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2010
Caderno Náutico 1 ‐ Anura a Terra
Lúcida
Nuno Barbieri
NOVA ESCOLA DE SAGRES
1/12/2010
Caderno Náutico 1 ‐ Anura a Terra Lúcida
Nova Escola de Sagres ‐ Nuno Barbieri Pág. 2
Caderno Náutico 1 ‐ Anura a Terra Lúcida
«Eu sou o que chamam Anura. Ou, pelo menos, foi assim que me apresentei a
este canal, há já algum tempo atrás. Falo do fundo de mim, dirigindo-me a si, leitor,
e a todos os outros seres humanos deste planeta, para contar um pouco da minha
história: a fusão da Matriz do Feminino com a Matriz do Masculino – as bases da
Fonte Luz/Amor – gerou a minha consciência. Mais tarde, quando a matéria
planetária já estava suficientemente estável, comecei a animar cada átomo dela, o
que permitiu a manifestação e a sustentação das diferentes formas de vida.»
«Eu sou, portanto, aquela que gera, nutre e protege. Tudo o que emana de mim
tem a ver com criação e sustento. Em termos cósmicos, sou uma das faces da
«Mãe»; em termos humanos, sou a Alma do Mundo. Noutras condições seria
diferente.»
«Ao longo dos tempos têm me dado nomes diferentes – Gaia, por exemplo –,
mas Anura é uma sigla, cujos elementos representam as diferentes realidades e
existências que habitam, cuidam do planeta, reequilibrando-o. Esse nome
corresponde à nova condição que adquiri quando, em 2006, nos mais altos níveis da
Criação, se iniciou a fusão dos dois Universos Complementares, o da «Luz» e o da
«Sombra».»
«O Livro de Anura», de Esmeralda Rios e Vitorino de Sousa,
pág. 13.
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Por ora, interessa-nos apenas salientar que o Ser, na sua criatividade, ou ânsia
de desdobramento, se projecta em múltiplos «Planos de Consciência» que são,
simultaneamente, outros tantos «Planos de Manifestação». E isto porque o Ser é
Consciência 2 e Forma. Forma plasmada pela Energia própria da Consciência,
através da qual esta se revela, ou se vai revelando no desdobramento das suas
próprias potencialidades. O Ser é Mente, englobando capacidades sensitivas e
intelectivas de input, acompanhadas pelo processamento de percepções e
pensamentos, a par duma capacidade selectiva extraordinária para a retenção de
sensações, percepções, processos e ideias; e Forma corporal que as exterioriza,
particularizando-as. Cada Plano de Consciência/Energia/Ser alberga, assim, outras
tantas dimensões de consciência, sendo cada uma, por sua vez, sustentáculo de
novas multiplicidades de expressão – inclusivamente corporal – que se formam, e se
desenvolvem a partir da própria especificidade, ou «dimensionalidade», do plano
que as alberga e sustenta. Cada «Plano» é Mãe duma cadeia indefinida de
manifestações, para as quais ela é Útero, o abrigo e o colo, o plano de sustentação
e cenário de actuação. Cada «Plano» é assim, simultaneamente, um Projecto Divino
e uma Matriz para as singularidades que nele se expressam, nele se criam, se
abrigam e nele se desenvolvem a partir das próprias potencialidades do Plano.
Seres que a ele se limitam, na impossibilidade temporária de transcenderem as
barreiras de vibração que o formam.
Voltando a Anura. Anura é pois um «Plano de manifestação 3 » no Grande
Projecto Divino que é a Vida; um «Suporte», entre múltiplos outros, para formas de
vida-consciência ansiosas de nele se desenvolverem a partir dos parâmetros
«individuais» de Anura, «decrescendo», ontologicamente, dentro dos «limites» da
sua Matriz.
Anura é a Vagem que alberga no aconchego e protecção do seu interior, as
sementes que nela se criam, como seus filhos dilectos. Anura é para nós,
presentemente, a Terra-Mãe na sua nova expressão e potencialidade. É,
simultaneamente, a Deusa na sua expressão mais directa, na forma mais elevada
que nos é presentemente acessível, na nossa actual elevação de consciência. Ela é,
portanto, a nossa fonte, o nosso suporte e sustento, mas, também, o suporte sobre o
qual é possível edificar a «Ponte», estabelecer o elo de ligação entre «formas» do
Ser e destas para outras ainda por manifestar. Anura é, assim, a Terra e o Mar
Cósmico, que nos «separa» de outros planos, mas que está destinado a ser o meio
através do qual nos será dado a eles nos unirmos, se essa for a nossa vontade e a
nossa ousadia. Esta é a razão que faz de Anura a «Senhora dos Navegantes», dos
Nautas do Cosmos. É ela que nos Guia, assinalando a hora e marcando a rota. É
ela que nos Salva, porque é ela que «equilibrando» proporciona a Navegação que
conduz à Chegada, à Descoberta dessa outra Terra por achar.
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Anura é um nome que define uma Entidade – Eu sou o que chamam Anura.
Repare-se na frase: «o que chamam» e não a quem chamam. Mas o que é, na
realidade, um «Nome»? Para melhor compreendermos o conceito de «nome» temos
de nos recorrer, sucintamente, à sua noção egípcia. A esse respeito, diz-nos o
seguinte, o Dicionário do Antigo Egipto: «O nome consistia na imagem daquilo que
mais identificava o seu possuidor; é como que uma postura perante o mundo, uma
integração no cosmos» e, mais à frente: «o nome no Antigo Egipto é como que uma
porta de acesso, uma password, para um universo de maior valia e significação».
Podemos constatar, ainda, que a palavra Egípcia para nome era ren, ou rem,
como em remrem (o nome de um deus) e que aquela palavra possuía também o
sentido de «amamentar», nutrir – Wallis Budge, A Hieroglyphic Vocabulary to the
Book of the Dead, pág. 237.
O nome, ren, era, juntamente com o ka e o ba, um elemento constituinte do ser
humano 4 . Ele representava de certo modo esse elemento matricial, «mágico» que
origina e determina uma particularidade, nutrindo-a, simultaneamente, ou seja,
mantendo-a de uma forma sustentada ao longo de um determinado período de
tempo. Mas o nome é, também, como vimos, uma password, isto é, um código de
acesso que permite a evocação, o próprio acto de chamar, e determina,
consequentemente, o contacto. Esta é toda a importância desta temática, por
exemplo, do verdadeiro nome de Deus, o Tetragramaton, da tradição judaica – ou
dos seus Setenta nomes –, tal como ela surge, por exemplo, também na tradição
islâmica, etc., temas que, apesar da sua extraordinária importância, apenas
podemos, por ora, assinalar de passagem 5 .
Anura é uma sigla – o texto diz-nos literalmente que «Anura é uma sigla».
Podemos agora adiantar que ela possui o poder de uma password de acesso. Mas
de acesso a quê? Obviamente à Mãe, o masterserver – apetece-nos dizer a
motherserver –, o servidor de rede na qual nos situamos presentemente, e «que
gera, nutre e protege» com a toda a eficácia da sua potencialidade. Ora a
potencialidade da Mãe é-lhe conferida pelo Poder do Pai, ou dito de outro modo, a
Mãe é a face geradora do Pai. Ou seja, a Mãe concretiza o Projecto do Pai e, esse
Projecto, não tem fim como o Pai. Nele, no Projecto Divino, encontram-se os
«códigos» que definem e estabelecem; códigos que criam o ser e o preservam, isto
é, o mantêm naquilo que ele é na sua «inércia» do Tempo. Códigos que
designaremos por «Selo Divino», no sentido de serem precisamente o que assegura
a integridade da sua expressão criacional, protegendo-a da plasticidade inerente à
potencialidade absoluta e indiferenciada do Todo. Essa noção de «Selo», traduzida
no esoterismo hebraico, pela letra Tav 6 , a última do alfabeto, e por isso equivalente
ao ómega grego, corresponde também ao conceito de «códigos» de transcendência.
Estes, são códigos que, anulando os anteriores, permitem contudo o acesso a novos
«códigos de criação» situados, relativamente aos anteriores, em outros planos de
manifestação, planos que correspondem a «novas» e «superiores» expressões do
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Voltemos ao nome de Anura e à citação de abertura, em que ela nos revela algo
sobre si: «Anura é uma sigla, cujos elementos representam as diferentes realidades
e existências que habitam, cuidam do planeta, reequilibrando-o.» Fixemos, agora, a
nossa atenção sobre a sua estrutura. O texto acrescenta-nos que o seu nome é,
uma pluralidade, constituído por elementos que representam as diferentes
realidades que se manifestam no planeta, o habitam e dele cuidam, reequilibrando-
o. Logo no início da citação foi-nos dito, como elemento crucial de compreensão a
propósito da geração de Anura, o seguinte: «A fusão da Matriz do Feminino com a
Matriz do Masculino – as bases da Fonte Luz/Amor – gerou a minha consciência».
Somos assim, claramente, remetidos para uma compreensão essencialmente dual
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«pública», sob a regência do soberano, pelo que a noção dessas funções se perdeu
para nós com o decorrer do tempo.
Contudo, nos primórdios da civilização, era essa uma das funções principais do
Templo, motivo para fosse edificado sobre um largo terraço ou plataforma
sobreelevada, que lhe dava assento, e se constituía como seu alicerce 19 . Essa
elevação formava a acrópole, nome que lhe é dada pela sua semelhança com a
Acrópole de Atenas, Acropolis, de acro (extremo) e polis (cidade), quer dizer, em
grego, cidade elevada, ou parte alta, extrema da cidade, em oposição à sua parte
baixa, a Baixa, como local de residência de artífices e trabalhadores rurais que se
abrigavam, ou viviam normalmente, sob a protecção das muralhas.
Ao salientarmos este aspecto naturista da edificação do templo, não
pretendemos de modo algum excluir, com tal, o seu valor simbólico. É claro que o
«Monte do Templo» simboliza a Montanha Sagrada como local de epifania da
divindade. Epifania, isto é manifestação, aparecimento, que é, simultaneamente,
uma kratofania, ou seja, uma manifestação do «poder» de Deus e da sua
capacidade de intervenção. Capacidade que se apresenta, prioritariamente,
mediante fenómenos atmosféricos de grande espectacularidade, susceptíveis de
impressionar pela violência e rapidez da sua impetuosidade, tais como a trovoada, à
qual estão associadas as chuvas torrenciais e o granizo, relâmpagos e trovões,
ventos fortes ou ciclónicos, interpretados como consequências da cólera divina.
Neles tem origem, na sua forma mais vulgarizada, o temor a Deus, conceito que,
infelizmente, ainda hoje perdura no consciente humano.
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Inanna era filha de Nanna, o deus-Lua. Tinha como nome alternativo Ninanna, nome
derivado de uma designação mais antiga, Nin-Ana, significando, literalmente, «Senhora do
Céu» - de Nin, «Senhora», e AN, «Céu». Era identificada pela estrela matutina e vespertina,
a Vénus luciferina, sendo representada figurativamente por uma estrela de oito pontas,
símbolo que veio a constituir-se como seu emblema e talismã. Inanna é posteriormente
identificada à deusa Ishtar (Síria), ‘Ashtart (Fenícia), a ( עשתרתAsthoret, Hebraica), Ἀστάρτη
(Astártē, Grega); a palavra Ishtar encontra-se ainda na raiz da palavra star, «estrela» na
língua Inglesa, e, entre nós, astro 21 .
Os gregos identificavam Astarté a Afrodite e esta à Egípcia Hatór e à Suméria
Inanna. Ela era a deusa da Beleza (Perfeição, Harmonia e Equilíbrio) e do Amor.
Consequentemente, estava igualmente associada à Fertilidade e ao Casamento
sagrado, cuja realização «consagrava» o rei – só mais tarde, e já na Idade Média, é
que sobrevém a coroação por mediação sacerdotal. Na Suméria, o rei consagrado
pelo Matrimónio Sacro, em que a rainha representava a Deusa, e muito
particularmente, Inanna ou Ninhursaga, instituía a Monarquia sagrada dos
representantes dos deuses na Terra, estabelecendo assim a «ponte» com o Céu,
através da qual descia a virtude celestial que edificava o Reino e lhe assegurava a
prosperidade e continuidade. Veremos, mais adiante, com algum detalhe este tema
de crucial importância, quando abordarmos, mais em particular, o sentido da deusa
Ninhursaga. Regressemos, por ora, a Inanna, explicitando o seu conteúdo, para tal
usando a sua equivalente egípcia, a deusa Hátor, sobre a qual são conhecidos mais
detalhes.
A palavra Hátor escreve-se em egípcio hieroglífico Het-Heru, sendo composta
por duas palavras, het, com o sentido de «templo», «casa» e Heru, ou Hor, o nome
egípcio do deus Hórus, vulgarmente conhecido como o deus-falcão. Hátor é, pois, a
«Casa de Hórus», simultaneamente, «morada» e «templo» de Hórus. Mas quem
era, ao certo, Hórus? A seu respeito, O Dicionário do Antigo Egipto, diz-nos o
seguinte: «O seu nome, Hor, significa «O Elevado», ou «O Longínquo», o que se
adapta extremamente bem a um deus voador e que plana bem alto no céu como é o
falcão. A própria semelhança da terminologia («céu» diz-se heret) reforça esta ideia:
era «O Senhor do Céu».»
O faraó era assimilado a Hórus, enquanto soberano reinante, e a Osíris, após a
realização dos rituais de imortalidade que lhe proporcionavam a sua «regeneração»,
e constituíam o âmago do seu funeral. Esses rituais terminavam aquando da
colocação definitiva do sarcófago real no Templo de Milhões de Anos, cuja
construção, expressamente realizada para si, começava mal se iniciava o seu
reinado.
O Hórus osírico, oculta, porém, uma outra forma mais antiga. A ela se refere,
igualmente, o Dicionário do Egipto Antigo: «O Hórus solar é representado como um
falcão ou como um deus Sol de figura humana com cabeça de falcão, usando por
vezes sobre a cabeça o disco solar e o uraeus, o diadema sagrado. As suas formas
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mais importantes no âmbito deste ciclo solar são: Horuer, Hórus o Grande (Uer), o
Antigo ou o Primogénito, em grego Haroéris. Sob esta forma, era ainda chamado
Horkhenti-irti (ou Hormenti), «Hórus, o que tem os seus dois olhos na cabeça» ou
«Hórus dos dois olhos» (o Sol e a Lua).»
Este Hórus era considerado, ainda, nos tempos primordiais do Egipto, como
parceiro de Hátor, sendo o seu culto celebrado em Edfu, no Alto Egipto, num templo
situado próximo do daquela deusa, este localizado em Dendera, a egípcia Iunet.
Hátor era, por sua vez, tida por filha de Ré e era equiparada a Tefnut 22 , pelo que era
ainda designada por Neferti, «a Bela 23 », ou Merit, «a Amada» do deus. Hátor, tal
como Tefnut, representava a «Luz que regressa», tal como, no Judaísmo, Or chozer,
expressão que, já vimos anteriormente, e é simbolizada pela letra Zayin.
O «retorno da Luz», simbolizado por Hátor, ou Tefnut, é, recordemos uma vez
mais, retratado na concepção judaica do Zayin, como o voltar da consciência ao
Criador. Regresso possibilitado pela própria incidência da Luz messiânica, que
engrandece por íntimo contacto, e que é a Luz emanada directamente da Fonte: «é
o Pai em mim», dizia Jesus. O seu carácter feminino, como vimos anteriormente,
apenas sublinha a natureza passiva e fecunda do ser humano que, ao receber e
recolher em si, a incidência da Luz, assim se vê «nobilitado» por essa
Luz/Consciência, o que lhe permite o regresso ao Criador. Regresso que lhe era
restringido pela sua própria incapacidade, na qual o ser humano se situa no seu
presente estado, em suportar a poderosa energia da Fonte. Impossibilidade que
ocorre em virtude do distanciamento assegurado pela perda de valência ontológica,
inerente à descida efectuada na cadeia múltipla dos graus do Ser, por incarnação
em planos vibracionais inferiores, à qual corresponde a ideia desvirtuada da
«queda» e expulsão do Paraíso.
Hátor, assim como Tefnut, ambas filhas de Ré, ou Rá, perdem-se, no mito, do
Pai por dele se terem afastado, em condições que aquele não esclarece
inteiramente. São achadas, posteriormente, na imensidão pelo «Olho de Ré» que
fora enviado em missão de resgate 24 . Engrandecidas no seu regresso, ao qual
corresponde a exaltação da frase «a bela chegou!», frase que expressa o júbilo
naturalmente sentido ante a coroação da Luz e o efeito que ela produz, acto que
«conclui» o processo da Criação, nele introduzindo a mais-valia que o justifica
plenamente e que consiste na experiência física, chamemos-lhe real, da plenitude
divina. O Mundo não está destinado a ser um vale de lágrimas, mas, muito pelo
contrário, o Paraíso da Exaltação.
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Abordemos, agora para finalizar, outra figuração da deusa, desta vez sob a
forma de Ninhursaga, a deusa-Mãe Suméria. O seu nome é
composto por Nin (Senhora) e Hursaga, Nin-hursaga. A
palavra Hursaga era, por sua vez, provavelmente, derivada de
Hur e Sag (Sag, em Sumério, significando «cabeça» era,
também, a designação dada às parteiras na sua função de
«auxiliarem» e «protegerem os nascimentos»). Nin-hursaga
era, ainda, designada por Ninti (Nin-ti), a «Senora dos
Nascimentos». Nin-hursaga era ainda denominada por outras
palavras, tais como, Nin-Khursag, Nin-Mah ou Nin-Ki. Como o
Ninhursaga vocábulo Nin significava, em Sumério, «Senhora», Nin-
hursaga, significava literalmente a «Senhora Hursaga», ou a
«Senhora dos Partos». Por sua vez, Nin-Ki, palavra composta de Nin (Senhora) e Ki
(Terra), significava, literalmente, «Senhora da Terra» e Nin-Mah, com Mah
significando «Augusta», designava a «Augusta Senhora». Em Sumério, Hursaga
(Hur.sag), queria dizer «montanha», «contraforte montanhoso», pelo que, numa
primeira aproximação, Nin-hursaga seria a «Senhora da Montanha». Contudo se nos
recordarmos que sag significava, por si só, «cabeça», assumindo aqui,
possivelmente, o sentido de «pico», ou «cume», «parte alta», ou «extrema» e que
Hur, possui noutras línguas da antiguidade, como vimos anteriormente,
nomeadamente na língua Egípcia, o sentido de «cabeça» e «alto», ou aquilo que
está no «alto», e por isso mesmo é «elevado» e «luminoso», então, talvez nos seja
legítimo concluir que Nin-hursaga representava a Luz altíssima, sob a sua forma
feminina de deusa-Mãe, a «Augusta Senhora», tal como ela era legitimamente
cognominada 28 .
Nin-hursaga é por vezes, no mito, consorte de An, o deus supremo do Céu, e,
noutras, a esposa de Enlil – o Senhor do Ar ou dos ventos – e Enki – o Senhor das
Águas. Contudo, ela é sempre a Mãe de todos os seres. Thorkild Jacobsen, já
anteriormente referido, na sua obra «The Treasures of Darkness», página 107, a ela
se refere, do modo seguinte: «Other terms for her that stress this aspect are «Lady
of the embryo» (Nin-ziznak), «Lady fashioner» (Nin-dím), «Carpenter [artisen] of (i.e.,
«in») the insides» (Nagar-sagak) [ => Naggar], «Lady potter» (Nin-bahar), «Copper-
caster of the land» or «of the gods» (Tibira-kalammak, Tibira-dingirenek),
etcetera. 29 »
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Inanna, pela sua ligação ao poder fertilizante das chuvas, está também
associada, tal como Ninhursaga, às montanhas. Ela reina, igualmente, nessas
alturas, estando por isso associada ao touro e ao leão, animais cujos bramidos e
rugidos, assimilados às trovoadas que coroam os cimos, os tornam em animais
emblemáticos das kratofanias celestes. Inanna, «Senhora do Céu», está
intimamente ligada a esses animais que de certo modo representam a «elevação
primordial», o esforço da Terra em sair do caos aquoso que lhe dá origem. A Colina
sagrada e primordial, o benben egípcio é a primeira emergência da Terra, aonde o
Sol assenta pela primeira vez 33 . Como tal, Inanna é, também, essa emergência, ela
é propriamente a Terra nimbada de Luz como por um diadema real, fertilizada pela
Luz que nela incide, exemplarmente. Ela é a «Terra Lúcida», a «Terra Primeira» que
é visitada pela Luz e por ela amada. Corresponde à Meritré, nome egípcio que
significa a «amada de Ré» – Mer, em egípcio, significa «amor», «pirâmide» ou,
ainda, «canal de irrigação» –, tal como houveram os nomes Meritamon e Meritaton.
Ela é amada pela Luz, na «proximidade» à Fonte, em que se situa de livre vontade,
sendo por ela fecundada numa aliança que fazia o Reino. Reino a entender no
sentido simbólico de Reino Sagrado e não no sentido laico e histórico de reinado
humano, sem contudo o excluir, ao qual alude a oração, quando nela se afirma, a
jeito de co-criação: «Vinde a nós o Vosso Reino. Faça-se, na Terra, a Vossa
Vontade».
Este é, como vimos, o papel da rainha, sobretudo quando ela assume a
plenitude das suas tarefas, desempenhando a função de pólo de atracção do Amor
Celeste do Pai, ora representado por Ré, ou Aton, ou por An, o Céu, papel que faz
dela um verdadeiro canal de comunicação, um obelisco, ou seja, de um eixo de Luz
ancorado na terra que, tal como sucede com a pirâmide, ou com a Colina Primordial,
se transforma num canal privilegiado de descida e ancoragem da Luz. A esse
enraizamento da Luz corresponde a função do Templo, como local de presença e
foco de irradiação, aonde se origina uma verdadeira «irrigação» da Terra que traz
consigo a «Fertilidade», a Estabilidade», a «Ordem 34 » e a Paz. Inanna assume
assim o papel arquetípico de «Rainha de Shabbat».
A deusa, ao estabelecer esse elo com o Céu, torna-se apta a desenvolver, a
gerar e a nutrir, novas formas de Criação. Em certo sentido, como «amada» da Luz,
que a cinge e coroa, nobilitando-a, Inanna é a geradora da «Cidade», da Civilização,
como realidade «cósmicizada», isto é ordenada e organizada como reflexo na Terra
de uma ordem superior e Celeste. A cidade suméria, originada a partir do Templo,
pré-figura e institucionaliza a «Cidade de Deus». Tal como Hátor, ela é «A Casa da
Luz», pois é nela que a Luz habita, fazendo dela a sua morada e nela colocando o
seu «trono». Casa que é um «útero» para múltiplas formas.
A Ísis egípcia, figurada por uma cátedra, ou trono que lhe encima a cabeça, à
laia de coroa, salienta assim a sua qualidade de «Trono da Luz» 35 . Lembremos que
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Notas e referências:
1
Quilhar – «Assentar a quilha do navio na carreira» (Dicionário da Linguagem de Marinha
Antiga e Actual).
A nossa Escola, porque pretende um ensino prático, tem como objectivo concomitante a
construção da nau - a Nau S. Gabriel da Revelação e da Descoberta -, para cuja edificação iremos
contribuir, ao longo do nosso curso, com o assentar progressivo das suas peças mais
emblemáticas. A colocação da quilha, como primeira peça da nau, corresponde simbolicamente à
cerimónia de fundação de um edifício, no nosso caso, a nova Escola de Sagres.
2
A Consciência tende para a concretização. O Logos para a Criação.
3
Ao utilizarmos esta expressão temos absoluta consciência que, a par das suas múltiplas
vantagens, ela possui, igualmente, as suas próprias limitações. É que aqui convém, sobretudo,
escapar à limitação inerente à noção geométrica de plano que, embora viabilizando a ideia de
suporte, nos sugere contudo um apoio, exclusivamente, em superfície, com detrimento de
qualquer capacidade ou contenção volumétrica. Melhor seria, neste sentido, utilizar a expressão
alternativa de «Camada» ou «Estrato» de Manifestação, à imagem do que ocorre na estratigrafia
geológica ou arqueológica, como espaço de contenção e de expressão. De facto, esse «Plano»
suporta, mas também contém em si, envolvendo, como um vasto oceano, os seres que dele e nele
se criam.
Por outo lado, o jogo de palavras que se estabelece naturalmente entre plano e projecto,
permite-nos não perder de vista um outro dos seus aspectos essênciais que é o de ser Matriz
intencional de vida, e esse é o Projecto Divino.
4
«Para um antigo egípcio, o nome é uma parte imortal do ser. Vive para além da desaparição
física daquele que o usa. Contém uma energia espiritual que deve ser preservada, de tal modo que,
percorrendo os «belos caminhos do outro mundo», o ressuscitado preserve a sua identidade.» -
Christian Jacq, «Nefertiti e Akhenaton», pág. 67.
5
O nome real dado a cada faraó na sua entronização, e pelo qual era conhecido, não era o seu
nome «mágico», mas mesmo assim esse nome era exibido dentro de uma cartuxa de protecção, o
chen, que simbolizava (materializava) a força mágica que encerra e possibilita um ciclo de
eternidade. O nome real encontrava-se assim, de certo modo, protegido, o que demonstra a
importância que, na concepção egípcia, era atribuída ao nome.
6
«The impression of the tav is the secret of the power that links worlds - generations –
together». www/inner.org
A impressão do tav é o segredo do poder que liga entre si mundos – gerações. (NT)
7
Convém aqui reter a noção de que o ser humano, apesar da multiplicidade e potencialidade
das suas expressões, corresponde a um conjunto de potencialidades de experimentação e
expressão da Vida, de modo algum totalizantes. Convém não esquecer que existem outras formas
de ser, para além das nossas conhecidas no planeta Terra, que possibilitam outras e superiores
experiências de vida que traduzem, simultaneamente, outras expressões superiores de vida. A
superioridade devendo ser aqui entendida de modo relativo.
8
Por Ordem há que entender a regularização do Espaço e do Tempo. Naquele, expressando-
se mediante estruturas geométricas ou geometrizantes da extensão, e, neste, mediante ritmos e
ciclos que diferenciam o Tempo de uma forma harmónica e regular, mesmo quando estes sofrem
expansões. Expansão que é proporcionalidade, e que há que entender de um modo idêntico ao que,
na Geometria, ocorre com figuras semelhantes, ou na Matemática, com proporções numéricas.
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9
«An situava-se, entre os deuses, ao mais alto nível. O seu nome, acolhido pelos Acadianos
como Anum, é a palavra Suméria para «céu» e, inerentemente, An é o poder numinoso do céu, a
fonte das águas da chuva e base do calendário pois ele anuncia pela mudança das suas
constelações as diferentes épocas do ano com as suas tarefas e as suas celebrações.
Originalmente, pode-se conjecturar, An pertenceu ao panteão dos pastores já que é, muitas
vezes, visualizado sob forma bovina.»
«A esposa de AN, na terra, era Ki, na qual engendrou árvores, caniços e todo o tipo de
vegetação.»
«Parece também ter existido uma tradição que via o poder no céu como sendo
simultaneamente masculino e feminino e que distinguia o deus AN (Acadiano Anum) da deusa An
(Acadiano Antum) com a qual estava casado. De acordo com esta visão a água da chuva fluía
directamente dos seios da deusa, ou (dado que ela era vulgarmente vista sob forma de vaca)
directamente do seu úbere – isto é, das nuvens.» Obra citada, pág. 95 (Nossa tradução).
É curioso verificar a similitude entre o latim annu, com o sentido de «ano; estação; produto
do ano» - Dic. Etimológico da Língua Portuguesa – e o termo Sumério «anum», para céu, tanto mais
que a noção de ano, como extensão temporal, advém da observação do céu a qual teve os seus
primordios, precisamente, na Suméria.
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http://en.wikipedia.org/wiki/Ningirsu
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As cidades da Suméria, como por exemplo Eridu, considerada como tendo sido a primeira
cidade, possuiam diversos templos, nalguns casos, e em épocas mais tardias, chegando alcançar o
número de trinta. Contudo, havia sempre o Templo principal, aonde residia o deus fundador. A
remoção das estátuas dos deuses, aquando de uma conquista militar, era um dos procedimentos
destinados a punir a cidade, sempre que o conquistador a pretendia desfavorecer, retirando-lhe
assim a vitalidade, protecção e progresso que só aquela presença, em última instância, sabia
conferir. Esta prática evidência o poder da crença na eficácia do Templo, como morada real do
deus que nele residia, a tempo inteiro e, a partir do qual, ele era irradiado sobre toda a área
aonde esse deus era celebrado ritualmente. Área essa que coincidia com os limites geográficos
até onde se extendia o poder organizador do seu soberano.
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«Ur (Sumério Urim, Hebreu bíblico [Aur] )אּורera uma cidade na Suméria antiga,
localizada no sítio da actual Tell el-Mukayyar no Iraque (…) e próxima da antiga Eridu – Eridu era
a mais antiga cidade do sul da Mesopotamia, e foi fundada cerca de 5.400 A.C. Localizada a 12 km
a sudoeste de Ur, Eridu era a cidade que se situava mais Sul na aglomeração de cidades sumérias
que se desenvolverem a partir de templos quase à vista uns dos outros. Na mitologia Suméria,
Eridu foi fundada pelo deus Sumério Enki, mais tarde conhecido pelos Acadianos como Ea.» -
http://en.wikipedia.org/wiki/Ur e http://en.wikipedia.org/wiki/Eridu (Nossa Tradução)
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«Or é comunmente empregue como metáfora para a energia Divina que gera e sustém o
universo. Ma’or, Ziv, He’arah.» (…) «Ohr representa a infinita «luz» que tudo penetra e que
inspira cada elemento, na Criação, a transcender os limites da sua própria natureza e a tornar-se
absolutamente uno com Deus» - http://www.inner.org/ (Nossa tradução)
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«Or chozer é a reverberação da energia espiritual emanada pela Criação na direcção do
Criador, em resposta a Or yashar.» - http://www.inner.org/ (Nossa tradução)
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«The Woman of Valor». (…) «The experience of or chozer, subsequent to the
consummation of the creative process inherent in or yashar, the creation of man on the sixth
day, is the secret of the seventh day of Creation – Shabbat. The Shabbat Queen who, in general,
signifies woman in relation to man – «the woman of valor is the crown of her husband» – has the
power to reveal in her husband his own superconscious crown, the experience of serene pleasure
and sublime will innate in the day of Shabbat.» - www.inner.org
Nova Escola de Sagres ‐ Nuno Barbieri Pág. 25
Caderno Náutico 1 ‐ Anura a Terra Lúcida
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«Rei e rainha teriam simbolizado o casal fundamental, a origem de toda a criação, o
primeiro encarnando o deus Chu e a segunda a deusa Tefnut.» - Christian Jacq, em Nefertiti e
Akhenaton, pág. 61.
Chu e Tefnut são filhos de Ré. Um representa o Ar luminoso, a outra a Água-Luz.
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«Assinale-se que o nome de Nefertiti [mulher de Akhenaton e rainha do Egipto, cujo nome
significa «a bela chegou»] tem um significado teológico preciso. «A bela» não é outra senão a
deusa Hathor, «que veio» de regiões afastadas para onde havia fugido.» - Christian Jacq, em
Nefertiti e Akhenaton, pág. 59.
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Utilizamos aqui, intencionalmente, a palavra resgate pela sua conotação moderna à já
sobejamente conhecida «Operação Resgate» associada, de modo muito pouco esclarecido, à
«profecia» do ano 2012. Tema que de momento não poderemos abordar, por escapar ao assunto
central em análise, mas ao qual voltaremos muito em breve.
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Lembremos que a Luz simboliza a Energia da Fonte, que é simultaneamente Ser e
Sabedoria, pelo que a sua recepção constitui um pacote de «Informação/Formação», no sentido
que ela concede o Conhecimento e os Códigos de Formação, no sentido de «edificação», para a
constituição do «upgrade» humano. Por outro lado, a Luz ainda proporciona a energia de
realização suficiente para o empreendimento da Obra.
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Na modalidade de representação que sublinha a unidade e a convergência, os sentidos de
rotação das figuras serão idêntidos, assim como o serão as suas velocidades. Por sua vez, o eixo
de rotação das figuras que no nosso modelo consideramos estável, para facilitar a sua
compreensão, experimenta ele próprio uma movitação. Se a isto acrescentarmos a realidade para
nós invisualizável, pelo menos da quarta dimensão, veremos como o nosso esquema se complica
desmesuradamente, escapando à nossa capacidade de o abordarmos. Esta é a razão pela qual as
figuras sólidas são muitas vezes à bidimensionalidade do plano, aonde pela redução da sua
complexidade, assume valorizações que facilitam a sua compreensão. Fixemo-nos, pois, no
óctogono, sem contudo nos esquecermos da sua profunda complexidade.
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A título de esclarecimento pelo que entendemos por enfoque da consciência, convém aqui
recordar de passagem, o que pretendemos significar quando falamos de «quadratura da
consciência». Sabendo nós que, na Unidade essencial, tudo é Uno e, portanto, susceptível de ser
entendido como tal, a Consciência não podendo a tal se escapar, deve, igualmente, e por maioria
de razão, ser tida por Una. Logo, a quadratura, que representa a multiplicação por si mesma, ou
seja a sua potenciação, só poderá ocorrer quando existe igualdade nos factores em operação. Ou
seja, quando a consciência que procede ao enfoque, afasta de si qualquer diferenciação em
relação à Consciência Cósmica. Esse acto, que é simultaneamente uma declaração fundamental de
Unidade, é também um acto de anulação do ego, já que é este que, pela sua redução, introduz
artificialmente a distinção que impede a quadratura ou potenciação. Potenciação que é, sem
querermos jogar com as palavras, a potencialidade que transmuta a figuração em símbolo e faz
dele um instrumento de Realização.
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Hur é o elemento radical do nome Hórus, que é a forma Grega mais conhecida do nome
egípcio Heru, pelo qual era designado esse deus solar com forma de falcão. A sua representação
figurativa procurava salientar a sua capacidade de se elevar nos céus e de aí permanecer imóvel,
como a querer assim dizer que ele é «aquele que se eleva ao zénite», como cúspide do céu, e aí
reside, assim, simbolizando «O Altíssimo» como «Luz Altíssima», Omnisciente e «Toda
Poderosa», que está nos Céus e «tudo Vê».
Na língua hebraica, este radical surge no nome Aur, muitas vezes transliterado como Or, e
possuindo, tal como vimos, o sentido de Luz Divina, Luz Infinita, tal como em Ain Soph Aur.
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Caderno Náutico 1 ‐ Anura a Terra Lúcida
Por sua vez, o nome Ahura, do deus do antigo Irão Ahura Mazda, o «Senhor Sabedoria» dos
cultos de Zaratustra, que sendo normalmente considerado como derivado do sânscrito Asura,
possui, contudo, estranhas similitudes com o deus Assírio Ashur, cuja etimologia se desconhece, e
que era identificado com o deus sol Shamash, também ele representado sob forma de um deus
alado. Ahura Mazda era o antagonista de Arimam, o Senhor das Trevas, pelo que simbolizava a
Luz. As formas mais tardias do seu nome são: «Hourmazd», «Hormizd», «Hormuzd», «Ohrmazd»
e ainda «Ormazd/Ōrmazd». Como Mazda, ou mazd, é entendido como nome próprio, podemos
assim arriscar que o seu nome significa Mazda-Luz. A Ahura-Mazda está ainda associada à ideia
de Xvarnah, a «Luz-de-Glória» que confere a Imortabilidade e a Invencibilidade que coroa Reis e
Heróis.
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«Outros termos para ela, que sublinham este seu aspecto, são «Senhora do embrião» (Nin-
ziznak), «Senhora artífice» (Nin-dím), «Carpinteira [melhor seria dizer «artífice»] (i.e., «no»)
dos interiores» (Nagar-sagak), «Senhora oleira» (Nin-bahar), «Fundidora da Terra» ou «dos
deuses» (Tibira-kalammak, Tibira-dingirenek), etc.» - Nossa tradução.
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A palavra grega para cobre era calcós (χαλχός) que significava também o bronze, já que
este era, principalmente na antiguidade, uma liga de cobre e estanho. Aquele elemento radical
(χαλχ-) compunha ainda palavras tais como calqueía (χαλχεια), pela qual era designada a «arte do
ferreiro», assim como calcotypiqué (χαλχοτυπιχή), o «ofício de forjador». – Elementos retirados
do Dicionário Grego-Português, de Isidro Pereira.
A palavra grega para carpinteiro é tecton (τεχτων), de onde deriva o nosso vocábulo
«técnica(o)», de igual elemento radical, tal como, ainda, por exemplo, na palavra grega técne
(τεχνη), «artifício». A deusa grega Atena era designada como Politécnica, pala sua múltipla
mestria.
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Rever acima no texto o que foi dito acerca das relações entre Hátor e Hórus, a Luz
manifestada.
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«Shekhinah (alternative transliterations Shekinah, Shechinah, Shekina, Shechina,
Schechinah, )שכינהis the English spelling of a grammatically feminine Hebrew language word that
means the dwelling or settling, and is used to denote the dwelling or settling presence of God
(cf. Divine presence), especially in the Temple in Jerusalem.» - www/inner.org
«Shekhinah (transliterações alternativas, Shekinah, Shechinah, Shekina, Shechina,
Schechinah, )שכינהé a ortografia Inglesa da palavra Hebraica feminina que significa morada ou
estabelecimento da presença de Deus (cf. Divina Presença), especialmente no Templo de
Jerusalém.» (Nossa Tradução)
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A plataforma Suméria de edificação, mais tarde designada por Tell, assume a valência do
benben egípcio, como primeira emergência da Terra, a Colina Primordial, que assim se libertava do
caos aquoso.
«De uma forma geral, a colina primordial era investida com duas facetas complementares:
por um lado possuía uma dimensão ctónica, associada aos poderes generativos da terra, mas por
outro, revestia-se de uma dimensão solar, já que era desta colina que o deus Sol, na forma de uma
criança, emergira e dera origem à primeira manhã do mundo. O templo egípcio surgia assim como a
figuração da colina primordial, a ilha mítica rodeada pelas águas do Nun, a partir da qual o próprio
universo se recriava e regenerava continuamente.» - Iniciação e Mistério no Antigo Egipto, de
Rogério de Sousa, Ed. Ésquilo, pág. 113.
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Ao falarmos da «Ordem» não podemos deixar de falar, embora de passagem, em Maet,
igualmente filha de Ré, e portanto figuração da Luz Divina, ela era a deusa da Justiça (do
Equilíbrio), base e assento do Reino, no sentido anteriormente ressaltado de Reino Divino, e
igualmente «base», ou «plataforma» de um edifício, e sua «rampa» de acesso – compare-se com o
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Caderno Náutico 1 ‐ Anura a Terra Lúcida
sentido de «elevação» acima apresentado. Maet era oferenda aos deuses e oferta dos deuses.
Pode-se dizer que ela resumia e simbolizava o acto de oferenda. Vejamos algumas citações
extraídas da obra já citada, «Nefertiti e Akhenaton», de Christian Jacq:
«Maet é a soberana da confraria das divindades. A sua protecção é a protecção delas. É filha
de Ré, a luz divina através da qual transmite a essência imortal. É ainda a regra imutável do
universo, o ideal dos sábios, a verdade e a justeza que nunca erro algum poderá macular.»
«Quando se alimenta, quando pensa, quando ensina, o faraó «vive de Maet».»
«A construção da cidade do Sol [Akhetaton, a actual Tell el-Amarna] é colocada sob a
protecção de Maet, tal como o próprio faraó.»
Voltaremos a este assunto numa próxima oportunidade.
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«Literally, her name means «she of the throne». Her original headdress was a throne. As
the personification of the throne, she was an important representation of the pharaoh's power,
as the pharaoh was depicted as her child, who sat on the throne she provided.» -
http://en.wikipedia.org/wiki/Isis
«Literalmente, o seu nome significa «a do trono». O seu toucado era um trono. Como
personificação do trono, era uma representação importante do poder do faraó, uma vez que o
faraó era representado como seu filho, que se sentava no trono por ela providenciado.» (Nossa
tradução)
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O Reino dos Céus corresponde à noção de «Quinto Império». Quinto, não por se incluir
numa sucessão histórica de impérios, como alguns erradamente pensam, à qual este «Império»
não saberia pertencer, já que ele se situa para além do tempo exterior, mas Império, e Quinto,
exactamente por ser Central, por ser o «ponto origem» da Cruz quaternária. Ele é o foco de
irradiação dessa Cruz, a sua Fonte imortal.
Abordaremos este conceito ao tratarmos da simbologia da Cruz e do sentido esotérico de
«crucificação».
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