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o Tribunal Pleno

Processo TC n° 02411/07

Prestação de Contas do Prefeito de Monte


Horebe referente ao exercício de 2006.
Emissão de Parecer Contrário à aprovação das
contas.

o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, no uso de suas atribuições que lhe confere
a Constituição Estadual, em apreciação aos presentes autos do Processo TC n° 02411/07, que trata
da prestação de contas do Sr. Erivan Dias Guarita, Prefeito de Monte Horebe, exercício de 2006, e

CONSIDERANDO que compete ao Tribunal de Contas do Estado, nos termos das


Constituições Federal e Estadual, c/c a Lei Complementar n° 18/1993, apreciar as contas prestadas
anualmente pelos prefeitos municipais, emitindo sobre elas parecer prévio;

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o parecer da representante do Ministério


Público, a proposta do Relator e o mais que dos autos consta,

DECIDE, por deliberação unânime de seus membros, em sessão plenária hoje realizada:

1. Emitir PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito de Monte Horebe, Sr.
Erivan Dias Guarita, relativas ao exercício de 2006, encaminhando-o à consideração da
Egrégia Câmara de Vereadores do Município, ressalvando de que essa decisão decorreu do
exame dos fatos e provas constantes dos autos, sendo suscetível de revisão se novos fatos ou
provas, inclusive mediante diligências especiais deste Tribunal, vierem a interferir de modo
fundamental nas conclusões alcançadas.

Presente ao julgamento a Exm". Sra. Procuradora Geral.


Publique-se e cumpr -s .
TC - Plenário Min. ão gripino, em 06 de maio de 2009.

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CoNS OS) / ARQUES MARIZ

C07ST. ~ ~~~~~
NTONIOCLÁUDIO S"(A ~.~S

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AUDITOR OSCAJttvl/Al'jj.~:DESÀ]NTIAGOMELO ANA TERESA NÓBREGA D
PROCURADORA GERAL
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo TC n° 02411/07

o Processo TC n° 02411/07 trata da Prestação de Contas do Prefeito de Monte Horebe, Sr.


Erivan Dias Guarita, relativa ao exercício de 2006.

o relatório elaborado pela Auditoria deste Tribunal, com base na documentação que
compõe os autos, destaca o seguinte:
a) A Prestação de Contas foi encaminhada a este Tribunal no prazo, instruída com todos os
documentos exigidos;
b) O orçamento para o exercício, Lei Municipal n° 12, de 29 de setembro de 2005, estimou a
receita e fixou a despesa em R$ 4.620.520,00, autorizou, ainda, a abertura de créditos
adicionais suplementares até o limite de 60% da despesa fixada;
c) A receita orçamentária arrecadada representou 97,58% de sua previsão;
d) A despesa empenhada correspondeu a 102,18% de sua fixação inicial;
e) Os gastos com obras e serviços de engenharia totalizaram R$ 132.072,64, correspondendo a
2,82% da Despesa Orçamentária Total;
1) A remuneração do Prefeito e do Vice-Prefeito obedeceu aos ditames da Lei Municipal n°
239/2004;
g) Os gastos com remuneração e valorização do magistério atingiram 50,06% dos recursos
oriundos do FUNDEF, porém, após a análise de defesa, a aplicação passou para 61,35%,
atendendo o que dispõe a legislação do referido fundo;
h) Os percentuais aplicados em educação e em ações e serviços públicos de saúde
corresponderam, respectivamente, a 25,67% e 16,53% da receita oriunda de impostos;
i) Os gastos com pessoal do Poder Executivo representaram 47,76% da RCL;
j) Os recursos repassados ao Poder Legislativo atingiram 7,85% da receita tributária, inclusive
transferências, efetivamente realizadas no exercício anterior;
k) A inspeção in loco foi realizada no período de 17 a 19 de julho de 2008;
I) O município não possui regime próprio de previdência.

A Auditoria apontou ainda várias irregularidades referentes às disposições da LRF, aos


aspectos examinados e às denúncias apresentadas contra o chefe do Poder Executivo, das quais
persistiram, após análisede defesa, as seguintes e pelos motivos que se seguem:

1) Falta de comprovação da publicação dos REO e RGF em Órgão Oficial de Imprensa.


A Auditoria não considerou como suficiente a afixação dos referidos relatórios em locais
públicos, pois, segundo ela, esse meio de publicação, não alcança o objetivo principal que é dar
ampla divulgação, garantindo assim a transparência da gestão fiscal.
2) Inexistência da fonte superávit financeiro, utilizada na abertura de créditos
suplementares, num montante de R$ 169.100,00.
O defendente informou que a falha ocorreu devido a fatos escriturados no balanço patrimonial
de 2005, pois, neste balanço, no lado do passivo financeiro, havia registros incorretos referente
à conta "recursos em poder de terceiros", que deveria estar registrado no ativo financeiro, e
restos a pagar de exercício anteriores que prescreveram. Dessa forma, corrigiu o lançamento,
anulou os restos a pagar prescritos e apresentou um novo balanço, o qual está anexado aos
autos. A Auditoria alegou que a substituição de peças coutábeis, simplesmeute alteraud~ .
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Processo TC nO02411/07

valores registrados originalmente, destoa totalmente dos mandamentos da Ciência Contábil e


que seria de grande complexidade aceitá-lo, pois ocasionaria a revisão de matéria fático-
probatória, visto que a Prestação de Contas do Exercício 2005 já fora devidamente analisada e
julgada nesta Corte de Contas. Diante do exposto, recomendou à administração municipal que
efetue os devidos ajustes nos demonstrativos contábeis futuros, tudo em obediência ao princípio
contábil da oportunidade, estabelecido nos artigos 3° e 6°, da Resolução do CFC de n" 750/93, a
qual dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
3) Déficit orçamentário no valor de R$ 212.863,04, equivalente a 4,72% da receita
orçamentária arrecada.
O defendente reconheceu a existência de déficit na execução do orçamento, corroborando com
o que foi apontado pela Auditoria.
4) Omissão da dívida fundada num montante de R$ 34.687,70.
O gestor informou que houve um lapso por parte da Secretaria de Finanças, quando não
repassou para a contabilidade escriturar, à época, um parcelamento junto à CAGEP A e anexou
cópia do Balanço Patrimonial devidamente corrigido. O Órgão de Instrução não acatou essa
alegação pela intempestividade do ajuste e pela complexidade que decorreria acaso fosse aceita
a reforma do Balanço Patrimonial no atual momento, pois acarretaria numa nova análise de
outras peças contábeis.
5) Despesas realizadas sem licitação num montante de R$ 447.124,08, correspondente ao
montante de 34,98% da despesa licitável.
O defendente se depreendeu apenas sobre as despesas pagas à Construtora Hércules, convite n"
002/2005, cujas despesas somaram R$ 40.500,00 e da Licitação de n" 09/2005, do seu contrato
e do seu respectivo aditivo com a empresa DY Construções Comércio e Serviços Ltda, a qual
teve despesas empenhadas no montante de R$ 287.205,13. Com a juntada desses documentos
pleiteou a elisão dessas despesas como não licitadas. A Auditoria analisou caso a caso e
concluiu que pela análise dos documentos trazidos pela defesa referente à Construtora Hercules,
verifica-se que a homologação, a adjudicação, a assinatura do contrato e a ordem para início da
execução dos serviços efetivaram-se no dia 10/05/2005, tendo o mencionado termo de contrato,
determinado o prazo contratual de (02) dois meses a partir da assinatura do mesmo. Logo, o
aludido certame não tem a capacidade de afastar a irregularidade, visto que não houve o
aditamento do prazo do contrato, o qual expirou-se em 10.07.2005. No segundo caso, o
defendente não trouxe para os autos comprovação da publicação do aditivo na imprensa oficial
do município, em observância ao princípio da publicidade, a fim de que o mesmo alcançasse a
eficácia desejada, e também, não foram obedecidos os requisitos previstos no §2° do art. 57 da
Lei n" 8.666/93, ou seja, a prorrogação deve ser justificada e previamente autorizada pela
autoridade competente, a qual não ocorreu. Sendo assim, não acatou os argumentos
apresentados e manteve na íntegra o valor originariamente apontado.
6) Despesas não comprovadas no valor de R$ 10.000,00 com recursos do FUNDEF.
Nesse item, o defendente alegou que depositou na conta do FUNDEF a quantia supra e acostou
aos autos o referido depósito. A Auditoria verificou que não foi anexada nenhuma guia de
depósito nesse processo, tampouco consta no extrato bancário os créditos transferidos.
7) Inexistência de controle de estoques de medicamentos na farmácia básica do Centro de
Saúde.
O responsável informou que a Farmácia Básica do Município funciona dentro do próprio
Centro de Saúde, e que existe um controle efetivo sobre a distribuição de medicamentos,
conforme cópias das fichas de cada paciente. A Auditoria reconhece que existe esse contro"
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porém, o que a levou a apontar a falha, foi a não apresentação do inventário físico e o controle
de entrada e saída desses medicamentos, conforme determina resolução desse Tribunal.
8) Inexistência de controle patrimonial dos bens pertencentes ao município.
O interessado alegou que estaria tomando as providências necessárias para que seja
regularizada a situação com relação ao controle patrimonial dos bens pertencentes ao
município, confirmando o que foi apontado pelo Órgão Técnico no seu relatório inicial.
9) Não escrituração dos créditos da Fazenda Pública Municipal- Dívida Ativa.
O gestor informou que o setor de tributação da Prefeitura está sendo informatizado, a fim de
permitir a escrituração das informações em tempo hábil, ou seja, concordou, novamente, com o
que foi relatado pela Auditoria.
10) Inexistência de controles mensais individualizados de veículos e máquinas conforme RN
TC n? 05/05.
Informou o defendente que a edilidade efetuava o controle de combustíveis e peças de acordo
com a resolução n" 05/05, só que de forma parcial, ou seja, de alguns veículos, e que irá
intensificar os controles, seguindo orientação da auditoria, reconhecendo, portanto, a falha
apontada.
11) Omissão de pelo menos 146 servidores/prestadores de serviço na GFIP/SEFIP.
Nesse caso, explanou a defesa que foi requerida informação ao setor responsável pela
efetivação do referido serviço, com levantamento preciso, informando que a resposta será
apresentada logo que se tenha os dados reais. A Auditoria informou que decorrido quase cinco
meses da data de protocolização da peça defensiva neste Tribunal, o defendente não comprovou
que as medidas foram efetivamente postas em prática, permanecendo o que foi apontado
inicialmente.
12) Inexistência de controle sobre a liquidação e pagamento das despesas, descumprindo
exigência prevista na Lei n? 4.320/64.
Sustentou o defensor que não houve descontrole na liquidação da despesa e para tanto
apresentou cópias de todas as notas fiscais e recibos solicitados pelo TCE. Informou que houve
um lapso quanto à assinatura de algumas notas de empenhos, todavia esclareceu que todos os
cheques foram necessariamente assinados pelo Prefeito e Tesoureiro. A Auditoria informou que
os argumentos defensivos não justificam a negligência administrativa do gestor, face à
inobservância das normas financeiro-orçamentárias contidas na Lei 4.320/64.
13) Contratação de servidor público sem concurso público.
Sustentou o gestor que já tomou as providências para que a situação seja regularizada, uma vez
que foram abertas inscrições para realização de concurso público no município. A Auditoria se
posicionou pela permanência da irregularidade alegando que ficou comprovada que a falha
ocorreu durante o exercício em análise.
14) Despesas irregulares com prestação de serviços de hospedagem no valor de R$ 4.310,00.
Informou o defendente que as notas de empenhos no valor de R$ 3.700,00 se referem às
despesas com hospedagem pagas ao Hotel Piranhense e não ao Sr. Cláudio Pires de Assis.
Como prova das alegações juntou cópias dos documentos dos pagamentos efetuados ao referido
Hotel. Já às despesas pagas ao Sr. Edvanilson Nascimento Lima, no valor de R$ 610,00, tratam-
se de hospedagem do pessoal de apoio da Banda que participou da festa de emancipação
política do município. Pela análise dos documentos trazidos pela defesa, a Auditoria verificou
que o CNPJ consignado nas notas de empenho em questão, reporta-se a firma individual
Cláudio José Pires de Assis, sem nome fantasia, conforme documento extraído do Sí~
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Processo TC nO02411/07

Receita Federal. Ademais, tanto os recibos como as notas fiscais avulsas, trazidas aos autos pela
defesa em nome do Hotel Piranhense possuem um número de CPF que difere daquele do credor
contido nas notas de empenhos, e ainda consta como inválido perante a Receita Federal. Sendo
assim, considerando que houve comprovação das despesas com hospedagens do Sr. José
Edvanilson Nascimento de Lima, no valor de R$ 610,00, o valor das despesas irregulares
passaram de R$ 4.310,00 para R$ 3.700,00.
15) Despesa irregular com Convênio firmado entre a Prefeitura Municipal e a Procuradoria-
Geral de Justiça.
Expôs o responsável que houve um convênio para efetivação do repasse para a Procuradoria-
Geral de Justiça, motivo pelo qual sustenta que não houve qualquer irregularidade. O Órgão de
Instrução afirmou que não foi juntada aos autos cópia do termo de convênio firmado entre a
Prefeitura e a Procuradoria Geral de Justiça, com isso estariam sem legitimação as
transferências financeiras realizadas para a Promotoria de Bonito de Santa Fé, que no exercício
totalizaram R$ 4.500,00.
16) Retenção indevida de ISS, num montante de R$ 30.850,69.
Discordou o gestor do posicionamento da auditoria, uma vez que os contribuintes são pessoas
contratadas pela edilidade para prestar serviços não isentos à incidência do imposto. Asseverou
ainda, que o próprio contrato dispõe sobre a cobrança. Pela análise da documentação trazida aos
autos pela defesa, a Auditoria constatou que houve uma relação de emprego e sobre tal não
deve incidir o imposto sobre serviços (ISS), mas sim os encargos previdenciários (patronal e
empregado ).
17) Despesas irregulares com gratificações a policiais militares, não previstas em Convênio
firmado com a Secretaria de Segurança Pública, num montante de R$ 17.400,00.
Explanou o responsável que existe convênio firmado com a Secretaria de Segurança para
fornecer alimentos a todos os policiais militares e civis, dando condições de trabalho a todos
que estejam em seryiço no município ou que precise se deslocar com o fim de efetuar
diligências. A Auditoria analisou o convênio firmado com a referida secretaria e considerou que
houve um desvirtuamento do objeto do convênio com pagamento de gratificações para
servidores designados pela secretaria, conforme cópias dos cheques que foram expedidas
nominalmente aos servidores.
18) Despesas não comprovadas de Convênio firmado com o Poder Judiciário.
Sustentou o defendente que houve solicitação ao Município de servidores para auxiliar na prestação dos
serviços judiciais no Fórum da Comarca de Bonito de Santa Fé, como prova do alegado juntou a
declaração dos servidores cedidos, justificando o valor da gratificação percebida pela cessão. Nesse caso
o Órgão Técnico entendeu que a praxe na cessão de servidores é que o ônus desse ato seja do órgão
cessionário e não do cedente. Com isso, manteve o seu entendimento, enfatizando também, a ausência
do termo de convênio entre as partes.
19) Despesas não comprovadas num montante de R$ 8.364,40.
Nesse item, o gestor expôs que a auditoria não demonstrou quais seriam as despesas tidas como
não comprovadas, visto que as mesmas não foram relacionadas nos autos. A Auditoria rebateu
esclarecendo que estão devidamente demonstradas, às fi. 1657, inclusive discriminando os
números das notas deernpenhos e valores das mesmas, e manteve o seu posicionamento inicial.
20) Não recolhimento de contribuições previdenciárias num montante de R$ 493.791,17.
O responsável juntou aos autos cópias dos extratos bancários que comprovam que o
recolhimentoda contribuiçãoretida dos servidoresfoi superior ao levantadopela Audito'f.-
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Processo TC n° 02411/07

que, com relação à parte patronal, a edilidade estaria promovendo o seu levantamento para
requerer o parcelamento do débito existente junto ao INSS. Com isso, a Auditoria acatou esses
argumentos e retificou o montante não repassado ao INSS, que antes era de R$ 493.791,17,
para R$ 467.474,77.

As denúncias foram consideradas procedentes pelos seguintes motivos:

1) Recebimento irregular pelo Sr. João Paulo de França Pereira pela prestação de serviços
em veículo de sua propriedade - C-lO, placa JMH - 1932/BA, quando o citado não
efetuou tais serviços, não recebeu qualquer valor, como também não é proprietário do
referido veículo.
Aduz o defensor que o Município em nenhum momento informou que o veículo citado era de
propriedade do Sr. João Paulo. Esclarece ainda que a Prefeitura realiza rotineiramente serviços
de transportes de mudança ou de legumes da zona rural para cidade por solicitações dos
munícipes, contratando verbalmente com quem se apresente com um veículo apto para realizar
tais tarefas. São serviços de baixo custo e simplórios, não exigindo a efetivação de um contrato
formal. O Órgão de Instrução não acatou os argumentos apresentados citando que as provas
colhidas nos autos são contundentes e que ficou patente o dano causado ao erário no valor
R$ 2.093,10 referente à suposta despesa com prestação de serviços de transporte de cargas sem
a devida comprovação, empenhada em nome de credor que nega veementemente, inclusive com
depoimento perante o órgão ministerial, a não execução dos serviços e tampouco o recebimento
dos valores.
2) Pagamento de servidores com cargos comissionados não pertencentes ao quadro do
magistério e/ ou ensino fundamental com os recursos do FUNDEF - 60%, contrariando
dispositivo legal.
Com relação a esse item, a Auditoria constatou que ficou devidamente demonstrado nos autos,
que houve classificação irregular das despesas, visto que, as funções exercidas pelos servidores
ali listados, não se referem ao exercício exclusivo de magistério. Tais despesas poderiam ser
vinculadas ao FUNDEF 40, outras despesas, e nunca ao magistério.
3) Excesso de despesas com fornecimento de lanches e refeições, no valor de R$ 11. 022,80.
Informou o gestor que a edilidade possui dois PSF, sendo um na zona urbana e outro na zona
rural, e que nesses PSF são fornecidas refeições diárias para 13 pessoas. Ponderou ainda que,
confrontando o número de pessoas para as quais foi fornecida à alimentação verifica-se que não
houve excesso. A Auditoria considerou os dados fornecidos, elaborou uma nova planilha e
retificou o valor excedido para R$ 6.270,80.
4) Pagamento a maior de despesa realizada com divulgações no montante de R$ 1.800,00 ao
Sr. Cláudio José Pires de Assis.
Justificou o defendente que houve um erro na discriminação da nota fiscal n° 009, datada de
28.04.2006, na qual ficou discriminado que foram realizados serviços de propaganda por um
período de 30 horas quando na realidade seriam 60 horas, visto que o responsável pelo
preenchimento do documento fiscal utilizou o histórico de outro empenho. A Auditoria não
acatou esses argumentos, afirmando que os históricos dos documentos da despesa constam que
foram executadas 30 horas de propaganda, ao preço de R$ 60,00 a hora, o que legitima o
pagamento em excesso de R$ 1.800,00, visto que foram pagos R$ 3.600,00. fff&...\.~\
. ~
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5) Uso de "laranja" para aplicação do dinheiro público.


Asseverou o gestor que o Sr. José Wagner da Silva Tavares Bonifácio pôs à disposição da
Edilidade o seu veículo caminhonete C-lO, placa 1932-BA, ano 1978, para eventuais viagens,
as quais foram integralmente pagas. Como prova do alegado juntou aos autos cópias das notas
de empenhos e recibos. Sustentou, ainda, que o SI. Wagner declarou perante a Procuradoria de
Justiça do Estado que executou e recebeu pelos referidos serviços. O Órgão de Instrução
informou que o citado veículo se encontrava em condições de utilização precária, com um gasto
mensal pela sua locação, no valor médio de R$ 2.000,00 e pago a um credor que não
demonstrava qualquer relação de propriedade ou de posse sobre o bem que executava os
serviços.
6) Superfaturamento em despesas com aquisição de peças para veículo moto.
Explanou o responsável que a moto foi deixada pela gestão anterior, encontrando-se totalmente
desmontada, faltando peças e sem condições de uso. Diante desse fato, a administração resolveu
efetuar a recuperação da moto, repondo as peças que faltavam e deixando a mesma em
condições de uso. Diante disso, justificou que a despesa foi elevada, mas não superfaturada,
pois não adquiriu peças acima do valor de mercado, o que pode ser demonstrado através das
notas fiscais. A Auditoria informou que foram solicitadas quando da diligência in loco, as notas
fiscais que deram ensejo à despesa da nota de empenho n? 39659 no valor de R$ 2.326,00,
emitida para aquisição de peças de reposição para moto pertencente à Secretaria de Saúde.
Todavia, nem à época da diligência nem da defesa, o defendente apresentou os solicitados
documentos fiscais. Tampouco informa quais as peças substituídas da moto, contrariando
inclusive resolução normativa desta Corte de Contas.

o Ministério Público veio aos autos e opinou pela emissão de Parecer Contrário à aprovação
das contas em apreço, pugnou pela imputação de débito relativo aos danos pecuniários causados ao
Erário, pela aplicação de multa legal ao Prefeito Municipal, pela comunicação à Receita Federal
do Brasil referente ao não recolhimento das contribuições previdenciárias federais para as
providências a seu cargo e pela remessa de cópia dos presentes autos à Procuradoria Geral de
Justiça para as providências penais e tributárias que entender cabíveis.

É o relatório, informando que o interessado e o seu representante legal foram notificados da


inclusão do processo na pauta desta sessão.

Sobre as irregularidades remanescentes, passo a comentar:

a) Quanto à publicação dos RGF e do REO, entendo que foi cumprido o art. 48 da LRF, pois o
defendente comprovou que foram publicados no Órgão Oficial do Município os referidos
instrumentos de transparência da gestão fiscal, bem como foram afixados em locais públicos;
b) No que tange à utilização da fonte superávit financeiro para abertura de créditos adicionais, tida
como inexistente, entendo que à época havia sim a referida fonte, pois havia restos a pagar
prescritos que deveriam ter sido cancelados. Com esse cancelamento, o valor do superávit foi
de R$ 182.732,12, superior ao utilizado como fonte para abertura dos referidos créd~. "-
adicionais, que foi de R$ 169.100,00;
.--
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Processo TC nO02411/07

c) Quanto à omissão da dívida fundada, considero essa falha afastada, tendo em vista que o gestor
corrigiu o referido balanço, atualizando a dívida fundada interna do município;
d) Concernente às despesas sem comprovação, pagas com recursos do FUNDEF, verifiquei que se
tratam de transferências para outras contas da Edilidade, devendo o valor transferido,
R$ 10.000,00, retomar à conta do FUNDEB;
e) Em relação às despesas com hospedagens, ficou comprovado que as referidas despesas estão
irregulares tendo em vista que a empresa individual José Cláudio Pires de Assis não é
proprietário do Piranhense Hotel e não possui como atividade econômica o ramo de hotelaria,
devendo o valor despendido, R$ 3.700,00, ser restituído aos cofres públicos;
f) Quanto aos gastos relativos ao convênio firmado entre a Edilidade e a Procuradoria Geral de
Justiça, como o gestor não acostou aos autos os termos do convênio firmado, entendo que as
transferências concedidas no valor de R$ 4.500,00 ficaram descobertas, pois não existe uma
previsão legal para os referidos repasses. Da mesma maneira se encontram os gastos realizados
com o pagamento das gratificações dos servidores cedidos ao Tribunal de Justiça, no valor de
R$ 10.427,39, pois também não foi acostado aos autos o termo de convênio celebrado entre as
partes, o qual disciplinaria a responsabilidade de cada convenente;
g) Com relação ao convênio firmado entre a Prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública, ficou
comprovado o desvio de finalidade do referido convênio, pois os recursos repassados, que
totalizaram R$ 17.400,00, só poderiam ser gastos para pagamento de despesas com refeições,
alojamento, aluguel do prédio da delegacia, água, luz e manutenção dos veículos oficiais. No
entanto, os recursos foram pagos diretamente aos servidores militares e civis que trabalhavam à
época na delegacia municipal, hipótese vedada na cláusula terceira do convênio firmado;
h) No que se refere às despesas não comprovadas, no valor de R$ 8.364,40, como o gestor não
apresentou as notas fiscais e ou recibos das referidas despesas, e levando em conta que a
despesa paga ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, referente ao seguro SAFRA, no meu
entender está comprovada, cabe ao gestor ressarcir aos cofres públicos a diferença restante, ou
seja, R$ 6.655,00;
i) Já que a LRF tem como pressuposto basilar o equilíbrio das contas públicas, deve o Gestor
planejar as suas ações no sentido de prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o
resultado da gestão fiscal responsável, evitando assim, os déficits de execução orçamentária;
j) Com relação às despesas realizadas sem licitação, considerando que eram despesas previsíveis e
de fácil planejamento, e que as provas apresentadas pelo defendente foram refutadas pelo Órgão
Técnico, considero que foi desobedecida a Lei das Licitações e Contratos;
1) Concernente aos controles de estoque, dos bens patrimoniais e dos veículos e máquinas,
inclusive combustíveis, essa Corte de Contas já baixou Resoluções Normativas que tratam
desses assuntos, cabendo ao gestor cumprir o que foi determinado nelas;
m)Como as falhas referentes às contribuições previdenciárias e a omissão dos servidores e
prestadores de serviços na GFIP ficaram comprovadas, e como o gestor admitiu fazer um
parcelamento da dívida, sugiro que seja comunicado o Órgão Federal competente para as
providências cabíveis;
n) Concernente a não escrituração dos créditos tributários na dívida ativa municipal, retenção
indevida de ISS, inexistência de controle sobre a liquidação e pagamento das despesas e
contratação indevida de servidor público, recomendo ao gestor que proceda a escrituração da
dívida ativa, observe as normas contidas na Lei 4.320/64, regularize os descontos indevidos
sobre os vencimentos dos servidores, passando a descontar a contribuição previdenciária, co~... \.
também regularize a situação dos servidores não concursados; ~;
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o) No que tange às falhas apuradas em face de denúncias, ficaram comprovados que não foram
prestados os serviços de locação de veículo, no valor de R$ 2.093,10, por parte do Sr. João
Paulo de França Pereira, pois esse senhor deu uma declaração, registrada em cartório, que não é
proprietário do veículo, não prestou os referidos serviços e tampouco percebeu qualquer valor
da Edilidade. Outro fato comprovado foi com relação ao pagamento de despesas com
divulgações, através de carro de som, pois foram contratadas 30h ao preço de R$ 60,00 a hora,
nos meses de janeiro e fevereiro e o valor pago pela despesa foi de R$ 1.800,00, sendo que nos
meses seguintes, março e abril, a mesma quantidade de horas foi contratada, pelo mesmo preço
e o montante pago pela despesa foi de R$ 3.600,00, ou seja, o dobro do valor devido. Quanto ao
valor excedente das despesas com fornecimento de lanches, não considero que os parâmetros
utilizados pela Auditoria sejam suficientes para imputar tal excesso. E quanto às demais falhas,
ou seja, superfaturamento de peças para moto, uso de "laranja" para aplicação de dinheiro
público e classificação errônea de despesas do FUNDEF, também não vejo razão para imputar
débito ao gestor e sim recomendar no sentido de observar as resoluções normativas dessa Corte
e a legislação pertinente.

Em conclusão, como as irregularidades remanescentes comprometem a lisura das contas,


proponho que este Tribunal:

1. Emita PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefeito de Monte Horebe, Sr.
Erivan Dias Guarita, relativas ao exercício de 2006, encaminhando-o à consideração da
Egrégia Câmara de Vereadores do Município, ressalvando de que essa decisão decorreu do
exame dos fatos e provas constantes dos autos, sendo suscetível de revisão se novos fatos ou
provas, inclusive mediante diligências especiais deste Tribunal, vierem a interferir de modo
fundamental nas conclusões alcançadas;
2. Impute débito ao Sr. Erivan Dias Guarita, no valor de R$ 46.575,49 (quarenta e seis mil
quinhentos e setenta e cinco reais e quarenta e nove centavos) referente a: não comprovação de
despesas com hospedagens (R$ 3.700,00), pagamento excedente de serviços de publicidade e
propaganda (R$ 1.800,00), não comprovação de locação de veículo (R$ 2.093,10), despesas
não comprovadas (R$ 6.655,00), inexistência de convênio com a Procuradoria Geral de Justiça
(R$ 4.500,00), inexistência de convênio com o Tribunal de Justiça do Estado (R$ 10.427,39) e
desvio de finalidade do convênio feito com a Secretaria de Segurança Pública (R$ 17.400,00);
3. Aplique multa pessoal ao Sr. Erivan Dias Guarita, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil,
oitocentos e cinco reais e dez centavos) em face das graves irregularidades constatadas;
4. Assine prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento do débito aos cofres do município e da
multa aos cofres do Estado, sob pena de cobrança executiva a cargo do Ministério Público
Comum;
5. Assine prazo de 90 (noventa) dias para que o Gestor proceda o retorno a conta do FUNDEB
dos valores transferidos para outras contas que totalizaram R$ 10.000,00, para também
regularizar a situação ·dos servidores não concursados;
6. Remeta cópia dos presentes autos à Procuradoria Geral de Justiça para as providências que
entender cabíveis;
7. Comunique à Receita Federal do Brasil referente ao não recolhimento das contribuiçõe
previdenciárias devidas, para as providências;
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo TC nO02411/07

8. Recomende a adoção de medidas administrativas e gerenciais com vistas a não repetição das
falhas ora debatidas, a realização de um controle mais efetivo do controle de estoque, dos bens
patrimoniais e dos veículos e máquinas, conforme determinam as Resoluções Normativas desta
Corte de Contas, que proceda a um acompanhamento da gestão fiscal para evitar o déficit
orçamentário, observe a classificação das despesas de acordo com o que determinam a
legislação do FUNDEB e a Lei 4.320/64, como também o código tributário municipal, a
respeito das retenções do imposto sobre serviços, de competência do município.

É a proposta, em 06 de maio de 2009.~·.· •. '

AUDITOR OSCAR M . SANTIAGO MELO


TOR

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