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Cap 03
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LIÇÃO 3
Na lição anterior conhecemos os 3.1 - O transistor como chave ser usado como entrada para outra,
princípios simples da Álgebra de eletrônica conforme a figura 1.
Boole que regem o funcionamento Um transistor pode funcionar Na figura 1 damos um exemplo
dos circuitos lógicos digitais encontra- como um interruptor deixando passar interessante de como podemos obter
dos nos computadores e em muitos ou não uma corrente, conforme a apli- um inversor usando um transistor.
outros equipamentos. Vimos de que cação de uma tensão em sua entra- Aplicando o nível 1 na base do
modo umas poucas funções simples da. transistor ele conduz até o ponto de
funcionam e sua importância na ob- Assim, na simulação dos circuitos saturar, o que faz, com que a tensão
tenção de funções mais complexas. que estudamos e em que usamos no seu coletor caia a 0. Por outro lado,
Mesmo sendo um assunto um pouco chaves, é possível utilizar transistores na ausência de tensão na sua base,
abstrato, por envolver princípios ma- com uma série de vantagens. que corresponde ao nível 0 de entra-
temáticos, o leitor pode perceber que No caso das chaves, o operador da, o transistor se mantém cortado e
é possível simular o funcionamento de era responsável pela entrada do si- a tensão no seu coletor se mantém
algumas funções com circuitos eletrô- nal, pois, atuando com suas mãos alta, o que corresponde ao nível 1.
nicos relativamente simples, usando sobre a chave, deveria estabelecer o Conforme observamos na figura
chaves e lâmpadas. nível lógico de entrada, mantendo 2, outras funções podem ser conse-
Os circuitos eletrônicos modernos, esta chave aberta ou fechada confor- guidas com transistores.
entretanto, não usam chaves e lâm- me desejasse 0 ou 1. Isso significa que a elaboração de
padas, mas sim, dispositivos muito Se usarmos um transistor teremos um circuito lógico digital capaz de rea-
rápidos que podem estabelecer os uma vantagem importante: o transis- lizar operações complexas usando
níveis lógicos nas entradas das fun- tor poderá operar com a tensão ou transistores é algo que pode ser con-
ções com velocidades incríveis e isso nível lógico produzido por uma outra seguido com relativa facilidade.
lhes permite realizar milhões de ope- função e não necessariamente por
rações muito complexas a cada se- uma pessoa que acione uma chave. 3.2 - Melhorando o desempenho
gundo. Assim, as funções lógicas No entanto, usar transistores em
Nesta edição veremos que tipo de implementadas com transistores têm circuitos que correspondam a cada
circuitos são usados e como são en- a vantagem de poderem ser interliga- função de uma maneira não padroni-
contrados na prática em blocos bási- das umas nas outras, pois o sinal que zada pode trazer algumas dificulda-
cos que unidos podem levar a elabo- aparece na saída de cada uma pode des.
ração de circuitos muito complicados
como os encontrados nos computa-
dores. Figura 1 - Um inversor (função NÃO
O leitor irá começar a tomar con- ou NOT) usando um transistor.
tato com componentes práticos das
famílias usadas na montagem dos
equipamentos digitais. São estes os
componentes básicos que podem ser
encontrados em circuitos digitais,
computadores e muitos outros.
Figura 5 - Faixas de tensão reconhecidas Figura 6 - As funções mais simples TTL Figura 7 - Corrente de entrada
como 0 e 1 (nível alto e baixo). são encontradas nestes invólucros. no nível baixo (0).
Veja então que podemos obter e saídas, definimos o FAN OUT como
uma capacidade muito maior de exci- o número máximo de entradas que
tação de saída de uma porta TTL podemos ligar a uma saída TTL.
quando ela é levada ao nível 0 do que Para os componentes da família
ao nível 1. TTL normal ou Standard que estamos
Isso justifica o fato de que em estudando, o FAN OUT é 10.
muitas funções indicadoras, em que Por outro lado, também pode ocor-
ligamos um LED na saída, fazemos rer que na entrada de uma função ló-
com que ele seja aceso quando a gica TTL precisemos ligar mais de
saída vai ao nível 0 (e portanto, a cor- uma saída TTL.
rente é maior) e não ao nível 1, con- Considerando novamente que cir-
Figura 8 - Corrente de forme a figura 11. culam correntes nestas ligações e que
entrada no nível alto (1). os circuitos têm capacidades limita-
- Fan In e Fan Out das de condução, precisamos saber
Estes são termos técnicos que até que quantidade de ligações po-
Esta corrente vai circular quando especificam características de extre- demos fazer.
a tensão de entrada estiver com um ma importância quando usamos cir- Desta forma o FAN-IN indica a
valor superior a 2,0 V. cuitos integrados da família TTL. quantidade máxima de saídas que
A saída de uma porta não precisa podemos ligar a uma entrada,
- Correntes de saída estar obrigatoriamente ligada a uma figura 13.
Quando a saída de um circuito TTL entrada de outra porta. A mesma saí-
vai ao nível 0 (ou baixo), flui uma cor- da pode ser usada para excitar diver-
rente da ordem de 16 mA, conforme sas portas.
observamos no circuito equivalente da Como a entrada de cada porta pre-
figura 9. cisa de uma certa corrente e a saída
Isso significa que uma saída TTL da porta que irá excitar tem uma ca-
no nível 0 ou baixo pode drenar de pacidade limitada de fornecimento ou
uma carga uma corrente máxima de de drenar a corrente, é preciso esta-
16 mA, ou seja, pode “absorver” uma belecer um limite para a quantidade
corrente máxima desta ordem. de portas que podem ser excitadas,
Por outro lado, quando a saída de veja o exemplo da figura 12.
uma função TTL está no nível 1 ou Assim, levando em conta as cor-
alto, ela pode fornecer uma corrente rentes nos níveis 1 e 0 das entradas
máxima de 400 µA, figura 10.
Figura 16 - Uma saída standard 3.6 - Compatibilidade entre as Observamos por esta tabela que
pode excitar 10 entradas LS. subfamílias uma saída 74 (Standard) pode exci-
Assim, temos: Um ponto importante que deve ser tar convenientemente 10 entradas
levado em conta quando trabalhamos 74LS (Low Power Schottky).
Família/Subfamília: TTL Standart com a família Standard e as subfa- Na figura 16 mostramos como isso
Tempo de programação (ns): 10 mílias TTL é a possibilidade de inter- pode ser feito.
ligarmos os diversos tipos.
Família/Subfamília: Low Power Isso realmente ocorre, já que to-
Tempo de programação (ns): 33 dos os circuitos integrados da família 3.7 - Open Collector e
TTL e também das subfamílias são Totem-Pole
Família/Subfamília: Low Power alimentados com 5 V. Os circuitos comuns TTL estuda-
Schottlky Devemos observar, e com muito dos até agora e que têm a configura-
Tempo de programação (ns): 10 cuidado, que as correntes que circu- ção mostrada na figura 14 são deno-
lam nas entradas e saídas dos com- minados Totem Pole.
Família/Subfamília: High Speed ponentes das diversas subfamílias Nestes circuitos temos uma confi-
Tempo de programação (ns): 6 são completamente diferentes, logo, guração em que um ou outro transis-
quando passamos de uma para ou- tor conduz a corrente, conforme o ní-
Família/Subfamília: Schottkly tra, tentanto interligar os seus com- vel estabelecido na saída seja 0 ou 1.
Tempo de programação (ns): 3 ponentes, as regras de Fan-In e Fan- Este tipo de circuito apresenta um
Out mudam completamente. inconveniente se ligarmos duas por-
- Dissipação Na verdade, não podemos falar de tas em paralelo, conforme a figura 17.
Outro ponto importante no projeto Fan-in e Fan-out quando interligamos Se uma das portas tiver sua saída
de circuitos digitais é a potência circuitos de famílias diferentes. indo ao nível alto (1) ao mesmo tem-
consumida e portanto, dissipada na O que existe é a possibilidade de po que a outra vai ao nível baixo
forma de calor. Quando usamos uma elaborar uma tabela, a partir das ca- (0),um curto-circuito é estabelecido na
grande quantidade de funções, esta racterísticas dos componentes, em saída e pode causar sua queima.
característica se torna importante tan- que a quantidade máxima de entra- Isso significa que os circuitos in-
to para o dimensionamento da fonte das de determinada subfamília pos- tegrados TTL com esta configuração
como para o próprio projeto da placa sa ser ligada na saída de outra nunca podem ter suas saídas interli-
e do aparelho que deve ter meios de subfamília. gadas da forma indicada.
dissipar o calor gerado.
Podemos então comparar as dis- Figura 17 - Conflitos de níveis em
sipações das diversas famílias, to- saídas interligadas.
mando como base uma porta ou gate:
Família/SubFamília: Standard
Dissipação por Gate (mW): 10
Figura 18 - Porta NAND (não-E) com Figura 19 - O resistor "pull up" serve para
saída em coletor aberto (Open Collector). polarizar os transistores das saídas das
funções "open colletor".
desligado, circuito aberto ou terceiro
No entanto, existe uma possibili- 3.8 - Tri-State estado. Isso é conseguido através de
dade de elaborar circuitos em que as Tri-state significa terceiro estado e uma entrada de controle denomina-
saídas de portas sejam interligadas. é uma configuração que também da “habilitação” em inglês “enable”
Isso é conseguido com a configura- pode ser encontrada em alguns cir- abreviada por EN.
ção denominada Open Collector mos- cuitos integrados TTL, principalmen- Assim, quando EN está no nível
trada na figura 18. te usados em Informática. Na figura 0, no circuito da figura 20, o transis-
Os circuitos integrados TTL que 20 temos um circuito típico de uma tor não conduz e nada acontece no
possuem esta configuração são indi- porta NAND tri-state que vai servir circuito que funciona normalmente.
cados como “open collector” e quan- como exemplo. Podem existir aplica- No entanto, se EN for levada ao
do são usados, exigem a ligação de ções em que duas portas tenham nível 1, o transistor satura, levando ao
um resistor externo denominado “pull suas saídas ligadas num mesmo cir- corte, ou seja, os dois passam a se
up” normalmente de 2000 Ω ou próxi- cuito, figura 21. comportar como circuitos abertos, in-
mo disso. Uma porta está associada a um dependentemente dos sinais de en-
Como o nome em inglês diz, o primeiro circuito e a outra porta a um trada. Na saída Y teremos então um
transistor interno está com o “coletor segundo circuito. Quando um circuito estado de alta impedância.
aberto” (open collector) e para funci- envia seus sinais para a porta, o ou- Podemos então concluir que a fun-
onar precisa de um resistor de polari- tro deve ficar em espera. ção tri-state apresenta três estados
zação. Ora, se o circuito que está em es- possíveis na sua saída:
A vantagem desta configuração pera ficar no nível 0 ou no nível 1, Nível lógico 0
está na possibilidade de interligarmos estes níveis serão interpretados pela Nível lógico 1
portas diferentes num mesmo ponto, porta seguinte como informação e Alta Impedância
figura 19. isso não deve ocorrer. As funções tri-state são muito usa-
A desvantagem está na redução O que deve ocorrer é que quando das nos circuitos de computadores,
da velocidade de operação do circui- uma porta estiver enviando seus si- nos denominados barramentos de
to que se torna mais lento com a pre- nais, a outra porta deve estar numa dados ou “data bus”, onde diversos
sença do resistor, pois ele tem uma situação em que na sua saída não circuitos devem aplicar seus sinais ao
certa impedância que afeta o desem- tenhamos nem 0 e nem 1, ou seja, mesmo ponto ou devem compartilhar
penho do circuito. ela deve ficar num estado de circuito a mesma linha de transferência des-
ses dados. O circuito que está funcio-
nando deve estar habilitado e os que
não estão funcionando, para que suas
saídas não influenciem nos demais,
devem ser levados sempre ao tercei-
ro estado.
Na figura 22 temos um exemplo
de aplicação em que são usados cir-
cuitos tri-state . Uma unidade de
processamento de um computador
envia e recebe dados para/de diver-
sos periféricos usando uma única li-
nha (bus). Todos os circuitos ligados
a estas linhas devem ter saídas do tipo
Figura 20 - Uma porta NAND TTL tri-state. tri-state.
20 SABER ELETRÔNICA ESPECIAL Nº 8 - 2002
CURSO DE ELETRÔNICA DIGITAL