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O texto destaca e exemplifica a importância da nova Base de Dados sobre a Economia Solidária
no Brasil, criada através do Primeiro Mapeamento Nacional, concluído em 2006. Inicialmente,
demonstra em que medida os 15 mil empreendimentos cadastrados correspondem à definição da
economia solidária adotada pelo Mapeamento. A seguir, são propostas explorações da Base de
Dados no sentido de aferir se as práticas de gestão e as formas de participação dos
empreendimentos na sociedade evidenciam uma racionalidade econômica e social específica,
distinta da lógica das empresas privadas capitalistas. Essa questão é central no atual debate
teórico e político sobre a natureza alternativa da economia solidária.
Desde 2006, os estudos sobre a economia solidária no Brasil dispõem de uma nova e
importante fonte de informações, oriunda do Primeiro Mapeamento Nacional da Economia
Solidária. Ao agregar informações de 15 mil empreendimentos, nas 27 Unidades da Federação,
sobre a gênese dos empreendimentos, suas estratégias de desenvolvimento e os benefícios que
aportam para seus integrantes e seus entornos sociais, essa base de dados propicia análises a
partir de uma visão ampla do perfil socioeconômico e das práticas de gestão da economia
solidária.
Os estudos acadêmicos sobre a economia solidária multiplicaram-se nos últimos anos. Todavia,
a inexistência de informações abrangentes e sistematizadas a respeito restringiu as pesquisas a
uma abordagem qualitativa, valiosa para o exame dos traços particulares dessas organizações
mas insuficientes para identificar suas tendências predominantes e seus efeitos sobre as
condições de vida dos trabalhadores. O Mapeamento permite uma mudança de escala nas
análises e a rediscussão de teses importantes do debate teórico e político.
Nesse documento, pretende-se exemplificar essas possibilidades, por meio da exploração de
dados que permitam aquilatar qualitativamente essas organizações econômicas, do ponto de
vista das inovações que introduzem no modo de agenciar seus recursos produtivos, humanos e
materiais, para reponderem a seus objetivos e necessidades. Conceitualmente, trata-se de aferir a
presença de uma racionalidade socioeconômica peculiar aos empreendimentos de economia
solidária, derivada de sua natureza associativa e de características tais como a indivisão física
entre capital e trabalho, as práticas de autogestão e o entrelaçamento com as redes
movimentalistas (Doimo, 1995), hoje alinhadas numa ampla mobilização nacional e
internacional (Mendell, 2003), de construção da identidade política e do movimento social da
economia solidária.
A questão da racionalidade solidária é central. Como indicado em outros estudos (Gaiger, 1996;
2004c; 2006), justifica as teses e as expectativas quanto ao caráter alternativo dessas
organizações, à possibilidade de veicularem princípios de uma outra economia (Cattani, 2003)
ou de representarem uma crítica e uma ação substitutiva ao modelo de desenvolvimento:
As formas alternativas de produção e de geração de renda são encaminhadas pelos proponentes
de projetos com uma dupla finalidade: a de se viabilizarem economicamente e a de serem
espaço pedagógico de conscientização e de desenvolvimento da cidadania. Do ponto de vista
econômico, o projeto deve gerar a capacidade de sobrevivência dentro de um sistema vigente,
mas deve também incorporar uma crítica ao modelo de desenvolvimento econômico dominante.
(Scherer-Warren, 1996: 15).
Conforme buscaremos demonstrar, os dados do Mapeamento contêm indicadores importantes
quanto ao modo e ao grau como os empreendimentos de economia solidária respondem a esses
desafios. Tratando-se de uma primeira abordagem, ficará restrita a um plano geral, quase sem
2
1
Objeto do Produto 1.2 – Tipologia dos EES, do convênio UNISINOS/IBASE/SENAES.
2
O tratamento da Base foi realizado conjuntamente pela UNISINOS e pelo IPEA, a pedido da Secretaria Nacional de
Economia Solidária. Os resultados finais estão consignados no Produto 1.2 – Elementos de Diagnóstico, convênio
UNISINOS/IBASE/SENAES.
3
segmentos, como a produção familiar. Atores da economia que não pertencem a esses setores
modernos e competitivos são vistos como sinais de atraso ou ineficiência e ficam relegados a um
papel secundário - para os pobres, uma espécie de economia de sobrevivência – aos quais se
atribuem funções mais sociais, de freio à marginalização, do que propriamente econômicas.3
Naturalmente, essa visão da economia não resiste nem a uma análise histórica, nem a um exame
dos indicadores mais recentes. Uma ampla parcela das atividades econômicas, geradora de
riqueza e de bem-estar, sempre esteve à margem ou numa relação indireta com o mercado
capitalista, isto é, com o regime de intercâmio econômico determinado pela lógica de realização
do lucro e da acumulação privada do capital. Não somente a sobrevivência, mas igualmente a
prosperidade de importantes segmentos da população foi garantida por práticas e estruturas de
produção e de troca orientadas por uma lógica de outro tipo, que Coraggio (1999) denomina de
reprodução ampliada da vida. Uma parte expressiva do PIB nacional provém dessas atividades,
como é patente no caso da pequena produção agrícola, cujo desempenho nos últimos anos
evidencia uma capacidade de modernizar-se e tornar-se mais produtiva, sem perder o seu caráter
familiar. Mesmo os segmentos mais pobres não estão desprovidos de iniciativas e de estratégias
econômicas, de eficiência apreciável (Abramovay, 2004).
O fato é que outras economias, produtivas e orientadas ao intercâmbio de bens, existiam antes
da disseminação das relações capitalistas de produção e de circulação de mercadorias. Desse
ângulo, o capitalismo é que representou a introdução de outra economia, gradativamente
sobreposta a formas econômicas pré-existentes, incorretamente classificadas como pré-
capitalistas, como se fossem um mero preâmbulo da economia superior do capital e estivessem
fadadas ao desaparecimento. Como bem relata Singer (1999), diante do advento das relações
capitalistas, os trabalhadores reagiram de várias formas, combatendo a exploração no interior da
empresa capitalista, criando alternativas próprias de caráter associativo e cooperativo ou,
acrescentamos, defendendo ao máximo os seus sistema de vida autóctones, seu patrimônio
produtivo e seus saberes, contra a ameaça de espoliação e de subordinação do capital.
Outras economias continuaram coexistindo com a forma capitalista progressivamente
dominante. A depender dos critérios de análise, considerar essa última como mais moderna, no
sentido de superior, perde grandemente o seu sentido. Basta que se abra mão do axioma do
crescimento e da máxima rentabilidade, ou do próprio paradigma do desenvolvimento (Santos,
2002), para que as coisas mudem de figura. A tradição de agir coletivamente se manteve e se
renovou entre os trabalhadores, gerando o cooperativismo operário no séc. XIX, o
associativismo e a economia social na passagem ao séc. XX e, agora, a economia solidária, por
razões fundamentais: brindar segurança material, reconhecimento e vida significativa à imensa
maioria de pessoas que sempre viveram primordialmente da sua capacidade de trabalho.
Conforme constatou a primeira pesquisa nacional no Brasil sobre a economia solidária:
Adentrando a natureza dos empreendimentos de economia solidária, a conclusão essencial está
no fato de que eles propiciam, em alguns casos, a existência de relações sociais antagônicas ao
capitalismo e, em muitos casos, preservam ou revitalizam relações sociais não capitalistas,
fundamentais para a vida dos pobres e para os indivíduos que vivem do seu trabalho, atenuando
assim sua sujeição à economia dominante e conjurando o exclusivismo das relações
assalariadas, portanto de subordinação e expropriação, a eles reservadas como via de integração
social (Gaiger, 2004c: 394).
Para esses indivíduos, não fossem as circunstâncias já bem instituídas pelo capital, pouco
sentido haveria em lidar com uma economia exógena e contraposta ao trabalho, muito menos
partilhar o senso comum sobre a sua superioridade. Desde as suas origens modernas, coube à
solidariedade, como princípio organizador das atividades econômicas, cumprir um papel vital de
3
Essa compreensão estreita e discriminatória provém de três reducionismos operados gradativamente pelo pensamento
dominante, instaurado desde o séc. XIX pela economia neoclássica e seus axiomas utilitaristas: a) a redução de toda
economia à economia de mercado; b) a redução de todo mercado ao mercado auto-regulado; c) a redução de toda
empresa econômica à empresa capitalista (Laville, 2004).
4
5
Analisar dados oriundos de um levantamento de base populacional, através de sua quantificação, agregação e
extratificação, equivale a montar e desmontar as peças de vários quebra-cabeças (os empreendimentos), buscando
compará-los e descobrir tipos de peças e de encaixes comuns que revelem a figura (ou a estrutura) de fundo. É
possível então empilhar as peças de incontáveis maneiras, da mesma forma que se pode separar os empreendimentos
conforme o ano de início, a zona de atuação, a atividade econômica, o gênero e qualquer outra variável. Esse trabalho
será infindável e ficará limitado ao plano descritivo se não estiver orientado por uma teoria e por hipóteses de análise.
6
dados favoráveis à economia solidária. As hipóteses negativas principais e suas rejeições totais
ou parciais foram as seguintes:6
Relacionadas a situações de baixo empreendedorismo:
• Hipótese 1: EES que funcionam principalmente com base em doações não atendem aos
requisitos de empreendedorismo, eficiência e viabilidade.
o Conclusão: poucos EES são completamente dependentes, mas a carência de infra-estrutura e de
recursos materiais e financeiros próprios constitui um fator importante de dependência externa
das iniciativas de economia solidária.
• Hipótese 2: EES destinados unicamente ao autoconsumo não possuem uma dinâmica
econômica empreendedora.
o Conclusão: o Mapeamento captou uma parcela de empreendimentos de subsistência, cuja
motivação, em 1/3 dos casos, é o acesso ao crédito para unidades produtivas familiares ou
individuais, especialmente no meio rural, por meio da formação de grupos e associações.
• Hipótese 3: a inexistência de salários regulares ou de benefícios sociais para os sócios que
atuam no empreendimento indica EES sem caráter econômico ou de rentabilidade insuficiente
para assegurar sua viabilidade preservando a dignidade do trabalho.
o Conclusão: houve problemas de interpretação quanto ao que significa sócios que trabalham no
empreendimento. Mesmo assim, é uma fragilidade importante de muitos EES, que não
remuneram regularmente os sócios (17,8%) ou não oferecem benefícios sociais mesmo quando
já superaram a fase de implantação (52%). Paradoxalmente, a ausência de benefícios é
ligeiramente maior nos EES de Produção coletiva (60,8%) e menor em EES cujas atividades não
implicam labor coletivo regular, como a Troca de produtos ou serviços (49%), Poupança ou
crédito coletivo (46,5%) e Obtenção de clientes ou serviços para os sócios (52,4%). Nesses dois
últimos, a explicação reside em parte no fato de que se organizam com freqüência como
Cooperativas, nas quais a ausência de benefícios sociais é acentuamente menor (42,4%). De
outra parte, pode-se presumir que os benefícios sociais estejam às vezes garantidos de modo
individual, através da ocupação profissional principal dos sócios, quando o EES destina-se, por
exemplo, a gerar uma renda ou utilidade econômica complementar.7
6
Parâmetros técnicos: freqüências inferiores a 1,5% (224 empreendimentos) foram desprezadas, por serem
consideradas dentro da margem de erro, isto é, como parte do percentual aceitável de anomalias aleatórias, inevitáveis
em levantamentos de base populacional. Freqüências entre 1,5 e 3% foram objeto de análises pontuais, ponderando-se
no entanto que não comprometem a validade geral dos dados.
7
No formulário do Mapeamento não se perguntou se os sócios ou trabalhadores dos EES dispunham de garantias ou
direitos sociais de modo individual ou anterior ao empreendimento, mas apenas através desse.
7
Os indicadores de alto empreendedorismo são atingidos em média por 8,7% dos EES. Quase a
metade dos empreendimentos não preenche nenhum indicador. Um terço atende apenas a um
indicador. Somente 5% atendem a três indicadores ou mais. Os dados são consistentes com os
percentuais individuais dos indicadores e com o fato de 3 deles apresentarem cifras inferiores a
5%. Os pontos mais débeis, já mencionados, correspondem à infra-estrutura, a crédito e
investimentos, à capacitação dos recursos humanos e aos direitos sociais do trabalho.
13
A tese de que tais cadeias poderiam um dia substituir as relações com o mercado convencional, além de discutível
(Gaiger, 2004c), mostra-se aqui muito distante da realidade.
11
No tocante ao alto solidarismo, os percentuais individuais mais elevados dos indicadores, com 3
deles acima de 25% e uma média de 22,2%, refletem-se no desempenho global superior dos
empreendimentos. Apenas 15% não pontuam em nenhum indicador; 31,8% pontuam em 3 ou
mais indicadores; 5,3% pontuam em 5 ou mais indicadores (quando eram apenas 0,4% no alto
empreendedorismo). As ausências maiores situam-se na comercialização solidária e na
participação em redes econômicas e políticas solidárias.
• Pontos fracos:
oIncapacidade de obtenção de crédito e de recursos para investimento
oInsuficiência de remuneração regular, benefícios e direitos sociais vinculados ao trabalho
oFalta de investimentos na formação de recursos humanos
oInfreqüência de instâncias participativas além da assembléia ou reunião geral
oTroca ou comercialização escassa entre empreendimentos solidários
oLimitada participação em fóruns de articulação e em redes de comércio solidário15
14
Esse perfil varia entre as Unidades da Federação, conforme se apresenta no Anexo 2, havendo situações merecedoras
de estudos e esclarecimentos específicos.
15
A distinguir da participação social e comunitária em sentido amplo, bem mais freqüente.
13
Quando se observa a pontuação dos EES somada nos dois coeficientes, os números (tabela
acima) refletem globalmente as situações já evidenciadas separadamente em cada coeficiente. A
grande maioria dos empreendimentos apresenta pontuação modesta: 92% deles pontua no
máximo em 5 indicadores; atingindo ou superando 50% da pontuação máxima (9/18 ptos.),
existem apenas 79 empreendimentos, o equivalente a 0,5% do total mapeado.
Olhando por outro ângulo, na primeira linha da tabela, 8,7% dos EES não pontuam em nenhum
indicador. No coeficiente de alto solidarismo, isoladamente, isso ocorre como vimos em 14,6%
dos EES, de modo que 60% dos mesmos não pontuam no coeficiente de alto
empreendedorismo, contra os outros 40% com alguma pontuação. Da parcela de 48,6% de EES
que não pontuam no coeficiente de alto empreendedorismo, 18% tampouco pontuam no
coeficiente de alto solidarismo, enquanto os 82% restantes registram alguma pontuação.
Subindo ligeiramente de faixa, 25,8% dos EES apresentam 1 ponto em alto solidarismo e
33,6%, 1 ponto em alto empreendedorismo. No coeficiente integrado, essa situação aparece
simultaneamente (1+0, 0+1, 1+1) em percentuais menores, pois 40,5% dos EES totalizam 1 ou 2
pontos, ao que se deveria acrescentar os EES com 2 pontos num coeficiente (27% e 12,4%), sem
pontuação no outro. Entre os os EES de menor desempenho, não se pode dizer que a
concomitância entre as pontuações no alto solidarismo e no alto empreendedorismo seja regra.
Um caso poder ocorrer sem o outro.
Não obstante essa conclusão, a tabela abaixo propicia uma visão mais geral, embora
aproximativa, sugerindo que o conjunto de EES obedece a uma relação positiva entre maior
solidarismo e maior empreendedorismo. Lê-se na primeira coluna que os 48,6% de EES com
pontuação nula em alto empreendedorismo contribuem mais para as faixas de baixa pontuação
de alto solidarismo do que para as de alta, decaindo essa contribuição de 59,5% (EES com
nenhum ponto em alto solidarismo) para 26,1% (EES com 7 pontos em alto solidarismo).16 Na
coluna seguinte, essa tendência inverte-se, crescendo até a faixa dos EES com 5 pontos em alto
solidarismo, diminuindo ligeiramente em seguida. Na terceira coluna, de EES com 2 pontos em
alto empreendedorismo, sua menor contribuição está na faixa dos EES com nenhuma pontuação
em alto solidarismo, com 9%, crescendo até 28,3% nos EES com 7 pontos em alto solidarismo.
O mesmo vale para as colunas seguintes: a cada grau de empreendedorismo, corresponde um
grau proporcionalmente maior de solidarismo.17 Os casos de desenvolvimento unilateral, em
apenas uma dessas dimensões, seriam minoritários, conclusão convergente com estudos
16
Um valor ainda elevado, o que evidencia as contradições apontadas entre os EES com baixa pontuação. O caso mais
gritante é o do único EES com 9 pontos em alto solidarismo, que pontua apenas uma vez em empreendedorismo.
17
A leitura da tabela na horizontal mostraria o mesmo resultado: o número de EES com baixa pontuação em
solidarismo (linhas superiores) decresce à medida que aumenta a sua pontuação em empreendedorismo, numa
proporção mais acentuada do que a própria redução geral desses. O inverso ocorre com os EES de 4 a 8 pontos em
solidarismo: sua presença é proporcionalmente maior nas faixas de melhor pontuação em empreendedorismo.
14
Poderíamos indagar se essa correspondência geral decorre em maior medida de alguma situação
específica. Nesse caso, alguns indicadores, numa dimensão, exerceriam uma força de indução
sobre indicadores da outra dimensão. O atendimento aos primeiros, por parte dos EES,
representaria uma condição favorável ao atendimento dos segundos, sinalizando então que a
dimensão empreendedora e solidária encontram-se ali integradas. Tais indicadores funcionariam
como elos de ligação, como nódulos de entrelaçamento entre solidarismo e empreendedorismo,
teoricamente o cerne da racionalidade singular das iniciativas de economia solidária.
Uma técnica estatística apropriada a essa questão consiste em mensurar as correlações
simultâneas entre todos os indicadores, verificando quais tendem a andar juntos, a se repelirem
ou a manterem-se neutros, sem relações significativas.18 Os resultados de sua aplicação ao nosso
estudo mostram que as atrações mais importantes ocorrem sempre entre os indicadores da
mesma dimensão: práticas ou características de alto solidarismo, por exemplo, relacionam-se
mais fortemente entre si do que com as práticas ou características de empreendedorismo. É
possível que existam elos consideráveis vinculando os dois aspectos, porém não de forma
genérica, para todos os empreendimentos. Isto é compreensível, dada a já aludida diversidade da
economia solidária.
Uma resposta mais satisfatória à questão exigiria um estudo particular de cada segmento, com
hipóteses específicas correspondentes. Ainda assim, ressai da análise geral feita que algumas
práticas avançadas de empreendedorismo se fazem acompanhar de bons indicadores de
solidarismo, sinalizando uma dinâmica ao mesmo tempo econômica, social e política: de um
lado, no campo do fortalecimento econômico interno do EES, através do desenvolvimento da
capacidade de contração de crédito e de investimento, conjugada ao seu fortalecimento externo,
mediante inserção em redes de comercialização solidária; de outro lado, no campo da
observância dos direitos sociais do trabalho – fator de coesão interna - e do cuidado com a
preservação do ambiente natural – fator de desenvolvimento a longo prazo.
Quando se considera um coeficiente de cada vez, examinando-se a estrutura dos seus
indicadores, os resultados são interessantes. As práticas de alto empreendedorismo aparecem
divididas em dois blocos, evidenciando que os EES de maior pontuação apresentam matizes
diferenciados. De um lado, aqueles que adquirem as condições econômicas e optam por manter
um quadro regular de sócios trabalhadores, concedendo-lhes direitos sociais e investindo na sua
18
A técnica chama-se Análise de Correspondências Múltiplas. O uso de variáveis dicotômicas, desprovidas de
graduações, como são os nossos indicadores, infelizmente limita o seu alcance nesse momento. Outra restrição é a
freqüência em geral modesta dos indicadores (média geral de 15,45%), em alguns casos diminuta.
15
formação e qualificação (setas na zona superior do diagrama abaixo). De outro lado, os EES que
apresentam estratégias e relativa facilidade de comercialização, acesso creditício ou recursos
para investimentos e, como provável causa e conseqüência disso, auto-suficiência econômica e
financeira, fatores bastante vinculados (zona inferior do diagrama). Essas duas situações não são
excludentes, mas constituem dois perfis relativamente independentes.
cae1: Recursos à
montante (insumos,
matérias-primas e
recursos iniciais) de
propriedade do
empreendimento (ordem
1)
cae2: Sede, equipamentos
Dimension 2
Os indicadores de alto solidarismo apresentam igualmente dois tipos de correlação mais fortes:
em primeiro lugar, entre as práticas de decisão coletiva e de transparência administrativa,
vértices do modelo de gestão democrática. Em segundo lugar, entre as práticas de inserção mais
ampla, em ações comunitárias ou movimentos sociais, e os cuidados com a preservação
ambiental, a denotar um possível envolvimento com as questões locais de desenvolvimento.
Nesse caso, contudo, não seria apropriado falar de dois perfis, pois os primeiros indicadores, de
democracia interna ou de autogestão, logo se vinculam aos segundos, de externalização da
identidade econômica e política dos empreendimentos. Ademais, ambos relacionam-se
secundariamente a outras práticas mais específicas, como a comercialização solidária e a
participação cotidiana dos sócios na gestão do empreendimento, figurando ainda,
favoravelmente àquelas práticas, as situações de coletivização do trabalho ou da produção. Há
portanto uma correlação entre solidarismo interno e externo.
O estudo mais amiúde dos indicadores, por meio de sua inclusão judiciosa em testes sucessivos
de correspondências, permite discernir as vias de convergências que progressivamente se
estabelecem entre eles. A partir da conquista de um patamar de gestão democrática, os EES
lançam-se no papel de atores sociais da economia solidária, mediante engajamento comunitário
e práticas de articulação política e econômica, ou, numa segunda via, investem prioritariamente
em políticas de valorização do trabalho, mediante remuneração regular, benefícios sociais e
formação. Ambos os caminhos mostram-se relativamente independentes dos avanços
propriamente econômicos, como acesso a crédito, capacidade de investimento, facilidades de
comercialização e penetração ampla no mercado.19 O alto desempenho econômico pode ser
19
A rigor, o indicador Penetração ampla no mercado denota certa correlação com aqueles de valorização do trabalho.
16
alcançado por EES situados em quaisquer das estratégias de desenvolvimento. Portanto, essas
devem-se não a imposições da realidade econômica em si, mas a fatores singulares que afetam
os diferentes EES em seu processo histórico. Pode-se dizer que representam, de certo modo,
uma questão de política dos EES, isto é, de escolhas igualmente orientadas por sua identidade e
por seu projeto.
Essa linha de entendimento explicaria a neutralidade de alguns indicadores relevantes do ponto
de vista das condições de atuação dos EES, como a existência de Recursos à montante de
propriedade do empreendimento, de Sede, equipamentos e espaços de comercialização próprios
ou ainda, de Matéria-prima ou insumo de origem solidária. Essas características dependeriam
de circunstâncias extrínsecas ao desenvolvimento do solidarismo ou do empreendedorismo,
estando relacionadas ao tipo de atividade econômica, à zona de atuação e fatores dessa ordem -
os empreendimentos rurais, por exemplo, pontuam mais no primeiro e no terceiro indicadores
citados. Uma presença no geral discreta diz respeito ainda ao indicador Participação cotidiana
na gestão do empreendimento: ele não estaria vinculado somente à índole democrática dos EES,
mas à pragmática de sua organização, como indica o fato de ser bem mais pontuado nos
empreendimentos de pequeno porte (33%) do que naqueles com mais de 20 membros (15%).
Atuação na sociedade
Articulação em redes
solidárias (3,8%)
Participação social e
comunitária (44%)
Gestão transparente e
fiscalizada pelos sócios
(35,3%) Remuneração e vínculo
regular dos trabalhadores
sócios (9,3%)
Gestão democrática
Investimento na formação de
recursos humanos (2,8%)
Valorização do
trabalho
Nosso percurso analítico leva a concluir, conforme o diagrama acima, que as práticas
características dos EES mais sobressalentes, do ponto de vista da expressão de sua singular
racionalidade social e econômica, medida pelo que chamamos alto desempenho empreendedor e
solidário, bifurcam-se em duas vias. Uma compreensão mais profunda dessas variantes, a partir
das aquisições iniciais proporcionadas por esse estudo da racionalidade dos empreendimentos
em geral, requer adentrar os diversos segmentos da economia solidária isto é, os subconjuntos
de empreendimentos que partilham uma história comum e possuem uma morfologia geral
similar, a exemplo das associações de produtores familiares, das cooperativas industriais ou das
unidades coletivas de reciclagem. Cada segmento pode ter seu desempenho solidário e
17
empreendedor apurado e comparado com os índices gerais, o que destacaria suas singularidades
e apontaria prováveis explicações. Outra possibilidade, de acordo com o método aqui utilizado,
consistiria em comparar os EES que apresentam um perfil solidário e empreendedor semelhante,
a despeito de sua heterogeneidade morfológica, o que permitiria cruzar tipologias de
desempenho qualitativo dos empreendimentos com tipologias de conteúdo histórico-social.
Coeficient Coeficient
e de alto e Coeficient
Motivo da criação do
empreen- de alto e
empreendimento
dedorism solidaris integrado
o mo
Uma alternativa ao
0,7505 1,8750 2,6316
desemprego
Obter maiores ganhos em
um empreendimento 0,8013 2,0039 2,8067
associativo
20
Como a pontuação da totalidade dos EES mapeados é baixa nos indicadores de alto empreendedorismo e
solidarismo, não existem variações expressivas em números absolutos. Focalizaremos as diferenças relativas nas
pontuações médias dos subconjuntos de EES delimitados pelos critérios em análise, na medida que sejam congruentes
para a interpretação e apontem tendências de interesse.
21
A questão era de respostas múltiplas, sendo considerado aqui o motivo declarado como prioritário.
18
Uma vez estabelecidos, os empreendimentos passam pela prova do tempo. Ao menos aqueles
que sobreviveram até o Mapeamento não parecem descaracterizar-se. O grupo de EES cuja
fundação ocorreu antes de 1980 exibe o melhor desempenho global, com um bom índice de alto
solidarismo e o maior índice de alto empreendedorismo. No outro lado, os EES fundados há
menos de uma década, compreensivelmente mais frágeis se muito recentes, apresentam os níveis
de alto empreendedorismo mais modestos, mas também índices de alto solidarismo
tendencialmente abaixo da média.22 O melhor perfil nesse quesito corresponde aos EES ao redor
de 15 anos, não àqueles do grande surto registrado ao final dos anos 90. Por razões melhor
esclarecidas adiante, o tempo faz bem aos empreendimentos: se seleciona inevitavelmente
aqueles com melhor saúde econômica, em resultado de suas estratégias de viabilidade, também
preserva as iniciativas com melhores práticas de participação e de gestão compartilhada. A esse
propósito, nota-se ainda que os EES submetidos a uma redução recente no número de sócios
também apresentam um desempenho menor que os demais, depreendendo-se então que os
eventos de adesão e evasão de trabalhadores não estão descolados das possibilidades de
conciliar as exigências econômicas e sociais dessas organizações.
A longevidade dos EES de certo modo está ligada à forma de organização que adotam. É
comum, especialmente durante a eclosão de novas experiências nos últimos anos, que os
empreendimentos no início se organizem como grupos informais. Registram-se posteriormente
como associações ou cooperativas, podendo obviamente já nascer com esse estatuto ou jamais
adotá-lo. As cooperativas são em média mais antigas que as associações e os grupos informais,
representando às vezes um estágio mais avançado desses empreendimentos. Por esse motivo e
pelas exigências contidas na transição para o formato cooperativo, quanto à viabilidade
econômica e a regras formais de gestão democrática, entende-se por que as cooperativas
mapeadas (10,7% dos EES) apresentam índices bastante superiores aos demais, ao passo que os
grupos informais ficam em último lugar nesse comparativo, com deficiências mais visíveis –
detalhe importante – no coeficiente de alto solidarismo.
22
O mesmo se dá mais incisivamente com os EES em processo de implantação durante o Mapeamento, cujos índices
gerais são bastante inferiores aos EES em operação ou funcionamento normal.
19
Coeficie
nte de Coeficie
Coeficie
alto nte
Indicadores do porte nte
empree de alto
da atividade econômica integrad
n- solidari
o
dedoris smo
mo
Valor mensal do principal produto ou
serviço
- acima de R$ 10 mil e até R$ 1 milhão 1,2191 2,2649 3,4831
- acima de R$ 1 milhão 2,7838 3,1667 5,9444
Crédito obtido nos últimos 12 meses
- acima de R$ 10 mil e até R$ 100 mil 0,9202 2,5700 3,4887
- acima de R$ 100 mil 1,2214 2,6369 3,8726
Investimento realizado nos últimos 12
meses
- acima de R$ 10 mil e até R$ 100 mil 1,1498 2,5111 3,6636
- acima de R$ 100 mil 1,4888 2,4986 3,9710
Remuneração dos sócio(as)
trabalhadores
- acima de ½ s. m. até 5 s. m. 1,7459 2,3081 4,0455
- acima de 5 s. m. 1,8250 2,0833 3,9167
Total dos EES 0,7526 2,0025 2,7601
23
Em compensação, ficam em segundo lugar no quesito empreendedorismo, atrás apenas dos empreendimentos
maiores, o que tampouco parecer ser senso comum.
20
Finalizando, é pertinente ainda dimensionar o impacto das ações externas de promoção e apoio
aos empreendimentos, visto serem uma característica marcante da economia solidária. Um
primeiro dado revela que os EES declarantes de apoios recebidos, sob forma de assessoria,
assistência ou capacitação, apresentam índices superiores aos não declarantes, exceto no caso de
apoio de órgãos governamentais, de longe o mais freqüentemente citado (41,3%). Assim, os
apoios externos, se nem sempre muito ajudam, tampouco mostram-se inúteis ou prejudiciais.
A tabela a seguir discrimina esses apoios e oferece pistas para a avaliação do seu grau de
eficácia. Percebe-se que formas a princípio mais convencionais e padronizadas (Qualificação
profissional, técnica ou gerencial) ou voltadas a um objetivo momentâneo (Assessoria na
constituição e legalização) não surtem maiores efeitos. Já as assessorias educativas (Formação
sociopolítica) e as incidentes sobre gargalos conhecidos dos empreendimentos (Assistência
jurídica, marketing e comercialização) provocam os melhores resultados. Quanto à origem dos
apoios, segundo os dados o diferencial positivo é causado, de maior a menor, por cooperativas
de técnicos, instâncias do movimento sindical, universidades, entidades civis e braços do
“Sistema S”. O conhecimento técnico parece assim ter vigor apenas quando associado à cultura
cooperativa e ao ambiente social e político da economia solidária.
Coefici
ente de
Coeficien
alto Coeficient
Principal apoio recebido te de alto
empre e
pelo empreendimento solidaris
en- integrado
mo
dedori
smo
Assistência técnica ou
0,7652 2,2497 3,0230
gerencial
Qualificação profissional,
0,7687 2,0158 2,7863
técnica ou gerencial
Assessoria em marketing e
1,0291 1,9602 3,0050
na comercialização
Assessoria na constituição,
0,6392 2,0577 2,7000
formalização ou registro
Como arremate, dados mais específicos indicam que esse enquadramento estaria funcionando
muito bem quando os empreendimentos resolvem internalizar os conhecimentos técnicos
necessários, com a incorporação ao seu quadro de profissionais especializados, via contrato de
trabalho. A presença desses trabalhadores, ao lado dos sócios, sempre está em correlação
positiva com melhores perfis de desempenho. No caso mais nítido, relativo à gerência,
21
assessoria e consultoria, os efeitos mais uma vez são perceptíveis em compasso, no coeficiente
de alto empreendedorismo e de alto solidarismo.
***
Dessa longa relação de fatores que impulsionam os empreendimentos de economia solidária,
conclui-se não se tratarem de circunstâncias aleatórias ou casuísticas, mas de fatos integrados à
trajetória dos EES; não à contra-corrente de suas práticas empreendedoras e solidárias, mas
justamente por serem as mesmas exercidas. Em outras palavras, tais práticas, cujas conexões
sustentam a tese de uma racionalidade peculiar dessas organizações, são-lhes estruturantes. O
efeito apreciável provocado por situações à primeira vista sem maiores conseqüências, como o
predomínio das mulheres no quadro social, avaliza a idéia de que se conduzir segundo as pautas
de outra economia faz uma considerável diferença. Os reflexos positivos da maior parte dos
apoios externos, representando assim o interesse e o amparo da sociedade para a economia
solidária, justificam que ela seja entendida como um sistema, a requerer novas regulações da
economia e da vida social.
Nada parecido a um caminho conhecido e seguro. De todo o modo, nossos esforços de
compreensão não deveriam perder de vista que o sentido da economia solidária, em sua
instância primordial, depende do que ela representa para a vida dos trabalhadores, diante das
demais alternativas de trabalho, renda e inserção social com que podem contar, considerando-se
suas aspirações a uma vida com valor e dignidade. Reside, ademais, nos novos protagonismos
que essas iniciativas ensejam, na esfera econômica e nos espaços públicos, em cujos embates
forjam-se repetidamente, desde as lutas democráticas dos anos 80, os atores populares da
cidadania.
Referências
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22
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resposta ao desemprego. São Paulo: Contexto.
ANEXO 1
Indicadores de Alto Desempenho
dos Empreendimentos Econômicos Solidários
Os indicadores abaixo, agrupados em Coeficientes de Alto Empreendedorismo e Alto
Solidarismo, buscam explorar ao máximo as informações contidas na Base de Dados, a fim de
propiciar razoável segurança no juízo analítico sobre esses dois aspectos, não sendo porém
necessariamente os melhores do ponto de vista conceitual, pois devem ser aplicáveis aos dados
disponíveis na Base. Normalmente, cada indicador não se relaciona apenas à questão do
formulário do Mapeamento diretamente relacionada a ele, mas a um conjunto de questões e
respostas afins, consideradas simultaneamente (conetivo &) ou alternativamente (conetivo or).
Na linguagem do programa estatístico SPSS, gera-se assim uma sintaxe de Seleção de Casos.
Por outro lado, alguns indicadores por sua natureza não se aplicam à totalidade dos EES, a
exemplo do indicador 9 de Alto Solidarismo. Salvo raras exceções, estima-se que a maior parte
dos indicadores seja pertinente aos EES, o que possibilita aferir e comparar os seus respectivos
desempenhos.
Para dar consistência e confiabilidade aos indicadores, incluíram-se simultaneamente requisitos
complementares que confirmam a posição dos EES a respeito das características em análise. É o
caso, por exemplo, do indicador 8 de Alto Empreendedorismo. Outras vezes, visando não
restringir demasiadamente o percentual de EES que atendem ao indicador, admitem-se
diferentes alternativas de satisfação dos requisitos, como se vê no indicador 6 de Alto
Solidarismo. Quando o indicador refere-se a uma questão que permitia escolher 3 respostas, em
ordem descrescente de importância, normalmente considera-se apenas a primeira alternativa
escolhida (ordem 1). Com essas ressalvas, a cada EES sempre é atribuído 1 ponto (valor sim),
quando preenche os critérios definidos em cada indicador, segundo sua sintaxe específica.
A especificação dos indicadores abaixo segue a notação do programa SPSS 24. Esse dispositivo
foi aplicado à Base de Dados gerada nesse formato pela UNISINOS (versão maio/2007), sendo
necessário ter à mão o Dicionário correspondente para um acompanhamento passo a passo de
cada indicador.25 Como o número das variáveis mencionadas coincide com o das questões
originais do formulário de coleta de dados, a consulta ao mesmo é útil supletivamente para que
se entenda o teor geral de cada indicador. Após cada indicador, por vezes são feitos comentários
originados do cruzamento dos indicadores com outras variáveis julgadas preliminarmente de
interesse. Ao final, apresenta-se um quadro-síntese do percentual de satisfação de cada indicador
pelos EES mapeados.
• CAE: coeficiente de alto empreendedorismo (9 indicadores):
ANEXO 2
Perfil dos Indicadores de Alto Desempenho
por Unidades da Federação
Alguns indicadores de alto desempenho apresentam comportamentos distantes da média
nacional em certas Unidades da Federação. O fato pode explicar-se por singularidades regionais
da economia solidária ou por idiossincrasias e dificuldades ocorridas durante o processo de
Mapeamento. Embora o exame desses problemas localizados escape aos objetivos desse
documento, as tabelas abaixo os assinalam, destacando as situações nitidamente abaixo (em
vermelho) ou acima (em verde) das médias nacionais. Confrontar esses dados com o relatório
detalhado do Mapeamento, elaborado pela SENAES em 2006, pode trazer esclarecimentos a
alguns casos e indicar aquelas situações, entre as abaixo sugeridas, que justificam uma análise
pormenorizada, para fins de relativização dos dados correspondentes e para evitar a repetição
desses problemas em futuras atualizações do SIES.
I – Indicadores de Alto Empreendedorismo em destaque:
INDIC. 1 2 3 4 5 6 7 8 9
UF 12,3 7 9 17,3 3 9 9 2 4,1%
% ,3% ,1% % ,9% ,2% ,3% ,8%
RO 35,8 0,8 1,3
AC 6,9 1 1,5
AM 19,4 23,7 3,3 6,6
RR 2,7 16,4 0 1,4 0
PA 17,2 1,7 8,3
AP 1 22,3 1
TO 4 3,3
MA 33,3 4,4 3,5 2,5 0,7 0,7
PI 1,9 6 0,9 0,8
CE 1 1,4
RN 2,6 7,8
PB
PE 5,6 3,6 3 1,1
AL 4,9 17,6 3,4 1
SE
BA
MG 3,8 2,7
ES 20,5 1,5 18,1
RJ 5,3 3,9 6,5
SP 18,7 8,3
28
PR 28,1 20,1 16,3 6,5 7,2
SC 5,8 6,3 17,4 13,7
RS 10,5 16,7 9,9
MS 0,4 26,1 3,4 31,6 18,8 6,8
MT 32 7,4 1,8 3,3 0,6
GO 19,6 20,8 0,6
DF 11,4 33,4 17,6 \
• Destaques positivos: SP / PR / SC / MS / RS / RO
• Desempenhos anômalos: RO / PA / MA / AL / ES / MS / MT / GO
• Destaques negativos: RR / AP / PI
INDIC. 1 2 3 4 5 6 7 8 9
UF 16,6 21,6 35,3 20,2 22,4 6 44% 3 29,8%
% % % % % ,4% ,8%
RO 5,4
AC 5,2 7,7 6,5 0,7
AM 3,3 1,6
RR 8,2 11,1 1,4 1,4
PA 6,6 6,6 9,7 0,3
AP 1,9
TO 7 43 72,5 5,8 8
MA 53,4 1,2
PI
CE 34,5 2,6
RN 61,7 12,6 2,2 64,5 1,6
PB 12,7 1,3
PE 57,1 42,2
AL 2,4 6,8 6,8 12,2 1,5
SE 1,6
BA 60 40,8
MG 27,4 12,4
ES 30,5 59,1 12,7
RJ 36,9 8,6 10,1
SP
PR 12,7 6,6
SC 46,9 7,4
RS 14,5 8
MS 60,3 5,1 8,5 3 23,9 0,4
MT 6,3 41,9 1,7
GO 36,7
DF 37,5 11,4 39,9 14,4
• Destaques positivos: BA / PE / SC / RS
• Desempenhos anômalos: TO / RN / MS / MT / DF
29
• Destaques negativos: AC / RR / PA / AL / MS