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5.

ANÁLISE DE REDES

Na antiguidade: redes (problemas)...


• Fluviais / marítimas (transportes)
• Para abastecimento de água
• De esgotos

Na actualidade: redes (problemas)...


• Ferroviárias / rodoviárias
• Eléctricas
• De comunicações

Modelação / resolução de problemas: através de redes...


• Gestão de projectos (PERT / CPM)
• Gestão da produção
• Problemas de transporte / distribuição

Optimização de redes vs. Programação linear

Problemas simples (árvore de cobertura mínima, caminho mais curto, ...)


vs.
Problemas difíceis (caixeiro-viajante, ...)

Conceitos base:

Redes (ou grafos): nós + arcos (orientados, se lhes estiverem associados


sentidos)
Arcos conexos: arcos com um nó comum
Rede conexa: qualquer par de nós, tem, sempre, um caminho a ligá-los
Árvore: rede conexa, em que o caminho a ligar qualquer par de nós é
único

DEG, Acácio Porta Nova, 2003 (rev. 2004, João Lourenço) 145
Cadeia: sequência de arcos tal que um está ligado ao arco anterior por
uma extremidade e ao arco seguinte pela outra extremidade (corresponde
a um caminho num grafo orientado)

Caminho: sequência de arcos tal que a extremidade final de cada arco


coincide com a extremidade inicial do seguinte

Ciclo: cadeia finita que parte de um nó e alcança esse mesmo nó


(corresponde a um circuito num grafo orientado)

Circuito: caminho finito no qual o nó inicial do primeiro arco coincide


com o nó final do último arco

Lacete: circuito constituido por um só arco e um só nó

Problema: Uma autarquia local quer levar energia eléctrica a um pequeno


lugar, constituído por sete casas isoladas, entre as quais a Casa do Povo
comunitária (4). As ligações serão feitas por cabos aéreos, suportados por
postes, que também servirão para iluminação pública; para facilitar o
cabimento das despesas de instalação, deseja-se minimizar o comprimento
total dos cabos eléctricos, mas assegurando a ligação de todas as casas.
A figura a seguir mostra as distâncias aproximadas entre as várias casas
a ligar (em metros).

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⇒ ÁRVORE DE COBERTURA MÍNIMA (algoritmo “ganancioso”)
1. Inicialização: seleccionar um nó qualquer.
2. Critério de Paragem: esgotados os nós a incluir na árvore.
3. Iteração: seleccionar, entre os nós fora da árvore, o que estiver mais
próximo dos já incluídos e acrescentá-lo à árvore (desempatar
arbitrariamente).

A aplicação do algoritmo conduz à seguinte árvore (há várias alternativas,


com os mesmos nós e comprimento total, mas diferentes arcos):

Comprimento total de cabo eléctrico: 2 × (30 × 2 + 4 × 28) = 344 metros

Exercício (Hillier et al., 2001): A gestão do Parque Seervada necessita de


determinar sob que estradas deverão ser enterrados os cabos telefónicos
para ligar as várias estações nele existentes, entre as quais a entrada do
parque (O) e um ponto turístico de interesse (T).
Distâncias (em milhas):

[14]

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Problema: O êxito dos gambozinos internacionalizou-se e a gestão da Bona
Fide precisa de estabelecer a ligação rodoviária mais curta entre a nova
fábrica em Laxos (A) e o entreposto distribuidor em Naxos (H), existindo
a seguinte rede de estradas (de diferentes categorias, mas todas transitáveis
para os camiões de transporte) entre as duas povoações (distâncias em
km):

⇒ CAMINHO MAIS CURTO


1. Inicialização: seleccionar o nó origem.
2. Critério de Paragem: atingido o nó destino.
3. Iteração: determinar, entre os nós ainda não analisados, o(s) que
estiver(em) mais próximo(s) dos já incluídos e acrescentá-lo(s) à lista
dos nós a considerar na próxima iteração, retirando os que deixarem de
ter ligação directa a nós não analisados (devem ser incluídos, na lista,
todos os nós “empatados”).

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Nós analisados Ramos Distância à I-ésimo nó
Iteração
ligados a não anal. considerados origem mais próximo
1 A AC 40 C
A CB 45 B
2, 3
C CD 45 D
B BE 60
4 C CF 47 F
D DF 50
B BE 60
C CE 60
5
D DG 55 G
F FG 61
B BE 60 E
C CE 60 E
6
F FE 62
G GH 100
E EH 110
7 F FH 117
G GH 100 H
Caminho mais curto: H → G → D → C → A (100 km)

Exercício (Hillier et al., 2001): No Parque Seervada, determinar o caminho


mais curto entre a entrada do parque (O) e o ponto turístico de interesse
(T).
Distâncias (em milhas):

[13]

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GESTÃO DE PROJECTOS COM PERT / CPM

Program
Evaluation and
Review
Technique

Critical
Path
Method

Fins dos anos (19)50s


• Projecto de desenvolvimento dos submarinos atómicos Polaris, capazes
de lançar mísseis intercontinentais (PERT, actividades com durações
aleatórias)
• Projectos de manutenção de instalações fabris (indústria química) –
CPM

Conceitos base:

As actividades representam-se nos arcos (os nós representam marcos


importantes, milestones).

Tempo Mais Cedo (TMC): Duração mínima que terá de ocorrer entre o
nó inicial e o nó onde se está a apurar esse tempo.

Tempo Mais Tarde (TMT): Duração máxima que pode ocorrer entre o nó
inicial e o nó onde se está a apurar esse tempo sem aumentar a duração
total mínima do projecto.

Folga da Actij = TMT do nó finalj – TMC do nó iniciali – duração Actij

Nó Crítico: É um nó em que o TMC é igual ao TMT.

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Actividade Crítica: Actividade tal que um aumento da sua duração
implica um aumento da duração total mínima do empreendimento.
• Condição Necessária: estar entre nós críticos
• Condição Suficiente: a sua duração é igual a TMTj-TMCi (em que i
indica o nó onde a actividade se inicia e j o nó onde termina), ou seja,
tem folga nula.
Actividade Fictícia: actividade que não consome tempo nem recursos
apenas serve para representar fielmente as relações de sequencialidade
(na figura abaixo as actividades fictícias estão representadas a
tracejado).

B
A D
C
B
(2.1)
A D

C C
A D
B
(1)
(2.2)

Nota: nesta figura mostra-se, em (1), uma representação incorrecta de


uma rede PERT/CPM que pode ser resolvida pela introdução de uma
actividade fictícia, tal como acontece em (2.1) ou em (2.2).

Problema: Para realojar famílias atingidas por uma catástrofe natural, é


preciso montar rapidamente pequenas casas com estrutura de madeira e
alguns módulos pré-fabricados; várias equipas irão trabalhar em
simultâneo, desejando-se determinar o tempo (médio) necessário para
conclusão das casas, bem como as actividades mais críticas. Conhecendo-
se a média e a variância das várias actividades envolvidas determine:
a) A duração correspondente a um nível de confiança de 90%.
b) A probabilidade de a duração do projecto ser superior a 30 dias.
c) A probabilidade do projecto demorar entre 21 a 29 dias a ser concluído.

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Tabela de precedências
Duração (dias)
Activ. Descrição Preced.
Média Variância
A Fazer as terraplanagens - 2 0,5
B Infra-estruturar (água, luz e esgotos) A 5 1
C Montar estrutura de madeira B 7 1
D Montar as paredes (com o isolamento térm.) C 3 0,75
E Montar o soalho C 4 1
F Montar o telhado C 2 0,5
G Fazer a pintura exterior D 1 0,5
H Fazer a instalação eléctrica D 5 1
I Montar as louças e canalizações D, E 6 1,5
J Verificação final das instalações H, I 1 0,25

Resolução
Passo 1. Desenhar o diagrama da rede (incluindo actividades fictícias, se
necessário).
Passo 2. Determinar (do início para o fim, o TMC) o instante mais cedo
em que cada actividade pode começar (será o instante mais tardio em
que acabam todas as actividades que terminam no nó onde essa
actividade começa).
Passo 3. Determinar (do fim para o início, o TMT) o instante mais tardio
em que cada actividade pode começar (sem provocar atrasos na duração
do projecto).
Passo 4. Determinar o caminho crítico: caminho definido pelas
actividades com folga nula

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a) A → B → C → E → I → J (Dur = 25 dias)
Var[Dur] = 0,5 + 1 + 1 + 1 + 1,5 + 0,25 = 5,25 ⇒ σ = 2,2913

⎧ Dur − 25 ⎫
P⎨ > 1,2816⎬ ≈ 0,10 ⇒ Duração não ultrapassada, com nível de
⎩ 2,2913 ⎭
confiança de 90% = 25 + 1,2816 × 2,2913 ≈ 27,94 (cerca de 28 dias)

⎡ 30 − 25 ⎤
b) P ⎢ > Z1−α ⎥ = P[2,1822 > Z1−α ] ≈ 0,015
⎣ 2, 2913 ⎦

⎡ 21 − 25 29 − 25 ⎤
c) P ⎢ ≤ Z1−α ≤ ⎥ = P[− 1,7457 ≤ Z1−α ≤ 1,7457 ] ≈ 0,92
⎣ 2, 2913 2, 2913 ⎦

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