por cima é a zona morta. O erro de
sensor e condicionador de sinal com zona morta é devido a atritos, campos
incerteza muito maior que a do indicador. E magnéticos assimétricos e folgas
quem faz a leitura do display deve saber o mecânicas. Rigorosamente zona morta é
que está gerando e trazendo esta diferente de histerese, porém, a maioria
informação para o display.

4.216
Especificação de Instrumentos

das pessoas consideram zona morta e


histerese o mesmo fenômeno.
Na prática, a aplicação repentina de
uma grande voltagem pode causar um erro
de leitura, pois o ponteiro produz uma
ultrapassagem (overshoot), oscila e
estabiliza em um valor. Se a última
oscilação ocorreu acima do valor, a
indicação pode ser maior que o valor
verdadeiro; se ocorreu abaixo do valor, a
indicação pode ser menor que o valor
verdadeiro. O bom projeto do instrumento
e o uso de materiais especiais para
suportes, magnetos e molas, pode reduzir
a zona morta. Um modo efetivo para
Fig. 1.4.17. Escala raiz quadrática, rangeabilidade
diminuir o efeito da zona morta é tomar 3:1
várias medições e fazer a média delas.
Rangeabilidade
Na medição de qualquer quantidade se
Tão importante quanto à precisão e escolhe um instrumento pensando que ele
exatidão do instrumento, é sua tem o mesmo desempenho em toda a
rangeabilidade. Em inglês, há duas faixa. Na prática, isso não acontece, pois o
palavras, rangeability e turndown para comportamento do instrumento depende
expressar aproximadamente a extensão de do valor medido. A maioria dos
faixa que um instrumento pode medir instrumentos tem um desempenho pior na
dentro de uma determinada especificação. medição de pequenos valores. Sempre há
Usamos o neologismo de rangeabilidade um limite inferior da medição, abaixo do
para expressar esta propriedade. qual é possível se fazer a medição, porém,
Para expressar a faixa de medição a precisão se degrada e aumenta muito.
adequada do instrumento define-se o Por exemplo, o instrumento com
parâmetro rangeabilidade. Rangeabilidade precisão expressa em percentagem do
é a relação da máxima medição sobre a fundo de escala tem o erro relativo
mínima medição, dentro uma determinada aumentando quando se diminui o valor
precisão. Na prática, a rangeabilidade medido. Para estabelecer a faixa aceitável
estabelece a menor medição a ser feita, de medição, associa-se a precisão do
depois que a máxima é determinada. A instrumento com sua rangeabilidade. Por
rangeabilidade está ligada à relação exemplo, a medição de vazão com placa
matemática entre a saída do medidor e a de orifício, tem precisão de ±3% com
variável medida. Instrumentos lineares rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a precisão
possuem maior rangeabilidade que os da medição é igual ao menor que 3%
medidores quadráticos (saída do medidor apenas nas medições acima de 30% e até
proporcional ao quadrado da medição). 100% da medição. Pode-se medir valores
abaixo de 30%, porém, o erro é maior que
±,3%. Por exemplo, o erro é de 10%
quando se mede 10% do valor máximo; o
erro é de 100% quando se mede 1% do
valor máximo.

4.217
Especificação de Instrumentos

baixa é pequeno, tem rangeabilidade de


100:1.
Histerese
A histerese ocorre quando a saída de
um sistema de medição depende do valor
prévio indicado pelo sistema. Tal
dependência pode ser provocada por
alguma limitação realística do sistema,
como atrito e amortecimento viscoso em
partes móveis ou carga residual em
Fig. 1.4.18. Precisão em percentagem do fundo de componentes elétricos. Alguma histerese é
escala, rangeabilidade de 3:1 normal em algum sistema e afeta a
precisão do sistema.
A histerese afeta a repetitividade,
Não se pode medir em toda a faixa por quando há histerese não se tem
que o instrumento é não linear e tem um repetitividade.
comportamento diferenciado no início e no
fim da faixa de medição. Geralmente, a
dificuldade está na medição de pequenos
valores. Um instrumento com pequena
rangeabilidade é incapaz de fazer
medições de pequenos valores da variável.
A sua faixa útil de trabalho é acima de
determinado valor; por exemplo, acima de
10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33%
(3:1).
Em medição, a rangeabilidade se aplica
principalmente a medidores de vazão. Fig. 1.4.19. Histerese
Sempre que se dimensiona um medidor de
vazão e se determina a vazão máxima, 3.3. Especificações funcionais
automaticamente há um limite de vazão
mínima medida, abaixo do qual é possível As especificações funcionais
fazer medição, porém, com precisão consideram
degradada. 1. tipo do sinal de saída, se analógico
Em controle de processo, o conceito de ou digital
rangeabilidade é também muito usado em 2. ação da saída, se direta ou inversa
válvulas de controle. De modo análogo, 3. tipos de ajuste de supressão ou
define-se rangeabilidade da válvula de elevação de zero
controle a relação matemática entre a 4. tipos e modos de amortecimento dos
máxima vazão controlada sobre a mínima sinais manipulados
vazão controlada, com o mesmo 5. limites de faixa largura de faixa e
desempenho. A rangeabilidade da válvula sobrefaixa aceitável sem danificar o
está associada à sua característica instrumento
inerente. Na válvula linear, cujo ganho é 6. limites da pressão estática do
uniforme em toda a faixa de abertura da instrumento, para os diferentes
válvula, sua rangeabilidade é cerca de sensores
10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e 7. pressão de prova (proof pressure),
precisão que se tem para medir e controlar que é aplicada em teste do
100% da vazão, tem se em 10%. A válvula instrumento conforme norma SAMA
de abertura rápida tem uma ganho muito 27.1. O instrumento pode ficar sem
grande em vazão pequena, logo é instável funcionar logo depois deste teste.
o controle para vazão baixa. Sua 8. tempo de resposta do instrumento,
rangeabilidade vale 3:1. A válvula com depois de ligado. Atualmente, poucos
igual percentagem, cujo ganho em vazão instrumentos eletrônicos requerem

4.218
Especificação de Instrumentos

tempo de aquecimento (warm up) Sensor Limites de faixa


kPa inH20 mbar
para operar em regime permanente.
B -50 e +50 -200 e +200 -500 e + 500
9. posição de montagem. Instrumentos C -210 e +210 -840 e +840 -2100 e +2100
mecânicos ou cujo princípio de Sensor MPa psi bar
funcionamento envolve a aceleração D -0,21 e +0,21 -30 e +30 -2,1 e +2,1
da gravidade devem ter definida a E -0,21 e +0,21 -30 e +30 -2,1 e +2,1
posição de uso. A calibração do
instrumento deve ser feita na mesma Nota 1. O sinal (-) significa que há uma pressão
posição que ele irá operar no maior no lado de Baixa do que no lado de Alta.
processo, quando a posição afeta Nota 2. O sinal (+) significa que há uma pressão
seu desempenho. maior no lado de Alta do que no lado de Baixa.
10. fiação de alimentação e de sinal,
definindo suas trajetórias, terminais, 3.4. Especificações físicas
separação, tipos de tampas e modos As especificações físicas definem as
de acesso. dimensões, peso, cor e materiais das
11. exigências e limitações da peças secas e molhadas do instrumento.
alimentação do instrumento. Os
transmissores eletrônicos podem Plaqueta de identificação
operar com uma larga faixa de A plaqueta de identificação, chamada
tensões de alimentação, em função de tag pelo instrumentista, é de aço
da impedância da malha, do valor do inoxidável, afixadas de modo permanente
sinal de saída e do uso do terminal e difícil de ser tirada, com dados do
de programação portátil. Geralmente, processo e do instrumento escritos
estes valores são mostrados em um indelevelmente. Ele tem um tamanho
gráfico com saída (mA) versus padronizado pelo fabricante que pode ser
tensão de alimentação alterado a pedido do usuário, a um custo
(V cc). Pelo gráfico, para uma extra. Aliás, tudo que não seja padrão do
determinada impedância da malha, a fabricante deve ser pago adicionalmente
tensão pode variar em uma faixa ou pelo usuário. Geralmente há uma limitação
para uma determinada tensão, a de caracteres por linha da etiqueta e
impedância pode variar em uma cuidado, que espaço também tem
faixa. Por exemplo, para 24 V cc e tamanho.
sinal de saída de 4 a 20 mA, a Nesta plaqueta deve ter:
impedância da malha pode variar de 1. nome e logotipo do fabricante
200 a 565 Ω. 2. número de série do instrumento
12. Comunicações remotas. Com o (serial)
advento dos transmissores 3. modelo completo do instrumento, em
inteligentes, o sinal de saída pode ter um código alfanumérico
vários formatos (protocolos). compreensível apenas pelo pessoal
13. proteção contra alta voltagem e envolvido
transientes 4. dados do processo, como
14. faixa de freqüência do sinal de temperatura, pressão, propriedades
entrada do fluido
5. dados do instrumento, como sinal de
saída, alimentação, faixa calibrada,
Especificações funcionais URL do sensor (limites físicos de
Tab. 5.6. Limites de largura de faixa calibração)
Sensor Limites de largura de faixa
kPa inH20 mbar Proteção contra o ambiente
B 0,87 e 50 3,5 e 200 8,7 e 500
C 7 e 210 28 e 840 70 e 2100
A classificação mecânica do invólucro,
Sensor MPa psi bar ou kgf/cm2 segundo normas IEC IP ou NEMA. Por
D 0,07 e 2,1 10 e 300 0,7 e 21 exemplo, instrumento a prova de tempo,
E 0,7 e 21 100 e 3000 7 e 210 vedado a pó, resistente à corrosão como
definido por IEC IP 65 e NEMA tipo 4X.
Tab. 5.7. Limites de faixa Esta proteção ambiental não tem nada a

4.219
Especificação de Instrumentos

ver com a classificação elétrica do de prova de tempo e prova de explosão.


instrumento, que evita que a presença do Geralmente tampa à prova de tempo tem
instrumento cause uma explosão ou gaxeta e parafuso; tampa à prova de
incêndio no local. explosão e de tempo tem tampa
aparafusada, com número mínimo de filete
Materiais e anel-O especial.
São listados os materiais do sensor, O material dos parafusos de fixação
das partes em contato com o processo não necessariamente é igual ao material
(partes molhadas), dos invólucros, tampas, do invólucro. O material padrão dos
parafusos, fluidos de enchimento e de parafusos é aço carbono; quando se quiser
selagem, conexões com o processo. aço inoxidável, deve-se especificar.
Os sensores geralmente estão em Os sensores de pressão diferencial e
contato direto com o fluido do processo e o os selos de pressão são cheios de óleo. O
seu material deve ser compatível com o silicone é o material padrão. Aplicações
fluido, para não haver corrosão. O projeto especiais como manipulação de oxidante
correto garante também que não haverá (oxigênio, cloro) requerem o uso de
erosão, cavitação e desgaste físico. O Fluorinert.
material mais usado para construir Geralmente a especificação informa a
sensores é o aço inoxidável AISI 316. massa aproximada do instrumento. Esta
Outros usados incluem ligas especiais informação é útil para saber como
como Co-Ni-Cr, Hastelloy C, Monel, transportar, armazenar ou suportar na
tântalo, prata, platina. instalação do processo. Um transmissor
O material dos invólucros pode ser eletrônico, sem indicador, pesa tipicamente
metal, plásticos reforçados com fibra de de 2,0 a 5,0 kg.
vidro. O material padrão é uma liga
metálica de cobre e alumínio, que tenha 3.5. Especificação de segurança
pequeno peso e seja resistente
mecanicamente. O invólucro à prova de Segurança
explosão tem limitação de conteúdo de
alumínio e magnésio, por questão de Segurança é a extensão em que um
segurança. sistema é provido com facilidade que
A cerâmica é um material muito excluem perigos a pessoas, equipamentos
pesquisado e usado, por causa de suas da planta e ambiente. A segurança
vantagens de resistência à corrosão e depende da exclusão de e proteção contra
erosão, embora seja quebradiço. A choques elétricos, temperaturas
cerâmica é um material muito usado, excepcionalmente elevadas, radiação,
emissão de gases perigosos ou
atualmente, para substituir o teflon como
venenosos, explosão e implosão e fogo.
revestimento de tubos magnéticos de
Os aspectos de segurança são em geral
vazão.
sujeitos a regras bem definidas e rigorosas
Os invólucros geralmente são pintados
para aprovação.
ou revestidos de epoxy e outros materiais
Seguridade (security) é a existência e
plásticos resistentes à corrosão. Também
causa de técnicas que restringem acesso a
devem ser definidos os materiais de
dados e a condições sob as quais os
gaxetas e juntas de tampas de
dados podem ser obtidos. É a habilidade
instrumentos, que devem ser compatíveis
de um sistema de potência elétrica
com a atmosfera contaminante do
responder adequadamente a distúrbios
ambiente. Buna-N é o material padrão para
que aparecem dentro do sistema.
aneis-O (O-ring).
O invólucro à prova de tempo deve ter Segurança e saúde
gaxetas que vedem a entrada d'água e
Nos Estados Unidos da América, o
umidade; o invólucro à prova de chama
assunto que envolve segurança e saúde
não pode ter gaxetas entre seus
ocupacionais é de lei. Em 29/12/70 foi
espaçamentos críticos e esta
promulgada pelo Congresso a lei publica
incompatibilidade deve ser verificada. É
91-596 do OSHA (Occupational Safety and
possível, embora difícil, a compatibilização

4.220
Especificação de Instrumentos

Health Act). Este ato define o local seguro explosivo. Em casos menos aparentes, um
para todos os americanos trabalharem processo pode falhar ou se romper, por
nele. O OSHA afeta todos profissionais causa de um instrumento mal especificado.
envolvidos em projeto. Os engenheiros, Essa ruptura pode desprender alguma
arquitetos e construtores de equipamentos coisa indesejável às pessoas ou aos
e prédios devem incluir em seus planos e equipamentos que estejam próximos, tais
projetos tudo que deva satisfazer as como pressão, vapor, gás tóxico, liquido
normas de segurança e saúde, a fim de corrosivo ou pó explosivo. Isso pode
evitar as penalidades pelo seu não provocar mortes, danos físicos, perda de
cumprimento. As penalidades podem ser materiais e de equipamentos.
as de refazer os projetos, alterar prédios e O instrumento, em virtude de sua
equipamentos já acabados, pagar pesadas natureza funcional, pode ser o elo mais
multas financeiras e até fechar plantas. O frágil em uma linha de processo, com
OSHA compreende sete grandes áreas: relação à capacidade de conter o processo
local do trabalho, maquina e rigoroso e resistir à corrosão.
equipamentos, materiais, empregados, A economia, embora menos visível, é
fontes de energia, processos e regras também fundamental. É quase impossível
administrativas. O OSHA incorpora as colocar em números o quanto custa a
normas existentes elaboradas por outras corrosão do instrumento. Porem, é fácil
organizações privadas ou governamentais, entender que ela custa a todos. A corrosão
como NFPA (National Fire Protection custa ao fabricante, em termos de
Association), ANSI (American National vantagem de competição, ela custa ao
Standards Institute) API (American usuário final em termos de manutenção,
Petroleum Institute), ASME (American paradas forçadas, mau funcionamento do
Society of Mechanical Engineers), ASTM instrumento e pobre eficiência do processo
(American Society for Testing and e finalmente, ela custa ao consumidor por
Materials), NEMA (National Electrical causa do maior custo final do produto.
Manufacturers Association), AEC (Atomic
Energy Commission) e outras. Classificação de Área
De um modo simplificado, o De um modo geral, diz-se que uma
instrumento é construído por um área industrial é perigosa quando nesse
fabricante, especificado por uma firma de local é processado, armazenado,
engenharia e aplicado pelo usuário final. transportado e manuseado material que
Quando se considera essa cadeia de possua vapor, gás ou pó flamável ou
eventos: fabricação, especificação e uso explosivo. Como isso é vago e pouco
do instrumento, há cuidados que devem operacional, classifica-se uma área
ser considerados para garantir a perigosa considerando todos os
integridade e funcionamento do parâmetros relacionados com o grau de
instrumento. Deve ser entendido e aceito perigo, atribuindo-lhe números e letras
que um instrumento, antes de relacionados com Classe, Grupo e Zona
desempenhar sua função desejada, deve (Divisão).
sobreviver. Nenhum amontoado de A Classe da área se relaciona com o
sofisticação na sua fabricação ou estado físico da substância: gás (I), pó (II)
especificação compensa a incapacidade e fibras (III).
do instrumento viver em um ambiente O Grupo é uma subdivisão da Classe.
hostil. Ele é mais especifico e agrupa os produtos
Há duas razões fundamentais para de mesma Classe, levando em
justificar a harmonia de cooperação na consideração as propriedades químicas
fabricação, especificação e uso do relacionadas com a segurança:
instrumento: segurança e economia. temperatura de auto-ignição, nível de
A segurança de um local pode ser energia necessário para a combustão,
comprometida com a simples presença de mínima corrente e tensão elétricas de
um instrumento. É o caso do uso de um ignição, velocidade de queima de chama,
instrumento elétrico de uso geral, em um facilidade de vazamento entre
local onde existe um gás flamável ou

4.221
Especificação de Instrumentos

espaçamentos, estrutura química, pressão Instrumento Elétrico


final de explosão. Na pratica e no presente trabalho,
Zona expressa a probabilidade relativa instrumento elétrico e eletrônico possuem
do material perigoso estar presente no ar o mesmo significado. Instrumento elétrico é
ambiente, formando uma mistura em todo aquele que, por algum motivo, recebe
concentração perigosa. uma alimentação elétrica. Geralmente são
As normas européias e a brasileira se alimentados com 110 V, ca ou 24 V, cc. O
referem a três zonas: Zonas 0, 1 e 2. As sinal padrão de transmissão em corrente é
normas americanas se referem à Divisão e de 4-20 mA cc. Em instrumentação, há
definem apenas duas áreas: Divisão 1 ainda circuitos que envolvem termopares,
(Zonas 0 + 1) e Divisão 2 (Zona 2). Zona 0 resistência para determinação de
é um local onde a presença do gás temperatura, células de carga, eletrodos de
perigoso é praticamente constante ou pH. São circuitos que geram sinais de
100%. militensão continua e que são polarizados
Tipicamente, é o interior de um tanque com tensões de alguns volts.
ou de uma vaso. Zona 1 é um local de alta Para efeito de classificação elétrica, o
probabilidade relativa de haver gás. É um enfoque é mais amplo. Por exemplo, um
local onde pode existir o gás, mesmo em registrador pneumático ou mecânico, com
condição normal de operação do processo. acionamento elétrico do gráfico é
Zona 2 é um local de pequena considerado como instrumento elétrico.
probabilidade relativa da presença do gás. Quando se incorporam alarmes acionados
É um local onde a existência do gás só eletricamente por microchaves a
ocorre em condição anormal do processo, instrumentos mecânicos ou pneumáticos,
como ruptura de flange, falha de bomba. também se muda sua classificação para
Mesmo que a probabilidade da presença elétrica. Finalmente, a opção extra de
do gás seja pequena, Zona 2 é ainda uma aquecimento elétrico, quando se tem, o
área perigosa. O local que não é nem Zona risco de congelamento ou quando se quer
0, 1 ou 2 é por exclusão e definição, área reduzir a viscosidade do fluido de
segura. Exemplo clássico de área segura é enchimento, torna-se o instrumento
a sala de controle. Porem, há normas envolvido em elétrico. Como conclusão,
relacionadas com as condições interiores instrumento elétrico é todo aquele que
da sala de controle para garantir sua incorpora um circuito funcional ou auxiliar
segurança. Essas normas estabelecem e de natureza elétrica.
exigem a pressurização da sala, vedação
das portas e janelas, selos nos cabos que Classificação de Temperatura
se comunicam com as áreas classificadas, A eletricidade, por causa do efeito
ventilação e temperatura adequadas. Joule, pode provocar aquecimento. A alta
A classificação de área é de temperatura, por sua vez, pode se
responsabilidade exclusiva do usuário final, constituir em fonte de energia, capaz de
pois apenas ele pode garantir a inflamar ou provocar explosão de
observância de normas de operação, determinada mistura ar + gás perigoso. Em
manutenção, bem como de fazer vista desses fatos, todo instrumento
inspeções periódicas no local. elétrico deve também possuir uma
O conhecimento da classificação da classificação de temperatura. A
área é fundamental e é o ponto de partida classificação de temperatura está
para a especificação correta dos relacionada com a máxima temperatura
instrumentos. A especificação do que a superfície ou qualquer componente
instrumento, encaminhada do fabricante interno do instrumento pode atingir, em
pela firma de engenharia ou pelo pessoal funcionamento normal, quando a
do processo da planta, deve determinar temperatura ambiente é de 40oC.
claramente qual a classificação do local Foram estabelecidas e definidas seis
onde será montado o instrumento: Classe, classes de temperatura, mostradas na Tab.
Grupo e Zona. 5.8.

4.222
Especificação de Instrumentos

Tab.5.8. Classificação de Temperatura seguro. Por isso os principais laboratórios


de teste e certificação, Factory Mutual e
Classe Temperatura (oC) Underwriters, são suportados por
T1 450 companhias de seguro, particulares.
T2 300 No Canadá, porém, o governo federal
T3 200 está envolvido. É contra a lei canadense
T4 135 energizar qualquer equipamento operado
T5 100 eletricamente a não ser que ele tenha sido
T6 80 certificado para uso por um laboratório
governamental, que é o CSA (Canadian
A classe de temperatura do Standards Association).
instrumento deve ser marcada na sua O CSA é um laboratório suportado pelo
plaqueta de identificação. Equipamentos governo, cuja diretiva é garantir que os
cujas superfícies ou componentes não equipamentos oferecidos para venda ao
excedem a 100 oC não necessitam de público são realmente seguros para serem
marcação explícita (Classes T5 e T6). usados. Embora a maior parte do trabalho
Para se usar um instrumento elétrico do laboratório pareça considerar os
em área perigosa é importante se equipamento elétricos, também são
comparar sua classe de temperatura com a considerados materiais de construção,
mínima temperatura de auto-ignição do conexões e outros produtos. O CSA
gás presente. É obvio que a máxima funciona testando produtos em seus
temperatura alcançada pelo instrumento laboratórios, enviando inspetores
deve estar abaixo da mínima temperatura qualificados para examinar produtos e
de auto-ignição do gás presente. A norma publicando normas.
brasileira (ABNT EB 239) estabelece que a O CSA não tem autoridade para
temperatura máxima que o instrumento escrever leis, porém, é possível e muito
pode alcançar deve ser igual ou menor que provável que qualquer estado canadense
70% da mínima temperatura de ignição do (província) requeira que produtos ou
gás flamável. trabalhos estejam de conformidade com
uma determinada norma CSA, que, em
Certificação da Classificação Elétrica efeito, torna esta norma uma lei.
Todo instrumento que tenha alguma Muitos inspetores estaduais não se
alimentação elétrica deve ter uma sentem qualificados para avaliar a
classificação elétrica associada com sua segurança de instrumentos de processo
segurança. A presença de um instrumento construídos por cartões de circuito
elétrico em um local não pode aumentar o integrados, chips de microprocessadores e
risco de haver explosão ou incêndio no por isso eles requerem que os
local. Em outras palavras, a presença do instrumentos tenham certificação CSA. Se
instrumento em um local não pode um produto tem um selo CSA, ele passa.
aumentar o perigo deste local. Este Se ele não tem o selo CSA, ele é
problema de segurança está envolvido, devolvido.
principalmente em plantas que processam A obtenção de um certificado CSA não
produtos flamáveis. Quando há vapores, é muito fácil. Antes de tudo, o CSA tem
gases, pós e fibras em um local, em muitos instrumentos para certificar. Um
condição normal ou devido a um instrumento do modelo a ser certificado
vazamento anormal, o instrumento elétrico deve ser submetido a teste de laboratório
pode fornecer a fonte de ignição para verificar sua segurança causada por
necessária para criar uma explosão ou um falha elétrica. O instrumento pode ser
incêndio. Isto já aconteceu. destruído durante o processo do teste.
Há diferenças filosóficas nos enfoques Finalmente, o CSA tem tanto trabalho, que
tomados com este problema em função do um teste e sua certificação podem levar
país. Nos Estados Unidos da América, a mais de um ano para serem realizados.
questão da segurança do equipamento A situação brasileira é teoricamente
alimentado eletricamente é uma questão igual à do Canadá. Aqui há o Labex, no
entre o usuário e sua companhia de Cepel.

4.223
Especificação de Instrumentos

Classes de proteção resistente que a explosão fica confinada


O instrumento elétrico, mesmo de uso no seu interior.
geral em área segura, deve prover De outro modo, o instrumento à prova de chama
proteção pessoal contra choque elétrico, possui aberturas de escape de modo que, quando
contra efeito de temperatura excessiva, houver um incêndio no seu interior, a chama é
contra propagação de fogo, contra os resfriada quando vai para fora. Embora os enfoques
efeitos de explosão ou implosão, contra os sejam diferentes, o resultado final é o mesmo: a
efeitos de ionização e radiação de explosão ou a chama no interior do instrumento não
microondas, pressão de ultra-som. Um se propaga para a área externa. Em qualquer
instrumento elétrico para uso em área situação há segurança, o instrumento continua
perigosa deve prover todas as proteções operando normalmente, sem interrupção, mesmo
dos instrumentos de uso geral mais a com a ocorrência de explosão ou chama no seu
proteção contra a ignição da atmosfera interior. O instrumento não é, não pode e nem
externa. precisa ser, totalmente vedado e contem em seu
Qual a classificação da área, quais as interior um circuito elétrico perigoso. As superfícies
normas aplicáveis e qual a aprovação da do instrumento que estão em contato direto com a
agência de teste: tudo isso deve ser atmosfera flamável exterior devem ter a máxima
definido e informado para a compra de um temperatura abaixo da temperatura de ignição da
instrumento elétrico. mistura gasosa especifica. A prova de explosão é
Há vários tipos de proteção para evitar uma técnica geralmente aplicada a instrumentos ou
que um instrumento elétrico provoque equipamentos de pequeno volume físico.
ignição ou explosão de misturas gasosas Extensivamente, pode ser aplicada a motores,
perigosas. Qualquer proteção é aceitável, luminárias, conexões. O instrumento deve ter uma
desde que o instrumento seja marcação que o identifique como tal. Deve ainda
adequadamente instalado e todas as haver advertências relacionadas com a operação e
instruções mencionadas nos certificados e manutenção do instrumento. O instrumento à prova
relatórios sejam seguidas. Deve ser levado de explosão só pode ser aberto ou desligado
em conta que a classificação elétrica do eletricamente ou quando se garante, por
instrumento deve garantir que a sua analisadores locais, que não há a presença do gás
simples presença não compromete a perigoso no local de montagem do instrumento.
segurança do local. As normas de
segurança nada dizem, nem poderiam
dizer, acerca do funcionamento
operacional do instrumento de controle.
Fundamentalmente, há duas grandes
categorias de proteção:
1) Há explosão, porem a explosão é
confinada ou controlada no interior do
instrumento, de modo que não se
propaga para o seu exterior. Por
exemplo, prova de explosão (ou prova Fig. 1.4.20. Invólucro á prova de explosão
de chama).
2) Não há explosão. Nesse caso, pode se Um instrumento à prova de explosão
evitar a explosão ou cuidando-se da pode ser usado normalmente em Zona 2
mistura gasosa (purga/pressurização) em todas as Classes e Grupos e em Zona
ou cuidando-se da fonte de energia 1, com algumas restrições de Grupos. Não
(segurança intrínseca e não acendível). se pode usar instrumento à prova de
explosão em Zona 0.
Prova de explosão ou prova de chama
Prova de explosão (linguagem norte Purga ou pressurização
americana) ou prova de chama (linguagem Na pratica e para efeito de proteção,
européia) é uma técnica de proteção purga (vazão) e pressurização (pressão)
alternativa que permite a ocorrência de possuem o mesmo significado. A proteção
uma explosão no interior do instrumento. é conseguida pela aplicação de uma
Porem, o invólucro do instrumento é tão pressão positiva em relação à pressão

4.224
Especificação de Instrumentos

externa, através da vazão de um gás inerte intrinsecamente seguros podem ser


ou ar puro, no interior da caixa do montados em Zona 2, 1 e até Zona 0.
instrumento. Esta pressão interna positiva
impede a entrada dos gases perigosos
existentes na atmosfera circundante. A
pressurização impede o contato da mistura
perigosa com a fonte de ignição. A pressão
aplicada é da ordem de 5 a 10 mm de
coluna d’água.
Um instrumento com purga pode ser
usado em Zona 1 ou Zona 2, dependendo Fig. 1.4.21. Sistema com segurança intrínseca
do tipo do circuito interior, se de uso geral
ou não acendível. Dependendo da Zona do
local e do tipo do circuito interno, são Os instrumentos com classificação de
necessárias salvaguardas adicionais ao segurança intrínseca devem ter marcação
sistema de pressurização, tais como, que os identifique como tais. Na plaqueta
chaves de desligamento com abertura da de aprovação deve haver a recomendação
porta, temporizadores, portas trancada, de que a segurança pode ser perdida com
fusíveis, pressostatos. a substituição não criteriosa de alguns
A técnica de purga/pressurização pode componentes críticos.
ser aplicada a instrumentos de grande
volume, onde a técnica de prova de Não acendível e outros
explosão é impraticável. Um circuito não acendível pode conter
componentes que produzam faísca em
Segurança intrínseca
condições normal, porem, a energia
Um sistema intrinsecamente seguro é entregue por tais componentes é limitada a
constituído pelo equipamento e sua valores incapazes de provocar ignição na
respectiva fiação, onde a energia elétrica mistura perigosa especifica. O circuito não
ou térmica é insuficiente para provocar a acendível só é seguro em condição normal
ignição ou explosão de uma mistura de operação. O instrumento não acendível
gasosa especifica, em condições normais só pode ser usado em Zona 2, sem
e anormais determinadas. A segurança restrições. Quando usado em Zona 1, deve
intrínseca inclui considerações combinadas ser pressurizado com gás inerte.
de limitação de tensão (diodos Zener), Circuito não-faiscadores contem
limitações de corrente (resistores e componentes que não produzem faísca em
fusíveis) e máxima indutância e operação normal. Isso é conseguido
capacitância reais e parasitas da carga e através de encapsulamento de
da fiação. O sistema se baseia na componentes, imersão em óleo.
colocação de barreira de energia elétrica Circuito com segurança aumentada
entre o local seguro e o local perigoso. envolvem componentes de equipamento
Desse modo, o sistema inclui com selagem, encapsulamento, dupla
equipamentos montados na área perigosa isolação, espaçamentos maiores que os
e alguns equipamentos (geralmente a normais, resistência à corrosão e controle
barreira de energia) montados na área de qualidade mais severo e individual.
segura. No sistema podem ser combinados
instrumentos de fabricantes diferentes, Critérios da classificação elétrica
porem, todos os equipamentos com A classificação elétrica do instrumentos
aprovação devem ter certificados do deve ser compatível com a classificação do
mesmo laboratório de teste. local perigoso. Um principio básico comum
Pelo próprio principio, o conceito de a todos os tipos de proteção e aceito por
segurança intrínseca só se aplica a todos é o de que há segurança quando e
sistema de instrumentação de controle de somente quando são providos dois eventos
processo e de comunicação, que independentes, cada um de baixa
naturalmente podem operar com baixo probabilidade, entre a probabilidade de
nível de energia. Os instrumentos haver a presença do gás perigoso com a

4.225
Especificação de Instrumentos

probabilidade de falha do equipamento 2. mau funcionamento dos


elétrico. equipamentos e
Desse modo, há segurança nos 3. presença dos instrumentos no local.
seguintes casos combinatórios: Quando o sistema é mal projetado, ele
1) Local seguro (probabilidade zero de não funcionará, quer seja pneumático, quer
haver gás perigoso) com um seja eletrônico. E o mau projeto pode levar
instrumento de uso geral (probabilidade o sistema para uma condição insegura.
1 de haver fonte perigosa). A probabilidade de um instrumento
2) Local de Zona 2 (pequena probabilidade pneumático levar o sistema bem projetado
de haver gás) com um instrumento não para uma situação perigosa, por causa de
incenditivo (pequena probabilidade de seu mau funcionamento é equivalente à do
falhar). instrumento eletrônico.
3) Local de Zona 1 (grande probabilidade A probabilidade da presença do instrumento
de haver gás) com um instrumento pneumático provocar um incêndio ou uma explosão
intrinsecamente seguro (só se torna num local perigoso é praticamente zero e por isso
inseguro quando houver duas falhas não há nenhuma restrição de uso de instrumentos
independentes e de pequena pneumáticos em áreas classificadas, onde há a
probabilidade individual). presença de gases, pós e fibras inflamáveis e
4) Local de Zona 1 (grande probabilidade explosivas.
de haver gás) com um instrumento não O instrumento eletrônico pode constituir
incenditivo (pequena probabilidade de a fonte de energia suficiente para provocar
falha) com pressurização (pequena o incêndio ou a explosão de atmosferas
probabilidade de falha no sistema de perigosas. Deste modo, a não ser que o
pressão). instrumento eletrônico tenha uma
5) Local de Zona 1 (grande probabilidade classificação elétrica e de temperatura de
de haver gás) com um instrumento de conformidade com a classificação do local
uso geral (grande probabilidade de onde ele é instalado, é vedado o seu uso
perigo) com pressurização (pequena em locais perigosos.
probabilidade de falha) e com Para tornar permitido e seguro o uso de
salvaguarda adicional, tal como instrumentos eletrônicos em áreas
colocação de pressostato (pequena perigosas foram desenvolvidas técnicas
probabilidade de falha). especiais e alternativas de proteção,
De qualquer modo, em um local com incorporadas aos seus circuitos e aos seus
determinada classificação só pode ser invólucros. As técnicas de proteção mais
montado um instrumento elétrico que conhecidas e usadas são: à prova de
possua uma classificação elétrica e de explosão ou de chama, a purga ou a
temperatura, marcada em sua etiqueta e pressurização e a segurança intrínseca.
compatível com a do local.
Obviamente, um instrumento para Zona
1 pode ser usado em Zona 2, assim como
um instrumento para Grupo B pode ser
usado em Grupo C e D. Porem, qualquer
exagero de classificação do instrumento é
inconveniente. Só se deve usar um
instrumento com classificação elétrica
especial quando exigido, pois a
classificação elétrica especial pode custar
mais e principalmente, exige cuidados de
operação e manutenção mais rigorosos e
restritivos.
Há vários aspectos relacionados com a
segurança do controle do processo e a
instrumentação:
1. projeto incorreto do sistema,

4.226
Especificação de Instrumentos

Tab. 5.9. Tipos de Proteção para Equipamentos Elétricos

Tipo de Proteção Ex IEC NBR EUA


Uso geral 79-0 9518 NEC
Prova de explosão ou de Chama d 79-1 5363 UL 698/886
Segurança aumentada e 79-7 9883 Não aceita
Segurança intrínseca i 79-11 8446/8447 NFPA 493/UL 913
Hermeticamente selado h 3-36 FM 3610
Encapsulamento (potting) m 79-5 EN 50017
Não incenditivo (no-sparking) n 31-49 Não aceita
Imersão em óleo o 79-6 8601 UL 698
Pressurização ou Purga p 79-2 e 79-13 169 NFPA 496 e ISA 12.4
Enchimento de areia q 79-5 Não aceita
Especial s
Placa protegida
Respiração restrita Suíça BS 4137
Instalação 79-14 158 NFPA 70 e ISA RP 12.6

IGNIÇÃO EVITADA

Sem fonte de energia Controle da atmosfera flamável

Segurança intrínseca Controle da Isolação da fonte


concentração
Segurança aumentada
Encapsulamento
Não incenditivo Seleção do local

Imersão em óleo
Purga ou pressurização
Enchimento de areia
Controle da composição
Respiração restrita
Fig. 1.4.21. Classes de proteção

227
Especificação de Instrumentos

Tab. 5.10. Especificações de Segurança do Produto

Laboratório de Teste, Tipo de Proteção e Condições de Aplicação Código


Classificação de Área
CENELEC, Segurança intrínseca, Gás Grupo IIC, Classe de Temperatura T4-T6 E
Zona 0
CENELEC, Prova de chama, Gás Grupo IIC, Zona 1 Classe de Temperatura T6 D
Europa, não faiscador, Zona 2 Classe de Temperatura T4-T6 N
CSA, Segurança intrínseca, Classe I, Divisão 1, Classe de Temperatura T6 em C
Grupos A, B, C e D, Classe II, Divisão 1, Grupos E, F ambiente máximo de 40 oC e T4 em
e G e Classe III, Divisão 1 ambiente máximo de 85 oC
CSA, Prova de explosão para Classe I, Divisão 1,
Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó para
Classe II, Div. 1, Grupos E, F e G e Classe III, Div. 1
CSA, Não incenditivo para Classe I, Divisão 2, Ligar a fonte não excedendo 42,4 V.
Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó para Classe de Temperatura T6 em
Classe II, Div. 1, Grupos E, F e G e Classe III, Div. 2 ambiente máximo de 40 oC e T4 em
ambiente máximo de 85 oC
FM, Segurança intrínseca, Classe I, Divisão 1, Classe de Temperatura T6 em F
Grupos A, B, C e D, Classe II, divisão 1, Grupos E, F ambiente máximo de 40 oC e T4 em
e G e Classe III, Divisão 1 ambiente máximo de 85 oC
FM, Prova de explosão para Classe I, Divisão 1, Classe de Temperatura T6
Grupos B, C e D e a prova de ignição de pó para
Classe II, Div. 1, Grupos E, F e G e Classe III, Div. 1
FM, Não incenditivo para Classe I, Divisão 2, Grupos Ligar a fonte não excedendo 42,4 V.
B, C e D e a prova de ignição de pó para Classe II, Classe de Temperatura T6 em
Divisão 1, Grupos E, F e G e Classe III, Divisão 2 ambiente máximo de 40 oC e T4 em
ambiente máximo de 85 oC

228
Especificação de Instrumentos

metálicos que entram em contato com


4. Corrosão dos Instrumentos produtos de exploração de petróleo, óleo
ou gás, que possuam enxofre ou acido
sulfídrico como impurezas.
4.1. Tipos de Corrosão
De um modo simplificado, a corrosão é 4.2. Corrosão nos instrumentos
o ataque destrutivo sofrido por um material Os resultados da corrosão de um
e causado por um produto químico. Os instrumento dependem tanto do tipo da
engenheiros de corrosão conhecem de 50 corrosão como do tipo ou função do
a 60 tipos diferentes de corrosão, embora instrumento. Para efeitos didáticos pode-se
as diferenças entre alguns tipos sejam dividir em duas grandes categorias as
mais técnicas do que praticas. Sob o ponto falhas resultantes da corrosão: contenção
de vista de instrumentação3 são do processo e funcionais do instrumento.
importantes e mais encontradas três A válvula de controle e alguns
modalidades de corrosão: química, medidores de vazão contem em seu
galvânica e ruptura por tensão (stress interior o próprio processo a ser
cracking). controlado,. com todos os seus rigores.
A corrosão química é, muito Quando tais instrumentos sofrem corrosão,
simplesmente, o que o nome implica: o de modo a perder sua integridade física, a
produto químico de ataque dissolve ou linha onde o instrumento está montado
reage com o material com o qual ele está certamente vaza produto para o exterior.
em contato direto. Essa é a corrosão que Os resultados desse tipo de falha podem
ocorre com as partes molhadas que estão variar desde um pequeno inconveniente,
em contato com o processo industrial. facilmente reparável, até um prejuízo
A corrosão galvânica ocorre quando pessoal, envolvendo fogo e explosão, com
dois metais diferentes são colocados em perda de vidas e destruição de
contato e expostos a uma solução equipamentos.
condutora. O efeito final é a destruição do As falhas funcionais podem, ainda, ser
metal mais reativo e proteção do metal de dois tipos distintos:
menos reativo. Essa propriedade pode ser 1) perda total da função, exigindo
usada, beneficamente, para proteção reparo ou substituição do instrumento
contra corrosão. completo ou
A corrosão galvânica pode ocorrer em 2) perda parcial da função, que pode
tubulações com isolação térmica , resultar na queda da eficiência do
simplesmente se forem usados dois metais processo. A falha funcional parcial
levemente diferentes, por exemplo, aço pode, inclusive, ficar totalmente
carbono e aço inoxidável, um para o tubo desconhecida durante grandes
interno e outro para o externo. A corrosão períodos de tempo ou degradar
galvânica pode ainda acontecer entre continua e vagarosamente a
diferentes partes de um mesmo metal. Ou eficiência do processo.
seja, quando se tem um mesmo material, Os fatores que estimulam e aumentam
porem, com diferentes níveis de tensão a corrosão são: não homogeneidade dos
mecânica, com efeitos térmicos de solda metais, solda imprópria, acabamento
ou de tratamento, com impurezas, pode se rugoso, tensão mecânica, impureza, maior
ter a corrosão galvânica entre suas partes. concentração na solução eletrolítica,
A corrosão galvânica é mais importante solução gasosa na fase liquida,
para as partes do instrumento expostas à turbulência, uso de metais muito
atmosfera. diferentes, presença de oxigênio, maior
A corrosão por ruptura de tensão é a umidade e mofo. Os fatores que inibem a
falha do metal devida à combinação da corrosão são: melhor acabamento, alivio
tensão mecânica e um ambiente corrosivo de tensões mecânicas, passivação de
especifico. Ela é a causa de muitas falhas metais e revestimento de superfícies e
em ligas metálicas. A corrosão por ruptura proteção catódica. Alias, a proteção
de tensão ocorre comumente em materiais catódica é feita por métodos envolvendo

229
Especificação de Instrumentos

eletricidade e portanto há restrições de lugar, há diferenças de composição da


aplicação, quando aplicada em área matéria prima, há diferentes fornecedores
perigosas classificadas. de materiais, há variações não controladas
de pressão e temperatura. O material para
4.3. Partes molhadas um simples tanque é selecionado
considerando-se a corrosão tolerável
As partes molhadas pelo processo são
durante toda sua vida útil. As coisas se
geralmente os elementos sensores, selos,
complicam quando se seleciona material
poços de temperatura, bulbos, internos das
das partes de um instrumento. Os
válvulas e o interior de alguns medidores
materiais devem ser resistentes à corrosão
de vazão. As partes molhadas devem
e paralelamente devem satisfazer as
suportar temperatura e pressão extremas e
necessidades funcionais, tais como
devem resistir ao ataque corrosivo dos
resistência mecânica, constante de mola,
produtos químicos manipulados. O
flexibilidade, ductilidade e elasticidade.
principal problema é que os produtos de
Muitas vezes, se reconhece que
processo aparecem em uma variedade
determinado material é o mais indicado
infinita e os materiais de construção não.
para uma aplicação corrosiva, porem, ou
Para piorar a situação, a corrosão das
ele não é processável ou suas
partes molhadas geralmente provoca falha
propriedades inerentes não satisfazem a
do tipo contenção do processo, cuja
tarefa a que seria destinado.
conseqüência é a pior possível.
Depois de escolhido o material mais
Para evitar ou limitar a ocorrência da
adequado, os procedimentos de fabricação
corrosão, quatro áreas devem ser
envolvem tratamentos térmicos,
consideradas: seleção de materiais,
manipulação física das peças, com cortes,
procedimento de fabricação, projeto do
usinagem e acabamento que podem
sistema e inspeção de campo. As partes
estimular ou inibir a corrosão.
envolvidas continuam sendo as três já
mencionadas: fabricantes, engenheiro de
especificação e usuário.
A seleção do material é a mais
complexa das áreas a serem definidas,
tanto por causa da atribuição da
responsabilidade como pelo problema em
si.
Pela lei de Paretto, 10% das aplicações
envolvem cerca de 90% dos problemas.
Mesmo que isso possa ser considerado
uma pequena percentagem, é necessária e
Fig. 1.4.23. Corrosão em conexão
suficiente uma única má aplicação para
metálica
causar um número elevado de problemas e
grandes prejuízos. O problema da seleção
do material poderia parecer de fácil
A responsabilidade da escolha do
solução, pois todo técnico tem
material, porem, é do usuário final.
conhecimento de tabelas de corrosão4,
O fabricante não tem nenhum controle
que mostram como se comporta um
sobre o que acontece aos instrumentos
determinado material na presença de certo
depois que eles são entregues ao usuário.
produto químico. Seria apenas uma fácil e
Apenas o usuário final tem condições de
simples questão de casamento do
fazer as sucessivas inspeções aos
processo com o material do instrumento.
equipamentos, essenciais à garantia da
Infelizmente as coisas não ocorrem de
integridade dos instrumentos.
modo tão simples., É difícil o próprio
conhecimento do processo real.
4.4. Materiais de revestimento
Certamente se conhece o principal
produto, porem, há subprodutos, Alem do material de fabricação, é
contaminantes variáveis com o tempo e o interessante a aplicação de materiais de

230
Especificação de Instrumentos

revestimento. É uma pratica comum o instrumento não estejam submetidas às


revestimento de cápsula de transmissor, condições desfavoráveis do ambiente
por causa de um dos seguintes motivos: 1) externo e do processo, elas possuem uma
proteção contra corrosão provocada pelo função muito mais importante. Assim, a
fluido do processo ou 2) proteção contra corrosão da tampa ou mesmo do corpo de
aderência e deposição dos produtos um transmissor provavelmente não afetará
sólidos, também provocada pelo fluido do sua operação, enquanto que uma leve
processo. deposição de material orgânico na sua
Um produto típico para revestimento de cápsula ou no seu conjunto bico-palheta,
superfícies de contato é o Ryton pode introduzir erros grosseiros de
(Phillips Petroleum Co) porque apresenta medição ou transmissão.
uma boa resistência à corrosão e tem a Geralmente, não se pode usar
habilidade de formar uma película fina, não revestimento de proteção nas partes
porosa. Em algumas aplicações que internas do instrumento. Barras de força,
envolvam fortemente oxidantes, tais como elos de ligação, foles, conjuntos bico-
flúor, cloro, acido nítrico, o Ryton não é palheta, molas, flexores, fulcros de apoio,
recomendado. A alternativa ideal é o uso todas essas peças não podem ter nenhum
de Kel-F ( Kellogg) para finas de tipo de revestimento que lhes daria maior
corrosão. Kel-F é um polímero de resistência à corrosão, por causa de suas
trifluoretileno. O revestimento de teflon funções associadas ao principio de
(E.I. Du Pont de Nemours) é excelente funcionamento.
para aplicações onde se quer evitar a A resistência dessas peças é provida
deposição de materiais lodosos. Embora o apenas pelo material e seu acabamento.
teflon seja inerte à maioria dos produtos
corrosivos, o seu revestimento não é 4.6. Instrumentos pneumáticos
adequado para proteção da corrosão da Do ponto de vista de corrosão, os
cápsula, por causa da dificuldade de se instrumentos pneumáticos levam vantagem
conseguir uma camada fina e não porosa. nítida sobre os correspondentes
instrumentos eletrônicos. A razão é
4.5. Partes expostas ao ambiente simples: há sempre um suprimento de ar
O invólucro do instrumento deve ser de puro ao instrumento, geralmente suficiente
um material que resista à corrosão para manter a sua caixa purgada dos
ambiental e também deve prover as materiais contaminados externos. Mesmo
necessidades estruturais. O invólucro é assim, quando aplicável, é necessária a
sempre protegido pelo seu próprio seleção de materiais especiais,
acabamento. Superfícies polidas resistem principalmente dos elementos sensores.
melhor à corrosão que as rugosas. A Algo que deve ser considerado é a
tendência atual para materiais de caixa de tubulação de interligação do sistema
instrumentos é na direção dos plásticos. O pneumático. Os instrumentos pneumáticos
plástico tem demonstrado um desempenho são alimentados e interligados por tubos,
satisfatório em vários ambientes nocivos. tipicamente de cobre (caro, porem mais
Muitos técnicos ainda pensam, fácil de ser trabalhado) aço inoxidável, aço
erradamente, que os invólucros à prova de carbono ou plástico.
explosão devam ser metálicos. Também é A presença de um instrumento
muito comum a associação das vantagens pneumático não compromete a segurança,
do metal com as do plástico: tem-se uma quando usado em locais perigosos. Não
caixa metálica, excelente para fins faz sentido, por exemplo, associar o
estruturais, revestida com produto plástico, instrumento pneumático puro com o
adequado para resistir à corrosão química. conceito de prova de explosão.
As partes internas do instrumento
apresentam problemas diferentes daqueles 4.7. Instrumentos eletrônicos
das partes em contato com o processo e A corrosão ocorre em muitas áreas da
da caixa do instrumento. instrumentação eletrônica. Ela pode
Embora as peças internas do ocorrer na isolação dos cabos, nos

231
Especificação de Instrumentos

contatos elétricos, nos conectores e e elevada umidade relativa, como nos


chaves. Os componentes passivos e ativos trópicos, fala-se da tropicalização do
podem se deteriorar, por causa da circuito eletrônico. Este termo nunca foi
corrosão através de seus claramente definido e historicamente, foi
encapsulamentos ou terminais. Os primeiro usado em equipamentos militares.
circuitos impressos, usados para suportar Na tropicalização, nenhum componente é
e interligar os componentes, podem ser modificado ou protegido individualmente,
corroídos, principalmente por respingos e mas a placa do circuito é totalmente
ataque de produtos químicos. revestida por uma resina de poliuretano.
A corrosão do circuito impresso pode Tal resina é transparente, inerte à umidade
provocar, inclusive, a pior falha possível: a e principalmente, não nutriente para
falha intermitente. Esta falha é aquela fungos.
prevista pela lei de Murphy: ela não A principal desvantagem de todos
aparece na hora do teste e manutenção esses revestimentos de proteção e
mas somente quando o instrumento está tropicalização aparece quando se faz
em operação e provoca prejuízo ao manutenção. Geralmente, é necessário
processo. destruir parte do revestimento durante a
Os primeiros instrumentos eletrônicos manutenção. Obviamente, deve se ter
apresentam uma proteção inerente à sua cuidado na remoção da proteção, para não
natureza: fonte de calor no seu interior. se danificar o circuito impresso,
Essa fonte de calor natural tornava principalmente quando se usa ferro de
baixíssima a umidade relativa do ar dentro solda de grande potência.
do instrumento. Depois da manutenção, é necessária
Infelizmente, o progresso do uso de nova aplicação do revestimento para
circuitos integrados a semicondutores recuperar a proteção ou tropicalização do
reduziu tremendamente a potência dos circuito.
circuitos, aumentou sua versatilidade e Às vezes se usa ventilador externo
eficiência, porem tirou a maior proteção à para a dissipação de calor de alguns
corrosão do circuito, que era o calor. A equipamentos, como a fonte de
proteção dos circuitos eletrônicos, alimentação. Nessas aplicações, deve se
componentes, circuitos integrados, anular a possibilidade do ventilador ser um
circuitos impressos e contatos, nas agente concentrador de impurezas e
condições do processo é um grande causador de corrosão aos componentes do
desafio. Há soluções mecânicas: uso de circuito. É recomendado o uso de um
ouro em contatos de precisão e há sistema de alarme, para indicar a falha do
soluções eletrônicas: uso de chaves ventilador.
estáticas a semicondutores e sem contatos Outra pratica para diminuir os efeitos
moveis. O encapsulamento dos do ambiente industrial é a fabricação de
componentes críticos torna o modulo duas caixas de ligação nos transmissores
encapsulado inerte a muitas atmosferas eletrônicos. Uma caixa aloja o circuito
nocivas, alem de diminuir a influência da eletrônico e raramente é aberta no campo.
umidade e da temperatura ambientes. É Na outra, separada da primeira caixa, há o
uma boa pratica de proteção o bloco terminal de ligações, onde se requer
revestimento de todo o circuito eletrônico maior número de aberturas para a
da placa5. Há vários materiais apropriados manutenção. Ambas as caixas são seladas
para tal revestimento: silicone, epoxy e e vedadas à entrada de umidade e de
poliuretano. Quando seco e curado, tal atmosferas corrosivas.
revestimento é transparente, estável e Deve ser entendido que uma caixa
resistente à abrasão e à corrosão de vários vedada à entrada de umidade, o é também
produtos. A escolha do produto, a para a saída de condensados. Se por
espessura e o número de camadas algum motivo houve entrada de água no
protetoras são funções do tipo do interior da caixa, essa água ficará retida no
ambiente, da umidade relativa e da instrumento e certamente interferirá no seu
temperatura. funcionamento. A solução é proteger a
Em locais de alta temperatura ambiente entrada de água, através de selos nos

232
Especificação de Instrumentos

conduítes de ligação e da tampa. Quando aplicação com pressão acima de 20


a entrada da água é causada pela kg/cm2, o hidrogênio pode vazar
remoção da tampa do instrumento, a diretamente através da parede do
recomendação é o uso de sílica gel no diafragma de aço inoxidável de um
interior da caixa, que deve ser renovada transmissor. Quando se remove ou se
periodicamente. Outra alternativa é a de se reduz a pressão estática do processo, o
fazer a manutenção do instrumento em hidrogênio difuso no interior da cápsula
horários com menor umidade relativa, danifica-a.
tipicamente no começo e no fim do dia. O método de proteção é revestir a
superfície do diafragma da cápsula com
4.8. Processos Marginais uma finíssima camada de ouro. A nova
superfície criada prove um potencial
Serviço com Oxigênio eletroquímico suficiente para aumentar a
dissociação e adicionalmente, oferece uma
O oxigênio puro, quando na presença
estrutura mais densa que dificulta a difusão
de traços de óleo e poeira, pode provocar
do íon H+.
incêndio. Por isso, qualquer equipamento
Estatisticamente, uma cápsula de aço
que possa entrar em contato direto com o
inoxidável normal, submetida à pressão de
oxigênio deve ser manipulado em sala
20 kg/cm2, em atmosfera de hidrogênio
especial de limpeza. O instrumento é
dura cerca de 1 a 5 semanas.
limpo, montado, calibrado e embalado em
Quando, nas mesmas condições, usa
condições de limpeza especiais. Suas
se uma cápsula de aço inoxidável
peças de reposição são empacotadas
revestida de ouro, a duração da cápsula
individualmente em sacos de polietileno e
passa para vários anos.
são manuseadas sempre com luvas de
O revestimento de ouro representa a
polietileno. O material de limpeza usado
melhor solução disponível para a aplicação
normalmente é o tricloroetileno.
de hidrogênio. Porem, sempre deve se ter
Adicionalmente, alem da ausência de
bem claro tal revestimento não é por
lubrificação, quando a cápsula do
questão de corrosão, mas apenas impedir
transmissor possui liquido de enchimento,
ou diminuir grandemente a penetração do
deve se cuidar da natureza desse liquido.
hidrogênio no interior da cápsula.
O fluido normal de enchimento é o silicone
DC 200 (Dow Corning). Quando há a Serviço com Cloro
possibilidade de vazamento ou entrada de
O cloro, nas condições ambientais de
contato do silicone com um meio oxidante
temperatura e pressão, é um gás pesado,
(oxigênio, cloro, acido nítrico, e.g.) deve se
de cheiro pungente, verde-amarelo
usar um fluido especial, totalmente livre de
(patriota?), altamente tóxico aos animais
hidrogênio. Recomenda-se o uso de
de sangue quente. É um forte agente
fluorlube ( Hooker Chemical), que é um oxidante.
polímero de cloreto de trifluorvinil. Esse Para efeito de manipulação e corrosão,
novo liquido de enchimento, embora o cloro seco é bem comportado.
apresente segurança, sob o ponto de vista Tipicamente, o cloro seco é
de medição apresenta uma grande armazenado em tanque de aço carbono.
variação da viscosidade com relação à Quando o cloro é úmido, poucos materiais
variação da temperatura do processo e comerciais podem lhe resistir
ambiente. Assim, seu uso é recomendado satisfatoriamente. Em instrumentação, os
para faixas de temperatura de -20 oC a materiais de interesse são: prata,
+10 oC e em condições aceitáveis entre
tungstênio, tântalo e Hastelloy C
+10 oC e +45 oC.
(Haynes Stellite). O instrumento para
Serviço com Hidrogênio trabalho com cloro deve ser limpo,
O gás hidrogênio puro, em alta pressão montado, calibrado e embalado em sala
estática, é uma aplicação difícil, pois ele é limpa.
capaz de vazar através de diminutos O eventual liquido de enchimento é
buracos e através de pares finíssimos. Em também isento de hidrogênio e tipicamente
se usa o fluorolube ou fluorinert.

233
Especificação de Instrumentos

A seleção da válvula que manipula materiais são submetidos podem


cloro é controversa. A filosofia da pratica comprometer a sua resistência original. Ou
de proteção, porem, é comum a vários seja, um parafuso construído de
processos corrosivos. Ou se usam conformidade com a norma NACE MR-01-
equipamentos baratos com materiais 75, Classe I e Classe II (expostos
pouco resistentes e tem-se manutenção e diretamente à atmosfera nociva) tem uma
substituição freqüentes ou se usam menor resistência que o normal. O
equipamentos caríssimos com materiais projetista e usuário do equipamento devem
resistentes, com manutenção e conhecer a menor resistência do parafuso
substituição de peças pouco freqüentes. e aplicá-lo adequadamente.
Aplicando-se tal filosofia na manipulação A norma NACE MR-01-75 deve ser
de cloro, pode-se ter: válvula barata de aplicada a todo equipamento exposto a
corpo de ferro fundido, com haste de aço produtos com enxofre e que fica sujeito à
inoxidável, com planejamento de corrosão do tipo ruptura por tensão pelo
substituição em curtos períodos ou válvula enxofre. A ruptura do material seria
de Hastelloy com selo de teflon para evitar extremamente perniciosa, pois impediria o
a entrada do cloro no seu interior, sem equipamento de ser reparado sob pressão,
necessidade de troca de peças ou tornaria perigoso qualquer sistema sob
equipamentos. pressão e comprometeria o funcionamento
básico do instrumento. A observância da
Serviço com traços de enxofre norma evita o aparecimento da corrosão
Quando um material metálico, tipo ruptura por tensão do enxofre. O
principalmente o aço, entra em contato equipamento construído com material de
com carboidratos com traços de enxofre, é conformidade com a norma deverá ser
possível o aparecimento do acido sulfídrico marcado com NACE MR-01-75.
(H2S). Tal produto se torna agudamente
tóxico acima de 100 ppm e considerado o
segundo gás comercial mais perigoso (o
campeão é o acido cianídrico, HCN).
Desde que 85% do petróleo do mundo,
inclusive o do Brasil, possuem traços ou
alta percentagem de enxofre, a
manipulação segura desses materiais
interessa tanto ao fabricante como ao
usuário final.
Nos Estados Unidos há uma norma6 de
NACE, que é um guia completo para a
seleção de materiais para resistir à
corrosão. Seu objetivo é o de limitar os
materiais metálicos que estão diretamente
expostos aos produtos de petróleo que
contenham enxofre ou já o acido sulfídrico.
A NACE não certifica o material, mas
apenas define as especificações de alguns
materiais. Embora seja custoso e
demorado, novos materiais podem ser
analisados. Os materiais comumente
envolvidos são: aço carbono, aço
inoxidável de várias classes, monel
Hastelloy e Havar.
A norma se refere à construção de
elementos sensores, selos, parafusos,
poço termal, conjuntos distribuidores de
contorno e equalização de vazão.
Os tratamentos especiais que os Apostila\Instrumentação Especifica.DOC 10 DEZ 98 (Substitui 15 ABR 95)

234
3
Variáveis

0. Introdução
1. Pressão
2. Temperatura
3. Vazão
4. Nível

235
3.0
Variáveis do Processo
Objetivos de Ensino
1. Conceituar quantidades físicas de quantidade, energia, propriedades, intensivas, extensivas,
variáveis, constantes, contínuas, discretas, mecânicas, elétricas, dependentes e
independentes.
2. Apresentar os conceitos e notação da função e da correlação. Mostrar a função linear.
3. Apresentar os conceitos básicos e as unidades das principais variáveis de processo,
como pressão, temperatura, vazão e nível.
4. Listar e descrever os principais mecanismos de medição, de natureza mecânica e
eletrônica, mostrando as vantagens e desvantagens para fins de seleção.
5. Descrever os cuidados para a instalação, interpretação dos dados coletados e a
necessidade de uso de acessórios.

Fig. 3.1.1. Elementos sensores e medidores das variáveis de processo (Foxboro)

236
Variáveis de Processo

qualitativo foram recentemente


1. Variáveis de Processo transferidas para a classe de quantidade,
como eficiência, informação e
probabilidade.
1.1. Introdução
A variável de processo é uma 1.3. Dimensões
grandeza física que altera seu valor em Dimensão é uma característica da
função de outras variáveis e quantidade que pode ser definida
principalmente em relação ao tempo. O quantitativamente. Para descrever
objetivo do controle de processo é o de satisfatoriamente uma quantidade para
manter uma variável constante ou, no um determinado objetivo, as dimensões de
mínimo, variando dentro de certos limites interesse devem ser identificadas e
estabelecidos. Antes de ser controlada, representadas numericamente. Cada
uma variável deve ser medida, dentro de dimensão é medida em unidades. A
uma classe de precisão requerida pelo unidade tem um tamanho relativo e
pessoal do processo. A partir da medição subdivisões que são diferentes entre os
da variável, o operador de processo pode diversos sistemas de medição.
efetuar o controle manual, como aumentar Pode-se somar ou subtrair somente
uma pressão, diminuir uma temperatura, quantidades de mesma dimensão, sendo
encher um tanque (nível) ou fechar uma a dimensão do resultado igual à dimensão
válvula (vazão). Em sistema de controle das parcelas. Pode-se multiplicar ou dividir
automático, o sinal medido é contínua e quantidades de quaisquer dimensões e a
automaticamente comparado com um dimensão do resultado é o produto ou
valor de referência e este erro é usado divisão das parcelas envolvidas.
como função de controle, sem a É possível se ter quantidades
interferência do operador humano. adimensionais, definidas como a divisão
Em um processo industrial típico, mais ou relação de duas quantidades com
de 90% das medições envolvem apenas mesma dimensão; o resultado é sem
quatro variáveis: pressão, temperatura, dimensão ou adimensional. Uma
vazão e nível. As outras variáveis menos quantidade adimensional é caracterizada
comuns incluem: posição, condutividade, por seu valor numérico. Exemplo de
densidade, análise, pH e vibração. quantidade adimensional é a densidade
relativa, definida como a divisão da
1.2. Conceito densidade de um fluido pela densidade da
água (líquidos) ou do ar (gases).
Quantidade é qualquer coisa que
O valor numérico da quantidade,
possa ser expressa por um valor numérico
associado à unidade é também
e uma unidade de engenharia. Por
adimensional. Em matemática as
exemplo,
quantidades geralmente são tomadas sem
massa é uma quantidade física
dimensão.
expressa em kilogramas;
velocidade é uma quantidade expressa
em metros por segundo e
densidade relativa é uma quantidade
física adimensional.
O círculo não é uma quantidade física,
pois é caracterizado por uma certa forma
geométrica que não pode ser expressa
por números. O círculo é uma figura
geométrica. Porém, a sua área é uma
quantidade física que pode ser expressa
por um valor numérico (p. ex., π, 5) e uma
unidade (p. ex., metro quadrado).
Muitas noções que antes eram
consideradas somente sob o aspecto

237
Variáveis de Processo

2. Tipos das Quantidades finais do produto e podem estar


relacionadas com a qualidade do produto.
As quantidades possuem Elas deixam de ser importantes assim que
características comuns que permitem os produtos são feitos. Elas independem
agrupá-las em diferentes classes, sob da quantidade do produto e por isso são
diferentes aspectos. intensivas. As variáveis de energia
Quanto aos valores assumidos, as incluem temperatura e pressão.
quantidades podem ser variáveis ou As variáveis das propriedades das
constantes, contínuas ou discretas. substâncias são específicas e
Sob o ponto de vista termodinâmico, características das substâncias. Todas as
as variáveis podem ser intensivas ou grandezas específicas são intensivas. Por
extensivas. ou podem ser variáveis de definição, o valor específico é o valor da
quantidade ou de qualidade. variável por unidade de massa. Por
Com relação ao fluxo de energia manipulada, as exemplo, energia específica, calor
variáveis podem ser pervariáveis ou transvariáveis. específico e peso específico. As principais
Sob o ponto de vista de função, as variáveis de propriedade são: a
variáveis podem ser independentes ou densidade, viscosidade, pH,
dependentes. condutividade elétrica ou térmica, calor
Obviamente, estas classificações se específico, umidade absoluta ou relativa,
superpõem; por exemplo, conteúdo de água, composição química,
1. a temperatura é uma quantidade explosividade, flamabilidade, cor,
variável contínua de energia intensiva, opacidade e turbidez.
transvariável;
2. a corrente elétrica é uma variável 2.2. Extensivas e Intensivas
contínua de quantidade, extensiva e
O valor da variável extensiva depende
pervariável.
da quantidade da substância. Quanto
Para se medir corretamente uma
maior a quantidade da substância, maior é
quantidade é fundamental conhecer todas
o valor da variável extensiva. Exemplos de
as suas características. A colocação e a
variáveis extensivas: peso, massa,
ligação incorretas do medidor podem
volume, área, energia.
provocar grandes erros de medição e até
O valor da variável intensiva independe
danificar perigosamente o medidor.
da quantidade da substância. Em um
Na elaboração de listas de
sistema com volume finito, os valores
quantidades do processo que impactam a
intensivos podem variar de ponto a ponto.
qualidade do produto final é também
As variáveis de energia e das
necessário o conhecimento total das
propriedades das substâncias são
características da quantidade.
intensivas, porque independem da
quantidade da substância. Exemplos de
2.1. Energia e Propriedade
variáveis intensivas: pressão,
As variáveis de quantidade e de taxa temperatura, viscosidade e densidade.
de variação se relacionam diretamente
com as massas e os volumes dos 2.3. Pervariáveis e Transvariáveis
materiais armazenados ou transferidos no
Uma pervariável ou variável através
processo. As variáveis extensivas
(through) é aquela que percorre o
independem das propriedades das
elemento de um lado a outro. Uma
substâncias. Elas determinam a eficiência
pervariável pode ser medida ou
e a operação em si do processo. As
especificada em um ponto no espaço.
variáveis de quantidade incluem volume,
Exemplos: força, momento, corrente
energia, vazão, nível, peso e velocidade
elétrica e carga elétrica.
de maquinas de processamento.
Uma transvariável ou variável entre
As variáveis de energia se relacionam
dois pontos (across) é aquela que existe
com a energia contida no fluido ou no
entre dois pontos do elemento. Para medir
equipamento do processo. Elas podem
ou especificar uma transvariável são
determinar indiretamente as propriedades
necessários dois pontos no espaço,

238
Variáveis de Processo

usualmente um ponto é a referência. continuamente, porém, quando há


Exemplos: deslocamento, velocidade, alteração de montagem, o novo valor da
temperatura e tensão elétrica. altura é considerado na calibração do
Todos os objetos em um sistema instrumento.
dinâmico envolvem uma relação definida O objetivo do controle de processo é o
entre uma transvariável e uma pervariável. de manter constante uma variável ou
Por exemplo, o capacitor, resistor e indutor deixá-la variar dentro de certos limites.
elétricos podem ser definidos em termos Parâmetro é uma quantidade
da relação entre a transvariável tensão e a constante em cada etapa da experiência,
pervariável corrente. mas que assume valores diferentes em
outras etapas. Deve-se escolher os
2.4. Variáveis e Constantes parâmetros mais significativos entre as
várias características do processo. Por
A variável de processo é uma
exemplo, quando se faz uma experiência
grandeza que altera seu valor em função
para estudar o comportamento da pressão
de outras variáveis, sob observação ao
de líquidos em um tanque, usando-se
longo de um tempo. Constante é aquela
líquidos com densidades diferentes entre
cujos valores permanecem inalterados
si, a densidade, constante para cada
durante o tempo de observação e dentro
liquido e diferente entre os líquidos, é
de certos limites de precisão.
chamada de parâmetro.
Por exemplo, seja um tanque cheio de
água. A pressão que a coluna de água
2.5. Contínuas e Discretas
exerce em diferentes pontos verticais é
variável e depende da altura. Porém, ao Variável contínua é aquela que
mesmo tempo, a densidade da água pode assume todos os infinitos valores
ser considerada constante, com um numéricos entre os seus valores mínimo e
determinado grau de precisão, em máximo. Na natureza, a maioria absoluta
qualquer ponto do tanque. Diz-se, então, das variáveis é contínua; a natureza não
que a pressão da água é uma quantidade dá saltos. Uma variável contínua é
variável em função da altura liquida e a medida. Exemplo de uma variável
densidade da água é uma quantidade contínua: a temperatura de um processo
constante em função da altura liquida e do que varia continuamente entre 80 e 125
o
tempo. C.
Pode-se considerar incoerente chamar Variável discreta é aquela que assume
uma variável de constante. Porém, uma somente certos valores separados. Na
quantidade constante é um caso especial prática, as variáveis discretas estão
de uma quantidade variável. A constante é associadas a eventos ou condições. Uma
a variável que assume somente um valor variável discreta é contada. Por exemplo,
fixo durante todo o tempo. Como, na uma chave só pode estar ligada ou
prática, sempre há uma variabilidade desligada. O número de peças fabricadas
natural em qualquer grandeza, deve-se é um exemplo de variável discreta.
estabelecer os limites de tolerância, dentro
dos quais a grandeza se mantém 2.6. Mecânicas e Elétricas
constante.
As quantidades mecânicas são as
Em instrumentação, raramente se
derivadas do comprimento, massa, tempo
mede continuamente uma constante.
e temperatura. São exemplos de
Como ela é constante, basta medi-la uma
quantidades mecânicas:
única vez e considerar este valor em
1. área e volume que dependem
cálculos ou compensações. Por exemplo,
apenas do comprimento.
a diferença de altura do elemento sensor e
2. velocidade e aceleração que
do instrumento receptor influi na pressão
envolvem comprimento e tempo.
exercida pela coluna líquida do tubo
3. força, energia e potência que
capilar. Esta altura é definida pelo projeto,
envolvem massa, comprimento e
mantida na instalação e considerada na
tempo
calibração. Ela não é medida

239
Variáveis de Processo

4. freqüência que depende apenas do O coulomb (C), unidade de quantidade


tempo. de eletricidade, é a quantidade de
A produção contínua de eletricidade se eletricidade transportada em 1 s por uma
tornou realidade com a invenção da pilha corrente de 1 A.
por Volta, em 1800. A análise dos circuitos O farad (F), unidade de capacitância, é
elétricos começou em 1827, quando a capacitância entre as placas do
George Simon Ohm descobriu a relação capacitor onde aparece uma diferença de
entre tensão, corrente e resistência. Nesta potencial de 1 V quando é carregado por
época as unidades destas grandezas uma quantidade de eletricidade de 1 C.
ainda não eram estabelecidas. Os valores O henry (H), unidade de indutância
de corrente eram medidos com um arranjo elétrica, é a indutância de um circuito
de agulha, compasso e bobina. Os valores fechado em que uma força eletromotriz de
da tensão elétrica eram estabelecidos em 1 V é produzida quando a corrente elétrica
termos de potencial de uma pilha voltaica varia uniformemente à taxa de 1 A/s.
específica. Os valores de resistência eram O weber (Wb), unidade de fluxo
estabelecidos em termos da resistência de magnético, é o fluxo que, ligando um
um comprimento particular de fio de ferro circuito de uma volta produz nele uma
com um diâmetro específico. força eletromotriz de 1 V se for reduzido a
Era evidente a necessidade de zero em uma taxa uniforme de 1 s.
unidades no campo elétrico, relacionadas O tesla (T) é a densidade de fluxo de 1
com as unidades mecânicas já Wb/m2.
estabelecidas, como comprimento massa As principais variáveis envolvidas na
e tempo. Em 1832, Karl Friedrich Gauss indústria de processo são quatro:
mediu a intensidade do campo magnético temperatura (grandeza de base), pressão
da terra em termos de comprimento, (mecânica), vazão volumétrica ou mássica
massa e tempo. Em 1849, Wilhelm (mecânica) e nível (mecânica). Em menor
Kohlraush mediu a resistência em termos freqüência, são também medidas a
destas unidades. Wilhelm Weber, em densidade (mecânica), viscosidade
1851, introduziu um sistema completo de (mecânica) e composição (química).
unidades elétricas baseado em unidades Porém, na instrumentação, são
mecânicas. Estes princípios de Weber manipulados os sinais pneumático
formam a base do sistema atual de (mecânico) e eletrônico. Por causa da
medições elétricas. Em 1861, a instrumentação eletrônica, as quantidades
Associação Britânica para o Avanço da elétricas como tensão, resistência,
Ciência introduziu o ohm padrão, baseado capacitância e indutância se tornaram
no fio de liga platina e prata. muito importantes, pois elas estão ligadas
As unidades elétricas SI derivadas aos instrumentos eletrônicos de medição e
podem ser definidas em função de controle de processo.
quantidades mecânicas.
O volt (V), unidade de diferença de
potencial e força eletromotriz, é a
diferença de potencial entre dois pontos
de um fio condutor conduzindo uma
corrente constante de 1 A, quando a
potência dissipada entre estes pontos é
igual a 1 W.
O ohm (Ω), unidade de resistência
elétrica, é a resistência elétrica entre dois
pontos de um condutor quando uma
diferença de potencial constante de 1 V,
aplicada a estes pontos, produz no
condutor uma corrente de 1 A, o condutor
não sendo fonte de qualquer força
eletromotriz.

240
Variáveis de Processo

3. Faixa das Variáveis down). Quando a variável atinge os


valores de desligamento, todo o processo
é desligado, para proteger o operador ou
3.1. Faixa e Amplitude de Faixa os equipamentos envolvidos.
O conjunto de todos os valores que Há variáveis que podem assumir
podem ser assumidos pela variável é valores negativos e positivos, em função
chamado de faixa da variável (range). A do processo e da unidade usada. Por
faixa da variável é expressa por dois exemplo, a pressão manométrica pode ter
números: limite inferior (0%) e limite valores positivos e negativos (vácuo).
superior (100%). Porém, a pressão absoluta só pode
O intervalo finito, dado pela diferença assumir valores positivos. A temperatura
algébrica dos dois limites, é chamado de na escala Celsius pode assumir valores
amplitude de faixa da variável (span). A negativos ou positivos; porém, a
amplitude de faixa é expressa por um temperatura absoluta ou termodinâmica só
único número positivo. pode assumir valores positivos, em kelvin.
Por exemplo, a faixa de temperatura
de 15 a 30 oC tem amplitude de faixa de 3.3. Faixa e Desempenho do
15 oC; (30 - 15 oC = 15 oC). A faixa de -15 Instrumento
a 30 oC tem amplitude de faixa de 45 oC;
[30 - (-15) oC = 45 oC]. Em Metrologia, é fundamental se
A faixa de medição sempre vai de 0 a conhecer a faixa calibrada do instrumento
100%, porém o 0% pode ser igual ou e o seu ponto de trabalho, pois
diferente de zero. A terminologia das tipicamente, a precisão do instrumento é
faixas é a seguinte: expressa ou em percentagem do fundo de
0 a 100 oC - faixa normal escala ou em percentagem do valor
10 a 100 oC - faixa com zero medido.
suprimido O instrumento com erro de zero e de
-10 a 100 oC - faixa com zero elevado amplitude de faixa possui precisão
O conceito de faixa com zero elevado expressa em percentagem do fundo de
ou suprimido é particularmente importante escala. Por exemplo, a medição de vazão
na calibração de transmissores de nível. com placa de orifício tem incerteza
expressa em percentagem da vazão
máxima medida ou do fundo de escala.
3.2. Limites de Faixa
Instrumento com erro devido apenas à
Na prática, uma variável pode ter amplitude de faixa possui precisão
limites de operação normal e limites de expressa em percentagem do valor
operação anormal. Os limites de operação medido. Por exemplo, transmissor
normal são aqueles assumidos pela inteligente de pressão diferencial, turbina
variável quando não há problemas no medidora de vazão.
controle automático do processo. Quando
há falhas no controle automático e estes
limites são atingidos, geralmente existem
alarmes que chamam a atenção do
operador para assumir o controle manual
do processo. O operador deve levar os
valores da variável novamente para dentro
dos limites de operação normal, atuando
manualmente nos instrumentos e
equipamentos do processo. Quando, por
motivos de falha em algum equipamento
ou instrumento da malha de controle
automático, a variável contínua se
afastando dos limites de operação normal,
geralmente são estabelecidos outros
limites de desligamento (trip ou shut

241
Variáveis de Processo

4. Função Matemática onde a e b são constantes arbitrárias.


Uma função matemática pode ser
4.1. Conceito representada por:
1. fórmula analítica
A função é uma regra de acordo com a
2. tabela de valores
qual os valores da variável independente
3. gráfico.
correspondem aos valores da variável
Domínio ou definição da função é a
dependente. A função é a lei de
totalidade dos valores que a variável
correspondência entre os valores das
independente pode assumir.
variáveis. A função é uma relação causal.
A função pode ser contínua ou
Podem existir regras para determinar o
discreta. A função é contínua quando a
valor da variável dependente para cada
variação gradual do argumento resulta em
valor do argumento sem relação
variação gradual da função, sem pulos. A
matemática conhecida. Por exemplo, a
função é discreta quando ela possui
temperatura ambiente varia ao longo de
pontos de descontinuidade. A função pode
um dia ou de um ano, de modo aleatório e
ser periódica, quando se repete em
imprevisível.
intervalos definidos. A função pode ser
As variáveis podem ser independentes
constante, quando assume um único valor.
ou dependentes de outras variáveis. As
A função pode assumir valores múltiplos e
variáveis independentes podem se alterar
ser sempre crescente ou decrescente.
arbitrariamente e são também chamadas
de argumentos. Variáveis dependentes
4.3. Função Linear
tem valores determinados pelos valores de
outras variáveis independentes e são A função linear é muito interessante e
também chamadas de funções. comum. A sua forma geral é:
Por exemplo, a área A do círculo
y = ax + b
S = π r2
onde
S é a variável dependente ou função y é a função
r é a variável independente x é o argumento
As funções podem depender de um a e b são parâmetros constantes.
único argumento (área do círculo em A representação gráfica de uma função linear é uma
função do raio) ou de dois ou mais linha reta, onde
argumentos. Por exemplo, a pressão de a é a inclinação da reta
gás com massa constante, p b é o ponto onde a reta corta o eixo y
-b/a é o ponto onde a reta corta o eixo
RT x
p= A linearidade é um dos parâmetros da precisão do
V instrumento. Ser linear é conveniente pois,
1. dois pontos são suficientes para
depende da temperatura (T) e do volume do gás (V) determinar uma reta e por isso, basta
e R é uma constante física. calibrar apenas dois pontos de uma
faixa de calibração,
4.2. Notação 2. é fácil se fazer interpolação e
Quando y é função genérica de x, tem- extrapolação de pontos.
se: Quando se tem uma relação não-linear
é comum e conveniente linearizá-la,
y = f(x) através da função matemática inversa. Por
exemplo, na medição da vazão com placa
onde x pode assumir certos valores particulares. de orifício, onde a pressão diferencial
Quando a função é conhecida, tem-se: gerada pela placa é proporcional ao
quadrado da vazão, usa-se o extrator de
y = ax + b (linear) raiz quadrada para tornar linear a relação
entre a pressão diferencial e a vazão.

242
Variáveis de Processo

pelo valor zero intermediário. Quando o


coeficiente é zero, não há correlação entre
as duas variáveis e elas são totalmente
y independentes. O coeficiente de
correlação +1 indica uma correlação
positiva perfeita, quando uma variável é
linear e diretamente proporcional a outra;
quando uma aumenta a outra também
y2 aumenta. O coeficiente de correlação -1
indica uma correlação negativa perfeita,
onde uma variável é inversamente
proporcional a outra; quando uma
y1
aumenta a outra diminui linearmente.
Deve-se distinguir claramente entre a
a relação determinística (função
x
0 matemática), onde não há exceção
b x1 x2 alguma e a dependência correlativa
(correlação), onde há muitas exceções
que contradizem a relação, mas que não
Fig. 3. Função linear y = ax + b afetam a validade geral da inferência de
probabilidade.

4.4. Correlação
Correlação é a relação entre duas
variáveis aleatórias que não é função
determinística. Por exemplo, a relação
entre o peso e a altura das pessoas é uma
correlação. O peso não depende
unicamente da altura da pessoa. Se o
peso fosse função apenas da altura, todas
as pessoas mais altas seriam mais
pesadas que as mais baixas. Mas, na
realidade, pessoas de mesma altura tem
pesos diferentes e pessoas com alturas
diferentes podem ter pesos iguais. Mesmo
com tantas exceções, há uma correlação
entre a altura e o peso das pessoas, e de
um modo geral, as pessoas mais altas
pesam mais que as pessoas mais baixas.
Outro exemplo, é a correlação entre o
ato de fumar e a duração da vida das
pessoas. Quando se diz que o fumo reduz
a duração da vida de uma pessoa,
também há um correlação ou dependência
correlativa, porque, embora haja muitas
exceções, experimentalmente se verifica
que a vida média dos não-fumantes é
maior do que a dos fumantes, quando se
considera a distribuição da probabilidade
da duração da vida.
Define-se como coeficiente de correlação
a medida da interdependência entre duas
variáveis. O coeficiente varia
continuamente entre +1 e -1, passando Apostilas\Instrumentação 30Variáveis.doc 14 DEZ 98 (Substitui 10 FEV 94)

243
3.1
Pressão
newton por metro quadrado é estranha
1. Conceitos Básicos mesmo para técnicos e engenheiros.
Assim que o pascal seja aceito e
entendido, fica fácil lidar com as pressões
1.1. Definição extremas de vácuo a altíssimas pressões.
Pressão é força por unidade de área. A
pressão é uma quantidade derivada da
força (massa vezes comprimento por
tempo ao quadrado) e da área A (m2)
(comprimento ao quadrado).
Dimensionalmente, tem-se

[P] = [M][T-2][L-1] P (N/m2) F (N)

onde
[P] é a dimensão de pressão
[M] é a dimensão de massa
[T] é a dimensão de tempo (a) Pressão em tanque
[L] é a dimensão de comprimento
A pressão do fluido é transmitida com F (N)
igual intensidade em todas as direções e A (m2)
age perpendicular a qualquer plano.

1.2. Unidades
A unidade SI para pressão é o pascal P (N/m2)
(Pa).
1 pascal é a pressão de uma força de 1
newton exercida numa superfície de 1 (b) Pressão em tubulação
metro quadrado. Fig. 1.1. Conceito de pressão
O pascal é uma unidade muito
pequena. Um pascal equivale à pressão
exercida por uma coluna d'água de altura A grande vantagem do uso do pascal,
de 0,1 mm. Ela equivale a pressão de uma no lugar do psi (lbf/in2), kgf/cm2 e mm de
cédula de dinheiro sobre uma superfície coluna liquida é que o pascal não depende
plana. Na prática, usa-se o kilopascal (kPa) da aceleração da gravidade do local e da
e o megapascal (MPa). densidade do liquido. A gravidade não está
A área que causou (e ainda causa) envolvida na definição de pascal. O pascal
mais confusão na mudança para unidades tem o mesmo valor em qualquer lugar da
SI foi a medição de pressão. A nova Terra, enquanto as unidades como psi,
unidade de pressão, pascal, definida como

244
Pressão

kgf/cm2 e mm H2O dependem da 1.3. Tipos


aceleração da gravidade do local.
O pascal é também usado para As medições de vazão são geralmente
classificadas como pressão manométrica,
expressar a tensão mecânica e o módulo
pressão absoluta ou pressão diferencial.
de elasticidade dos materiais. Porém, os
Para evitar confusão, é conveniente
altos valores de tensão mecânica são
colocar o sufixo na unidade, para cada tipo
dados em megapascals (MPa) e os valores
de módulo de elasticidade em gigapascals de medição: manométrica (g), absoluta (a)
(GPa). ou diferencial (d).
Em Instrumentação, também se usam o Pressão manométrica
bar e o milibar (mbar). É também comum
A pressão manométrica (gauge) é
se usar altura de coluna d'água ou de
referida a pressão atmosférica. Ela pode
mercúrio para expressar pequenas
assumir valores positivos (maiores que o
pressões. Dimensionalmente é errado
da pressão atmosférica) e negativos,
expressar a pressão em comprimento de
também chamado de vácuo. A maioria dos
coluna líquida, mas subentende-se que a
instrumentos industriais mede a pressão
pressão de 100 mm H2O significa a
manométrica.
pressão igual à pressão exercida por uma
coluna de água com altura de 100 mm. Pressão absoluta
Em Instrumentação é comum ainda se
A pressão absoluta é a pressão total,
usar psi (pound square inch) como unidade
incluindo a pressão atmosférica e referida
de pressão, às vezes, modificada como
ao zero absoluto. Ela só pode assumir
psig e psia, para indicar respectivamente
valores positivos. Mesmo quando se
pressão manométrica (gauge) e absoluta.
necessita do valor da pressão absoluta,
Na borracharia da esquina, a calibração
usa-se o medidor de pressão manométrica
dos pneus é expressa em psi, mas se fala
que é mais simples e barato, bastando
simplesmente libra, que é o modo
acrescentar o valor da pressão atmosférica
preguiçoso de dizer libra-força por
ao valor lido ou transmitido. Só se deve
polegada quadrado. O sugerido pelo SI é
usar o medidor com elemento sensor
pedir ao borracheiro para calibrar o pneu
absoluto para faixas próximas a pressão
com 169 kPa, em vez de 26 libras.
atmosférica; por exemplo, abaixo de 100
kPa.
Tab. 7. Unidades de Pressão
Unidade não SI Unidade SI Pressão medida
1 atmosfera normal 1,013 25 x 105 Pa
1 atmosfera técnica 9,806 65 x 104 Pa
1 bar 1,000 00 x 105 Pa Pressão manométrica
2
1 kgf/cm 9,806 65 x 104 Pa
1 mm H2O 9,806 65 Pa Pressão Atmosférica
1 mm Hg 133,322 Pa
1 psi 6,894 76 x 103 Pa Vácuo ou pressão manométrica negativa
Pressão absoluta
1 torricelli 1,333 22 x 102 Pa
Pressão medida Pressão atmosférica

Pressão absoluta

Zero Absoluto

Fig. 1.2. Conceitos e tipos de pressão

245
Pressão

Pressão atmosférica Pressão de vapor


A pressão atmosférica é a pressão Quando há evaporação dentro de um
exercida pelos gases da atmosfera espaço fechado, a pressão parcial criada
terrestre e foi a primeira pressão a ser pelas moléculas do vapor é chamada de
realmente medida. pressão de vapor. A pressão de vapor de
um liquido ou sólido é a pressão em que
Pressão faixa composta há equilíbrio vapor-líquido ou vapor-sólido.
É aquela que tem pressões de vácuo e A pressão de vapor depende da
pressões positivas em sua faixa de temperatura e aumenta quando a
medição. Por exemplo, a faixa de -200 a temperatura aumenta. Esta função entre a
200 mm H2O. pressão de vapor e a temperatura é a base
da medição da temperatura através da
Pressão diferencial medição da pressão de vapor de liquido
A pressão diferencial é a diferença volátil (classe SAMA II)
entre duas pressões, exceto a pressão
atmosférica. O transmissor de pressão 2. Medição da Pressão
diferencial para a medição de vazão e de
nível é simultaneamente sensível e
robusto, pois deve ser capaz de detectar 2.1. Objetivos da medição
faixas de pressão diferencial da ordem de
A medição e o controle da pressão
centímetros de coluna d'água e suportar
servem para atender algum ou vários dos
pressão estática de até 400 kgf/cm2.
seguintes objetivos
Pressão dinâmica 1. a proteção de equipamento,
A pressão dinâmica da tubulação é a 2. a proteção de pessoal,
pressão devida a velocidade do fluido ( 3. a medição de outra variável, por
1/2 p v2). Chamada de pressão de impacto. inferência,
4. o controle do processo, para a
Pressão estagnação obtenção do produto dentro das
A pressão de estagnação é obtida especificações exigidas.
quando um fluido em movimento é São disponíveis comercialmente vários
desacelerado para a velocidade zero, em elementos sensores de pressão. Os
um processo sem atrito e sem critérios de escolha devem considerar os
compressão. Matematicamente, ela é igual aspectos econômicos e técnicos do
a soma da pressão estática e da pressão processo.
dinâmica. Tem-se a pressão de Sob o ponto de vista de custos, devem
estagnação na parte central do medidor ser considerados os custos da instalação,
tipo pitot. da manutenção, da energia, além do custo
inicial do instrumento.
Pressão estática Como critérios técnicos, devem ser
A pressão estática do processo é a considerados a faixa da medição, a
pressão transmitida pelo fluido nas aplicação do sistema e as condições do
paredes da tubulação ou do vaso. Ela não processo O primeiro ponto a esclarecer é
varia na direção perpendicular a tubulação, qual o tipo da pressão a ser medida, se
quando a vazão é laminar. absoluta, manométrica ou relativa. Depois
os valores máximo e mínimo da faixa, a
Pressão hidrostática largura da faixa e finalmente o grau de
Pressão hidrostática é a pressão preciso, a repetitividade, a rangeabilidade
exercida por líquidos no interior de vasos e e outros parâmetros associados ao
tanques. Neste caso, a pressão é normal à desempenho.
superfície que contem o líquido. No mesmo A escolha do mecanismo básico de
plano horizontal, as pressões em um medição da pressão depende da aplicação
líquido são iguais do sistema indicação local, indicação
remota, controle, alarme, proteção.
Existem elementos sensores que são

246
Pressão

limitados quanto ao torque mecânico, ao 1. os sensores mecânicos sentem a


movimento, ao espaço e não podem ser variável de processo e geram na
usados em sistemas que requerem saída uma força ou um
transmissão remota. deslocamento mecânico;
Como o elemento sensor da pressão 2. os sensores eletrônicos sentem a
fica em contato direto com o processo ou a variável de processo e geram na
pressão entra dentro do elemento sensor, saída uma militensão ou alteram o
é importante considerar o grau de valor de um parâmetro passivo,
corrosão, toxidez e sujeira do fluido do como resistência elétrica,
processo, para a escolha adequada do capacidade, indutância.
material de construção do elemento. As
vezes, deve-se usar o selo de pressão 2.2. Padrões de calibração
para isolar o fluido do processo do
Os padrões industriais para calibração
elemento sensor.
de pressão dependem da faixa medida,
desde vácuo médio (10-1 mm Hg) até 103
MPa. Para pressões na faixa de 10-1 a 10-3
mm Hg, o indicador de vácuo McLeod é o
padrão. Para pressões menores que 10-3,
usam-se técnicas especiais envolvendo
vazão através de sucessivos orifícios
precisos e o manômetro McLeod.
Bomba padrão de peso morto
O manômetro ou bomba de tempo
morto opera sob o princípio de se suportar
um peso (força) conhecido por meio de
uma pressão agindo sobre uma área
Fig. 1.6. Transmissor de pressão diferencial e conhecida. Isso satisfaz a definição de um
sensor padrão primário baseado em massa,
comprimento e tempo. Os pesos para um
dado instrumento de teste são
Em muitos processos as variáveis normalmente identificados em termos de
pressão e temperatura são dependentes, e pressão, em vez de peso.
por isso deve-se conhecer a faixa da
temperatura na medição da pressão.
Quando a temperatura é elevada, exige-se
que o instrumento fique afastado do
processo, principalmente quando o
instrumento é eletrônico. Para resolver
este problema, usa-se um tubo capilar de
ligação e selagem.
Ainda com relação ao processo, é
importante definir a exigência de proteção
de sobre faixa (over range). Há elementos
sensores que naturalmente apresentam
Fig. 1.3. Bomba de peso morto
proteção para sobre faixa; eles são
especificados para operar em uma faixa
O manômetro a pistão ou peso morto é
normal de trabalho e podem ser
usado como padrão para a calibração de
submetidos a pressões mais elevadas,
manômetros industriais. O instrumento a
durante curtos períodos de tempo de
ser calibrado é ligado a uma câmara cheia
situações anormais.
de fluido cuja pressão pode ser ajustada
Os sensores podem ser divididos em
por uma bomba ou válvula. A câmara
duas grandes categorias mecânicos e
também se liga com um pistão vertical em
eletrônicos

247
Pressão

que vários pesos padrão são aplicados. A usa-se o manômetro da coluna em U. O


pressão é lentamente aumentada até que uso da coluna líquida para a medição de
o pistão e os pesos pareçam flutuar, no pressão se baseia no princípio que uma
ponto em que a pressão manométrica do pressão aplicada suporta uma coluna
fluido é igual ao peso morto suportado pelo líquida contra a atração gravitacional.
pistão, dividido por sua área. Para maiores Quanto maior a pressão, maior a coluna
precisões, tomam-se cuidados especiais, líquida suportada.
como a diminuição do atrito entre o pistão A unidade de pressão da coluna líquida
e o cilindro, diminuição da área entre o é o comprimento. Mesmo que o
cilindro e pistão, correção dos efeitos da comprimento não seja reconhecido pelas
temperatura, correção dos efeitos de normas ISO como unidade de pressão, por
deslocamento (buoyancy) do ar e do meio uma questão de conveniência e tradição,
da pressão, condições da gravidade local, ele ainda é muito usado para medir
diferenças das alturas. pequenas pressões.
O método do peso morto só poderia A área da seção transversal do tubo
medir pressões acima da pressão não afeta a medição e por isso pode ser
correspondente ao peso morto colocado não-uniforme. Em um determinado local,
(pressão de tara). Esta dificuldade é com g constante e conhecido, a
superada através de um arranjo físico sensitividade depende somente da
especial. densidade do fluido. Água e mercúrio são
A bomba de peso morto depende da os líquidos mais usados; a água por ser o
aceleração da gravidade. Para um trabalho mais disponível e o mercúrio por ter uma
preciso, a gravidade sob a qual a bomba altíssima densidade e como conseqüência,
está sendo usada como padrão deve ser implicar em pequenas alturas de coluna.
considerada. Se uma bomba de peso
morto e a massa padrão de 1 kilograma
são transportados ao redor do mundo, a
pressão gerada em cada ponto da terra
variará com a variação da aceleração da
gravidade. O mesmo se aplica a unidades
como altura de coluna líquida. A força no
fundo de cada coluna é proporcional à
altura, densidade e aceleração da
gravidade. A variação da aceleração da
gravidade em redor do mundo é
aproximadamente de ±0,1%. Isto pode ser
desprezível em muitas aplicações práticas,
porém, quando se tem transmissores com Fig. 1.4. Colunas e manômetro digital de
precisão especificada de ±0,25%, deve-se precisão
considerar os efeitos da diferença da
gravidade induzida.
A bomba de peso morto permite Para melhorar a precisão devem ser
calibrações na faixa de 104 a 5 x 106 Pa considerados os seguintes parâmetros:
(0,1 a 50 bar) até 2 x 105 a 108 Pa (2,0 a 1. a expansão da escala graduada
1000 bar), com incertezas da ordem de ± 2. valor exato do g local
0,03% da pressão indicada com dados 3. não verticalidade do tubo
certificados fornecidos e rastreáveis com o 4. dificuldade da leitura do menisco do
laboratório nacional. Com cuidado, ela liquido formado pela capilaridade.
pode manter sua precisão durante longo 5. densidade do fluido cuja pressão
período de tempo. está sendo medida. Isto ainda
depende da temperatura e da
Coluna líquida em U pressão. No caso de gases, depende
Para padrão de pressão pequena, também do conteúdo da umidade.
principalmente para calibração de
instrumentos de medição de vazão e nível,

248
Pressão

Para trabalho de alta precisão, todos de Manômetro de Processo. É usado para


estes fatores devem ser considerados. a medição contínua do processo.
Tipicamente, para uma coluna d'água: Outros manômetros, com classes A, B,
1. uma diferença de temperatura de 16 C e D, tem precisões respectivas de ±1%,
oC varia o fator de conversão para ±2%, 3-4% e 5% do fundo de escala.
pascal de 0,18%.
2. diferenças devidas a gravidade são
cerca de 0,1%.
3. o fator devido à densidade do ar é de
0,12%.
Com tais cuidados, pode-se ter
precisão de até 0,01 mm Hg. Quando se
usa coluna d'água para medir pressões
diferenciais em altas pressões estáticas
(ordem de 100 atmosferas), o erro devido
ao desprezo da densidade do ar é da
ordem de 10%.
O manômetro da coluna U pode ter
várias formas, para aumentar sua precisão,
como manômetro com poço, com escala Fig. 1.4. Manômetro padrão (Wallace & Tierner)
inclinada e com micrômetro.
Manômetro de precisão Quanto maior a precisão do
Em instrumentação, é também comum manômetro, maior é o seu custo, mais
usar manômetros para calibrar outros cuidado se requer em seu manuseio e
manômetros. A ANSI, por exemplo, maior freqüência de recalibração é
classifica os manômetros em sete classes necessária para manter sua precisão. Os
de precisão. manômetros de pior precisão geralmente
O manômetro mais preciso (classe são substituídos, quando quebrados, em
vez de serem consertados.
ANSI 4A) tem precisão de ±0,1% do fundo
O uso de manômetro de alta precisão
de escala. Eles tem diâmetro de 12 ou 16".
com bourdon como padrão secundário ou
Eles necessariamente devem ter grande
de teste é conveniente e prático. Ele deve
tamanho físico, para possibilitar a leitura de
ter um certificado indicando o erro real, de
0,1%. Estes manômetros tem
modo que se possa aplicar a correção
compensação de temperatura. Eles devem
adequada. Porem, ele é sujeito a desgaste
ser manuseados com cuidado para
e requer calibrações freqüentes.
preservar a precisão. Quando usando
manômetros de faixa pequena com líquido
como meio de pressão, o efeito da altura 2.3. Sensores Mecânicos
líquida entre a fonte de pressão e o dentro A pressão é determinada pelo balanço
do manômetro deve ser considerado. É de um sensor contra uma força
chamado de Manômetro de Precisão de desconhecida. Isto pode ser feito por outra
Laboratório. pressão (balanço de pressão) ou força
O manômetro com classe 3A é (balanço de força).
calibrado para uma precisão de ±0,25% do Os sensores a balanço de força mais
fundo de escala. Ele tem diâmetro de 6". usados são aqueles que requerem
Geralmente não tem compensação de deformação elástica, como bourdon,
temperatura e deve ser usado em espiral, helicoidais, foles e diafragmas. Os
temperaturas próximas de 23 oC. É sensores a balanço de pressão mais
chamado de Manômetro de Teste. conhecidos são o manômetro de coluna
O manômetro com classe 2A, com líquida e o detector de peso morto.
precisão de ±0,5% do fundo de escala,
também com diâmetro de 4 1/2" e sem
compensação de temperatura, é chamado

249
Pressão

Tubo bourdon C A precisão dos dispositivos é uma


O tubo Bourdon é o mais comum e função do diâmetro do tubo Bourdon, da
antigo elemento sensor de pressão, que qualidade do projeto e dos procedimentos
sofre deformação elástica proporcional à de calibração. Ela varia de ± 0,1% a ± 5%
pressão. Este elemento não é adequado da amplitude de faixa, com a maioria
para baixas pressões, vácuo ou medições caindo na faixa de ± 1%.
compostas (pressões negativa e positiva),
porque o gradiente da mola do tubo
Bourdon é muito pequeno para medições
de pressões menores que 200 kPa (30
psig) .
Os materiais usados para a confecção
dos tubos Bourdon incluem Ni-Span C,
bronze, monel, ligas (Be-Cu) e aços
inoxidáveis (316 e 304) e sua escolha (a) Simples (b) Dupla
depende da faixa de pressão a ser medida. Fig. 1.8. Sensor de pressão tipo espiral
Usam-se materiais de Teflon® ou nylon®
Os tubos Bourdon podem ser secos ou
cheios de algum líquido (e. g., glicerina).
O tubo Bourdon-C pode também ser
em um transmissor de balanço de força. A
pressão aplicada ao tubo tende a "retifica-
lo". O tubo transmite a força resultante
para a extremidade inferior da barra de
força do transmissor. O mecanismo do
para minimizar os desgastes e as folgas.
transmissor de balanço de força pode
incorporar um mecanismo de proteção de
sobre faixa (overrange). Basta colocar um
limitador do movimento da barra de força.
Fig. 1.7. Bourdon C e mecanismos associados
Há proteção de 150% de sobre faixa.
O formato do tubo Bourdon é também
A pressão de processo a ser medida é variável e dependente da faixa de pressão
ligada na extremidade do tubo através de medida tipo C, espiral, helicoidal e a hélice
um soquete enquanto que a outra de quartzo fundido.
extremidade é selada hermeticamente. Por Diafragma
causa da diferença entre os raios interno e
externo, o tubo Bourdon-C apresenta áreas Os sensores de pressão cujo
diferentes para a pressão, logo, as forças funcionamento depende da deflexão de um
exercidas são diferentes e tendem a tornar diafragma são usados, há mais de um
reto o tubo C. Obviamente, a faixa de século. Nos últimos anos, os efeitos da
pressão medida deve ser conveniente de histerese elástica, atrito e desvio foram
modo a provocar deformações elásticas reduzidos, conseguindo-se precisões de
reversíveis. Quando se aplica uma pressão até ± 0,1% da amplitude de faixa. Novos
excessiva, o tubo se deforma materiais com melhores qualidades
definitivamente e pode haver até ruptura elásticas tem sido usados, como ligas de
do tubo. Berílio-Cobre e com pequenos coeficientes
O movimento do tubo-C é não linear e térmicos tais como ligas de Niquel-Span C.
deve-se projetar um sistema de Quando se tem duras condições de
acoplamento mecânico para linearizar este trabalho, temperaturas extremas e
movimento com a pressão medida. Isto é atmosferas corrosivas, os materiais usados
conseguido através do sistema do ângulo são Incomel e aço inoxidável 304 e 316.
caminhante, do pinhão, do pivô e de
engrenagens ou setores de engrenagens
(cams).

250
Pressão

(a) tomada convencional (b) tomada com flange


Fig. 1.11. Transmissores de pressão
Fig. 1.9. Transmissor de pressão com espiral

O diafragma é flexível, liso ou com Coluna Líquida


corrugações concêntricas, feito de uma O sistema de balanço de pressão mais
lâmina metálica com dimensões exatas. As simples é o manômetro ou indicador de
vezes, usam-se dois diafragmas, soldados pressão com coluna líquida. O princípio de
juntos pelas extremidades, constituindo funcionamento é simples a pressão criada
uma cápsula. Fazendo-se o vácuo destas pela coluna do líquido é usada para
cápsulas, consegue-se a detecção da balancear a pressão a ser medida. A
pressão absoluta. leitura da coluna líquida dá o valor da
A sensibilidade da cápsula ou do pressão desconhecida medida. A pressão
diafragma aumenta proporcionalmente ao exercida num ponto do líquido é igual à
seu diâmetro. Quanto maior a cápsula ou o densidade do líquido multiplicada pela
diafragma, menores faixas e diferenças de altura da coluna de líquido acima do ponto.
faixa de pressão podem ser medidas. O líquido mais usado no enchimento da
Os diafragmas podem ser usados em coluna é o mercúrio por ter alta densidade
unidades de transmissão e controle a base e portanto exigir colunas pequenas. As
de balanço de movimento e de força. características desejáveis do líquido são
1. ser quimicamente inerte e
compatível com o meio do
processo,
2. ter interface visível e clara, sem
revestir a superfície do vidro,
3. ter tensão superficial pequena para
minimizar efeitos capilares,
4. ser fisicamente estável, não volátil
(a) Diafragma (b) Fole sob as condições de temperatura e
duplo vácuo de trabalho,
Fig. 1.10. Sensores de pressão 5. não congelar em baixas
temperaturas,
6. ter densidade constante com
Fole temperatura e pressão.
Em geral, o fole transmite maior força e Os fluidos normalmente usados
pode detectar pressões levemente maiores possuem faixa de densidade relativa entre
que a cápsula de diafragma. As 0,8 (álcool) e 13,6 (mercúrio).
desvantagens do fole são sua dependência Dentro da categoria dos manômetros
das variações da temperatura ambiente e visuais há uma grande variedade de
sua fragilidade em ambientes pesados de barômetros: tubo-U e tubo inclinado.
trabalho. Como a cápsula de diafragma, o
fole pode ser usado para medir pressões
absolutas e relativas e em sistemas de
balanço de movimentos ou de forças.

251
Pressão

.5. Seleção do Sensor


Para selecionar um sistema de
pressão, deve-se
1. determinar a função desejada
indicação local ou remota, registro,
controle, proteção, alarme,
Fig. 1.12. Diferentes colunas líquidas 2. determinar a faixa de pressão de
trabalho, valor máximo, amplitude
de faixa composta, pressão
2.4. Sensores Elétricos absoluta ou relativa,
3. consultar tabela de elementos,
Os sensores de pressão eletrônicos selecionando o tipo e material
podem ser de todos tipos distintos ativos e tecnicamente adequado e
passivos. O sensor ativo é aquele que economicamente vantajoso,
gera uma militensão sem necessitar de 4. considerar a natureza do fluido do
nenhuma polarização ou alimentação. O processo e comparar o que é mais
sensor eletrônico passivo é aquele que vantajoso usar elemento sensor de
varia a resistência, capacitância ou material especial não corrosivo
indutância em função da pressão aplicada. (obviamente mais caro) ou usar
Ele necessita de uma tensão de elemento sensor padronizado e selo
alimentação para funcionar. especial. Considerar, neste caso, os
Cristal piezoelétrico custos da instalação do selo, a
segurança e a manutenção.
O cristal piezoelétrico é um elemento
sensor de pressão eletrônico que gera uma
militensão em função da pressão mecânica
aplicada. Na prática, ele é pouco usado em
3. Acessórios
medições industriais, por causa de seu alto
custo. Ele é tipicamente usado em agulhas 3.1. Selo Químico
de toca-discos.
As funções principais de um selo são
Strain gauge as de
O strain gauge é elemento sensor de 1. proteger o fluido de processo de
pressão eletrônico mais usado. Ele varia congelamento e endurecimento
sua resistência elétrica quando submetido devidos às variações da
à pressão positiva (compressão) ou temperatura.
negativa (descompressão). O strain gauge 2. isolar materiais de processo
pode ser usado para medir torque, peso, venenoso, tóxico, corrosivo, mal
velocidade, aceleração, além da pressão. cheiroso do sensor de pressão que
O strain gauge é ligado ao circuito detector é de material de construção padrão,
clássico da Ponte de Wheatstone, que não compatível com o fluido do
requer a tensão de polarização em processo.
corrente contínua ou alternada. 3. evitar que fluidos viscosos e sujos
entrem e entupam o elemento
detector de pressão.
As características do líquido de
selagem devem ser
1. líquido não-compressível, para
transmitir a pressão.
2. pequeno coeficiente de temperatura
3. baixa viscosidade para operar
mesmo em baixas temperaturas
(a) Esquema simplificado (b) Montagem 4. quimicamente estável, mesmo em
Fig.2.13. Strain gauge altas temperaturas

252
Pressão

3.2. Pressostato
O pressostato é uma chave elétrica
acionada pela pressão, usado para
energizar ou desenergizar circuitos
elétricos, como uma função da relação
entre a pressão de processo e um valor
ajustado pré-determinado.

Fig. 1.14. Selos de pressão

As três partes principais de um selo


padrão são as seguintes
1. recipiente superior, em contato
com o líquido de selagem e
colocado na atmosfera não
corrosiva, de material padrão, não
especial. As vezes, possui um
parafuso para enchimento do selo. Fig. 1.15. Pressostato
2. cápsula de diafragma, cheia com
líquido de selagem. Está em
contato com o fluido corrosivo do Os pressostatos são disponíveis para
processo e por isso deve ser de detectar pressão absoluta, composta,
metal resistente a corrosão ou manométrica ou diferencial, com precisões
revestido de Teflon® ou KEL-F®. A típicas de ±0,5% da amplitude de faixa e
parte superior e a cápsula podem mudar o estado de um contato (geralmente
ser removidas sem desconectar a elétrico), na saída.
parte inferior, possibilitando ao O conjunto de chaveamento elétrico
operador limpar o conjunto sem pode ser chave a mercúrio ou microswitch
reencher a unidade. mecânica liga-desliga. A chave de
3. recipiente inferior, em contato mercúrio não contém partes mecânicas
direto com o fluido do processo, móveis e deve ser usada em lugares livres
deve ser de metal ou plástico de vibrações e montada em nível.
resistente à corrosão. Pode haver A faixa ajustável é a faixa de pressão
uma conexão para permitir a purga dentro da qual o ponto de ajuste pode ser
contínua ou intermitente do fluido. referido. O ponto de ajuste é a pressão que
Os selos podem ser soldados, atua a chave para abrir ou fechar um
aparafusados ou flangeados nas linhas de circuito elétrico. O pressostato pode atuar
processo. em seu ponto de ajuste pelo aumento da
pressão (PSH) ou pela sua diminuição
(PSL).
As características elétricas de um
pressostato típico são: 115 V, com
correntes de 0,3 a 10A em corrente
continua ou alternada.

Apostila\Instrumentação Pressão.doc 26 ABR 97 (Substitui 16 ABR 95)

253
3.2
Temperatura
expandido ou contraído. Depois, aqueça
1. Conceitos Básicos os materiais em outra temperatura
determinada e repetível e coloque uma
nova marca, como antes. Agora, se iguais
1.1. Definições divisões são feitas entre estes dois pontos,
a leitura da temperatura determinada ao
A temperatura é uma quantidade de
longo da região calibrada deve ser igual,
base do SI, conceitualmente diferente na
mesmo se as divisões reais nos
natureza do comprimento, tempo e massa.
comprimentos dos materiais sejam
Quando dois corpos de mesmo
diferentes.
comprimento são combinados, tem-se o
Um aspecto interessante da medição
comprimento total igual ao dobro do
de temperatura é que a calibração é
original. O mesmo vale para dois
consistente através de diferentes tipos de
intervalos de tempo ou para duas massas.
fenômenos físicos. Assim, uma vez se
Assim, os padrões de massa,
tenha calibrado dois ou mais pontos
comprimento e tempo podem ser
determinados para temperaturas
indefinidamente divididos e multiplicados
específicas, os vários fenômenos físicos
para gerar tamanhos arbitrários. O
de expansão, resistência elétrica, força
comprimento, massa e tempo são
eletromotriz e outras propriedades físicas
grandezas extensivas. A temperatura é
termais, irá dar a mesma leitura da
uma grandeza intensiva. A combinação de
temperatura.
dois corpos à mesma temperatura resulta
A lei zero da termodinâmica estabelece
exatamente na mesma temperatura.
que dois corpos tendo a mesma
A maioria das grandezas mecânicas,
temperatura devem estar em equilíbrio
como massa, comprimento, volume e
termal. Quando há comunicação termal
peso, pode ser medida diretamente. A
entre eles, não há troca de coordenadas
temperatura é uma propriedade da energia
termodinâmicas entre eles. A mesma lei
e a energia não pode ser medida
ainda estabelece que dois corpos em
diretamente. A temperatura pode ser
equilíbrio termal com um terceiro corpo,
medida através dos efeitos da energia
estão em equilíbrio termal entre si. Por
calorífica em um corpo. Infelizmente estes
definição, os três corpos estão à mesma
efeitos são diferentes nos diferentes
temperatura. Assim, pode-se construir um
materiais. Por exemplo, a expansão termal
meio reprodutível de estabelecer uma
dos materiais depende do tipo do material.
faixa de temperaturas, onde temperaturas
Porém, é possível obter a mesma
desconhecidas de outros corpos podem
temperatura de dois materiais diferentes,
ser comparadas com o padrão, colocando-
se eles forem calibrados. Esta calibração
se qualquer tipo de termômetro
consiste em se tomar dois materiais
sucessivamente no padrão e nas
diferentes e aquecê-los a uma
temperaturas desconhecidas e permitindo
determinada temperatura, que possa ser
a ocorrência do equilíbrio em cada caso.
repetida. Coloca-se uma marca em algum
Isto é, o termômetro é calibrado contra um
material de referência que não tenha se

254
Temperatura

padrão e depois pode ser usado para ler kelvin, porem as escalas estão defasadas
temperaturas desconhecidas. Não se quer de 273,15. A temperatura Celsius (Tc)
dizer que todas estas técnicas de medição está relacionada com a temperatura kelvin
de temperatura sejam lineares mas que (Tk) pela equação:
conhecidas as variações, elas podem ser
consideradas e calibradas. Tc = Tk - 273,15
Escolhendo-se os meios de definir a
escala padrão de temperatura, pode-se A constante numérica na equação
empregar qualquer uma das muitas (273,15) representa o ponto tríplice da
propriedades físicas dos materiais que água 273,16 menos 0,01. O ponto de 0 oC
variam de modo reprodutível com a tem um desvio de 0,01 da escala Kelvin,
temperatura. Por exemplo, o comprimento ou seja, o ponto tríplice da água ocorre a
de uma barra metálica, a resistência 0,01 oC ou a 0,00 K.
elétrica de um fio fino, a militensão gerada Os intervalos de temperatura das duas
por uma junção com dois materiais escalas são iguais, isto é, 1 oC é
distintos, a temperatura de fusão do sólido exatamente igual a 1 K.
e de vaporização do liquido. O símbolo do grau Celsius é oC. A
letra maiúscula do grau Celsius é, às
1.2. Unidades vezes, questionada como uma violação da
lei de estilo para unidades com nomes de
A 9a CGPM (1948) escolheu o ponto
pessoas. A justificativa para usar letra
tríplice da água como ponto fixo de
maiúscula é que a unidade é o grau e
referência, em lugar do ponto de gelo
Celsius (C) é o modificador.
usado anteriormente, atribuindo-lhe a
A temperatura pode ser realizada
temperatura termodinâmica de 273,16 K.
através do uso de células de ponto tríplice
Foi escolhido o grau kelvin
da água, com precisão de 1 parte em 104.
(posteriormente passaria para kelvin)
Medições práticas tem precisão de 2
como unidade base SI de temperatura e
partes em 103. A escala e os pontos fixos
se permitiu o uso do grau Celsius (oC),
são definidos em convenções
escolhido entre as opções de grau
internacionais que ocorrem
centígrado, grau centesimal e grau Celsius
periodicamente.
para expressar intervalos e diferenças de
temperatura e também para indicar
1.3. Escalas
temperaturas em uso prático.
Em 1960, houve pequenas alterações Para definir numericamente uma
na escala Celsius, quando foram escala de temperatura, deve-se escolher
estabelecidos dois novos pontos de uma temperatura de referência e
referência: zero absoluto e ponto tríplice estabelecer uma regra para definir a
da água substituindo os pontos de diferença entre a referência e outras
congelamento e ebulição da água. temperaturas. As medições de massa,
A 13a CGPM (1967) adotou o kelvin no comprimento e tempo não requerem
lugar do grau kelvin e decidiu que o kelvin concordância universal de um ponto de
fosse usado para expressar intervalo e referência em que cada quantidade é
diferença de temperaturas. assumida ter um valor numérico particular.
Atualmente, kelvin é a unidade SI base Cada milímetro em um metro, por
da temperatura termodinâmica e o seu exemplo, é o mesmo que qualquer outro
símbolo é K. O correto é falar milímetro. Escalas de temperatura
simplesmente kelvin e não, grau kelvin. O baseadas em pontos notáveis de
kelvin é a fração de 1/273,16 da propriedades de substâncias dependem
temperatura termodinâmica do ponto da substância escolhida. Ou seja, a
tríplice da água. dilatação termal do cobre é diferente da
Na prática, usa-se o grau Celsius e o dilatação da prata. A dependência da
kelvin é limitado ao uso científico ou a resistência elétrica com a temperatura do
cálculos que envolvam a temperatura cobre é diferente da prata.
absoluta. Um grau Celsius é igual a um

255
Temperatura

Assim, é desejável que a escala de


temperatura seja independente de
qualquer substância. A escala escalas oC (K) oF (oR)
termodinâmica proposta pelo barão Kelvin,
em 1848, fornece uma base teórica para a
escala de temperatura independente de 100 (373) 212 oF (672 oR)
qualquer propriedade de material e se
baseia no ciclo de Carnot.

1.4. Escala Prática Internacional de


Temperatura (EPIT) 100 oC – 100 K 180 oF (492 oR )

O estabelecimento ou fixação de O C = (oF - 32)/1,8 F=1,8C+32


pontos para as escalas de temperatura é
feito para que qualquer pessoa, em
qualquer lugar ou tempo possa replicar
uma temperatura específica para criar ou 0 oC (273 K) 32 oF (492 oR)
verificar um termômetro. Os pontos 0 oF (460 oR)
específicos de temperatura se tornam sensor
efetivamente nos protótipos internacionais
de calor. A Conferência Geral de Pesos e
Medidas aceitou esta EPIT, em 1948, Fig. 2.1. – Escalas Celsius, Kelvin, Fahrenheit e
emendou-a em 1960, e estabeleceu uma Rankine
nova em 1968 (com 13 pontos) e em 1990
(com 17 pontos).
A Escala Prática Internacional de Há dois motivos para se ter tantos
Temperatura (EPIT) foi estabelecida para pontos para fixar uma escala de
ficar de conformidade, de modo temperatura:
aproximado e prático, com a escala 1. poucos materiais afetados pelo calor
termodinâmica. No ponto tríplice da água, mudam o comprimento linearmente
as duas escalas coincidem exatamente, ou uniformemente. Tendo-se vários
por definição. A EPIT é baseada em pontos, a escala pode ser calibrada
pontos fixos, que cobrem a faixa de em faixas estreitas, onde os efeitos
temperatura de -270,15 a 1084,62 oC. não linearidade podem ser
Muitos destes pontos correspondem ao desprezados.
estado de equilíbrio durante a 2. nenhum termômetro pode ler todas
transformação de fase de determinado as temperaturas. Muitos pontos fixos
material. Os pontos fixos associados com permite um sistema robusto de
o ponto de solidificação ou fusão dos calibração.
material são determinados à pressão de
uma atmosfera padrão (101,325 Pa)
Além destes pontos de referência
primários, foram estabelecidos outros
pontos secundários de referência, que são
mais facilmente obtidos e usados, pois
requerem menos equipamentos. Porém,
alguns pontos secundários da EPIT 1968
se tornaram primários na EPIT 1990.

256
Temperatura

Tab. 3.1 - Pontos Fixos da Escala Prática extremo inferior de 0,5 K, substituindo o
Internacional de Temperatura (1990) instrumento de interpolação a termopar
com uma resistência de platina especial e
atribuir valores com proximidade
Material Estado Temperatura
# termodinâmica para os pontos fixos.
O
C Atualmente o mínimo valor definido na
1 He Vapor -270,15 a EPIT é 13,81 K.
-268,15 A calibração de um dado instrumento
2 e-H2a Ponto triplob -259,346 7 medidor de temperatura é geralmente feita
3 e-H2 Vapor ~-256,16 submetendo-o a algum ponto fixo
4 e-H2 Vapor ~-252,85 estabelecido ou comparando suas leituras
5 Ne Ponto triplo -248,593 9 com outros padrões secundários mais
6 O2 Ponto triplo -218,791 6 precisos, que tenham sido rastreados com
7 Ar Ponto triplo -189,344 2 padrões primários. A calibração com outro
8 Hg Ponto triplo -38,834 4 instrumento padrão é feita através do
9 H20 Ponto triplo 0,01 seguinte procedimento:
10 Ga Fusão 27,764 6 1. colocam-se os sensores dos dois
11 In Fusão 156,598 5 instrumentos em contato íntimo,
12 Sn Fusão 231,928 ambos em um banho de temperatura,
13 Zn Fusão 419,527 2. varia a temperatura do banho na
14 Al Fusão 660,323 faixa desejada,
15 Ag Fusão 961,78 3. permite que haja equilíbrio em cada
16 Au Fusão 1064,18 ponto e
17 Cu Fusão 1084,62 4. determinam-se as correções
Notas: necessárias.
a
- eH2 hidrogênio em concentração de Termômetros com sensores de
equilíbrio das formas ortomolecular e resistência de platina e termopares
paramolecular, geralmente são usados como padrões
b
- Ponto triplo: temperatura em que as fases
secundários.
sólida, líquida e gasosa estão em equilíbrio.

Entre os pontos fixos selecionados, a


temperatura é definida pela resposta de
sensores específicos com equações
experimentais para fornecer a interpolação
da temperatura. Várias definições
diferentes são fornecidas, na EPIT de
1990 para temperaturas muito baixas,
próximas do zero absoluto. Nestas
temperaturas, usa-se um termômetro de
gás He para medir a pressão e a
temperatura é inferida desta pressão. Na
faixa de 13,8033 K e 961,78 oC a
temperatura é definida por um termômetro
Fig. 2.2. Indicador de temperatura com enchimento
de resistência de platina, que é calibrado
termal
em conjuntos específicos de pontos fixos
com equações de interpolação
cuidadosamente definidas.
Acima de 1064,18 oC, a temperatura é
definida por pirômetro óptico de radiação,
onde a lei de Planck relaciona esta
radiação com a temperatura.
A EPIT é continuamente revista e uma
nova versão pode estender a faixa para o

257
Temperatura

2. Medição da Temperatura 3 000 oC. Há ainda pirômetros com


detectores de infravermelho e com
padrões de referência objetivos.
2.1. Introdução Em laboratórios, é comum o uso de
termômetros de hastes de vidro. São
A medição pode ser medida por
tubos de vidro transparente, contendo um
sensores mecânicos e elétricos. Os
fluido no seu interior capilar. A dilatação
principais sensores mecânicos são o
do fluido é proporcional à temperatura
bimetal e o sistema de enchimento termal.
sentida no bulbo. São simples e baratos,
Os principais sensores elétricos são o
porém são frágeis e fornecem apenas
termopar e o detector de temperatura e
leitura local. São aplicados em
resistência (RTD).
laboratórios, oficina de instrumentação e
O sensor bimetal funciona baseando-
para medição clínica da temperatura do
se na dilatação diferente para metais
corpo humano.
diferentes. A variação da temperatura
Os sensores de temperatura podem
medida causa variação no comprimento e
ser classificados, de um modo geral, em
no formato da barra bimetal, que pode ser
mecânicos e eletrônicos. Os sensores
usada para posicionar o ponteiro na
mecânicos mais usados são os seguintes:
escala de indicação de temperatura.
1. bimetal
O sistema de enchimento termal é
2. enchimento termal
formado por um bulbo sensível, um sensor
3. haste de vidro
de pressão, um tubo capilar de
Os sensores elétricos mais usados
interligação e um fluido de enchimento. O
são:
fluido pode ser gás (tipicamente
1. termopar
nitrogênio), fluido não volátil (glicerina ou
2. resistência metálica
óleo de silicone) ou um fluido volátil (éter
3. termistores ou resistência a
etílico). A temperatura é medida através
semicondutor
da variação da pressão do gás ou da
Há ainda os pirômetros ópticos e de
pressão de dilatação do fluido não volátil
radiação, para medição de temperatura
ou da pressão de vapor do fluido volátil.
sem contato direto.
A medição de temperatura por
termopar se baseia na militensão gerada
pela diferença de temperatura entre as
Tab. 3.2 - Faixas e métodos de medição
duas junções de dois metais diferentes.
Método Faixa de Medição
A medição de temperatura por resistência elétrica oC
se baseia na variação da resistência elétrica de Termopares -200 a 1700
metais ou termistores depender da variação da Enchimento -195 a 760
temperatura medida. Resistência -250 a 650
Detectora
2.2. Sensores Termistores -195 a 450
Existem vários modos de se determinar Pirômetros -40 a 3000
Radiação
a temperatura, incluindo o termômetro a
gás, o termômetro paramagnético, o
termômetro de radiação de Planck. Porém,
A seleção do elemento sensor de
são métodos para a determinação
temperatura mais adequada é parecida
termodinâmica da temperatura e só
com a escolha dos elementos de pressão.
possuem interesse científico e teórico e
É uma tarefa mais simples pois não
por isso, são restritos a laboratórios de
envolve necessariamente as
pesquisa.
características do fluido do processo,
Em siderurgia e metalurgia, quando se
como ocorre na do medição de nível e
tem altas temperaturas, são utilizados
vazão. Um método de medição de vazão
medidores de temperatura tipo radiação
ou nível pode não funcionar, o que
de energia. Alguns que utilizam o olho
também é diferente do meio de medição
humano como detector e todos servem
de temperatura. Geralmente, o meio de
para medir temperaturas entre 1 200 e

258
Temperatura
100%
medição de temperatura escolhido
funciona e, na escolha, deve-se preocupar
mais com os aspectos de custo, precisão,
tempo de resposta, faixa de medição, escala
preferência e vantagens de manutenção. graduada
Os parâmetros da escolha são Faixa de medição
1. função requerida indicação, registro
ou controle. fluido
2. local de montagem e display
3. a faixa de medição, com os valores
de trabalho, máximo e mínimo da
faixa. As medições de
temperaturas muito baixas (< -50 restrição 0%
o
C) e elevadas (>150 oC), requerem opcional
cuidados especiais. bulbo sensor

2.3. Termômetros de vidro


Em um termômetro com haste de vidro,
a variação volumétrica resultante da
expansão termal é interpretada como
Fig. 2.3. Termômetro de haste de vidro
temperatura. Este termômetro foi o
primeiro sistema de expansão termal
fechado e foi conhecido desde o século
O termômetro de haste de vidro pode
XVIII, quando Gabriel Daniel fahrenheit
medir faixas estreitas de temperatura. Por
investigava a expansão do mercúrio.
exemplo, o termômetro clínico tem
O termômetro de vidro é constituído
1. comprimento útil de 100 mm,
de:
2. faixa de medição de 35,0 e 42,0 oC
1. bulbo sensor
3. volume do bulbo de 0,5 cm3
2. haste de vidro com escala
4. diâmetro do capilar de 0,025 mm
graduada e com um tubo capilar
A haste é freqüentemente projetada e
interno
construída com uma escala amplificadora,
3. fluido de enchimento
para melhorar a leitura.
O bulbo sensor é a parte sensível do
O fluido de enchimento pode ser
termômetro e deve ser colocado no local
líquido ou gás. Os líquidos mais usados
onde se quer medir a temperatura. A
são:
maioria do fluido fica no bulbo.
1. mercúrio, cujo fator de expansão é
A haste de vidro possui um tubo capilar
de 0,005%/oC e é linear. Assim, o
interno, onde o fluido irá se expandir.
volume do bulbo deve ser cerca de
Embora o bulbo e o tubo capilar possam
10 000 vezes o volume do capilar
ser do mesmo material, é mais
entre duas marcações separadas
conveniente usar um vidro para o bulbo
por 0,5 oC.
com um bom fator de estabilidade e para o
2. álcool
capilar usa-se um vidro fácil de ser
3. pentano
trabalhado.
4. éter
Para garantir a precisão do termômetro
O termômetro de mercúrio pode ser
de vidro, o tubo capilar deve ter uma área
usado entre –39 oC (ponto de
anelar uniforme ou então, o termômetro
solidificação) e 538 oC (ponto de ebulição).
deve ser calibrado em muitos pontos.
A desvantagem do mercúrio é sua toxidez.
Os termômetros com álcool e éter são
usados em temperaturas mais baixas.
Geralmente adiciona-se tinta colorida
(azul, verde, vermelha) para aumentar a
visibilidade.

259
Temperatura

O espaço acima da coluna de mercúrio formando uma única haste. à uma


até o topo selado da escala é evacuado, determinada temperatura, a haste dos dois
mas pode ser preenchido com gás inerte metais está numa posição; quando a
seco, como nitrogênio, para aumentar a temperatura varia, a haste modifica a sua
faixa de medição de temperatura. posição produzindo uma força ou um
Outra característica importante do movimento.
termômetro de haste, principalmente do As partes do termômetro a bimetal são
clínico, é uma restrição colocada no tubo 1. o sensor, em contato direto com a
capilar, que evita a volta do fluido para o temperatura
bulbo, quando a temperatura baixa. Esta 2. os elos mecânicos, para amplificar
restrição torna o termômetro um indicador mecanicamente os movimentos
de máximo. Assim, para possibilitar a gerados pela variação da
leitura de qualquer temperatura, deve-se temperatura, detectada pelo
zerar ou resetar o termômetro, sacudindo- bimetal.
o antes do uso. 3. a escala acoplada diretamente aos
Para minimizar a quebra acidental do elos mecânicos, para a indicação
bulbo de vidro, é comum se usar um poço da temperatura medida.
termal metálico para proteger o bulbo. 4. opcionalmente, pode-se usar o
As vantagens do termômetro de vidro sistema de transmissão.
são: As vantagens do bimetal são:
1. baixo custo 1. baixo custo,
2. simplicidade 2. simplicidade do funcionamento
3. grande duração, se manipulado 3. facilidade de instalação e de
corretamente manutenção
As desvantagens são: 4. largas faixas de medição
1. leitura difícil 5. possibilidade de ser usado com os
2. confinamento ao local de medição mecanismos de transmissão.
3. não adaptável para transmissão,
registro ou controle automático
4. susceptível de quebra, pois é de
vidro frágil
Mesmo um termômetro de haste de
vidro deve ser calibrado periodicamente,
onde se inspecionam visualmente e
verificam as dimensões, permanência do
pigmento, estabilidade do bulbo e precisão
da escala. Depois da calibração, podem
ser feitas correções, aplicados fatores de
correção ou o termômetro pode ser
descartado. Fig. 2.4. Bimetal
Norma de referência: ASTM E 77 – 92:
Standard Test Method for Inspection and
Verification of Thermometers. Várias As desvantagens são
normas ASTM cobrem os termômetros 1. precisão ruim
clínicos. 2. não linearidade de indicação
3. grande histerese
2.4. Bimetal 4. presença de peças moveis que se
O termômetro a bimetal possui todos desgastam
os componentes de medição – sensor, 5. facilidade de perder calibração
condicionador e indicador – em um único A principal aplicação para o
invólucro. termômetro a bimetal é em indicação local
O princípio de funcionamento é de temperaturas de processo industrial. É
simples dois metais com coeficientes de muito usado para controle comercial e
dilatação térmica diferentes são soldados residencial de temperatura associado a ar
condicionado e refrigeração.

260
Temperatura

O sensor a bimetal integral ao A Classe I usa como enchimento


instrumento não pode ser calibrado líquido não volátil geralmente a glicerina.
isoladamente mas somente pode ser O princípio de funcionamento é a dilatação
inspecionado visualmente, para verificar do líquido. A variação da temperatura
corrosão ou danos físicos evidentes. medida faz o fluido se dilatar, variando a
O que se faz é calibrar o sistema de pressão interna do sistema. A pressão e
indicação, colocando-se o termômetro em suas variações são sentidas pelo
um banho de temperatura e comparando elemento receptor de pressão.
as indicações do termômetro com as
indicações de um termômetro padrão
colocado junto. O termômetro a bimetal
pode ser calibrado e, se necessário,
ajustado nos pontos de zero e de
amplitude de faixa.

2.5. Enchimento Termal


O sistema termal de enchimento
mecânico foi um dos métodos mais
usados no início da instrumentação, para
a medição de temperatura. O método foi e
ainda é, um meio satisfatório de medição
da temperatura para a indicação, o
registro e o controle locais. Seu uso não é
limitado a leitura local ou controle, mas é (a) Esquema simplificado do sistema termal

utilizado para a transmissão pneumática


para leitura ou controle remoto.
Os componentes básicos do sistema
termal de enchimento mecânico são
1. o bulbo sensor, em contato com o
processo.
2. o elemento de pressão, montado
no interior do instrumento receptor,
que pode ser um transmissor
(b) Elemento e compensação da temperatura
pneumático, um indicador, um ambiente
registrador ou um controlador,
todos montados próximos ao Fig. 2.5. Sistema de enchimento termal
processo .
3. o tubo capilar, ligando o bulbo ao
elemento de pressão do A classe II é cheia de um líquido volátil,
instrumento. como o álcool ou o éter. Seu princípio de
4. opcionalmente pode haver o funcionamento é a característica
sistema de compensação da temperatura x pressão de vapor da fase
temperatura ambiente. líquido-vapor. Como não há dilatação, não
O sistema termal é ligado a um há influência da temperatura ambiente e
dispositivo de display, para apresentação portanto não há necessidade de
do valor da temperatura. compensação da temperatura ambiente.
O conjunto bulbo + capilar + elemento Porém, são definidas quatro subclasses
receptor é cheio de um fluido. O tipo do Classe IIa - assumindo que o capilar e
fluido determina a classe ou o grupo do a caixa do instrumento estejam à
sistema termal. A classificação temperatura ambiente, a temperatura do
estabelecida pela Scientific Apparatus bulbo está sempre acima da temperatura
Manufacturer Association (SAMA) é a ambiente.
seguinte:

261
Temperatura

Classe IIb - a temperatura do bulbo 2. falha no bulbo requer a substituição


sensor é sempre menor que a temperatura do elemento completo, constituído
ambiente. de bulbo + capilar + elemento
Classe IIc - a temperatura do bulbo e a sensor de pressão.
medida podem assumir valores acima e O sistema termal de enchimento é
abaixo da pressão ambiente. usado para a indicação, registro e controle
Classe IId - introduz-se no sistema um local. É também usado como sensor do
líquido não-volátil, para ser tampão do transmissor pneumático. É o método de
líquido volátil, com a finalidade de eliminar medição de temperatura de natureza
a descontinuidade no ponto da mecânica mais utilizado. Atualmente, por
temperatura ambiente. causa do alto custo é substituído por
elementos sensores elétricos.

2.6. Termopar

Princípio de funcionamento
Os termopares transformam calor em
eletricidade. As duas extremidades de dois
fios de metais diferentes (e.g., ferro e
constantant), são trançadas juntas para
formar duas junções: uma de medição e
outra de referência. Um voltímetro ligado
em paralelo irá mostrar uma tensão
termelétrica gerada pelo calor. Esta tensão
Fig. 2.6. Transmissor com sensor de enchimento é função da
termal (Foxboro) 1. diferença de temperatura entre a
junção de medição e a junção de
referência, que é o princípio da
O enchimento da classe III é com gás, medição da temperatura.
geralmente o Nitrogênio. Baseia-se 2. tipo do termopar usado. Pesquisas
também na dilatação volumétrica do gás são desenvolvidas para se
de enchimento e portanto requer encontrar pares de metais que
compensação das variações da tenham a capacidade de gerar a
temperatura ambiente. Porém, na prática, máxima militensão quando
basta a compensação parcial da caixa submetidos a temperaturas
raramente se usa a compensação total. diferentes.
Os sistemas de enchimento termal 3. homogeneidade dos metais. As
possuem as seguintes vantagens instalações de termopar requerem
1. é um método simples e de uso calibrações e inspeções periódicas
comprovado, para verificação do estado dos fios
2. não requer nenhuma fonte de termopares. A degradação do
alimentação, a não ser que haja termopar introduz erros na
transmissão, medição.
3. possuem construção robusta e
Circuito de medição
insensível às vibrações e aos
choques mecânicos O circuito de medição completo deve
4. há uma boa seleção de faixas possuir os seguintes componentes básicos
calibradas e larguras de faixas de 1. o termopar, que está em contato
medição estreitas, com o processo. O ponto de junção
5. são mecânicos, portanto seguros dos dois metais distintos é
em qualquer atmosfera perigosa chamado de junta quente ou junta
As desvantagens são de medição.
1. tempo de resposta lento 2. a junta de referência ou junta fria
ou junta de compensação,

262
Temperatura

localizada no instrumento receptor. dessa ligação é que o fio de


Como a militensão é proporcional à transmissão é de cobre comum
diferença de temperatura entre as mais econômico que o fio de
duas junções, a junta de referência termopar.
deve ser constante. Como nos 3. O termopar é ligado ao transmissor
primeiros circuitos havia um pneumático de temperatura. A
recipiente com água + gelo, para entrada do transmissor é o
manter a junta de referência em 0 termopar, em contato com o
oC, a junta de referência é também processo e a saída do transmissor
chamada de junta fria. Mesmo é o sinal pneumático padrão, de 20
quando se mede temperatura a 100 kPa. Essa configuração é
abaixo de 0 oC, portanto quando a adequada quando se tem o
junta quente é mais fria que a junta instrumento receptor de natureza
fria, os nomes permanecem, por pneumática.
questões históricas. Atualmente,
em vez de se colocar um pouco
prático balde com água + gelo,
utiliza-se o circuito de
compensação com termistores e
resistências.
3. circuito de detecção do sinal de
militensão, geralmente a clássica
ponte de Wheatstone, com as Fig. 2.7. Transmissor inteligente de temperatura
quatro resistências de balanço. Na (Rosemount)
prática o circuito é mais complexo,
colocando-se potenciômetros
ajustáveis no lugar de resistências Tipos de termopares
fixas. Os ajustes correspondem aos Existem vários tipos de termopares,
ajustes de zero e de largura de designados por letras; cada tipo
faixa. apresentando maior linearidade em
4. a fonte de alimentação elétrica, de determinada faixa de medição. Essa
corrente contínua, para a variedade de tipos facilita a escolha,
polarização dos circuitos elétricos principalmente porque há muita
de detecção, amplificação e superposição de faixa, havendo uma
condicionamento do sinais. mesma faixa possível de ser medida por
vários termopares.
Configurações
As configurações de ligações podem
ser de três tipos básicos
1. o termopar é ligado diretamente do
processo para o instrumento
receptor remoto. Os fios de ligação
devem ser de termopar, do mesmo
tipo que a junta de medição, a fim
de não introduzir erros de medição.
Atualmente, são desenvolvidos fios
de extensão feitas de ligas com
(a) Sistema completo: bulbo, sensor e poço
características termelétricas iguais
as do termopar e de menor custo.
2. o termopar é ligado ao transmissor
eletrônico de temperatura. A
entrada do transmissor é o
termopar, ligado ao processo e a
saída é o sinal padrão de corrente,
de 4 a 20 mA cc. A vantagem

263
Temperatura

(b) Sensor termopar

Fig. 2.8. Conjunto do termopar

A militensão gerada é de corrente contínua. O


termopar é polarizado e cada metal corresponde a
uma polaridade. Convenciona-se que o primeiro
nome do termo corresponde ao pólo (+).
Os tipos mais utilizados são
1. tipo J, de Ferro (+) e Constantant (-
), com faixa de medição até 900
oC. Para a identificação, o Fe é o
fio magnético. Fig. 2.9. Curvas dos vários tipos de termopar
2. tipo K, de Cromel (+) e Alume1 (-),
para a faixa de medição até 1.200 Vantagens e limitações
oC, sendo o Cromel levemente O termopar apresenta todas as
magnético. vantagens inerentes ao sistema elétrico.
3. tipo T, de Cobre (+) e Constantant Por isso, quando comparado ao sistema
(-), para faixa até 300 oC. É fácil a mecânico de enchimento termal tem-se
identificação do cobre por causa de 1. menor tempo de atraso,
sua cor característica. 2. maiores distâncias de transmissão,
4. tipo S, com a liga (+) de Platina 3. maior flexibilidade para alterar as
(90%) + Ródio (10%) e Platina pura faixas de medição,
(-). Atinge até medição de 1.500 oC 4. maior facilidade para reposição do
e para identificação, platina pura é elemento sensor, quando
a mais maleável. danificado
5. tipo R, também liga (+) de Platina 5. maior precisão.
(87%) + Ródio (13%) e Platina (-), Quando comparado com a resistência
com a mesma faixa de medição até detectora de temperatura, tem-se
1.500 oC e identificando-se a 1. o custo do elemento termopar é
platina pura pela maior menor,
maleabilidade. 2. o tamanho do elemento sensor é
Cada curva de termopar é diferente menor, portanto com tempo de
entre si e todas possuem regiões não- resposta menor e mais conveniente
lineares. As curvas são necessárias e para montagem.
úteis para a calibração do receptor de 3. os meios de calibração são mais
termopar. Quando se quer calibrar um fáceis
instrumento indicador-registrador de 4. verificações de calibração mais
temperatura a termopar, em vez de se ter fáceis. Aliás, a medição de
um banho de temperatura, simula-se temperatura com termopar é
diretamente um sinal de militensão autoverificável, quando se tem o
substituindo-se o termopar. dispositivo de proteção de queima
(burnout) do termopar. Incorpora-se
no circuito de medição, um sistema
para levar a indicação da leitura
para o fim ou para o início da
escala, quando ocorrer o
rompimento da junta de medição.
5. flexibilidade para modificação do
circuito, para medição de soma ou
subtração de temperaturas.
6. as larguras de faixas medidas são
maiores que as conseguidas no

264
Temperatura

sistema mecânico e com o bulbo


de resistência.

Fig. 2.11. Esquema de ligação do termopar ao


Fig. 2.10. Termopares dentro do bulbo protetor registrador de temperatura

Porém, ele apresenta desvantagens,


com relação ao sistema de enchimento
mecânico e com relação ao bulbo de
resistência elétrica
1. a característica temperatura x
militensão não é linear totalmente.
2. o sinal de militensão pode captar
ruídos na linha de transmissão.
3. o circuito de medição é polarizado,
quando o da resistência não o é.
4. requer circuito de compensação
das variações da temperatura Fig. 2.12. Registrador multiponto de temperatura
ambiente.
5. a junta de medição pode se
deteriorar, se oxidar e envelhecer
Calibração do termopar
com o tempo.
Como a homogeneidade dos fios
Os termopares são aplicados em medições de componentes do termopar pode se
temperaturas em um ponto e não em uma região modificar, o termopar e os fios de
média) onde se requer pequenos atrasos. Ele é extensão de termopar devem ser
conveniente em sistemas que envolvem muitos periodicamente calibrados. A calibração
pontos de medição, sendo selecionado consiste em verificar se as suas
instantaneamente um único ponto para indicação ou características se afastaram dentro da
registro. tolerância (termopar bom) ou além da
tolerância (termopar deve ser descartado).
As técnicas de calibração do termopar
tem sido melhoradas constantemente em
velocidade e confiabilidade, por causa do
uso do microprocessador. A técnica antiga
consistia em ligar o instrumento receptor
do termopar aos terminais de um
potenciômetro portátil de militensão, medir
a temperatura destes terminais com um
termômetro padrão, ajustar a saída do
potenciômetro para dar a indicação teórica
no receptor e anotar o ajuste do
potenciômetro. Finalmente, se procurava a
temperatura correspondente em tabelas

265
Temperatura

padrão. Este processo consumia muito Para calibrar instrumentos com


tempo e era susceptível a erros potenciais. termopar, a técnica básica é fornecer um
A medição de temperatura nos sinal conhecido para o instrumento
terminais é necessária porque um receptor para garantir que ele está dando
termopar contem inerentemente duas uma indicação precisa e exata. O
junções de metais diferentes e não apenas calibrador fornece este sinal de uma fonte
uma. A saída de tensão deste sistema de estável e monitora, ao mesmo tempo, o
termopar é afetada pelas temperaturas de sinal com o sistema de medição do próprio
ambas as junções. A medição da calibrador. A curva temperatura versus
temperatura da junção de medição, deste tensão armazenada no sistema do
modo, requer o conhecimento da microprocessador do calibrador é o ponto
temperatura da junção de referência. Em de referência para gerar uma saída
muitos instrumentos, a junção de correta. Assim, o calibrador simula o
referência ocorre nos terminais de ligação termopar, gerando uma tensão
neste instrumento receptor. correspondente à temperatura e indicando
O microprocessador simplificou muito a temperatura (e não tensão).
calibração do termopar. Sua memória Além de calibrar e ajustar o
pode conter as curvas de temperatura instrumento receptor (registrador,
(tensão x temperatura) para os diferentes indicador, controlador), deve-se calibrar o
termopares. Estas curvas são geradas sensor em si. O sensor pode ser
usando-se equações publicadas pelo substituído por um sensor novo calibrado
National Institute of Standards and ou pode ser removido e calibrado em um
Technology. Um instrumento a laboratório de temperatura. Ele também
microprocessador também faz a medição pode ser calibrado no local se um sensor
da temperatura da junção de referência, padrão de referência puder ser instalado
incorporando-a em um resultado temporariamente próximo do termopar de
compensado corretamente. Quando a trabalho. Este caso nem sempre é
calibração do instrumento baseado em possível, mas quando possível, ele deve
microprocessador recebe uma tensão, ele ser preferido. Sua vantagem é que o
imediatamente translada para a unidade sensor instalado é aferido em sua
de temperatura (oC), de acordo com condição real de operação. Um calibrador
tabelas contidas na sua memória e indica tendo dois canais de entrada torna este
digitalmente estes valores. método prático.

Tab.3.3. Características dos Termopares Padrão ISA


Tipo Material Sensitividade Temperatura Incerteza F.e.m.
+/- mV/K K % v.m. (mV)
T Cobre/Constantant 0,05 3 a 675 0,5 -6,258 a 20,869
J Ferro/Constantant 0,05 63 a 1475 1,0 -8,096 a 42,922
K Cromel/Alumel 0,04 3 a 1645 1,0 -6,458 a 54,875
E Cromel/Constantant 0,08 3 a 1275 1,0 -9,835 a 76,358
R Pt + 10% Rh/Pt 0,01 224 a 2035 0,5 -0,226 a 21,108
S Pt + 13%Rh/Pt 0,01 224 a 2035 0,5 -0,236 a 18,698
B Pt + 30%Rh/Pt + 6%Rh 273 a 2000 0,5 0 a 13,814

Notas:
1. Conforme Norma ISA MC 96.1, Temperature Measurement Thermocouples, 1975.
2. Cromel® e Alumel® são marcas registradas de Hoskins Co.
3. A militensão se refere à junção de referência a 0 oC.

266
Temperatura

apenas aqueles que apresentam


2.7. Resistência detectora de propriedades convenientes, tais como:
temperatura (RTD) 1. linearidade entre variação da
resistência termal e temperatura
Princípio de funcionamento 2. estabilidade termal
3. ductilidade (propriedade de ser
A resistência elétrica dos metais
transformado em fio fino)
depende da temperatura; este é o
4. disponibilidade comercial
princípio de operação do sensor de
5. preço acessível
temperatura a resistência elétrica (RTD -
Os metais mais usados são: platina,
Resistance Temperature Detector).
níquel e cobre. Também é usado material
Quando se conhece a característica
semicondutor (termistor).
temperatura x resistência e se quer a
medição da temperatura, basta medir a Platina
resistência elétrica. Essa medição é fácil e A platina (Pt) é usada para medição de
prática. faixas entre 0 e 650 oC. A característica
Normalmente, a resistência metálica resistência x temperatura é linear nesta
possui o coeficiente térmico positivo, ou faixa e apresenta grande coeficiente de
seja, o aumento da temperatura implica no temperatura. O sensor Pt 100 tem
aumento da resistência elétrica. A
resistência de 100 Ω à 0 oC e de
resistência de material semicondutor (Si e
aproximadamente 139 Ω à 100 oC.
Ge) e as soluções eletrolíticas possuem
Embora a mais cara, a platina possui
coeficientes térmicos negativos, onde o
as seguintes vantagens
aumento da temperatura provoca a
1. é disponível em elevado grau de
diminuição da resistência. A resistência
pureza,
elétrica a semicondutor, com coeficientes
2. é resistente à oxidação, mesmo à
negativos, é chamada de termistor e é
alta temperatura,
usada também como sensor de
3. é capaz de se transformar em fio
(dúctil).

Níquel
O níquel (Ni) é o segundo metal mais
utilizado para a medição de temperatura.
É também encontrado em forma quase
pura, entre 0 oC a 100 oC apresenta um
grande coeficiente termal. Porém, a sua
sensibilidade decresce bruscamente em
temperaturas acima de 300 oC. A sua
curva resistência x temperatura é não
linear.
temperatura e nos circuitos de
compensação de temperatura ambiente Cobre
das juntas de referência do termopar. O cobre (Cu) é outra resistência
Os tipos mais comuns de resistência utilizada, porém em menor freqüência que
metálica são a platina, níquel e cobre. as resistências de Platina e de Níquel.
Quando comparada com o termopar, a
resistência detectora de temperatura de
Fig. 2.13. Curvas de resistência x temperatura . platina apresenta as seguintes vantagens
1. altíssima precisão. Provavelmente
a medição de temperatura através
Materiais da RTD da platina é a mais precisa em todo
Teoricamente, qualquer metal pode ser o campo da instrumentação.
usado como sensor de temperatura, 2. não apresenta polaridade (+) e (-).
porém, na prática industrial, são usados 3. apropriada para medição de
temperatura média enquanto o

267
Temperatura

termopar é adequado para medição Configurações


de temperaturas em um ponto. O RTD pode ser ligado diretamente ao
4. capaz de medir largura de faixa receptor. A ligação pode ser feita através
estreita; de até 5 oC de 2, 3 ou 4 fios. O terceiro e o quarto fio
5. mantém-se estável, precisa e são usados para compensar as variações
calibrada durante muitos anos. da resistência dos fios de transmissão do
As desvantagens são sinal provocadas pela temperatura
1. o alto custo, ambiente variável.
2. os bulbos maiores, O RTD é elemento sensor do
3. o tempo de resposta é mais transmissor eletrônico de temperatura. A
demorado, entrada do transmissor é a resistência e
4. o auto-aquecimento da resistência sua saída é o sinal padronizado de
constitui um problema corrente, entre 4 a 20 mA cc. A vantagem
5. a exigência de fiação com 3 ou 4 dessa fiação é que o fio de transmissão é
fios para a compensação da comum e não requer compensação.
temperatura ambiente. O RTD é também o elemento sensor
A resistência detectora de temperatura do transmissor pneumático de
é aplicado quando se quer uma medição temperatura. A entrada do transmissor é a
com altíssima precisão e estabilidade e resistência e a saída é o sinal pneumático
quando a largura de faixa de medição é padrão de 20 a 100 kPa. Esta instalação é
estreita. típica para instrumentação pneumática de
painel e medição de temperatura com
detector de temperatura a resistência.

Fig. 2.14. Resistências dentro de bulbos, com os


cabeçotes de acesso

Termistor
O termistor é considerado um detector
de temperatura a resistência (RTD). As
diferenças básicas entre o termistor e uma
resistência convencional são as seguintes
1. o coeficiente de temperatura é
negativo,
2. sua resposta é mais rápida e seu
tamanho é menor, Fig. 2.16. Transmissor descartável de temperatura
3. seu custo é muito menor que o da
resistência de Pt ou Ni, Fig. 2.17. Transmissores com termopar ou
resistência detectora de temperatura
As suas desvantagem são a limitação
(Foxboro)
das faixas de medição (-50 a 300 oC) e a
menor precisão.
A maior aplicação do termistor é em
circuitos de compensação de temperatura
ambiente na junta de termopar.

268
Temperatura

3. Acessórios parte sensível. A extensão pode ser rígida


ou dobrável.
inserção (U) é a soma da extensão e
3.1. Bulbo da parte sensível; é toda a parte que fica
mergulhada ou no interior do processo.
O bulbo termal serve para
Tem-se U = X + J.
encerrar o fluido de enchimento do
diâmetro (Y) do bulbo, ou mais
sistema termal mecânico. Nessa
precisamente, o diâmetro da parte
configuração, o elemento de temperatura
sensível, que é função do tamanho do
é formado pelo conjunto bulbo + capilar +
bulbo e da largura de faixa de temperatura
elemento sensor de pressão. O sistema é
medida, quando de enchimento termal.
totalmente selado, sem vazamento e sem
união, que é opcional. Quando há
bolhas de ar,
união, ela pode ser fixa ou ajustável. A
proteger o termopar ou o fio de
união é uma rosca macho e sua finalidade
resistência detectora de temperatura dos
é a de fixar o bulbo na parede do processo
rigores do processo.
ou no poço.
Em qualquer situação o bulbo está em
contato direto com o processo, quando
não há poço. Os seus materiais de
construção são o aço inoxidável AISI 316
e ligas especiais, como Monel®,
Hastelloy® e metais nobres como Ti, Pt,
Ta.
Fig. 2.28. Bulbo e suas dimensões

Os bulbos são usados nas seguintes


configurações
bulbo plano, o mais simples possível. É
usado em recipiente raso, em tanques
abertos, onde nenhum suporte é
disponível. Não existe em Classe III de
enchimento termal.
bulbo plano com extensão dobrável,
também usado sem união, em aplicações
que sejam necessárias curvaturas da
Fig. 2.27. Bulbos de temperatura porção sensível do bulbo para melhor
resultado.
bulbo de união, fixa ou ajustável, com
A geometria do bulbo de temperatura extensão dobrável, para uso em vasos
varia com o fabricante e com as fechados e pressurizados, sem proteção,
exigências do processo. Há com pressões até 70 MPa.
recomendações da Scientific Apparatus bulbo de união, fixa ou ajustável, com
Manufacturer Association (SAMA) para extensão rígida, para uso com bulbo sem
normalizar os nomes das partes notáveis proteção, onde há forças provocadas por
do bulbo: agitações no tanque.
parte sensível (X), é a parte que bulbo capilar, para aplicação em
envolve o elemento sensor (termopar ou medição de temperaturas médias, no
resistência) ou a parte que sente a interior de dutos, fornos, secadores,
temperatura, ficando em contato com o estufas.
ponto que se quer medir a temperatura. A
parte sensível pode ser ajustável (50 a
450 mm).
extensão (J) é a distância que vai do
ponto onde é fixado o bulbo até o início da

269
Temperatura

3.2. Capilar 3.3. Poço de temperatura


O capilar é um tubo com pequeno O poço de temperatura é um
diâmetro interno, geralmente cheio de receptáculo metálico, rosqueado, soldado
fluido, que liga o bulbo ao elemento ou flangeado ao equipamento do
receptor ou que liga um selo ao elemento processo, que recebe o bulbo de medição.
de pressão do instrumento. Os objetivos do poço são os de
Os capilares são disponíveis em vários 1. proteger o bulbo de medição da
materiais e várias configurações, para corrosão química e do impacto
atender aos requisitos das aplicações mecânico;
especificas. 2. possibilitar a remoção do bulbo de
1. capilar de 1/8" de diâmetro externo, medição sem interrupção do
feito de aço inoxidável AISI 316, processo;
próprio para suportar pressões 3. diminuir a probabilidade de
elevadas, é o mais usado na vazamento nas tomadas de
prática. Para o capilar da classe IA, temperatura, aumentando também
com compensação do capilar e da sua resistência mecânica;
caixa, o capilar é duplo. Para essa 4. tornar praticável a medição de
configuração tem-se os dois fluidos de alta temperatura,
capilares juntos, protegidos por um corrosivos, sujos e tóxicos e
único revestimento, também de aço submetidos à pressão elevada.
inoxidável AISI 316. Ou então, para A principal desvantagem do poço de
prover mais flexibilidade, o temperatura é o aumento do tempo morto
revestimento externo pode ser de da resposta do sistema, pois o poço
aço inoxidável AISI 304. introduz uma camada de ar entre o bulbo,
2. o capilar de cobre, com além de introduzir a resistência de sua
revestimento de bronze flexível, parede. Para diminuir essa influência deve
coberto com plástico de vinil se minimizar a distância entre o bulbo e o
extrudado. Embora a máxima poço, ou então se colocar uma substância
temperatura de operação seja de condutora para substituir o ar, que é um
100 oC, o revestimento plástico mau condutor térmico.
exterior melhora a resistência Existem poços de temperatura feitos
química do conjunto. O de vários materiais aço inoxidável, ligas
revestimento de aço cuida da especiais de Monel, Hastelloy, Tântalo,
resistência mecânica do capilar e o bronze e outros. Quando se utiliza o poço,
plástico, da corrosão química. ele funciona como um selo, podendo-se
usar bulbos de materiais padronizados. O
poço de temperatura evita que o bulbo
entre diretamente em contato com o
processo.

Fig. 2.29. Transmissor pneumático com bulbo e


capilar (Foxboro) Fig. 2.30. Poços de temperatura

Há algumas diferenças de montagem


do poço

270
Temperatura

1. Montado em tubulações, podendo


ser montado rosqueado
diretamente ao tubo, recebendo o
bulbo, que é aparafusado no seu
interior. O poço possui uma rosca
externa para a ligação com a
tabulação e possui no interior outra
rosca, onde fica conectado o bulbo
de medição. Quando a parede do
tubo é grande, o poço deve possuir
uma extensão de atraso. Quando
em tabulação, o bulbo pode ser
ligado ao processo através de uma
conexão tipo T;
2. Montado em vasos, através de
roscas ou de flanges, nas paredes
laterais ou no topo.

Fig. 2.31. Poço em tubulação

Quanto ao formato, o poço pode ser


dividido em
1. poço padrão, rosqueado, de formato
cilíndrico, com comprimentos acima de
150 mm e rosca externa de 1/2" a 1"
NPT;
2. poço padrão, com rosca externa
afastada da rosca interna,
apresentando um "atraso", apropriado
para superfícies com revestimento de
isolação;
3. poço cônico, usado em tubulações com
fluidos em alta velocidade, serviços
abrasivos, linhas de vapor ou qualquer
outra instalação que requeira alta
resistência lateral;
4. poço flangeado, mais prático que o
rosqueado, usado quando a tomada
do processo é feita em flange.

Apostilas\Instrumentação 32Temperatura.DOC 15 DEZ 98(Substitui 27 ABR 97)

271
3.3
Vazão

1. Fundamentos Q = Cd 2 2gh

1.1. Conceito de vazão onde


C é o coeficiente de descarga
Vazão ou fluxo é o deslocamento de d é o diâmetro da tubulação
volume, ou massa, de um fluido, por h é a pressão diferencial resultante da
unidade de tempo. Assim, passagem do fluido
matematicamente tem-se: g é a constante gravitacional.
Todas essas relações matemática
V são importantes pois raramente se tem a
Q= medição direta da vazão. A medição da
t
ou vazão é indireta, normalmente é feita por
M inferência. Ou seja, mede-se outra
W= variável mais detectável e, por dedução,
t se chega ao valor da vazão. Pelas
onde relações matemáticas anteriores, se
conclui que se pode medir a vazão de um
Q é a vazão volumétrica instantânea, fluido pela medição de volume conhecido
W é a vazão mássica instantânea, (deslocamento positivo), velocidade
V é o volume do fluido deslocado (medidor magnético), pressão diferencial
t é o intervalo de tempo (placa de orifício), força de impacto (tipo
A vazão é instantânea quando o alvo), rotação provocada pelo impacto
intervalo de tempo tende para zero. (turbina), e outros princípios.
Outra relação matemática importante
envolvendo o conceito de vazão é aquela
que mostra que a vazão instantânea é
proporcional à velocidade do fluido e à
área da seção reta da tubulação, onde o
fluido se desloca:

Q= v×A

v é a velocidade do fluido
A é a área da seção da tubulação
A vazão na tubulação é sempre a
mesma, qualquer que seja a obstrução Fig. 3.1. Vazão e pressão em uma restrição
ou o acidente na tubulação. Há também
uma relação matemática importante em 1.2. Unidades
vazão de fluido, que é equação da As unidades no Sistema Internacional
continuidade de Bernouille: são,

272
Vazão

3 fluido aquecedor (ou de resfriamento),


1. vazão volumétrica: m controla-se a pressão de um gás em um
s
tanque de volume constante pelo
2. vazão mássica: kg
s controle da vazão de entrada (ou de
saída) do gás no interior do tanque e
Também são usadas outras unidades pode se controlar o nível de líquido em
não recomendadas pelo SI, como tanque pelo controle da vazão do líquido,
1. LPM (litro por minuto), para se na entrada ou na saída.
referir a vazão volumétrica de
líquidos,
2. ton/h, para a vazão mássica de
vapor,
3. m3/h (metro cúbico por hora) para
gases
As unidades inglesas mais usadas
são GPM (galões por minuto) e SCFM
(pé cúbico padrão por minuto), referentes
à vazão volumétrica. Fig. 3.2. Vazão através de tubulação
Usam-se fórmulas matemáticas e
tabelas para a conversão entre as
unidades diferentes. A analise A importância da vazão cresce
dimensional é usada para verificação do porque ela está associada ao balanço de
acerto da conversão. materiais na entrada e na saída do
A transformação de vazão processo e principalmente, está
volumétrica em vazão de massa, quando associada à quantidade de materiais para
necessária, é facilmente conseguida, compra e venda (transferência de
desde que se conheça a densidade do custódia). Nessa aplicações, o que
fluido. (massa = volume/densidade) ou a importa é a totalização da vazão, em
pressão, temperatura e composição para volume ou em massa.
gases. Há ainda a aplicação do controle de
relação ou proporção entre duas ou mais
1.3. Funções Associadas vazões de fluidos diferentes, para a
Alem das funções normalmente obtenção de misturas com proporções
aplicadas às outras variáveis de controláveis. É o controle de relação ou
processo, tais como indicação, registro, de proporção de vazões. Caso particular
transmissão, controle, alarme, desse controle é a mistura digital
computação analógica, a vazão é (blending), que utiliza equipamentos
também integrada, totalizada e misturada eletrônicos a microprocessadores para a
em proporções preestabelecidas. obtenção de misturas em quantidades e
A indicação da vazão instantânea é proporções de mistura controláveis e
pouco útil. O registro da vazão é mais útil preestabelecidas.
pois a partir do registro no gráfico é Exatamente, por causa de todos
possível se obter a totalização da vazão, esses aspectos tão abrangentes, a vazão
através da integração gráfica do é certamente a variável de processo que
planímetro. Quando a indicação, registro foi mais pesquisada e analisada e seus
e controle são remotos, é padrão o uso mecanismos básicos de medição
dos transmissores eletrônicos ou alcançaram elevado grau de precisão,
pneumáticos de vazão. confiabilidade, padronização e
Como o elemento final de controle maturação, talvez o mais elevado de toda
mais utilizado é a válvula de controle, a área da instrumentação. Os tipos de
geralmente a vazão é a variável detectores e medidores de vazão são
manipulada do controle do processo. numerosos, alguns com mais de um
Assim, por exemplo, se controla a século de aplicação, outros de
temperatura pelo controle da vazão do desenvolvimento recente. Na aplicação

273
Vazão

prática, os mais comuns e usados são: a sistema e variando as condições do


pressão diferencial, rotâmetro de área fluido. Matematicamente, tem-se
variável, eletromagnético, turbina, vortex,
alvo e deslocamento positivo. Outros, Dvρ
como o ultra-sônico e radioativo, são RD =
µ
menos usados. A grande variedade de
medidores de vazão pode constituir uma
vantagem, pois é sempre possível se onde
obter um medidor conveniente para a RD é o numero de Reynolds
aplicação. Porém, é também uma v é velocidade do fluido
desvantagem, pois a escolha é mais D é o diâmetro da linha
difícil. A escolha do medidor correto de ρ é a densidade do fluido
vazão é fundamental, pois a vazão é µ é a viscosidade absoluta do fluido
muito critica : um medidor mal Na prática, verifica-se que é difícil a
selecionado geralmente não funciona ou medição de vazão para fluidos com
então funciona com grande imprecisão. números extremos de Reynolds. Ou seja,
é problemático a medição de vazão de
1.4. Dificuldades da Vazão fluidos com números de Reynolds ou
muito pequenos (abaixo de 102) ou muito
Geralmente, o que se mede é a vazão grandes (acima de 104). Aplicando o
de um líquido, de um gás ou de vapor. conceito do numero RD, é difícil a
Também se mede transporte de sólidos, medição de fluidos muito viscosos (o
em esteiras rolantes, porém esse assunto numero RD é muito pequeno) vazões
não será tratado aqui. muito pequenas, linhas muito estreitas e
Como visto, a vazão de um fluido também o caso contrário: vazões muito
depende de vários parâmetros do elevadas, tubulações muito grandes. Há
processo, tais como velocidade do fluido, um consenso de que é mais difícil a
tamanho da tubulação 9tanto medição de fluidos com muito pequenos
comprimento como diâmetro), RD do que muito grandes RD: a
características do fluido (densidade, dificuldade é maior para fluidos viscosos).
viscosidade, presença de condensado no Assim, o numero de Reynolds:
gás, presença de gases em líquidos 1. expressa a dificuldade de medição
voláteis), condições de processo de vazões, valores extremos são
(temperatura, pressão estática, perda de difíceis,
carga permanente, pulsações na linha), 2. indica o tipo de vazão: turbulenta
acidentes da tubulação (redução, ou laminar,
expansões, cotovelos, conexões, 3. aplicado a líquido, vapor e gás,
elementos provocadores de distúrbios.) 4. fornece o formato da velocidade e
Enfim, a presença ou não dessas formato do contorno frontal do
propriedades e características, torna a fluido: parabólico, logarítmico,
vazão do fluido bem comportada ou não. 5. calculado pela formula acima e
Em palavras mais técnicas: o resultado obtível de curvas, típicos de 102 a
pode ser uma vazão laminar ou 107.
turbulenta.
Como os parâmetros acima não são
necessariamente quantificáveis, foi
introduzido um numero que relaciona as
forças de viscosidade e inerciais do
fluido, denotando a dificuldade da
medição de vazão do fluido.
O numero de Reynolds (Osborne
Reynolds, inglês) é uma indicação
conveniente para a comparação dos
desempenhos de condições de vazão,
mantida constante a geometria do

274
Vazão

2. Medidores de Vazão elemento primário ou no princípio físico


envolvido.
Os medidores de vazão podem ser
2.1. Sistema de Medição divididos em dois grandes grupos
funcionais:
Os medidores de vazão consistem de
1. medidores de quantidade
duas partes distintas, cada uma
2. medidores de vazão instantânea.
exercendo uma função diferente:
Os medidores de vazão podem ser
1. elemento primário
ainda classificados sob vários aspectos,
2. elemento secundário
como
O elemento primário está em contato
1. relação matemática entre a vazão e
direto com o fluido (parte molhada),
o sinal gerado, se linear ou não-
resultando em alguma forma interação.
linear;
Esta interação pode ser a separação do
2. tamanho físico do medidor em
jato do fluido, aceleração, queda de
relação ao diâmetro da tubulação,
pressão, alteração da temperatura,
igual ou diferente;
formação de vórtices, indução de força
3. fator K, com ou sem
eletromotriz, rotação de impellers, criação
4. tipo da vazão medida, volumétrica
de uma força de impacto, criação de
ou mássica,
momentum angular, aparecimento de
5. manipulação da energia, aditiva ou
força de Coriolis, alteração no tempo de
extrativa.
propagação e muitos outros fenômenos
Obviamente, há superposições das
naturais.
classes; por exemplo, a medição de
O elemento secundário tem a função
vazão por placa de orifício envolve um
de medir a grandeza física gerada pela
medidor de vazão volumétrica
interação com a vazão do fluido e
instantânea, com saída proporcional ao
transformá-la em volume, peso ou vazão
quadrado da vazão, com diâmetro total,
instantânea. O elemento secundário é
sem fator K e com extração de energia. O
finalmente ligado a um instrumento
medidor de deslocamento positivo com
receptor de display, como indicador,
pistão reciprocante é um medidor de
registrador ou totalizador.
quantidade, linear, com fator K, com
As condições para a instalação
diâmetro total e com extração de energia.
apropriada e a operação correta, os erros
O medidor magnético é um medidor de
e as outras características do elemento
vazão volumétrica instantânea, com fator
primário são independentes e diferentes
K, diâmetro total e com adição de
das características do elemento
energia.
secundário, de modo que eles devem ser
tratados separadamente. O elemento
primário se refere especificamente à
2.3. Quantidade ou Vazão
medição de vazão e o elemento Instantânea
secundário se refere à instrumentação No medidor de quantidade, o fluido
em geral. A placa de orifício é o elemento passa em quantidades sucessivas,
primário que mede a vazão gerando uma completamente isoladas, em peso ou em
pressão diferencial e será estuda aqui. O volumes, enchendo e esvaziando
transmissor de pressão diferencial, que é alternadamente câmaras de capacidade
o elemento secundário associado a ela, fixa e conhecida, que são o elemento
será visto aqui muito superficialmente, primário. O elemento secundário do
para completar o estudo do sistema de medidor de quantidade consiste de um
medição. Este mesmo transmissor pode contador para indicar ou registrar a
ser usado em outras aplicações, para quantidade total que passou através do
medir nível ou pressão manométrica. medidor.
O medidor de quantidade é,
2.2. Tipos de Medidores naturalmente, um totalizador de vazão.
As classificações dos medidores de Quando se adiciona um relógio para
vazão se baseia somente no tipo do

275
Vazão

contar o tempo, obtém-se também o A maioria dos medidores possuem


registro da vazão instantânea. aproximadamente o mesmo diâmetro que
No medidor de vazão instantânea, o a tubulação onde ele é instalado. A
fluido passa em um jato contínuo. O tubulação é cortada, retira-se um carretel
movimento deste fluido através do do tamanho do medidor e o instala, entre
elemento primário é utilizado diretamente flanges ou rosqueado.
ou indiretamente para atuar o elemento Tipicamente o seu diâmetro é
secundário. A vazão instantânea, ou aproximadamente igual ao da tubulação,
relação da quantidade de vazão por e ele é colocado direto na tubulação,
unidade de tempo, é derivada das cortando a tubulação e inserindo o
interações do jato e o elemento primário medidor alinhado com ela. Esta classe de
por conhecidas leis físicas teóricas medidores é mais cara e com melhor
suplementadas por relações desempenho. Exemplos de medidores
experimentais. com diâmetro pleno: placa, venturi, bocal,
turbina, medidor magnético,
2.4. Relação Matemática Linear e deslocamento positivo, target, vortex.
Não-Linear A outra opção de montagem é através
da inserção do medidor na tubulação. Os
A maioria dos medidores de vazão medidores de inserção podem ser
possui uma relação linear entre a vazão e portáteis e são geralmente mais baratos
a grandeza física gerada. São exemplos porém possuem desempenho e precisão
de medidores lineares: turbina, piores. Exemplos de medidores: tubo
magnético, área variável, resistência pitot e turbina de inserção.
linear para vazão laminar, deslocamento
positivo. 2.6. Medidores Com e Sem Fator K
O sistema de medição de vazão mais
aplicado, com placa de orifício é não Há medidores que possuem o fator K,
linear. A pressão diferencial gerada pela que relaciona a vazão com a grandeza
restrição é proporcional ao quadrado da física gerada. A desvantagem desta
vazão medida. Exemplo de outro medidor classe de medidores é a necessidade de
não-linear é o tipo alvo, onde a força de outro medidor padrão de vazão para a
impacto é proporcional ao quadrado da sua aferição periódica. São exemplos de
vazão. medidores com fator K: turbina,
A rangeabilidade do medidor, que é a magnético, Vortex.
relação entre a máxima vazão medida O sistema de medição de vazão com
dividida pela mínima vazão medida, com placa de orifício é calibrado e
o mesmo desempenho é uma função dimensionado a partir de equações
inerente da linearidade. Os medidores matemáticas e dados experimentais
lineares possuem a rangeabilidade típica disponíveis. A grande vantagem da
de 10:1 e os medidores com grandeza medição com placa de orifício é a sua
física proporcional ao quadrado da vazão calibração direta, sem necessidade de
possuem a rangeabilidade de 3:1. simulação de vazão conhecida ou de
Exemplos típicos de medidores de medidor padrão de referência.
vazão não-lineares: placa de orifício,
venturi, bocal, target, calha parshall 2.7. Medidores Volumétricos ou
(exponencial); medidores lineares: Mássicos
turbina, deslocamento positivo,
A maioria dos medidores industriais
magnético, coriolis, área variável.
mede a velocidade do fluido. A partir da
velocidade se infere o valor da vazão
2.5. Diâmetros Totais e Parciais do
volumétrica (volume = velocidade x área).
Medidor A vazão volumétrica dos fluidos
Sob o aspecto da instalação do compressíveis depende da pressão e da
medidor na tubulação, há dois tipos temperatura. Na prática, o que mais
básicos: com buraco pleno (full bore) ou interessa é a vazão mássica, que
de inserção. independe da pressão e da temperatura.

276
Vazão

Tendo-se a vazão volumétrica e a Como desvantagem, é necessário o uso


densidade do fluido pode-se deduzir a de uma fonte externa de energia.
vazão mássica. Porém, na Exemplos de medidores aditivos de
instrumentação, a medição direta e em energia: magnético, sônico, termal.
linha da densidade é difícil e complexa. O número de medidores baseados
Na prática, medem-se a vazão na adição da energia é menor que o de
volumétrica, a pressão estática e a medidores com extração da energia. Isto
temperatura do processo para se obter a é apenas a indicação do
vazão mássica, desde que a composição desenvolvimento mais recente destes
do fluido seja constante. medidores e este fato não deve ser
Atualmente, já são disponíveis interpretado de modo enganoso, como se
instrumentos comerciais que medem os medidores baseados na adição da
diretamente a vazão mássica. O mais energia sejam piores ou menos
comum é o baseado no princípio de favoráveis que os medidores baseados
Coriolis. na extração da energia.

2.8. Energia Extrativa ou Aditiva 2.9. Medidor Universal Ideal de


Em termos simples, os medidores de Vazão
vazão podem ser categorizados sob dois Não existe um medidor ideal para ser
enfoques diferentes relacionados com a usado universalmente para qualquer
energia: ou extraem energia do processo aplicação. Todo medidor de vazão possui
medido ou adicionam energia ao vantagens e limitações inerentes e para
processo medido. cada aplicação há um medidor mais
Como o fluido através da tubulação conveniente, depois de analisados os
possui energia, sob várias formas aspectos técnicos e comerciais.
diferentes, como cinética, potencial, de Para cada conjunto de condições e
pressão e interna, pode-se medir a sua exigências de processo há um medidor
vazão extraindo alguma fração de sua mais adequado que deve ser o escolhido.
energia. Este enfoque de medição Isto obriga o engenheiro ou o técnico
envolve a colocação de um elemento conhecer os princípios básicos de todos
sensor no jato da vazão. O elemento os medidores de vazão e a aplicação
primário extrai alguma energia do fluido ótima para cada tipo.
suficiente para faze-lo operar. O ponto de partida para a escolha é o
A vantagem desta filosofia é a não- conhecimento prévio de todos os dados
necessidade de uma fonte externa de do processo da vazão. A escolha deve
energia. Porém, o medidor é intrusivo e ser feita, baseada no compromisso entre
oferece algum bloqueio a vazão, o que é o custo e o desempenho.
uma desvantagem inerente a classe de Porém, a escolha do melhor medidor
medição. de vazão não é suficiente para a futura
Exemplos de medidores extratores de medição precisa e confiável. O
energia: placa de orifício, venturi, bocal, instrumento escolhido deve ser montado
alvo, cotovelo, área variável, pitot, corretamente, mantido em perfeitas
resistência linear, vertedor, calha, condições e os dados fornecidos por ele
deslocamento positivo, turbina e vortex. devem ser interpretados e entendidos de
O segundo enfoque básico para medir modo exato e preciso.
a vazão é chamado de energia aditiva. O medidor ideal teria as seguintes
Neste enfoque, alguma fonte externa de características:
energia é introduzida no fluido vazante e 1. alta rangeabilidade, podendo
o efeito interativo da fonte e do fluido é medir com pequeno erro, grandes
monitorizado para a medição da vazão. A e altas vazões
medição com adição de energia é não- 2. sinal de saída linear com a vazão
intrusivo e o elemento primário oferece medida
nenhum ou pequeno bloqueio a vazão. 3. sinais de saída analógico e digital

277
Vazão

4. imunidade a ruídos e outras corrosivos e sujos, sem perda de


influências externas carga adicional,
5. medição da vazão sem influência 4. o medidor de vazão com
da densidade, viscosidade, deslocamento positivo, com pistão
condutividade e outras variáveis reciprocante, pistão oscilante,
modificadoras engrenagens ovais, impelidores,
6. perda de carga desprezível diafragmas e disco nutante. Usado
7. sem obstrução, para manipular para a totalização direta da vazão,
fluidos com sólidos em suspensão 5. o medidor de área variável para a
8. sem peças moveis indicação local e barata da vazão
9. alta resistência a fluidos abrasivos de fluido sob baixa pressão e com
e corrosivos pequena precisão,
10. capacidade de medir igualmente 6. o medidor com geração de vórtices
líquidos e gases, de Von Karmann, chamado
11. capacidade de uso em altas e genericamente de vortex,
baixas temperaturas e altas 7. o medidor direto de massa de
pressões Coriolis,
12. disponibilidade em diferentes 8. o medidor ultra-sônico por efeito
tamanhos para ser usado em Doppler e por tempo de trânsito,
tubulações grandes e pequenas. disponível na versão portátil, onde
13. capacidade de ser instalado e é usado externamente à tubulação,
retirado do processo sem 9. medidor tipo alvo (target) para
interrupção da operação medição de fluidos viscosos,
14. altíssima precisão (repetitividade, 10.medidores de canal aberto, tipo
linearidade, sem histerese e sem calha, onde se tem a variação
banda morta) simultânea da área de passagem e
15. ausência de manutenção, do nível da superfície líquida,
16. estabilidade, confiabilidade e 11.o medidor mássico termal baseado
integridade. nos efeitos de resfriamento ou
17. facilidade e retenção da aquecimento de elementos termais
calibração (calibração requerida Há outros medidores, mais raramente
em longos intervalos de tempo) usados e pouco conhecidos, como o
1. medidor com diluição,
2.10. Medidores Favoritos 2. medidor óptico com raio laser,
3. medidor de correlação,
Os medidores de vazão favoritos são
4. medidor linear com geração de
os seguintes:
pressão diferencial,
1. sistema de medição de vazão com
5. medidor baseado na variação do
elemento primário gerador de
momentum angular
pressão diferencial. Os elementos
6. medidor nuclear.
mais usados são a placa de orifício,
o venturi e o bocal e pitot. É o
sistema usado na maioria das 3. Geradores de Pressão
aplicações industriais, Diferencial
2. a turbina medidora de vazão,
tangencial, de inserção e com eixo Há vários tipos de medidores de
longitudinal. Usada para a medição vazão à pressão diferencial, também
precisa de fluidos limpos e com chamados de tipo coluna, head, à
saída digital conveniente para a restrição, à estrangulamento. Qualquer
totalização. que seja sua geometria, o princípio de
3. o sistema de medição magnética funcionamento é único: uma restrição à
da vazão, com excitação senoidal e linha, onde há uma vazão de fluido,
corrente contínua pulsada. Usado provoca o aparecimento de uma pressão
para a medição de fluidos diferencial, proporcional ao quadrado da
vazão. Sua base teórica é o teorema de
Bernouille, que diz: na vazão sem atrito,

278
Vazão

a soma da velocidade mais pressão ρ é a densidade do fluido


estática mais pressão diferencial é K é uma constante de
constante. Na tubulação, a vazão é proporcionalidade que inclui as unidades
sempre a mesma, visto que não há nem e os fatores de correção.
acúmulo nem vazamento em nenhum Algumas conclusões podem ser
ponto. Desse modo, quando há uma tiradas das expressões matemáticas
restrição na tubulação, o fluido é anteriores:
acelerado quando passa pela restrição. O A relação entre a vazão e a pressão
aumento da velocidade implica na diferencial não é linear mas uma relação
diminuição da pressão estática. Desde de raiz quadrada. Essa não linearidade
que se conheça a relação matemática limita severamente a rangeabilidade da
entre a vazão e a pressão diferencial, medição da vazão. Uma escala raiz
entre a pressão antes e a pressão depois quadrada expande a extremidade
da restrição, pode-se medir a vazão do superior da escala e comprime a
fluido pela inferência da medição da extremidade inferior, tornando difícil e
pressão diferencial. com pequena resolução as leituras de
valores baixos. Por exemplo, 50% da
vazão produz 25% de pressão
diferencial. Em 10% da vazão, a pressão
diferencial é de apenas 1%. Desse modo,
considerando a rangeabilidade da
medição da pressão diferencial em 10:1,
a rangeabilidade da vazão
correspondente é de apenas 3:1. Isso
significa, quando se mede a vazão
máxima de 100 unidades, a vazão
mínima a ser medida com a mesma
precisão, é de apenas 30 unidades.
Como conseqüência, é sempre
problemática a medição de pequenas
vazões com medidor à pressão
diferencial.
Para a medição das vazões,
volumétrica e de massa, é necessário o
Fig. 3.3. Elementos geradores de pressão conhecimento ou a medição da
diferencial: densidade do fluido. E a dependência
(a) placa de orifício
(b) tubo venturi entre a vazão e a densidade também é
(c) cotovelo raiz quadrada. Na maioria dos líquidos, a
(d) loop
(e) bocal
densidade não vária muito nas condições
de operação, porém, é mandatória a
compensação da densidade para a
As relações matemáticas são medição de vazões de gases e vapores.
conhecidas e valem simplesmente: Como é difícil a medição direta da
densidade, o que se faz, na prática, é a
Q = K ρ∆P
medição da pressão estática e da
temperatura ambiente do processo,
assumindo a composição do gás
∆P constante.
W =K
ρ
onde
Q é a vazão volumétrica
W é a vazão de massa

279
Vazão

Fig. 3.5. Placas de orifício

Fig. 3.4. Medição de vazão com pressão 4.2. Características Físicas


diferencial A placa é um disco metálico, de
espessura entre 1/8" e 1/4", com um furo
cientifica e rigorosamente calculado. O
3.1. Elemento Gerador furo é geralmente concêntrico, podendo
Para a medição da vazão através da ser excêntrico e segmentado, para a
medição da pressão diferencial, são medição de fluidos mais problemáticos. O
necessários dois componentes: material padrão é o aço inoxidável AISI
1. o elemento primário, que provoca a 316 ou 304, porém a placa pode ser
restrição à linha, como a placa de fabricada com outras ligas metálicas
orifício, o tubo Venturi, o tubo bocal, o especiais, compatíveis com o fluido de
tubo DallR, o tubo Gentile. processo, com o qual está em contato
2. o elemento sensor e medidor da direto. São usados: MonelR,
pressão diferencial provocada. HastelloyCR, tântalo e outros.
O princípio de funcionamento para Para facilidade de manuseio a placa
todos os geradores de pressão possui uma haste que se proteja para
diferencial é exatamente o mesmo: a fora da tubulação e onde, por
vazão é diretamente ligada à velocidade conveniência, são gravados os dados da
e às pressões do fluido. Maior vazão, placa: material, tamanho do furo, pressão
maior velocidade, menor pressão diferencial que ela produz na vazão
estática. O fluido acelerado através da máxima necessária para a calibração do
restrição aumenta sua energia cinética às elemento sensor da pressão diferencial.
custas da energia da pressão. Ou seja, a O furo da placa apresenta cantos
restrição à vazão provoca o vivos, para eliminar os atritos. Há porém,
aparecimento da pressão diferencial placas com contorno arredondado e
entre antes e depois da restrição. A suave, com espessura bem maior e com
medição da pressão diferencial é o furo limitado a um valor menor. É
proporcional ao quadrado da vazão que necessária a inspeção periódica à placa,
se quer medir. para verificação do estado dos cantos da
placa. Desgaste, polimento e sujeira
4. Placa de Orifício podem ser responsáveis pela introdução
de erros grosseiros ma medição de
vazão.
4.1. Conceito
4.3. Tomadas da Pressão
Foi desenvolvida e usada pela Diferencial
primeira vez no princípio do século, por
Thomas Weymonth, da AGA, e portanto, Há 5 possíveis tipos de tomadas de
suas características e dimensionamento pressão diferencial com placa de orifício:
são conhecidos. 1. tomada de canto (0-0)
A placa de orifício é o elemento 2. tomada de flange (1"-1")
padrão para provocar a queda da 3. tomada de vena contracta (variável
pressão, para a conseqüente medição da entre 0,35D e 0,85D)
vazão de líquidos, gases e vapores. 4. tomada de raio (D - 0,5D)
5. tomada de tubo (2,5D - 8D)

280
Vazão

O tamanhos retos a montante (antes) coeficiente de descarga, acha-se um


e a jusante (depois) da placa de orifício primeiro valor para beta, corrige o
dependem do tipo da tomada da pressão coeficiente de descarga, acha-se um
diferencial e das perturbações da linha. A segundo valor para beta. Repete-se
colocação de retificadores de fluxo pode iterativamente essa operação até se
diminuir sensivelmente as distâncias chegar a dois valores sucessivos de beta
mínimas envolvidas. dentro da tolerância desejada.
Tipicamente, para tomada tipo flange O valor final do beta deve cair entre
(a mais usada, na prática brasileira) tem- os limites inferior de 0,25 e superior de
se como valores recomendados: 0,75. Se o beta assume valores menores
A = 15 D que 0,25 e maiores que 0,75 ele é
C = 10 D inaceitável. Assume-se outro valor para a
B=D=5D queda de pressão diferencial e recalcula-
se o beta da placa.
4.4. Dimensionamento Nessa filosofia de dimensionamento
tem-se valores variáveis de beta (e
Dimensionar uma placa de orifício
portanto do diâmetro do furo da placa) e
para ser usada em uma tubulação de
tem-se faixas de calibração
diâmetro D é calcular o diâmetro d de seu
padronizadas. A faixa mais usada é a de
furo, geralmente concêntrico. O fator de
2.500mm de coluna d'água. A vantagem
mérito da placa de orifício é o seu beta,
desse dimensionamento de placas é a
definido como
padronização da faixa calibrada dos
elementos sensores de pressão
d
β= diferencial. As desvantagens são que as
D placas tem dimensões não padronizadas
e as incertezas de cálculo são maiores.
onde
d é o diâmetro do orifício da placa, Cálculo da pressão diferencial
D é o diâmetro interno da tubulação. Neste enfoque, assume-se um valor
O valor de beta é função dos dados exato e padronizado para o beta da placa
de vazão (vazão máxima, pressão e usam-se os dados de vazão para
diferencial a ser provocada pela placa, calcular a pressão a ser calibrada no
densidade do fluido, tipos de tomada e transmissor ou no elemento sensor de
do tipo do fluido, se líquido, vapor pressão diferencial.
superaquecido, saturado ou gases). Ele Os defensores desse
pode ser conseguido através de cálculos dimensionamento alegam a padronização
de formulas matemáticas, réguas de de placas de orifício, que podem ser
cálculo especificas, programas de armazenadas em estoque, em menor
calculadoras eletrônicas. numero e com uso mais geral. Isso pode
O cálculo do beta da placa é um reduzir os custos de produção de placas.
processo matemático iterativo, repetitivo, Outra vantagem é a escolha de valores
por causa de hipóteses assumidas, a padronizados para o beta e conhecidos
priori. Há basicamente, dois modos de previamente, diminuindo os erros
cálculo: causados pela incerteza dos parâmetros
de fabricação. São escolhidos os valores
Cálculo do beta
ótimos de beta, levando em consideração
Assume-se uma queda de pressão os aspectos de precisão e melhor
diferencial padronizada e calcula-se a resolução para a medição da pressão
placa de orifício. diferencial:
A partir dos dados de vazão (vazão β = 0,575 é o melhor, sob o ponto de
máxima, coeficiente de descarga, vista de erro
densidade, temperatura, pressão), β = 0,600 é o melhor, sob o ponto de
assume-se um determinado valor de vista de melhor pressão diferencial a ser
pressão diferencial, e calcula-se o beta detectada.
da placa. Como o beta depende do

281
Vazão

A desvantagem desse equipamento de montagem


dimensionamento, que padroniza a placa especial, sem interrupção da
e calcula a pressão diferencial a ser vazão.
calibrada, é a seleção do elemento 9. o sistema é flexível, pois o
sensor de pressão diferencial e a não elemento sensor de pressão
padronização das faixas calibradas, mais diferencial pode ser zerado durante
conveniente para a manutenção. o processo e pode ser facilmente
Qualquer que seja o tipo de isolado, quando se usa o conjunto
dimensionamento, devem ser distribuidor de 3 ou 5 válvulas.
considerados os coeficientes de
descarga (relação da vazão 4.6. Desvantagens e Limitações
instantânea/vazão teórica calculada),
As principais limitações do medidor
números de Reynolds, tamanho do tubo,
de vazão a pressão diferencial são:
correção de compressibilidade, schedule
1. a relação vazão e pressão
do tubo.
diferencial não é linear, mas uma
relação de raiz quadrada Quando
4.5. Vantagens
se necessita de um sinal linear, é
As principais vantagens da placa de necessário o uso de extrator de raiz
orifício são: quadrada, o que aumenta o custo
1. a calibração do sistema não requer da malha e da imprecisão do
outro medidor padrão de vazão, ou sistema.
seja o orifício não precisa ser 2. por causa da relação raiz quadrada
calibrado com a vazão. Os cálculos entre a vazão e a pressão
de dimensionamento, conhecidos diferencial, a rangeabilidade da
desde circa 1900, são confiáveis. A medição da vazão é ruim: vária
calibração consiste apenas calibrar entre 3:1 e 5:1.
o transmissor ou o elemento sensor 3. a precisão se degrada com o
de pressão diferencial, na bancada. desgaste e estrago no contorno do
Em vez de se simular a vazão do furo. A acumulação de sujeira pode
processo, simula-se a pressão introduzir erros grosseiros. Para
diferencial para o qual a placa foi solucionar esse inconveniente, é
dimensionada. necessária a inspeção periódica
2. não possui peças moveis, portanto das placas instaladas.
o desgaste é mínimo. 4. a placa apresenta uma grande
3. disponível em grande variedade de perda de carga permanente. Ou
tamanho (entre 2" até 100" de seja, a pressão depois da placa é
diâmetro), tipos de tomadas e de sempre menor que a pressão
material de construção. anterior, pois há uma perda de
4. pode ser usada para medição de cerca de 40% a 95% da pressão
vazão de gases, vapores e líquidos. diferencial máxima provocada.
5. preço independe praticamente do Valores pequenos de beta dão
tamanho. O que é mais significativo maior perda de carga (cerca de
é o preço do flange. O custo do 95%) e grandes valores de beta
elemento sensor de pressão provocam menor perda (como
diferencial é o mesmo, qualquer 40%).
que seja o tamanho da tubulação 5. o dimensionamento da placa deve
ou do valor da vazão. ser corrigido pelo numero de
6. não há necessidade de lubrificação Reynolds. Por isso, quando há
7. simplicidade extrema e com variações de viscosidade e
precisão aceitável para a maioria densidade do fluido, há erros de
das aplicações, desde que medição.
instalado corretamente. 6. é problemático quando se mede
8. a placa de orifício pode ser vazões pulsantes, com placas de
removida, através de um orifício.

282
Vazão

7. quando se considera o conjunto depois se calcula qual a pressão


completo, placa + sensor ou diferencial a ser calibrada no transmissor
transmissor de pressão diferencial, de vazão.
os custos dos equipamentos e sua
instalação são caros. 4.8. Tubo Venturi
8. em fluidos difíceis, que apresentam
Foi desenvolvido em 1877 por
problemas com condensação,
Herschel, e por isso também é chamado
congelamento endurecimento do
tubo Herschel Venturi. É um tubo com
produto, alta temperatura, é
formato e diâmetro padronizadas quanto
necessário o suo de acessórios
à curvatura de relação, diâmetro de
especiais, que oneram mais os
entrada (igual ao de saída), diâmetro do
custos, como câmaras de purga,
estrangulamento, grau de afunilamento
injeção de vapor, isolamento
de entrada e de saída (afunilamento da
térmico, poços de selagem, uso de
entrada é mais acentuado que o de
capilares.
saída), distância e colocação das
tomadas de alta e baixa pressão.
4.7. Orifício Integral
Como a placa de orifício, ele também
Quando se pretende medir vazões provoca uma restrição à vazão e
muito pequenas, com a utilização de conseqüentemente, produz uma queda
placa de orifício, tem-se uma placa tão de pressão entre a entrada e a saída.
pequena, que pode ser colocada na Porém, é uma restrição muito mais
tomada de processo do transmissor de suave. Essa atenuação da restrição
pressão diferencial. Essa placa, tão permite a medição de fluidos com sólidos
pequena que pode ser introduzida na em suspensão, sujos, impossível de ser
tomada de pressão é chamada de orifício conseguida com a placa de orifício. Outra
integral. São pequenas placas, com vantagem fundamental é sua muito
orifícios calculados e fabricados com menor perda de carga permanente.
precisão de relojoaria. Existem seis Tipicamente, a perda de carga
tamanhos bitolados e fixos: 0,508mm, permanente é de cerca de 10% da
0,864mm 1,511mm, 2,527mm, 4,039mm pressão diferencial máxima provocada,
e 6,350mm. portanto, em media, cinco vezes menor
que a provocada pela placa de orifício.

Fig. 3.6. Orifício integral ao transmissor


Fig. 3.7. Tubo venturi

A perda de carga permanente do


orifício integral é cerca de 100% da Sua principais vantagens são:
pressão diferencial medida pelo 1. pequena perda de carga
transmissor. 2. pode manusear sólidos em
O dimensionamento do furo, e suspensão no líquido
portanto a escolha do orifício integral, 3. pode medir altas vazões
pode ser feito através de réguas de As desvantagens são:
cálculo especificas. Geralmente, o ponto 1. custo altíssimo
de partida é a vazão máxima. A partir da 2. construção difícil, geralmente são
vazão, escolhe-se o orifício integral e feitos apenas pelos fabricantes

283
Vazão

especializados. A placa de orifício, processo. Seu custo é


por exemplo, pode ser fabricada aproximadamente o custo do
facilmente na oficina mecânica e de transmissor de pressão diferencial.
instrumentação da maioria das Alem disso, é menos flexível,
plantas. quanto à alteração da faixa
3. são disponíveis apenas em calibrada e pode ser submetido a
tamanho grandes, geralmente com menores pressões estáticas que o
diâmetros maiores que 6" transmissor d/p cell®.
4. menor precisão que a placa de 2. transmissor de pressão de
orifício, pois o acervo de dados diferencial, para a medição de
experimentais é menor vazão, chamado pela Foxboro de
d/p cell®. O transmissor mede
4.10.Seleção do Elemento Primário pequenas faixas de pressão
diferencial e pode suportar
Dentro da classe única de medidor de
altíssimas pressões estáticas.
vazão com geração de pressão
Possui um grande fator de
diferencial, existem vários tipos distintos,
proteção: a máxima pressão de
com o mesmo princípio de funcionamento
sobrefaixa é o próprio valor da
mas geometrias diferentes. A seleção do
pressão estática. Pode ser
elemento primário mais adequado deve
eletrônico (4-20 mA cc) ou
ser uma função do custo, queda de
pneumático (20-100 kPa). É
pressão permanente, tipo e localização
disponível com três faixas de
das tomadas da pressão, precisão,
pressão estática (3 MPa, 10 MPa e
exigências de trechos retificados.
40 MPa), três faixas de pressão
Quando já se decide pelo uso do
diferencial (0-125mm a 0-725mm,
elemento gerador de pressão diferencial
0-500mm a 0,7.250mm, e 0-
para a medição da vazão, recomenda-se
5.000mm a 0-21.250mm de coluna
o uso da placa de orifício concêntrico. A
d'água)
placa de orifício é a mais simples,
conhecida, econômica e pode até ser
construída localmente. Quando houver
problema técnico relacionado
principalmente com a perda de carga
permanente, então deve ser escolhido
outro mais favorável nesses aspectos,
como o bocal, tubo Dall e tubo Venturi.

4.11. Medidor do ∆P Fig. 3.8. Diafragma ou câmara Barton


A placa de orifício e qualquer outro
elemento provocador de pressão
diferencial, é insuficiente para a medição
da vazão. O elemento primário, que gera
a pressão diferencial em função da
vazão, requer o elemento secundário,
que sinta esta pressão diferencial.
Na pratica, usam-se dois tipos:
1. elemento sensor de pressão
diferencial, tipo diafragma duplo,
também chamado de câmara
Barton, diafragma Foxboro modelo
37. Esse elemento é usado
essencialmente quando se tem a Fig. 3.9. Transmissor eletrônico d/p cell
indicação, registro ou controle de
vazão, com o instrumento
conectado diretamente ao

284
Vazão

5. Medidor Tipo Alvo (Target) manipula material que tende a se


solidificar, como a parafina, é
O princípio de funcionamento do possível se aplicar um traço de
medidor tipo alvo é o de converter a força vapor, no ponto do fulcro da barra
de impacto, provocada pela vazão, em de força.
um alvo em um sinal detectável, e 2. apresenta bom desempenho: boa
proporcional à vazão do fluido. O mais precisão, repetitividade.
comum é o uso de um transmissor, 3. pode medir vazões de líquidos,
pneumático ou eletrônico, que sente a gases e vapores.
vazão, converte a força de impacto em As suas limitações são;
um sinal padrão, pneumático ou 1. deve ser montado em linha
eletrônico, proporcional ao quadrado da 2. deve haver vazão nula para o
vazão. A relação matemática empírica ajuste de zero
mostra que a vazão é proporcional à raiz 3. os dados de calibração são
quadrada da força de impacto exercida limitados.
no alvo.
6. Rotâmetro de Área Variável
O rotâmetro de área variável é
constituído de um medidor cônico,
montado verticalmente, com uma haste
indicadora. A posição da haste é
proporcional linearmente com a vazão
medida.
Pode-se fazer a seguinte analogia
com a placa de orifício: a placa possui
um orifício de área fixa e a pressão é
variável com a vazão. O rotâmetro
funciona com uma pressão constante e
possui uma área anular variável com a
vazão.
Fig. 3.10 Medidor alvo (target )

O transmissor de vazão tipo alvo é


montado em linha, podendo assumir
valores entre 3/4" a 4". Pela natureza do
dispositivo, ele pode ser zerado, a não
ser que haja um contorno do medidor.
Para facilidade de calibração em
bancada e para não ser necessária a
simulação da vazão do processo, são
fornecidos diferentes pesos de calibração
do transmissor. Cada peso corresponde Fig. 3.11. Rotâmetro de área variável
a uma vazão determinada
As faixas de medição são limitadas
entre 1,5 m3 a 150 m3/h, para água e Suas características, vantajosas ou
entre 44 m3/h a 4.250 m3/h para ar. limitadas, são as seguintes:
As suas vantagens e aplicações são: 1. como a relação vazão x posição da
1. aplicado para medir vazão de haste é linear, a rangeabilidade da
fluido viscoso, com tendência à medição é boa, cerca de 10:1.
solidificação nas tomadas. Como 2. é extremamente simples, e a não
o medidor tipo alvo não possui ser a limpeza, não requer maiores
tomada de processo não há esse cuidados de manutenção.
inconveniente. Quando se

285
Vazão

3. pode-se adaptar facilmente


dispositivos de alarme de vazão
mínima e máxima; basta acoplar
dispositivos acionados pela haste
de indicação.
4. a medição é imune à viscosidade.
5. não requer fonte de alimentação,
de nenhuma natureza.
6. a perda de carga é pequena e
constante, porém, não pode ser
usado em vazão pulsante.
7. a indicação é direta e linear, porém
a montagem só pode ser vertical.
8. normalmente é montado em linha e
só é disponível em pequenos
diâmetros. Para contornar esses
inconvenientes, é possível a
montagem em linha de contorno
(by pass).
9. o seu material de construção deve
ser transparente, para a leitura da
posição da haste interna. Quando o
material é de vidro, o medidor é
frágil e não pode manusear fluidos
tóxicos, perigosos e corrosivos.
Quando se reforça mecanicamente
o medidor, com partes de metal, o
seu custo aumenta.
10.sua precisão é ruim. Por isso sua
maior aplicação reside em
situações que não requerem
grande exatidão. Por exemplo, ele
é usado para medição de gás de
purga de selos de bomba e para a
alimentação do óleo lubrificante de
maquinas.
11.apresenta apenas indicação local,
não sendo possível se acoplar a
sistemas de transmissão e de
integração.
12.só pode manipular fluidos limpos e
lubrificantes. A sujeira no vidro
pode afetar a leitura.
13.são aplicados intensivamente para
indicação da existência de vazão,
não importando o valor da vazão,
em sistema de medição de nível
com borbulhamento de gás inerte
ou ar. São os chamados rotâmetro
de purga. Igualmente, são usados
em sistema de proteção de
equipamento elétrico em área
classificada, para a indicação da
vazão do gás inerte no interior do
equipamento.

286
Vazão

7. Deslocamento Positivo possível a opção de sinal


transmitido.
Mais que um medidor de vazão 4. não necessita de grandes trechos
instantânea, é aplicado para a medição retos antes de sua montagem,
de totalização de vazão volumétrica ou podendo medir vazões de fluidos
de massa. turbulentos. A precisão é pouco
O princípio de funcionamento do afetada pela turbulência.
medidor com deslocamento positivo é 5. pode medir grandes faixas de
simples: o medidor separa o líquido em medição, com fácil calibração.
volumes conhecidos, transporta-os de 6. como possui peças moveis, sujeitas
sua entrada para a saída, conta-os e os a desgastes e folga, pode haver
totaliza. O volume total é calculado pelo vazamentos, deslizamentos das
numero de pacotes, ou segmentos ou engrenagens. Por isso é necessária
quantidades conhecidas que passaram uma manutenção periódica.
no intervalo de tempo considerado. São 7. só pode medir fluidos limpos e
medidores mecânicos, com engrenagens lubrificantes. É proibido o uso para
e excêntricos moveis. Geralmente não medição de fluidos abrasivos, sujos
necessitam de nenhuma fonte de e corrosivos.
alimentação: utilizam a própria energia da 8. seu custo é relativamente alto,
vazão do fluido. A energia para acionar principalmente quando de grandes
essas partes moveis é extraída do fluido diâmetros. Suas peças de
e por isso há uma perda de carga reposição são muito caras, sua
grande. E como há peças moveis, a instalação é custosa e difícil.
precisão pode variar com o desgastes 9. apresenta alta perda de carga.
natural dessas peças. Pode se danificar quando mede
altas velocidades de fluido e há
pequena proteção de sobrecarga.
10.é montado em malha.
11.apresenta problema na medição de
fluidos que deixam rastro, como
lodo, resíduos, sujeiras nas peças
em contato com o processo.
Fig. 3.12. Medidor a deslocamento positivo

Há vários tipos de medidores, quanto


aos acionadores do líquido: disco móvel,
pistão oscilante, lâminas rotatórias,
lóbulos rotativos.
Quanto ao seu desempenho, pode-se
dizer o seguinte:
1. como a relação matemática
envolvida é linear, apresenta boa
rangeabilidade 9cerca de 30:1),
alem de ser preciso, repetitivo,
desde que não possua folgas, nem
desgastes das peças moveis.
2. pode medir fluidos viscosos e é Fig. 3.13. Medidor a deslocamento positivo
imune às variações de viscosidade.
3. apresente leitura local, podendo
facilmente ser acoplado a sistemas
de geração de pulsos, de natureza
eletrônica, óptica ou
eletromagnética, alem de ser

287
Vazão

8. Medidor Magnético susceptível de captar interferência.


Algumas configurações podem ter o tubo
medidor de vazão magnético acoplado
8.1. Princípio de funcionamento diretamente ao transmissor, sem o cabo.
Opcionalmente usa-se um limpador
O princípio de funcionamento do
de eletrodos, que evita a deposição de
medidor de vazão magnético é a lei de
sujeiras no ponto de tomada do eletrodo.
Faraday, que diz ser a força eletromotriz
Há limpadores do tipo ultra-sônico e há
(militensão) induzida no condutor móvel
limpadores mecânicos. É recomendado o
ao longo do campo magnético
uso do limpador, quando o fluido medido
proporcional à velocidade do condutor.
tem facilidade de deixar lodo e sujeira no
Como a velocidade do fluido é
caminho.
diretamente proporcional à sua vazão,
Quando se tem uma planta com
pode-se medir a vazão através da
muitos medidores de vazão tipo
medição da velocidade.
magnético é recomendado a aquisição do
A condição necessária para a
calibrador magnético de vazão. É um
aplicação do medidor magnético é que o
instrumento portátil, que prove um sinal
fluido seja condutor elétrico. A
de militensão alternada, em fase e
condutividade mínima exigida é de 200
amplitude adequadas, para a calibração
microsiemens por metro.
do transmissor eletrônico de vazão.

Fig. 3.15. Tubos medidores magnéticos

Fig. 3.14. Funcionamento do medidor magnético 8.3. Tubo Medidor


O medidor magnético de vazão é um
tubo de aço inoxidável não
8.2. Sistema de Medição ferromagnético, com um revestimento
O sistema de medição magnética da interno não condutor elétrico. Duas
vazão consiste dos seguintes bobinas externas produzem um campo
equipamentos: magnético no interior do tubo. Como elas
1. tubo medidor, são alimentadas com corrente elétrica
2. transmissor ou condicionador de alternada senoidal, tipicamente de 110 V
sinal RMS, 60 Hz, o campo magnético gerado
3. cabo coaxial blindado, de é de mesma natureza. O líquido que
interligação. passa no interior do tubo funciona como
O tubo medidor serve para gerar um o condutor elétrico e induz uma força
sinal elétrico proporcional linearmente à eletromotriz proporcional à velocidade do
velocidade do fluido e portanto à sua fluido, portanto à vazão do fluido. Dois
vazão. O transmissor eletrônico de vazão pequenos eletrodos, montados
converte esse sinal elétrico no sinal verticalmente ao tubo e tangenciando a
padrão de 4 a 20 mA cc e opcionalmente, sua superfície interna, detectam a força
em um trem de pulsos escalonados. eletromotriz. A força eletromotriz
Interligando estes dois instrumentos, usa- detectada é uma militensão alternada e é
se um cabo coaxial, rigorosamente linearmente proporcional à vazão do
blindado, pois o sinal de saída do tubo é fluido.
alternado e de baixo nível, portanto

288
Vazão

O interior do tubo de medição deve O tubo medidor de vazão e o seu


ser revestido de um material respectivo transmissor são instrumento
eletricamente isolante. Isso pode ser elétricos e portanto, devem satisfazer as
usado para revestir o interior do tubo com exigências para o uso na área de
materiais quimicamente inertes ao fluidos montagem. A maioria é constituida na
manuseados. São comuns: teflon, versão de uso geral, para montagem em
poliuretano, butadieno, neoprene e local seguro. Porém, podem ser
outros materiais. montados em locais de Classe I, grupos
Quando aplicados às industrias B, C e D, Divisão 2, classe de
alimentícias, são disponíveis na versão temperatura T3. Quando usado em
sanitária, que consiste em uma facilidade Divisão 1, requer a pressurização tipo Y,
excepcional de desmontagem, para que protege e possibilita o uso de
lavagens periódicas. Geralmente são instrumento não incenditivo em Divisão 1.
pintados de branco. O transmissor é, impropriamente,
Os medidores magnéticos são chamado de conversor.
conectados ao processo através de
flanges, com diferentes classes: ANSI 8.5. Vantagens
150 e 300, PN 16 e 40. As principais vantagens do uso do
Como os eletrodos são de tamanho medidor magnético de vazão são:
pequeno, é praticável e econômico sua 1. não apresenta nenhuma perda de
confção com materiais especiais, como carga adicional. Ou seja, a perda
Titânio, tântalo platina, monel, de carga do tubo medidor de
hastelloyC. vazão é exatamente igual à perda
de uma tubulação de igual
tamanho.
2. como não apresenta nenhuma
obstrução à linha, ele pode medir
vazão de fluidos sujos, corrosivos,
abrasivos, com sólidos em
suspensão, não lubrificantes.
3. a configuração geométrica do
sistema de medição ano é critica,
podendo medir fluidos laminares e
turbulentos. O único inconveniene
é a presença de bolhas de ar que
introduzem erro, pois a medição é
de volume.
Fig. 3.16. Transmissor integral ao tubo
4. a medição não é afetada pela
viscosidade, densidade,
temperatura ou pressão. Não é
afetado, inclusive, pela
8.4. Transmissor de Vazão
condutividade, desde que seja
O transmissor de vazão recebe na mantido o mínimo exigido.
entrada o sinal de militensão alternada de 5. não possui peças moveis e desde
saída do tubo magnético, proporcional à que a velocidade não ultrapassa o
vazão e o converte no sinal padrão de limite de 6,0 m/s, não há desgaste
transmissão de corrente, de 4 a 20 mA nenhum.
cc. 6. a saída é analógica e linear,
Para se obter maior precisão, quando requerido e portanto com excelente
com custo adicional, o transmissor pode ser rangeabilidade.
calibrado com um tubo especifico, ambos
formando um par casado para futura aplicação em
conjunto.

289
Vazão

8.6. Desvantagens e limitações 9. Turbina


Desvantagens, ele também as tem:
1. exige-se a condutividade mínima
9.1. Princípio de funcionamento
de 0,1 a 20 microsiemens.
2. o princípio de funcionamento O medidor de vazão tipo turbina prove
requer o tubo sempre cheio de um sinal de saída igual a um trem de
líquido. Se o formato da frente de pulsos, com freqüência linearmente
onda da vazão é assimétrico proporcional à vazão do fluido. O fluido
também há erros. Para solucionar passa no interior da turbina, fazendo girar
esses problemas, recomenda-se, um rotor em uma velocidade angular que
sempre que possível, montar o é proporcional à velocidade do fluido e
tubo medidor na posição vertical, portanto, proporcional linearmente à
com fluxo ascendente. vazão do fluido.
3. o medidor é montado em linha
4. a característica do medidor é seu
fator K, inerente a cada medidor,
construído para atender
determinados dados de vazão. A
calibração do medidor magnético
exige a simulação da vazão
conhecida.
5. é um instrumento elétrico e
portanto sua montagem é limitada
a locais seguros, ou se exige
técnica adicional de segurança Fig. 3.18. Turbina e amplificador
para montagem em local
classificado.
Um detetor eletromagnético converte
a rotação do rotor em um sinal usável, ou
em um trem de pulsos escalonados ou no
sinal padrão de 4 a 20 mA cc. Há
turbinas cujos totalizadores ou
indicadores são acionados mecânica e
diretamente pela vazão.
Na turbina clássica, o eixo de rotação
da turbina é longitudinal ao sentido da
vazão do fluido. As laminas da turbina, de
material ferromagnético, induzem o trem
de pulsos, quando corta o campo
magnético. Uma bobina externa com um
magnético deteta o trem de pulsos. Há
também turbinas cujo rotor gira
tangêncialmente à vazão.

9.2. Construção
Embora a teoria basica do
funcionamento da turbina seja
extremamente simples, os detalhes de
Fig. 3.17. Medidor magnético microprocessado projeto e construção são muito
complexos. Devem ser considerados
vários fatores, tais como: angulo das
laminas, números de laminas, mancais
para o suporte do eixo de rotação,

290
Vazão

montagem, fixação, retificadores da considerado quando seu local de


vazão. montagem é local perigoso. Sua
É desejável que o fluido sob medição classificação elétrica deve ser compatível
seja lubrificante, porém, com uso mais com o local, bem como sua classe de
limitado, são aplicadas turbinas para temperatura.
medição de fluidos não lubrificantes e até
de gases. Os fluidos a serem medidos 9.3. Vantagens
devem ser isentos de sujeira e não
As principais vantagens da turbina
podem ser abrasivos, pois destruiriam
são:
rapidamente o rotor da turbina. É normal
1. altissima precisão, repetibilidade e
o uso de filtro antes do local de
confiavilidade
montagem da turbina, cerca de 15
2. sua rangeabilidade é a maior
diâmetro de separação.
entre todos os medidores de vazão,
pois a relação matemática envolvida
é linear. Tipicamente, tem-se
rangeabilidade de 100:1, 50:1.
3. a saída é linear, digital (trem de
pulsos), adequada para sistemas de
totalização de vazão. A turbina é ideal
para sistemas de mistura digital
(blending).
4. a turbina é de pequeno tamanho e
Fig. 3.19. Internos da turbina peso, sendo fácil instalação.
Geralmente ela é instalada entre
flanges.
A parte critica da turbina é seu
mancal. Os mancais esféricos 9.4. Desvantagens e limitações
apresentam o melhor desempenho e a
máxima faixa de medição. Porém, são As limitações referentes à turbina
usados apenas com fluidos lubrificantes e são:
limpos. Quando os fluidos não são 1. é montada em linha e para sua
compatíveis, em limpeza ou em calibração se necessita da simulação
lubrificação, deve-se usar o mancal tipo de uma vazão conhecida. O fator de
luva. Os mancais esféricos possuem mérito da turbina é seu fator K, que
retentores metálicos ou de teflon® associa a unidade de vazão à
reforçado, para diminuir os atritos e frequência dos pulsos gerados.
manter as esferas na posição correta. 2. a turbina possui peça móvel.
A capacidade instalada da turbina deve ser cerca Embora haja apenas o rotor móvel,
de 30% a 50% maior que a capacidade calculada, há desgaste e folga nos seus
para diminuir a perda de carga. A excelente mancais de sustentação.
rangeabilidade torna possível essa folga. 3. ela pode ser danificada por velocidade
Quando a turbina está distante (mais acima da calculada. Ela não se aplica para
de 60 metros, por exemplo) do medição de vazão de fluidos abrasivos, sujos,
instrumento receptor dos pulsos, ou corrosivos e de alta velocidade.
quando os fios de transmissão percorrem 4. seu custo é elevado,
regiões com elevado grau de principalmente se considera a
interferência elétricas, deve se usar o colocação do filtro a montagem, o uso
pré-amplificador, que reforça e do pre-amplificador para distâncias
condiciona o trem de pulsos. O pré- acima de 60 metros.
amplificador pode ser montado 5. a turbina requer longos trechos
integralmente ao corpo da turbina. longos e distúrbios podem afetar a
A turbina de medição de vazão é um medição.
instrumento elétrico, normalmente
alimentado por tensão alternada de
110V, 60 Hz. Esse fato deve ser

291
Vazão

10. Medidor tipo Vortex


O medidor de vazão tipo Vortex foi
desenvolvido há pouco aanos e por isso
seus dados de aplicação são limitados e
muitas pessoas o consideram um
instrumento especial, para medição de
fluidos especiais. Porém, o medidor de
vazão tipo Vortexz deve ser considerado
um medidor de uso geral, aplicado a
líquidos, vapor e gases.
Fig. 3.21. Medidor tipo Vortex

Assim, a colocação do obstaculo


provoca o vortex, que é uma zona de
vazão rotacional. Os vários fabricantes
de instrumentos utilizam diferentes
variáveis que estão relacionadas com a
vazão e o vortex. Há variações no
equipamento e na aplicação da técnica,
embora o fenomeno criado seja o
mesmo. Por exemplo, a Foxboro utiliza
um diafragma selado, cheio de líquido, e
com um strain-gage no seu interior.
Fig. 3.20. Princípio de funcionamento do vortex: o
Outros fornecedores utilizam diafragma
probe provoca a formacao de vórtices que
capacitivo (Kent), cristal piezoelétrico ou
são detectados e que estão relacionados
bobina detetora de radio frequência
com a vazão volumetrica do fluido
(Fisher & Porter) ou termistor blindado
(Eastech).
Os formatos do obstaculo usado
O princípio de funcionamento está
como ponta de prova para provocar o
baseado na dispersão do vortex
vortice são diferentes, embora todos
provocado pela colocação de um
tenham obrigatoriamente o contorno
obstaculo na passagem da vazão. Se o
abrupto, com os cantos vivos. O medidor
obstaculo possui uma geometria abrupta,
Vortex da Foxboro possui o "probe"
com perfil não suave, o fluido não pode
gerador de vortices em forma de T
seguir seu contorno e há o aparecimento
deitado. O sensor da frequência (strain
de um vortex, ou seja, de um
gage) é montado na parte horizontal do
turbilhoamento. O voertex é disperso em
obstaculo, de modo que o próprio
uma frequência diretamente proporcional
obstaculo o protege de possíveis sujeiras
à velocidade e portanto, à vazão do
do fluido medido. O strain gage colocado
fluido.
no interior da capsula mede a pressão
Outro enfoque do medidor vortex é
provocaca pela precessão do vortice, que
aquele que considera o diferencial de
oscila na frequência natural do vortice.
pressão em torno do obstaculo, que
Esta frequência é proporcional a
provoca o vortex. Depois do obstaculo a
velocidade da vazão. Na parte superior
velocidade diminui e a pressão aumenta.
do transmissor está alojado o circuito
eletrônico que condiciona a militensão
pulsante detectada, em um sinal
analógico de corrente (4 a 20 mA cc) ou
em um sinal digital com pulsos
apropriados para a totalização da vazão.

292
Vazão

corpo pode ser flangeado (maior


que 4") ou do tipo liso (wafer).
3. o medidor não requer manutenção
e sua calibração se conserva
durante longos periodos de tempo.
Não possui peças moveis e há
poucas peças de reposição para
serem estocadas.
4. a sua saída é naturalmente
analógica, adequada para o
controle e digital, apropriada para a
totalização.
5. o medidor se aplica a líquido, vapor
e gás. Ele possui um projeto
universal que é imutável e igual
Fig. 3.22. Partes constituintes do vortex para todas as aplicações. A
calibração só é função do formato e
do tamanho do obstaculo e o
Não há ajuste de zero ou de largura vortice de Karman é um fenomeno
de faixa. O medidor vortex possui duas natural. Dentro da faixa linear da
características: assinatura do medidor não se
1. o fator K, que relaciona a saída requer nova calibração e a medição
com a entrada, exprime a a é imune a váriação da viscosidade,
relação dos pulsos por segundo pressão, densidade e temperatura;
com a vazão. A dimensão de K é fora da faixa linear ainda é possível
pulsos por volume. a medição, porém, é necessária a
2. a curva assinatura conseguida, calibração do medidor.
plotando o fator K com o numero As desvantagens são:
de Reynolds. Na há pulsos na 1. a aplicação comercial do
saída do medidor vortex quando o fenomeno é recente e pouco
numero de Reynolds está abaixo conhecida,
de determinado valor (cerca de 2. o medidor é montado em linha,
104 e quando a vazão é muito possui um fator K e necessita de
pequena e produz uma diferença outro medidor padrão para sua
de pressão não detectável. calibração,
Há uma limitação na velocidade 3. são disponíveis em poucos
máxima: 6 m/s; acima desta velocidade tamanhos (2" a 8") e acima de 6"
pode haver erosão e desgaste no é muito caro.
obstaculo. 4. apresenta perda de carga tipica
A perda de carga permanente é de 6 psig, que pode provocar
aproximadamente constante e vale cerca cavitação em fluido de baixa
de 6 psig (40 kPa), na vazão máxima. pressão de vapor, quando a
Esta perda da pressão deve ser pressão estática é baixa.
considerada no dimensionamento, para 5. não é aplicável para fluidos sujos
se evitar a cavitação do líquido medido. e abrasivos, que provocam erosão
As principais vantagens do medidor no obstaculo. Não pode ser usado
vortex são: para vazões com numero de
1. a relação matemática envolvida é Reynolds menores que 3.000; ele
linear e como conseqüência, é adequado para números acima
rangeabilidade é alta (mínima de de 104 onde a linearidade é
10:1), plena.
2. o custo do medidor instalado é 6. a sua faixa de temperatura de
pequeno. O medidor pode ser trabalho é entre -40 e +120 oC.
instalado entre flanges. O seu

293
Vazão

11. Medidor Coriolis essencialmente medem esta pequena


força vibratória induzida pela vazão do
fluido. Esta força do fluido é proporcional
11.1. Introdução à vazão mássica. É a mesma força de
Coriolis que causam as correntes de ar
A massa, ao lado do comprimento e
circularem em torna da Terra em rotação.
do tempo, constitui a base para toda
Esta força também cria uma precessão
medida física. Como um padrão
giroscópica empregada em sistemas de
fundamental de medição, a massa não
navegação de navios e aviões. A força de
deriva suas unidades de medida de
coriolis é a única força significativa usada
qualquer outra fonte. As variações de
na determinação da vazão mássica
temperatura, pressão, viscosidade,
direta.
densidade, condutividade elétrica ou
térmica e o perfil da velocidade não
afetam a massa. Tais imunidade e
constância tornam a massa a
propriedade ideal para se medir.
Até recentemente, não existia
nenhum método pratico para medir
massa em movimento. Os usuários
tinham de inferir a massa do volume.
Infelizmente, os medidores de vazão
volumétrica não medem a massa mas o
espaço que ela ocupa. Deste modo,
deve-se calcular os efeitos da Fig. 3.23. Componentes do medidor Coriolis
temperatura e pressão sobre a
densidade, quando deduzir a massa do
volume. 11.2. Efeito Coriolis
A medição direta da vazão de massa Qualquer objeto movendo acima da
evita a necessidade de cálculos Terra com velocidade espacial constante
complexos. Ela cuida diretamente da é defletido em relação a superfície de
massa e desde que a massa não muda, rotação da terra. Esta deflexão foi
um medidor direto de vazão mássica é discutida inicialmente pelo cientista
linear, sem as correções e francês Coriolis, na metade do século
compensações devidas às variações nas passado e atualmente é descrita em
propriedades do fluido. termos de aceleração de Coriolis ou da
O medidor opera pela aplicação da força de Coriolis. A deflexão é para o
Segunda Lei de Newton: Força é igual à lado direito, no hemisfério norte e para a
Massa vezes a Aceleração (F = m a). esquerda, no hemisfério sul. Os efeitos
Ele usa esta lei para determinar a Coriolis devem ser considerados em uma
quantidade exata de massa fluindo variedade de fenômenos em que o
através do medidor. movimento sobre a superfície da Terra
A massa do fluido tem uma está envolvido; por exemplo:
velocidade linear quando ele flui através 1. os rios no hemisfério sul forçam
do tubo sensor. A vibração do tubo mais sua margem esquerda do que
sensor, em sua frequência natural em a direita e o efeito é mais
torno do eixo, gera uma velocidade acentuado quanto maior for a sua
angular. Estas forças vibracionais do latitude,
tubo, perpendiculares à vazão do fluido, 2. no hemisfério sul, a água sai da pia
causam uma aceleração na entrada e girando no sentido horário,
uma desaceleração na saída. O fluido 3. os movimento do ar sobre a terra
exerce uma força oposta a si próprio, que são governados pela força de
resiste às forças perpendiculares do tubo, Coriolis,
causando o tubo dobrar. Os circuitos
eletrônicas do medidor de vazão mássica

294
Vazão

4. um termo, devido ao efeito Coriolis, proporcional a vazão mássica e o


deve sempre ser incluído em momento angular da terra.
equações de balística exterior,
5. qualquer bolha de nível sendo
usada em navio ou avião será
defletida de sua posição normal e a
deflexão será perpendicular a
direção do movimento do navio ou
avião e devida ao efeito Coriolis.

11.3. Calibração
O medidor Coriolis necessita da
calibração inicial para a determinação da
constante do instrumento e se mantém Fig. 3.24. Medidor Coriolis industrial
para qualquer fluido. A verificação ou a
recalibração é facilmente feita no campo,
pelo usuário. Para uma mola acionada Em um medidor tipo Coriolis, o fluxo
estaticamente, a calibração com um do fluido de entrada é dividido entre dois
único líquido, usando um fluido com tubos curvados, iguais e com diâmetros
única densidade, seria suficiente para menores que a tubulação do processo. A
determinar a constante do medidor para vazão segue as trajetórias curvas e
todas as variações de densidade, desde converge na saída do medidor. Estes
que a rigidez do sistema (constante de tubos estão vibrando em sua frequência
mola) seja corrida para as variações de natural, geralmente por um dispositivo
temperatura. As cargas não são magnético. Se, em vez de ser
aplicadas estaticamente mas são continuamente girado, o conduite vibra, a
aplicadas na frequência de acionamento. amplitude e a direção da velocidade
Uma função de transferência mecânica é angular se alternam. Isto cria uma força
introduzida em adição a função estática. de Coriolis alternada. Se os tubos
curvados são suficientemente elásticos,
11.4. Medidor Industrial as forças de Coriolis induzidas pela
vazão mássica produzem pequenas
Um objeto se movendo em um deformações elásticas nos tubos. Esta
sistema de coordenadas que gira com distorção pode ser medida e a vazão
uma velocidade angular, desenvolve uma mássica inferida dela.
força de Coriolis proporcional a sua Em sua forma mais simples, o
massa, a velocidade linear do objeto e a medidor de vazão Coriolis possui dois
velocidade angular do sistema. Esta força componentes básicos: o sensor e o
é perpendicular junto a velocidade linear transmissor eletrônico. O sensor é um
do objeto como a velocidade angular do conjunto de tubo (um ou dois) instalado
sistema de coordenadas. na tubulação do processo. O tubo
A Terra constitui o sistema rotatório. usualmente em forma de U é vibrado em
Por causa da força de Coriolis, um objeto uma pequena amplitude, na sua
lançado de uma torre alta atingirá a terra frequência natural, por meio de um sinal
um pouco a leste da vertical. Neste caso, da bobina acionadora. A velocidade
a velocidade angular está apontada para angular do tubo vibrante, em combinação
o norte e a velocidade linear está dirigida com a velocidade de massa do fluido
para baixo e a força de Coriolis está na vazante, faz o tubo inclinar. A quantidade
direção leste. Se o movimento do objeto de inclinação é medida através de
fosse impedido de cair em um longo tubo detetores de posição, colocados nas
vertical, esta componente da velocidade duas extremidades do tubo em U. Os
dirigida para leste faria o objeto exercer sinais gerados pelos detetores são
uma força contra a parede do tubo. Se o levados para um circuito eletrônico, que
líquido é bombeado através deste tubo, a condiciona, amplifica, padroniza e
força de Coriolis contra o tubo é transmite uma sinal de saída, típico de 4

295
Vazão

a 20 mA cc. Nenhum componente a Portanto, os medidores volumétricos


estado solido fica próximo do tubo e, usados para medir a vazão mássica não
como consequência, pode-se manipular podem ser tão precisos quanto os
fluidos em alta temperatura. O instrumentos usados para medir
transmissor eletrônico pode ficar até 300 diretamente a massa.
metros de distancia do sensor. As faixas de vazão variam de 10
Quando a vazão passa pelo tubo gramas/minuto até 20.000 kg/minuto. Os
vibrante, o efeito Coriolis ocorre, medidores são disponíveis em tamanhos
causando uma inclinação no tubo de até 6" de diâmetro.
durante sua vibração. A inclinação é Normalmente não há considerações
medida com um tempo de atraso entre as ou imposições acerca de trechos retos a
laterais do tubo e a medição é montante e a jusante. A maioria dos
processada como uma onda senoidal. O medidores não necessita de trechos retos
tempo de atraso é diretamente vizinhos ao medidor. Não há peças
proporcional a vazão mássica moveis e os tubos são virtualmente sem
instantânea. Independente da inclinação, obstrução. O medidor pode ser limpo no
a frequência de vibração do tubo varia local e auto-drenado com a própria
com a densidade do fluido do processo. configuração e orientação do tubo. São
Deste modo, além da medição da vazão disponíveis também versões sanitárias.
mássica (maioria das aplicações) pode-
se medir também a densidade do fluido 11.6. Aplicações
(minoria das aplicações). Um sensor de
Os medidores de vazão Coriolis
temperatura, normalmente um bulbo de
podem medir líquidos, inclusive líquidos
resistência, é também usado para
com gás entranhado, líquidos com
monitorar a temperatura, que influi na
sólidos, gases secos e vapor
módulo de Young do tubo metálico.
superaquecido, desde que a densidade
Nada fica em contato com o fluido,
do fluido seja suficientemente elevada
exceto a parede interna do tubo, que é
para operar corretamente o medidor. Os
feito normalmente de aço inoxidável AISI
medidores são disponíveis em tamanhos
316L.
variado de 1" a 6".
Como somente a massa em
A habilidade do medidor de vazão
movimento é medida, a encrustação de
Coriolis medir a densidade tem muitas
material no tubo sensor não afeta a
aplicações. As densidades de líquidos
calibração do medidor.
podem ser medidas com altissima
precisão e em linha, sem os
11.5. Características
inconvenientes e atrasos da amostragem.
A saída do medidor é linear com a A densidade pode ser usada para
vazão mássica, de zero até o valor determinar a percentagem de material na
máximo especificado. O circuito vazão pela massa (percentagem de
eletrônico pode gerar saída analógica e sólidos) ou volume total.
digital. A saída digital tem frequência Há aplicações de medidor Coriolis
ajustável continuamente entre 0 e 3 kHz portátil, montado em uma mesa com
e 0 a 15 kHz. A saída analógica mais rodas, para totalização e monitorização
comum é a de 4 a 20 mA cc. A saída de transferência de material em processo
pode ser escalonada em qualquer batelada de indústria farmacêutica. Um
unidade de engenharia. único medidor pode ser instalado,
A precisão é tipicamente estabelecida quando necessário, em um de vários
entre ±0,2 a ±0,4% da vazão medida, pontos, substituindo, a montagem de
com rangeabilidades iguais ou maiores vários medidores permanentes. O
que 25:1. Elas medem diretamente em medidor único serve uma grande área
unidades de massa. Com medidores porque é rara a necessidade de mais de
volumétricos, a temperatura ou a pressão uma medição ao mesmo tempo. Tem-se,
estática ou ambas deviam ser medidas assim, um sistema econômico e de altas
para a determinação da vazão de massa. precisão e confiabilidade.

296
Vazão

11.7. Limitações 12. Medidor termal


Os problemas que aparecem nestes
sistemas de medição de vazão de
12.1. Princípio de Funcionamento
Coriolis estão relacionados com a
sensibilidade a vibração e a alta Os medidores de vazão termais
temperatura, falhas do circuito eletrônico, podem ser divididos em duas categorias:
rupturas do tubo em soldas internas e 1. medidor de vazão que mede o
entupimento do tubo por fases aumento na temperatura do fluido
secundárias. A maioria dos problemas após uma conhecida quantidade
pode ser resolvida com melhorias do de calor ter sido adicionada ao
projeto. Tubos curvados de vários fluido. Ele podem ser chamado de
formatos reduzem o tamanho e peso de medidor de vazão a transferência
corpo do medidor e diminuem a perda de de calor,
carga permanente em médias e altas 2. medidor que mede o efeito do
velocidades. fluido vazante sobre um corpo
A distorção do tubo pode ser medida aquecido. Este medidor é também
sem a necessidade de se ter um ponto chamado de probe de fio quente
ou plano de referência para o movimento ou medidor de vazão com termo
do tubo. Maiores relações sinal/ruído e pilha aquecida.
correção de desvio de zero melhoram o Ambos os tipos são de energia
desempenho do instrumento. aditiva, onde o calor é usualmente
Adicionalmente os medidores são menos produzido por uma fonte elétrica.
sensíveis a vibração e mais faceeis de Os medidores termais medem a
serem instalados. A vazão divergente vazão mássica instantânea, uma
entre os dois tubos não mais necessitam caraterística desejável, especialmente
ser distribuída igualmente para manter a para o serviço de gás.
precisão e novos projetos eliminam a
necessidade de soldas internas nas 12.2. Medidor a Transferência de
extremidades do tubo. Calor
Como a vazão é separada em dois
A teoria do medidor de vazão a
tubos com diâmetros menores que o
transferência de calor é baseada nas
diâmetro da tubulação de processo,
equações de calor especifico:
ocorre o aparecimento freqüente de fase
secundária no medidor, quando não
cuidadosamente instalado. A perda de Q = W × c p (T2 − T1 )
pressão pode ser substancialmente maior
do que em outros tipos não-intrusivos e onde
portanto, pode haver o aparecimento de Q é o calor transferido (J/s),
cavitação e flasheamento de líquidos W é a vazão mássica do fluido (kg/s)
voláteis. cp é o calor especifico do fluido (J/kg
Os problemas ocorrem mais oC)
freqüentemente na partida de sistemas T1 é a temperatura do fluido antes da
mal instalados do que de falhas transferência de calor para ele, (oC)
mecânicas ou eletrônicas. Portanto, a T2 é a temperatura do fluido depois
instalação deve ser estritamente de da transferência de calor para ele, (oC)
acordo com as recomendações do Resolvendo a equação para a vazão
fabricante. tem-se:

Q
W=
c p ( T2 − T1)

O calor é adicionado ao fluido através


de um aquecedor elétrico imerso nele. A
potência do aquecedor é igual ao calor

297
Vazão

transferido ao fluido (Q) e é medida por onde as temperaturas da parede e do


um wattímetro. T1 e T2 são medidos por fluido estejam iguais, em equilíbrio.
termopares ou RTDs. Desde que o fluido Assim, a vazão instantânea é obtida
seja conhecido, seu calor especifico é medindo-se a diferença de temperatura,
também conhecido. Assim, medindo-se conhecendo a geometria do medidor, a
Q, T1 e T2, calcula-se a vazão mássica condutividade termal, a capacidade
W. A diferença de temperatura (T2 - T1) termal e a viscosidade do fluido e
pode ser medida diretamente. mantendo a potência do aquecedor
Este medidor apresenta vários constante. O medidor funcionaria
problemas: também mantendo a diferença de
1. os sensores de temperatura e o temperatura constante e medindo a
aquecedor devem ser colocados potência do aquecedor requerida para
no jato da vazão, podendo ser tal.
danificados pela corrosão ou Quando se constrói e usa um medidor
erosão, de vazão termal, deve-se estar seguro
2. a integridade da tubulação é que:
sacrificada, pela colocação dos 1. o calor é transferido,
sensores e do aquecedor, 2. o fluido está vazando de acordo
aumentando o perigo de com os mecanismos.
vazamentos. Este instrumento deve ser calibrado
Para evitar estes inconvenientes, os ou pelo fabricante ou pelo usuário, sob
sensores e o aquecedor podem ser condições que sejam iguais ou próximas
montados externamente à tubulação. às reais de operação.
Nesta configuração, o mecanismo de
transferência de calor se complica e a
relação fica não-linear.
Quando um fluido vaza numa
tubulação, um filme fino existe entre o
corpo principal do fluido e a parede da
tubulação. Quando o calor está passando
através da parede da tubulação para o
fluido, esta camada oferece uma grande
resistência ao fluido de calor e deve ser
considerada nos cálculos de
transferência de calor. Agora, se o
aquecedor é suficientemente isolado e o
material da tubulação é um bom condutor
elétrico, a transferência de calor do
aquecedor para o fluido pode ser
expresso por

Q = h A (Tparede - Tfluido)

onde
h é o coeficiente de transferência de
calor do filme, função da vazão laminar
Fig. 3.25. Medidor de vazão termal
ou turbulenta,
A é a área da tubulação, através da
qual passa o calor
Tparede é a temperatura da parede,
Tfluido é a temperatura do fluido.
O sensor da temperatura a jusante é
colocado próximo do aquecedor, de
modo que ele mede Tparede. O sensor
da temperatura a montante é localizado

298
Vazão

13. Medidor ultrassônico a ±5% da vazão medida, com


rangeabilidades de vazão de 10:1 a 40:1.
Como estes medidores são não-
13.1. Introdução intrusivos, a perda de carga permanente
A classe ultra-sônica de medidores de é essencialmente zero. Os transdutores
vazão possui dois tipos diferentes: tempo podem ser grampeados do lado de fora
da tubulação.
de propagação ou tempo de trânsito e a
efeito Doppler. Para a maioria dos Matematicamente, tem-se
medidores ultra-sônicos, a energia
elétrica é usada para excitar um cristal t AB = L /(C + V cos θ)
piezoelétrico em sua frequência de e
ressonância. Esta frequência de t BA = L /(C − V cos θ)
ressonância é transmitida na forma de
onda, viajando à velocidade do som, no onde
fluido e no material onde o cristal está C é a velocidade do som no fluido,
tocando. V é a velocidade do fluido na
tubulação,
13.2. Tipo Diferença de Tempo L é o comprimento do trajeto acústico,
θ é o ângulo do trajeto, em relação
O medidor de vazão ultra-sônico a
diferença de tempo ou tempo de trânsito ao eixo da tubulação,
mede a vazão, medindo o tempo gasto tAB é o tempo medido de trânsito
pela energia ultra-sônica atravessar a entre A e B
seção do tubo, indo a favor e contra a tBA é o tempo medido de trânsito
vazão do fluido dentro da tubulação. Os entre B e A
tempo de propagação da onda ultra- A diferença de tempo dá
sônica, através do fluido, são diferentes,
quando no sentido da vazão e quando no ∆t = t BA − t AB = 2 × L × V cos θ / C
sentido contrario. A diferença no tempo
de trânsito das ondas, a favor e contrario Simplificando,
à vazão, é proporcional a vazão do fluido.
Há uma diferença de tempo de ∆t
propagação, por que quando a onda viaja V =K×
t 2A
contra a vazão, a sua velocidade é
levemente diminuída e quando viaja a
favor da vazão, a velocidade da onda onde
sonora é levemente aumentada. t A -tempo médio de trânsito entre os
Neste medidor, uma onda de pressão transdutores.
de alta frequência é projetada, sob um
ângulo preciso, através da tubulação.
Quando a onda é transmitida através do
fluido na direção da vazão, sua
velocidade aumenta. Quanto ela é
transmitida contra a direção da vazão,
sua velocidade diminui. Do ângulo entre
a trajetória da onda e a vazão do fluido e
da velocidade da onda no fluido pode se
determinar a velocidade média do fluido.
A vazão volumétrica pode ser inferida Fig. 3.26. Princípio de funcionamento do medidor
desta medição da velocidade da vazão. ultra-sônico
Como a onda de ultra-som não pode
ser dispersa pelas partículas no fluido,
estes medidores são normalmente O tipo mais simples e mais
usados para medir a vazão de líquidos econômico envia uma única onda através
do fluido e tem dois transdutores
limpos. As precisões podem variar de ±1

299
Vazão

montados com ângulo de 180 graus quando o trem está também parado ou
afastado do tubo. O raio faz a média do em movimento.
perfil da velocidade ao longo de sua Na aplicação industrial, quando um
trajetória e não cruza a área do tubo. Isto raio ultra-sônico é projetado em um fluido
torna o medidor dependente do perfil da não-homogêneo, alguma energia
velocidade, que, por este motivo, deve acústica é refletida de volta para o
ser estável. Trechos retos de tubulação elemento sensor. Como o fluido está em
são normalmente recomendados para movimento com relação ao elemento
eliminar a distorção e os redemoinhos. sensor e o som espalhado se move com
As bolhas de ar no fluido, ou os o fluido, o sinal recebido difere do sinal
redemoinhos e os distúrbios gerados por transmitido de um certo desvio de
acidentes antes do medidor podem frequência, referido como o desvio de
espalhar as ondas de ultra-som, frequência Doppler. Este desvio de
causando dificuldades na medição. As frequência é diretamente proporcional a
variações da temperatura do processo vazão.
podem alterar a velocidade do som no Estes medidores não são
fluido, piorando o desempenho do normalmente usados com fluidos limpos,
medidor. Há problemas com medições de porque uma quantidade mínima de
pequenas vazões, pois há muito pequena partículas ou bolhas de gás devem estar
diferença entre os tempos de no fluido. As bolhas de gás podem ser
transmissão a favor e contra a vazão do criadas no fluido para fins de medição. A
fluido. precisões geralmente variam de ± 2 a
±5% da vazão medida. Não há
13.3. Tipo Diferença de Frequência usualmente restrições para a vazão ou
No medidor a diferença de frequência, para os números de Reynolds, exceto
ajustam-se as frequências de dois que a vazão deve ser suficientemente
osciladores, uma em fAB e a outra em rápida para manter os sólidos em
fBA, onde se tem: suspensão.
Relação Matemática
1
fAB = Uma onda ultra-sônica é projetada em
t AB um ângulo através da parede da
tubulação no líquido, por um cristal
1 transmissor em um transdutor colocado
fBA = fora da tubulação. Parte da energia é
t BA
refletida pelas bolhas ou partículas no
líquido e retorna através das paredes
A relação entre a diferença das
para um cristal receptor. Desde que os
frequências e a velocidade da onda é
refletores estejam viajando na velocidade
dada por:
do fluido, a frequência da onda refletida é
girada de acordo com o princípio
∆f × L
V= Doppler. Combinando as leis de Snell e
2 cos θ de Doppler, tem-se a velocidade:

13.4. Efeito Doppler ∆f × C t


V=
O efeito Doppler foi descoberto em 2fo cos θ
1842 e é usado atualmente em sistemas
de radar (ar) e sonar (água) e em ou, escrevendo de modo simplificado:
estudos médicos e biológicos. A
demonstração prática do efeito Doppler é V = K × ∆f
escutar o apito do trem ou a buzina do onde
carro. A qualidade tonal (frequência) é ∆f é a diferença entre a frequência
diferente para o observador estático transmitida e a recebida
fo é a frequência de transmissão

300
Vazão

θ é o ângulo do cristal transmissor e move muito lentamente. Variações na


receptor com relação ao eixo da densidade da mistura também
tubulação introduzem erro.
Ct é a velocidade do som no
transdutor.
A velocidade é uma função linear de
∆f. Desde que se possa medir o diâmetro
interno da tubulação, a vazão volumétrica
pode ser medida, multiplicando-se a
velocidade pela área da seção
transversal.
Realização do Medidor
O projeto mais popular é com um
único transdutor. Os cristais transmissor
e receptor estão ambos contidos em um
único conjunto transdutor, montado Fig. 3.27. Medidor ultra-sônico industrial
externamente à tubulação. O
alinhamento dos cristais é feito pelo A vazão deve estar na velocidade
fabricante do medidor. No projeto com típica de 2,0 m/s mínima para os sólidos
transdutores duais, o cristal transmissor é em suspensão e 0,75 m/s para as bolhas
montado separadamente do cristal entranhadas.
receptor, ambos externas à tubulação. O O medidor a efeito Doppler opera
alinhamento é mantido por um conjunto independente do material da tubulação,
apropriado. desde que ele seja condutor sônico.
Tubulação de concreto, barro e ferro
Aplicações muito poroso, podem absorver a energia
Como com o tempo de trânsito e ultra-sônica e podem não trabalhar bem
outros medidores de vazão, a tubulação com um medidor tipo Doppler. Deve-se
deve estar completamente cheia, para se tomar cuidado com tubo de plástico
ter a medição da vazão correta. O reforçado com fibra de vidro; os
transdutor com efeito Doppler indica a resultados são excelentes com tubulação
velocidade em uma tubulação de plástico, como de PVC.
parcialmente cheia, desde que o O medidor é geralmente barato para
transdutor esteja abaixo do líquido na comprar, para instalar e para usar.
tubulação. Entretanto, a necessidade de múltiplos
Os fabricantes especificam a conjuntos de transdutores aumenta o
distancia mínima do medidor para os custo da instalação. Muitas vezes, os
provocadores de distúrbio, como válvula, transdutores são montados do lado de
cotovelo, te, bombas, tipicamente 10 a 20 fora da tubulação por meio de epoxi.
D antes e 5 D depois do medidor.
O medidor a efeito Doppler se baseia
nas bolhas ou partículas no fluido para
refletir a energia ultra-sônica. Os
fabricantes especificam o limite mínimo
de concentração e tamanho de sólidos
ou bolhas nos líquidos para operação
confiável e precisa. Os medidores ultra-
sônicos a efeito Doppler são efetivos com
líquidos misturados com sólidos
(slurries). Porem, quando a mistura é
altamente concentrada, as ondas ultra-
sônicas não penetram suficientemente no
fluido, por causa da reflexão no fluido
próximo da parede da tubulação, que se Apostila\Instrumentação 33Vazão.doc 18 OUT 00 (Substitui 15 DEZ 9815 DEZ 98)

301
3.4
Nível
A medição do nível pode ser contínua
1. Conceitos Básicos ou discreta. Principalmente, em aplicações
de intertravamento (chaves de nível), deve-
se usar medições discretas, que
1.1. Introdução geralmente são mais simples.
Enfim, a escolha do melhor sistema de
O nível em um tanque, vaso ou silo
medição de nível deve incluir, mas não se
pode ser detectado através de diferentes
limitar a:
técnicas. O objetivo deste trabalho é o de
1. custo de propriedade, que envolve
ajudar o leitor a estreitar e focalizar o
custo inicial, acessórios,
sistema mais adequado para sua
manutenção, calibração, operação
aplicação. A seleção do sensor de nível
e custo do processo parado por
deve considerar as características
causa do mau funcionamento do
desejáveis e irrelevantes, tais como
sistema
movimento (onda) no nível, possibilidade
2. precisão, que envolve linearidade,
de entupimento, influência de deposição e
rangeabilidade, repetitividade,
revestimento do sensor, necessidade de
histerese
purga, confiabilidade, precisão, exigência
3. faixa de medição, incluindo valor
de legislação ou de contrato.
mínimo, máximo e ponto de
Sob o ponto de vista de manutenção
trabalho
alguns sensores que não fazem contato
4. especificações de pressão e
físico com o fluido cujo nível é medido,
temperatura do processo
(como radar, ultra-sônico, laser ou
5. materiais de construção
capacitância) ou aqueles que podem ser
compatíveis com os produtos do
montados externamente (como radiação,
processo
microondas, célula de carga), são mais
vantajosos.
Além da manutenção, devem ser 1.2. Conceito
considerados outros fatores, tais como a O nível pode ser considerado a altura
influência das variações da temperatura , da coluna de líquido ou de sólido no
densidade, composição e umidade do interior de um tanque ou vaso. O nível não
fluido e a possibilidade de compensação. se aplica a gases em tanque de teto fixo,
Pode-se medir nível de líquido e sólido. pois o gás sempre ocupa todo o espaço
Porém, as características do material (pessoal de gasômetro pode ter aplicações
medido é fundamental, pois pode haver de medição de nível de gás – tem vaso de
sólidos em suspensão nos líquidos, teto flutuante). Em aplicações industriais,
espumas, gases entranhados. A pode se ter um vaso com dois líquidos não
granulação dos sólidos também é miscíveis e se quer medir a interface
importante na medição do nível. Materiais desses dois líquidos.
que são difíceis de manipular (corrosivos,
sujos, tóxicos) devem ser medidos através
de sensores sem contato.

302
Nível

1.3. Unidades usar: peso com cabo, radiação,


microondas e ultra-sônico. A maioria
A unidade de nível deveria ser a dessas aplicações usam tomada por topo.
unidade de comprimento, pois o nível é a
Em aplicações de transferência de
altura de uma coluna de líquido. Porém, é
custódia, usam-se células de carga para a
prática universal se referir ao nível como
determinação do peso do tanque.
percentagem: o nível tem um nível que
varia entre 0 e 100%, podendo assumir Vaso pressurizado
todos os valores intermediários. A medição do nível de vaso
pressurizado é naturalmente mais
complicada. A pressão alta limita o número
de sensores disponíveis, torna mais difícil
a operação, calibração e manutenção do
sistema. Em medições baseadas em
pressão diferencial, torna-se necessário
fazer a segunda tomada, com os
problemas associados de selagem, purga,
elevação ou supressão de zero.
A medição do nível do tanque
pressurizado pode ser dividida em duas
Fig. 4.1. Medidores de nível de tanque categorias:
1. nível de líquido limpo
2. nível de líquido mal comportado
1.4. Aplicações A indicação de nível de líquido limpo
pode ser o visor de nível. Mesmo quando
As aplicações da medição de nível há transmissão, usa-se o visor como
podem ser agrupadas pelo serviço como: reserva e para comparação. A medição
1. vaso à pressão atmosférica torna-se complicada quando se tem alta
2. vaso pressurizado pressão e fluido sujo.
3. transferência de custódia A escolha do sistema de medição de
Vaso atmosférico nível depende muito do tipo de indústria.
As refinarias de petróleo utilizam muito o
A medição de nível de líquido em
sistema com deslocador, para líquidos
tanque aberto para a pressão atmosférica
limpos pressurizados. A instalação é
é a mais fácil. A instrumentação pode ser
confiável, precisa, robusta e segura.
instalada e removida do tanque para
Na indústria petroquímica, é muito
calibração e reparo, sem necessidade de
usado o sistema com pressão diferencial.
drenar o tanque. Geralmente o indicador
Este sistema tem custo inicial menor que o
de nível pode ser instalado à altura do olho
do deslocador, é também confiável,
e por isso o operador não precisa subir no
precisa, flexível e pode ser usada com
vaso para fazer a leitura. A indicação pode
fluido complicado. O problema do sistema
ser feita também manualmente, para
com pressão diferencial é a conexão de
verificar e calibrar a indicação do
baixa, que pode requerer óleo de selagem.
instrumento.
O selo pode ter a densidade variada com a
Geralmente a indicação de nível de
temperatura ambiente, requer inspeções
sólidos é também feita à pressão
periódicas. O repetidor de pressão pode
atmosférica, porém ela é mais difícil e
substituir o selo, porém, isso aumenta o
menos flexível que a medição de líquido
custo e piora a precisão. Mesmo assim, o
Para a medição de nível, o sólido é menos
sistema com pressão diferencial é o mais
previsível que o líquido. Os dispositivos
usado, para amplitude de faixa de nível
que podem determinar o nível de um ponto
maior que 1,5 metro.
de sólidos incluem: lamina rotativa,
Outros sistemas, como capacitância,
diafragma, radiação, ultra-sônico, vibração,
radiação e ultra-sônico são também
óptico, microondas e condutância. Para a
usados em tanques pressurizados, quando
medição contínua de sólidos, pode-se

303
Nível

o deslocador e o d/p cell não forem 9. processo com agitador; o agitador


satisfatórios. impede a colocação de sensores no
local e também provocam
Vaso para transferência de custódia ondulação na superfície livre o
É comum e há contratos comerciais líquido
entre firmas para a compra e venda de 10. sólidos com granulação não
produto, cujo faturamento é baseado na uniforme
medição do nível dos tanques de
estocagem. Estes tanques podem estar à 2. Medição de Interface
pressão atmosférica ou pressurizados.
Essas medições de nível requerem a A detecção da interface entre dois
máxima precisão possível. Por exemplo, líquidos imiscíveis se baseia na diferença
um tanque de armazenamento típico pode de alguma propriedade dos dois líquidos,
armazenar 750 000 barris API (American como densidade, constante dielétrica,
Petroleum Institute) pode ter diâmetro de condutividade termal ou elétrica, opacidade
105 m (345 ft) e são necessários 30 m3 ou transmitância ultra-sônica. Deve-se
(8000 galões) para elevar o nível de 25 escolher a propriedade que tenha a maior
mm (1 “). Assim, uma incerteza de 25 mm diferença.
(1 “) representa uma perda (ou ganho) de O meio mais antigo de medir interface
30 m3 (8 000 galões). de dois líquidos é através da pressão
Nestas aplicações de transferência de diferencial, tomando-se P1 no líquido mais
custódia baseada no nível, deve se pesado e P2 no mais leve. Em tanque
esforçar para ter boa confiabilidade, alta aberto para a atmosfera, pode-se colocar
precisão e grande resolução na medição três borbulhadores. Nesta aplicação, a
do nível. densidade do líquido mais leve é constante
e a do líquido mais pesado pode ser
Fluido mal comportado variável. A condição para o sistema operar
Fluidos mal comportados são aqueles é que o movimento da interface dos
difíceis de serem manipulados, por algum líquidos seja suficientemente grande para
ou vários dos seguintes motivos: provocar uma diferença de pressão maior
1. líquido com sujeira sólida em que a amplitude de faixa do transmissor.
suspensão, que pode entupir furos, Quando a diferença entre as constantes
conexões e tomadas de processo dielétricas é grande (como na
2. líquido corrosivo, para o qual é dessalinização de óleo cru) pode-se usar
difícil escolher material de detectores capacitivos. Em poços de
construção de sensores compatível petróleo pode se usar sensores ultra-
3. líquido com vapores tóxicos, que sônicos para interface de água doce e
nunca pode vazar ou ter emissões salmoura.
para o ambiente Em líquidos limpos, pode-se aplicar
4. líquido agitado, de modo que as bóia e deslocador para medir interface. A
ondulações da superfície provocam bóia deve ter uma densidade maior que o
erros na medição do nível líquido mais leve e menor que o líquido
5. líquido que seja facilmente deposto mais pesado (ou seja, sua densidade deve
nos sensores, modificando suas estar entre as duas densidades dos
propriedades elétricas (resistência, líquidos). No caso do deslocador, ele deve
capacitância, condutividade) ser mantido sempre coberto, tornando-se
6. líquido com vapores que um medidor de densidade. A densidade do
atrapalham a detecção por radiação deslocador pode ser igual ou maior que a
ou meio óptico densidade do líquido mais pesado.
7. líquido cuja agitação provoca Sensores nucleares podem fazer a
espuma na superfície livre detecção contínua de interface entre cinza
8. líquido que evapora à baixa e carvão em câmara de combustão
temperatura, provocando espuma e fluidizada ou entre dois líquidos mal
bolhas de ar e alterando a pressão comportados.
hidrostática da coluna liquida

304
Nível

3. Medição de Nível 3. leitura direta


4. alta confiabilidade
Os métodos de medição de nível
também são numerosos. Há dezenas de
diferentes princípios de operação, alguns
muito antigos e outros recentes e ainda
não comprovados.
Comercialmente, os princípios básicos
de medição de nível são os seguintes:
1. visor
2. bóia
3. pressão diferencial
4. borbulhamento (pressão diferencial)
5. deslocador, (força de empuxo)
6. radiação nuclear
7. radar
8. ultra-sônico
9. capacitivo
10.laser
Fig. 4.2. Visor de nível
4. Visor de nível
Ao contrário das outras variáveis de As desvantagens são:
processo que são invisíveis, como a 1. Aplica-se apenas para a indicação
temperatura e pressão, o nível de um local de fluidos não transparentes.
líquido pode ser facilmente visto, desde 2. Dependendo da geometria do
que as paredes do recipiente sejam sistema, os visores podem assumir
transparentes e o líquido não o seja. tamanhos muito grandes e pouco
O visor é o medidor de nível mais práticos para manuseio.
simples possível e consiste de uma parede 3. Quando de vidros, são frágeis e
de vidro ou outro material transparente, podem quebrar se mal manipulados.
geralmente com uma escala graduada. Um 4. Limitados a material não tóxico,
dos inconvenientes do visor é sua pressão de 100 kPa (15 psi) e
fragilidade, por ser construído de vidro. É temperatura de 100 oC.
comum o uso de armaduras e proteção 5. Não servem para a indicação remota,
metálicas, para aumentar a resistência nem para transmissão, sequer para o
mecânica do visor. Outra técnica é usar controle. Aplicações com
paredes mais grossas ou mesmo, usar transmissão tornam o sistema
materiais transparentes mais resistentes, complicado e caro.
como fibra de vidro e plásticos. A precisão do sistema de medição de
Por questões de flexibilidade, facilidade de nível com visor depende basicamente do
manutenção e para fugir às eventuais agitações do tamanho e divisões da escala associada.
líquido, é muito freqüente o uso de visores em tubos
paralelos aos tanques principais. Esses tubos,
construídos especialmente para a indicação do
fluido, são ligados aos tanques principais, através de
uma tomada, no mínimo. A tomada deve ser pouco
abaixo ou igual ao nível mínimo. Quando o tanque é
fechado deve haver uma segunda ligação, acima do
nível máximo. O princípio dos vasos comunicantes
garante que o nível do tanque principal é igual ao
nível da extensão.
As vantagens do visor de nível são
1. simplicidade extrema
2. baixo custo

305
Nível

4.1. Medidor com Bóia Chave


Escala 5
A medição de nível por bóia é direta e 4
extremamente simples e usada em tanque 3
aberto para a atmosfera. A bóia ou 2
1
flutuador está em contato direto com o
líquido do processo e é presa por um cabo
a um contrapeso, passando por uma polia.
A partir desse ponto, há vários tipos
diferentes de indicação.
Há sistema onde o próprio contrapeso estabelece o
valor do nível Tem-se uma escala invertida de 100%
a 0%. Quando o tanque está vazio, o flutuador está
baixo, o contrapeso está na altura máxima. Quando
o tanque está cheio, o flutuador está no topo do
tanque e o contrapeso no ponto mais baixo.
Fig. 4.4. Indicador de nível e trip acionado por bóia

Finalmente existe a chave de nível, tipo


bóia. Ou seja, tem-se o acionamento de
elemento final de controle, diretamente
pela posição de uma bóia de nível. Esse
sistema é utilizado extensivamente a toda
alimentação de água, em instalações
caseiras. Quando o nível da caixa d'água
atinge o seu máximo, ele eleva a posição
de uma bóia, que está acoplada
mecanicamente a um dispositivo para
Fig. 4.3. Bóia ligada à régua
abrir-fechar a tubulação de alimentação da
caixa.
A bóia é importante porque pode ser
Outros sistemas acoplam engrenagens
associada com outros sensores de nível,
mecânicas na polia, de modo que a
como ultra-sônico e capacitivo.
rotação da polia estabelece o nível do
Embora simples, os sistemas com bóia são de
líquido.
precisão media (±1% do fundo de escala) e são
Há ainda a possibilidade de se acoplar
usados principalmente para proteção.
um potenciômetro elétrico à polia, de modo
que a rotação da polia estabelece a
posição do terminal do potenciômetro,
possibilitando a geração de um sinal
elétrico dependente do nível.
O sistema de medição de nível com bóia
pode ser aplicado a tanque pressurizado,
quando se coloca um selo entre o
processo e o indicador. Na maioria dos
casos, o movimento da bóia é transferido
para o mecanismo de indicação por
acoplamento magnético ou por foles
pneumáticos e links mecânicos.

Fig. 4.5. Chaves de nível com bóia

306
Nível

4.2. Pressão Diferencial


As alterações do nível podem causar
alterações proporcionais em outras
variáveis de processo, mais facilmente
detectáveis. Assim, também se pode medir
o nível de um líquido por inferência,
através da medição de outra variável de
processo. Um método clássico de medição
de nível de líquido é através da pressão
exercida pela coluna líquida. A pressão
hidrostática, resultante da coluna do (a) Tanque aberto (b) Tanque fechado
líquido, é diretamente proporcional ao valor Fig. 4.6. Medição de nível à pressão diferencial
dessa coluna de líquido. A pressão em um
ponto do líquido é proporcional ao nível
acima desse ponto de referência. Geralmente, a medição da pressão
Matematicamente, tem-se: diferencial (tanque fechado) ou
manométrica (tanque aberto), proporcional
∆p = ρ g L ao nível do tanque, é feita através do
transmissor, tipo d/p cell® com a cápsula
onde diafragma como elemento sensor.
∆p é a pressão hidrostática, no fundo Para esse tipo de medição de nível através
do tanque, ou no nível 0. da pressão diferencial, há vários tipos para
ρ é a densidade absoluta do líquido a tomada de alta pressão, aquela próxima
g é a aceleração da gravidade do local ao fundo do tanque:
L é a altura do líquido ou o nível do 1. tomada convencional, através de
líquido acima do fundo do poço. rosca fêmea, tipicamente 1/2" NPT.
Como conseqüência, desde que a Quando o líquido é perigoso para a
aceleração da gravidade e a densidade do cápsula, utiliza-se uma coluna liquida
líquido sejam constantes, a pressão de selagem, entre a tomada do
hidrostática é diretamente proporcional à tanque e o corpo do transmissor.
altura da coluna liquida. 2. tomada tipo flange plana, quando a
A altura do líquido é seu nível. A tomada do processo é do tipo
pressão hidrostática, no fundo de cada flangeado e quando não há problema
tanque, é independente do formato do de decomposição de material na
recipiente e depende apenas da altura e da tomada.
densidade do líquido. 3. tomada tipo flange com extensão,
O princípio de operação é simples, o quando a tomada do processo é
problema se resume na medição da também flangeada e se deseja
pressão no fundo do tanque, quando manter a superfície sensível da
aberto e na medição da pressão no fundo cápsula em contato direto com o
e no topo, quando o tanque é fechado e processo, evitando-se a deposição
pressurizado. Assim, a medição do nível de produtos na reentrância da
da coluna liquida se transfere para tomada.
medição de pressão, manométrica ou 4. tomada tipo flange, plana ou com
diferencial, com todos os artifícios de extensão, porém ligada ao corpo do
selagem e purga, quando o fluido do transmissor através de um capilar, de
processo é corrosivo, tóxico ou sujo. tamanho variável e dependente da
A medição do nível pode ser feita geometria do sistema. Essa
localmente, ao lado do tanque, pela aplicação se refere a processos com
colocação do elemento sensor de pressão, alta temperatura. O capilar possibilita
acoplado diretamente ao indicador ou ao a montagem do transmissor distante
registrador. O elemento sensor mais do tanque.
utilizado é o diafragma ou a câmara
Barton.

307
Nível

Fig. 4.7. Transmissor com tomada convencional


(a) Eletrônico (b) Pneumático
Fig. 4.8. Transmissor com tomada de flange
A tomada da baixa pressão, aquela próxima ao topo
do tanque, depende principalmente da natureza do
líquido, cujo nível está sendo medido.
Quando o transmissor é colocado
1. quando o tanque é aberto para a
abaixo do nível mínimo e possui a perna
atmosfera, não há necessidade da
de selagem apenas do lado de pressão
tomada da pressão baixa, ficando a
alta, também se necessita do conjunto de
tomada do transmissor aberta para a
suprimento do zero. O valor a ser
atmosfera.
suprimido é proporcional
2. tomada com perna molhada de
1. à distância entre o nível mínimo e a
selagem, feita pelo usuário. A
colocação do transmissor,
selagem é necessária quando o
2. ao comprimento da tomada selada,
líquido é volátil e os vapores não
3. às densidades do líquido medido e
podem entrar no interior do
do líquido de selagem.
transmissor.
Quando as duas pernas possuem selo,
3. tomada tipo flange, plana ou com
normalmente se deve usar o conjunto de
extensão, ligada ao transmissor por
elevação de zero. Porém, para se
um capilar. Nessa configuração,
determinar o valor a ser elevado, deve se
ambas as tomadas são iguais. O
estudar todo o sistema, considerando as
tamanho dos capilares é função da
densidades dos líquidos envolvidos e as
geometria do sistema.
distâncias entre nível máximo, mínimo e
4. repetidor de pressão, pneumático,
com tomada convencional, flange
plana ou flange com extensão. O
repetidor de pressão torna
desnecessário o uso de selagem.
Para fins de calibração e colocação do conjunto
extra de elevação ou suprimento zero, é importante
o conhecimento completo da geometria do sistema,
das densidades do líquido medido e do líquido de
selagem. Assim, quando se tem o transmissor sem
selo, montado em tanque aberto, abaixo de nível colocação do transmissor.
mínimo (zero), é necessário o uso do conjunto de
supressão de zero, proporcional à distância entre o
nível mínimo e a colocação do transmissor. (a) Transmissor no vaso (b) Transmissor
Fig. 4.9. Nível com transmissor e capilar

308
Nível

O ponto de partida para a calibração e aplicações de tanque fechado. Ou


cálculo do sistema de medição de nível também: Usa-se o conjunto de supressão
deve ser a definição das faixas de de zero para cancelar qualquer pressão
medição. Assim, tem-se três faixas inicial no lado de alta pressão do
possíveis: transmissor e o conjunto de elevação de
1. 0-100, faixa referida ao zero zero para cancelar qualquer pressão inicial
2. -10 a 100, faixa com zero elevado ou no lado de baixa pressão.
com elevação do zero
3. a 100, faixa com zero suprimido ou
com supressão do zero
Quando a faixa calibrada é normal, por
exemplo de 0 a 1 000 mm de coluna
d'água de nível, basta se ajustar o
instrumento através do parafuso de zero.
Quando, porém, a faixa não começa de
zero, há a necessidade de se acrescentar
ao transmissor um conjunto extra,
opcional, que desloque o zero para a Fig. 4.10. Medição de nível com zero vivo
posição correta. Esse conjunto, de
elevação ou de supressão de zero, pode
ser fornecido originalmente com o Porém, não se recomendam regrinhas de
transmissor ou pode ser colocado a ouro, de memória pura. Recomenda-se a
qualquer momento, pelo usuário.. Quando analise do sistema completo para o cálculo
o transmissor é pneumático o conjunto de da faixa a ser calibrada. A partir da faixa
supressão é diferente do conjunto de resultante, escolhe-se o conjunto a ser
elevação do zero. Quando o transmissor é acrescentado ao transmissor e calibra-se o
eletrônico, o mesmo conjunto é capaz de transmissor com a elevação ou supressão
desempenhar ambas as funções, do zero calculadas.
indistintamente. O transmissor com tomadas de flange
Assim, quando se tem uma faixa com capilares, fornecido completo pelo
calibrada de -100 a 1 000 mm de coluna fabricante, é normalmente entregue com o
d'água, tem-se uma faixa com zero conjunto de elevação de zero, pois o
elevado. Logo há a necessidade de se capilar é cheio de um líquido, geralmente
elevar o zero, portanto usa-se um conjunto glicerina, com densidade especifica igual a
de elevação de zero. 1,07.
No caso oposto, quando a faixa As vantagens do sistema de medição
calibrada é de +100 a 1 000 mm de coluna de nível com pressão diferencial são;
d'água, o seu zero está suprimido. O quando o sistema é não selado:
transmissor para essa faixa de medição 1. o uso do transmissor d/p cell
requer um conjunto de abaixamento ou convencional é barato e flexível. O
supressão de zero. transmissor pode ser isolado, retirado
Alguns fabricantes de instrumentos e zerado, através do uso do conjunto
utilizam outra nomenclatura. A elevação de distribuidor.
zero é chamada de abaixamento da 2. o sinal pode ser transmitido,
largura de faixa e o abaixamento do zero é pneumática ou eletronicamente, para
chamado de elevação da largura de faixa. indicação, registro ou controle
Os termos são equivalentes, mas se remotos.
recomendam os temos: elevação de zero e 3. são disponíveis grandes variedades
supressão (ou abaixamento) de zero. de materiais de cápsulas, para uso
Algumas pessoas ligadas à instrumentação em aplicações corrosivas.
possuem regrinhas prontas para a As desvantagens do sistema sem selo são:
utilização do conjunto de elevação ou 1. variações na densidade causam
abaixamento do zero. Utiliza-se o conjunto erros na medição
de supressão do zero em tanques abertos
e o conjunto de elevação do zero em

309
Nível

2. não pode ser usado com líquido 4.3. Medição a borbulhamento


volátil, que requer selagem
3. quando não se usa selo, mas se usa A medição de nível com borbulhamento
também se baseia no princípio da pressão
purga, a purga torna mais
exercida pela coluna hidrostática. É
complicadas a operação e a
provavelmente o mais antigo e simples
manutenção.
dispositivo de medição de nível, com
Quando se utiliza selagem fornecida
pelo fabricante do instrumento e indicação remota.
integralizada através da flange e do O sistema de medição consiste de um
tubo de material inerte ao líquido do tanque
conjunto flange + capilar ou fornecida pelo
colocado verticalmente e mergulhado no
usuário, tem-se as seguintes vantagens:
interior do líquido, até quase atingir o seu
1. a selagem substitui a purga.
2. partes molhas são disponíveis em fundo. Através de uma tubulação injeta-se
vários materiais, compatíveis com os um gás inerte, geralmente nitrogênio, ou ar
comprimido. Aumenta se lenta e
diversos fluidos de processo
continuamente a pressão de suprimento do
3. aplicados a tanques abertos e
gás, até que se comece a borbulhar o gás.
fechados, mesmo muito altos.
No momento limite que começa o
4. são simples, fáceis de serem
instalados. Seu desempenho é bom borbulhamento, a pressão aplicada é
e podem medir grandes faixas de exatamente igual à pressão exercida pela
coluna liquida. Ou seja, a pressão aplicada
medição.
para borbulhar o gás é proporcional ao
5. são disponíveis dois tipos diferentes
nível que se quer medir. Quando o nível
de flange: plana e com extensão. A
flange com extensão tangencia o varia, a pressão a ser aplicada também
fluido medido, eliminando cavidades varia. Por isso deve se utilizar uma válvula
de controle de pressão diferencial, para
onde haveria a cumulo de material.
manter contato a vazão do gás, qualquer
As desvantagens do sistema com selo:
1. os transmissores com flange não são que seja a pressão do nível e para garantir
compatíveis com conjunto que a pressão aplicada seja sempre igual à
distribuidor, para isolamento e pressão da coluna liquida.
equalização, tornando problemática a
remoção do transmissor e sua
zeragem. Fig. 4.12. Medição com borbulhamento
2. a localização da montagem afeta a
calibração, que depende do
comprimento do selo ou do capilar.
3. variações na temperatura ambiente
causam erros, quando a medição
envolve capilares.

Desde que se coloque um medidor


dessa pressão regulada, tem-se a medição
do nível do tanque. Ou também, pode-se
colocar um transmissor de pressão
manométrica, para o envio do sinal para
Fig. 4.11. Transmissor com flange e pescoço indicação, registro ou controle distantes.
Essa é a idéia básica. Há, porém,
outros detalhes e uso de outros

310
Nível

equipamentos para otimização e 2. o sistema é frágil e exige muito cuidado


praticidade do sistema: de manuseio.
1. O tubo deve terminar em chanfros, de
modo que se garanta o fluxo constante
e suave de pequenas bolhas.
2. Deve se usar um rotâmetro de purga,
que indica a existência da vazão do gás
inerte. Não é necessária a medição do
valor da vazão, porém, apenas a
indicação da presença da vazão.
3. As linhas de transmissão devem ser
inclinadas em relação ao tanque, de
modo que os condensados voltem ao
tanque, quando há perda da pressão de
borbulhamento.
4. Quando o indicador local do nível é
colocado abaixo do nível de tanque,
deve se instalar um purgador de
condensado.
5. A pressão (ou vazão) do gás inerte é
regulada por uma válvula agulha .
6. Quando o líquido possui precipitado que
pode entupir o tubo de borbulhamento,
devido à falta temporária da pressão ou Fig. 4.13. Medição de nível com dois borbulhadores,
mesmo por causa da sua natureza, uma aplicada a um tanque pressurizado
chave seletora é usada, de modo que
se possa aplicar pressão em contra-
fluxo para o desentupimento do tubo.
7. A pressão de purga deve ser, no
mínimo, 70 kPa (10 psi) maior do que a LI
pressão hidrostática máxima do vaso.
8. A vazão de purga é mantida pequena, XFI N2
cerca de 500 cm3/min (1 SCFH).
9. Precisão geralmente entre ±0,5 a ±2%
do fundo de escala
Quando o tanque não é aberto para
atmosfera e está pressurizado ou sob
vácuo, o sistema se torna pouco mais
complicado, porque a medição do nível do
líquido é uma função da diferença entre
duas pressões de dois borbulhadores. Fig. 4.14. Simbologia no P&I
As vantagens do sistema de
borbulhamento são:
1. pode medir nível de fluidos sujos e
corrosivos (inertes ao vidro)
2. é um método simples
3. a temperatura do processo é limitada
apenas pelo material do vidro
As desvantagens e limitações são;
1. embora possa teoricamente ser usado
para tanques abertos e fechados, é
problemático e mais complexo a
medição de nível com tanque fechado
pressurizado.

311
Nível

4.4. Medição com Deslocador aparente do deslocador diminui, mantendo


assim uma relação linear e proporcional
Deslocador fixo entre o peso e o nível do líquido. Quando o
nível atinge o valor máximo calibrado, o
É também um método muito popular e
deslocador deve estar totalmente
conhecido. Seu princípio de funcionamento
submerso. Nessa posição ele apresenta o
é a lei de Arquimedes, o da eureka:
mínimo peso aparente e o transmissor
quando um corpo é submerso em um
deve gerar sinal correspondente a 100%
líquido, ele perde peso igual ao peso do
do nível.
líquido deslocado. O sistema de medição
Os problemas práticos que aparecem e
de nível por deslocador se resume na
devem ser superados são:
detecção e medição de um peso que varia
1. a selagem do sistema detector do
com o nível.
transmissor com o tanque de
Há quem chame esse sistema de
processo, que não deve ter atrito,
medição de nível de medidor com
deve suportar as pressões e
flutuador. O nome é incorreto, pois, na
temperatura do processo e não sofrer
realidade o elemento sensor não flutua,
corrosão do líquido.
mas fica submersa no líquido cujo nível
2. o tipo de tomada de nível,
está sendo medido.
geralmente feito através de flanges
com face ressaltada. Há tomadas
através de três tipos básicos: lateral,
topo e de gaiola. A gaiola é uma
Fig. 4.15. Montagens possíveis do transmissor
extensão do tanque principal. Ela é
usada para facilitar a retirada e
manutenção do sistema e quando há
muita onda no interior do tanque. Ela
é limitada quando a pressão é
elevada ou pode haver vazamentos.
3. o cálculo correto do peso e do
tamanho do deslocador. As vezes, é
conveniente adicionar ao sistema
uma proteção ao transmissor, de
modo que o peso do deslocador não
lhe fique aplicado durante muito
tempo.
4. O comprimento do deslocador nunca
pode ser menor que o nível a ser
medido.
5. A densidade do material do
deslocador deve ser sempre maior
que a densidade do líquido do
tanque.
O desempenho do sistema com
(a) Tomada lateral (b) Tomada de topo deslocador possui as seguintes
Fig. 4.16. Transmissor de nível com deslocador características:
1. pode ser aplicado para medição de
nível de líquido, interface do líquido-
O deslocador é suspenso de um vapor, densidade de líquido, interface
transmissor de nível, que detecta a força entre dois líquidos.
(peso) variável. Quando o nível é mínimo, 2. o sistema é simples, confiável e
o deslocador está imediatamente acima do relativamente preciso.
nível e totalmente fora do líquido. Seu peso 3. como há uma grande variedade de
é máximo e o sinal transmitido deve materiais para a construção do
corresponder ao zero da escala de deslocador e das braçadeiras de
medição. Quando o nível sobe, o peso ligação com o transmissor, o sistema

312
Nível

pode ser usado para medir líquidos a uma balança capacitiva de equilíbrio, que
corrosivos. mede continuamente o peso aparente do
Como limitações tem-se: deslocador, que é o seu peso real
1. Uso restrito para tanque não modificado pela força de empuxo exercida
pressurizado pelo produto sobre o deslocador
2. Aplicação apenas para líquidos parcialmente imerso.
limpos, pois não se pode ter As variações de nível provocam
deposição ou incrustação de material alterações no peso aparente do
no deslocador (alterando seu peso). deslocador, que são detectadas pela
3. Dificuldades e restrições nos selos balança capacitiva de equilíbrio através do
4. Custo elevado, principalmente deslocamento das placas centrais.
quando o deslocador é de material Variando sua capacitância em relação às
especial. placas laterais ativas, através de um
A precisão do sistema de medição de circuito eletrônico com servomotor
nível com deslocador é tipicamente de reversível. Este servo motor está acoplado
±0,5% do fundo de escala. ao eixo sem fim que aciona a coroa
dentada e conseqüentemente, o tambor de
Deslocador móvel medição, de modo a fazer subir ou descer
É possível se medir nível com um o deslocador, até que seja obtida
deslocador móvel, em vez de fixo. Neste novamente a imersão correta.
sistema o deslocador tem o formato de A tensão mecânica do fio que sustenta
bóia e se move como se fosse uma bóia, o deslocador é igual à diferença entre o
acompanhando a superfície livre do peso do deslocador e o empuxo
líquido. Porém, o que faz ele se mover é correspondente ao volume do líquido
um sistema de servomecanismo acoplado deslocado pela parte submersa. Na
a ele. Quando o fio que aciona o balança de equilíbrio, as placas centrais
deslocador se parte, ele vai para o fundo são tensionadas por duas molas para
do vaso, pois ele é muito mais pesado que contrabalançar a tensão do fio e manter o
o líquido. Este sistema de medição de nível deslocador em equilíbrio. O peso do
foi desenvolvida pela Enraf. deslocador, mesmo quando totalmente
O medidor de nível utiliza como imerso mantém o cabo de medição sempre
elemento sensor um pequeno deslocador tensionado.
com densidade maior que a do líquido cujo O eixo do servomotor aciona o
nível é medido. O deslocador é suspenso indicador mecânico de nível integral e o
por um cabo flexível que se enrola em um codificador óptico utilizado para
tambor de medição com ranhuras. Na transmissão remota de nível e
condição de equilíbrio, o deslocador fica temperatura.
parcialmente imerso no líquido permitindo Completam o conjunto, quatro chaves
a sua aplicação em líquidos com de alarme de nível (opcionais) ajustáveis e
turbulência na superfície e com variações atuadas pelo servomotor, através de um
de densidade do produto. sistema de engrenagens.
Um circuito integrador com ajuste de Para a indicação remota do nível e
tempo permite a medição estável do nível, temperatura os medidores são equipados
mesmo com turbulência na superfície do opcionalmente com um transmissor
fluído, já que a ação do integrador integral. São disponíveis dois sistemas de
proporciona um nível de leitura médio e transmissão: um para a transmissão
preciso. Esta característica permite que individual ao indicador digital de nível e de
os medidores de nível possam operar temperatura instalado no pé do tanque via
com precisão em tanques com agitadores RS422 e outro de freqüência por PWM
e com altas vazões de bombeamento. (modulação de largura de pulso) onde
Utiliza-se o princípio de todos os medidores são ligados ao
servomecanismo para eliminar os efeitos receptor central seletivo.
de atrito mecânico que prejudicam a Outra opção dos medidores é o
sensibilidade e a precisão do sistema. O dispositivo de teste da repetitividade, que
eixo do tambor de medição está acoplado permite ao operador elevar o deslocador,

313
Nível

de modo remoto e verificar a repetitividade 4.5. Medição Radioativa


da leitura.
A precisão é determinada a partir dos Introdução
seguintes parâmetros:
A radiação em diferentes freqüências
1. sensibilidade da balança de
pode ser usada para medição de nível.
equilíbrio,
Estas freqüências incluem:
2. cabo de medição,
1. radar,
3. diâmetro do tambor
2. ultra-som (microondas),
4. resolução do sistema de
3. laser (luz infravermelha)
transmissão
4. radiatividade (raios alfa, beta e
Bóia versus deslocador gama)
A diferença básica entre as três
A grande diferença entre sistema de
medição e de chave de nível com bóia e radiações, alfa, beta e gama, entre outras
com deslocador fixo é que a bóia se move características, é sua capacidade de
penetrar em outros materiais. A radiação
com a superfície e o deslocador
nuclear pode ultrapassar paredes
permanece imóvel, sendo parcial ou
metálicas. Quando o sinal é muito fraco e
totalmente imerso. A instalação e os
menos penetrante, é possível usá-lo
arranjos são iguais para a chave com bóia
ou com deslocador fixo, mesmo que os através do eco ou reflexão.
princípios de operação sejam diferentes. O sistema de medição de nível através
da radiação nuclear é constituído de:
Quando se comparam a bóia com o
1. fonte de material radioativo (Cs 137 ou
deslocador, tem-se:
Co 60) que se desintegra
1. A faixa máxima de medição ou a
distancia entre os pontos de alto e continuamente, segundo uma equação
baixa é maior para o deslocador exponencial simples e conhecida.
2. detector da radiação, colocado dentro
2. Os ajustes e calibração do sistema
do campo radioativo da fonte.
de deslocador são mais fáceis
3. material que se quer medir o nível,
3. Há menor probabilidade de alarme
falso provocado pela turbulência ou colocado entre a fonte e o detector.
vibração no sistema com Como a quantidade de material, portanto nível do
deslocador, pois o cabo está sob material absorve mais ou menos radiação, o valor da
radiação detectada será proporcional ao nível do
tensão mecânica
material.
4. Dentro de uma faixa larga, a
densidade do fluido não influi no Fenômeno da radiação
diâmetro do deslocador, permitindo
Átomos com o mesmo comportamento
a troca de deslocadores para fluidos
químico mas com diferente número de
com densidades diferentes,
nêutrons são chamados de isótopos
trocando apenas uma mola.
(ocupam o mesmo lugar na tabela
periódica). A maioria dos isótopos é
instável. O isótopo instável se desintegra
para formar o estável ou outro elemento
mais leve.
Os materiais radioativos, com alto peso
molecular, tendem a se desintegrar
naturalmente, gerando basicamente três
formas de radiação:
1. alfa
2. beta
3. gama
A radiação alfa (α) consiste em 2 elétrons
e 2 prótons e portanto é positiva. Seu
poder relativo de penetração é de 1. Isso

314
Nível

equivale a penetrar 200 mm do ar à A unidade usada para quantificar a


pressão atmosférica. atividade de qualquer material radioativo é
A radiação beta (β) consiste de elétrons o curie (Ci). Um grama de Ra 226 tem 3,7
e é negativa. Seu poder relativo de x 1010 desintegrações por segundo. Esta
penetração é de 100. Os raios α e β taxa de atividade é definida como 1 Ci,
podem ser defletidos por um campo quer seja produzida pelo Ra ou qualquer
elétrico ou magnético, pois possuem carga outra fonte. Para a maioria das aplicações
elétrica. de detecção de nível, são satisfatórias
A radiação gama (γ) consiste de ondas fontes com potência de 100 mCi ou menos.
eletromagnéticas, comparáveis aos raios- A unidade de radiação é o roentgen (r),
X. Seu poder relativo de penetração é de que é definido como a quantidade de
10 000. Por causa de seu grande poder de radiação que produzirá ionização igual a
penetração e pela incapacidade de ser uma unidade eletrostática de carga em um
defletido, as fontes de radiação γ são centímetro cúbico de ar seco, sob
escolhidas para uso em equipamento de condições padrão. Uma fonte de 1 curie
medição de nível. produz uma dose de um roentgen em um
As duas fontes de raios γ mais usadas receptor colocado a um metro da fonte
são os isótopos radioativos Co (cobalto) 60 durante uma hora. A unidade de taxa de
e Cs (césio) 137. O Co 60 é obtido dose é o roentgen por hora (r/hr), uma
bombardeando o isótopo estável Co 59 medida dos fotos atingindo o receptor em
com nêutrons. Quando Co 60 desintegra, uma distância definida.
ele emite radiação β e γ para formar o A radiação é atenuada quando ela
elemento estável Ni 60 (níquel). De modo penetra sólidos, líquidos e gases, e a taxa
parecido, quando Cs 137 decai, ele emite de atenuação é uma função da densidade
do material. Os números também ilustram
radiação β e γ para formar o elemento
o que é geralmente chamado de camada
estável Ba 137 (bário). O Cs 137 é um dos
de meio valor. Por exemplo, uma placa de
subprodutos de fissão do urânio e obtido
aço de 25 mm (1 “) reduz a radiação de
no reprocessamento de usinas nucleares.
uma fonte de Cs 137 pela metade. Uma
Há dois pontos importantes
placa adicional de 25 mm irá causar outra
relacionados com o decaimento radiativo:
redução de 50% de modo que a redução
1. O decaimento produz energia
total causada por uma chapa de 50 mm (2
eletromagnética que não pode
“) é de 25% (0,5 x 0,5 = 0,25).
induzir outros materiais se tornarem
Como esperado, a quantidade de
radioativos. Isto significa que as
material radioativo requerida para produzir
fontes gama podem ser usadas na
1 Ci de atividade depende do material:
medição de nível de alimentos e
1 Ci é gerado por 1 g de Ra 226
remédios, sem contaminá-los.
1 Ci é gerado por 0,88 mg de Co 60
2. A fonte perde potência quando se
1 Ci é gerado por 0,115 mg de Cs 137
desintegra. A taxa de decaimento é
A taxa da dose também varia.
expressa como meia vida, o período
Assumindo uma fonte de 1 mCi e um
de tempo durante o qual a fonte
receptor colocado à distância de 812 mm,
perde metade de sua potência. Por
a taxa da dose será de
exemplo, o Co 60 tem meia vida de
1,3 mr/hr para Ra 226
5,3 anos e portanto decai 12,5% por
2,0 mr/hr para Co 60
ano. O Cs 137 tem meia vida de 30
0,6 mr/hr para Cs 137
anos e decai 2,3% por ano.
A intensidade do campo de radiação no
Para a medição de nível, contínua ou
ar pode ser calculada da equação:
em chave de alarme, o decaimento da
fonte não afeta a precisão, mas determina
o tamanho inicial da fonte, para que o K mCi
D = 1000
sistema tenha uma vida útil razoável. d2
Raramente, pode-se usar o isótopo Ra
226 (rádio), que tem vida útil de 1602 anos. onde
D é a intensidade, mr/hr

315
Nível

mCi = tamanho da fonte em milicurie A fonte de Cs 137 é a padrão para


d é a distância para a fonte, em medições de nível. A fonte de Co 60 é
polegadas usada somente para aplicações onde se
K é uma constante, 1,3 para Ra 226 quer grande penetração, ou em vasos com
0,6 para Cs 137 paredes grossas. A principal razão é a
2,0 para Co 60 maior meia vida do Cs 137 (30 anos),
comparada com a do Co 60 (5,3 anos).
Tamanho da fonte
Na aplicação real, a radiação deve Segurança
penetrar substâncias diferentes do ar e é Uma fonte de raios γ irradia energia
de interesse prático determinar a eletromagnética em todas as direções,
intensidade do campo de radiação após os como uma fonte de calor. A exposição
raios γ passarem através das paredes do rápida a uma intensa radiação ou uma
vaso e do material do processo. Isso pode exposição prolongada a uma fraca
ser feito através de curvas disponíveis na radiação é perigosa. O grau de perigo,
literatura técnica ou através da equação principalmente para exposição a longo
anterior. termo a radiação de baixa intensidade, é
Assume-se que a mínima intensidade uma determinação subjetiva e por isso, se
do campo de radiação no detector seja de houver erro, ele deve ser feito no lado
2,0 mr/hr, quando o vaso está vazio e que seguro.
o campo deve ser reduzido por, no mínimo, A fonte de radiação é construída em
50% quando o vaso estiver cheio. A um invólucro cerâmico, colocado em uma
densidade relativa do líquido é 1 (água). cápsula com parede dupla de aço
Considerando uma fonte de Cs 137 com inoxidável. A cápsula é contida em uma
50 mCi, a intensidade do campo no estrutura construída de modo a permitir a
detector, sem tanque seria: saída do raio de radiação através de uma
janela muito estreita, enquanto é
K mCi 0,6 × 50 bloqueada em todas as outras direções por
D = 1000 = = 4,25 mr/hr uma blindagem de chumbo. O chumbo é
d2 84 2
um material especial na radiação, pois ele
é o fim de linha de todas as cadeias de
Colocando-se o tanque vazio no lugar,
desintegração de materiais pesados. Há
a atenuação através de duas paredes de
um obturador para fechar a janela, quando
aço de 12,5 mm (½ “), será 0,7 x 0,7 = 0,5
a fonte estiver fora de operação ou em
e a intensidade do campo resultante no
transporte. A blindagem da fonte é
detector é 4,25 x 0,5 = 2,1 mr/hr. Quando o
suficientemente espessa para reduzir a
tanque estiver cheio, a radiação irá
intensidade do campo a uma distância de
penetrar em 1,8 m (72 “) de material tendo
300 mm (1 ft) da fonte para 5 mr/hr ou
uma densidade relativa de 1. A curva para
menos.
Cs 137 não cobre espessuras além de 0,7
Como já mencionado, além da
m (30 “), mas isto não é importante, pois a
desintegração de raios γ, há também raios
atenuação total será a produto da
atenuação em três espessuras de 0,6 m β. Porém, a parede de aço inoxidável é
(24 “). Cada 0,6 m (24 “) de espessura do suficiente para bloquear toda a radiação β,
material tem uma transmissão de 7,5%, de que é de pequena penetração.
modo que a intensidade do campo no Os suportes da fonte são projetados
detector com o tanque cheio é de para uma faixa de tamanhos. Por exemplo,
um suporte pode ser usado para fontes na
2,1 x 0,075 x 0,075 x 0,075 = 0,0009 mr/hr faixa de 10 a 30 mCi e o próximo suporte é
usado para fontes entre 31 a 90 mCi.
Esta instalação satisfaz a exigência
dada de 2 mr /hr, com o tanque vazio e, no
mínimo, uma redução de 50% com o
tanque cheio.

316
Nível

6,25 rem por 50 semanas (ano). Esta


250 exposição excede os limites!
A condição de pior caso de tanque
200 vazio pode ser resolvida colocando um
INSEGURO
REM ACUMULADA

sistema de intertravamento que feche o


150
obturador durante este período.
100
5 REM/ANO
50 SEGURO

0 10 20 30 40 50 60 70
IDADE OPERADOR
Caminho da radiação
Fig. 4.17. Exposição à radiação como função do
tempo e segurança

Nos EUA, há uma legislação rigorosa


cuidando das taxas de exposição ao
Fonte e
material radioativo através da Nuclear suporte
Regulatory Commission (NRC). Estas Detector
máximo nível
regras estão incorporadas ao OSHA
(Occupational Health and Safety Act). No 45 o max
Caminho da
Brasil também há. radiação
A exposição a uma fonte externa é
expressa em unidade de rem (roentgen +
equivalente + homem). Uma pessoa mínimo nível
recebe a dose de 1 rem quando exposta a
1 roentgen de radiação em qualquer
período de tempo. Uma pessoa não pode 12,5 mm
receber mais do que 250 rem sobre toda 1,8 m
sua vida. A taxa em que esta exposição é
2,1 m
acumulada também é importante. É
desejável manter uma dose anual de 5 rem
e definitivamente não se deve exceder 12 Fig. 4.18. Instalação de sistema de radiação
rem por ano ou 3 rem por trimestre.
Para casa instalação industrial, é
essencial estimar a dosagem recebida pela Depois de obtidos os resultados, deve
pessoa trabalhando na vizinhança da se cuidar de reduzir a exposição do
fonte, assumindo sempre o pior caso (por operador. A exposição pode ser diminuída
exemplo, o operador está sempre próximo colocando a fonte e o detector de modo
da fonte, o tanque está sempre vazio). que o operador não esteja na área de alta
Para a instalação da Fig. 4.18, intensidade de campo. Outra solução é
assumindo que o operador trabalhe 25 colocar blindagem adicional de chumbo em
horas por semana e que o operador está torno da fonte e atrás do detector.
sempre próximo de 300 mm (12 “) da fonte Quando se submete uma instalação ao
durante este período (pior caso). licenciamento, deve-se especificar:
Assumindo que o suporte da fonte satisfaz 1. isótopo usado e tamanho da fonte
a exigência de 5 mr/hr, a exposição do 2. fabricante e número do modelo do
operador seria instrumento e do suporte da fonte
3. descrição da instalação
5 mr/hr x 25 hr/sem = 125 mr por semana 4. máxima ocupação da área
5. pessoa responsável para contato.
ou, aproximadamente em um ano:

317
Nível

Detector para bloquear o raio da fonte e mudar o


Há vários detectores de radiação γ estado da chave. Se é desejável um
disponíveis, mas os dois mais comuns são: intervalo maior, o detector é montado em
1. tubo Geiger-Mueller (G/M) ângulo com a fonte. Para o máximo
2. câmara de ionização de gás diferencial, o sensor é montado
O tubo G-M tem um fio como anodo no verticalmente, produzindo um diferencial
centro de um catodo cilíndrico. O tubo de 150 mm. Para intervalos maiores,
catodo é cheio com gás inerte e selado. usam-se dois detectores com uma única
Uma tensão de 200 a 300 V é aplicada fonte. Para intervalos maiores que o
através do anodo e catodo. A radiação diâmetro do tanque, usam-se dois
gama incidente ioniza o gás inerte, de conjuntos separados de fonte e detector.
modo que ocorre uma ruptura elétrica entre
o anodo e catodo. A freqüência da ruptura
está relacionada com a intensidade da
radiação gama e pode se determinar a
F D F D
potência do campo pela contagem dos
pulsos produzidos sobre um dado intervalo
de tempo.
A câmara de ionização é também cheia
de um gás inerte e selada, mas em vez de
se aplicar uma tensão de 300 V para
romper, aplica-se uma pequena tensão de
6 V através das extremidades da câmara.
Quando a câmara é exposta à radiação H H
gama, ocorre a ionização e aparece uma F D1 F D1
corrente contínua na faixa de <φ
microampere. Esta corrente é proporcional D2 >φ
à intensidade do campo. L
O tubo G-M é sempre usado em F D2
aplicações com chave de nível (detecção
L
de ponto). O detector da chave é arranjado
φ φ
de modo que ele vê a intensidade máxima
(tanque vazio) e vê o campo zero ou
mínimo (tanque cheio).
Os dois detectores, tubo G-M e câmara Fig. 4.19. Instalações de chave de nível radioativa
de ionização, são usados em aplicações
de medição contínua. Quando são
comparados:
1. O tubo G-M é mais barato que uma Medição contínua de nível
câmara de mesmo comprimento,
porém é mais sujeito a desvio (drift) e Há dois métodos para medir nível
seu desempenho pode se deteriorar continuamente, através de fontes e
com o tempo. detectores fixos:
2. O tubo G-M pode falhar, quando 1. fonte de fita e detector de fita
exposto (acima do nível do líquido). 2. fonte pontual e detector de fita
O método usando fonte e detector,
Instalação de chave ambos em fita, é mais caro, mais preciso e
Há várias configurações de instalação mais conveniente para a maioria das
de chave de nível, quanto à posição geometrias envolvidas. A fonte em fita
relativa da fonte e do detector. A mais irradia um raio uniforme, longo, estreito na
comum é ter a fonte e o detector no direção do detector. Quando o nível
mesmo nível horizontal. Neste caso, o aumenta um pouquinho, há um pequeno
diferencial entre a ação liga-desliga da aumento correspondente do detector. Esta
chave é de 6 mm (1/4 “). Isto significa que resposta incremental é uniforme e linear
um aumento do nível de 6 mm é suficiente sobre toda a amplitude de faixa e por isso

318
Nível

o sinal produzido é linear com a variação Vantagens e limitações


do nível, exceto para pequenas não A grande vantagem do sistema é a
linearidades próximas do 0 e do 100%. possibilidade de se medir nível de sólidos.
Esta medição é sensível às variações da É um sistema extremamente simples,
densidade do material medido. Material de porém não é muito usado porque existem
maior densidade causa maior atenuação. preconceitos e mal entendidos, tais como:
1. o custo do sistema é assumido ser
muito alto. Isto não é verdade em si e a
Amplificador simplicidade do sistema pode
Fonte compensar o custo.
fita 2. o perigo de usar material radioativo é
grandemente exagerado. Quando se faz
um projeto correto e se entendem todos
0,6 m Células os conceitos envolvidos, o sistema não
max é mais perigoso que nenhum outro.
3. A principal desvantagem técnica é que a
fonte de radiação de reserva está se
desintegrando de modo idêntico a fonte
em uso.

Fig. 4.22. Detecção contínua do nível com fonte fita


e células receptoras
Fonte
O método com fonte pontual e detector em
fita também trabalha como um dispositivo Detector
liga-desliga com pequenos incrementos,
pois um pequeno aumento no nível
bloqueia o raio da fonte radioativa de um
correspondente incremento do detector.
Neste sistema, a medição é não linear, por
causa da espessura não uniforme do
material e da não uniformidade da Fig. 4.24. Posições relativas da fonte e detector
geometria da instalação fixa (paredes do
vaso, distâncias da parede ao detector, 4.6. Sistema com radar
espaço livre).
Introdução
O sistema de medição de nível com
radar usa ondas eletromagnéticas,
D tipicamente microondas na faixa de 10
F GHz (banda X). Geralmente a medição é
contínua e se aplica a nível de líquido.
As emissões são de baixa potência,
F tipicamente menores que 0,015 mW/cm2
pois as aplicações industriais requerem
geralmente faixas menores que 30 m, que
é uma distância pequena para a técnica de
radar. Nesta faixa de energia, não há
problema de saúde, segurança, licença ou
considerações de contaminação. Os
Fig. 4.23. Detecção de nível com duas fontes dispositivos envolvidos são os prosaicos
pontuais e um detector fita transistores e diodos para gerar e detectar
as microondas.
O sensor radar é montado no topo do
vaso e é dirigido para baixo, perpendicular

319
Nível

à superfície do líquido. Isto faz o sinal ser


Sinal Sinal
refletido da fonte para retornar diretamente F2 enviado

Freqüência
para o sensor. O caminho do sinal é refletido
afetado pelo tamanho da antena.
∆F
Tempo de
F1 propagação

T1 T2 Tempo

Fig. 4.26. Freqüência de varredura do radar

Há dois desempenhos e preços nos


equipamentos de medição de nível a radar,
(a) antena esquerda é grande, com um causados pela banda de passagem do
disco parabólico oscilador. Se a banda de passagem é
(b) antena direita é pequena, tipo corneta
maior, pode se conseguir uma maior
Fig. 4.25. Tipos e padrões de antenas de radar
freqüência de varredura no mesmo
período. Isto fornece um aumento
diretamente proporcional em resolução, em
Determinação do tempo de propagação termos da aumento da variação de
freqüência para um dado aumento de
O tempo de propagação do sinal
variação de nível. Isto, mais o fato que
refletido é medido pelo controle do
mais sinais F podem ser calculados
oscilador (sensor), de modo que ele envia
durante cada varredura de freqüência
uma freqüência linear varrida em uma
permite interpretação mais precisa do sinal
largura de faixa fixa e tempo varrido. O
de freqüência.
detector radar é exposto simultaneamente
à varredura enviada do radar e ao sinal de
retorno refletido, que é uma parte mais
∆F em alta banda
velha da varredura do radar. A saída do
F2 de passagem
Freqüência

detector é um sinal de freqüência que é


igual à diferença entre os sinais enviado e
o refletido. Esta diferença em freqüência é
diretamente proporcional ao tempo de
propagação e assim à distância entre o F1
sensor e o nível do líquido. O resultado é ∆F em baixa banda de passagem
um sinal de freqüência modulada (FM) que
varia entre 0 e mais do que 200 Hz, T1 T2 Tempo
quando a distância varia 0 e 60 m.
Uma vantagem desta técnica é que a
informação da variável de processo está
Fig. 4.27. Bandas de passagem do radar
no domínio da freqüência em vez do
domínio da amplitude modulada ou da
diferença de tempo, o que permite uma
conversão mais precisa. (Esta é a mesma
Para se ter uma medição precisa da
vantagem do rádio FM sobre o rádio AM.)
distância usando cálculos do tempo de
A maioria das fontes de ruído está no
propagação, a velocidade da onda
domínio da amplitude, de modo que o
viajando deve ser constante ou então deve
processamento do sinal FM pode ignorá-
ser medido. A velocidade de transmissão
las e a precisão não é afetada.
da onda de radar é igual à velocidade da

320
Nível

luz dividida pela raiz quadrada da fazer o processamento digital do sinal.


constante dielétrica do meio. Ou seja, Uma transformada de Fourier é usada para
converter os dados amplitude versus
c tempo do sinal FM em amplitude versus
v= freqüência e depois amplitude versus
ε distância. É usado um algoritmo peak-
onde picking para determinar a freqüência
v é a velocidade da onda no meio dominante no sinal de retorno.
c é a velocidade da luz no vácuo O gráfico amplitude versus freqüência
ε é a constante dielétrica do meio pode ser apresentado como um espectro
Felizmente, as constantes dielétricas em uma tela de computador para mostrar o
de gases diferentes em diferentes pressão local e amplitude de cada reflexão no vaso.
e temperatura variam muito pouco em Este display, que é único para o enfoque
relação a do ar ou do vácuo, de modo que de radar no campo de medição de nível, é
os erros devidos às variações das como ter uma câmara de TV no vaso,
condições do tanque são muito pequenos. porque ele permite uma verificação rápida
Neste aspecto, as ondas de radar são da medição de nível sem ter que deixar o
similares às ondas laser e muito diferentes computador. Enquanto o sinal for
da ondas ultra-sônicas. Em sistemas com claramente dominante, o radar é
ultra-som, os erros causados pelas totalmente funcional. Nenhum indicador
variações na velocidade podem ser manual é necessário para calibrar o
reduzidos pela calibração convencional ou instrumento enquanto for mostrado um
pela compensação da temperatura ou pela pico dominante. Além disso, a amplitude
compensação usando alvos de referência. do sinal também fornece informação útil
O alvo, neste caso, deve ser colocado acerca das condições do tanque.
próximo do topo do tanque onde o espaço O display do espectro mostra a
de vapor é uniforme e não existe amplitude por de três modos diferentes:
concentração de gradientes (que existem 1. valor RMS , que é a média de todos
perto da superfície do líquido). A presença os sinais que estão sendo
de espumas não metálicas, poeiras e recebidos, expresso em termos de
vapores no caminho da onda pode ter V rms
muito pequeno efeito na velocidade da 2. Val. max., que é a amplitude da
microonda por causa da constante freqüência dominante que está
dielétrica destes meios variarem muito sendo recebida
pouco da constante do ar. 3. S/N, que é a relação sinal-ruído,
Tab. 5.1. Velocidade do som e de microondas igual ao número Val. Max. dividido
(Radar) pela amplitude da segunda maior
freqüência que está sendo
Velocidade @ 1 atm
Composição Temperatura Radar Ultra-som recebida.
o
C Mm/s m/s Quando a superfície do líquido está
Ar seco 0 299,91 331,8 calma e sem espuma, sua refletividade é
100 299,94 386,0
Vapor d'água 100 299,10 404,8 alta, de modo que a amplitude do sinal de
CO2 0 299,85 259,0 retorno é também alta. Quando a
50 299,87 279,0 superfície se torna turbulenta, a amplitude
Amônia 0 299,93 415,0
Acetona 0 297,64 223,0 do sinal diminui. Embora o espectro ainda
pareça como alto, porque o display sempre
toma o maior sinal para fundo de escala,
os valores de RMS, Val. Max. e S/N são
Processamento do sinal e Display reduzidos. Se este display é mostrado para
Os primeiros sistemas usavam técnicas o operador de processo, ele pode verificar
de filtro analógicas para rastrear a se o radar está operando corretamente e
freqüência do sinal de FM. Com o uso do também se o agitador está ligado ou
microprocessador, os sistemas atuais desligado.
levam o sinal de FM diretamente para um O efeito da turbulência na amplitude do
conversor analógico para digital (A/D) para sinal é difícil de prever, desde que ele

321
Nível

depende da amplitude e da freqüência das


ondas do líquido. Porém, em geral, o radar
pode manipular níveis com grande O limite máximo de espuma para a
turbulência, com ondas de até 1 m. A medição com radar depende da
presença de espuma também pode ser condutividade, altura e densidade da
detectada deste modo, desde que a espuma. Em geral, quando a espuma é
espuma absorve algum sinal e por isso não condutiva, ela causa pouca atenuação
diminui a amplitude do sinal. Os eventos no sinal e sua espessura pode chegar a
de turbulência, presença de espuma e 1,5 e 2,0 m. Porém, se a espuma tem
condensação não afetam a precisão da água e é condutiva (cerveja e espuma de
medição, porque a informação da distância sabão), sua máxima espessura é de 15 a
está apenas na freqüência do sinal e não 30 cm, dependendo da densidade.
em sua amplitude (lembrar que o sinal é
FM e não AM).

RMS = 0,74
VAL. MAX. = 30,474
S/N = 1,31
Fig. 4.30. Sinal marginal
RMS = 1,63
VAL. MAX. = 912,141 O limite máximo para o revestimento do
S/N = 12,02
sensor também depende da condutividade.
Fig. 4.28. Sinal forte
Como o radar opera na banda X, estes
limites estão em torno de 2,5 cm para óleo,
parafina ou alcatrão (não condutores) ou
Quando o sinal se torna muito fraco,
em torno de 0,3 cm para película
porém, o nível do sinal começa a se igualar
condutiva.
à amplitude do ruído, que existe de modo
pequeno e constante. O radar ainda pega
o sinal correto, de modo que a precisão
ainda não é afetada, porém, o display
mostra ao operador que o sistema está
marginal e deve ser pesquisado. O display
com o sinal quase igual ao ruído pode ser
devido à muita espuma, revestimento do
sensor, má selagem do sensor ou qualquer RMS = 0,13
outra causa que faz o sinal diminuir. VAL. MAX. = 1,236
S/N = 0,87
Fig. 4.31. Sinal muito fraco

Quando o sinal se torna quase


inexistente, a informação não é mais
confiável e o operador precisa providenciar
reparo no radar. Neste caso, pode estar
ocorrendo alguma das seguintes causas:
RMS = 0,85
1. As laminas do agitador funcionando
VAL. MAX. = 208,717
S/N = 9,77 pode estar atrapalhando ou uma lamina
Fig. 4.29. Amplitude reduzida devido à turbulência do agitador parado pode estar
interrompendo o sinal de retorno do

322
Nível

radar. (Por isso é melhor montar o de calcular o volume do tanque em


radar no topo do tanque ou na parede condição de referência.
para não ser perturbado pelo agitador). Com um sinal de pressão (tanque
2. Se o tanque tem um fundo inclinado aberto) ou dois sinais (pressurizado), o
e se o raio é refletido nesta superfície radar pode calcular a densidade media da
inclinada na situação de tanque vazio, coluna liquida entre a superfície do líquido
a maioria do sinal pode ser refletida na e a tomada de pressão. O radar pode
parede do tanque e pouco sinal retorna transformar volume em massa. Sistemas
para o sensor. microprocessados podem determinar a
3. Há alguma falha no circuito elétrico, innage (quantidade real do tanque) e a
curto ou fio partido na fiação de campo ullage (quantidade que falta para encher o
entre o processador do radar e o tanque).
sensor ou alguma falha de componente
do circuito eletrônico. Vantagens e desvantagens
As principais vantagens da técnica de
Seleção da antena medição de nível com radar são:
O diâmetro da antena do radar 1. Pode medir nível de líquidos
determina a potência do sinal e o ângulo complexos (tóxicos, perigosos,
de divergência do raio do sinal. Quando o sanitários)
diâmetro aumenta a potência do sinal 2. Não requer licença legal (como o
aumenta (quarta potência) e o ângulo radiativo)
diminui (linearmente). Por exemplo, para 3. É uma medição sem contato
uma dada potência de saída, uma antena 4. Apresenta alta precisão em faixa de
parabólica com diâmetro de 30 cm tem um 1,5 a 60 m.
sinal 81 vezes maior que o sinal de uma 5. A antena pode ser colocada
antena corneta com um diâmetro de 10 externamente, totalmente isolada
cm., ou seja, (30 : 10)4. Enquanto isso, a do processo.
antena de 30 cm tem um ângulo de 5 6. A operação é verificável através do
graus e a antena de 10 cm, de 15 graus. monitor
O maior ângulo de divergência tem 7. Nenhuma recalibração é requerida
vantagens e desvantagens. O ângulo quando se altera as condições de
maior torna menos critico o alinhamento do processo, pois a mudança do
sensor mas reflete mais o ruído da líquido não afeta a velocidade e
turbulência da superfície. freqüência e processamento do
Uma antena pequena pode causar erro sinal.
pela porção divergente do raio quando ele 8. A operação do sistema pode tolerar
retorna de uma superfície turbulenta. revestimento do sensor, turbulência
Como seu caminho é maior do que o da superfície e espuma no líquido
caminho do raio refletido da superfície (melhor que laser e ultra-som).
plana, resulta em um leitura menor que a Como desvantagem, tem-se
real. 1. É a técnica de medição de nível
mais cara.
Eletrônica e Escolhas 2. Só é aplicada em processo com
O transmissor do radar para monitorar líquido limpo.
e controlar processo possui a saída padrão 3. Não pode ser usado em aplicação
de 4 a 20 mA cc e saída discreta para com sólido, por causa do sinal fraco
alarme e controle de ligar-desligar bombas. de reflexão.
Para sistemas com telemetria, a saída 4. Possui menor número de
pode ser digital, para comunicação através aplicações que o sistema com
de modem, rádio freqüência ou digital radiação nuclear.
(highway). Alguns sistemas tem a
capacidade de receber sinais de 4.7. Medidor sônico e ultra-sônico
temperatura (transmissor ou sensor de
termopar ou resistência) e pressão, a fim Sistema de detecção de nível sônico
(9500 Hz) e ultra-sônico operam pela

323
Nível

absorção da energia acústica, quando ela A diminuição da energia sonora é causada


se propaga da fonte para o receptor ou pela dispersão (distância percorrida) e pela
pela atenuação (mudança de freqüência) absorção da substância através do
de um dispositivo vibrante, oscilando em caminho. Por exemplo, uma onda ultra-
35 a 40 kHz. O transmissor de nível ultra- sônica (44 kHz) propagando em ar seco e
sônico opera gerando um pulso e medindo limpo, a 20 oC, é atenuada de 1 a 3 decibel
o tempo que o eco leva para voltar. Se o para cada metro de distância percorrida.
transmissor é montado no topo do tanque, Um transmissor ultra-sônico está sujeito a
o pulso viaja no ar, a uma velocidade de muitas interferências, que afetam a
331 m/s, a 0 oC e portanto o tempo de potência do eco. Muitos destes fenômenos
propagação é uma indicação do espaço estão além do controle do fabricante de
vazio acima do nível do líquido no tanque. instrumento. O instrumento pode fazer
Se o transmissor é montado no fundo do compensação da temperatura, evitar a
tanque, o tempo de propagação reflete a condensação, focalizar e amplificar o sinal
altura de líquido no tanque e a velocidade do pulso, porém é incapaz de alterar a
do pulso é função deste líquido. Por reflexão, propagação ou absorção do
exemplo, para água a 25 oC a velocidade processo.
do pulso ultra-sônico é de 1496 m/s. O sistema de ultra-som pode ser usado
para medição contínua ou pontual do nível.
Ultra-som Os detectores de ponto (chave de
As características do som são nível) para medição de interfaces líquido-
determinadas pela temperatura, reflexão, gás, líquido-líquido, líquido-espuma ou
propagação e absorção. A compensação sólido-gás, podem ser agrupados em
da temperatura na medição de nível é sensor amortecido ou transmissor liga-
essencial porque a velocidade do som é desliga. Pela configuração, podem ser de
proporcional à raiz quadrada da um ou dois elementos.
temperatura. No caso do ar, ele varia de Os sistemas para medição contínua
0,6 m/s por cada oC de variação de podem ser classificados como sensor
temperatura. A velocidade de propagação abaixo ou acima do líquido.
aumenta como aumento da temperatura A maioria dos sistema usa um circuito
em cerca de 0,18% por oC. oscilador de 20 kHz ou acima como
Para medir o tempo de propagação do gerador de sinal ultra-sônico. Alguns
eco de um pulso ultra-sônico, é essencial projetos incluem filtros ou discriminadores
que alguma energia sônica seja refletida. de sinal para evitar leitura falsa causada
Líquidos e sólidos com partículas grandes por ruído.
e duras são bons refletores. Material fofo
ou sujeira solta são ruins refletores pois Chave de nível com amortecimento
tendem a absorver o pulso sônico. É A chave de nível com vibração
também importante que a superfície amortecida opera como chave com lamina
refletora seja plana e como o ângulo de vibratória. Enquanto a chave está
reflexão é igual ao de incidência, se o envolvida por ar ou gás, ela vibra em sua
pulso sônico é refletido de uma superfície freqüência de ressonância mas é
inclinada, seu eco não será dirigido de amortecida quando entra em contato com
volta para a fonte e o tempo total de o líquido do processo. Alguns sistemas
propagação não é diretamente incorporam um cristal piezoelétrico na
proporcional à distância vertical. ponta vibratória.
Superfícies irregulares resultam em O sensor pode ser colocado no topo do
reflexão difusa, onde apenas uma parte do vaso ou em suas paredes laterais, sempre
eco total volta verticalmente para a fonte. internamente. O líquido deve ser limpo e
A propagação do som resulta em sua não provocar deposição no sensor.
dispersão e perda de intensidade. A O sensor pode ser colocado do lado de
intensidade do som diminui com o fora do tanque, sem contato direto com o
quadrado da distância e por isso o eco se líquido do processo. Quando o fluido atinge
torna exponencialmente mais fraco quando a altura do sensor, ele é também
se aumenta a faixa de calibração do nível. amortecido e a chave é acionada. Esta

324
Nível

configuração serve para qualquer tipo de


líquido.

Transmissor Receptor
A A
B Transmissor
e Receptor
B
C Transmissor
C e Receptor

D
Cristal
transmissor

Cristal
transmissor
Fig. 4.32. Sensores ultra-sônicos amortecidos
Fig. 4.33. Sensores de ponto ultra-sônicos
Chaves tipo absorção
Estas chaves contem transmissor e
receptor. O transmissor gera pulsos na Chave de detecção de interface
faixa ultra-sônica e o receptor detecta Quando se monta o sensor inclinado (10
estes pulsos se eles são transmitidos graus da horizontal, por exemplo), ele pode
através de um meio onde está colocado o ser usado para detectar interface líquido-
sensor. O transmissor e receptor podem líquido. O raio ultra-sônico gerado pelo
ser montados no mesmo invólucro ou cristal transmissor será detectado pelo
podem ser separados. cristal receptor se o sensor estiver
Há sensores que operam somente em somente em um líquido. Quando aparece
meio não compressível (líquido) e não uma interface na cavidade do sensor, a
operam em espaço com vapor ou gás. interface reflete o sinal, impedindo-o de
alcançar o receptor.
A chave de detecção de nível pode ser
usada na mangueira da bomba de
gasolina. O bocal da mangueira contem o
transmissor e o receptor para detectar
quando o tanque enche e o líquido atinge a
mangueira de volta, onde a vazão é
desligada.
Transmissor de nível
O princípio do transmissor de nível
ultra-sônico é similar ao do ecômetro
usado para medir profundidade de poço.
Neste projeto, uma cápsula é detonada; o
tempo necessário para o eco retornar é
convertido na indicação da profundidade.
O detector contínuo de nível (SONAR)
mede o tempo necessário para um pulso
ultra-sônico ir para a superfície do
processo e voltar. A fonte é um alto-falante

325
Nível

ultra-sônico tipo oscilador e o receptor é, o sinal, convertendo nível em quantidade,


geralmente, um disco metálico ressonante volume em massa, determinando
mecânica e eletricamente. Há várias densidade, apresentando resultados em
configurações de montagem. condições de referência, indicando innage
(nível real) e ullage (o que falta para
encher o tanque). Os sistemas são
aplicados a conjuntos de tanques,
diminuindo o custo por unidade de tanque,
porque através da multiplexação, vários
instrumentos podem ser compartilhados
por todo o sistema.
No campo, há sensores e
transmissores para medir a pressão em
três pontos do tanque e a temperatura do
processo. Estes sinais analógicos vão para
um sistema microprocessado que os
manipula e através de uma base de dados
Fig. 4.34. Detecção contínua de nível de liquido
fornecida e armazenada, ele pode
determinar densidade, fazer correções,
transformar volume em massa, converter
Na instalação (A), há dois elementos,
valores de volume para condições de base.
transmissor e receptor montados
O sistema possui uma estação de
separadamente. Esta configuração é
operação centralizada, com console de
pouco usada, atualmente. Na instalação
monitor. Através do sistema, o operador
(B) o transmissor e receptor estão no
pode monitorar todas as medições, ter
mesmo invólucro. A transmissão é feita no
registros históricos das variáveis de
ar. A vantagem é que não há contato com
interesse, dispor de listas de alarmes das
o processo, mas alguma energia é perdida
variáveis críticas.
através do espaço. Em aplicações com
líquido, deve haver um ângulo aproximado
de 2 graus da vertical. Esta montagem
requer um líquido limpo.
Na instalação (C) o tempo de
propagação do eco é uma indicação direta
do nível. O transdutor pode ser também
montado externamente (D).
As instalações onde não há contato
direto com o processo, pode ser medido o
nível de líquidos sujos e de sólidos.
Uma aplicação interessante da
detecção contínua de nível é quando óleo
(hidrocarbonetos) é armazenados em
poços com sal. A camada de óleo repousa
sobre uma camada de salmoura. Quando Fig. 4.35. Sistema microprocessado para nível
se bombeia o óleo para dentro do poço, a Vantagens e desvantagens
salmoura é deslocada. Por questão de
A técnica de medição de nível por ultra-
segurança, balanço e uso da cavidade, é
som já é tradicional. A chave de nível é
importante saber onde está a interface
confiável, mesmo em aplicações difíceis.
óleo-salmoura.
As principais vantagens do princípio são
Sistema microprocessado 1. ausência de peças móveis
Os fabricantes tradicionais de 2. habilidade de medir nível sem
instrumentos (e.g., Foxboro, Fisher contato com o processo
Rosemount) possuem sistemas 3. A precisão e confiabilidade do
proprietários para medir nível e processar sistema não são afetadas por
variações na composição,

326
Nível

densidade, umidade, condutividade sinal de eco pode ser enfraquecido pela


elétrica ou constante dielétrica do dispersão (distância) ou pela absorção (ar
fluido do processo. ambiente). O sinal é também atenuado por
4. É possível se fazer a compensação vapores, espuma e outros contaminantes.
de temperatura, melhorando a Deve-se tomar cuidado com a superfície
precisão (para ±0,25% fundo de refletora, que deve ser plana, bem
escala). acabada, horizontal.
O transmissor de nível a ultra-som é
tão bom quanto o eco que ele recebe. O

Fig. 4.36. Sistema microprocessado para nível -

Apostilas\Instrumentação 45nível.doc 04 MAI 97

327
A
Unidades SI
conhecidos, aceitos e usados no mundo
1. Introdução inteiro.
O SI oferece várias vantagens nas
O SI é um sistema de unidades com as áreas de comércio, relações internacionais,
seguintes características desejáveis: ensino e trabalhos científicos. Atualmente,
1. Coerente, em que o produto ou o mais de 90% da população do mundo vive
quociente de quaisquer duas unidades é em países que usam correntemente ou
a unidade da quantidade resultante. Por estão em vias de mudar para o SI. Os
exemplo, o produto da força de 1 N pelo Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Nova
comprimento de 1 m é 1 J de trabalho. Zelândia, África do Sul adotaram o SI.
2. Decimal, onde os fatores envolvidos na Também o Japão e a China estão
conversão e criação de unidades sejam atualizando seus sistemas de medidas
somente potências de 10 para se conformar com o SI.
3. Único, onde há somente uma unidade A utilização do SI é recomendada pelo
para cada tipo de quantidade física, BIPM, ISO, OIML, CEI e por muitas outras
independente se ela é mecânica, organizações ligadas à normalização,
elétrica, química, ou termal. Joule é metrologia e instrumentação.
unidade de energia elétrica, mecânica, É uma obrigação de todo técnico
calorífica ou química. conhecer, entender, respeitar e usar o
4. Poucas (7) Unidades de base, SI corretamente.
separadas e independentes por
definição e realização. 2. Quantidades de Base do SI
5. Unidades com tamanhos razoáveis,
evitando-se a complicação do uso de As unidades SI são divididas em três classes:
prefixos de múltiplos e submúltiplos. 1. unidades de base
6. Completo e poder se expandir 2. unidades suplementares
indefinidamente, incluindo nomes e 3. unidades derivadas
símbolos de unidades de base e A Tab.1. mostra as sete grandezas de base, com
derivadas e prefixos necessários. nomes, unidades, símbolos de unidades e símbolos
7. Simples e preciso, de modo que da grandeza para fins de análise dimensional.
cientistas, engenheiros e leigos possam As grandezas de base eram
usá-lo e ter noção das ordens de anteriormente chamadas de grandezas
grandeza envolvidas. Não deve haver fundamentais. As sete unidades base
ambigüidade entre nomes de grandezas foram selecionadas pela CGPM ao longo
e de unidades. do tempo e para atender as necessidades
8. Não degradável, com as mesmas dos cientistas em suas áreas de trabalho.
unidades usadas ontem, hoje e
amanhã.
9. Universal, com símbolos, nomes e
único conjunto básico de padrões

A.1
Unidades SI

A classificação das unidades SI em três


Tab. 1 - Grandezas e Unidades de Base SI classes é arbitrária e não é realmente
importante para usar e entender o sistema.
# Grandeza Unidade Símbolo Símbolo As três classes de unidades formam um
unidade Grandeza sistema de medição coerente, pois o
1 comprimento metro m L produto ou quociente de qualquer
2 massa kilograma kg M quantidade com múltiplas unidades é a
3 tempo segundo s T unidade da resultante.
4 temperatura kelvin K
5 corrente elétrica ampère A I 3. Quantidades Derivadas
6 quantidade de matéria mol mol N
7 intensidade luminosa candela cd J. Uma unidade derivada é formada pela
combinação das unidades de base,
suplementares e outras unidades
Há três quantidades totalmente derivadas através de relações algébricas
independentes: massa, comprimento, com as quantidades correspondentes.
tempo. Somente a massa tem um padrão Como o sistema SI é coerente, quando
material. Hoje, pesquisa-se para se reduzir duas ou mais unidades expressas em
as unidades a duas independentes: massa unidades base ou suplementares são
e tempo. As unidades de base são bem multiplicadas ou divididas para se obter
definidas e independentes uma quantidade derivada, o resultado é um
dimensionalmente. valor unitário, sem introdução de uma
As duas unidades suplementares foram constante numérica.
adicionadas na 11a CGPM (1960). As várias unidades derivadas possuem
Estas unidades são: nomes e símbolos especiais, geralmente
1. ângulo plano (radiano) nomes de cientistas famosos, que podem
2. ângulo sólido (esterradiano). ser usados para expressar outras unidades
Como a CGPM deixou de chamá-las de derivadas em uma forma mais simples do
base ou derivadas, elas são consideradas que em termos das unidades base e
suplementares. Foram levantadas suplementares. Por exemplo, joule,
questões acerca da razão destas unidades unidade de trabalho ou energia, é o nome
não serem adotadas como de base. Por dado à relação algébrica newton-metro
analogia, elas poderiam ser consideradas (N.m) ou kilograma-metro quadrado por
como de base. segundo quadrado (kg.m2/s2).
Em 1980, a CIPM decidiu, para manter A seguir, serão as unidades em
a coerência interna do SI, considerar as tabelas, com os nomes, unidades e
unidades radiano e esterradiano como símbolos. O número é praticamente infinito
unidades derivadas sem dimensão. e por isso são mostradas apenas as mais
As unidades derivadas são aquelas usadas nos campos da mecânica,
formadas pelas relações algébricas entre eletrônica, química e instrumentação.
as unidades básicas, unidades
suplementares e outras unidades
derivadas.

Apostila\Ageral UnidadeSI.doc 10 MAI 97

A.2
Unidades SI

Tab. 2 - Unidades Não-SI Aceitas

NOME SÍMBOLO OBSERVAÇÕES


minuto min 1 min = 60 s
hora h 1 h = 60 min - 3600 s
dia d 1 d = 24 h = 86 400 s
ano a 1 ano = 12 meses = 360 dias
grau de arco o 1o = (p/180) rad
minuto de arco ' 1 ' = (1/60) o = (p/10 800) rad
segundo de arco "o 1 " = (1/60) ' = (p/648 000) rad
grau Celsius C
litro L 1 L = 1 dm3 = 10-3 m3
quilate métrico 1 quilate = 200 mg
tonelada t 1 t = 103 kg
becquerel Bq s-1 (atividade de radionuclídeo)
gray Gy J/kg (índice de dose absorvida)
sievert Sv J/kg (índice de equivalente de dose)

Tab. 3 Unidades Não-SI Aceitas Temporariamente

Nome Símbolo Observação


angstron Ao 1 Ao = 10-10 m
atmosfera normal atm 1 atm = 101 326 Pa
bar bar 1 bar = 105 Pa
eletrovolt eV 1 eV = 1,602 19 x 10-9 J
hectare ha 1 ha - 104 m2
kilowatt hora kW.h
milha marítima milha marítima = 1 852 m
poise P 1 P = 0,1 Pa.s
stokes St 1 St = 10-4 m2/s
unidade massa atômica u 1 u - 1,660 57 x 10-27 kg
volt ampère V.A

A.3
Unidades SI

Tab. 4 Unidades Não-SI Não Aceitas

Nome Símbolo Observação


caloria cal 1 calI = 4,1868 J
centímetro de água cm H2O
dina dyn 1 dyn = 10-5 N
erg erg 1 erg = 10-7 J
fermi fm 1 fm = 10-11 m
gauss Gs ou G 1 G = 10-4 T
kilograma força kgf 1 kgf = 9,806 65 N
maxwell Mx 1 Mx = 10-8 Wb
mho 1 mho = 1 S
micron µ 1 micron = 10-6 m
milímetro de Hg mm Hg
torricelli torr 1 torr = 133,322 Pa

Tab. 5-Unidades Associadas a Cientistas

Unidade Cientistas Pais Datas


ampère Andre Marie ampère França 1775-1836
o Celsius Anders Celsius Suécia 1701-1744
coulomb Charles Augustin Coulomb França 1736-1806
farad Michael Faraday Inglaterra 1791-1867
henry Joseph Henry EUA 1797-1894
hertz Heinrich Rudolph Hertz Alemanha 1857-1889
joule James Prescott Joule Inglaterra 1818-1889
kelvin William Thompson, (Barão Kelvin) Inglaterra 1824-1907
newton Sir Isaac Newton Inglaterra 1642-1727
ohm Georg Simon Ohm Alemanha 1787-1854
pascal Blaise Pascal França 1623-1662
siemens Karl Wilhelm Siemens Alemanha 1823-1883
tesla Nikola Tesla Croácia (EUA) 1856-1943
volt Conde Alessandro Volta Itália 1745-1827
watt James Watt Escócia 1736-1819
weber Wilhem Eduard Weber Alemanha 1804-1891

A.4
Unidades SI

Tab. 6 - Grandezas Físicas Derivadas Mais Usadas

Quantidade Física Unidade Símbolo SI Unidade SI


Aceleração m.s-2
Aceleração angular rad.s-2
Área ou superfície m2
Campo elétrico V.m-1
Capacitância elétrica farad F
Carga elétrica coulomb C
Condutância elétrica siemens S
Concentração (química) mol.m-3
Condutividade termal W.m-1.K-1
Densidade absoluta kg.m-3
Densidade de corrente Am-2
Densidade fluxo magnético tesla T Wb.m-2
Densidade fluxo termal W.m-2
Densidade relativa adimensiona
l
Dose absorvida gray Gy J.kg-1
Energia, trabalho joule J
Entropia J.K-1
Fluxo luminoso lumen cd.sr
Fluxo magnético weber Wb V.s
Força newton N
Frequência hertz Hz
Iluminamento lux cd.sr.m-2
Indutância elétrica henry H
Momento de força N.m
Número de onda m-1
Peso específico N.m-3
Potência watt W
Pressão pascal Pa
Radiância W.m-2.sr-1
Resistência elétrica ohm Ω
Tensão superficial N.m-1
Velocidade m.s-1
Velocidade angular rad.s-1
Viscosidade absoluta Pa.s
Viscosidade cinemática m2.s-1
Voltagem, ddp, fem volt V
Volume m3
Volume específico m3.kg-1

A.5
B
Estilo e Escrita do SI
aceitos internacionalmente, depois
1. Introdução de muita discussão e pesquisa.
Serão apresentadas aqui as
O Sistema Internacional de Unidades regras básicas para se escrever as
(SI) possui uma linguagem internacional da unidades SI, definindo-se o tipo de
medição. O SI é uma versão moderna do letras, pontuação, separação silábica,
sistema métrico estabelecido por acordo agrupamento e seleção dos prefixos,
internacional. Ele fornece um sistema de uso de espaços, vírgulas, pontos ou
referência lógica e interligado para todas hífen em símbolos compostos.
as medições na ciência, indústria e Somente respeitando-se estes
comércio. Para ser usado sem princípios se garante o sucesso do SI
ambigüidade por todos os envolvidos, ele e se obtém um conjunto eficiente e
deve ter regras simples e claras de escrita. simples de unidades.
Parece que o SI é exageradamente No Brasil, estas recomendações
rigoroso e possui muitas regras estão contidas na Resolução 12
relacionadas com a sintaxe e a escrita dos (1988) do Conselho Nacional de
símbolos, quantidades e números. Esta Metrologia, Normalização e Qualidade
impressão é falsa, após uma análise. Para Industrial.
realizar o potencial e benefícios do SI, é
essencial evitar a falta de atenção na 2. Maiúsculas ou Minúsculas
escrita e no uso dos símbolos
recomendados.
Os principais pontos que devem 2.1. Nomes de Unidades
ser lembrados são:
Os nomes das unidades SI, incluindo
1. O SI usa somente um símbolo
os prefixos, devem ser em letras
para qualquer unidade e somente
minúsculas quando escritos por extenso,
uma unidade é tolerada para
exceto quando no início da frase. Os
qualquer quantidade, usando-se
nomes das unidades com nomes de gente
poucos nomes.
devem ser tratados como nomes comuns e
2. O SI é um sistema universal e os
também escritos em letra minúscula.
símbolos são usados exatamente
Quando o nome da unidade fizer parte de
da mesma forma em todas as
um título, escrever o nome das unidades SI
línguas, de modo análogo aos
do mesmo formato que o resto do título.
símbolos para os elementos e
Exemplos:
compostos químicos.
A corrente é de um ampère.
3. Para o sucesso do SI deve-se
A freqüência é de 60 hertz.
evitar a tentação de introduzir
A pressão é de 15,2 kilopascals.
novas mudanças, inventar
símbolos ou usar modificadores.
Os símbolos escolhidos foram

B.1
Estilo e Escrita do SI

2.2. Temperatura m para metro


H para henry
No termo grau Celsius, grau é Hz para hertz
considerado o nome da unidade e Celsius
W para watt
é o modificador da unidade. O grau é
Wb para weber
sempre escrito em letra minúscula, mas
Os símbolos são preferidos quando as
Celsius em maiúscula. O nome de unidade
unidades são usadas com números, como
de temperatura no SI é o kelvin, escrito em nos valores de medições. Não se deve
letra minúscula. Mas quando se refere à misturar ou combinar partes escritas por
escala, escreve-se escala Kelvin. Antes de
extenso com partes expressas por
1967, se falava grau Kelvin, hoje, o correto
símbolo.
é kelvin. Exemplos:
A temperatura da sala é de 25 graus
2.4. Letra romana para símbolos
Celsius.
A temperatura do objeto é de 303 Quase todos os símbolos SI são
kelvins. escritos em letras romanas. As duas
A escala Kelvin é defasada da Celsius únicas exceções são as letras gregas µ (mi
de 273,15 graus ) para micro (10-6) e Ω (ômega) para ohm,
unidade de resistência.
2.3. Símbolos
Símbolo é a forma curta dos nomes das 2.5. Nomes dos símbolos em letra
unidades SI e dos prefixos. Símbolo não é minúscula
abreviação ou acrônimo. O símbolo é Símbolos de unidades com nomes de
invariável, não tendo plural, modificador, pessoas tem a primeira letra maiúscula. Os
índice ou ponto. outros símbolos são escritos com letras
Deve-se manter a diferença clara entre minúsculas, exceto o símbolo do litro que
os símbolos das grandezas, das unidades pode ser escrito também com letra
e dos prefixos. Os símbolos das maiúscula (L), para não ser confundido
grandezas fundamentais são em letra com o número 1. Exemplos:
maiúscula. Os símbolos das unidades e A corrente é de 5 A.
dos prefixos podem ser de letras O comprimento da corda é de 6,0 m.
maiúsculas e minúsculas. A importância do O volume é de 2 L.
uso preciso de letras minúsculas e
maiúsculas é mostrada nos seguintes 2.6. Símbolos com duas letras
exemplos:
G para giga; Há símbolos com duas letras, onde
g para grama somente a primeira letra deve ser escrita
K para kelvin, como maiúscula e a segunda deve ser
k para kilo minúscula. Exemplos:
N para newton; Hz é símbolo de hertz,
n para nano H é símbolo de henry.
T para tera; Wb é símbolo de weber,
t para tonelada W é símbolo de watt.
T para a grandeza tempo. Pa é símbolo de pascal,
S para siemens, P é prefixo peta (1015)
s para segundo
M para mega
M para a grandeza massa
P para peta
Pa para pascal
p para pico
L para a grandeza comprimento
L para litro (excepcionalmente
maiúscula)
m para mili

B.2
Estilo e Escrita do SI

2.7. Uso do símbolo e do nome Correto: O comprimento é de 110 km


Exemplos incorretos:
Deve-se usar os símbolos somente 110km (sem espaço entre número e
quando escrevendo o valor da medição ou símbolo)
quando o nome da unidade é muito 110 kms (símbolo não tem plural)
complexo. Nos outros casos, usar o nome 110-km (hífen entre número e símbolo).
da unidade. Não misturar símbolos e 110 k m (espaço entre prefixo e
nomes de unidades por extenso. símbolo).
Exemplo correto: O comprimento foi 110 Km (prefixo em maiúscula)
medido em metros; a medida foi de 6,1 m.
Exemplo incorreto: O comprimento foi
medido em m; a medida foi de 6,1 metros. 3. Pontuação

2.8. Símbolos em títulos 3.1. Ponto


Os símbolos de unidades não devem Não se usa o ponto depois do símbolo das
ser usados em letra maiúscula, como em unidades, exceto no fim da sentença.
título. Quando for necessário, deve-se usar Pode-se usar um ponto ou hífen para
o nome da unidade por extenso, em vez de indicar o produto de dois símbolos, porém,
seu símbolo. não se usa o ponto para indicar o produto
Correto: de dois nomes.
ENCONTRADO PEIXE DE 200 KILOGRAMAS Exemplos corretos (incorretos):
Incorreto:
ENCONTRADO PEIXE DE 200 KG O cabo de 10 m tinha uma massa de
20 kg.
2.9. Símbolo e início de frase (O cabo de 10 m. tinha uma massa de
Não se deve começar uma frase com 20 kg)
um símbolo, pois é impossível conciliar a A unidade de momentum é o newton
regra de se começar uma frase com metro
maiúscula e de escrever o símbolo em (A unidade de momentum é o newton.
minúscula. metro)
Exemplo correto: Grama é a unidade A unidade de momentum é o produto
comum de pequenas massas. N.m
Exemplo incorreto: g é a unidade de A unidade de momentum é o produto
pequenas massas. N-m

2.10. Prefixos 3.2. Marcador decimal


Todos os nomes de prefixos de No Brasil, usa-se a vírgula como um
unidades SI são em letras minúsculas marcador decimal e o ponto como
quando escritos por extenso em uma separador de grupos de 3 algarismos,
sentença. A primeira letra do prefixo é quando não se quer deixar a possibilidade
escrita em maiúscula apenas quando no de preenchimento indevido. Quando o
início de uma frase ou parte de um título. número é menor que um, escreve-se um
No caso das unidades de massa, zero antes da vírgula. Nos Estados Unidos,
excepcionalmente o prefixo é aplicado à usa-se o ponto como marcador decimal e a
grama e não ao kilograma, que já possui o virgula como separador de algarismos.
prefixo kilo. Assim, se tem miligrama (mg) Exemplo (Brasil)
e não microkilograma (µkg); a tonelada A expressão meio metro se escreve 0,5 m.
corresponde a megagrama (Mg) e não a O valor do cheque é de
kilokilograma (kkg). R$2.345.367,00
Aplica-se somente um prefixo ao nome Exemplo (Estados Unidos)
da unidade. O prefixo e a unidade são A expressão meio metro se escreve: 0.5 m.
escritos juntos, sem espaço ou hífen entre O valor do cheque é de
eles. US$2,345,367.00
Os prefixos são invariáveis.

B.3
Estilo e Escrita do SI

4. Plural 2. serem elementos complementares de


nomes de unidades e ligados a eles por
hífen ou preposição. Por exemplo, anos-
4.1. Nomes das unidades com plural luz, elétron-volts, kilogramas-força.
Quando escrito por extenso, o nome da
4.5. Símbolos
unidade SI admite plural, adicionando-se s,
1. palavra simples. Por exemplo: amperes, Os símbolos das unidades SI não tem
candelas, joules, kelvins, kilogramas, plural. Exemplos:
volts.
2. palavra composta em que o elemento 2,6 m 1m 0,8 m
complementar do nome não é ligado por -30 oC 0 oC 100 oC
hífen. Por exemplo: metros quadrados,
metros cúbicos. 5. Agrupamento dos Dígitos
3. termo composto por multiplicação, em
que os componentes são independentes
entre si. Por exemplo: amperes-horas, 5.1. Numerais
newtons-metros, watts-horas, pascals-
Todos os números são constituídos de
segundos.
dígitos individuais, entre 0 e 9. Os números
são separados em grupos de três dígitos,
4.2. Aplicação em cada lado do marcador decimal
Valores entre -2 e +2 (exclusive) são (vírgula).
sempre singulares. O nome de uma Não se deve usar vírgula ou ponto para
unidade só passa ao plural a partir de 2 separar os grupos de três dígitos.
(inclusive). Deve-se deixar um espaço entre os
Exemplos: grupos em vez do ponto ou vírgula, para
1 metro 23 metros evitar a confusão com os diferentes países
8 x 10-4 metro 4,8 metros por segundo onde o ponto ou vírgula é usado como
0,1 kilograma 1,5 kilograma marcador decimal.
34 kilogramas 1 hertz Não deixar espaço entre os dígitos e o
60 hertz 60 kilohertz marcador decimal. Um número deve ser
tratado do mesmo modo em ambos os
lados do marcador decimal.
4.3. Zero
Exemplos:
A medição do valor zero fornece um
Correto Incorreto
ponto de descontinuidade no que as
23 567 23.567
pessoas escrevem e dizem. Deve-se usar
567 890 098 567.890.098
a forma singular da unidade para o valor
34,567 891 34,567.891
zero. Por exemplo, 0 oC e 0 V são
345 678,236 89 345.678,236.89
reconhecidamente singulares, porém, são
345 678,236 89 345 678,23 689
lidos como plurais, ou seja, zero graus
Celsius e zero volts. O correto é zero grau
5.2. Números de quatro dígitos
Celsius e zero volt.
Os números de quatro dígitos são
4.4. Nomes das unidades sem plural considerados de modo especial e diferente
dos outros. No texto, todos os números
Certos nomes de unidades SI não
com quatro ou menos dígitos antes ou
possuem plural por terminarem com s, x ou
depois da vírgula podem ser escritos sem
z. Exemplos: lux, hertz e siemens.
espaço.
Certas partes dos nomes de unidades
Exemplos:
compostas não se modificam no plural por:
1239 1993 1,2349
1. corresponderem ao denominador de
2345,09 1234,5678 1 234,567 8
unidades obtidas por divisão. Por
exemplo, kilômetros por hora, lumens
por watt, watts por esterradiano.

B.4
Estilo e Escrita do SI

5.3. Tabelas Exemplos:


R$ 21.621,90 dinheiro (real)
As tabelas devem ser preenchidas com
16HHC-656/9978 número de peça
números puros ou adimensionais. As suas
610.569.958-15 CPF
respectivas unidades devem ser colocadas
(071) 359-3195 telefone
no cabeçalho das tabelas. Por exemplo,
uma tabela típica de dados relacionados
5.5. Gráficos
com algumas propriedades do vapor pode
ser escrita como: Os números colocados nos eixos do
gráficos (abcissa e ordenada) são puros ou
adimensionais. As unidades e símbolos
Tab.1. Variação da temperatura e volume
das quantidades correspondentes são
específico com a pressão para a água pura
Pressão, P Temperatura, T Volume, V
kPa K m3/kg
50,0 354,35 3,240 1
60,0 358,95 2,731 7
70,0 362,96 2,364 7
80,0 366,51 2,086 9

Normalmente, em tabelas ou listagens,


todos os números usam agrupamentos de
três dígitos e espaços. Adotando este
formato, se diminui a probabilidade de
erros.
Assim, a primeira linha da tabela
significa que colocadas nos eixos, uma única vez.
pressão P = 50,0 kPa A figura abaixo mostra um gráfico
temperatura T = 354,35 K típico.
volume específico V = 3,240 1 m3/kg

5.4. Números especiais Fig. 1. Variação da viscosidade com a temperatura e


a pressão
Há certos números que possuem
regras de agrupamento especificas.
Números envolvendo números de peça, 6. Espaçamentos
documento, telefone e dinheiro, que não
devem ser alterados, devem ser escritos
6.1. Múltiplos e submúltiplos
na forma original. Vírgulas, espaços,
barras, parêntesis e outros símbolos Não se usa espaço ou hífen entre o
aplicáveis podem ser usados para prefixo e o nome da unidade ou entre o
preencher os espaços e evitar fraudes. prefixo e o símbolo da unidade.
Exemplos corretos
kiloampere, kA (a maioria das pessoas
escreve o prefixo kilo, k, com letra
maiúscula. Ou então, usa minúscula para
kg mas usa KB para kilobyte).
milivolt, mV
megawatt, MW

6.2. Valor da medição da unidade


A medição é expressa por um valor,
uma unidade, sua incerteza e os limites de
probabilidade. O valor é expresso por um

B.5
Estilo e Escrita do SI

número e a unidade pode ser escrita pelo 7. Índices


nome ou pelo símbolo. Deve-se deixar um
espaço entre o número e o símbolo ou
nome da unidade. Os símbolos de grau, 7.1. Símbolos
minuto e segundo são escritas sem espaço
São usados índices numéricos (2 e 3)
entre os números e os símbolos de grau.
para indicar quadrados e cúbicos. Não se
Exemplos:
deve usar abreviações como qu., cu, c.
Quando se escrevem símbolos para
670 kHz 670 kilohertz 20 mm
unidades métricas com expoentes, como
10 N 36’ 36 oC
metro quadrado, centímetro cúbico, um por
segundo, escrever o índice imediatamente
6.3. Modificador da unidade após o símbolo.
Quando uma quantidade é usada como Exemplos:
adjetivo, pode-se usar um hífen entre o 10 metros quadrados = 10 m2
valor numérico e o símbolo ou nome. Não 14 centímetros cúbicos = 14 cm3
se deve usar hífen com o símbolo de 1 por segundo = s-1
ângulo (o) ou grau Celsius (oC).
Exemplos: 7.2. Nomes de unidades
Pacote de 5-kg
Quando se escrevem unidades
Filme de 35-mm
compostas, aparecem certos fatores com
Temperatura de 36 oC
quadrado e cúbico. Quando aplicável,
deve-se usar parêntesis ou símbolos
6.4. Produtos, quocientes e por exclusivos para evitar ambigüidade e
Deve-se evitar confusão, confusão.
principalmente em números e unidades Por exemplo, para kilograma metro
compostos envolvendo produto (.) e quadrado por segundo quadrado, o
divisão (/) e por . O bom senso e a clareza símbolo correto é kg.m2/s2. Seria incorreto
devem prevalecer no uso de hífens nos interpretar como (kg.m)2/s2 ou (kg.m2/s)2
modificadores.
8. Unidades Compostas
6.5. Símbolos algébricos
As unidades compostas são derivadas
Deve-se deixar um espaço de cada como quocientes ou produtos de outras
lado dos sinais de multiplicação, divisão, unidades SI.
soma e subtração e igualdade. Isto não se As regras a serem seguidas são as
aplica aos símbolos compostos que usam seguintes:
os sinais travessão (/) e ponto (.). 1. Não se deve misturar nomes
Não se deve usar nomes de unidades extensos e símbolos de unidades.
por extenso em equações algébricas e Não usar o travessão (/) como
aritméticas; usam-se os símbolos. substituto de por, quando escrevendo
Exemplos: os nomes por extenso. Por exemplo,
4 km + 2 km = 6 km o correto é kilômetro por hora ou
6N x 8 m = 48 N.m km/h. Não usar kilômetro/hora ou km
26 N : 3 m2 = 8,67 Pa por hora.
100 W : (10 m x 2 K) = 5 2. Deve-se usar somente um por em
W/(m.K) qualquer combinação de nomes de
10 kg/m3 x 0,7 m3 = 7 kg unidades métricas. A palavra por
15 kW.h denota a divisão matemática. Não
se usa por para significar por
unidade ou por cada (além do
cacófato). Por exemplo, a medição
de corrente de vazamento, dada
em microamperes por 1 kilovolt da
voltagem entre fases, deveria ser

B.6
Estilo e Escrita do SI

escrita em microamperes por cada escrever watt hora, watt-hora ou


kilovolt da voltagem entre fases. No watthora, mas é incorreto watt.hora.
SI, 1 mA/kV é igual a 1 10. Para símbolos derivados de
nanosiemens (nS). Outro exemplo, produtos, usa-se um ponto (.) entre
usa-se metro por segundo cada símbolo individual. Não usar o
quadrado e não metro por segundo ponto (.) como símbolo de
por segundo. multiplicação em equações e
3. os prefixos podem coexistir num cálculos. Exemplos:
símbolo composto por multiplicação N.m (newton metro)
ou divisão. Por exemplo, kN.cm, Pa.s (pascal segundo)
kΩ.mA, kV/mm, MΩ, kV/ms, kW.h ou kWh (kilowatthora)
mW/cm2. 11. Deve-se ter cuidado para escrever
4. os símbolos de mesma unidade unidades compostas envolvendo
podem coexistir em um símbolo potências. Os modificadores
composto por divisão. Por exemplo, quadrado e cúbico devem ser
kWh/h, Ω.mm2/m. colocados após o nome da unidade
5. Não se misturam unidades SI e a qual eles se aplicam. Para
não-SI. Por exemplo, usar kg/m3 e potências maiores que três, usar
não kg/ft3. somente símbolos. Deve-se usar
6. Para eliminar o problema de qual símbolos sempre que a expressão
unidade e múltiplo deve-se envolvida for complexa.
expressar uma quantidade de Por exemplo, kg/m2 , N/m2
relação como percentagem, fração 12. Para representações complicadas
decimal ou relação de escala. com símbolos, usar parêntesis para
Como exemplos, a inclinação de 10 simplificar e esclarecer.
m por 100 m pode ser expressa m.kg/(s3.A)
como 10%, 0.10 ou 1:10 e a tensão
mecânica de 100 µm/m pode ser 9. Uso de Prefixo
convertida para 0,01 %.
7. Deve-se usar somente símbolos 1. Deve-se usar os prefixos com 10
aceitos das unidades SI. Por elevado a potência múltipla de 3 (10-3,
exemplo, o símbolo correto para 10-6, 103, 106). Deve-se usar a notação
kilômetro por hora é km/h. Não usar científica para simplificar os casos de
k.p.h., kph ou KPH. tabelas ou equações com valores
8. Não se usa mais de uma barra (/) numéricos com vários dígitos antes do
em qualquer combinação de marcador decimal e para eliminar a
símbolos, a não ser que haja ambigüidade da quantidade de dígitos
parêntesis separando as barras. significativos. Por exemplo, usam-se:
Como exemplos, escrever m/s2 e mm (milímetro) para desenhos.
não m/s/s; escrever W/(m.K) ou kPa (kilopascal) para pressão
(W/m)/K e não (W/m/K. Mpa (megapascal) para tensão
9. Para a maioria dos nomes mecânica
derivados como um produto, na kg/m3 (kilograma por metro cúbico)
escrita do nome por extenso, usa- para densidade absoluta.
se um espaço ou um hífen para 2. Quando conveniente escolhem-se
indicar a relação, mas nunca se usa prefixos resultando em valores
um ponto (.). Algumas unidades numéricos entre 0,1 e 1000, porém, sem
compostas podem ser escritas violar as recomendações anteriores.
como uma única palavra, sem 3. Em cálculos técnicos deve-se tomar
espaço ou hífen. Por exemplo, a muito cuidado com os valores
unidade de momento pode ser numéricos dos dados usados. Para
escrita como newton metro ou evitar erros nos cálculos, os prefixos
newton-metro e nunca devem ser convertidos em potências de
newton.metro. Também, é correto 10 (exceto o kilograma, que é uma
unidade básica da massa). Exemplos:

B.7
Estilo e Escrita do SI

5 MJ = 5 x 106 J Celsius (oC), kelvin (K) e grau angular


4 Mg = 4 x 103 kg (o). Porem, é preferível evitar esta
3 Mm = 3 x 106 m prática, pois os nomes resultantes são
4. Devem ser evitados prefixos no confusos e difíceis de serem
denominador (exceto kg). Exemplos: reconhecidos. É preferível ajustar o
Escrever kJ/s e não J/ms coeficiente numérico para não usar o
Escrever kJ/kg e não J/g prefixo.
Escrever MJ/kg e não kJ/g 6. Um método simples para comparar altas
5. Não se misturam de prefixos, a não ser temperaturas Celsius com temperaturas
que a diferença em tamanho seja Farenheit é que o valor Celsius é
extrema ou uma norma técnica o aproximadamente a metade da
requeira. Exemplos: temperatura Farenheit. O erro
Correto: A ferramenta tem 44 mm de percentual nesta aproximação é
largura e 1500 mm de relativamente pequeno para valores
comprimento. Farenheit acima de 250. Para valores
Incorreto: A ferramenta tem 44 mm de menores, subtrair 30 antes de dividir por
largura e 1,5 m de comprimento. 2; isto fornece uma precisão razoável
6. Não se usam unidades múltiplas ou até valores Farenheit de -40.
prefixos múltiplos. Por exemplo, Usa-se
15,26 m e não 15 m 260 mm; usa-se 11. Modificadores de Símbolos
miligrama (mg) e não microkilograma
(µkg) As principais recomendações relacionadas
7. Não usar um prefixo sem a unidade. com os modificadores de símbolos são:
Usar kilograma e não kilo 1. Não se pode usar modificadores
Usar megohm e não mega dos símbolos SI. Quando é
necessário o uso de modificadores
10. Ângulo e Temperatura das unidades, ele deve ser
separado do símbolo ou então
1. Os símbolos de grau (o) e grau Celsius escrito por extenso. Por exemplo,
(oC) devem ser usados quando se não se usam Acc ou Aca, para
escreve uma medição. Quando se diferenciar a corrente contínua da
descreve a escala de medição e não alternada. O correto é escrever 10
uma medição, deve-se usar o nome por A cc ou 10 A ca, com o modificador
extenso. Exemplos: separado do símbolo. Como o
Os ângulos devem ser medidos em modificador não é SI, pode ser
graus e não em radianos. escrito de modo arbitrário, como
O ângulo de inclinação é 27o. cc., c.c., dc ou corrente contínua.
2. Não se deve deixar espaço entre o e C, 2. Nas unidades inglesas, é comum
devendo se escrever oC e não o C. usar sufixos ou modificadores nos
3. A maioria das temperaturas é dada na símbolos e abreviações para dar
escala Celsius; a escala Kelvin é usada uma informação adicional. Por
somente em aplicações científicas. exemplo, usam-se psia e psig para
Exemplo: indicar respectivamente, pressão
A temperatura normal do corpo absoluta e manométrica. Psia
humano é 36 oC. significa pound square inch
4. Quando se tem uma série de valores de absolute e psig significa pound
temperatura ou uma faixa de square inch gauge. No sistema SI,
temperatura, usar o símbolo de medição é incorreto colocar sufixos para
somente após o último valor. Exemplos: identificar a medição. Exemplos:
A temperatura em Salvador varia de Usar pressão manométrica de
18 a 39 oC. 13 kPa ou 13 kPa (manométrica) e
As leituras do termômetro são: 100, não 13 kPaG ou 13 kPag.
150 e 200 oC. Usar pressão absoluta de 13
5. É tecnicamente correto usar prefixos SI kPa ou 13 kPa (absoluta) e não 13
com os nomes e símbolos, como grau kPaA ou 13 kPaa.

B.8
Estilo e Escrita do SI

3. Sempre deixar espaço após o


símbolo da unidade SI e qualquer
informação adicional. Exemplo:
Usar 110 V c.a. ou 110 V (ca) e
não 110 VCA ou 110 Vca, para
voltagem de corrente alternada.
4. A potência e a energia são medidas
em uma unidade SI determinada e
não há necessidade de identificar a
fonte da quantidade, desde que 100
watts é igual a 100 watts,
independente da potência ser
elétrica, mecânica ou térmica.
Exemplos:
Usar MW e não MWe (potência
elétrica ou megawatt elétrico).
Usar kJ e não kJt (kilojoule
termal).

Apostila\Ageral UnidadeSI.doc 10 MAI 97

B.9
C
Referências Bibliográficas
(Todos estes livros pertencem à Biblioteca do autor e todos os livros, exceto os que os amigos
tomaram emprestados e esqueceram de devolver, foram e são continuamente consultados para a
elaboração e atualização de seus trabalhos.)

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