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O gato veio falar comigo

Não com palavras, como nós humanos fazemos


Ele veio daquele jeito de gato... ronronando, arranhando, esfregando
nas pernas e pés, olhando com olho apertado falando

O gato veio falando comigo


Não com ideias, como nós humanos teimamos
Ele veio acariciando, gemendo, tocando, lambendo...
Veio mordendo, unhando, sentindo e pisando

O gato me disse coisas muito importantes


Não todas sérias, como nós humanos queremos
Ele veio ensinando, rondando, pedindo, exigindo carinho
Veio miando, chorando, chiando baixinho

O gato me deu presentes inesperados


Não custando caro, como nós humanos prezamos
Veio de mansinho, de tarde, de noite, de dia
Chegando, entrando, esgueirando, sorrindo

O gato pediu uma coisa em troca


Não condicionando, como nós humanos sentimos
Veio delicado, olhando, esperando, deitando
Jogando com o corpo, com o andar, com orelhas virando

O gato despediu-se como quem não vai embora


Não com adeus, como nós humanos choramos
Mas de mansinho, elegante, trotante, só indo
Balançando o rabo, pata ante pata, simplesmente se exibindo.

Vanessa Martins de Lima – 23/05/2011

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