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Gostaria de agradecer á minha orientadora, Cláudia Marisa, pela disponibilidade
e atenção prestadas mesmo em tempo de férias.
À minha mãe, à Daniela e à Luísa que me apoiaram e ajudaram a concentrar.
Ao Bruno pela disponibilidade e pelas imagens bem tratadas.
À Juliana Silva e à Anabela Lopes pelas agradáveis conversas.
Ao professor João Henriques e professora Maria Luís França que me incutiram o
gosto por esta disciplina, e a todos os outros que acompanharam o meu percurso
universitário como tutores, colegas e amigos.
Um grande Obrigado!
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RESUMO ANALÍTICO
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PREFÁCIO
Este trabalho tem como objectivo explorar um possível método a usar, pelo
actor, na passagem do texto à fala, ou seja, à acção. Partiu-se de um raciocínio baseado
nos conhecimentos adquiridos no seminário de Voz/Texto em confronto com os
exercícios de Cecily Berry em “Voice and the Actor”.
A maior dificuldade foi criar um método em si, pois estando a defender que o
uso da voz deve ser unicamente livre e que a aproximação ao texto se deve fazer através
de uma “vontade de dizer”, aquilo a que nos podemos referir são os problemas que
podem surgir e como ultrapassá-los através do pensamento. Assim, devido à quantidade
de problemas que podem existir e à especificidade que eles tomam em cada indivíduo, a
aplicação deste método pode carecer de apoio de alguém exterior ao trabalho que possa
identificar as dificuldades que nele decorram. Por essa razão, permitimos que o trabalho
abordasse o tema de um modo geral e apresentamos exemplos práticos, mais
detalhados, para a compreensão dos conceitos expostos.
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ÍNDICE
Dedicatória……………………………………………………………………….I
Agradecimentos………………………………………………………………….II
Resumo Analítico ............................................................................................... III
Prefácio ............................................................................................................... IV
Índice ....................................................................................................................V
Índice de Ilustrações ........................................................................................... VI
Introdução ............................................................................................................. 1
Capítulo I - O Aparelho fonador ........................................................................... 2
Capítulo II – O uso de uma voz livre .................................................................... 5
II.1. - A Voz do Indivíduo ................................................................................ 5
II.2. - A Voz do Actor ....................................................................................... 6
II.2.1 - Postura e Relaxamento ..................................................................... 8
II.2.2. – Respiração ....................................................................................... 9
II.2.3. - Cordas Vocais ................................................................................ 10
II.2.4. - Pontos de foco da voz (uso dos ressoadores)................................. 11
Capítulo III -A vontade de dizer ......................................................................... 14
Capítulo IV – Diário das aulas do Seminário Voz/Texto ................................... 22
25 de Setembro ........................................................................................... 22
26 de Setembro ........................................................................................... 24
2 de Outubro ............................................................................................... 25
4 de Outubro ............................................................................................... 26
5 de Outubro ............................................................................................... 27
Conclusão ........................................................................................................... 28
Posfácio............................................................................................................... 30
Bibliografia ......................................................................................................... 33
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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
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INTRODUÇÃO
João Henriques
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CAPÍTULO I - O APARELHO FONADOR
Ilustração 1
Ilustração 2
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Ilustração 3
O próximo conjunto de órgão não faz parte do aparelho fonador, mas a sua
inclusão aqui é útil ao trabalho do actor, uma vez que este deve procurar ter a melhor
percepção do som que produz, como será desenvolvido no CAPITULO II 2.3
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CAPÍTULO II – O USO DE UMA VOZ LIVRE
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“dominantes”.”. Isto porque os músculos do seu aparelho fonador se encontram
“viciados” em certas posições e movimentos e a sua agilidade está limitada.
Tudo o referido até aqui aplica-se ao indivíduo em geral e não são factores
limitadores, a não ser nalguns casos muito particulares. No entanto, o actor tem que ter
em conta que deve ampliar as possibilidades de uso da sua voz, e estes factores passam
a ser uma das suas preocupações.
Uma vez que vamos tratar da voz do actor, temos de nos focar não só no
processo vocal em si, mas também no objectivo deste no teatro. Encarando o teatro na
sua globalidade, como fenómeno complexo que é, e não na sua dimensão simplesmente
literária ou textual, implica que o encaremos como fenómeno comunicativo. Cada peça
transmite uma mensagem, cujas peculiaridades lhe conferem o estatuto de “mensagem
estética” (cfr. BARBOSA , 1982, p.30). Assim sendo, o actor tem um papel
fundamental nesta comunicação, ainda que todos os outros elementos de uma produção
teatral contribuam para isso, mas, citando BARBOSA (ibid., p.31) “(…) na sua
manifestação mais simples, o teatro reduzir-se-á necessariamente a um actor e um
espectador – um ser humano diante de outro ser humano.”. Embora o actor possa
comunicar através de todo o seu corpo, e fá-lo de facto, é através da fala que dá
indicações específicas sobre o que sente e o que faz. Mas, não são apenas as palavras
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que transmitem uma mensagem, a voz do actor/individuo em si também tem valor num
discurso. Muitos actores, durante o seu treino vocal, embrenham-se em exercícios que
pretendem colocar-lhes a voz no sítio certo, a articulação no ritmo adequado e o tom ao
nível pretendido para a representação.
REMÉDIOS (1908, p.362) faz-nos crer que sim, que há características que têm
de ser adquiridas:
“(…) O primeiro instrumento da pratica he a voz, & para essa ser engraçada no
fallar há de ter estas propriedades. Ser clara, branda, chea, & compassada,
porque a voz escura confunde as palauras, a áspera, & seca, tiralhe suauidade,
a muito delgada & feminina faz impropria a acção do que falla, a muito
apressada empeça e rouolue as razões que per si podem ser muito boas; não
trato nas que a natureza inhabilitou para esta perfeiçaõ, como há a voz do gago,
do cisioso, & do rústico grosseiro; mas na do cortesão tomara eu estes atributos
(…)”
Diríamos que não. Não existe uma maneira correcta de falar, como diz PETER
BROOK (in BERRY, 1973, p.1) “ There is no right way – there are only a million
wrong ways (…)”.
Mas onde nos devemos focar para que o trabalho sobre a libertação da
musculatura e o uso desta promova um aproveitamento de todos os recursos corporais
de que dispomos para a produção vocal?
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Ilustração 4
antigravitacionais que mantêm, por exemplo, a posição da cabeça, que actuam
inconscientemente, mas devem fazê-lo apenas com o dispêndio de energia exacta para
manter a verticalidade. O que acontece é que, por vezes, esses músculos estão em
contracção desnecessária no indivíduo. Essa contracção deve ser detectada e diminuída
até ao nível essencial. O corpo do actor deve estar sempre pronto para agir e mudar o
seu estado, seja física ou vocalmente.
II.2.2. – Respiração
A respiração mais adequada para o actor será aquela que lhe fornece uma maior
quantidade de ar e lhe permite um grande controlo sobre o fluxo da coluna de ar. A
melhor combinação será usar a respiração abdominal aliada à respiração intercostal.
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contrariando a coluna de ar. Esta acção vai deixar um espaço mais reduzido à
movimentação de ar permitindo maior controlo (cfr. LEHMANN, s.d., p.9) (Em termos
visuais imaginemos um balão cheio de ar que é libertado com o bucal aberto. Como o ar
dentro do balão está sobre pressão ele vai procurar diminuir essa pressão saindo pelo
bucal. Mas, sendo que o ar aplica pressão sobre a borracha do balão, esta exerce uma
reacção contrária dirigida para o centro. Então o ar dirige-se primeiro para o centro e sai
depois pelo bucal. Se o ar saísse de todas as direcções simultaneamente para o bucal, o
seu fluxo seria demasiado para a sua passagem estreita, danificando-o.)
No ser humano, a fala e outros sons são produzidos por duas tiras de tecido
muscular elástico e resistente, esticadas na abertura da laringe. São as cordas ou pregas
vocais.
Ilustração 5
Ilustração 6
“Ressoador é todo o corpo que entra em vibração quando se lhe aproxima outro
em estado vibratório” (COSTA, 1989, p.1442). E, como já vimos, existem vários
ressoadores no aparelho fonador aos quais o som pode ser dirigido de modo a transmitir
diferentes propriedades de som.
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Ilustração 7
1. Frente –Usa como ressoadores os dentes, o palato duro e a língua na articulação.
Produz um som claro e aberto e por ser um ponto de articulação
deve estar sempre presente no uso da voz.
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Como deve o actor usar estes pontos de foco da voz?
Depois de dominada estas técnicas, o actor pode então usá-las ou não consoante
o efeito que pretende, pois vai dispor de maior flexibilidade vocal para dizer um texto.
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CAPÍTULO III -A VONTADE DE DIZER
O importante na voz do actor é aquilo que ela comunica, seja pelo tom ou
linguagem que usa. Isto pode levar à questão “Porquê então, toda a descrição anterior
sobre o seu uso enquanto apenas produtora de sons sem significado?”. Mais uma vez
reforçamos que defendemos que o actor deve ter uma voz natural, que potencie todos os
seus recursos. Ela deve poder responder a qualquer estímulo ou texto criando surpresa
pela sua naturalidade. As técnicas do uso da voz aqui defendidas não são técnicas para
serem usadas na produção da voz em palco, mas sim no treino do actor. São, aliás,
técnicas de optimização da voz e não de produção da mesma. Isto porque depois de
libertas todas as capacidades vocais do actor, este não terá mais de pensar em como
colocar a voz para que ela saia como pretende, esta deverá surgir, do mesmo modo que
um ciclista de competição não tem de pensar, a meio de uma corrida, como pedalar para
aumentar a velocidade em determinado momento; ao pensar em acelerar o seu corpo
deve assumir todas as posições e estratégias que já treinou para esse efeito.
O actor usa a sua voz para dizer um texto. Mas o texto tem já em si um
significado literário. Então a voz do actor serve apenas como suporte sonoro para a
transmissão de uma mensagem textual? A resposta é, claramente, “Não!”. Nesse caso
tratar-se-ia apenas de uma leitura, ainda que até esta acrescente algo a um texto pelas
inflexões e acentuações que podem ser feitas. O actor representa a “personagem
escrita”, ou seja, torna-a presente, reproduz a sua imagem, faz o seu papel (cfr. COSTA,
1989, p.1434). Podemos dizer que o leitor apenas transmite a vontade escrita de alguém,
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mas o actor defende a personagem, seja concordando com ela e apoiando-a ou
assumindo o seu papel, incorporando-a, reproduzindo-a na sua própria imagem. Sendo
assim, o actor completa as palavras escritas com aquilo que lhes era inerente antes de
passar ao papel, a acção (considerando acção como tudo o que se faz, ou seja, acção
física, produção vocal, pensamento). Ele torna real o efeito comunicativo. Em
consequência disto, conclui-se que o texto e as acções do actor estão intimamente
ligados pois fazem parte da transmissão de uma mesma ideia.
Mas o que deve fazer o actor para incorporar uma personagem? No texto escrito
não está presente o tom de voz, a energia de cada fala ou as acções físicas da
personagem. As possibilidades são infinitas. Aqui começa o trabalho do actor, nas
escolhas que faz para cada momento da representação. Não vamos debruçar-nos sobre
as escolhas do actor e sobre o que será uma interpretação correcta, uma vez que não
pretendemos criar novas concepções sobre a função do actor e seu relacionamento com
a personagem. Queremos propor uma estratégia de aproximação à personagem através
da voz, e analisar o seu relacionamento e ligações com o texto a partir daí, uma vez que,
no teatro, o texto não pode ser dissociado da voz que o transmite.
E porque cremos que a relação voz/texto será um bom ponto de partida para o
trabalho do actor nas escolhas para a personagem e consequente representação segundo
as mesmas? O texto de uma personagem é o registo daquilo que ela pensa. O total das
suas falas no decorrer de uma peça revela os seus objectivos e aspirações, e uma
determinada passagem determina o seu pensamento nesse momento estando este
relacionado com os seus objectivos principais (quer dizer que, segundo os seus
objectivos a personagem pode pensar o que está a dizer ou pensar uma coisa e dizer
outra, é sempre necessário analisá-la completamente). E se o texto é o registo, o som é o
modo de transmissão destas mesmas coisas. Citando João Henriques “A Voz é
consequência de um pensamento que quer ter som!”. Juntando a isto o facto de que,
como já vimos, a voz revela bastante sobre o carácter e personalidade do indivíduo e até
da maneira como ele enfrenta determinadas situações, percebemos que a voz e o texto
têm uma origem comum. O actor tem então de perceber os objectivos da sua
personagem durante a peça e durante cada cena, procurando reduzir isso aos objectivos
de cada frase ou palavra. Nesta fase de análise e interpretação do texto deve
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criar/escolher imagens que construam toda a linha de pensamento da personagem
durante a peça. São as suas escolhas. Acreditamos que só agora é que o actor pode
iniciar um trabalho de voz realmente eficiente. Só agora pode atribuir características
vocais específicas e únicas ao texto e consequentemente trabalhar a personagem e não
as suas capacidades de leitura. Se o fizesse antes desta análise estaria a trabalhar a voz
sem procurar transmitir uma mensagem específica, confundindo a energia da sua voz
com a energia do texto, algo que analisaremos mais adiante.
Uma vez feito todo o trabalho teórico de análise textual, o actor inicia o trabalho
prático sobre o texto de pesquisa e análise vocal. Aqui acontecem dois processos
simultâneos que não podem ser dissociados: a produção vocal e a audição. O actor diz o
texto e ouve-se dizê-lo. Vamos começar pela audição, pois a produção vocal está, de
certo modo, dependente desta. Segundo BERRY (1973, p.123), um dos factores mais
importantes no uso completo das capacidades da voz é a audição, pois a precisão com
que se ouve está directamente relacionada com o modo como respondemos vocalmente.
Quando diz o texto, o actor cai muitas vezes no erro de negligenciar a audição, pois o
seu pensamento está focado em como deve soar o texto que vai dizer a seguir ou naquilo
que vai fazer, antes de ter descoberto o que está realmente a dizer e o que o texto pode
conter. É quando no senso comum se diz que o actor está a debitar texto, pois ao estar
concentrado no que se segue, e não no que se lhe apresenta, descura o significado das
palavras. Foi essa a razão que nos levou a incluir no CAPÍTULO I do presente estudo o
conjunto dos órgãos sensor/coordenadores como fazendo parte do aparelho fonador,
pois ao dizer um texto o actor deve permitir que o processo vocal se conclua ouvindo e
analisando o som e palavras que produz.
A não ser que o actor se permita ouvir as possibilidades que estão incluídas nele
(os seus conhecimentos, vivência, personalidade, sensibilidade, etc.) e no texto, e a não
ser que o actor dê tempo para que essas possibilidades o afectem, o resultado vocal vai
ser sempre previsível, pois o ponto de partida é sempre o mesmo, o actor em si.
Também na relação com outras personagens deve estar completamente disponível para
as ouvir e permitir que isso o afecte de algum modo. Assim, com esta abertura ao som, é
que a voz responde livremente e naturalmente podendo criar alguma surpresa (cfr.
ibid.).
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Seguindo o que diz BERRY (ibid., p.130), na produção da voz o primeiro
obstáculo com que o actor se depara é a dimensão, melhor dizendo, a dimensão do local
que tem de encher com som, as suas dimensões corporais e a dimensão emocional da
personagem.
Em relação às dimensões do actor pretendemos apenas dizer que este não deve
forçar a sua voz para obter determinada ressonância. Por exemplo, um actor de pequena
estatura que representa uma personagem com um cargo de muita importância, pode ter a
tendência para forçar ressonâncias peitorais sentindo uma falsa sensação de poder, em
vez de procurar as suas ressonâncias peitorais naturais. O efeito desse erro é retirar
flexibilidade à voz. E quase sempre o público consegue notar quando isto acontece. A
voz torna-se mais monótona, não corresponde ao corpo de onde está a ser produzida e a
assistência vai ouvir uma voz, por exemplo, autoritária em vez de sentir autoridade nas
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palavras e na mensagem que o actor pretende comunicar. O actor deve procurar sempre
em si o som que pretende. Se tem de ser autoritário deve encontrar a sua voz autoritária,
isso fará com que a sua energia seja dirigida ao texto e àquilo que ele comunica e não
dirigida à produção da sua voz. Mais uma vez é a vontade de comunicar, neste caso
autoridade, que focará a sua energia em ser autoritário através de texto, e não em
parecer autoritário, como acontece quando o actor tem de o ser em determinado
momento, mas não encontrou a vontade de dizer o seu texto.
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ver que um actor sofre pois é o que a sua voz demonstra, e não consegue captar o real
significado das palavras, uma vez que o actor não está a comunicá-las.
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Vemos, deste modo, que, se o trabalho de análise do texto e de concentração em
palco for dirigido para a procura dos estímulos vocais e da mensagem que queremos
comunicar vamos beneficiar vocalmente em termos sonoros e em termos da transmissão
da mensagem. Ao encontrar a sua vontade de dizer algo, de partilhar algo, o actor
alcança uma maior naturalidade, tornando o seu discurso não só mais perceptível mas
mais real, e portanto, conquista a atenção do público. A reacção do público vai
corresponder àquilo pelo que o actor está a passar e não a uma observação estética de
um espectáculo. O actor conquista o seu lugar principal na produção teatral.
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CAPÍTULO IV – DIÁRIO DAS AULAS DO SEMINÁRIO
VOZ/TEXTO
25 de Setembro
O professor João Henriques disse uma frase que, para o actor, deve estar sempre
presente durante o seu trabalho:
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interpretação, se baseia nessas escolhas, e impõe ao actor responsabilizar-se pelo seu
trabalho, pelo seu percurso e as opções tomadas.
• Consiste em perceber o espaço que ocupamos numa sala. Imaginar que esse
espaço aumenta, como se uma bolha que nos pertencesse, à nossa volta, se
torna-se cada vez maior. Depois, falar de modo a encher essa bolha com som. O
objectivo é que no fim a bolha seja do tamanho da sala. Ao fazer o exercício não
se deve incorrer no erro de estar atento ao som produzido e tentar amplia-lo,
trata-se de imaginar que o som consegue viajar em todas as direcções nesse
espaço.
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que o controlo do ar seja maior. Se ambos os músculos empurrarem o ar em direcção à
saída a quantidade de ar a passar pelas cordas vocais vai ser prejudicial.
26 de Setembro
• Ao inspirar, abrir as costelas e não permitir que fechem ao expirar, criando uma
tensão complementar à dos abdominais que forçam o ar a sair;
• Alinhar pontos posteriores das orelhas com pontos os ombros, para manter um
alinhamento vertebral de modo a libertar os músculos usados pelos ressoadores
para a função vocal, e não para sustentação da coluna vertebral.
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2 de Outubro
(imagem)
• Postura;
• Activação do Set-up;
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Depois, introduzimos o tema da aproximação ao texto. Em discussão,
concluímos que, para um trabalho eficiente, o texto deve estar decorado, e as imagens
sugeridas por ele montadas numa espécie de filme mental, para evitar pensar no que se
vai fazer no momento seguinte e conseguir usufruir cada momento quando ele acontece.
Finalizámos este tema percebendo que o momento em que a representação acontece é
quando realmente pensamos sobre o que estamos a dizer.
4 de Outubro
(imagem)
O seu uso resulta num som claro e aberto. Propicia o melhor funcionamento dos
órgãos da articulação. Os pontos de articulação são os lábios, dentes, língua, palato duro
e mole. Por ser um ponto de articulação, tem de estar sempre presente no uso da voz,
pelo actor. A sua característica mais presente é a sua elevada projecção, ouve-se à
distância e com pouco som, até em sussurros (pode ser usado nos “apartes”). É a zona
mais importante.
O seu uso resulta num som mais escuro, cavernoso e amplo de grande utilidade
quando aliado à zona 1, pois amplifica o som. No caso do canto ou dos vocalizos, o seu
uso deve ser misturado aos dos outros pontos à medida que a nota se torna mais aguda e
necessita de mais espaço de para ressoar.
5 de Outubro
Esta aula foi dedicada, na sua maioria, à apresentação de uma música por cada
aluno e trabalho da voz sobre a mesma e sobre a representação de um texto cantado.
Mas durante os pequenos intervalos feitos, observámos que uma vez começando a
trabalhar a voz através de uma personagem, não é só a mensagem que tem uma
componente de “vontade” para ser transmitida, mas a própria voz também. A nossa
vontade de encher o espaço irá projectar a nossa voz. Em termos técnicos, devemos
pensar em falar também para trás e para a periferia, e não pensar apenas em falar mais
alto. Pensar em aumentar o volume de som leva a colocar a voz à frente, agudizando-a e
a tirando-lhe, consequentemente, a expressão. Tudo deve estar tão claro no nosso
pensamento que acaba por passar na voz.
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CONCLUSÃO
O presente estudo abordou esta temática de um modo geral, pelo que, alguns
problemas que o actor possa encontrar na produção vocal ou no trabalho de texto só
poderão ser corrigidos através de uma avaliação prática.
Depois de fazer esta análise, concluí que seria interessante desenvolver este
trabalho partindo da observação de um grupo de alunos, para assim especificar os
problemas que podem ocorrer e retirar conclusões práticas das vantagens do uso deste
método na aproximação ao texto.
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Penso que este trabalho pode ser um ponto de partida para o estudo das
consequências da emoção na voz e como esta pode ser transmitida através dela. Poder-
se-ia acrescentar a este tema, noutro estudo, o uso do corpo, para assim ajudar na total
incorporação da personagem pelo actor.
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POSFÁCIO
De um modo geral, em que termos pensa que a voz é importante para o actor?
A voz é muito importante para o actor. É uma forma de expressão tão válida como a
expressão corporal. A voz é, para mim, o meio de comunicação por excelência, que
canaliza todas as intenções e expressões do actor, nunca, é claro, desligada de um todo.
Não. O actor deve ter consciência da sua voz e deve desenvolver os seus potenciais.
(…)
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Em termos de técnica vocal o que significa isso?
Penso que o actor deve encontrar uma técnica (…) e defendo que esta nunca deve
formatar ou castrar a procura constante de novas potências vocais. O actor nunca se
deve esquecer que aquele é o seu corpo e a sua voz.
Sim, completamente. Aliás, experienciei isso na companhia do João Brites, n’O Bando.
Porque podes partir para a construção de uma personagem através de um objectivo
concreto, o que é essencial. Esse objectivo poderá ser uma exploração da voz que
afectará o corpo, a postura e as acções/reacções da personagem; ou invés uma parte do
corpo, que afectará a voz.
(…)
Comecei acerca de nove anos, mais para adquirir alguma técnica de leitura para ajudar
na escola no ensino aos miúdos, sobretudo aqueles que tinham dificuldade com a
compreensão do texto. (…) Já participei em alguns trabalhos, a maioria no CETA
(Centro Experimental de Teatro de Aveiro), mas já trabalhei no GRETUA (Grupo
Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro) e com encenadores estrangeiros.
Tenho trabalhado ultimamente mais no teatro para infância.
(…)
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De um modo geral, em que termos pensa que a voz é importante para o actor?
A voz é importante, é preciso ter uma boa dicção, uma boa projecção. (…) Acho que a
voz de representação não está em fazer imitações, nem em esganiçar a voz, se calhar
isso não é preciso, fica muito artificial.
(…)
Quando a voz do actor não consegue alcançar a da personagem pensa que isso se
deve a uma tentativa falhada na colocação de voz, ou é uma falha do próprio
indivíduo em libertar o potencial que tem?
Às vezes é, e muitas vezes é preciso treino para isso. Eu já fiz formação em voz, e é
necessário trabalhar a voz. Se a voz não tiver essa liberdade, fica muito artificial, com
muito pouca naturalidade. É isso que não gosto de ver, principalmente em teatro
clássico, a voz torna-se muito mecânica.
Neste estudo defendemos que depois de haver essa libertação por parte do actor,
aquilo que vai gerir a voz vai ser uma “vontade de dizer”.
Pois, e isso é a parte mais complicada, quando o actor tem de se apropriar do texto. (…)
Mas, a propósito, uma vez, num espectáculo, entrei para cena afónica. A solução que
surgiu na altura foi o outro actor repetir as minhas deixas depois de eu as dizer. Mas, a
certa altura, a meio do espectáculo, a voz soltou-se, tal era a vontade, e eu consegui
ultrapassar a rouquidão. (…)
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BIBLIOGRAFIA
BERRY, C., (1973), Voice and the Actor, New York, Wiley Publishing, Inc.
LEHMANN, L., (s.d.), How to Sing, New York, Dover Publications, Inc.
LESSAC, A., (1997), The Use and Training of the Human Voice, 3ª Edição,
London, Mayfield Publishing Company.
TORTORA, G., (1997), Corpo Humano, São Paulo, Editora Artes Médicas Sul
Ldta.
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