Publicado no O. O. E.

Em, &. I~J. L, _í

PROCESSO TC 2.409/06

Prestação de Contas do Fundo Municipal de Previdência e

Assistência aos Servidores Públicos do Município de Boa
Vista - Exercício financeiro de 2005 - Julga-se irregular

ACÓRDÃO APL TC N° J-lf /09

o Processo TC 2.409/06 trata da Prestação de Contas do Fundo Municipal

de Previdência e Assistência aos Servidores Públicos do Município de Boa
Vista (FUSEM), relativa ao exercício financeiro de 2005, de responsabilidade do
Sr. José Barbosa Neto, no período de janeiro a junho, e do Sr. Bartos Batista
Bernardes, no período de julho a dezembro de 2005.

CONSIDERANDO que a Auditoria desta Corte, após analisar a

documentação que instrui o presente processo, inclusive a defesa apresentada em
conjunto por aquelas autoridades, apontou terem ocorrido as seguintes
irregularidades no exercício:

1) De responsabilidade do Chefe do Poder Executivo Municipal:

~ Não adequação da Lei Previdenciária Municipal às exigências impostas pela

legislação previdenciária federal - Lei nO 9.717/98, no tocante à alíquota de
contribuição dos servidores, uma vez que é exigida uma alíquota de
contribuição de no mínimo 11%.

2) De responsabilidade do Sr. José Barbosa Neto:

~ Não encaminhamento ao Tribunal do Balancete do mês de maio de 2005, o

que enseja a aplicação de multa ao gestor no valor de R$ 1.600,00, e;
>- Despesas Administrativas correspondentes a 4,42% da remuneração
percebida pelos servidores efetivos do Município no exercício anterior, em
descumprimento ao limite de 2% estabelecido na legislação previdenciária.

3) De responsabilidade do Sr. Bartos Batista Bernardes:

>- Omissão quanto às imposições da legislação federal no que se refere às

alíquotas previdenciárias;
>- Despesas Administrativas correspondentes a 4,42% da remuneração
percebida pelos servidores efetivos do Município no exercício anterior, em
descumprimento ao limite de 2% estabelecido na legislação previdenciária, e;
>- Instituto irregular em alguns critérios avaliados pelo Ministério da Previdência
Social. .! /'./1
1""/ •....
li

/
 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC 2.409/06

CONSIDERANDO que o Ministério Público junto a esta Corte, entendendo

haver sido intempestiva a remessa do balancete de maio/2005, pugnou pela: (a)
irregularidade das presentes contas; (b) fixação de prazo aos responsáveis pelo
Instituto para apresentação ao Tribunal de prova de adequação do órgão
previdenciário municipal às exigências normativas, sob pena das cominações legais;
e (c) recomendação à atual Administração daquela entidade no sentido de estrita
observância às normas constitucionais e legais que regulam a matéria em questão.

CONSIDERANDO o Relatório e o Voto do Relator, o pronunciamento do

Órgão de Instrução, o Parecer escrito e oral do Ministério Público junto a esta Corte
e o mais que dos autos consta;

ACORDAM os Conselheiros do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA

PARAíBA, na sessão realizada nesta data, por unanimidade de votos, em:

1. Julgar irregular as contas apresentadas pelo Sr. José Barbosa Neto, relativa
ao período de janeiro a junho, e pelo Sr. Bartos Batista Bernardes, referente
ao período de julho a dezembro, na qualidade de gestores do Fundo
Municipal de Assistência aos Servidores Públicos do Município de Boa
Vista, relativas ao exercício financeiro de 2005;
2. Recomendar à atual Administração do Instituto Municipal de Previdência do
Município de Boa Vista, no sentido de guardar estrita observância à legislação
previdenciária, sob pena de repercussão negativa em prestações de contas
futuras e aplicação das sanções legais cabíveis, inclusive multa.

Presente ao julgamento a Exma. Senhora Procuradora Geral.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.
TC - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO
Jd
\

João Pessoa, de ~~ 'l1Ur.- O de 2009.

---
/~./~/' /1../1./1

JOSÉ MARQUES MARIZ

Conselheiro Relator

2
I PROCESSO TQ02409106.
I
TRlBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

jRELA TÓRIOj

Sr. Presidente, Srs. Conselheiros, douta Procuradora-Geral, Srs. Auditores.

o Processo em pauta trata da Prestação de Contas do Fundo

Municipal de Previdência e Assistência aos Servidores Públicos do
Município de Boa Vista (FUSEM), relativa ao exercício financeiro de 2005, da
responsabilidade, como gestores, do Sr. José Barbosa Neto, no período de
janeiro a junho, e do Sr. Bartos Batista Bernardes, no período de julho a
dezembro de 2005.

A Auditoria desta Corte, após analisar as peças que compõem a

Prestação de Contas, elaborou Relatório Preliminar de fls. 115/120, onde fez, em
resumo, as seguintes observações:

1. A Prestação de Contas foi encaminhada dentro do prazo legal;

2. O Fundo Municipal de Assistência de Boa Vista foi criado através da Lei
Municipal n° 53, de 12 de janeiro de 1998, com o objetivo principal de garantir
âOS sequrados e seüs dependentes urna ser ie de benefícios, entre eies:
aposentadorias, auxílios diversos, licenças, pensões, assistência social e
complementar;
3. A Receita Orçamentária arrecadada no exercício atingiu o montante de R$
219.364,35, sendo R$ 129.477,82 em receitas patrimoniais e R$ 89.886,53
como receitas de contribuições;
4. A Despesa Orçamentária realizada atingiu o valor de R$ 52.105,70, sendo
22% deste montante gasto com benefícios assistenciais, 16,31 % com serviços
de consultoria e 49,57% com serviços de terceiros - pessoa física e jurídica;
5. A execução orçamentária registrou um superávit de R$ 167.258,65;
6. As receitas e despesas extra-orçamentárias atingiram os valores de R$
28.608,68 e de R$ 364,10, respectivamente;
7. O Balanço Financeiro apresentou um saldo para o exercício seguinte de R$
922.647,64, registrado em "Bancos e Correspondentes";
8. Não foram registrados "Restos a Pagar' no exercício;
9. Não houve registro de denúncia referente ao exercício sob exame;
10. Segundo informações constantes nos autos, o FUSEM de Boa Vista contava,
no exercício de 2005, com 157 contribuintes efetivos e com apenas 02
pensionistas;
11. As taxas de contribuições previdenciárias para com o Fundo eram, em 2005,
de 8% para os servidores e de 8% para o empregador.
I - Pág. 01/03- I

r
 Em razão de algumas irregularidades apontadas pela Auditoria em
seu relatório preliminar, foi notificado o Sr. José Alberto Soares Barbosa, então
Prefeito do Município de Boa Vista, e os Senhores José Barbosa Neto e Bartos
Batista Bernardes, na qualidade de Gestores do Fundo de Previdência, no
exercício de 2005.
O ex-Prefeito do Município e o Sr. Bartos Batista Bernardes
apresentaram defesa conjunta de fls. 129/131, a qual foi juntada a documentação
de fls. 132/253, sendo devidamente examinada pela Auditoria (fls. 272/275), que
concluiu pela permanência das seguintes irregularidades:

1. Da responsabilidade do Chefe do Poder Executivo Municipal:

a) Não adequação da Lei Previdenciária Municipal às exigências impostas pela

legislação previdenciária federal - Lei n° 9.717/98, no tocante à alíquota de
contribuição dos servidores, uma vez que é exigida uma alíquota de
contribuição de no mínimo 11%.

2. Da responsabilidade do Gestor do Instituto, Sr. José Barbosa Neto

(jan/jun):

a) Não encaminhamento ao Tribunal do Balancete do mês de maio de 2005, o

que enseja a aplicação de multa ao gestor no valor de R$ 1.600,00, e;
b) Despesas Administrativas correspondentes a 4,42% da remuneração
percebida pelos servidores efetivos do Município no exercício anterior, em
descumprimento ao limite de 2% estabelecido na legislação previdenciária.

3. Da responsabilidade do Gestor do Instituto, Sr. Bartos Batista Bernardes

(julldez):

a) Omissão quanto às imposições da legislação federal no que se refere às

alíquotas previdenciárias;
b) Despesas Administrativas correspondentes a 4,42% da remuneração
percebida pelos servidores efetivos do Município no exercício anterior, em
descumprimento ao limite de 2% estabelecido na legislação previdenciária, e;
c) Instituto irregular em alguns critérios avaliados pelo Ministério da Previdência
Social.
Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto a esta Corte, em
parecer de fls. 277/280, da lavra da douta Procuradora-Geral, Ora. Ana Teresa
Nóbrega, que, após tecer comentário sobre cada uma das irregularidades
remanescentes e acatar a remessa intempestiva do balancete de maio/2005,
pugnou, ao final, pela: (a) Irregularidade das presentes contas; (b) fixação de
prazo aos responsáveis pelo Instituto para apresentação ao Tribunal de prova de
adequação do órgão previdenciário municipal às exigências normativas, sob pena
das cominações legais; e, finalmente (c) recomendação à atual Administração
daquela entidade no sentido de estrita observância às normas constitucionais e
legais que regulam a matéria em questão.

Os interessados foram notificados para a presente sessão. É o

Relatório.
F Pág. 02/03j
 fioTO DO RELATOf@

Considerando as irregularidades remanescentes, notadamente a

ausência de adequação às normas previdenciárias federais no tocante às
alíquotas de contribuições;

Considerando que ficou evidenciado nos autos que a entidade de

previdência do Município de Boa Vista, em 2005, encontrava-se em situação
irregular, quanto a alguns critérios, perante o Ministério da Previdência e
Assistência Social;

o Relator vota, nos termos do Parecer emitido pelo douto Ministério

Público Especial, pela:

1) IRREGULARIDADE das contas apresentadas pelo Sr. José Barbosa

Neto, relativa ao período de janeiro a junho, e pelo Sr. 8artos Batista
Bernardes, referente ao período de julho a dezembro, na qualidade de
gestores do Fundo Municipal de Assistência aos Servidores Públicos
do Município de Boa Vista, relativas ao exercício financeiro de 2005;

2) Recomendação à atual Administração do Instituto Municipal de

Previdência do Município de Boa Vista, no sentido de guardar estrita
observância à legislação previdenciária, sob pena de repercussão
negativa em prestações de contas futuras e aplicação das sanções legais
cabíveis, inclusive multa.

É o Voto.

Em 21/janeiro/2009.

t
(/1/14/v/1/
\. Jnse Marques Mariz
f Cons. Relator

Gab. JMM/FCP.

I - Pág. 03/03- I