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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................. 18


1.1 PROBLEMA....................................................................................................... 19
1.2 OBJETIVOS........................................................................................................ 21
1.2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 21
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 22
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 22
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................... 23
CAPÍTULO 2 - EMBASAMENTO TEÓRICO ....................................................... 25
2.1 TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO ................................................................... 26
2.2 CAMADA DE TRANSPORTE ...................................................................... 27
2.3 CODIFICAÇÃO DE SINAIS FONTE ............................................................ 28
2.3.1 Codificação de Áudio ........................................................................................ 28
2.3.2 Codificação de Vídeo ........................................................................................ 29
2.3.3 Codificação de Dados ........................................................................................ 29
2.4 MIDDLEWARE ................................................................................................ 30
2.5 CANAL DE INTERATIVIDADE .................................................................... 30
2.6 TERMINAL DE ACESSO ................................................................................ 31
CAPITULO 3 – MODOS DE TRANSMISSÃO......................................................... 32
3.1 MODULAÇÃO .................................................................................................. 32
3.1.1 Classificação dos Sistemas de Modulação ......................................................... 32
3.1.2 Modulações Utilizadas em Televisão Digital ..................................................... 33
3.1.2.1 QAM ................................................................................................................... 33
3.1.2.2 PSK ..................................................................................................................... 34
3.1.2.3 AM-DSB-SC ...................................................................................................... 34
3.2 MODOS DE TRANSMISSÃO .......................................................................... 35
3.2.1 Modo de Transmissão Terrestre 8-VSB ............................................................. 35
3.2.1.1 Codificador ......................................................................................................... 36
3.2.1.2 Estruturador de quadro ....................................................................................... 39
3.2.1.3 Bloco de modulação digital 8-VSB .................................................................... 41
3.2.2 Modo de Transmissão Terrestre OFDM ............................................................. 42
3.2.2.1 Codificador ......................................................................................................... 47
3.2.2.2 Estruturador de quadro ....................................................................................... 49
3.2.2.3 Bloco de modulação digital OFDM ................................................................... 51
3.2.2.4 Circuito de Saída de Transmissão ...................................................................... 54
3.3 MODO DE TRANSMISSÃO TERRESTRE BST-OFDM ................................ 55
3.3.1 Estrutura do quadro OFDM ................................................................................ 65
CAPITULO 4 – CODIFICAÇÃO DE ÁUDIO........................................................... 70
4.1 DOLBY AC-3 .................................................................................................... 70
4.1.1 Canais de Áudio ................................................................................................. 71
4.1.2 Frame de Sincronização Dolby AC-3 ................................................................. 73
4.1.3 Normalização do sistema de volume .................................................................. 73
4.1.4 Flexibilidade do AC-3 ........................................................................................ 74
4.2 MPEG ÁUDIO ................................................................................................... 75
4.2.1 Banco de Filtros .................................................................................................. 77
4.2.2 Quantização e Codificação ................................................................................. 78
4.2.3 Formatação de Bit-Stream .................................................................................. 78
4.2.4 Modelo Psico-Acústico ...................................................................................... 79
4.2.4 Formato do Frame MPEG .................................................................................. 79
4.2.4.1 MPEG layer I ...................................................................................................... 80
4.2.2.2 MPEG layer II .................................................................................................... 81
4.3 ADVANCED AUDIO CODING (AAC) …………………………………… 82
CAPITULO 5 - CODIFICAÇÃO DE VÍDEO........................................................... 83
5.1 CARACTERÍSTICAS DO SINAL DE VÍDEO ................................................ 83
5.1.1 Resolução Vertical .............................................................................................. 84
5.1.2 Resolução Horizontal ......................................................................................... 85
5.1.3 Relação de Aspecto ............................................................................................ 85
5.1.4 Sincronismo ........................................................................................................ 86
5.1.5 Amostragem ....................................................................................................... 86
5.2 CARACTERÍSTICAS DO VÍDEO DIGITAL .................................................. 87
5.3 PROCESSOS DE COMPRESSÃO .................................................................... 90
5.4 O PADRÃO MPEG-2 ........................................................................................ 90
5.4.1 Perfis e Níveis ..................................................................................................... 91
5.4.2 Processo de Codificação MPEG-2 ..................................................................... 94
5.4.3 Seqüência de Vídeo do MPEG-2 ........................................................................ 94
5.5 DIAGRAMA EM BLOCOS DO PADRÃO MPEG-2 ....................................... 96
5.5.1 Amostragem de vídeo analógico ........................................................................ 97
5.5.2 Redundância Temporal ....................................................................................... 97
5.5.3 Redundância Espacial ......................................................................................... 97
5.5.4 Quantização do Coeficiente DCT ....................................................................... 98
5.5.5 VLC e RLC ......................................................................................................... 98
5.5.6 Buffer .................................................................................................................. 98
CAPÍTULO 6 – SISTEMAS DE TV DIGITAL ........................................................ 99
6.1 ATSC .................................................................................................................. 99
6.1.1 Histórico ............................................................................................................. 99
6.1.2 Características de Vídeo do Modelo ATSC ....................................................... 101
6.1.3 Características de Modulação do Modelo ATSC ............................................... 103
6.1.4 Características de Áudio do Modelo ATSC ....................................................... 103
6.2 DVB .................................................................................................................... 104
6.2.1 Histórico ............................................................................................................. 104
6.2.2 Características de Vídeo do Modelo DVB – T ................................................... 106
6.2.3 Características de Modulação do Modelo DVB – T .......................................... 108
6.2.4 Características de Áudio do Modelo DVB – T .................................................. 108
6.3 ISDB – T ............................................................................................................. 109
6.3.1 Histórico ............................................................................................................. 109
6.3.2 Características de Vídeo do Modelo ISDB – T ................................................. 110
6.3.3 Características de Modulação do Modelo ISDB – T .......................................... 111
6.3.4 Características de Áudio do Modelo ISDB – T .................................................. 111
6.4 TV DIGITAL NO BRASIL ................................................................................ 112
6.4.1 Histórico ............................................................................................................. 112
6.4.2 Inovações ............................................................................................................ 115
6.4.3 Implantação da TV digital no Brasil .................................................................. 116
6.5 IPTV ................................................................................................................... 117
6.5.1 Tecnologias ........................................................................................................ 118
6.5.2 Protocolos Utilizados .......................................................................................... 119
6.5.3 Expectativas Futuras ........................................................................................... 119
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 120
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 122
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – DIAGRAMA EM BLOCOS DE UM SISTEMA DE TV DIGITAL .............................. 26


Figura 2.2 – ESTRUTURA INTERNA DA CAMADA DE TRANSPORTE ..................................... 27
Figura 3.1 – TRANSMISSOR 8-VSB ................................................................................................. 35
Figura 3.2 – REGISTRADOR DE DESLOCAMENTO DA SEQÜÊNCIA PSEUDO-
ALEATÓRIA .................................................................................................................. 37
Figura 3.3 – TAXA DE BITS NA SAÍDA DO CODIFICADOR REED SOLOMON........................ 37
Figura 3.4 – PRÉ-CODIFICADOR, CODIFICADOR EM TRELIÇA E MAPEADOR COM 8
SÍMBOLOS ..................................................................................................................... 39
Figura 3.5 – TAXA DE BITS DE ENTRADA E SAÍDA DO BLOCO CODIFICADOR
CONVOLUCIONAL ....................................................................................................... 39
Figura 3.6 – ESTRUTURA DE QUADRO ......................................................................................... 40
Figura 3.7 – ESPECTRO DO SINAL VSB ......................................................................................... 42
Figura 3.8 – TRANSMISSÃO OFDM ................................................................................................. 43
Figura 3.9 – TRANSMISSOR OFDM UTILIZANDO O MÉTODO DA FORÇA BRUTA .............. 43
Figura 3.10 – RECEPTOR OFDM UTILIZANDO O MÉTODO DA FORÇA BRUTA ..................... 44
Figura 3.11 – DIAGRAMA EM BLOCOS DE UM TRASMISSOR OFDM UTILIZANDO FFT ...... 45
Figura 3.12 – DIAGRAMA EM BLOCOS DE UM RECEPTOR OFDM UTILIZANDO FFT .......... 46
Figura 3.13 – MODULADOR COFDM ................................................................................................ 46
Figura 3.14 – PACOTE PROVENIENTE DO MPEG2 ........................................................................ 47
Figura 3.15 – CONSTELAÇÃO 16 QAM ............................................................................................. 50
Figura 3.16 – ESPECTRO FDM CONVENCIONAL E OFDM ........................................................... 52
Figura 3.17 – TEMPO DE UM SÍMBOLO (Ts) ................................................................................... 53
Figura 3.18 – BANDA DE 6MHz SEGMENTADA ............................................................................. 56
Figura 3.19 – SISTEMA ISDB ....................................................................................... 56
Figura 3.20 – QUADRO REMULTIPLEXADO ................................................................................... 56
Figura 3.21 – DIAGRAMA DO CODIFICADOR DE CANAL DO SISTEMA ISDB-T .................... 57
Figura 3.22 – PACOTE DE DADOS COM INSERÇÃO DOS BYTES DE PARIDADE ....... 58
Figura 3.23 – GERAÇÃO DA SEQÜÊNCIA PSEUDO-ALEATÓRIA ............................................... 59
Figura 3.24 – ENTRELAÇADOR DE BYTES ..................................................................................... 60
Figura 3.25 – CODIFICADOR CONVOLUCIONAL .......................................................................... 60
Figura 3.26 – SISTEMA DE MODULAÇÃO ISDB-T ......................................................................... 61
Figura 3.27 – MODULADOR QPSK .................................................................................................... 62
Figura 3.28 – MODULADOR DQPSK ................................................................................................. 62
Figura 3.29 – MODULADOR 16QAM ................................................................................................. 62
Figura 3.30 – MODULADOR 64QAM ................................................................................................. 63
Figura 3.31 – SÍNTESE DOS SEGMENTOS DE DADOS .................................................................. 63
Figura 3.32 – ENTRELAÇAMENTO DE FREQÜÊNCIA ................................................................... 64
Figura 3.33 – ESTRUTURA DE QUADRO PARA MODULAÇÃO DIFERENCIAL. ...................... 66
Figura 3.34 – ESTRUTURA DE QUADRO PARA MODULAÇÃO COERENTE ............................. 67
Figura 3.35 – GERADOR PRBS ........................................................................................................... 68
Figura 3.36 – QUADRO TMCC ............................................................................................................ 69
Figura 4.1 – FILTRAGEM E CONVERSÃO ANALÓGICO-DIGITAL DOS SINAIS DE ÁUDIO 72
Figura 4.2 – FRAME DE SINCRONIZAÇÃO AC-3 .......................................................................... 73
Figura 4.3 – CODIFICADOR MPEG ÁUDIO .................................................................................... 77
Figura 4.4 – FRAME MPEG LAYER I ............................................................................................... 80
Figura 4.5 – FRAME MPEG LAYER lI .............................................................................................. 81
Figura 4.6 – EXTENSÃO AO FORMATO MULTICANAL ............................................................. 81
Figura 5.1 – MODO DE VARREDURA ENTRELAÇADO .............................................................. 84
Figura 5.2 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS FORMATOS EXISTENTES .................... 86
Figura 5.3 – POSSIBILIDADE DE ENVIO DE RESOLUÇÕES DENTRO DA BANDA
DISPONÍVEL .................................................................................................................. 90
Figura 5.4 – ESTRUTURA DO GOP .................................................................................................. 95
Figura 5.5 POSSIBILIDADES DE AMOSTRAGEM NO MPEG-2 ............................................... 96
Figura 5.6 – DIAGRAMA EM BLOCOS DO MPEG-2 ..................................................................... 96
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – SISTEMAS E RESPECTIVAS TÉCNICAS EMPREGADAS ............................. 21


Tabela 3.1 – CLASSIFICAÇÃO DAS MODULAÇÕES ........................................................................ 32
Tabela 3.2 – PRINCIPAIS PARÂMETROS DO SÍMBOLO COFDM ..................................... 51
Tabela 3.3 – CONFIGURAÇÕES DO QUADRO MULTIPLEXADO ..................................... 57
Tabela 3.4 – TABELA DO AJUSTE DE ATRASO .................................................................. 62
Tabela 3.5 – ATRASOS EM DEOCORRÊNCIA DO ENTRELAÇAMENTO TEMPORAL .. 64
Tabela 3.6 – ALEATORIZADOR DE PORTADORAS MODO 2k .......................................... 65
Tabela 3.7 – INICIALIZAÇÃO DO GERADOR PRBS ............................................................ 68
Tabela 4.1 – FREQÜÊNCIAS DOS CANAIS DE ÁUDIO DO SISTEMA DOLBY AC-3 ...... 71
Tabela 5.1 – RESOLUÇÕES DISPONÍVEIS NA TV DIGITAL .............................................. 88
Tabela 5.2 – CARACTERÍSTICAS DO LDTV PARA RECEPÇÃO EM CELULARES ........ 89
Tabela 5.3 – PERFIS DISPONÍVEIS NO PADRÃO MPEG-2 ................................ 92
Tabela 5.4 – NÍVEIS DISPONÍVEIS NO PADRÃO MPEG-2 ................................ 93
Tabela 6.1 – PROPOSTAS E CONSÓRCIOS DE TV DIGITAL NOS EUA ........................... 99
Tabela 6.2 – RESOLUÇÕES ATSC ........................................................................................... 101
Tabela 6.3 – CARACTERÍSTICAS NO LANÇAMENTO DO DVB – T ................................. 104
Tabela 6.4 – RESOLUÇÕES DVB – T PARA HDTV .............................................................. 106
Tabela 6.5 – RESOLUÇÕES DVB – T PARA SDTV ............................................................... 107
Tabela 6.6 – CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE IMPLANTAÇÃO JAPONÊS ............ 110
Tabela 6.7 – RESOLUÇÕES ISDB ............................................................................................ 111
Tabela 6.8 – CONSÓRCIOS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO DO SBTVD ....... 113
Tabela 6.9 – DIVISÃO DE CAPITAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO SBTVD .................. 116
LISTA DE SÍMBOLOS

% Porcentagem
∆ Intervalo de guarda
Α Alfa
@ Arroba
µ Micro
N Número de símbolos por palavra código (Reed Solomon)
K Número de símbolos por mensagem (Reed Solomon)
M Número de bits por símbolo (Reed Solomon)
P Numero de portadoras (OFDM)
D Razão de guarda
T Duração do símbolo OFDM
R Taxa de código
I Variável de atraso entre as portadoras dos segmentos
I Número da portadora
J Posição de transmissão dentro de cada portadora
SP Portadoras piloto espalhadas
CP Portadoras piloto contínuas
AC Parâmetros auxiliares
TMCC Parâmetros de transmissão, multiplexação, controle e configuração
ABn Bloco de áudio
SI Campo de sincronização
BSI Campo de informação
V Número de bits por estado da portadora
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

8-VSB 8-Level Vestigial Side Band Modulation


AC – 3 Audio Coding 3
AAC Advanced Audio Coding
A/D Anologic to Digital (Analógico para Digital)
ABERT Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
ACATS Advisory Committee on Advanced Television
AM Amplitude Modulation
Anatel Agência Nacional de Telecomunicações
API Application Programming Interface
ARIB Association of Radio Industries and Business
ATSC Advanced Television Systems Committee
ATSC – T Advanced Television Systems Committee Terrestrial
Bit Binary Digit
BW Bandwidth (largura de banda)
Byte Conjunto de 8 bits
Codec Acrônimo de codificação e decodificação
COFDM Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing
CPqD Centro de desenvolvimento e Pesquisa em Telecomunicações
DAB Digital Áudio Broadcasting
DASE DTV Application Software Enviroment
DC Direct Current (Corrente Contínua)
DiBEG Digital Broadcasting Expert Group
Dolby/AC-3 Dolby Stereo Digital (SR-D)
DPSK Differential phase-shift keying
DTV Digital Television
DVB Digital Video Broadcasting
DVB-T Digital Video Broadcasting Terrestrial
EDTV Enhanced Definition Television
EPG Eletronic Program Guide
ETV Enhanced Television
FCC Federal Communications Commission
FDM Frequency Division Multiplex
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FM Frequency Modulation
FSK Frequency Shift-Key
Funttel Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações
HDTV High Definition Television
Hz Hertz – unidade de freqüência
IEC International Electrotechnical Commission
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
Inatel Instituto Nacional de Telecomunicações
ISDB Integrated Services Digital Broadcasting
ISDB-T Integrated Services Digital Broadcasting-Terrestrial
ISDN Integred Services Digital Network
ISO International Standarts Organization
ITU – T International Telecommunication Union – Telecommunications
iTV Interactive Television
Kbps kilo bits por segundo
kHz kilo Hertz
Mbps Mega bits por segundo
MCM Multiple Carrier Modulation
MHP Multimedia Home Plataform
MHz Mega Hertz
Minicom Ministério das Comunicações
MP3 MPEG Áudio Layer-3
MPEG Motion Picture Experts Group
MUSE Multiple Sub-Nyquist Sampling Encoding
NTSC National Television Systems Committee
OFDM Orthogonal Frequency-Division Multiplexing
PAL Phase Allternating Line
PAL-M Phase Allternating Line-Padrão M
PSK Phase Shift-Key
RF Radiofreqüência
RFPs Requisições Formais de Propostas
SBrT Sociedade Brasileira de Telecomunicações
SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital
SCM Single Carrier Modulation
SDTV Standard Definition Television
SECAM Seqquential Couleur Avec Memoir
SET Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações
SORCER Sistema OFDM com Redução de Complexidade por Equalização Robusta
TVD Televisão Digital
EU União Européia
UHF Ultra High Frequency
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
USP Universidade de São Paulo
VHF Very High Frequency
VSB Vestigial Side Band
18

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Desde seu advento, a televisão faz parte do cotidiano da sociedade, tendo uma alta
penetração em todas as camadas da população. Especialmente no caso do Brasil, onde a
penetração chega a 90% dos lares. A televisão é um fator de formação de opinião muito
importante, além disso, seja por razões culturais ou financeiras, a televisão é uma das
principais formas de entretenimento da maior parte da população.
As primeiras pesquisas sobre HDTV (ainda com tecnologia analógica) realizaram-se
na década de 70, nos laboratórios da NHK, a emissora de TV pública do Japão. Os sistemas
de TV digital começaram a ser pesquisados em meados da década de 80. Porém, foi somente
na década de 90, com o advento do MPEG, que ocorreram grandes avanços [10].
Atualmente são três os sistemas de TV digital mais importantes e difundidos, sendo
eles, o ATSC – T (Advanced Television System Committee Terrestrial) [14], DVB - T (Digital
Vídeo Broadcasting Terrestrial) [4] e o ISDB – T (Integrated Services Digital Broadcasting
Terrestrial) [7]. O padrão DVB – T é utilizado em um número maior de países que os outros
padrões, porém, em termos populacionais (dos países que são utilizados) o ATSC e DVB têm
resultados semelhantes. O ISBT – T é utilizado somente no Japão e passará a ser usado
também no Brasil [4].
Um breve histórico para demonstrar as evoluções individuais dos sistemas, começando
pelo ATSC, seguido pelo DVB e finalizando com o ISDB será descrito abaixo.
A partir de 1990, começa a fase de realizações de grandes esforços da América do
Norte para o estabelecimento de um sistema HDTV que utilizasse 6 MHz de largura de banda
por canal, largura já utilizada pelas emissoras de TV em operação (NTSC). O padrão
americano surgiu da união de quatro propostas concorrentes submetidas ao Advisory
Committee on Advanced Television Service (ACATS) [9]. Uma vez que todas apresentaram
excelente desempenho, motivou os proponentes a se unirem, formando-se assim a Grande
Aliança (GA), que definiu um novo padrão baseado nas melhores características obtidas de
cada sistema [6].
Na Europa, o desenvolvimento iniciou-se em setembro de 1993, sendo que, os padrões
para HDTV e SDTV foram desenvolvidos por um consórcio de indústrias e governo chamado
de Digital Vídeo Broadcasting (DVB). Esse grupo também estabeleceu padrão para as
transmissões digital via satélite e via cabo e depois completou o padrão da transmissão digital
terrestre, conhecido como DVB – T. Esse padrão tem sido utilizado principalmente para a
19

transmissão de vários canais de TV digital padrão (SDTV), entretanto o sistema também


contempla a transmissão de sinais HDTV [13].
O Japão, país pioneiro no desenvolvimento dessa tecnologia, acabou ficando para trás,
até que a partir de 1997 quando a rede NHK despendeu esforços e recursos para formar o
consórcio Digital Broadcasting Experts Group (DiBEG) desenvolvendo assim um padrão
para radiodifusão de serviços multimídia conhecido como Integrated Services Digital
Broadcasting (ISDB). Esse sistema pode ser utilizado para vários serviços, como por
exemplo, HDTV, SDTV, transmissão de dados e outras aplicações multimídia. Concebido
com diversas semelhanças em relação à tecnologia européia DVB, o sistema japonês tem um
diferencial importante, sua plataforma suporta múltiplas aplicações. Num canal de 6 MHz
pode-se implementar até 13 serviços ou emissoras diferentes. Em dezembro de 2000, a
operação do MUSE (sistema de HDTV com aproximadamente 1000 linhas que pode ser
considerado o precursor moderno dos sistemas de HDTV atuais) via satélite foi substituída
pelo padrão totalmente digital ISDB. O país lançou comercialmente os serviços de TV digital
terrestre a partir de 2003 [3].
A criação da TV digital trouxe grandes vantagens com relação à televisão analógica, como
por exemplo, o aumento da qualidade de imagem e som, interatividade dos telespectadores e a
possibilidade de aumentar-se a diversidade de programação.
A TV digital trará inúmeros benefícios ao Brasil. Além de oferecer melhor qualidade
de som e imagem, a tecnologia permitirá ao telespectador acesso a inúmeros serviços
interativos, como e-commerce, e-mail e Internet diretamente de um aparelho de televisão.
Essa mudança trará novos serviços para os consumidores e um enorme potencial de
novas oportunidades para o governo, para as emissoras de TV e telecomunicações e sem
dúvida, para toda a indústria eletrônica brasileira [1].

1.1 PROBLEMA

Com a criação da TV digital surgiram debates acerca de vários detalhes técnicos, com
relação aos diversos blocos funcionais que a compõem e com relação aos modelos de
exploração mais relevantes atualmente, que são o modelo Americano (ATSC – Advanced
Television Systems Committee), o modelo Europeu (DVB – Digital Vídeo Broadcasting) e o
modelo Japonês (ISDB – Integrated Services Digital Broadcasting). Cada sistema possui
20

características individuais, obtendo assim, vantagens e desvantagens quando comparados


entre si [1].
Os sistemas de TV digital foram projetados para transmissão de vídeo e áudio dentro das
faixas espectrais utilizadas atualmente pelos sistemas analógicos.
Um sinal de vídeo não comprimido pode chegar a taxas de 1.5 Gbps, tornando
praticamente impossível a transmissão dessa taxa numa faixa de 6 MHz. Torna-se necessário
então a utilização de eficientes técnicas de compressão, para que essas taxas cheguem a
aproximadamente 20 Mbps, garantindo não somente uma satisfatória redução de bits
transmitidos como também qualidade de vídeo, atendendo assim os princípios de uma
transmissão de alta definição.
Os três sistemas adotaram o padrão MPEG para esta importante etapa, todavia, cada
sistema apresenta configurações distintas [11].
O ATSC – T, o DVB – T e o ISDB – T adotam técnicas completamente diferentes de
modulação. O método usado pelo ATSC – T é de monoportadora modulada em amplitude
com banda lateral vestigial (8VSB). O método usado pelo DVB – T é o de multiportadora
modulada em QPSK, 16QAM ou 64QAM e multiplexada por divisão de freqüência (OFDM).
O sistema japonês ISDB – T também utiliza o sistema de multiportadoras além de ter
segmentação de banda.
Com relação a codificação de áudio, a gama de freqüências audíveis pelo ouvido humano
vai de 20 Hz a 20 kHz, e o limite superior varia de pessoa para pessoa. Para obter a qualidade
de CD, obedecendo ao critério de Nyquist, é preciso amostrar o sinal de áudio pelo menos
44.000 vezes por segundo [3]. Utilizando-se código de 16 bits, tem-se 704 kbits; se a
transmissão for para música estéreo, a taxa será de 1,4 Mbps. Ainda que sejam taxas
relativamente baixas, quando comparadas aquelas requeridas por sinais de vídeo sem
compressão, constituem um percentual da taxa de bits disponível pelo sistema que não pode
ser desconsiderado justificando assim a necessidade de um algoritmo de compressão que
reduza essa taxa de bits, para possibilitar uma transmissão de maneira eficiente [5]. O sistema
norte americano utiliza o Dolby Surround AC-3 [5], enquanto que o europeu e o japonês
utilizam o MPEG-2 nos seus respectivos processos de codificação de áudio [1].
A Tabela 1.1 demonstra a modulação e codificação de áudio e vídeo de cada um dos
sistemas disponíveis.
21

Tabela 1.1 – SISTEMAS E RESPECTIVAS TÉCNICAS EMPREGADAS


Fonte: CPqD. Alternativas Tecnológicas. Versão AA. Campinas-SP, 2006.

SISTEMA CODIFICAÇÃO DE CODIFICAÇÃO DE MODULAÇÃO


VÍDEO ÁUDIO

ATSC – T MPEG – 2 VÍDEO DOLBY AC – 3 8 VSB

DVB – T MPEG – 2 VÍDEO MPEG – 2 BC COFDM

ISDB – T MPEG – 2 VÍDEO MPEG – 2 AAC BST-COFDM

Cada sistema possui seus méritos e limitações devido às escolhas feitas, levando-se em
conta fatores técnicos, econômicos e aplicabilidade. Devido as suas diferenças torna-se
possível uma avaliação quanto aos desempenhos quando confrontados um a um,
principalmente em etapas tão importantes para o sucesso da TV digital como os subsistemas
de codificação e modulação.

1.2 OBJETIVOS

A seguir, serão descritos os objetivos que se pretendem alcançar ao fim deste trabalho.

1.2.1 Objetivo Geral

Caracterizar e descrever o funcionamento dos codificadores de áudio e vídeo e


verificar a eficiência dos modos de transmissão dos sistemas de TV digital implementados
atualmente.
22

1.2.2 Objetivos Específicos

Descrever o funcionamento de um codificador, caracterizando a forma de obtenção


das taxas necessárias para satisfazer a um padrão de TV digital, explicitando todas as etapas
que o constituem.
Verificar a eficiência do subsistema de modulação de cada sistema, levantando a razão
da escolha individual de cada um deles por determinada técnica.
Apresentar o padrão MPEG e toda a sua flexibilidade, descrevendo seus processos de
compressão.
Descrever vantagens e desvantagens de cada sistema através de quadros comparativos,
como, por exemplo, taxa de compressão de áudio e vídeo, eficiência das técnicas de
modulação, etc.

1.3 JUSTIFICATIVA

A TV digital é sem dúvida um dos assuntos mais importantes do momento nos meios
tecnológicos. Vários países estão implementando essa tecnologia, seja através de estudos para
um novo sistema, ou a implementação em seu país de um já existente. Pela diversidade de
opções (pelo menos três até o momento), questões comparativas sempre vêem a tona, seja
para verificar qual o melhor de todos, como para apontar deficiências, ou para acrescentar
melhorias.
Os sistemas ATSC, DVB e ISDB apresentam diferenças em seus estágios de
desenvolvimento, dessa forma, sempre que uma concorrência é estabelecida para a
implementação de um desses sistemas, seja numa região, país ou continente, estudos
comparativos acabam sendo desenvolvidos.
A TV digital possibilita a aplicação de conhecimentos adquiridos ao longo do curso de
Tecnologia, sendo que, pela complexidade cada subsistema que a compõe poderia ser
analisado de forma individual e extensa. Optou-se pelos subsistemas de codificação de áudio
e vídeo e pelo subsistema de modulação não só por abranger as disciplinas cursadas, mas
também por ser uma oportunidade de estudar mais a fundo as técnicas de cada um deles,
relembrando velhos conceitos aprendidos, além de acrescentar novos conhecimentos. Os
processos acima citados são muito importantes na TV digital, por exemplo, sem uma boa
23

codificação de vídeo seria impossível transmitir o sinal na largura de banda disponível.


Apontar as diferenças entre as escolhas de modulação dos padrões europeu, japonês e
americano, verificando que existem muitos detalhes que podem ser explorados, como a
segmentação de banda no sistema japonês, a monoportadora do sistema americano, etc.
Existem muitas possibilidades de pesquisa e aprendizado no proposto trabalho, pois, a
TV digital está sendo um marco nas comunicações, possibilitando uma incrível melhoria na
qualidade de som e imagem aos telespectadores, sem contar os serviços de interatividade,
possibilidade de acesso à internet, inclusão social, etc.
Apesar do Brasil já ter definido o sistema japonês, como base para a sua TV digital, o
estudo das tecnologias européia e americana ainda é bastante proveitosa, uma vez, que se
pode analisar o que há de melhor nos sistemas, para que futuras implementações e melhorias
sejam realizadas no sistema brasileiro de TV digital, sem contar o vasto conhecimento que
será adquirido, analisando todas as técnicas de codificação e modulação propostas neste
trabalho.
Dessa forma, os estudos propostos são de grande valia, tanto para concretização do
conhecimento adquirido ao longo do curso, bem como para atualização e expansão de
conhecimentos, uma vez que a TV digital está em pleno processo de expansão em todo o
mundo.
Pode-se citar também, o valor que irá agregar, pois, será uma fonte de pesquisa,
quando da necessidade de conhecimento, comparação e informação dos sistemas de TV
digital implementado atualmente. Pode-se utiliza-lo como referência, quando da necessidade
de conhecimento com relação ao processo que está ocorrendo no Brasil.
Enfim, informações bastante relevantes sobre cada sistema, apontando características
individuais, vantagens, limitações, etc.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O meio de pesquisa mais utilizado foi a Internet, através de visitas a sites oficiais dos
respectivos sistemas tecnológicos, a sites do governo, do CPqD, da Anatel, e através de
consulta da bibliografia oficial sugerida por cada uma das fontes oficiais de pesquisa.
Houve encontros periódicos com o professor orientador para avaliação do progresso
adquirido e para discussão de dúvidas.
24

Visitas ao departamento para discussão de dúvidas referentes aos processos de


codificação e modulação que possam vir a surgir.
Os dados obtidos nas diversas fontes oficiais disponíveis foram confrontados e
tabulados, e as informações descritas no relatório foram fortemente embasadas, para que não
ocorressem erros quanto à informação descrita, o que poderia causar conclusões errôneas a
respeito de determinado sistema de TV digital.
25

CAPÍTULO 2 – EMBASAMENTO TEÓRICO

A análise das tecnologias é realizada a partir de uma arquitetura genérica comum aos
sistemas de TV digital. A arquitetura proposta baseia-se no modelo de referência da IUT
(União Internacional de Telecomunicações) [11].
Um sistema de TV digital pode ser representado por dois subsistemas simétricos: Um
referente ao lado da transmissão e outro, referente ao lado do usuário, quando há recepção e o
consumo da informação. Esses dois blocos são chamados respectivamente de difusão e acesso
e terminal de acesso. A difusão e acesso refere-se a todas as funcionalidades necessárias para
a geração e transmissão de programas televisivos. Já a entidade terminal de acesso concentra
todas as funcionalidades para a recepção e reprodução adequadas dos programas. Ela pode ser
vista como uma URD (Unidade Receptora Decodificadora) acoplada a um aparelho de TV
analógica convencional ou um aparelho de TV digital com receptor integrado [11].
O bloco de difusão e acesso é constituído pelos módulos necessários à codificação e ao
empacotamento das informações a serem transmitidas para aos receptores digitais. Para que os
sinais de áudio e vídeo e os dados, originados na produção de conteúdo possam ser
transmitidos pela plataforma de TV digital terrestre, estes precisam ser adequadamente
codificados, logo, os sinais são processados pela camada de transporte, que os empacota e
reúne em um único sinal de transporte. Na etapa seguinte, o sinal gerado na camada de
transporte passa por um processamento adicional no módulo de codificação de canal,
modulação e transmissão e é transmitido [11].
A parte do terminal de acesso é responsável pelo processamento reverso ao da difusão
e acesso, reconstituindo as informações originais de áudio, vídeo e dados. O sinal recebido
pelo terminal de acesso, através de antenas receptoras, no módulo de recepção, demodulação
e decodificação de canal, passa por um processo de demodulação e de decodificação de canal,
de onde resulta o sinal de transporte que será enviado ao demultiplexador. Ele separa os sinais
codificados de áudio, vídeo e dados, que são então submetidos aos decodificadores de áudio,
de vídeo e ao middleware, respectivamente. Os decodificadores de áudio e vídeo reconstituem
os sinais originais, para que possam ser corretamente exibidos. O middleware, por outro lado,
além de decodificar os dados recebidos, é responsável por tratar as instruções, funcionando
como uma plataforma de execução de software. Como resultado final, tem-se as aplicações
interativas sendo utilizadas pelos usuários [11]. A Figura 2.1 demonstra o diagrama em blocos
de um sistema de TV digital.
26

Figura 2.1 – DIAGRAMA EM BLOCOS DE UM SISTEMA DE TV DIGITAL


Fonte: CPqD. Arquitetura de Referência. OS 40.541. Campinas-SP, 2005.

Um sistema de TV digital poder ser dividido em subsistemas, sendo eles: transmissão


e recepção, camada de transporte, codificação de sinais fonte, middleware, canal de
interatividade e terminal de acesso [11].
Cada subsistema possui uma função especifica no fluxo de sinais. De forma sucinta
será descrito a seguir as funcionalidades de cada subsistema [11].

2.1 TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO

Composto pela codificação de canal, modulação e transmissão, no lado da difusão e


acesso e pela demodulação e decodificação no lado do terminal de acesso [11].
A função desse subsistema na difusão e acesso é a de receber o feixe de transporte
(Transport Stream), conferir proteção contra erros, e adaptá-lo para sua irradiação no canal de
radiofreqüência. No lado do terminal de acesso tem a função de regenerar o sinal recebido, de
modo a entregar o feixe de transporte totalmente recuperado ao demultiplexador do terminal
de acesso, localizado na camada de transporte [12].
Para que isso ocorra os processamentos desse subsistema devem:
27

• Maximizar o uso do espectro, levando o maior número possível de informação pelo


canal limitado em banda.
• Minimizar a potência de transmissão requerida.
• Confinar o espectro de freqüência do sinal que será transmitido do lado da difusão e
acesso para o terminal de acesso, cuja banda é de 6 MHz, que é a mesma utilizada no
sistema analógico de televisão VHF (Very High Frequencies) e UHF (Ultra High
Frequencies).
• Maximizar a robustez do feixe de transporte recuperado, que foi degradado por
atenuação, obstruções, multipercursos, ruídos e interferências.

2.2 CAMADA DE TRANSPORTE

A camada de transporte é responsável por prover mecanismos para se transmitir em


um único feixe de transporte de dados (Transport Stream), a informação de um ou mais
programas, sendo que cada programa é constituído por um ou mais fluxos de áudio, vídeo e
dados [12].
O padrão H.222 [11] é utilizado para a multiplexação nos três sistemas (ATSC, DVB e
ISDB).
Na Figura 2.2 verifica-se a estrutura do multiplexador H222.

Figura 2.2 – ESTRUTURA INTERNA DA CAMADA DE TRANSPORTE


Fonte: CPqD. Arquitetura de Referência. OS 40.541. Campinas-SP, 2005.
28

2.3 CODIFICAÇÃO DE SINAIS FONTE

Esse bloco funcional tem como objetivo a redução da taxa de bits, pois, para a
implementação de um sistema de TV digital, tem-se a necessidade de reduzir essa taxa para
que o conjunto de sinais de áudio, vídeo e dados possam ser transmitidos dentro da largura de
banda limitada pelo espectro de freqüência, que é de 6 MHz.
Para um estudo mais minucioso, esse bloco foi dividido em três subsistemas:
codificação de áudio, codificação de vídeo e de dados [11].

2.3.1 Codificação de Áudio

Esse bloco é composto por um codificador de áudio no lado da difusão e acesso, que
tem a função de compressão do sinal de áudio, para que o mesmo seja transmitido pelo canal
de radiodifusão, e pelo decodificador de áudio, no lado do terminal de acesso, sendo
responsável pela descompressão do sinal de áudio, fazendo com que este seja a reprodução do
sinal enviado antes de haver o processo de compressão [12].
O codificador de áudio recebe um sinal de áudio PCM (Pulse Code Modulation) não
comprimido proveniente do bloco de produção de conteúdo, realiza sua compressão e gera um
feixe de informação - Elementary Stream (ES) - que é repassado para a camada e transporte,
para que seja feita sua junção com os feixes de vídeo e dados, transformando-os em um único
sinal de transporte. Sendo assim, pode-se concluir que dependendo da eficiência do padrão de
codificação de áudio que será escolhida e dos esquemas de canais de áudio que será utilizado
(estéreo ou multicanal), afetará na taxa de bits que será disponibilizada para os outros fluxos
que não o de áudio [11].
O decodificador de áudio recebe o feixe de informação de áudio (ES) da camada de
transporte, realiza a sua descompressão, cedendo ao bloco de aplicações interativas uma
réplica do sinal de áudio não comprimido (PCM), enviado pela produção de conteúdo [11].
29

2.3.2 Codificação de Vídeo

Este bloco tem o objetivo de reduzir a taxa de bits de vídeo, proveniente do bloco de
produção de conteúdo, para que o mesmo possa ser transmitido junto com os sinais de áudio e
dados, dentro da banda disponível [12].
Ele é composto pelo bloco de codificação de vídeo, no lado de difusão e acesso, e pelo
decodificador de vídeo no lado do terminal de acesso.
O codificador de vídeo recebe um sinal de vídeo digital PCM não comprimido do
bloco de produção de conteúdo, realiza sua compressão, e gera um feixe de informação
- Elementary Stream (ES) - que é repassado para a camada de transporte, para que seja feita
sua junção com os feixes de áudio e dados [10].
O decodificador de vídeo recebe o feixe de informação de vídeo (ES), do
demultiplexador, localizado na camada de transporte, realizando a sua descompressão,
cedendo ao bloco de aplicações interativas uma réplica do sinal de vídeo não comprimido
(PCM) enviado pela produção de conteúdo [10].

2.3.3 Codificação de Dados

Esse bloco, diferentemente dos blocos de áudio e vídeo, é composto apenas pelo
codificador de dados, no lado de difusão e acesso, sendo que as informações provenientes
desse bloco serão encaminhadas e tratadas por um outro subsistema denominado middleware,
que não tem apenas a função de decodificação de dados.
Esse bloco organiza e fragmenta os dados a serem transmitidos pela camada de
transporte [10]. Utiliza independentemente do protocolo a ser adotado, a transmissão através
de datagramas. Um datagrama é uma estrutura lógica que contém toda a informação de
definição sobre os dados, isto é, seu tamanho e conteúdos, o destino e como deve chegar [10].
Na camada de transporte, estes dados são transmitidos dentro dos pacotes do feixe de
transporte (TS) MPEG-2, que têm um comprimento fixo de 188 bytes (payload de até 184
bytes). Por isso, os datagramas devem ser usualmente fragmentados no lado da transmissão
(Difusão e Acesso) e remontados no terminal de acesso [11].
30

2.4 MIDDLEWARE

O middleware é o componente software, presente em um terminal de acesso (TA),


responsável por acessar os fluxos elementares, processar dados recebidos e viabilizar a
interação e apresentação ao usuário [10].
Do ponto de vista de apresentação, duas características distinguem a TV analógica da
TV digital. A primeira é que os programas podem ser multimídias ou multiformatos, sendo
que o terminal de acesso tem que ter a capacidade de processar diferentes tipos de formatos de
informações em diversas combinações, o que não acontece na TV analógica que sempre
processa apenas os fluxos de informação com formatos constantes, que são os de áudio e
vídeo [11].
O desafio é como compatibilizar a execução dessas instruções em uma variedade de
tipos de terminais fabricados por diferentes fabricantes, com diferentes capacidades e
recursos, sendo que tem que se levar em consideração que essas instruções possam necessitar
de atualizações ou acréscimos [12].

2.5 CANAL DE INTERATIVIDADE

Provê a comunicação entre os usuários da TV digital (aplicações interativas), no


terminal de acesso e as emissoras/programadoras/provedores de serviço (provedor de
conteúdo), no lado de difusão e acesso [11].
Através dele, cada usuário pode interagir, encaminhando ou recebendo informações e
solicitações das emissoras programadoras [10].
O canal de interatividade é constituído por dois canais de comunicação: canal de
descida e canal de retorno, sendo que o canal de descida faz a comunicação no sentido das
emissoras/programadoras para os usuários e o canal de retorno faz a comunicação no sentido
dos usuários para as emissoras/programadoras [12].
31

2.6 TERMINAL DE ACESSO

Refere-se ao equipamento que capta um sinal de VHF/UHF e converte-os em um sinal


analógico, tornando possível a reprodução das informações em uma televisão analógica
convencional. Esse equipamento é conhecido como unidade receptora decodificadora (URD)
ou Set-Top Box [11].
32

CAPITULO 3 – MODOS DE TRANSMISSÃO

Neste capítulo será descrito o bloco de modulação de um sistema de TV digital,


contemplando-se as opções disponíveis atualmente.

3.1 MODULAÇÃO

É uma técnica empregada para modificar um sinal com a finalidade de permitir a


transmissão de informações através de um canal de comunicação e recuperar esse sinal, na sua
forma original, em outra extremidade [17]. Essa técnica é composta de duas entradas e uma
saída. Uma das entradas é a informação a ser transmitida, chamada de sinal modulante, a
outra entrada é um sinal que possibilita a transmissão da informação pelo canal, chamado de
portadora. A saída desse sistema será a portadora modificada pelo sinal modulante [21].

3.1.1 Classificação dos Sistemas de Modulação

Os tipos de modulação existentes são dependentes do tipo do sinal modulante [17]


(analógico ou digital) e do tipo de portadora (analógica ou digital). A Tabela 3.1 descreve a
classificação delas:
Tabela 3.1 – CLASSIFICAÇÃO DAS MODULAÇÕES
Fonte: NETO, Vicente Soares. Telecomunicações: Sistemas de Modulação, 2003. 130p.
PORTADORA
INFORMAÇÃO ANALÓGICA DIGITAL
MODULAÇÕES DE PULSO
MODULAÇÕES ANALÓGICAS AMPLITUDE: PAM
AMPLITUDE: AM LARGURA: PWM
ANALÓGICA FREQUENCIA: FM POSIÇÃO: PPM
FASE: PM PCM
CÓDIGOS DE LINHA
MODULAÇÕES DIGITAIS NÃO HÁ MODULAÇÕES
DIGITAL AMPLITUDE: ASK NESTE CASO
FERQUENCIA: FSK
FASE: PSK
QUADRATURA: QAM (ASK+PSK)
33

Onde:
• AM do inglês “Amplitude Modulation” ou Modulação em Amplitude;
• ASK do inglês “Amplitude Shift Keying Modulation” ou Modulação por Chaveamento
de Amplitude;
• FM do inglês “Frequency Modulation” ou Modulação em Freqüência;
• FSK do inglês “Frequency Shift Keying Modulation” ou Modulação por Chaveamento
de Freqüência;
• PAM do inglês “Pulse Amplitude Modulation” ou Modulação por Amplitude de Pulso;
• PCM do inglês “Pulse Code Modulation” ou Modulação por Código de Pulso;
• PM do inglês “Phase Modulation” ou Modulação em Fase;
• PPM do inglês “Pulse Position Modulation” ou Modulação por Posição de Pulso;
• PSK do inglês “Phase Shift Keying Modulation” ou Modulação por Chaveamento de
Fase;
• PWM do inglês “Pulse Width Modulation” ou Modulação por Largura de Pulso;
• QAM do inglês “Quadrature Amplitude Modulation” ou Modulação em Quadratura de
Amplitude.

3.1.2 Modulações Utilizadas em Televisão Digital

A seguir serão abordados alguns tipos de modulações utilizadas nos sistemas de DTV.

3.1.2.1 QAM

A modulação QAM combina a modulação PSK, onde a informação digital é


transmitida através da variação de fase da portadora analógica e a modulação ASK, na qual a
informação analógica é transmitida através da variação de amplitude da portadora analógica.
Assim, há a variação da amplitude e fase da portadora de acordo com a informação digital a
ser transmitida [17].
No 16QAM cada símbolo da constelação é formado a partir de 4 bits de informação,
podendo ser obtido 16 símbolos.
34

Já no 64QAM, há 6 bits de informação por símbolo, podendo ser obtido um total de 64


símbolos.

3.1.2.2 PSK

A modulação PSK (Phase Shift Keying – Modulação por Desvio de Fase) varia a fase
da portadora de acordo com os dados a serem transmitidos.
O QPSK é uma modulação derivada do PSK, porém, neste caso são utilizados
parâmetros de fase e quadratura da onda portadora para modular o sinal de informação [17].
Como agora são utilizados dois parâmetros, pode-se ter um número maior de símbolos
na constelação e um maior número de bits por símbolo. Por exemplo, se há necessidade de
transmitir 2 bits por símbolo, utiliza-se quatro tipos de símbolos possíveis, a portadora pode
assumir quatro valores de fase diferentes, cada um deles correspondendo a um dibit, por
exemplo 45º, 135º, 225º e 315º.
A modulação DQPSK [17] é uma forma particular da modulação QPSK, na qual ao
invés de ser enviado um símbolo correspondente a um parâmetro puro de fase, este símbolo
representa uma variação de fase. Neste caso, cada conjunto de bits representado por um
símbolo provoca uma variação de fase determinada no sinal da portadora.

3.1.2.3 AM-DSB-SC

Este tipo de modulação consiste no fato de que o sinal modulante interfere exclusiva e
diretamente na amplitude da portadora. A modulação AM - DSB/SC surgiu como uma forma
de se economizar a potência utilizada pela portadora no sistema AM-DSB, que é no mínimo
67% da potência total do sinal modulado [20]. O sistema AM-DSB/SC tem por princípio para
economia de potência, a supressão da portadora, fazendo com que a potência do sinal
modulado seja destinada às raias de informação.
35

3.2 MODOS DE TRANSMISSÃO

Nos tópicos a seguir, serão descritos os modos utilizados pelos sistemas de TV digital
implementados atualmente.

3.2.1 Modo de Transmissão Terrestre 8-VSB

O 8-VSB foi concebido com o objetivo de substituir o NTSC para transmissões


terrestres de TV, por conta disso, ocupa os mesmos 6 MHz que o NTSC, porém, apresentando
um desempenho muito superior perante os diversos tipos de degradação do sinal presentes no
meio de transmissão [6].
O 8-VSB é o modo de transmissão utilizado pelo ATSC – T.
Na Figura 3.1 apresenta-se o diagrama em blocos do transmissor 8VSB.

Figura 3.1 – TRANSMISSOR 8 VSB


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e
Computação. Ano5. Campinas-SP, 2005.

A informação de entrada do transmissor é constituída de pacotes de 188 bytes


provenientes da camada de transporte de um codificador MPEG-2, o qual previamente
comprimiu o sinal de vídeo e áudio de forma que se obtém na entrada do transmissor uma
taxa de aproximadamente 19.39 Mbps (para HDTV).
A saída da etapa de codificação é a saída do codificador convolucional, que é
constituída de uma seqüência de símbolos 8-VSB, sendo que, cada símbolo é constituído de
36

3 bits. Cada pacote de 188 bytes resulta logo após a etapa de codificação em 828 símbolos
8-VSB. Cada seqüência de 828 símbolos, ao passar pelo multiplexador, recebe mais uma
seqüência de 4 símbolos que são adicionados ao pacote, sendo que, esses 4 símbolos são
denominados de sincronismo de segmento. Assim sendo, a seqüência de 828 símbolos com
os 4 símbolos de sincronismo de segmento é denominado segmento de dados, contendo no
total 832 símbolos. No início de uma série de 312 segmentos de dados, o multiplexador
acrescenta uma seqüência de 832 símbolos, sendo os 4 primeiros os de sincronismo de
segmento e os outros 828 os de sincronismo de campo. O sincronismo de segmento mais o
sincronismo de campo, acrescentado dos 312 segmentos de dados constituem um campo,
portanto, cada campo é formado por 313 seqüências de 832 símbolos. O conjunto de dois
campos é denominado quadro [6].
A seguir de forma sucinta descrever-se-á funcionalidade e características de cada
bloco que compõem o transmissor 8-VSB.

3.2.1.1 Codificador

Este macrobloco é formado pelos blocos de sincronização de quadro, aleatorizador de


dados, codificador Reed Solomon, entrelaçador de dados e o codificador de treliça [21].
• Sincronizador de quadro: a entrada do sistema de transmissão é dada pelos dados
montados pelo subsistema de transporte numa taxa de 19.39 Mbps. Esses dados
consistem em pacotes de 188 bytes MPEG compatíveis. São formados por 187 bytes
de dados e 1 byte de sincronismo. A função do sincronizador é a de identificar os
pontos de início e fim de cada pacote e remover o byte de sincronismo que não será
mais utilizado, injetando o sinal resultante no bloco aleatorizador de dados.
• Aleatorizador de dados: A função do aleatorizador de dados é a de aleatorizar os
dados provenientes do sistema de transporte, não incluindo os dados de sincronismo
de campo, os dados de sincronismo de segmento e os dados e paridade da codificação
Reed Solomon. Os bytes provenientes do bloco sincronizador de quadro são
armazenados em um buffer de 58344 bytes de capacidade. O buffer estará cheio
quando contiver 312 seqüências de 187 bytes. Quando estiver cheio, o buffer e o
aleatorizador de dados fazem uma operação XOR (Ou Exclusivo) dos bits de entrada
com 8 bits e uma seqüência pseudo-aleatória, no início de cada campo. Esta seqüência
37

pseudo-aleatória é gerada por um registrador de deslocamento de 16 bits com


8 tomadas de realimentação, conforme Figura 3.2.

0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 1 1

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11 X12 X13 X14 X15 X16

D0 D1 D4 D5 D6 D7
D3

Figura 3.2 – REGISTRADOR DE DESLOCAMENTO DA SEQÜÊNCIA PSEUDO-ALEATÓRIA


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e
Computação. Ano5. Campinas-SP, 2005

A aleatorização é necessária justamente para evitar, que devido a repetição de padrões


de dados, o espectro de freqüências do sinal modulado possa conter energia concentrada em
certas freqüências deste espectro, assim, acaba maximizando a eficiência da distribuição de
potência na ocupação do canal de transmissão, pois, a repetição dos padrões de dados poderia
trazer como conseqüência uma maior interferência de outros canais de TV, principalmente os
analógicos.
• Codificador Reed Solomon: cada uma das seqüências de 187 bytes armazenadas no
buffer de 58344 bytes é processada pelo codificador Reed Solomon. Para cada
187 bytes ele acrescenta 20 bytes de redundância, armazenando essa informação em
um buffer de 64584 bytes, correspondente a 312 seqüências de 207 bytes armazenadas,
o que equivale a um campo 8-VSB completo na saída da etapa de codificação.
Devido a esse acréscimo de 20 bytes de paridade a seqüência, a taxa de bits do sinal
digital de entrada tem um acréscimo, passando de 19.39 Mbps para 21.45 Mbps, conforme
Figura 3.3.

D A D O S D E S A ÍD A
DADOS DE ENTRADA

C O D IF IC A D O R 2 1 .4 5 M b p s
R EE D S O LO M O N

Figura 3.3 – TAXA DE BITS NA SAÍDA DO CODIFICADOR REED SOLOMON


Fonte: BRETL, Wayne, et al. Proceeding of IEEE. ATSC, Modulation and Transmission Vol. 94, January
2006.
38

No contexto do Reed Solomon cada seqüência de 187 bytes é denominada mensagem,


e cada mensagem acrescentada dos 20 bytes de paridade é chamada de palavra-código. Um
código Reed Solomon RS (n, k) é caracterizado pelo número de símbolos n por
palavra-código, e pelo número de símbolos k por mensagem e pelo numero de bits m por
símbolo [7].
No sistema 8-VSB ATSC é utilizado um código RS (207, 187) com m=8bits por
símbolo. Esse é um código sistemático, pois os dados de entrada não são transformados,
sendo apenas acrescentados bits redundantes aos dados de entrada.
Com os 20 bytes de paridade existentes, é possível corrigir até 10 bytes recebidos com
erros, não importando qual dos 207 bytes existentes tenha sido corrompido [7]. Se o número
de erros excederem os 10 bytes, a palavra-código recebida não poderá ser corrigida, mas o
algoritmo corretor de erros identifica que a palavra-código é incorrigível.
• Entrelaçador de dados: Tem por finalidade embaralhar os bytes do canal de entrada.
O embaralhamento permite ao desembaralhador, localizado no receptor, espalhar
uniformemente os erros causados por ruído (ruído impulsivo, por exemplo) que
ocorrem na transmissão de dados. Esse tipo de interferências provoca erros em cascata
no sinal demodulado, fazendo com que o codificador Reed Solomon perca eficiência
devido aos erros seqüenciais. Com o embaralhamento desses erros, há um aumento da
eficiência do codificador Reed Solomon. A taxa de bits na saída é a mesma presente na
sua entrada [21].
• Codificador convolucional: o codificador convolucional age de forma complementar
ao codificador Reed Solomon descrito anteriormente. Tem também como função
detectar e corrigir erros introduzidos na transmissão de dados [21]. A diferença desse
codificador para o codificador Reed Solomon é a maneira de corrigir os erros. Para
cada dois bits gerados na sua entrada são gerados três bits na sua saída. O primeiro bit
de entrada gera dois bits na saída, usando um codificador de razão 1/2. Assim, para
cada 2 bits na entrada haverá 3 bits na saída da treliça. O segundo bit de entrada é
transmitido passando apenas por uma pré-codificação que tem o objetivo de combater
a possível interferência de um transmissor NTSC/PAL-M sobre uma transmissão
HDTV. Os bits de entrada são transformados em bits em série, adotando-se a regra de
enviar o bit mais significativo (7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0). Os bits 7, 5, 3, 1 são
pré-codificados, e os bits 6, 4, 2, 0 são codificados convolucionalmente.
39

Cada um desses 3 bits é chamado de símbolo. Existem, portanto, oito símbolos


diferentes, sendo que cada símbolo irá representar um estado diferente de amplitude do sinal
modulado no bloco modulador, conforme Figura 3.4

Figura 3.4 – PRÉ-CODIFICADOR, CODIFICADOR EM TRELIÇA E MAPEADOR COM 8 SÍMBOLOS


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

Após esse processo, realiza-se um entrelaçamento dos dados de cada segmento.


A taxa de bits na saída do codificador aumento na razão de 3/2, ou seja, passou de
21.45 Mbps para 32.18 Mbps, conforme Figura 3.5.

Figura 3.5 – TAXA DE BITS DE ENTRADA E SAÍDA DO BLOCO CODIFICADOR CONVOLUCIONAL


Fonte: BRETL, Wayne, et al. Proceeding of IEEE. ATSC, Modulation and Transmission Vol. 94, January
2006.

3.2.1.2 Estruturador de quadro

Este macrobloco [21] é composto pelo bloco multiplexador e pelo insersor de piloto,
que serão descritos a seguir.
40

• Multiplexador: Tem como principal função receber os dados de entrada, montando-


os dentro de uma estrutura de quadro.

Cada quadro é formado por dois campos, que possuem 313 seqüências de 832
símbolos, sendo 312 seqüências de segmentos de dados e uma seqüência de sincronismo
de segmento, que contém 4 bits, e sincronismo de campo, formado pelos 828 bits
restantes. A primeira seqüência de um quadro será a de sincronismo, logo após virão as
312 seqüências de segmentos de dados, conforme Figura 3.6

4 828 SÍMBOLOS

SINCRONISMO DE CAMPO

313
SINCRONISMO DE SEGMENTO

24,2ms
SEGMENTOS DADOS + FEC

SINCRONISMO DE CAMPO

313 DADOS + FEC 24,2ms


SEGMENTOS

1 SEGMENTO

Figura 3.6 – ESTRUTURA DE QUADRO


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

Observa-se que sempre, os 4 primeiros bits de um segmento são utilizados para


sincronismo de segmento, que possibilita ao receptor identificar o início de cada segmento.
Na realidade, o multiplexador [20] irá adicionar o sincronismo de segmento e
sincronismo de campo externamente aos segmentos de entrada, compondo o sinal de saída do
multiplexador.
• Insersor de piloto: Um pequeno nível de sinal DC (+1,25V) é adicionado a cada
símbolo, sendo que este sinal gera um piloto em fase e na mesma freqüência da
portadora suprimida pelo modulador AM-DSB-SC, que sucede este bloco.
41

Este piloto permite ao receptor realizar a detecção síncrona do sinal 8-VSB. A


potência do sinal piloto é de aproximadamente 7% da potência total transmitida.

3.2.1.3 Bloco de modulação digital 8VSB

É composto pelos blocos Modulador AM-DSB-SC, Filtro de VSB e Filtro de Nyquist,


que serão descritos a seguir [21].
• Modulador AM-DSB-SC: este bloco tem como principal função modular uma
portadora senoidal na freqüência intermediária com oito estados de amplitude, mais a
componente DC do piloto do sinal de entrada (saída do multiplexador). A principal
característica desse tipo de modulação é o fato de ser por amplitude, com dupla banda
lateral e portadora suprimida. A banda de freqüências utilizada pelo sinal modulado é
de 21.52 MHz
• Filtro de VSB: sua função é filtrar o sinal AM-DSB para reduzir a banda ocupada por
este sinal, que é de 21.52 MHz, muito acima da banda permitida de 6 MHz para a
transmissão de televisão. O sinal resultante dessa filtragem ocupa a banda lateral
superior do sinal AM-DSB-SC e um vestígio de banda lateral inferior. Na saída desse
filtro obtém-se um sinal com banda de 10.76 MHz. Mesmo com a redução de banda
espectral, o valor ainda está acima dos 6 MHz disponíveis para a transmissão.
• Filtro de Nyquist: o filtro de Nyquist tem a função de receber o sinal proveniente do
bloco filtro de VSB de 10.76 MHz de banda e confiná-lo dentro da banda de 6 MHz
permitida para transmissão de televisão. O valor da banda de saída após a passagem do
filtro depende do valor do coeficiente de roll off. Para conseguir confinar o sinal na
banda de 6 MHz, o valor de roll off é próximo a zero, sendo este coeficiente igual a
α=0,1152. Com esse coeficiente, consegue-se reduzir a banda espectral pela metade,
valor que cabe perfeitamente na banda de 6 MHz, sem provocar Interferência
Intersimbólica (ISI).
A Figura 3.7 demonstra o espectro do sinal modulado em VSB.
42

Figura 3.7 – ESPECTRO DO SINAL VSB


Fonte: BRETL, Wayne, et al. Proceeding of IEEE. ATSC, Modulation and Transmission Vol. 94, January
2006.
Para chegar a ser transmitido, o sinal ainda precisa passar por um up converter, [20] a
fim de converter o sinal para a freqüência do canal de televisão e ser amplificado através de
um circuito excitador seguido de um amplificador de potência.

3.2.2 Modo de Transmissão Terrestre OFDM

A técnica FDM (Frequency Division Multiplex) começou a ser empregada na década


de 50 em sistemas telefônicos analógicos, para a transmissão de um grande número de sinais
de voz por links de microondas e satélites. Sua característica é a utilização de uma portadora
para cada canal telefônico [20] e [21].
A utilização desta técnica para transmissão de dados é um pouco mais recente, pois
seus estudos começaram na década de 60 e teve seu crescimento na década de 80 e 90, devido
a utilização do recurso da FFT para a transmissão dos sinais de áudio e vídeo.
Diferente da técnica FDM utilizada em telefonia, onde cada portadora é modulada por
um canal telefônico independente dos demais, a transmissão de dados é feita utilizando
diversas portadoras pelos dados do mesmo sinal digital. Os dados digitais são transmitidos em
paralelo, isto é, simultaneamente, ao contrário da técnica SCM (Single Carrier Modulation),
onde os dados são enviados em série. A modulação FDM digital transforma um canal de
banda larga e alta velocidade em um grande número de subcanais de pequena faixa e baixa
velocidade [21], conforme a Figura 3.8.
43

Figura 3.8 – TRANSMISSÃO OFDM


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

Existem duas maneiras de se implementar um sistema OFDM: O método da força


bruta ou o método que usa a Transformada Rápida de Fourier, que serão descritos a seguir.
• Método da força bruta: O principio de geração do sinal OFDM pelo método da força
bruta pode ser dividido em três fases, conforme apresentado na Figura 3.9.

Figura 3.9 – TRANSMISSOR OFDM UTILIZANDO O MÉTODO DA FORÇA BRUTA


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e
Computação. Ano5. Campinas-SP, 2005
44

Na primeira etapa, o feixe de dados original é dividido em N feixes paralelos através


de um conversor serial-paralelo [20].
Tanto o sinal de entrada quanto o de saída do conversor podem ser sinais complexos,
dependendo do tipo de modulação digital utilizada. A modulação BPSK (Binary Phase Shift
Keying), utiliza apenas o eixo real para representar os símbolos da constelação, ao passo que
as modulações M-PSK (Phase Shift Keying) e MQAM (Quadrature Amplitude Modulation),
utilizam tanto o eixo real quanto o imaginário.
Na segunda fase, os N feixes paralelos (N1, N2,..., Np), são modulados em N
portadoras complexas e ortogonais (w1, w2,..., wp), igualmente espaçadas. A parte real do
sinal Nn será modulada por cos (wn) e a parte imaginária do sinal Nn será modulada por seno
(wn), onde n pode assumir valores entre 1 e p. Finalmente na terceira fase, os N sinais
modulados são somados gerando o sinal OFDM.
Na recepção, a detecção do sinal OFDM utiliza a ortogonalidade das portadoras, ou
seja, utilizam-se filtros casados ou correlatores para receber os sinais Nn, que são aplicados a
um conversor paralelo serial e finalmente demodulados em uma seqüência de bits [17].
A implementação desse método pode se tornar inviável caso o número de portadoras
N seja elevado, pois nessa abordagem, são necessários N osciladores para fornecer as
portadoras ortogonais necessárias para a geração do sinal OFDM.
Na Figura 3.10 será mostrado um receptor OFDM usando o método da força bruta
[13].

Figura 3.10 – RECEPTOR OFDM UTILIZANDO O MÉTODO DA FORÇA BRUTA


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e
Computação. Ano5. Campinas-SP, 2005
45

• Geração do sinal OFDM utilizando FFT: Nessa forma de geração do sinal OFDM [13]
não é necessária a geração individual de cada subportadora utilizada. Isto permite o
uso de um número maior de portadoras sem um aumento significativo da
complexidade do sistema, mas com aumento da carga computacional.
Esse método é formado por duas fases. A primeira parte desse método é idêntica à
primeira fase do método da força bruta, gerando os sinais paralelos que representam as
amplitudes das portadoras complexas no domínio da freqüência. A segunda parte do
processo realiza-se a Transformada Rápida de Fourier Inversa (IFFT), para obter o
sinal OFDM no domínio do tempo. A Figura 3.11 demonstra um transmissor OFDM
utilizando o método da FFT.

Figura 3.11 – DIAGRAMA EM BLOCOS DE UM TRASMISSOR OFDM UTILIZANDO FFT


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e
Computação. Ano5. Campinas-SP, 2005

A recepção do sinal ocorre de maneira análoga, porém inversa ao processo de geração.


Primeiro realiza-se a Transformada Rápida de Fourier (FFT) de ordem N do sinal OFDM,
gerando N sinais. Logo após, esses N sinais são aplicados em um conversor paralelo serial e
finalmente entregues ao demodulador digital, assim os bits transmitidos irão ser recuperados.
A Figura 3.12 demonstra um receptor OFDM utilizando o método da FFT [13].
46

Figura 3.12 – DIAGRAMA EM BLOCOS DE UM RECEPTOR OFDM UTILIZANDO FFT


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e
Computação. Ano5. Campinas-SP, 2005

Quando ocorre codificação de canal antecedendo o processo de modulação, como é o


caso do DVB – T, a OFDM passa a ser chamada de COFDM.

Pode-se dividir o modulador COFDM em três macroblocos: o bloco codificador, o


bloco estruturador de quadro e o bloco modulador, conforme Figura 3.13 [21].

Figura 3.13- MODULADOR COFDM


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000
47

3.2.2.1 Codificador

É formado pelo divisor de sinais, adaptação de mux e dispersão de energia, codificador


externo, entrelaçador externo, codificador interno e entrelaçador interno, que serão descritos
nos próximos tópicos.
• Divisor de sinais: o COFDM possibilita que o sinal digital possa ser separado em dois
feixes com conteúdos digitais diferentes, para formar a estrutura hierárquica. Esse
bloco age na divisão do feixe original de dados. Para um canal único de HDTV, será
utilizado apenas um feixe digital, e existirá sinal digital em apenas uma das saídas do
divisor de sinais.
• Adaptação mux e dispersão de energia: O sinal digital proveniente do mux MPEG-2
é formado por 187 bytes de carga útil e 1 byte de sincronismo, conforme Figura 3.14.

Figura 3.14 – PACOTE PROVENIENTE DO MPEG2


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

Estes pacotes sofrem uma aleatorização de seus bytes, evitando energia concentrada no
espectro de freqüências do sinal modulado, devido a repetição de padrões de dados. Logo
após esses pacotes são destinados ao bloco de codificação externa [20].
• Codificador externo: possibilita a detecção e correção de erros na recepção. É um
FEC (Forward Error Correction) do mesmo tipo que o 8VSB A única diferença é que
o codificador externo aumenta 16 bytes de redundância ao invés de 20 bytes
acrescentados pelo 8VSB. Isso diminui a robustez do sistema a interferências.
• Entrelaçador externo: este bloco embaralha os bytes do canal de entrada. Esse
embaralhamento permite que no desembaralhador, localizado no receptor, espalhe
uniformemente os erros causados por ruído (impulsivo, por exemplo). Esse processo
não introduz alterações de bits do sinal.
• Codificador interno: sua função é a de permitir ao receptor detectar e corrigir erros
provenientes de interferências no meio de transmissão. Esse codificador pertence a
família dos códigos convolucionais e está baseado em um código-mãe cuja a taxa de
código é R=1/2, isto significa que para cada bit de entrada haverá 2 bits na saída. É
48

semelhante ao codificador treliça usado no 8 VSB, mas tendo como principal


diferença entre eles o fato de que a taxa de código no 8 VSB ser de R= 2/3, (valor
fixo) e no COFDM esse valor é R=1/2 , mas podendo trabalhar com os valores de taxa
de código de 1/2, 2/3, 3/4, 5/6 e 7/8. Evidencia-se que a taxa de bits na saída do
codificador depende da taxa de código escolhida, sendo que, quanto menor o valor da
fração, maior será a taxa de bits de saída com relação à entrada. Essa maior taxa de
bits na saída irá resultar em uma robustez maior ao sinal de entrada, mas resultará em
uma menor taxa disponível na entrada do modulador, diminuindo a definição da
imagem.
• Entrelaçador interno: o entrelaçador interno é constituído de três blocos funcionais:
demultiplexador, entrelaçador de blocos e o entrelaçador de símbolos. A função deste
conjunto de blocos é semelhante a exercida pelo entrelaçador externo, ou seja, permitir
que o bloco de decodificação interna trabalhe com uma maior eficiência, evitando
erros provenientes do meio de transmissão, que possam degradar a recepção do sinal.

O demultiplexador é responsável por dividir o feixe de entrada em dois feixes de saída


para a modulação QPSK, quatro feixes de saída para a modulação 16QAM ou seis feixes de
saída para a modulação 64QAM [20].
No entrelaçador de blocos o número de entrelaçadores é dependente do tipo de modulação
a ser escolhida, sendo que, na modulação QPSK são em número de 2, na 16QAM em número
de 4 e na 64 QAM em número de 6. A função do entrelaçador é embaralhar os bits contidos
em blocos de 126 bits em cada bloco. Sabendo que o número de bits de cada bloco é 126 e
que são possíveis dois modos no DVB-T, o de 2k e 8k, serão necessários 12 conjuntos de
blocos em paralelo para transmitir um símbolo no modo 2k e 48 conjuntos de blocos para
transmitir no modo 8k, conforme cálculo abaixo.
• 12 x 126 = 1512 (modo 2k)
• 48 x 126 = 6048 (modo 8k)

Sendo o número de subportadoras constante para um dos modos de operação, pode-se


concluir que o número de bits por símbolo (Nbits) depende da modulação a ser escolhida.
Pode-se exemplificar esse fato, tomando como base os três tipos de modulação no modo 2k.
• QPSK v=2 Nbits/s = 2 x 1512 = 3024
• 16QAM v=4 Nbits/s = 4 x 1512 = 6048
49

• 64QAM v=6 Nbits/s = 6 x 1512 = 9072.

Onde:
v = Número de bits por estado da subportadora;
Nbits/s = Número de bits por segundo.

O embaralhamento é feito somente nos bits úteis.


No entrelaçador de símbolo os sinais agrupados em 2, 4 ou 6 bits (“v” bits), são
sequencializados para formar um símbolo OFDM. O embaralhamento dos sinais digitais dos
“v” bits de cada símbolo serão embaralhados dentro do próprio símbolo que estão inseridos.

3.2.2.2 Estruturador de quadro

Esse bloco tem como principais funções, mapear o sinal de entrada dentro de uma
estrutura de quadro adequada, inserindo nessa estrutura os sinais que terão a responsabilidade
de enviar as configurações ao receptor, ou Transmission Parameter Signals (TPS), como
também as informações transportadas pelos pilotos para o sincronismo de quadro,
sincronismo de freqüência, estimação de canal e identificação do modo de transmissão.
O estruturador [21] é constituído por dois blocos: mapeador e estruturador de quadro,
sendo esses descritos a seguir.
• Mapeador: é responsável por estabelecer uma relação entre os “v” bits oriundos do
bloco entrelaçador de símbolos e os estados de fase e amplitude das subportadoras.
Pode-se evidenciar isso através da Figura 3.15, que utiliza o código de Gray para
mapear os “v” bits nos respectivos estados da modulação 16QAM.
50

3
1000 1010 0010 0000

Quadratura 1
0011 0001
1001 1011
0

-1
1101 1111 0111 0101

-2

-3
1100 1110 0100
0110

-3 -2 -1 0 1 2 3
EM FASE

Figura 3.15 – CONSTELAÇÃO 16 QAM


Fonte: NETO, Vicente Soares. Telecomunicações: Sistemas de Modulação, 2003. 130p

É possível verificar que nos 4 bits que identificam um estado, os dois primeiros bits
identificam o quadrante em que de encontra o estado e os outros dois identificam a posição
dentro do quadrante.
• Estruturador de quadro: depois de mapeados, são acrescentados os sinais de piloto e
TPS, assim sendo composto o quadro COFDM.

A Tabela 3.2 [17] demonstra os principais parâmetros do símbolo COFDM. Esses


valores não são dependentes da modulação escolhida, nem dos valores de banda de guarda e
nem da taxa de código do FEC, ele é dependente apenas do modo de operação, 2k ou 8k.
51

Tabela 3.2 – PRINCIPAIS PARÂMETROS DO SÍMBOLO COFDM


Fonte: CHIQUITO, José Geraldo, et al. Camada de Transmissão e Modulação de Televisão Digital de Alta
Definição. UNICAMP, 1997.

PARÂMETRO MODO 8k MODO 2k


Número de portadoras (p) 6817 1705
Número de portadoras inferior (pmin) 0 0
Número de portadoras superior (pmax) 6816 1704
Duração de Tu 1194.667µs 298.6667µs
Espaçamento de portadoras 1/Tu 0.837054 kHz 3.348214 kHz
Espaçamento entre a portadora inferior e superior 5.71 MHz 5.71 MHz
Onde:
p: número de portadoras;
Tu: inverso do espaçamento entre portadoras;

Verifica-se que através dos parâmetros onde o número de portadoras total é maior que
o número de portadoras para se transmitir a informação útil. Isso ocorre ao fato de que
algumas portadoras são utilizadas como pilotos.
O sinal de transmissão é organizado em quadros [20]. Cada quadro possui uma
duração de Ts, e consiste de 68 símbolos OFDM, numerados de 0 a 67. Quatro quadros
constituem um superquadro. Cada símbolo ou bloco é constituído de um conjunto de um
conjunto de p=6817 portadoras no modo 8k ou p=1705 portadoras no modo 2k, transmitidos
com uma duração Ts. O período de símbolo é composto por duas partes: uma parte útil (Tu) e
um intervalo de guarda (∆).

3.2.2.3 Bloco de modulação digital OFDM

No sistema OFDM, o espaçamento entre essas subportadoras é cuidadosamente


selecionado de forma que cada subportadora esteja centrada em pontos de cruzamento de zero
do espectro das demais.
Ainda que exista sobreposição espectral entre as subportadoras moduladas, a
informação conduzida por cada uma delas poderá ser isolada das demais por meio de um
correlator, que nada mais é do que um filtro [17].
52

Admitindo sincronização de relógio, a saída do correlator corresponderá a projeção do


sinal OFDM recebido sobre a subportadora a ele associada. Tal projeção depende apenas da
informação da subportadora a ele associado, já que as projeções de outras subportadoras são
nulas. Esse processo é chamado de ortogonalidade entre as subportadoras, ao qual se deve ao
espaçamento de freqüência empregado. Para que se tenha ortogonalidade nos subcanais na
recepção, é necessário que as subportadoras estejam centradas nas respectivas freqüências dos
subcanais OFDM e estarem sincronizadas com o relógio.
É importante ressaltar, que essa sobreposição de portadoras, traz uma economia de
banda comparada ao FDM convencional. Como se pode verificar na Figura 3.16, é possível
uma economia de até 50%, garantindo também que a banda ocupada pelo sinal modulado de
OFDM caiba dentro do canal de 6 MHz de banda da TV digital [21].

Figura 3.16 – ESPECTRO FDM CONVENCIONAL E OFDM


Fonte: CHIQUITO, José Geraldo, et al. Camada de Transmissão e Modulação de Televisão Digital de Alta
Definição. UNICAMP, 1997.

Com relação ao domínio do tempo, a característica de ortogonalidade entre


subportadoras, implica que duas subportadoras quaisquer diferem de um número inteiro de
ciclos durante um intervalo de símbolo OFDM, uma vez que estas estão separadas em
freqüência por um valor múltiplo de 1/T, sendo T é a duração de um símbolo.
Nas condições ideais de modulação e demodulação, os símbolos são recuperados
completamente sem erros. Na prática, existe uma série de fatores que podem causar erros de
detecção. Nas condições reais existem interferências entre dados, chamada de interferência
entre símbolos (ISI).
Para a eliminação de interferência entre símbolos (ISI), introduz-se um intervalo de
guarda a cada símbolo. Este intervalo faz com que as componentes multipercurso de um sinal
OFDM não possam interferir na recepção do símbolo OFDM subseqüente.
53

Com isso, o sinal OFDM será composto pelo símbolo útil OFDM (Tu) e o intervalo de
guarda (∆), conforme a Figura 3.17.

Figura 3.17 – TEMPO DE UM SÍMBOLO (Ts)


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

Um intervalo de guarda poderia ser criado apenas por uma ausência de sinal, mas as
subportadoras deixariam de ser ortogonais, dando origem ao problema de interferências entre
subportadoras (ICI).
Quando o receptor tentar demodular a primeira subportadora, irá encontrar
interferência da segunda subportadora. Isto ocorre devido a diferença entre o número de ciclos
das duas subportadoras dentro do intervalo de cálculo da FFT (T) não ser um número inteiro.
Para que o problema de interferências entre subportadoras seja eliminado, o símbolo
OFDM é estendido ciclicamente no intervalo de guarda. Assim sendo, sempre terá no inicio
de cada símbolo amostras da parte final de outra subportadora.
Se o valor do retardo for um valor menor que o intervalo de guarda, garante-se que as
réplicas retardadas do símbolo OFDM terão sempre um valor inteiro de ciclos dentro do
intervalo de cálculo da FFT [20].
No receptor OFDM, as subportadoras serão ortogonais somente se a freqüência da
portadora do sinal recebido for igual ao do oscilador local [20]. Se estas duas freqüências não
coincidirem, haverá um problema conhecido como ruído de fase.
Este problema está diretamente ligado a outro que acontece com grande freqüência em
um oscilador prático, que é o desvio de freqüência, que decorre da variação da freqüência
gerada pelo mesmo. Contando com essa variação da freqüência do oscilador transmissor, o
mesmo não estará sincronizado com o oscilador de recepção, tendo como conseqüência, o
ruído de fase. Esses dois tipos de problemas geram uma interferência entre subportadoras
54

(ICI) na recepção, causada pela perda de ortogonalidade dos subcanais, como dito
anteriormente.
O COFDM permite a utilização de quatro valores distintos para a razão de guarda (d),
que é a razão entre o intervalo de guarda (∆) e o tempo útil (Tu), ou seja: d= ∆/Tu.
Todas as operações feitas anteriormente para a obtenção do sinal OFDM são feitas
através de sinais digitais. Existe após o processo de inserção do intervalo de guarda, um sinal
modulado em OFDM, sendo este digital. Agora é necessária a conversão desse sinal digital
para um sinal analógico, a fim de obter um sinal compatível com a banda de 6MHz disponível
para a TV digital. O responsável por essa conversão é o conversor digital/analógico (D/A),
sendo que a partir dessa conversão, há uma transferência do sinal em torno da freqüência de
FI (Freqüência Intermediária), que é de 41 MHz a 47 MHz.

3.2.2.4 Circuito de Saída de Transmissão

Este bloco é formado por dois circuitos: up-converter e o amplificador de potência,


descritos a seguir [21].
• Up-converter: este circuito tem a função de transferência do sinal de FI (Freqüência
Intermediária) para a freqüência do canal de televisão designado a transmissão do
sinal.
• Amplificador de potência: este circuito tem a função de amplificar esse sinal
transferido e inserir o mesmo na antena de transmissão de TV.

Tudo que foi citado anteriormente, leva em consideração a transmissão de um sinal


COFDM com uma única configuração de parâmetros. Isso quer dizer que todo o conteúdo tem
a mesma prioridade, isto é, terá a mesma configuração, tendo a mesmo grau de robustez a
interferências inseridas pelo meio de transmissão.
O COFDM [20] permite criar, a partir do diferente conteúdo do sinal de entrada do
modulador, dois sinais com diferentes níveis de robustez à interferências. Isso quer dizer que
se pode ter um sinal que não tenha muita robustez a interferências, e outro, que tenha bastante
robustez, sendo esse dois sinais para aplicações diferentes. A esse tipo de transmissão em que
há diferentes configurações dentro de um mesmo sinal modulado, dá-se o nome de
transmissão hierárquica.
55

Isso só é possível por causa do bloco divisor de sinais que faz a separação desses
blocos com diferentes configurações, e a duplicação dos blocos adaptação de mux, dispersor
de energia, codificador externo, entrelaçador externo e codificador interno, já descrito
anteriormente.
Feito isso, é possível ter dois sinais, cada um com uma taxa de código específica para
o codificador interno. O mapeamento desses dois feixes faz possível a junção dos dois feixes
em um único feixe, podendo utilizar modulações distintas entre os dois feixes. Essas
modulações não podem ser arbitrárias, podendo existir apenas duas possibilidades: a primeira
seria a utilização da modulação QPSK para os dois feixes e a segunda a utilização de QPSK
para um dos feixes, sendo que o segundo utilizaria a modulação 16QAM [21].
No primeiro caso, com os dois feixes sendo QPSK, o que apresenta maior robustez
tem uma prioridade maior, e indicado nos dois primeiros bits da palavra de 4 bits, sendo o de
menor robustez o de menor prioridade [21].
No segundo caso, em que se um feixe sendo modulado em QPSK e outro sendo
modulado em 16QAM, o feixe QPSK é considerado de alta prioridade, e indicado nos dois
primeiros bits da palavra de 6 bits, e o 16 QAM o de baixa prioridade.
A taxa de bits na entrada do modulador DVB-T para os dois canais hierárquicos é
dependente da taxa de código escolhida para os feixes e o intervalo de guarda, que tem que ter
o mesmo valor para os dois feixes.

3.3 MODO DE TRANSMISSÃO TERRESTRE BST-OFDM

Existe também o BST - OFDM para modulação, sendo esse sistema do tipo
multiportadora, contendo um intervalo de guarda. É muito semelhante ao COFDM, então, nos
tópico a seguir serão comentadas somente as peculiaridades dessa modulação [3].
O BST - OFDM pode trabalhar com 3 modos de multiportadoras: 2k, 4k e 8k.
Outra inovação que aparece nesse sistema é a segmentação de banda, que divide a
banda de 6 MHz do canal em 13 segmentos. Dependendo da modulação escolhida, o sistema
utiliza um ou mais segmentos para uma camada, possibilitando a transmissão de 3 feixes de
dados utilizando tipos de modulação diferentes entre si [21]. Essa segmentação pode ser
visualizada na Figura 3.18.
56

Figura 3.18 – BANDA DE 6 MHz SEGMENTADA


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

O sistema ISDB pode ser dividido em três macroblocos: remultiplexação, codificação


de canal e modulação, conforme Figura 3.19. [4].

Figura 3.19 – SISTEMA ISDB


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003

• Remultiplexação: a função do bloco remultiplexador é receber três feixes


TS MPEG-2 e faz a junção dos três em um único feixe TS MPEG-2. Esse
agrupamento dos feixes é chamado de TSP, A Figura 3.20 ilustra quadro
remultiplexado.

Figura 3.20 – QUADRO REMULTIPLEXADO


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003
57

Este bloco tem ainda a função de mapear os pacotes de dados de entrada para suas
respectivas camadas no estágio de codificação de canal. Para que este mapeamento possa
ocorrer é necessária à inserção de um sinal de controle no bloco remultiplexador. O tamanho
do quadro TS remultiplexado pode variar, dependendo do intervalo de guarda utilizado. A
seguir é mostrada na Tabela 3.3 as configurações do quadro remultiplexado.

Tabela 3.3 – CONFIGURAÇÕES DO QUADRO MULTIPLEXADO


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

Intervalo de guarda
MODO 1/4 1/8 1/16 1/32
2k 1280 1152 1088 1056
4k 2560 2304 2176 2112
8k 5120 4608 4352 4224

A saída do remultiplexador é formada por pacotes de 188 bytes. Desses 188 bytes, 1
byte é de sincronismo e 187 bytes são de informação útil [4].
• Codificação de canal: o macrobloco de codificação de canal é dividido em dois
blocos: codificação interna e codificação externa. A Figura 3.21 ilustra o diagrama do
codificador de canal do sistema ISDB-T.

Figura 3.21 – DIAGRAMA DO CODIFICADOR DE CANAL DO SISTEMA ISDB-T


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

O bloco de codificação externa é constituído por um codificador Reed Solomon RS


(n, k, t), onde:
k é a entrada do codificador,
n: a saída do codificador;
t: é a capacidade de correção de erros que o codificador proporciona.
58

No ISDB-T, tem-se 188 bytes de entrada no codificador e na sua saída 204 bytes,
sendo esses 16 bytes adicionados aos bytes de entrada, bytes de paridade, que proporcionarão
a correção de erros no receptor. Pode-se observar na Figura 3.22 a inserção dos bytes de
paridade no pacote de dados provenientes do codificador MPEG-2.

Figura 3.22 – PACOTE DE DADOS COM INSERÇÃO DOS BYTES DE PARIDADE


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

Com o acréscimo desses 16 bytes de paridade, o código proporciona uma correção de


8 bytes de correção. Para implementar esse código, foi necessária a inserção de 51 bytes e
preenchê-los com zeros. Sendo assim, o codificador Reed Solomon fica com a seguinte
configuração RS (255, 239,8).
O separador de camadas [4] tem como função receber o feixe TS MPEG-2 na saída do
codificador externo (Reed Solomon), dividindo em 204 bytes e direcioná-los em três camadas
de acordo com a o bloco de remultiplexação. Cada feixe recebido pelo bloco separador de
camadas é direcionado para sua respectiva camada A, B ou C. Se a transmissão hierárquica
não é utilizada, todo o feixe é direcionado para uma única camada.
O aleatorizador tem como função espalhar os dados do codificador MPEG-2 e eliminar
seqüências repetidas de “zeros” e de “uns” que possam gerar um nível DC e
conseqüentemente interferências no receptor. Para espalhar esses dados, eles primeiramente
são serializados e logo após, somados a uma seqüência pseudo-aleatória gerada por
registradores de deslocamento. Para a geração dessa seqüência pseudo-aleatória, os
registradores de deslocamento são carregados com o valor binário “100101010000000”.
O tamanho da seqüência desse registrador é de 32767, visto que é carregado com 15
números.
A seguir, a Figura 3.23 mostra a geração da seqüência pseudo-aleatória e funcionamento
do aleatorizador.
59

Figura 3.23 – GERAÇÃO DA SEQÜÊNCIA PSEUDO-ALEATÓRIA


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

A utilização da transmissão hierárquica [20] tem como características a configuração


de diferentes parâmetros (modulação, taxa do codificador convolucional), entre as três
camadas. Pelo fato de existirem diferentes configurações entre essas camadas, há dados com
tamanhos distintos, sendo que esses dados chegaram com atrasos distintos no receptor. Para
evitar esse atraso entre as camadas, existe um ajuste de atraso que trará diferentes atrasos nas
camadas, dependendo dos parâmetros de configuração do sistema.
O entrelaçador de bytes tem como função espalhar os bytes, assim aumentando a
eficiência perante erros de bloco, pois o sinal fica menos susceptível a interferências.
Este bloco é constituído por 12 ramos e também por registradores de deslocamento
com tamanho de 17 bytes. O tamanho dos buffers dos ramos é múltiplo de 17 bytes, seguindo
uma ordem crescente. Por exemplo, o ramo de posição “3” possui 17x3=54 bytes.
Com isso, concluí-se que o ramo que está na posição “0” não possui memória, sendo
os símbolos enviados por eles transferidos diretamente para a saída. Sendo assim, por este
ramo que é enviado os sinais de sincronismo do sinal.
Cada símbolo tem o tamanho de 8 bits (1 byte). Os 12 ramos estão conectados
ciclicamente na saída do codificador Reed Solomon e transferem um símbolo de cada vez. Ao
atingir o último ramo, o ciclo se completa e os bytes são novamente inseridos no ramo de
posição “0”. A Figura 3.24 ilustra o diagrama do entrelaçador.
60

Figura 3.24 – ENTRELAÇADOR DE BYTES


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003

O bloco de codificação convolucional tem como objetivo acrescentar bits para


aumentar a capacidade de correção de erros no lado do receptor.
Esse codificador é constituído por um código convolucional de taxa de código R=1/2 e
64 estados, conforme Figura 3.25.

Figura 3.25 – CODIFICADOR CONVOLUCIONAL


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.
Este codificador pode trabalhar com taxas de 1/2, 2/3, 3/4, 5/6 e 7/8.
• Modulação: o processo de modulação no sistema ISDB-T começa com o modulador
recebendo três seqüências de pacotes de dados chamados de Transport Stream (TS).
Esse pacote contém a informação multiplexada comprimida de vídeo, áudio e dados.
As entradas do sistema são chamadas de camadas A, B e C, sendo que na transmissão
hierárquica, essas camadas são utilizadas realizando-se atribuições aos 13 segmentos de RF
para cada feixe de dados das camadas.
61

A Figura 3.26 apresenta um diagrama desse sistema de modulação.

Figura 3.26 – SISTEMA DE MODULAÇÃO ISDB-T


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003

O bloco de ajuste de atraso recebe o sinal proveniente do codificador de canal e realiza


um entrelaçamento com atraso de 120 símbolos complexos, com tamanho fixo. Esse ajuste de
atraso é dependente do tipo de modulação escolhida e do modo a ser utilizado. A seguir na
Tabela 3.4 verificam-se os respectivos valores de ajuste de atraso, dependentes desses
parâmetros [3].
Tabela 3.4 – TABELA DO AJUSTE DE ATRASO
Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005

QUANTIDADE DE BITS ATRASADOS

MODULAÇÃO MODO 2k MODO 4k MODO 8k


DQPSK / QPSK 384xN-240 768xN-240 1536xN-240
16 QAM 768xN-480 1536xN-240 3072xN-240
64 QAM 1152xN-720 2304xN-720 4608xN-720
Onde:
N= Número de segmentos utilizados em cada camada.

O bloco entrelaçador de bit é constituído de um conversor serial/paralelo (s/p) de


tamanho variável de acordo com o método de modulação escolhido, acrescido de um atraso de
bit.
62

O bloco mapeador é responsável por estabelecer uma relação entre os “v” bits
oriundos do bloco entrelaçador de bit e os estados de amplitude/fase das subportadoras. Nas
Figuras 3.27, 3.28, 3.29 e 3.30 serão demonstrados os blocos de modulação do sistema QPSK,
DQPSK, 16QAM e 64QAM respectivamente.

Figura 3.27 – MODULADOR QPSK


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005

Figura 3.28 – MODULADOR DQPSK


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005

Figura 3.29 – MODULADOR 16QAM


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005
63

Figura 3.30 – MODULADOR 64QAM


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005

O mapeamento [9] feito na etapa anterior gera uma série de símbolos complexos que
formam os segmentos de dados. Um conjunto de 96 símbolos complexos em 204 símbolos
OFDM forma um segmento de dados no modo 2k. O conjunto de 192 símbolos complexos em
204 símbolos OFDM forma um segmento de dados no modo 4k e o conjunto de 384 símbolos
complexos em 204 símbolos OFDM forma um segmento de dados no modo 8k.
O bloco de síntese de camada hierárquica faz a junção de vários segmentos de dados,
formando um único segmento de dados. Isso ocorre logo após a etapa de codificação de canal
e mapeamento, conforme Figura 3.31.

Figura 3.31 – SÍNTESE DOS SEGMENTOS DE DADOS


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005
64

O entrelaçador temporal [21] tem como finalidade inserir atrasos entre as portadoras
dos segmentos, para evitar a transmissão de mais de uma seqüência de dados num mesmo
momento, mesmo sendo em portadoras diferentes. Tomando essa medida, evitam-se
desvanecimentos em rajadas. O valor assumido no atraso é definido no inicio da transmissão,
através da variável “I”, que assumi alguns valores predeterminados, dependentes do modo de
transmissão adotado e do grau de proteção escolhido. Quanto maior o valor de “I”, mais
protegido o sinal a ser transmitido. Os valores de atraso podem ser verificados na Tabela 3.5.

Tabela 3.5 – ATRASOS EM DECORRÊNCIA DO ENTRELAÇAMENTO TEMPORAL


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting.
Modo 2k Modo 4k Modo 8k

Número de Nº de Nº de
Tamanho símbolos Atraso Tamanho símbolos Atraso Tamanho símbolos Tamanho
(I) OFDM (ms) (I) OFDM (ms) (I) OFDM (I)
atrasados atrasados atrasados
0 0 0 0 0 0 0 0 0

4 380 95.76 2 190 95.76 1 95 95.76

8 760 191.52 4 380 191.52 2 190 191.52

16 1504 379.00 8 760 379.0 4 380 379.00

Quando há a divisão do TS, os segmentos de dados são direcionados a uma das


camadas (parcial, diferencial ou coerente) de modulação para serem entrelaçados.
O entrelaçamento de segmentos é apenas utilizado quando se utilizam dois ou mais
segmentos em uma mesma camada. Ele é utilizado para espalhar os símbolos complexos
provenientes da modulação diferencial (DQPSK) ou coerente (QPSK, 16QAM e 64QAM)
entre símbolos, conforme Figura 3.32.

Figura 3.32 – ENTRELAÇAMENTO DE FREQÜÊNCIA


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003
65

Verifica-se no diagrama acima, que logo após o estágio de divisão dos segmentos, há
um bloco responsável pelo entrelaçamento de segmentos. Logo após o entrelaçamento de
segmentos, há um entrelaçamento que ocorre dentro dos segmentos. Esse entrelaçamento
ocorre em duas etapas: rotação de fase e aleatorização de portadoras. A aleatorização de
portadoras no modo 2k trabalha conforme a Tabela 3.6. [21].

Tabela 3.6 – ALEATORIZADOR DE PORATADORAS MODO 2k


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.
ENTRADA 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
SAÍDA 80 93 63 92 94 5 17 81 6 51 9 85
ENTRADA 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
SAÍDA 89 65 52 15 73 66 46 71 12 70 18 13
ENTRADA 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
SAÍDA 95 34 1 38 78 59 91 64 0 28 11 4
ENTRADA 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47
SAÍDA 45 35 16 7 48 22 23 77 56 19 8 36
ENTRADA 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59
SAÍDA 39 61 21 3 26 69 67 20 74 86 72 25
ENTRADA 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71
SAÍDA 31 5 49 42 54 87 43 60 29 2 76 84
ENTRADA 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83
SAÍDA 83 40 14 79 27 57 44 37 30 68 47 88
ENTRADA 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95
SAÍDA 75 41 90 10 33 32 62 50 58 82 53 24

3.3.1 Estrutura do quadro OFDM

Para se transmitir o sinal [20], o mesmo é organizado em quadros. Cada quadro


consiste em 204 símbolos OFDM. Cada símbolo OFDM com 13 segmentos de banda possui
1405 portadoras para o modo 2K, 2809 para o modo 4k e 5617 portadoras para o modo 8k.
Esse sinal é composto pela duração de tempo das portadoras (Tu) com a adição de um
66

intervalo de guarda (∆), que consiste em uma continuação cíclica da informação das
portadoras (Tu), logo após seu envio. Um símbolo OFDM com 13 segmentos ocupa a banda
de 5.571 MHz (aproximadamente 6 MHz). No sistema ISDB-T existe apenas um tipo de
modulação diferencial, que é a modulação DQPSK. Para a modulação diferencial, tem-se uma
estrutura de quadro formada por 108 portadoras para o modo 2k, 216 para o modo 4k e 432
para o modo 8k, conforme Figura 3.33.

Figura 3.33 – ESTRUTURA DE QUADRO PARA MODULAÇÃO DIFERENCIAL


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.
Os símbolos entregues pelos entrelaçadores são arranjados nas portadoras e
representados por Si, j, onde “i” representa o número da portadora em questão e “j”, a posição
de transmissão dentro de cada portadora. No sistema ISDB-T existem três tipos de modulação
coerente, que são a modulação QPSK, 16-QAM e 64 QAM [3]. Para utilizar a modulação
coerente, é necessária a utilização de pilotos de referência espalhados, conforme Figura 3.34.
67

Figura 3.34 – ESTRUTURA DE QUADRO PARA MODULAÇÃO COERENTE


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

Existem dentro do quadro OFDM [9], algumas portadoras que são utilizadas como
informações de referência conhecidas pelo receptor. As diferenças dessas portadoras para as
portadoras de dados são que as portadoras de referência possuem uma potência superior com
relação à de dados. Essas portadoras de referência são chamadas de pilotos [20], e podem ser
contínuas ou espalhadas. O número de portadoras usado para pilotos é constante em cada
modo utilizado, sendo de 96 para o modo 2k, 192 para o modo 4k e 384 para o modo 8k. Uma
portadora piloto contínua, coincide com as pilotos espalhadas a cada 4 símbolos. Essas
portadoras podem ser dos seguintes tipos: espalhadas (SP), contínuas (CP), parâmetros
auxiliares (AC) e parâmetros de transmissão, multiplexação, controle e configuração
(TMCC). As portadoras de referência são utilizadas para sincronização do quadro,
sincronização de freqüência, sincronização de tempo, estimação do canal, identificação do
modo de transmissão e correção do ruído de fase. Essas portadoras de referência, tanto as
contínuas quanto as espalhadas, são moduladas de acordo com a seqüência PRBS. A
seqüência PRBS é inicializada com a primeira portadora e incrementada a cada portadora
transmitida, podendo ser piloto ou de dados. A seguir na Figura 3.35, apresenta-se o gerador
PRBS [20].
68

Figura 3.35 – GERADOR PRBS


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

Os valores de inicialização desse gerador estão contidos na Tabela 3.7.

Tabela 3.7 – INICIALIZAÇÃO DO GERADOR PRBS


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

VALOR VALOR VALOR


SEGMENTO INICIAL MODO INICIAL MODO INICIAL MODO
NÚMERO 2k 4k 8k
11 11111111111 11111111111 11111111111
9 01101011110 11011100101 10010100000
7 01101011110 11011100101 10010100000
5 01000101110 11001000010 01110001001
3 11011100101 10010100000 00100011001
1 00101111010 00001011000 11100110110
0 11001000010 01110001001 00100001011
2 00010000100 00000100100 11100111101
4 10010100000 00100011001 01101010011
6 11110110000 01100111001 10111010010
8 00001011000 11100110110 01100010010
10 10100100111 00101010001 11110100101
12 01110001001 00100001011 00010011100

As portadoras espalhadas (SP), parâmetros auxiliares (AC) e parâmetros de


transmissão, multiplexação, controle e configuração (TMCC) são transmitidas com a
informação de dados e têm como objetivo informar ao receptor, parâmetros de informação e
informações auxiliares, como dito anteriormente.
69

A Figura 3.36 demonstra a constituição do quadro TMCC.

Figura 3.36 – QUADRO TMCC


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003
70

CAPITULO 4 – CODIFICAÇÃO DE ÁUDIO

Neste capítulo serão apresentadas as opções de áudio utilizado nos sistemas de TV


digital atuais.

4.1 DOLBY AC-3

Para que o sinal de TV digital possa ser inserido na faixa de 6 MHz usado na TV
analógica, é necessária uma compressão de grande desempenho do sinal de áudio [20]. Apesar
dessa compressão, o sinal de áudio tem que ter um alto nível de fidelidade e naturalidade [5].
O sistema Dolby AC-3 [5] suporta a transmissão dos sinais através de cinco canais de
áudio, além de um canal de baixas freqüências, sendo este canal considerado como 0.1.
Assim, o sistema terá 5.1 canais de áudio, criando um melhor desempenho dos sons
fores como explosões e efeitos especiais.
Tendo em vista que, para se transmitir os 5.1 canais de áudio [5] é necessária uma taxa
de aproximadamente 5 Mbps (considerando 48 kHz como freqüência de amostragem para
cada canal) e que esse sinal será adicionado a informação de vídeo, que tem uma taxa de
aproximadamente 18.2 Mbps (ATSC), é necessária a compressão do sinal de áudio para que a
informação final (áudio e vídeo) possa caber dentro do canal de 6 MHz (aproximadamente
20 Mbps disponível).
O sistema AC-3 oferece um sistema de compressão que se baseia na sensibilidade do
ouvido humano, verificando as diferenças de sensibilidade entre as diversas componentes de
freqüências que formam o espectro da audição. Analisando as componentes, podem-se
designar os níveis de quantização adequados, de acordo com o nível de percepção da
componente em um determinado instante de tempo. Através dessa ferramenta, o sistema
Dolby AC-3 consegue a redução da taxa de bits para transmissão do sinal de áudio para
384 kbps, ainda mantendo os níveis de qualidade exigidos pelo HDTV [5].
71

4.1.1 Canais de Áudio

O sistema Dolby AC-3 [5] trabalha com até seis canais de áudio, geralmente citado
como 5.1 canais de áudio, pois o canal de baixas freqüências é considerado 0.1. Cada canal
tem uma largura de faixa mostrada na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – FREQÜÊNCIAS DOS CANAIS DE ÁUDIO DO SISTEMA DOLBY AC-3


Fonte: Advanced Television Systems Committee. ATSC Document A/52B. Digital Audio Compression
Standard AC-3. Revision B., Washington, D.C., Jun. 14, 2005.

CANAL DE ÁUDIO LARGURA DE FAIXA


ESQUERDO 20 kHz
DIREITO 20 kHz
CENTRAL 20 kHz
ESQUERDO ADJACENTE (LEFT SURROUND) 20 kHz
DIREITO ADJACENTE (RIGHT SURROUND) 20 kHz
LFE (CANAL DE BAIXAS FREQÜÊNCIAS) 120 Hz

Cada canal de entrada no codificador Dolby AC-3 pode ser amostrado a uma
freqüência de 32 kHz (FM Broadcasting), 44.1 kHz ou 48 kHz (HDTV).
Essas duas últimas freqüências, (44.1 kHz e 48 kHz) são utilizadas para áudio com
acompanhamento de vídeo, sendo necessário o compromisso entre as freqüências de
varredura de quadro e de campo, assim assegurando um número inteiro de amostras de áudio
por quadro ou campo.
A freqüência utilizada pelo HDTV [21] é a de 48 kHz, gerado por um oscilador de
27 MHz, sincronizando assim o codificador de áudio, o codificador de vídeo e o sistema de
transporte. Cada amostra de áudio pode ser quantizada com uma precisão de 16 bits a 24 bits.
Assim, haverá na saída do conversor analógico digital amostras PCM (Pulse Code
Modulation) quantizadas nessa faixa de precisão.
A filtragem e conversão analógico-digital são mostradas na Figura 4.1.
72

Figura 4.1– FILTRAGEM E CONVERSÃO ANALÓGICO-DIGITAL DOS SINAIS DE ÁUDIO


Fonte: Advanced Television Systems Committee. ATSC Document A/52B. Digital Audio Compression
Standard AC-3. Revision B, Washington, D.C., Jun. 14, 2005

No canal LFE (Low Frequency Enhancement), a filtragem passa-baixas é feita por um


filtro com freqüência de corte de 120 Hz e o nível DC é eliminado por um filtro passa-altas
com freqüência de corte de 3 Hz.
O sistema Dolby AC-3 [5] explora as características do sinal no domínio da freqüência
(Análise de Filterbank), fazendo o tratamento digital com base na sensibilidade de cada
componente de freqüência existente no sistema de audição. Dependendo da sensibilidade de
cada componente, é possível quantizar o sinal com maior ou menor número de níveis de
quantização, de forma que o número de bits é maior para componentes de maior sensibilidade.
Com isso, é possível que a representação de cada amostra seja variável, e muito menor do que
aquele correspondente ao do sinal original.
A Análise de Filterbank é implementada através da MDCT (Modified Discrete Cosine
Transform), sendo baseada na teoria de cancelamento de Aliasing no domínio do tempo.
Isso implica que a análise é feita intercalando-se a DCT (Discrete Cosine Transform) e
a DST (Discrete Sine Transform) em blocos adjacentes de 512 amostras, sendo que em cada
bloco de áudio são transmitidos 256 coeficientes. A multiplexação DST/DCT permite a
superposição de espectros introduzidas nas amostras de áudio decodificadas no receptor possa
ser eliminada, pois a DCT e a DST tem como característica o mesmo tipo de Aliasing gerado
em blocos adjacentes, mas de sinal contrário. A eliminação do Aliasing pode ser feita
fazendo-se a soma entre as amostras dos dois grupos adjacentes [20].
73

4.1.2 Frame de Sincronização Dolby AC-3

O frame de sincronização [5] é formado por seis blocos codificados de áudio, com
campos adicionais de sincronização, sinalização e detecção de erros. O formato do frame de
sincronização é mostrado na Figura 4.2, onde de AB0 até AB5 são os blocos de áudio,
acompanhados do campo de sincronização (SI), de Informação (BSI) e de detecção de erros
(CRC).

Figura 4.2 – FRAME DE SINCRONIZAÇÃO AC-3


Fonte: Advanced Television Systems Committee. ATSC Document A/52B. Digital Audio Compression
Standard AC-3. Revision B, Washington, D.C., Jun. 14, 2005

Após a obtenção do sinal de áudio no domínio da freqüência, cada coeficiente MDCT


é representado por números reais na faixa de -1 à +1, sendo que a notação utilizada é a de
ponto flutuante. Assim sendo, um valor com 16 bits de precisão sempre será representado por
um coeficiente e por uma mantissa (parte do ponto flutuante que contém os dígitos
significantes), onde o número de zeros após o ponto decimal representa o valor do coeficiente
e o restante após os zeros o valor da mantissa.

4.1.3 Normalização do sistema de volume

Nos sistemas de televisão convencional enfrenta-se um problema ocasionado pela


variação do nível de volume de áudio quando há a mudança de canal.
Essa variação de nível é devido ao fato de que os canais transmitem o áudio em níveis
mais altos ou mais baixos do que outros.
O sistema Dolby AC-3 [5] resolve esse problema introduzindo um campo dialnorm
(dialog normalization) de 5 bits dentro do campo BSI, que indica o número de dB`s com que
foi codificado o nível de diálogo em relação ao nível máximo de codificação que é 0 dB. O
dialnorm tem o propósito de manter constante o nível de áudio para o ouvidor, sendo que os
74

laboratórios Dolby Digital exigem sua implementação em todos os seus codificadores e


decodificadores.
Os valores do dialnorm se encontram na faixa de -31 a -1. Por exemplo, se o valor do
dialnorm é igual a -10, implica que o nível de diálogo foi codificado com -10 dB. Com essa
informação o decodificador pode dar um nível uniforme de áudio para todos os canais. Esses
valores de dialnorm são utilizados pelos sistemas de controle de volume do receptor, sendo
assim, possível determinar o nível de sinal de reprodução do áudio de acordo com o nível de
volume ajustado pelo ouvinte. Por exemplo, supondo que um ouvinte ajuste o valor de seu
receptor em 50 dB. Nisso, ele começa a assistir um programa que tem nível de diálogo de
-10 dB, representado pelo valor 01010 em sistema binário. Logo após o sistema ajusta o nível
de reprodução do sinal para 60 dB (50+10), a fim de compensar o valor de -10dB com que foi
codificado o sinal original [21].

4.1.4 Flexibilidade do AC-3

O sistema Dolby AC-3 tem como finalidade oferecer ao usuário maiores facilidades e
vantagens no áudio decodificado, sendo que essas facilidades são classificadas em dois
serviços principais e seis serviços associados, onde cada serviço associado é sempre
reproduzido junto a um serviço principal.
Os serviços principais se classificam em dois grupos: o serviço normal (CM), que contém
todos os tipos de sons que estão dentro de um programa de TV (transmitido pelos sistemas de
TV convencionais), e o serviço de música e efeitos especiais que produz todos os tipos de som
do programa, com exceção do som de diálogo. Ambos os serviços podem utilizar os seis
canais de áudio e serem transmitidos a uma taxa de 320 kbps até 384 kbps.
Os serviços associados, por outro lado, são serviços adicionais que oferecem algumas
facilidades para pessoas com problemas na vista e com problemas na audição. Além disso,
oferecem alguns serviços de informação importantes para o ouvinte. Existem seis tipos de
serviços associados: serviço para pessoas com visão diminuída (VI), que utiliza um único
canal de áudio; o serviço para pessoas com audição deficiente (HI), que também utiliza um
único canal de áudio; o serviço de diálogo (D), que provê o diálogo que vai ser misturado com
o serviço principal (CM), para a formação de um serviço completo de áudio e para facilitar a
transmissão multi-linguagem; o serviço de comentário (C), que é similar ao serviço de diálogo
75

e oferece comentários adicionais sobre o programa atual que está sendo decodificado; o
serviço de emergência (E), que é um tipo de serviço orientado à transmissão de avisos de
emergência, pois tanto o sistema de transporte quanto o receptor dão prioridade a transmissão
e recepção desse tipo de serviço; o serviço voice-over (V0), que é um tipo de serviço similar
ao serviço de emergência.
A diferença está no fato de que os serviços atuais não são apagados quando a
reprodução é feita no receptor. Cada serviço de áudio é codificado através de uma seqüência
de frames (quadros) que constitui uma elementary bit stream, os quais posteriormente são
multiplexados pelo sistema de transporte junto com o sinal de vídeo, para serem transmitidos
dentro de um determinado programa de TV.

4.2 MPEG ÁUDIO

As freqüências perceptíveis pelo ouvido humano estão na faixa de 20 Hz a 20 kHz.


Para se obter a qualidade de CD, é necessário amostrar o sinal de áudio pelo menos
44000 vezes por segundo. Utilizando-se um código de 16 bits, a taxa de bits será de
704 Kbits, se a opção for por estéreo essa taxa dobra, ficando em aproximadamente 1,4 Mbps.
Levando-se em consideração que o sinal de HDTV pode ter aproximadamente 18 Mbps (com
limite de aproximadamente 20 Mbps num canal de 6 MHz utilizando o MPEG), surge a
necessidade de um algoritmo capaz de reduzir a taxa de bits [19].
A norma MPEG áudio é resultado de mais de três anos de pesquisa de um comitê
internacional de especialistas em compressão de áudio de alta fidelidade. Esse comitê MPEG
trabalhou em três fases distintas, conhecidas através de números seqüenciais (MPEG-1,
MPEG-2 e MPEG-4) [13].
Os trabalhos desenvolvidos no MPEG-1 resultaram na norma ISO/IEC 11172-3 de
1993. Essa norma teve seu desenvolvimento voltado para a codificação de sinais em formato
mono na 1ª fase e estéreo na 2ª fase.
Já no MPEG-2 (2ª fase) que resulta na norma ISO/IEC 13818-3, estabeleceu estudos
de padrões apropriados a HDTV. Suas diferenças com relação ao MPEG-1 são a inserção de
5 canais de áudio, além de 1 de baixas freqüências, sendo que o MPEG-1 tem 2 canais de
áudio.
76

Conta também com novas freqüências de amostragem, novas taxas de bits, podendo
ter até 24 bits/amostra/canal, novas tabelas de quantização, melhoria em codificação de
fatores de escalonamento, canais surround e suporte a múltiplos idiomas [19].
Para haver compatibilidade entre esse dois padrões, os sinais dos 5 canais do MPEG-2
são combinados formando dois canais denominados L0 e R0. Essa conversão é chamada de
matrixing. Essa compatibilidade recebe o nome de MPEG-2 BC (Backward Compatible) [20].
Através desse processo, o decodificador MPEG-1 interpreta os sinais L0 e R0 como
canais esquerdo e direito, respectivamente, proporcionando o som estéreo. Já no MPEG-2, o
decodificador faz o dematrixing, recuperando os 5 canais [20].
Uma evolução da norma ISO 13818-3 foi o padrão MPEG-2 AAC (Advanced Audio
Coding), também conhecido como codificação MPEG-NBC (Non-Backward-Compatible).
Trata-se de um sistema sem compatibilidade regressiva com o MPEG-1 áudio, ou seja, nem
todo bit-stream MPEG-2 pode ser codificado por um decodificador MPEG-1, sendo o
diferencial desse padrão o melhor desempenho com relação ao MPEG-2 BC (Backward
Compatible) [20].
Os algoritmos de compressão utilizados pelo MPEG áudio conseguem obter
uma boa compressão explorando a limitação perceptiva do sistema auditivo humano, que
apresenta a característica de não ouvir determinadas freqüências na presença de outras. Essa
característica é chamada de propriedade de mascaramento [21].
O MPEG-1 áudio destina-se a transformar sinais de áudio amostrados a taxas de
32 kHz, 44.1 kHz ou 48 kHz e codificá-los a uma taxa de 32 kbps a 192 kbps.
Tanto o MPEG-1 quanto o MPEG-2 possibilitam três camadas de compressão. Para
cada camada (layer), é especificado o formato do bit-stream (seqüência de bits). Essas
camadas são compatíveis hierarquicamente, fazendo com que o decodificador do layer N
possa decodificar seqüências codificadas no layer N ou inferiores (N=1,2,3).
Cada layer tem suas características, mudando a complexidade do
codificador/decodificador, o atraso do codificador/decodificador e a eficiência de codificação
[16].
O MPEG-1 layer 1 oferece menor taxa de compressão e é usado em sistemas de áudio
de consumo, sendo sua vantagem é o baixo custo para sua implementação.
O MPEG-1 layer 2 comparado a layer 1, é capaz de remover mais sinal redundante e
capaz de aplicar os modelos psico-acústico mais eficientemente, sendo encontrado em
aplicações profissionais de consumo mais sofisticado [16].
77

O MPEG-1 layer 3 oferece maior taxa de compressão e é encontrado na Rede Digital


de Serviços Integrados (RDSI). Em contrapartida, o seu custo é maior e apresenta maior
complexidade de codificação e decodificação. É popularmente conhecido como MP3 [16].
Pretende-se a seguir descrever-se uma visão geral do formato MPEG/áudio utilizado
em HDTV.
A Figura 4.3 ilustra o codificador MPEG áudio.

Figura 4.3 – CODIFICADOR MPEG ÁUDIO (LAYERS I E II)


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

4.2.1 Banco de Filtros

O filtro de análise polifásico está presente em todos os layers MPEG áudio [21]. É
responsável por dividir o sinal de áudio em 32 sub-bandas com larguras de banda iguais
através de um filtro passa-baixas. Essas 32 bandas não representam com precisão as bandas
críticas do ouvido humano, sendo essas muito largas para as baixas freqüências.
O banco de filtros de análise que se encontra no codificador, não é exatamente o
inverso do filtro de síntese que se encontra no decodificador. Por esse fato, são gerados alguns
erros na recuperação do sinal, sendo esses erros pequenos e inaudíveis.
Tem-se outro problema gerado que é o de sobreposição de freqüências entre bandas
adjacentes, sendo que um sinal pode afetar a saída de duas bandas adjacentes [20].
O banco de filtros de análise recebe a seqüência de amostras do sinal de áudio, desloca
essa seqüência em 32 amostras e a armazena em um buffer de 512 amostras. Com isso, em
cada processo de análise, as 512 amostras do processo anterior são deslocadas em 32 amostras
para que haja a entrada das 32 novas amostras. Em seguida, o conteúdo do buffer é
78

multiplicado por uma janela C (analysis window) de 512 amostras. O resultado dessa
multiplicação é armazenado em um buffer intitulado de buffer Z. O conteúdo do buffer Z é
dividido em 8 vetores de 64 elementos. Esses 8 vetores são somados formando um único
vetor chamado de vetor Y. Esse vetor Y é transformado nas amostras correspondentes as 32
sub-bandas através da MDCT (Modified Discrete Cosine Transform).
Na fase de síntese, as amostras das 32 sub-bandas são transformadas no seu vetor
original, agora intitulado de “vetor V”, de 64 amostras, utilizando para isso a IMDCT (Inverse
Modified Discrete Cosine Transform). O vetor V é colocado dentro de um buffer FIFO (First
Input First Output), que tem a capacidade de armazenamento de 16 vetores V. Logo Após, é
formado o vetor U pela extração de blocos de 32 amostras do buffer FIFO. Esse novo vetor é
multiplicado por uma janela D (window synthesis), gerando o vetor W. Após esse processo há
uma decomposição do vetor W em 16 vetores de 32 elementos cada um. Esses 16 vetores são
somados para gerar as amostras de áudio reconstruídas [21].

4.2.2 Quantização e Codificação

O sistema MPEG consegue obter a compressão de dados alocando ruído de


quantização nas sub-bandas em que o ouvido humano tem menor sensibilidade. Sendo assim,
o modelo psico-acústico irá definir o nível de ruído perceptível para cada uma das sub-bandas
resultantes da análise de Filter Bank. Sabendo que a quantidade de ruído de quantização é
proporcional ao número de bits usados pelo quantizador, consegue-se a redução da taxa de
bits do sinal de áudio original [21].
Esse quantizador não é uniforme, tendo um buffer que permite a distribuição de forma
não uniforme do número de bits usados em blocos adjacentes [21].

4.2.3 Formatação de Bit-Stream

Nesse bloco são agregados os coeficientes quantizados e codificados e parâmetros de


controle em um stream de áudio para a transmissão.
79

4.2.4 Modelo Psico-Acústico

O modelo psico-acústico é baseado em diversos estudos sobre a percepção humana.


Esses estudos demonstram que o sistema auditivo humano não é sensível a todas as
freqüências da mesma forma. Sendo assim, a algoritmo MPEG áudio tira proveito da
incapacidade do sistema auditivo ouvir o ruído de quantização sobre condições de
mascaramento auditivo.
É evidenciado o mascaramento das componentes de baixa freqüência pela ocorrência
simultânea de componentes de maior potência que ficam muito próximas dentro da largura de
banda do sinal. Esse mascaramento pode ocorrer de duas maneiras: pela ocorrência
simultânea de componentes tonais isoladas de alta potência, intitulada de mascaramento tonal,
ou pela ocorrência simultânea de um conjunto de componentes tonais muito próximas,
intitulada de mascaramento não tonal [20].

4.2.5 Formato do Frame MPEG

O codificador MPEG utiliza um algoritmo de alocação de bits adaptativo onde os


fatores de escala e o número de bits alocados para cada amostra variam de frame para frame.
No layer I o quadro é codificado com 384 amostras de sub-banda ou 12 amostras de
áudio por sub-banda. Nos layers II e III, o quadro é composto por 1152 amostras ou
36 amostras por sub-banda.
A freqüência de amostragem é de 32 kHz, 44.1 kHz e 48 kHz para MPEG-1 e de

16 kHz, 22.05 kHz e 24 kHz para o MPEG-2. A taxa de bits também é restrita a certos

números. Cada layer e freqüência de amostragem tem disponível várias taxas de bits, sendo

que, de acordo com a qualidade do áudio e o modo (mono ou estéreo), menor ou maior será a

taxa de bits necessária para a codificação [16].


80

4.2.5.1 MPEG layer I

A Figura 4.4 demonstra o formato de um frame MPEG layer I.

Figura 4.4 – FRAME MPEG LAYER I


Fonte: SEYMOUR, Shlien. Guide to MPEG-1 Audio Standard. Vol. 4. Nº. 4. 2002

O quadro começa com um campo de cabeçalho de 32 bytes, sendo esse bloco


responsável por levar as informações necessárias para estabelecer sincronia com o receptor,
além de informar parâmetros de codificação, como freqüência de amostragem, taxa de bits, o
número do layer e o formato de canais de áudio (mono, estéreo ou multicanal) [16].
Para se obter a sincronia, existe um campo de sincronização localizado no cabeçalho
do frame, sendo formado por um código de 12 bits onde todos são iguais ao valor “1”. Não
existe possibilidade nesse codificador, de outro campo conter a mesma informação que a de
sincronização.
O campo de CRC (Cyclic Redundancy Check) é responsável pela correção de erros no
frame.
O algoritmo de alocação de bits indica o número de bits alocados para cada amostra
contida em uma determinada sub-banda, também definindo o número de níveis de
quantização do quantizador. Se for incrementado o número de níveis, reduz-se o ruído de
quantização, mas há um aumento do número de bits. O campo de alocação de bits dentro do
frame possui 32 valores (para 32 sub-bandas) de 4 bits cada um, permitindo a escolha de
15 quantizadores para cada sub-banda.
A sessão dos fatores de escala contém 32 valores de 6 bits cada um, os quais indexam
um dos 63 valores possíveis. Esse valor de escala é utilizado para multiplicar a amostra
requantizada de uma sub-banda [16].
Cada uma das 12 amostras correspondentes as 32 sub-bandas é codificada e alocada na
sessão de amostras dentro do frame. O quantizador utilizado é o mid-tread de N níveis, onde
N é igual a 1 menos o antilogaritmo na base 2 do número de bits para a sub-banda.
O último campo é o de dados auxiliares, que são definidos pelo usuário, podendo
conter informação relativa a algum tipo de aplicação.
81

4.2.5.2 MPEG layer II

Nesse formato de compressão, o frame é formado por 36 amostras por sub-banda.


Essas amostras são divididas em três partes, sendo que cada uma possui 12 amostras.
O fator de escala pode ser aplicado a cada uma das três partes de maneira
independente, sendo que cada parte pode ter um fator de escala se desejado.
Para que isso seja possível foi criado um novo campo na sessão de fatores de escala.
Esse campo possui 2 bits e é denominado de SFSI ( Scale Fator Selection Information), o qual
indica se um, dois ou três fatores de escalas são transmitidos para uma determinada sub-banda
e como eles são aplicados [16].
O campo de alocação de bits também foi reduzido limitando a utilização do número de
quantizadores para as sub-bandas de altas freqüências e para baixas taxas de bits. Sendo
assim, ao invés de se transmitir 4 bits por sub-banda para especificar o número de bits
alocados a mesma, o número de bits varia de 0 à 4, como uma função do número da
sub-banda. Na Figura 4.5 é mostrado o formato do frame de áudio MPEG correspondente ao
layer II [20].

Figura 4.5– FRAME MPEG LAYER II


Fonte: SEYMOUR, Shlien. Guide to MPEG-1 Audio Standard. Vol. 4. Nº. 4. 2002

Se houver a extensão ao formato multicanal do sistema MPEG-2 layer II, há uma


mudança com relação ao MPEG-2 mostrado anteriormente, sendo colocado um campo de
multi-linguagem na sessão de dados auxiliares, evidenciado na Figura 4.6.

Figura 4.6 – EXTENSÃO AO FORMATO MULTICANAL


Fonte: SEYMOUR, Shlien. Guide to MPEG-1 Audio Standard. Vol. 4. Nº. 4. 2002
82

4.3 ADVANCED AUDIO CODING (AAC)

Este padrão segue essencialmente os mesmos padrões de codificação que o MPEG-1


layer III, usando novas ferramentas de codificação, de forma a conseguir taxas de transmissão
mais baixas mantendo a qualidade do sinal.
O padrão AAC explora duas estratégias para reduzir a taxa de dados que representa o
áudio digital de alta qualidade. A primeira delas consiste em rejeitar componentes do sinal
que são irrelevantes e a segunda consiste na eliminação de redundâncias do sinal de áudio
codificado. A estrutura do codificador AAC, além da estrutura do codificador MPEG áudio
vista anteriormente, contém um bloco de processamento espectral antes do bloco de
quantização, utilizado para reduzir as redundâncias do sinal de áudio. Pode-se observar a
existência de um bloco de processamento espectral antes do bloco de quantização, que tem o
objetivo de reduzir a redundância.
A codificação de áudio pode ter vários perfis de codificação, que serão definidos
dependendo da complexidade do fragmento de áudio a ser codificado e da qualidade final
do sinal que será desejada. Cada perfil define qual o conjunto de ferramentas a ser utilizado
para cada tipo de aplicação. O AAC permite quatro modos de funcionamento, que são:

• Main Profile: todas as ferramentas disponíveis são utilizadas, permitindo haver uma
qualidade elevada, mas em contrapartida requer muita memória e alta capacidade de
processamento.
• Low Complexity: é o mais simples e mais utilizado. Ele utiliza pouco processamento e
RAM, mas em contrapartida tem a taxa de compressão diminuída e a qualidade final
comprometida.
• Scaleable Sample Rate Profile: é o modo de menor complexidade, tem como
característica se adaptar a diversas larguras de banda.
• Long Term Predition – É o main profile aperfeiçoado.

Esse padrão incorpora desenvolvimentos mais recentes, sacrificando a compatibilidade


com o MPEG-1. O MPEG-2 AAC consegue obter som com qualidade de CD operando com
taxas de 96 kbps. Uma diferença significativa com relação ao MPEG-2 BC é que no AAC é
feita uma análise da redundância de informação entre os vários fluxos, o que não ocorre no
primeiro. Adicionalmente, o ACC permite acomodar até 48 fluxos de áudio e até 15
programas distintos.
83

CAPITULO 5 – CODIFICAÇÃO DE VÍDEO

Neste capitulo descrever-se-á o bloco responsável pela codificação de vídeo nos


sistemas de TV digital atuais, procurando descrever a forma como o MPEG-2 codifica e
comprime um fluxo de vídeo, viabilizando a alta definição em um canal de 6 MHz.

5.1 CARACTERÍSTICAS DO SINAL DE VÍDEO

Ao ser captada por uma câmera de vídeo, a imagem é convertida no transdutor óptico
elétrico (ou mosaico), passando de tridimensional para bidimensional plana, então, é enviada
ao receptor (tela da TV).
Neste processo certas características visuais humanas são exploradas, uma vez que
graças ao fenômeno da acuidade visual, que é o fenômeno no qual a retina retém a imagem
por uma fração de segundos (cerca de 1/24), faz com que não seja necessária a transmissão
das infinitas imagens que compõem uma cena em movimento, e sim um número finito de
imagens separadas por um tempo menor que o tempo de retenção da imagem na retina
humana. Este é um fator muito importante, pois, graças a isso se pode transmitir um número
menor de informação [21].
Deve-se considerar também que todos os sistemas reprodutores de imagem possuem
limitações. O menor detalhe capaz de ser reproduzido por um determinado sistema é
denominado elemento de imagem, ou pixel (picture element). A resolução de um sistema é
especificada pelo número de pixels que ele reproduz. Por exemplo, o antigo cinema de 16
mm, do qual se originou a TV em preto-e-branco, possui uma resolução de 125 mil pixels. No
caso da televisão, o menor detalhe capaz de ser reproduzido na vertical seria correspondente à
espessura de uma linha. O espaçamento vertical deve ser o menor que o mínimo detalhe
perceptível pelo observador [21].
A transmissão deve considerar a forma da tela da televisão, A tela padronizada é
retangular e a relação entre a largura da tela e a altura é chamada de aspecto. Os pontos
escolhidos para a transmissão situam-se sobre as linhas horizontais espaçadas uniformemente
no sentido vertical, sendo chamadas de “linhas de varredura”.
84

Existem dois modos de varredura (processo eletrônico que permite transformar uma
informação bidimensional em um sinal elétrico dependente apenas de uma variável, o tempo)
de imagem: o modo progressivo e o modo entrelaçado [21].
• Modo Progressivo: neste modo o feixe eletrônico varre a tela do receptor de forma
contínua até o fim do quadro (varre a tela inteira de uma vez), sendo que ao fim uma
nova varredura se inicia. É uma técnica mais moderna, que utiliza circuitos mais
complexos que melhoram a qualidade de imagem tanto para cenas em movimento,
quanto para pequenos objetos. Atualmente utilizada em televisores, aparelhos de
DVD e equipamentos de captação de imagem. Graças a isso, equipamentos com
resolução menor podem ter qualidade igual a equipamentos que usem o modo
entrelaçado.
• Modo Entrelaçado: no modo de varredura entrelaçada um quadro é dividido em dois
campos. Um primeiro campo é formado varrendo-se com o feixe eletrônico somente
metade das linhas que compõem o quadro e o segundo campo é formado varrendo-se
o mesmo com as linhas restantes. No padrão brasileiro, há 30 quadros por segundo,
ou seja, nesse modo são necessários 60 campos por segundo para compor cada
imagem [20]. A Figura 5.1 mostra o modo de varredura entrelaçado.

Figura 5.1 – MODO DE VARREDURA ENTRELAÇADO


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000.

5.1.1 Resolução Vertical

A resolução vertical [21] está relacionada com o número de linhas de varredura usadas
para representar cada quadro da seqüência de vídeo (linhas ativas) no sistema. Nos sistemas
convencionais de televisão utiliza-se em geral 525 e 625 linhas de varredura horizontais.
85

Nem todas as linhas carregam informação de vídeo ativo, sendo que o intervalo de
tempo correspondente a algumas delas é reservado para o intervalo de apagamento vertical,
usado para transportar o sinal de sincronismo vertical, VITS (Vertical Interval Test Signals), e
outras informações nos sistemas convencionais. O termo “ativo” serve para designar
informação de vídeo correspondente à imagem que se deseja transmitir.

5.1.2 Resolução Horizontal

A resolução horizontal [20] está relacionada com a variação do sinal reproduzido na


tela no sentido horizontal. Dessa forma, nos sistemas analógicos essa resolução se relaciona
com a largura de faixa do sinal de vídeo. Nos sistemas atuais de televisão usam-se, em geral,
larguras de faixa de 4.2 MHz, 5.0 MHz, 5.5 MHz e 6.0 MHz.
A resolução horizontal de um sinal de vídeo digital é dada pelo número de pixels
ativos de uma linha ativa do quadro. Nem todo o intervalo de tempo da linha horizontal
corresponde ao sinal de vídeo ativo, pois parte dele é reservado para o intervalo de
apagamento horizontal, onde se transmite o pulso de sincronismo horizontal e a salva de
subportadora de cor nos sistemas convencionais.

5.1.3 Relação de Aspecto

A razão (relação) de aspecto define a relação largura/altura da tela empregada tanto na


câmera de vídeo quanto no receptor de televisão. Nos sistemas atuais convencionais, a relação
de aspecto é de 4:3, enquanto que para o sistema HDTV ela está compreendida entre 5:3 e
2:1, tendo sido adotado o formato 16:9 (= (3/4)2=1.78: 1). A relação de 16:9 foi sugerida
pelos EUA, uma vez que essa se encontra próxima das relações presentes nos padrões de
cinema em Vistavision e Panavision nos qual a relação é de 1.85: 1, bem como próxima das
utilizadas pelos europeus de 1.67:1 e 1.75:1. O formato 16:9 também constitui uma média
geométrica entre o formato 4:3 da televisão tradicional e o formato do cinema (2.35:1),
permitindo centralizar a cena na menor área que é comum entre os diversos formatos sem
86

perda de detalhes [18]. A Figura 5.2 mostra a comparação entre os diversos formatos
existentes.

Figura 5.2 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS FORMATOS EXISTENTES


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000.

5.1.4 Sincronismo

Nos sistemas analógicos atuais, indicam ao receptor o início e o fim de cada linha de
varredura (sincronismo horizontal) e de cada quadro ou campo (sincronismo vertical).
Nos sistemas digitais é utilizado a fim de indicar o inicio e o fim do grupo de amostras de
vídeo que serão codificadas e transmitidas

5.1.5 Amostragem

A norma CCIR 601 estabelece que uma fonte de sinal de vídeo colorido deve ter 3
componentes: uma componente de luminância Y (intensidade luninosa) e duas componentes
de crominância (Cr e Cb), que combinadas definem a tonalidade de cor.
Um grande espectro de cores pode ser representado por um conjunto de três cores
primárias, vermelho, verde e azul. Este espaço de cores é conhecido como RGB (Red, Green
and Blue). Um espaço, usado em alguns padrões de televisão (PAL, SECAM) é o YUV ou
87

YCbCr. Neste espaço, Y é uma componente de luminância e U ou Cb, V ou Cr são


componentes de crominância [21].
Pesquisas no sistema visual humano mostraram que o olho é mais sensível a mudanças de
luminância e menos sensível a variações de crominância. Como o objetivo é compressão, faz
sentido que a codificação MPEG opere em um espaço de cores onde seja possível tirar
vantagem desta propriedade da visão. Por isso, MPEG usa o espaço YUV para representar as
imagens ao invés do tradicional RGB.
Então, os algoritmos MPEG primeiro dividem as imagens em suas componentes YUV e
depois faz uma subamostragem das componentes de crominância em relação à componente de
luminância. O conceito básico de subamostragem é reduzir a dimensão da entrada de vídeo.
No decodificador os dados são recuperados através de interpolação.
Os algoritmos MPEG dividem a imagem em blocos e macroblocos. Cada bloco é uma
matriz de 8x8 pixels e os macroblocos podem ser representados de várias maneiras diferentes
de acordo com a taxa usada para fazer a subamostragem.
No formato 4:4:4, que é completo, cada macrobloco é constituído por 4 blocos Y, 4
blocos U e 4 blocos V.
O formato 4:2:0 fornece redução imediata de 12 blocos/macroblocos para 6
blocos/macroblocos ou 2:1 comparado com a representação 4:4:4 ou RGB.
O padrão MPEG-1 usa a representação 4:2:0 enquanto que o MPEG-2 trabalha com as
representações 4:2:0, 4:2:2 e 4:4:4 dependendo do perfil usado.
Devido às características psico-visuais humanas, é possível subamostrar os sinais de
crominância sem perda de qualidade perceptível. Isso ocorre porque o sistema visual humano
é menos sensível às altas freqüências dos sinais de crominância do que às altas freqüências do
sinal de luminância. Por isso, os padrões HDTV utilizam o formato 4:2:0, em que os sinais de
crominância são subamostrados por um fator de 2 nas duas direções, horizontal e vertical.

5.2 CARACTERÍSTICAS DO VÍDEO DIGITAL

Dentre os fatores que motivaram o estudo e a implementação da TV digital, pode-se


destacar a definição de imagem. Graças a avançadas técnicas de compressão e codificação de
vídeo, tornou-se possível transmitir um sinal digital dentro da mesma largura de banda
88

utilizada pelos sistemas analógicos atuais, ou seja, 6 MHz para Brasil, Japão e Estados Unidos
e 6 MHz a 8 MHz para alguns países da Europa e Ásia [20].
Outro fator impulsionador foi à possibilidade de aumentar a diversificação na
programação, graças à implementação de três resoluções distintas, conforme Tabela 5.1:

Tabela 5.1 – RESOLUÇÕES DISPONÍVEIS NA TV DIGITAL


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005..

LINHAS PONTOS POR RELAÇÃO DE ASPECTO


LINHA

SDTV 480 640 ou 704 4:3 ou 16:9

EDTV 720 1280 16:9

HDTV 1080 1920 16:9

SDTV (STANDART DEFINITION TELEVISION): possui definição um pouco


superior a TV convencional, porém, é inferior ao EDTV e HDTV. Requer uma parcela menor
da largura de banda. Possibilita a coexistência de até quatro programas numa faixa de 6MHz.
EDTV (ENHACED DEFINITION TELEVISION): opção intermediária ao SDTV e
HDTV, ou seja, possui uma melhor definição de imagem e não ocupa toda a banda disponível
para a transmissão.
HDTV (HIGH DEFINITION TELEVISION): sistema de TV digital em alta definição
que apresenta superioridade de qualidade quando comparada a outros sistemas de TV, como
por exemplo, imagem estendida e com maior nitidez e qualidade de som que se aproxima do
CD, oferecendo um alto nível de qualidade televisiva. Utiliza a faixa de 6MHz para a
transmissão de uma única programação, porém, com imensa riqueza de detalhes visuais. Para
assistir um programa HDTV é necessário um aparelho de televisão que suporte o formato
16:9 e que tenha recepção de sinais em alta definição.
O principal objetivo dos sistemas de HDTV é o de melhorar a qualidade do sinal de
televisão reproduzido em relação à qualidade oferecida pelos sistemas de televisão
convencional analógica. A percepção da melhoria da qualidade pelo usuário final se dará
principalmente pelo aumento de resolução espacial (aproximadamente o dobro nas duas
direções, horizontal e vertical, em relação à TV analógica convencional), pelo aumento do
89

conjunto de cores reproduzidas e pela mudança da relação (razão) de aspecto, que passa a ser
mais próxima daquela utilizada nos filmes de cinema [20].
Existe também a resolução LDTV (LOW DEFINITION TELEVISION): sistema de
televisão de baixa definição que apresenta qualidade inferior a TV convencional. Usualmente
aplicada a transmissões móveis ou portáteis, por exigirem dispositivos de exibição com telas
relativamente pequenas. É usado, por exemplo, nas transmissões de TV para celulares [21]. A
Tabela 5.2 mostra as características do LDTV para recepção em celulares.

Tabela 5.2 – CARACTERÍSTICAS DO LDTV PARA RECEPÇÃO EM CELULARES


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

LINHAS PONTOS POR LINHA RELAÇÃO DE ASPECTO

LDTV 240 320 4:3

Com isso as operadoras podem escolher a qualidade de imagem, salientando-se, porém,


que quanto maior a resolução de imagem (SDTV, EDTV ou HDTV), maior será a quantidade
de bits necessários para garantir o sinal.
Uma parcela do espectro é necessária para o envio de dados ao usuário (exemplo EPG –
Eletronic Program Guide), seja para permitir a interatividade do telespectador ou para
permitir o acesso a Internet através do receptor de TV digital (nesse caso, utiliza-se o canal
reverso, por exemplo, a linha telefônica). A Figura 5.3 ilustra a ocupação do canal de acordo
com a resolução escolhida para a transmissão.

Figura 5.3 – POSSIBILIDADE DE ENVIO DE RESOLUÇÕES DENTRO DA BANDA DISPONÍVEL


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000
90

5.3 PROCESSOS DE COMPRESSÃO

A taxa de bits para representar um sinal de vídeo digitalizado sem compressão [20]
pode chegar aos valores de 270 Mbps e 1.5 Gbps para os sinais de SDTV e HDTV
respectivamente, sendo que a taxa de bits disponibilizada por um canal de 6 MHz é de
aproximadamente 19 Mbps. Para viabilizar a transmissão de um sinal de vídeo digital dentro
da limitada banda disponível, torna-se necessária a utilização de avançadas técnicas de
compressão.
A resolução de vídeo exige taxas que variam de 10 Mbps a 18 Mbps no modo HDTV e
taxas de 2 Mbps a 5 Mbps no modo SDTV, valores estes que dependem do padrão e
codificação utilizados.
A codificação de vídeo busca reduzir a taxa de bits necessária para a transmissão de vídeo
através da remoção de redundâncias (espacial, temporal e estatística) e aproveitando as
limitações do sistema visual humano.

5.4 O PADRÃO MPEG-2

O padrão MPEG-2, que oficialmente é chamado de “Codificação Genérica de Quadros em


Movimento e Informação de Áudio Associada: Vídeo”, ou “Generic Coding of Moving
Pictures and Associated Audio Information: Vídeo” segue a norma H.262 do ITU-T, é a base
para o sucesso da TV digital nos três padrões existentes atualmente, graças a um conjunto de
ferramentas e algoritmos que podem ser configurados para diversas condições operacionais,
ou seja, pode-se utilizá-lo para obtenção de diferentes taxas de codificação, para diversos
meios de transmissão. Este padrão apresenta um excelente desempenho no que diz respeito a
codificação de vídeo e áudio [20].
O MPEG-2 surgiu graças à criação de um grupo de trabalho em 1988 pelo comitê
ISO/IEC. Esse grupo de trabalho foi chamado de “Moving Pictures Experts Group” (MPEG).
A principal finalidade desse grupo era o desenvolvimento de padrões para a codificação de
áudio e vídeos associados. Desses estudos surgiram propostas de padrões que basicamente
foram divididos da seguinte forma: O MPEG-1 para taxas de 1.5 Mbps, o MPEG-2 para taxas
de 10 Mbps e o MPEG-3 para taxas de 40 Mbps. Inicialmente o MPEG-3 foi proposto para
91

60 Mbps, mas acabou tendo a taxa reduzida para 40 Mbps. Pesquisas comprovaram o
excelente desempenho do MPEG-2 para compressão de taxas superiores a 10 Mbps.
Graças a sua grande flexibilidade e eficiência, o padrão MPEG-2 foi escolhido como o
compressor de vídeo dos padrões americano, japonês e europeu.
O MPEG-2 baseia-se em conceitos de perfis e níveis, que permitem sua configuração
de modo a adaptá-lo a necessidade de determinada aplicação, sendo importante citar que
graças a essas características pode-se limitar sua complexidade, tornando-o menos complexo.

5.4.1 Perfis e Níveis

O MPEG-2 não foi desenvolvido para uma aplicação específica, característica que
permite sua utilização para as mais diversas aplicações como, por exemplo, transmissão de
TV em broadcasting, satélite ou cabo, sistemas de informação e multimídia (vídeos em
computadores), vídeos armazenados digitalmente (CDs, DVDs), entre outros. Com tantas
possibilidades uma não segmentação desse padrão implicaria em sistemas muito complexos e
consequentemente inviáveis de acordo com o que se pretendia implementar. Para solucionar
este problema o padrão foi dividido em subconjuntos que restringem as funcionalidades e
limitam os parâmetros utilizados pelo sistema [21].
Esta divisão foi realizada através da introdução dos conceitos de perfis “Profiles” e
níveis “Levels”, para estipular um padrão de conformidade entre equipamentos que não
suportam o padrão completo. Os perfis definem restrições de sintaxe que correspondem à
utilização de um subconjunto de algoritmos dentro do conjunto completo de algoritmos
estabelecidos no padrão. Os níveis estabelecem limitantes superiores para os parâmetros
utilizados por esses algoritmos.
Com isso, os codificadores e decodificadores podem restringir-se a implementação de
um determinado perfil, utilizando um subconjunto de ferramentas de codificação, e a um
determinado nível, limitando assim o grau de flexibilidade e complexidade, suportando assim
apenas uma determinada gama de valores para os parâmetros de codificação [20].
92

A Tabela 5.3 apresenta os perfis possíveis no padrão MPEG-2.

Tabela 5.3 – PERFIS DISPONÍVEIS NO PADRÃO MPEG-2


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

Profile (perfil) Funcionalidades


• Escalonamento espacial e através de requantização.
High (3 camadas, no máximo)
• Formato 4:2:2 para as componentes de YCrCb.
Spatial Escalonamento Espacial (2 camadas)
Representação 4:2:0 para as componentes YUV
Scalable SNR • Escalonamento por requantização (2 camadas)
• Representação 4:2:0 para as componentes YUV
• Não suporta escalonamentos de vídeo
• Codificação de vídeo entrelaçado
Main • Acesso aleatório aos quadros da seqüência.
• Interpolação utilizando quadros tipo B.
Formato 4:2:0 para as componentes YCrCb
• Inclui as funcionalidades do profile Main, entretanto não
Simple suporta quadros interpolados (B)
• Formato 4:2:0 para as componentes de YCrCb

Deve-se citar que um decodificador compatível com MP (Main Profile) deve ser capaz
de decodificar um fluxo codificado em SP (Simple Profile) e assim sucessivamente, ou seja,
os perfis mais altos suportam todas as funcionalidades dos perfis mais baixos.

A Tabela 5.4 apresenta os níveis suportados pelo padrão MPEG-2, onde os valores
apresentados são limitantes superiores dos parâmetros.
93

Tabela 5.4 – NÍVEIS DISPONÍVEIS NO PADRÃO MPEG-2


Fonte: UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril de 2000

LEVEL (nível) PARÂMETROS


1920 amostras/linha
HIGH (HL) 1152 linhas/quadro
60 quadros/segundo
80 Mbps
1440 amostras/linha
HIGH 1440 (H14L) 1152 linhas/quadro
60 quadros/segundo
60 Mbps
720 amostras/linha
MAIN (ML) 576 linhas/quadro
30 quadros/segundo
15 Mbps
352 amostras/linha
LOW (LL) 288 linhas/quadro
30 quadros/segundo
4 Mbps

Torna-se necessário citar que se um codificador produz um fluxo binário que supere,
ainda que por pouco, os limites pré-definidos para um determinado perfil e/ou nível, lhe é
atribuído o perfil e/ou nível imediatamente superior. Este princípio vale para o decodificador,
ou seja, se o mesmo apresenta capacidade aquém ao perfil e/ou nível designado,
imediatamente é classificado com perfil e/ou nível imediatamente inferior.
A identificação do perfil e nível utilizados é enviada junto ao fluxo de vídeo enviado pelo
sistema.
94

5.4.2 Processo de Codificação MPEG-2

A seqüência de vídeo digital é um conjunto de quadros organizados temporalmente,


onde cada quadro é uma matriz cujos seus elementos contêm informações de cor
representando assim uma imagem.
No Padrão MPEG-2 [20] as cores são representadas através de uma combinação de
três componentes, um de luminância, Y, e dois de crominância, Cb e Cr.
• Luminância Y: corresponde à intensidade luminosa de cada elemento de
imagem, ponderada de acordo com a sensibilidade do olho humano para cada
comprimento de onda;
• Crominância U (Cb): este sinal corresponde à tonalidade de cor do elemento de
imagem, expressando a tendência ao azul (positiva) ou amarelo (negativa)
• Crominância V (Cr): este sinal também corresponde à tonalidade de cor do
elemento de imagem, expressando a tendência ao vermelho (positiva) ou verde
(negativa).
Graças às limitações psico-visuais humanas é possível sub-amostrar os sinais de
crominância sem perda de qualidade perceptível.

5.4.3 Seqüência de Vídeo do MPEG-2

No MPEG-2, a seqüência de vídeo é dividida a fim de ser codificada, ou seja, cada


quadro que compõe a imagem é dividida em unidades utilizadas no processo de codificação.
A menor unidade de codificação é chamada de bloco, sendo utilizado na aplicação da
transformada DCT, tendo tamanho de 8x8 pixels. O bloco pode ser de luminância Y, ou de
crominância (Cr ou Cb).
Existe também o macrobloco, que é a unidade básica de codificação no MPEG.
Consiste de segmentos de 16x16 pixels, sendo utilizado nas etapas de estimação e
compensação de movimento (baseada nas semelhanças entre as imagens subseqüentes,
permitindo a transmissão somente das diferenças entre as mesmas). Seguindo a conceituação,
torna-se necessário citar o slice, que é uma fatia horizontal de macroblocos que serve como
unidade de resincronismo. Cabe citar também que existem áreas do quadro, onde não há slice,
não sendo dessa forma codificados. O padrão MPEG-2 em todos os seus profiles (perfis)
95

utiliza uma estrutura denominada slice restrita (restricted slice struture) que segmenta todo o
quadro. Os quadros também são divididos em grupos denominados GOP (Group of Pictures).
O GOP é uma seqüência de quadros que possibilita acesso aleatório [17].
Tipos de quadros:
Os quadros podem ser de três tipos:
• Quadro I (intracodificado): é codificado de maneira independente dos outros quadros.
• Quadros P (predito): este quadro é codificado utilizando-se o quadro de referência
anterior como preditor. Possuem uma alta compressão.
• Quadros B (bidirecional): este quadro possui informação sobre a diferença entre um
quadro anterior e um quadro atual.
Os quadros P e B são codificados tendo como referência a diferença entre um quadro
original e sua estimativa, calculada através da seguinte forma:
Quadros P: utiliza o quadro anterior utilizando a compensação de movimento e a
estimativa de movimento (transmissão das diferenças entre as imagens otimizando a
codificação, poupando bits transmitidos).
Quadros B: semelhante ao processo utilizado no quadro P, porém, toma como
referência um quadro anterior e um posterior, executando, então, a estimativa e compensação
de movimento nesses quadros que são finalmente interpolados formando um quadro estimado.
A Figura 5.4 demonstra de forma completa a seqüência de vídeo do MPEG-2 com
todas as suas divisões, ou seja, a seqüência de vídeo, o GOP (Group of Pictures), a imagem
(picture) o slice, o macrobloco e o bloco.

Figura 5.4 – ESTRUTURA DO GOP


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.
96

A Figura 5.5 demonstra as possibilidades de amostragem do macrobloco no MPEG-2.

Figura 5.5 – POSSIBILIDADES DE AMOSTRAGEM NO MPEG-2


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.

5.5 DIAGRAMA EM BLOCOS DO PADRÃO MPEG-2

Nos tópicos a seguir serão descritos de forma sucinta os elementos que compõem o
codificador MPEG-2, de acordo com a Figura 5.6.

Figura 5.6 – DIAGRAMA EM BLOCOS DO MPEG-2


Fonte: UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. Ano5.
Campinas-SP, 2005.
97

5.5.1 Amostragem de vídeo analógico

Inicialmente o sinal analógico é amostrado e digitalizado de acordo com a


configuração escolhida, podendo nesta etapa atingir taxas de 270 Mbps em definição SDTV,
ou até 1.5 Gbps no padrão de alta definição de imagem (HDTV).

5.5.2 Redundância Temporal

Este bloco é responsável pela eliminação de informações desnecessárias na

composição de uma imagem. Na redundância temporal, aproveita-se a semelhança que existe

nos inúmeros quadros que formam uma imagem. Através de algoritmos especiais, consegue

uma grande eficiência no que diz respeito a retirada de informação descartável, conseguindo

assim diminuir a taxa de bits necessária para enviar determinada informação. A divisão da

imagem em quadro I, P e B é realizada neste bloco [21].

5.5.3 Redundância Espacial

Assim como o bloco de redundância temporal, tem a finalidade de descartar


informações desnecessárias para a formação de imagem, diminuindo assim a taxa de bits para
a transmissão de determinado quadro ou imagem. A redundância espacial aproveita a
similaridade entre pixels adjacentes de uma imagem, onde através de algoritmos organiza-se
de modo a transmitir imagens em movimento, percebendo quais pixels são estáticos, fazendo
assim que os mesmos não precisem ser retransmitidos, ou seja, compara os quadros que
formam uma imagem formando-os somente com informação variável, o restante não precisa
ser retransmitido enquanto permanecer inalterado [20].
98

5.5.4 Quantização do Coeficiente DCT

Este bloco reduz consideravelmente a taxa de bits a ser transmitida, aproveitando-se


das limitações visuais do ser humano, sensíveis a freqüências espaciais alguns coeficientes
resultantes do processo DCT são descartados sem que haja perda perceptível na redução de
qualidade da imagem.

5.5.5 VLC e RLC

Nesta etapa, após receber passar pelo quantizador, o sinal é codificado no processo
RLC (Run Lenght Code) que verifica repetição de caracteres numa determinada informação,
agrupando-os e enviando-os em seqüência de acordo com seu posicionamento. Após isso,
aplica-se o VLC (Variable Lenght Code) ou código de Huffman, como também é conhecido,
que atribui símbolos de menor comprimento as informações mais freqüentes. Este bloco faz
um tratamento em seqüências repetidas de caracteres, conseguindo assim diminuir ainda mais
a taxa de bits necessária para o envio de determinada informação.

5.5.6 Buffer

A função do buffer é de controlar o fluxo de informação no MPEG-2, garantindo que a


taxa de bits seja constante na saída do compressor.
Graças a eficiência dos blocos que compõem o MPEG-2, taxas que originalmente
seriam de mais de 1.5 Gbps, necessários para a transmissão de imagem em alta definição
sofrem redução para taxas de aproximadamente 20 Mbps, possibilitando e viabilizando sua
transmissão nos atuais canais utilizados pelos sistemas analógicos.
99

CAPÍTULO 6 – SISTEMAS DE TV DIGITAL

Neste capítulo serão apresentados detalhes específicos dos três sistemas de TV digital
implementados atualmente, sendo o americano ATSC – T, o europeu DVB – T e o japonês
ISDB – T.
Também será descrito o modelo brasileiro de TV digital, descrevendo-se
características e a situação atual no que diz respeito a sua implementação no país.
Será finalizado com uma sucinta descrição sobre o IPTV.

6.1 ATSC

Nos tópicos a seguir descrever-se - á o modelo americano de TV digital.

6.1.1 Histórico

A partir de 1990 iniciou-se a fase de grandes esforços na América do Norte para o


estabelecimento de um sistema HDTV que utilizasse 6 MHz de largura de banda por canal,
largura já utilizada pelas emissoras de TV em operação (NTSC) [6].
Para tanto, concentraram-se esforços nos estudos de técnicas de compressão de vídeo
digital e técnicas de modulação adequadas. A proposta inicial foi lançada pela “General
Instrument”. Quatro propostas foram apresentadas, sendo estas formadas por diferentes
consórcios, descritos na Tabela 6.1.
Tabela 6.1 – PROPOSTAS E CONSÓRCIOS DE TV DIGITAL NOS EUA
Fonte: ATSC, ATSC Stardard A/53. ATSC Digital Television Standard. 1995.

DSC – HDTV (PROGESSIVE SCAN) AT&T E ZENITH


AD – HDTV (INTERLACED SCAN) PHILIPS, SARNOFF,THOMSON, NBC,
CLI
DIGICIPHER (INTERLACED SCAN) GENERAL INSTRUMENT, MIT
CCDIGICIPHER (PROGESSIVE SCAN) GENERAL INSTRUMENT, MIT
100

Baseado nos testes de laboratório dos sistemas digitais propostos, em março de 1993,
foram desenvolvidas as recomendações relativas ao sistema digital pelo “Advisory Committee
on Advanced Service” (ACATS)
Posteriormente foi formada a Grande Aliança (GA), a fim de se estabelecer um padrão
HDTV único a partir das melhores características dos sistemas inicialmente testados pelo
ACATS. Os membros da GA são: AT&T, General Instrument Corporation (GI),
Massachusetts Institute of Technology (MIT), Philips Eletronics North America Corporation,
David Sarnoff Research [6]
O início das transmissões de TV digital nos Estados Unidos ocorreu em outubro de
1998 com 42 afiliadas das seis maiores redes ABC, CBS, NBC, Fox, PBS e WB em 25
grandes cidades americanas nas faixas de VHF e UHF.
A FCC (Federal Communications Commission) definiu em 1997 um cronograma de
implantação a ser seguido pelas emissoras/programadoras determinando que as afiliadas das
quatro redes principais iniciassem suas transmissões digitais nos trintas principais mercados
de televisão até novembro de 1999. Os demais mercados deveriam ser atendidos por todas
emissoras/programadoras até maio de 2002 enquanto que as emissoras educativas e não
comerciais teriam um prazo até mio de 2003.
Em julho de 2004, de um total de 1722 emissoras afiliadas nos EUA, cerca de 80%
estavam no ar. Todas as emissoras afiliadas nos trinta principais mercados televisivos já
estavam operando. Com esse nível de implementação cerca de 100% dos domicílios dos EUA
recebiam as transmissões de pelo menos uma emissora/programadora de TV digital terrestre,
80% de pelo menos cinco e 50% de no mínimo oito [6].
Um dos principais objetivos da implementação da TV digital terrestre nos Estados
Unidos é a otimização do uso do espectro de radiofreqüência. As freqüências que serão
liberadas devem ser alocadas para outros usos, tais como serviços de emergência e de
telecomunicações. Os canais de freqüência 2 a 51 foram reservados para a TV digital terrestre
e são conhecidos como core spectrum. Na etapa atual de transição algumas
emissoras/programadoras estão sendo alocadas em canais de freqüência fora do core
spectrum. Na próxima etapa eles serão realocados e os canais de 52 a 59 liberados.
O modelo de exploração adotado é o de monoprogramação em alta definição, mas não
é exclusiva já que a multiprogramação tem sido utilizada pela PBS (emissora pública
americana).
101

O padrão ATSC foi também adotado pelo Canadá, Coréia do Sul e está sendo
fortemente considerado por muitos outros países [6].

6.1.2 Características de Vídeo do Modelo ATSC

Os formatos de tela adotados no ATSC procuraram manter a compatibilidade com os


atuais sistemas analógicos de TV, no caso do EUA, o NTSC com 525 linhas e taxa de
aproximadamente 30 quadros por segundo, além de trazer novas resoluções melhorando assim
significativamente a qualidade de imagem. A Tabela 6.2 descreve as características de vídeo
do sistema ATSC – T [7].
Tabela 6.2 – RESOLUÇÕES ATSC
Fonte: ATSC, ATSC Stardard A/53. ATSC Digital Television Standard. 1995.

LINHAS PIXELS RAZÃO DE TAXA DE QUADROS POR


VERTICAIS ASPECTO SEGUNDO (Hz)
23.976 progressivo, 24 progressivo
1080 1920 16:9 29.97 progressivo, 29.97 entrelaçado
30 progressivo, 30 entrelaçado.
23.976 progressivo,24 progressivo
720 1280 16:9 29.97 progressivo, 30 progressivo
59.94 progressivo, 60 progressivo
23.976 progressivo, 24 progressivo
29.97 progressivo, 29.97 entrelaçado
480 704 16:9 ou 4:3
30 progressivo, 30 entrelaçado
59.94 progressivo, 60 progressivo
23.976 progressivo, 24 progressivo
29.97 progressivo, 29.97 entrelaçado
480 640 4:3 30 progressivo, 30 entrelaçado
59.94 progressivo, 60progressivo
102

No ATSC – T através da utilização do MPEG-2 obtém – se um limite para a


transmissão do fluxo de vídeo que é de aproximadamente 19.4 Mbps dentro do canal de
6MHz. Todavia parte dessa capacidade é reservada para a transmissão de áudio e dados,
então, o fluxo de vídeo é na verdade codificado abaixo dessa taxa máxima disponível. No
formato HDTV o fluxo de vídeo é geralmente codificado com taxas que variam de 12 Mbps a
18Mbps, já no formato SDTV as taxas variam de 3 Mbps a 6 Mbps, especialmente quando do
envio de múltiplas programações em formato SDTV no canal de 6 MHz [7].
De acordo com as combinações utilizadas (perfis e níveis) disponibilizam-se os formatos
de tela (16:9 ou 4:3), as resoluções de tela, e consequentemente um valor máximo do fluxo de
vídeo. Por exemplo, o formato MP@ML suporta no máximo a resolução de 720x576 e taxa
de bits de no máximo 15 Mbps, o que caracteriza uma das possibilidades de envio no formato
HDTV.
Os formatos de tela adotados pelo ATSC foram frutos de muita discussão entre o grupo de
indústrias idealizador do sistema norte americano. Duas altas definições foram definidas
dentro do formato de tela 16:9:
• 1920x1080: permite o modo entrelaçado e progressivo, porém limitado a 30 Hz de
frame rate (taxa de quadros por segundo);
• 1280x720: permite somente o modo progressivo, mas com 60 Hz de frame rate.
Para a definição SDTV, adotaram-se as seguintes resoluções:
• 704x480: baseado na ITU-R 601, suporta os modos progressivo e entrelaçado, e
formatos de tela de 16:9 ou 4:3.
• 640x480: permite os modos progressivo e entrelaçado, porém é restrito ao formato de
tela 4:3.
É importante citar que o ATSC – T suporta os modos de frame rate (taxas de quadros
por segundo) que estão relacionados ao fator 1001, provenientes da TV analógica (no caso
dos EUA o NTSC) que são: 23.976 fps, 29.97 fps e 59.94 fps e os novos formatos que são:
24/30/60 fps. O fator 1001 se deve da revisão do formato NTSC quando as cores se tornaram
disponíveis, a taxa de campo dos atuais broadcasts são 0,1% mais lento que o sugerido. Por
exemplo, uma transmissão de 1080i30 ou 30 Hz atualmente mostra cerca de 29.97 campos
por segundo.
Com relação a utilização dos perfis e níveis disponiveis no padrão MPEG-2, adota-se
principlamente o perfil “Main” e o nível “High” para HDTV. Esta combinação é representada
103

pela notação MP@HL (“Main Profile” e “High Level”), para SDTV utiliza a combinação
MP@ML (Main Profile e Main Level ).

6.1.3 Características de Modulação do Modelo ATSC

O padrão da Grande Aliança utiliza a modulação 8-VSB (8-level Vestigial Side Band),
conforme descrito no capítulo 3, foi proposto para substituir o sistema NTSC analógico para a
transmissão terrestre de sinais de televisão numa banda de 6 MHz. O 8-VSB apresenta
desempenho muito superior quando comparado ao sistema analógico, principalmente no que
diz respeito as degradações que o sinal está sujeito no canal de transmissão, como por
exemplo, interferência, surtos de ruído,etc..
A modulação adotado pelo sistema americano de TV digital é chamado SCM (Single
Carrier Modulation), pois utiliza uma única portadora, onde os símbolos digitais são
transmitidos serialmente.

6.1.4 Características de Áudio do Modelo ATSC

O modelo americano utiliza no subsistema de codificação de áudio o Dolby AC-3, o


qual foi apresentado no capítulo 4. Desenvolvido pela Dolby Laboratories Inc, uma empresa
de alta tecnologia na área de áudio, com sedes em Londres e São Francisco. O Dolby AC-3 ou
Dolby Digital como também é conhecido é um sistema de compressão de áudio que permite a
codificação de até 6 canais independentes de áudio [5].
Este padrão emprega algoritmos de percepção psicoacústica de forma a comprimir oito
canais, que são distribuídos da seguinte maneira: seis para o sistema chamado 5.1 que possui
distribuição de três para os sons frontais da sala (frontal, frontal-esquerdo, frontal-direito),
dois canais para parte traseira da sala (surround esquerdo e surround direito) e um sexto canal
que reproduz sinais de baixas freqüências. Os outros dois canais podem ser utilizados para
estéreo convencional ou para áudio em segundo idioma [5].
104

6.2 DVB

Nos tópicos a seguir descrever-se - á o modelo europeu de TV digital.

6.2.1 Histórico

O sistema europeu de TV digital iniciou-se em setembro de 1993, por um consórcio


contendo 220 membros de 30 países (no início essencialmente européias), sendo
representantes principalmente de produtores de conteúdo, fabricantes de equipamentos,
operadores de telecomunicações, organismos de regulamentação, etc.
Os objetivos iniciais do DVB eram basicamente a difusão digital de vídeo de alta
qualidade (HDTV), difusão com boa qualidade de programas através de canais de banda
estreita aumentando o número de programas nos canais atuais, a recepção em terminais de
bolso com pequenas antenas de recepção (recepção portátil), recepção móvel de programas de
televisão com boa qualidade [13].
Foi oficialmente lançado em novembro de 1998, tendo sido implementado
inicialmente no Reino Unido, com as seguintes características descritas na Tabela 6.3.

Tabela 6.3 – CARACTERÍSTICAS NO LANÇAMENTO DO DVB – T


Fonte: DVB PROJECT. Digital Vídeo Broadcasting (DVB). DVB document. 2001.

LANÇAMENTO NOVEMBRO DE 1998


BBC: 82% DOS DOMICÍLIOS EM
OUTUBRO DE 2004
PRESENÇA NACIONAL TODOS OS CANAIS: 73% DOS
DOMICÍLIOS EM OUTUBRO DE 2004
PLANEJAMENTO DE FREQÜÊNCIAS 6 CANAIS NACIONAIS;
BANDA UHF A PARTIR DO CANAL 21
DESLIGAMENTO DA TRANSMISSÃO ATÉ 2010
ANALÓGICA
105

A agência responsável pela gerência do espectro no Reino Unido liberou inicialmente


seis canais de freqüência para cobertura nacional, sendo que, as emissoras existentes na
plataforma analógica (BBC, ITV, SDN e Channel 4) receberam a outorga de três canais de
freqüência, enquanto que ONDigital outros três.
A última estimativa realizada em 2004 indicou um número de 3,9 milhões de
domicílios equipados para a recepção de TV digital terrestre no Reino Unido [14].
O DVB-T faz parte de uma família de padrões interoperáveis, que dominam a
televisão digital em todo mundo. Somente na Europa há cerca de 26 milhões de
decodificadores DVB originários de vários países. Foi escolhido pela Austrália, todos os
países da Europa, Índia, Nova Zelândia e Cingapura. Já Taiwan selecionou o ATSC em
1998, mas reverteu essa decisão em favor do DVB porque as suas redes de emissoras tiveram
sérias dúvidas quanto à viabilidade técnica do ATSC. Recentemente o mesmo aconteceu na
Coréia, que inicialmente optou pelo ATSC e, não podendo reverter a situação, devido aos
investimentos já realizados, adotou o padrão DVB-H como seu padrão para recepção de TV
em celulares [14].
É utilizado também para TV móvel na Alemanha e Cingapura, a HDTV na Austrália e
os sistemas multi-canais SDTV (pagos e gratuitos) no Reino Unido, Suécia, Suíça, Espanha,
Alemanha, Finlândia, Taiwan, etc.
Alguns países europeus (Finlândia, Reino Unido, Itália, etc.) optaram pela
multiprogramação, investindo fortemente na transmissão pública, com exceções, como a
Suécia onde predomina o modelo de TV por assinatura, utilizando a multiprogramação com
base, sendo que, neste ponto, os países europeus que utilizam a programação de forma mista
(pública e por assinatura) optou-se (na paga) pela monoprogramação.
O DVB – T é decorrente da opção da comunidade européia de promover o aumento no
número de programações na plataforma terrestre de televisão, em detrimento da opção pela
qualidade de imagem em alta definição, ou seja, o SDTV predomina absoluto nas
configurações de vídeo adotadas em todos os países europeus atualmente.
Uma característica importante do padrão é a sua capacidade excepcional para recepção
móvel, que não é possível no sistema ATSC.
Atualmente, existem vários serviços de difusão usando os padrões DVB. Existem
centenas de fabricantes oferecendo equipamento compatível com DVB, que já está sendo
usado no mundo todo. O DVB domina o mundo da difusão digital. Vários outros serviços
106

também estão no ar com DVB-T, DVB-S [14] e DVB-C [14], incluindo dados em sistemas
móveis e Internet de banda larga transmitida pelo ar.

6.2.2 Características de Vídeo do Modelo DVB – T

O DVB caracteriza-se por ser um padrão muito flexível com relação aos modos de
configuração, conforme especificado no capítulo 5, permitindo transmitir diversas qualidades
de vídeo numa banda de 6 MHz, 7 MHz ou 8 MHz.
Assim como o padrão americano, utiliza o MPEG-2 como codificador de vídeo, o que
possibilita uma vasta combinação de acordo com os perfis e níveis adotados. A Tabela 6.4
demonstra as resoluções utilizadas no padrão europeu de TV digital para alta definição [13].

Tabela 6.4 – RESOLUÇÕES DVB – T PARA HDTV


Fonte: DVB PROJECT. Digital Vídeo Broadcasting (DVB). DVB document. 2001.

LINHAS PIXELS RAZÃO DE TAXA DE QUADROS POR


VERTICAIS ASPECTO SEGUNDO (Hz)
1152 1440 16:9 25 entrelaçado
23.976 progressivo, 24 progressivo
25 entrelaçado, 25 progressivo
1080 1920 16:9
29.97 progressivo, 29.97 entrelaçado
30 progressivo, 30 entrelaçado
25 entrelaçado, 29.97 entrelaçado
1035 1920 16:9 30 entrelaçado
23.976 progressivo, 24 progressivo
25 progressivo, 29.97 progressivo
720 1280 16:9
30 progressivo, 50 progressivo
59.94 progressivo, 60 progressivo
107

A Tabela 6.5 demonstra as resoluções empregadas no modo SDTV.

Tabela 6.5 – RESOLUÇÕES DVB – T PARA SDTV


Fonte: DVB PROJECT. Digital Vídeo Broadcasting (DVB). DVB document. 2001.

25 progressivo, 25 entrelaçado
720 16:9 ou 4:3 50 progressivo
25 progressivo, 25 entrelaçado
544 16:9 ou 4:3
576
25 progressivo, 25 entrelaçado
480 16:9 ou 4:3
25 progressivo, 25 entrelaçado
352 16:9 ou 4:3
23.976 progressivo, 24 progressivo
29.97 progressivo, 29.97 entrelaçado
720 16:9 ou 4:3 30 progressivo, 30 entrelaçado
59.94 progressivo, 60 progressivo
23.976 progressivo, 24 progressivo
29.97 progressivo, 29.97 entrelaçado
480 640 4:3 30 progressivo, 30 entrelaçado
59.94 progressivo, 60 progressivo

23.976 progressivo
544 16:9 ou 4:3 29.97 progressivo
29.97 entrelaçado
23.976 progressivo, 29.97 progressivo
480 16:9 ou 4:3 29.97 entrelaçado
352 16:9 ou 4:3 23.976 progressivo, 29.97 progressivo
29.97 entrelaçado
288 352 16:9 ou 4:3 25 progressivo
352 16:9 ou 4:3 23.976 progressivo
240 29.97 progressivo

Cabe salientar a preferência dos países europeus pelas definições SDTV,


possibilitando assim, o envio de quatro a seis programações diferentes, de acordo com a
banda utilizada em cada país (6 MHz a 8 MHz).
108

6.2.3 Características de Modulação do Modelo DVB – T

O sistema europeu utiliza a modulação COFDM (Coded Orthogonal Frequency


Multiplexing), que é um sistema multiportadora, onde cada portadora é ortogonal com relação
aos demais e que foi apresentado no capítulo 3. Cada sub-portadora pode ser modulada
utilizando QPSK, 16QAM, ou 64QAM, dependendo das condições de transmissão e da taxa
de bits requerida (transmissão de HDTV ou SDTV). Então, o COFDM tem por características:
quebrar um fluxo de dados seriais em muitos paralelos, gerando fluxos com taxas de bits
menores, utilizar sub-portadoras para transmitir as baixas taxas de fluxo de dados
simultaneamente, garantindo através de um cuidadoso espaçamento entre sub-portadoras
interferências, tornado-as ortogonais entre si [14].
Cabe salientar que a modulação OFDM passa a ser chamada de COFDM, pois, o sinal
digital antes de ingressar no modulador OFDM é codificado por código corretor de erros que
aumenta significativamente a robustez do sinal perante as interferências a que está sujeito no
meio de transmissão.

6.2.4 Características de Áudio do Modelo DVB – T

O modelo europeu adotou o MPEG como codificador no seu subsistema de


compressão de áudio, o qual foi apresentado no capítulo 4.
O sistema de compactação de áudio MPEG-1 apresenta três camadas. A primeira
camada utiliza quadros de comprimento fixo com taxas de compressão de 5.5:1 em 256
kbps,a segunda camada também utiliza quadros de comprimento fixo e com taxas de
compressão de 7.3:1 a 192 kbps. Somente a terceira camada possui quadros de comprimento
variável e com taxas de compressão de 11:1 em 128 kbps. Esta mesma camada possui uma
maior complexidade e eficiência do algoritmo, porém é mais suscetível a erros de
transmissão. Por esse motivo o padrão DVB adotou o sistema MPEG-1 utilizando as camadas
1 e 2. O sistema MPEG-2, também adotado pelo padrão DVB, apresenta compatibilidade com
o sistema MPEG-1, e, além do áudio 5.1, o MPEG-2 suporta até sete fluxos adicionais em
qualidade de voz. Esses fluxos adicionais podem ser utilizados para transmissão simultânea
em vários idiomas e/ou closed captation que é um sistema de transmissão de legendas via
sinal de televisão. Essas legendas podem ser reproduzidas por um televisor que possua função
109

para tal, e tem como objetivo permitir que os deficientes auditivos possam acompanhar os
programas transmitidos. As legendas ficam ocultas até que o usuário do aparelho acione a
função na televisão através de um menu ou de uma tecla específica [14].

6.3 ISDB – T

Nos tópicos a seguir descrever-se - á o modelo japonês de TV digital.

6.3.1 Histórico

O padrão japonês foi desenvolvido pelo consórcio DiBEG (Digital Broadcasting


Experts Group). Sua principal característica é a flexibilidade, possibilitando a transmissão de
vídeo, áudio e dados.
A implantação da TV digital no Japão começou em dezembro de 2003 em Tókio, e em
outras duas cidades metropolitanas, Nagoya e Osaka. O modelo de implantação foi
fundamentado na outorga de um canal de freqüência para cada emissora analógica
Em outubro de 2004 as cidades de Ibaraki e Toyama passaram também a contar com
transmissões digitais dos sinais de televisão, sendo então, alcançada a marca de mais de 18
milhões de domicílios até o fim do ano de 2004, cerca de 40% dos lares japoneses. Neste
mesmo ano a produção em conteúdo digital pela NHK já era de 90%.
A grande dificuldade encontrada pelo governo para a implementação da TV digital no
Japão foi devida ao congestionamento no espectro de freqüências do país. Grandes
investimentos tornaram-se necessários para realocar as freqüências analógicas, liberando
assim as mesmas para a transmissão digital [4].
O mercado de radiodifusão no Japão é altamente competitivo, embora tenha a NHK
que é uma emissora pública, a disputa pela audiência é bastante acirrada.
Está previsto para julho de 2011 o desligamento das transmissões analógicas, passando
a operar então, em todo o continente [3].
110

Com relação ao modelo de exploração, a programação baseia-se principalmente na


monoprogramação, ou seja, pela alta definição de imagem (HDTV), mas não é exclusiva, uma
vez que a NHK (emissora pública japonesa) utiliza eventualmente a multiprogramação
(SDTV) em alguns horários de sua grade.
A Tabela 6.6 demonstra as principais características do modelo japonês de TV digital.

Tabela 6.6 – CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE IMPLANTAÇÃO JAPONÊS


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003
Lançamento Dezembro de 2003.
2004: 18 milhões de domicílios (38% do total);
2005: 27 milhões de domicílios (57%);
Presença nacional
2006: disponível em todas as cidades (80%).
A monoprogramação em alta definição (HDTV) deve ter uma
fração superior a 50% da programação total;
Aspectos técnicos
a programação deve conter legendas e informações
adicionais.
Fim da transmissão Prevista para julho de 2011.
analógica

6.3.2 Características de Vídeo do Modelo ISDB – T

O modelo japonês de TV digital apresenta os seguintes formatos de acordo com as


combinações utilizadas no padrão MPEG-2, que foi detalhado no capítulo 5, salientando-se a
preferência neste país, assim como nos Estados Unidos, pela monoprogramação, garantindo
assim, imagem com definição de alta qualidade. A Tabela 6.7 demonstra as resoluções
utilizadas no ISDB – T.
111

Tabela 6.7– RESOLUÇÕES ISDB


Fonte: ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television Broadcasting. Ver.
1.5. Jul. 2003

LINHAS PIXELS RAZÃO TAXA DE QUADROS POR


VERTICAIS DE SEGUNDO (Hz)
ASPECTO
1080 1920, 1440 16:9 30 intercalado
720 1280 16:9 60 progressivo
480 720 16:9 60 progressivo
480 720, 544, 480 16:9 ou 4:3 30 intercalado
240 352 16:9 ou 4:3 30 progressivo

6.3.2 Características de Modulação do Modelo ISDB – T

Com relação à transmissão, apresenta uma evolução com relação a utilizada no padrão
europeu. Utiliza a modulação BST-COFDM [4], que foi apresentado no capítulo 3, sendo este
um sistema multiportadora. Cada subportadora pode ser modulada utilizando QPSK, DQPSK,
16QAM ou 64QAM. No ISDB a banda é fragmentada utilizando o método BST-COFDM,
em 13 segmentos distintos que podem ser configuradas de 3 modos distintos. Cada um destes
modos, que são denominadas camadas do sistema pode ser modulado de forma independente,
através de modulações multiníveis.

6.3.3 Características de Áudio do Modelo ISDB – T

O MPEG-2: AAC (Advanced Audio Coding) é o sistema adotado pelo padrão japonês
ISDB. Este sistema foi apresentado no capítulo 4. Uma das características desse sistema é a
propriedade de análise da redundância da informação entre vários fluxos, isso não ocorre, por
exemplo, no sistema MPEG-2 utilizado no padrão DVB. Também permite acomodar até 48
fluxos de áudio e até 15 programas distintos [3].
112

O AAC foi desenvolvido pelo grupo MPEG, que inclui empresas tais como a Dolby,
Fraunhofer, AT&T, Sony e Nokia (companhias que foram também responsáveis pelo
desenvolvimento das ferramentas áudio MP3 e AC-3).
Devido a sua excelente qualidade a várias taxas, o uso da norma AAC está a
começando a ser adotado em larga escala [4].
O AAC é o formato de áudio usado no sistema de Digital Broadcast japonês, o ISDB
(Integrated Services Digital Broadcasting), sendo também utilizado em vários sistemas
portáteis de som e é suportado pela maioria dos softwares reprodutores de áudio usados
atualmente.

6.4 TV DIGITAL NO BRASIL

Nos tópicos a seguir descrever-se - á o modelo brasileiro de TV digital.

6.4.1 Histórico

Através do decreto nº. 4.901 de 26 de novembro de 2003 o presidente Luis Inácio Lula
da Silva instituiu o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), fortemente baseado na
inclusão social promovendo a diversidade cultural no país.
A partir deste decreto, iniciou-se no Brasil testes com os três sistemas implementados
mundialmente (ATSC – T, DVB – T e ISDB – T). Estes testes foram realizados pela SET
(Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão), ABERT (Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão), e Instituto Mackenzie, com acompanhamento e metodologia
da Anatel/CPqD.
A partir disso, diversas universidades brasileiras, através de seus centros de pesquisa,
desenvolveram testes em áreas distintas como terminal de acesso, canal de retorno,
modulação, transporte, compressão de sinal, middleware e aplicativos, que, em conjunto,
proporcionariam a configuração dos resultados do SBTVD. Também participaram indústrias e
emissoras agrupadas em 22 consórcios com trabalhos técnicos coordenados pelo CPqD [10].
113

Várias propostas surgiram como o MI-SBTVD desenvolvida com recursos do FINEP,


através de um consórcio do qual o Inatel foi o coordenador, integrado também pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), do CEFET/PR e da empresa Linear Equipamentos Eletrônicos. O objetivo deste
consórcio era de desenvolver um subsistema de modulação com desempenho superior aos
atuais padrões existentes em função de novas tecnologias que seriam incorporadas, porém,
que fosse realizável sem aumento significativo de complexidade, e consequentemente de
custos. As simulações comprovaram sua superioridade frente aos sistemas atuais [11].
Ao mesmo tempo, os outros consórcios trabalhavam nos demais subsistemas do
SBTVD. A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveu uma plataforma de
middleware para sustentar aplicações com interatividade. A USP desenvolveu um terminal de
acesso, onde o middleware da UFPB pudesse ser instalado e o telespectador, através de um
controle remoto, pudesse controlar todas as funções interativas. A UFSC desenvolveu
programas com conteúdo interativo que pudesse ser suportado pelo middleware da UFPB.
No dia 12 de maio de 2006, realizou-se a união destes subsistemas, sendo que, o
transmissor desenvolvido pelo consórcio MI-SBTVD recebeu o sinal de vídeo com
informações interativas desenvolvido pela UFSC. O sinal de vídeo foi enviado ao receptor do
MI-SBTVD e entregue ao terminal de acesso da USP, onde se se instalou o middleware da
UFPB. Um controle remoto possibilitou a interação [10].
Esse sistema foi totalmente concebido e desenvolvido por pesquisadores brasileiros,
demonstrando um desempenho muito satisfatório.
A Tabela 6.8 demonstra os resultados obtidos pelos consórcios.

Tabela 6.8 – CONSÓRCIOS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO DO SBTVD


Fonte: Ministério das Comunicações. Relatório dos consórcios do SBTVD. Disponível em:
<http://www.mc.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=7994>. Acessado em: 20 jul. 2007.
PUC - Rio de Janeiro - Sincronismo de Mídia
Middleware UFPB - FlexTV
UNICAMP Recomendação de Middleware
Compressão Universidade Federal de Campina Grande - Transcodificador de Vídeo H.264
Vídeo Consórcio H264Brasil - Codificador e Decodificador de Vídeo H.264/AVC
Modulação Instituto Mackenzie - Modulação e Demodulação - Recomendações
Instituto Mackenzie - Modulação e Demodulação - Testes de Integração
PUC - Rio Grande do Sul SORCER
Canal de UNICAMP - Canal de Interatividade RF Intrabanda
Retorno
Terminal de PUC - Rio Grande do Sul - Sistema de Antena Inteligente
acesso USP - Terminal de Acesso de Referência
114

Além disso, o CPqD desenvolveu vários relatórios para auxiliar na escolha de um


padrão para a TV digital brasileira. Esses relatórios contemplavam não só as tecnologias
existentes, também analisava fatores sócio-econômicos, cadeia de valores, etc.
Apesar dos excelentes resultados obtidos pelos consórcios brasileiros, com
implementações de subsistemas de modulação, middleware entre outros, através do decreto
nº. 5.820, de 29 de junho de 2006 o governo brasileiro adotou oficialmente o padrão japonês
(ISDB – T), uma decisão muito criticada uma vez que, atendeu as pressões das emissoras de
televisão brasileiras [11].
As criticas se devem ao fato das TVs brasileiras, reunirem em uma só empresa
produção, programação e distribuição, tendo o padrão japonês como melhor opção ao modelo
atual, pois permite que as emissoras transmitam seu sinal diretamente a celulares, sem passar
pela rede das operadoras. Além disso, a tecnologia garante que as empresas recebam um canal
completo de 6 MHz para a transmissão digital. As emissoras temiam receber menos que isso,
como aconteceu em países europeus (DVB – T) que optaram por aumentar a diversidade no
mercado de televisão através da multiprogramação. O governo também beneficiou as
operadoras ao decidir pela criação de quatro canais públicos no decreto da TV digital,
ocupando o espectro disponível. Com isso, foi afastada a possibilidade de se licitar novos
canais e de se criar novas redes nacionais privadas.
Outro ponto criticado se deve ao fato de que o decreto da criação de TV digital e o
acordo com os japoneses não definem quanto da pesquisa local alcançada pelos consórcios
será incorporada no sistema a ser adotado aqui [11].
Críticos defendem que do ponto de vista econômico o melhor sistema seria o norte
americano (ATSC – T), pois, devido as exportações permitiria a utilização de um sistema
único nas Américas, sem contar que o Brasil exporta muitos televisores para a América do Sul
e também para os Estados Unidos, beneficiando as empresas brasileiras, do ponto de vista de
preço ao consumidor seria o modelo europeu (DVB – T), pois devido a fabricação em grande
escala diminuiriam os preços dos conversores para o consumidor.
O decreto também estabelece prazo de 10 anos para que toda transmissão terrestre no
país seja digital. Nesse período, os sinais analógicos e o digital serão transmitidos
simultaneamente.
115

6.4.2 Inovações

O sistema brasileiro de TV digital (SBTVD) optou pelos codificadores MPEG-4, ou


H-264, como também são conhecidos.
A capacidade de compressão digital do MPEG-4 é a melhor dentre os codificadores
atuais. Os codificadores MPEG-2 utilizados nos atuais sistemas de TV digital já foram
desenvolvidos a mais de uma década e estão em seu limite tecnológico. Os países que o
adotaram anteriormente hoje têm dificuldades para substituí-los por algo mais atual já que
possuem muitos de receptores disseminados, o que dificulta sua atualização, pois para
qualquer modificação no sistema deve-se ter em conta os custos de substituição e garantias
aos atuais usuários [11].
Como o Brasil ainda não implementou a TV digital e conseqüentemente não difundiu
receptores, teve total liberdade de escolha pelo padrão MPEG-4
A codificação de áudio e de vídeo é totalmente nova no padrão brasileiro, usando o
padrão H.264 em diferentes níveis e perfis. Para a transmissão fixa, será usado o H.264 -
HP@L4.0 nos formatos 480i, 480p, 720p e 1080i e na taxas de quadros 25, 30, 50 e 60 Hz.
As taxas 25 Hz e 50 Hz foram adotadas apenas para que o padrão possa ser usado em
diferentes países, e no Brasil não serão usadas. Já a compressão de áudio será MPEG-4 AAC
a 48 kHz, nos perfis e níveis AAC@L4 e HE-AAC@L4, sendo que a primeiro é para som
estéreo e a segunda para som 5.1.
O uso do padrão Dolby utilizado no padrão norte americano no sistema brasileiro
ainda é duvidoso uma vez que, seu desenvolvimento extrapolaria o prazo para o início da
implementação da TV digital no Brasil.

Para os receptores, foram definidos alguns requisitos mínimos e outros opcionais. Será
obrigatório, por exemplo, suportar o formato de vídeo especificado para o padrão nacional.
Na questão de segurança foram definidas três normas: uma com criptografia do
conteúdo transmitido (não possibilitando a cópia do conteúdo exibido), que só será adotada
caso haja uma legislação específica; outra para interfaces, permitindo que as pessoas assistam
ao conteúdo ao vivo com resolução máxima, mas que só possam gravar com 480 linhas; e
outra para ferramentas adicionais, como cartões de segurança, mas que ainda não foi
aprovada.
116

O canal de retorno poderá se dar por qualquer plataforma existente. Os set-top boxes
poderão ter portas de rede, modem, ou ainda WI-FI, GPRS, conforme a opção do fabricante.
Outra novidade é o middleware Ginga. A grande diferença da tecnologia nacional é no
uso memória e de processamento do sistema brasileiro, muito mais racional que os modelos
internacionais, pois segundo pesquisas o middlewares adotados nos três sistemas
internacionais são mais pesados, pois agregaram diferentes linguagens de programação,
muitas vezes duplicando funções.

6.4.3 Implantação da TV digital no Brasil

Será consignado para cada emissora um canal de 6 MHz para transmissão de TV


digital. A cobertura de TV digital de cada canal deve ser a mesma do canal analógico
correspondente. A transmissão de TV digital terá início na cidade de São Paulo e se entenderá
depois para as demais capitais e principais cidades, até atingir todo o país.
O cronograma de implementação da TV digital nas capitais do Brasil é demonstrada
na Tabela 6.9.

Tabela 6.9 – DIVISÃO DE CAPITAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO SBTVD


Fonte : ANATEL. Cronograma de Implantação da TV Digital no Brasil. 2007
SÃO PAULO, BELO HORIZONTE
GRUPO 1 BRASÍLIA, FORTALEZA,
RIO DE JANEIRO, SALVADOR
BELÉM, CURITIBA, GOIÂNIA
GRUPO 2
MANAUS, PORTO ALEGRE, RECIFE
CAMPO GRANDE, CUIABÁ, JOÃO PESSOA
GRUPO 3
MACEIÓ, NATAL, SÃO LUIS, TERESINA

No dia 09 de abril de 2007, dez emissoras de TV de São Paulo, entre elas a Record, o
SBT e a Rede Globo, receberam autorização do Ministério das Comunicações para digitalizar
o sinal de transmissão. A partir da assinatura do termo de consignação dos canais do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), as emissoras receberam permissão para instalar os
equipamentos necessários transmissão digital comercial.
117

Até o fim do ano de 2007, no mês de dezembro pretende-se realizar em São Paulo as
primeiras transmissões digitais.

6.5 IPTV

IPTV (Internet Protocol Television) é um termo que descreve um sistema onde o


serviço de TV digital é entregue ao usuário utilizando-se IP (Internet Protocol) por uma
conexão de banda larga.
A tecnologia não é muito restrita e se um usuário assiste um fluxo de vídeo da Internet
no seu computador, ele está utilizando da IPTV no seu conceito mais básico. Dessa forma,
trabalhos desenvolvidos nos grupos de trabalho de vídeo digital compõem um serviço básico
de IPTV, com transmissão de vídeo ao vivo e sob demanda. Com o avanço da tecnologia da
compressão de vídeo e o grande crescimento da capacidade e disponibilidade de alta banda de
rede para usuários domésticos, a transmissão de vídeo em pacotes IPs se tornou possível,
fazendo da IPTV uma realidade
O investimento no mercado de IPTV está sendo feito na sua maior parte pelas
empresas de telecomunicações, as teles. As teles já possuem um grande número de clientes
para os serviços de voz e dados. Juntando com a grande estrutura de rede já existente, se
forma um grande sistema de distribuição de vídeo sobre IP, uma grande rede de IPTV. Dessa
forma as teles passam a oferecer um serviço triplo com voz, dados e vídeo, entrando como
grande concorrente ante as emissoras de TV que já haviam passado a oferecer Internet banda
larga por sua estrutura de transmissão (cabo ou satélite).
Da mesma forma que as empresas de TV a cabo utilizam o cabo coaxial como meio
físico para conexão Internet, as de telefonia utilizam à conexão provida ao usuário (ADSL ou
ADSL2, por exemplo) para entrega dos serviços de TV. A tríade voz/dados/vídeo é vista
como o grande alicerce de comunicação de uma residência, e provavelmente um cliente só
pagará a uma única empresa para o pacote. A IPTV parece criar então uma grande revolução
no mercado, exigindo as duas vertentes (TV e teles) a investirem na melhoria e ampliação dos
seus serviços, na briga pelos clientes em potencias que são, em sentido amplo, todas as
residências do mundo.
Mas para que a teles consigam conquistar os clientes das TVs por assinatura, elas
precisam oferecer mais que um serviço básico de televisão. Elas devem passar de serviços
118

básicos como broadcast de canais e vídeo sob demanda para serviços avançados, que podem
incluir HDTV, replay de vídeo, visão multiângulo, além de possibilitar a gravação de vídeo.
As teles devem aproveitar ainda sua rede já estruturada para oferecer serviços que se
tornam simples para elas, como canal de interatividade para TV de alta velocidade, além da
capacidade exclusiva de permitir a realização e recepção de chamadas de voz pela TV.
Percebe-se que devido a utilização do protocolo IP para transmissão de vídeo, a IPTV
abre um grande leque de possibilidades para a nova geração de TV digital, já que os demais
serviços de comunicação (como voz e dados) também já migraram para o IP. Torna-se
possível então à convergência de múltiplos serviços para a TV, capacidade que ainda não é
explorada em sua magnitude.
Mais do que um serviço adicional, a IPTV representa uma nova esperanças as teles,
que estavam em decadência por terem seus serviços substituídos por serviços equivalentes.
Com isso podemos ter a certeza de um grande investimento no IPTV, fazendo com que não
seja apenas um modismo passageiro ou uma tendência que nunca será estabelecida para uma
tecnologia que está avançando paralelamente a digitalização da TV.
O set-top box, equipamento responsável pela conversão do sinal digital para sinal
analógico para TVs analógicas, que estava com seus dias contados, para a voltar com a IPTV;
servindo não só como interface entre a rede IP e a TV, mas como um concentrador de
serviços de comunicação doméstica, com capacidade de oferecer serviços que não são
possíveis para o esquema de transmissão de TV digital convencional. Há também a
possibilidade do envio agregado de aplicações, da mesma forma dos modelos convencionais
de TV digital, possibilitando interatividade com o usuário.

6.5.1 Tecnologias

Para um sistema de IPTV o vídeo é codificando em algum ponto e encapsulado em


pacotes IP para então serem distribuídos pela rede. A codificação pode ser feita em MPEG-2,
MPEG-4, H.264 ou ainda Windows Media. Como os pacotes de vídeo circulam na rede
juntamente com pacotes de voz e dados, um esquema de QoS (Qualidade de Serviço) pode e
deve ser aplicado para garantir uma boa qualidade do vídeo para os clientes, como vídeos sem
travamentos, atrasos ou erros.
119

Como requisições de QoS podem não ser reconhecidas quando pacotes IPs atravessam
diferentes redes, um sistema de IPTV em que o provedor detenha toda a estrutura de
transmissão já conta com uma vantagem, justamente devido ao tráfego QoS que seria
aplicado; essa é uma vantagem principalmente das teles. O set-top box para um sistema de
IPTV deve ter funções específicas para o serviço, como autenticação, requisição de troca de
canal, tarifação, requisições de vídeo sob demanda, entre outros.

6.5.2 Protocolos Utilizados

No serviço de IPTV podem ser incluídos serviços de broadcast de TV, bem como
vídeo sob demanda (VoD). Geralmente para entrega do fluxo de vídeo, usa-se MPEG-2.
O fluxo de vídeo incluído no TS (Trasport Stream) geralmente é codificado em
MPEG-2 ou H.264. Para sinalização de troca de canal (no caso de serviço de TV broadcast)
usa-se o protocolo IGMP, utilizado para realocar o usuário em grupos Multicast. RTSP
também é utilizado para serviços de VoD.

6.5.3 Expectativas Futuras

Apesar de algumas deficiências, principalmente no quesito de baixa capacidade de


rede (ainda) disponível, o IPTV tem chances de oferecer serviços muito mais interativos que a
TV a cabo. Todas as soluções baseadas em IP são naturalmente digitais e possibilitam novas
aplicações interessantes. Visualizar quem esta chamando no celular na TV, ler e-mails na TV,
gravação simultânea de mais de um canal ao mesmo tempo, entre muitas outras.
Como os set-top box serão equipados com interface Ethernet e IP abre a possibilidade de fácil
integração com o computador, por exemplo. Cada vez mais o set-top box poderá se tornar um
centro de mídia e comunicação doméstico, agregando voz, dados e vídeo num único
equipamento, mais amigável que um PC.
120

CONCLUSÃO

A implantação da TV digital é um grande avanço no que diz respeito a radiodifusão


terrestre, tendo como principal característica a melhoria da qualidade da imagem, através da
TV de alta definição (HDTV), possibilitando também através dos avanços tecnológicos
decorrentes a interatividade, fazendo com que o telespectador interaja com as informações
enviadas pelas emissoras de televisão.
Estas alternativas, no entanto não são todas simultaneamente realizáveis, seja por
limitações técnicas (uso da banda) ou de custo. E são estes os fatores cruciais no
desenvolvimento ou na adoção de um modelo de TV digital, pois, é desaconselhável
posicionar-se a favor ou contra determinado sistema baseado, por exemplo, tão somente em
características técnicas, pois, seu desenvolvimento poderia acarretar um produto final muito
caro, inacessível as classes mais pobres.
Torna-se necessária uma análise econômica em conjunto com as características técnicas,
visando encontrar a melhor solução para um determinado país.
No caso da adoção de um modelo já existente deve-se verificar que cada sistema oferece
condições e particularidades que atendem aos países em que foram desenvolvidos, por
exemplo, pode-se citar que o sistema americano (ATSC) privilegia uma televisão com alta
definição, o japonês (ISDB), além da alta definição das imagens, tem como característica
marcante a mobilidade. O sistema europeu (DVB), por sua vez, privilegia a múltipla
programação, a interatividade e novos serviços.
Numa comparação direta entra os sistemas ATSC – T, DVB – T e ISDB – T verifica-se
que cada um deles possui características únicas, aplicáveis aos países de origem. O padrão
desenvolvido nos Estados Unidos (ATSC – T) prioriza a alta definição de imagem, tendo
problemas na recepção móvel e pouca ênfase na interatividade e multiprogramação,
características decorrentes de um país onde grande parte da população tem acesso a TV por
assinatura e internet, o DVB – T adotado na Europa privilegia a multiprogramação,
possibilitando assim que mais programas cheguem até o usuário, e a possibilidade de inserção
de novas emissoras, uma vez, que ocorre a otimização do espectro disponível para as
transmissões dos sinais de TV, já o padrão implementado no Japão e agora adotado no Brasil,
tem como vantagem a integração de serviços.
121

O padrão japonês foi idealizado de forma a transmitir sinais de vídeo não só para
aparelhos de TV tradicionais, mas também para celulares e demais equipamentos móveis,
unindo a qualidade da transmissão em alta definição à portabilidade.
Por ter sido o último padrão desenvolvido, possui características técnicas um pouco
superiores aos citados anteriormente. É também o mais próximo da transmissão de
informações multimídia, uma das características que o padrão escolhido para o Brasil deverá
atender, mas é também o mais caro em investimentos.
Analisados de forma geral, os sistemas possuem muitas semelhanças, uma vez que
utilizam, por exemplo, o MPEG-2 como codificador de vídeo em seus subsistemas de vídeo, a
diferença se faz no uso dessa ferramenta, nas configurações escolhidas para atender as
escolhas de multiprogramação e monoprogramação, por isso, pode-se dizer que cada sistema
é ideal para seu idealizador, onde cada consórcio buscou-se aperfeiçoar ao máximo as
vantagens, tentando sobrepor as desvantagens (geográficas, econômicas, sociais) tendo como
produto final um sistema de qualidade acessível a todas as parcelas da população.
Para o Brasil, um padrão de televisão digital deve contemplar as reais necessidades da
sociedade brasileira, tendo em vista o perfil de renda da população e as novas possibilidades
abertas através da interatividade.
É necessário que a TV digital brasileira possua baixo custo e robustez na recepção,
flexibilidade, de modo que as emissoras possam escolher esquemas de programação e
modelos de negócio de acordo com sua conveniência e dos consumidores, interatividade e
promoção de novas aplicações à população, proporcionando educação e cultura, para
contribuir com a formação de uma sociedade apta a enfrentar os desafios de um mundo onde a
informação e o conhecimento são cada vez mais importantes para alcançar o progresso
econômico e o bem-estar social.
A escolha do sistema japonês pelo governo brasileiro acabou sendo uma decisão mais
política do que técnica ou econômica, pois, cedeu as pressões das emissoras de televisão, que
vêem o sistema nipônico como o que melhor atende aos seus interesses, uma vez que
praticamente descartam a possibilidade de entrada de novas emissoras, sem contar que elas
(as emissoras) irão controlar também as transmissões para equipamentos móveis (celular, por
exemplo), ou seja, as emissoras de televisão não terão novos concorrentes e de quebra
ganharam um novo mercado para explorarem que é o de transmissões para equipamentos
móveis.
122

REFERÊNCIAS

[1] ABERT/SET. Relatório Final Sobre Testes em Sistemas de TV Digital. Agência


Nacional de Telecomunicações.

[2] Advanced Television Systems Committee. ATSC Document A/52B. Digital Audio
Compression Standard AC-3. Revision B, Washington, D.C., Jun. 14, 2005.

[3] ARIB Standard. STD-B31. Transmission System for Digital Terrestrial Television
Broadcasting. Ver. 1.5. Jul. 2003.

[4] ARIB. Technical Report, disponível em: < http://www.arib.org.jp> . Acessado em 10 de


junho de 2007

[5] ATSC, ATSC Stardard A/52. Digital Áudio Compression (AC-3). 1995.

[6] ATSC, ATSC Stardard A/53. ATSC Digital Television Standard. 1995.

[7] ATSC. Technical Report. Disponível em < http://www.atsc.org>. Acessado em 10 de


junho de 2007.

[8] BRETL, Wayne, et al. Proceeding of IEEE. ATSC, Modulation and Transmission Vol.
94, January 2006.

[9] CHIQUITO, José Geraldo, et al. Camada de Transmissão e Modulação de Televisão


Digital de Alta Definição. UNICAMP, 1997.

[10] CPqD. Arquitetura de Referência. OS 40.541. Campinas-SP, 2005.

[11] CPqD. Especificação Técnica de Referência OS 40.544. Campinas-SP, 2006.

[12] CPqD. Modelo de Referência: Sistema Brasileiro de Televisão Terrestre. Campinas-


SP, 2005.

[13] DVB PROJECT. Digital Vídeo Broadcasting (DVB). DVB document. 2001.

[14] DVB. Technical Report. Disponível em < http://www.dvb.org>.Acessado em 10 de


junho de 2007.
123

[15] HENDRESON. John G. N. Proceedings of IEEE. ATSC DTV Receiver


Implementation. Vol. 94. Nº1. January 2006

[16] ISO/IEC JTCI/SC29. Information Technology -Generic Coding of Moving Pictures


and Associated Audio Information – IS 13818 (Part 3, Audio).1995

[17] NETO, Vicente Soares. Telecomunicações: Sistemas de Modulação, 2003. 130p

[18] SENATORI, N.; Suckys F. Introdução à Televisão e ao Sistema Pal-M. Guanabara,


Rio de Janeiro, 1987.

[19] SEYMOUR, Shlien. Guide to MPEG-1 Audio Standard Vol. 4. Nº. 4. 2002.

[20] UNICAMP. Revista Científica Periódica: Telecomunicações. Volume 3. Nº. 1. Abril


de 2000.

[21] UNIVERSIDADE MACKENZIE. Revista Mackenzie de Engenharia e Computação.


Ano5. Campinas-SP, 2005.

[22] Whitaker, J.C. DTV: The Revolition in Digital Vídeo Second Edition McGraw-Hill,
New York, 1999.

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