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Publicado no D. O, E.

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o Tribunal Plen~T.1/6
PROCESSO TC N° 01881/05

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA MUNICIPAL.


Instituto de Previdência Municipal de Lucena
- IPML. Prestação de Contas Anuais, exercício
de 2004. Julga-se irregular. Aplica-se multa.
Emitem-se recomendações, representação e
determinação.

ACÓRDÃO APL TC 9 )L 12009


1.RELATÓRIO

Examina-se a prestação de contas anual do Instituto de Previdência Municipal de


Lucena - IPMP, relativa ao exercício financeiro de 2004, de responsabilidade do Sr. Ney Toscano
Barreto.

A Auditoria, após a análise da documentação encaminhada, emitiu o relatório de fls.


156/161, evidenciando os seguintes aspectos da gestão:

1. a prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal dentro do prazo legal, em


conformidade com a Resolução RN TC 07197;
2. O Instituto foi criado com natureza jurídica de autarquia municipal pela Lei nO246, de
23 de dezembro de 1993 e regulamentado pela lei nO 428, de 03 de dezembro de
2001;
3. Os recursos financeiros do Instituto são provenientes das contribuição dos servidores e
do empregador, nos percentuais de 9% e 33,9%;
4. o orçamento para o exercício em análise apresentou estimativa de receita no montante
de R$ 485.568,00;
5. a receita arrecadada, toda de natureza corrente, foi de R$ 370.876,29, sendo
composta pela totalmente pela receita de contribuição (R$ 274.906,55 - patronal e
R$ 95.969,74 - servidor);
6. a despesa realizada foi de R$ 408.384,87, sendo que 100% desse valor se refere à
despesas correntes. As despesas correntes foram representadas por pessoal e
encargos sociais (98,15%), enquanto que as outras despesas correntes alcançaram
1,85%;
7. como resultado da execução orçamentária, observou-se a ocorrência de déficit no
valor de R$ 37.508,58;
8. de acordo com o balanço financeiro, o Instituto mobilizou recursos, no exercício, no
montante de R$ 486.307,27, sendo 76,26% proveniente de receita orçamentária
(R$ 370.876,29); 23,74%, de receita extra-orçamentária (R$ 115.430,98). Quanto às
aplicações, o Instituto destinou 83,98% para pagamento de despesas orçamentárias
(R$ 408.384,87); 15,61%, relativas às despesas extra-orçamentárias (R$ 75.916,54) e
0,41 %, foi registrado como saldo para o exercício seguinte (R$ 2.005,86);

gmbc
PROCESSO N° 01881J05 FI. 2J6

7. o Balanço Patrimonial apresentou um ativo financeiro da ordem de R$ 2.005,86,


enquanto que o passivo financeiro foi de R$ 26.466,82, representado por
consignações, resultando num passivo real descoberto da ordem de R$ 24.460,96;
8. Não há registro, no TRAMITA, de denúncia envolvendo o exercício;
9. Não há registro, no TRAMITA, de adiantamentos, licitações, contratos e convênios.

Por fim, apontou as seguintes irregularidades:

DE RESPONSABILIDADE DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO À ÉPOCA, SR. DAVID SAMPAIO


FALCÃO.

1. Não adequação da Lei Previdenciária Municipal às exigências impostas pela legislação


Previdenciária Federal, no tocante à alíquota utilizada para contribuição da parte patronal e
do servidor que está em desacordo com a Lei Federal nO9.717/98 (subitem 2.1).

2. Ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias (itens 3.1.a 5.2).

DE RESPONSABILIDADE DO GESTOR DO INSTITUTO À ÉPOCA, SR. NEY TOSCANO BARRETO.

1. Omissão as imposições da legislação federal previdenciária no tocante a alíquota de


contribuição (subitem 2.1).

2. Ausência de cumprimento das obrigações patronais, vez que o Instituto realizou despesas
com vencimentos e vantagens fixas, no valor de R$ 9.900,00, sem, contudo, recolher a
contribuição patronal devida ao INSS (subitem 3.1.b).

3. Registro de despesas de exercícios anteriores no valor de R$ 23.840,00, não esclarecidos


pelo gestor do Instituto. (subitem 3.1.b).

4. Déficit na execução orçamentária (subitem 3.1.c).

5. Ocorrência de "receitas extra-orçamentarias" e "despesas extra-orçamentárias" intituladas


"despesas a classificar" e "diversas superveniências" não esclarecidas pelo gestor (subitem 3.2)

6. Saldo financeiro insuficiente para saldar os compromissos com as consignações do exercício,


caracterizando uma apropriação indevida (subitem 3.3.1).

7. Ausência de resposta ao Ofício nO03/04 - TCE - DIAFI e o Ofício nO01/06 - TCE - DIAFI,
descumprindo o que dispõe o art. 42 da LOTEC (subitem 5.1).
8.Descumprimento à Lei Federal nO 9.717/98 pela falta de realização da Avaliação Atuarial
(subitem 5.3).

gmb' 9.1nstituto em situação irregular com relação a vários critérios avaliados pelo MPS (subitem~

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PROCESSO N° 01881/05 FI. 3/6

Em virtude das irregularidades indicadas, os ex-Gestores foram regularmente notificados,


apresentando defesa conjunta às fls. 167/205.

Analisando a defesa apresentada a Auditoria concluiu que apenas as irregularidades


atinente a não adequação da Lei Previdenciária Municipal às exigências impostas pela legislação
Previdenciária Federal e a omissão as imposições da legislação federal previdenciária no tocante a
alíquota de contribuição foram sanadas, permanecendo as demais.

DE RESPONSABILIDADE DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO À ÉPOCA, SR. DAVID SAMPAIO FALCÃO.


AUSÊNCIA DE REPASSES REGULARES DAS CONTRIBUiÇÕES PREVIDENCIÁRIAS (ITENS 3.tA 5.2).
Defesa: Quanto à ausência de repasses das contribuições previdenciárias, é de se registrar que os mesmos já
foram devidamente regularizados, mediante Contrato de Confissão e Parcelamento de Dívida firmado entre o
Município de Lucena e o Instituto de Previdência (doc. fls. 184/187).
Auditoria: Verifica-se que foi firmado um Contrato de Confissão e Parcelamento de Dívida entre o Município e o
Instituto de Previdência, cujo montante da dívida é de R$ 234.589,80, parcelado em 240 meses de R$ 977,46,
referente ao período de janeiro a dezembro de 2004, cuja autorização está amparada pela Lei Municipal n°
581/2006. Ocorre que, a ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias trará conseqüências
graves a ponto de comprometer a viabilidade do Instituto e, conseqüentemente, o pagamento dos segurados,
inclusive, deixando-se de aplicar estes recursos. Ademais, a não retenção e/ou não recolhimento dessas
contribuições constitui motivo de emissão de Parecer Contrário à aprovação das contas, conforme determina o
item 5.4, item 5, do Parecer Normativo PN TC 47/01. Assim sendo, a irregularidade permanece.

DE RESPONSABILIDADE DO EX - GESTOR ·SR. NEY TOSCANO BARRETO


AUSÊNCIA DE CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES PATRONAIS
Defesa: Não se pronunciou.
Auditoria: Como o defendente não se pronunciou, a Auditoria mantém os termos do relatório inicial, portanto, a
irregularidade permanece.

REGISTRO DE DESPESAS DE EXERCíCIOS ANTERIORES, NO VALOR DE R$ 23.840,00, NÃO


ESCLARECIDO PELO GESTOR DO INSTITUTO. (SUBITEM 3.1.B).
Defesa: Conforme se depreende da documentação encartada, enquanto tramitava a abertura de crédito especial
na Câmara Municipal de Lucena, as despesas do exercício de 2003, que não tinham previsão no orçamento,
foram alocadas em "despesas a regularizar". No entanto, quando da aprovação do crédito, ocorrido em meados
de fevereiro, o crédito fora regularizado e as despesas devidamente registradas como despesas de exercícios
anteriores (doc. fls. 189/197).
Auditoria: Não justificam as alegações do defendente uma vez que, a despesa deve pertencer ao exercício
financeiro nele legalmente empenhada, ou seja, deve obedecer ao regime de competência, já que a despesa é
atribuída e apropriada ao exercício de acordo com a data do fato gerador.
Além do mais, o art. 42 da LC - 101/2000 dispõe que "é vedado ao poder ou órgão referido no art. 20, nos
últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida
integralmente dentro dele, ou que tenha parcela a ser paga no exercício seguinte sem que haja suficiente
disponibilidade de caixa para este efeito". Assim sendo, a irregularidade permanece.

DÉFICIT NA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (SUBITEM 3.1.C).


Defesa: Não se pronunciou.
Auditoria: Como o defendente não se pronunciou, a Auditoria mantém os termos do relatório inicial, portanto, a
irregularidade permanece. ,

gmbc
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~
TR!BUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N° 01881/05 FI. 4/6

OCORRÊNCIA DE "RECEITAS EXTRA· ORÇAMENTÁRIAS" E "DESPESAS EXTRA· ORÇAMENTÁRIAS"


INTITULADAS "DESPESAS A CLASSIFICAR" E "DIVERSAS SUPERVENIÊNCIAS" NÃO ESCLARECIDAS
PELO GESTOR (SUBITEM 3.2).
Defesa: Conforme se depreende da documentação encartada, enquanto tramitava a abertura de crédito especial
na Câmara Municipal de Lucena, as despesas do exercício de 2003, que não tinham previsão no orçamento,
foram alocadas em "despesas a regularizar".Trata-se de abertura de crédito adicional especial no valor de R$
27.680,00 (doc. fls. 199/205).
Auditoria: O gestor afirma que realizou despesas sem autorização legislativa. A ausência de previsão de
despesa no orçamento contraria o estabelecido no art. 4°, da Lei 4.320/64, que enfatiza que a "Lei de Orçamento
compreenderá todas as despesas próprias dos órgãos do Governo e Administração centralizada, ou que por
intermédio deles se devam realizar". Além disso, a abertura de crédito adicional é para reforço de dotação no
orçamento, portanto, não deve ter reflexo no extra-orçamentário. Assim sendo, a irregularidade permanece.

SALDO FINANCEIRO INSUFICIENTE PARA SALDAR OS COMPROMISSOS COM AS CONSIGNAÇÕES DO


EXERCíCIO, CARACTERIZANDO UMA APROPRIAÇÃO INDEVIDA (SUBITEM 3.3.1).
Defesa: Não se pronunciou.
Auditoria: Como o defendente não se pronunciou, a Auditoria mantém os termos do relatório inicial, portanto, a
irregularidade permanece.

AUSÊNCIA DE RESPOSTA AO OFíCIO N° 03/04 - TCE - DIAFI E O OFíCIO N° 01/06 - TCE - DIAFI,
DESCUMPRINDO O QUE DISPÕE O ART. 42 DA LOTEC (SUBITEM 5.1).
Defesa: Não se pronunciou.
Auditoria: Como o defendente não se pronunciou, a Auditoria mantém os termos do relatório inicial, portanto, a
irregularidade permanece.

DESCUMPRIMENTO À LEI FEDERAL N° 9.717/98 PELA FALTA DE REALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO


ATUARIAL (SUBITEM 5.3).
Defesa: Não se pronunciou.
Auditoria: Como o defendente não se pronunciou, a Auditoria mantém os termos do relatório inicial, portanto, a
irregularidade permanece.
INSTITUTO EM SITUAÇÃO IRREGULAR COM RELAÇÃO A VÁRIOS CRITÉRIOS AVALIADOS PELO MPS
(SUBITEM 5.4).
Defesa: Não se pronunciou.
Auditoria: Como o defendente não se pronunciou, a Auditoria mantém os termos do relatório inicial, portanto, a
irregularidade permanece.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao TCE/PB emitiu o Parecer nO


386/2009, opinando pela:

a) Irregularidade da vertente prestação de contas;


b) Aplicação de multa, nos termos do artigo 56, da LOTCE-PB;
c) Fixação de prazo aos gestores responsáveis para apresentação ao Tribunal
de prova de adequação do órgão previdenciário às exigências normativas sob
pena das cominações legais;
d) Recomendação para que o atual Prefeito Municipal de Lucena, bem como o
Presidente do Instituto de Previdência, sigam com mais zelo os preceitos
constitucionais e legais que regulam a matéria em questão. /1

gmbc tA
PROCESSO Te N° 01881/05 FI. 5/6

É o relatório, informando que os interessados foram regularmente notificado para esta


sessão de julgamento.

2. VOTO DO RELATOR

No tocante a ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias é irregularidade de


responsabilidade maior do chefe do Poder Executivo e deve, portanto, ser objeto de apreciação em sua
prestação de contas.

Respeitante a ausência de cumprimento das obrigações patronais relativas às despesas com


"Vencimentos e Vantagens Fixas", realizadas pelo Instituto, no valor de R$ 9.900,00, o Relator entende
que deve ser comunicado ao INSS para as providências a seu cargo.

Feitas essas observações, o Relator vota pela:

1) Irregularidade da prestação de contas do Instituto de Previdência do Município de Lucena - IPML,


relativa ao exercício financeiro de 2004, de responsabilidade do ex-Presidente, Sr. Ney Toscano
Barreto;

2) Aplicação de multa a Sr. Ney Toscano Barreto, no valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos
reais), em virtude das irregularidades e falhas constatadas pela Auditoria, com fundamento no art.
71, VIII, da CF, e 56, 11 da LCE 18/93; assinando-lhe o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da
publicação deste ato, para recolhimento voluntário ao erário estadual, à conta do Fundo de
Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, sob pena de cobrança executiva, desde logo
recomendada, conforme o disposto no art. 71, § 4° da Constituição do Estado da Paraíba;

3) Recomendação ao atual Presidente do Instituto para que tome medidas visando a não repetição
das ocorrências verificadas;

4) Representação à Receita Federal do Brasil quanto à ausência recolhimento das obrigações


patronais ao INSS, referente a vencimentos pagos pelo Instituto;

5) Recomendação ao Chefe do Poder Executivo e a(o) atual Gestor(a) do Instituto no sentido de


envidar esforços visando o cumprimento dos requisitos constitucionais e legais de funcionamento
do referido sistema previdenciário; e

6) Determinar à Auditoria para que verifique, quando da análise das prestações de contas, exercício
de 2008, da Prefeitura, quanto à permanência da irregularidade de responsabilidade do chefe do
Poder Executivo (ausência de repasses regulares das contribuições previdenciárias).

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO

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gmbc
/
PROCESSO TC N° 01881/05 FI. 6/6

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO 01881/05, ACORDAM os


membros integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão de julgamento, por
unanimidade de votos, acatando o voto do Relator, em:

1. IRREGULARIDADE da prestação de contas do Instituto de Previdência do Município


de Lucena - IPML, relativa ao exercício financeiro de 2004, de responsabilidade do
ex-Presidente, Sr. Ney Toscano Barreto;

2. APLICAÇÃO de multa a Sr. Ney Toscano Barreto, no valor de R$ 1.500,00 (um mil e
quinhentos reais), em virtude das irregularidades e falhas constatadas pela Auditoria,
com fundamento no art. 71, VIII, da CF, e 56,11 da LCE 18/93; assinando-lhe o prazo
de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação deste ato, para recolhimento voluntário
ao erário estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal, sob pena de cobrança executiva, desde logo recomendada, conforme o
disposto no art. 71, § 4° da Constituição do Estado da Paraíba;

3. RECOMENDAÇÃO ao atual Presidente do Instituto para que tome medidas visando


a não repetição das ocorrências verificadas;

4. REPRESENTAÇÃO à Receita Federal do Brasil quanto à ausência recolhimento das


obrigações patronais ao INSS, referente a vencimentos pagos pelo Instituto;

5. RECOMENDAÇÃO ao Chefe do Poder Executivo e a(o) atual Gestor(a) do Instituto


no sentido de envidar esforços visando o cumprimento dos requisitos constitucionais
e legais de funcionamento do referido sistema previdenciário; e

6. DETERMINAR à Auditoria para que verifique, quando da análise das prestações de


contas, exercício de 2008, da Prefeitura, quanto à permanência da irregularidade de
responsabilidade do chefe do Poder Executivo (ausência de repasses regulares das
contribuições previdenciárias).

Publique-se, intime-se e cumpra-se.


Sala das Sessões do TCE-PB - Plen' io Ministro João Agripino.
João Pessoa, 20 d ai de 2009.

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