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I PROCESSO TC 03236/07 m
Administração Direta Municipal - Município de GURINHÉM
- Prestação de Contas do Prefeito, Senhor CLAUDINO
CÉSAR FREIRE, relativa ao exercício financeiro de 2006 -
Emissão de PARECER CONTRÁRIO à aprovação das
contas - Aplicação de multa - Concessão de prazo para
esclarecimentos- Representação à Receita Federal do
Brasil - Recomendações.
Atendimento PARCIAL às exigências da LRF.
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4. DETERMINARa verificação, através da Auditoria, da efetiva redução do
contingente excessivo dentro do prazo e através das medidas legais
cabiveis, devendo as informações colhidas subsidiar a Prestação de
Contas do exercício de 2007, no qual extingue-se o prazo para a redução
necessária;
5. RECOMENDAR ao Poder Legislativo local, a elaboração de norma
legislativa adequada, para o quadriênio 2009-2012,à disciplina da matéria
relativa à fixação dos subsidios dos agentes políticos da municipalidade;
6. ORDENARa ao atual Mandatário Municipal, a devolução à conta corrente
do FUNDEF, com recursos do próprio município, da importância de R$
7.889,59, uma vez aplicada em despesas correntes da edilidade, foram
dos objetivos do fundo, no prazo de 30 dias, sob pena de aplicação de
multa e outras cominações legais aplicáveis à espécie
7. REPRESENTAR à Receita Federal do Brasil, com relação aos fatos
atrelados às contribuições previdenciárias;
8. RECOMENDARà Administração Municipal de GURINHÉM,no sentido de
que não mais repita as falhas constatadas nos presentes autos,
especialmente no que toca à observância aos termos da Lei de
Responsabilidade Fiscal e dos princípios constitucionais e
administrativos e à necessidade de organizar e manter a Contabilidade
em estrita consonância com as normas pertinentes, com vistas a evitar
conseqüências adversas em futuras prestações de contas.
Publique-se, intime-se e registre-se.
Sala das Sessões do TCE-Pb - 8 nárío Ministro João Agripino
João Pess a, 08 o tubro de 2008.
RELATÓRIO
o Senhor CLAUDINO CÉSAR FREIRE, Prefeito do Município de GURINHÉM, no
exercício de 2006, apresentou, fora do prazo legal, mas com o devido pagamento de
multa (fls. 03), a PRESTAÇÃO DE CONTAS, sobre a qual a DIAFIIDEAGM IIIDIAGM 11
emitiu Relatório, com as observações principais, a seguir, sumariadas:
1. A Lei Orçamentária nO 332/05, de 14/12/2005, estimou a receita e fixou a
despesa em R$ 9.161.945,00;
2. Balanços Orçamentário, Financeiro e Patrimonial incorretamente elaborados;
3. As despesas não licitadas importaram em R$ 881.748,50, representando 8,81%
da Despesa Orçamentária Total;
4. Os gastos com obras e serviços de engenharia, no exercício, totalizaram
R$ 187.575,13, correspondendo a 2,11% da Despesa Orçamentária Total;
5. A remuneração recebida pelo Prefeito e Vice foi de R$ 104.000,00 e R$
48.000,00, respectivamente, estando dentro dos parâmetros legalmente
estabelecidos (a princípio a Auditoria identificou um excesso na remuneração do
Prefeito, mas que foi esclarecido);
6. As despesas condicionadas comportaram-se da seguinte forma:
8.1 Com ações e serviços públicos de saúde, verificou-se um percentual de
16,24% da receita de impostos e transferências (mínimo: 15,00%);
8.2 Em MDE representando 26,56% das receitas de impostos e transferências
(mínimo: 25%);
8.3 Com Pessoal do Poder Executivo, equivalendo a 61,30% da RCL (limite
máximo: 54%);
8.4 Com Pessoal do Município, representando 64,61 % da RCL (limite máximo:
60%);
8.5 Em Remuneração e Valorização do Magistério, constatou-se a aplicação de
57,47% dos recursos do FUNDEF (mínimo: 60%).
7. O repasse para o Poder Legislativo foi de 8,17% da receita tributária mais
transferências do exercício anterior e foi inferior ao limite fixado no orçamento,
descumprindo o que dispõe o rt. 29-A, § 0, liSOS I e 111 da Constituição
Federal;
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8. Não foram comprovadas as respectivas publicações dos REO e dos RGF.
Quanto a este último instrumento não registrou quais medidas adotadas ou a
adotar, já que se verificou a ultrapassagem do limite da despesa total com
pessoal;
9. Não há registro de denúncias sobre irregularidades ocorridas no exercício;
10. No tocante à gestão fiscal, registrou-se que o gestor ATENDEU
PARCIALMENTE ÀS EXIGÊNCIAS DA LRF, tendo em vista os seguintes
aspectos:
10.1. Gastos com pessoal, correspondendo a 64,61 % da RCl, em relação ao
limite (60%) estabelecido no art. 19, da lRF;
10.2. Gastos com pessoal, correspondendo a 61,30% da RCl, em relação ao
limite (54%) estabelecido no art. 20, da lRF e não indicação de medidas
em virtude da ultrapassagem de que trata o art. 55 da lRF;
10.3. Repasse para o Poder legislativo em relação ao que dispõe o inciso I, §
2° do art. 29-A, da Constituição Federal;
10.4. Repasse para o Poder legislativo em relação ao que dispõe o inciso 111, §
2° do art. 29-A, da Constituição Federal;
10.5. Comprovação da publicação dos REO;
10.6. Comprovação da publicação dos RGF.
11. Quanto às demais disposições constitucionais e legais, inclusive os itens do
Parecer Normativo TC 52/04, constataram-se as seguintes irregularidades:
11.1. Balanço Orçamentário elaborado incorretamente, pois os valores das
receitas previstas e arrecadadas divergem das constantes do Anexo X;
11.2. Insuficiência financeira para atender ao pagamento dos Restos a Pagar
do exercício, contrariando o art. 1°, §1°, da lRF (R$134.857,11);
11.3. Balanço Patrimonial elaborado incorretamente;
11.4. Despesas não licitadas no valor de R$ 881.748,50, além de vários
fracionamentos de despesa;
11.5. Fixação dos subsídios do Prefeito e do Vice-Prefeito por meio de Decreto
legislativo, contrariando o art. 29, V, da Constituição Federal;
11.6. Excesso de remuneração no valor de R$ 8.000,00 recebida pelo Prefeito
no exercício em análise;
11.7. Divergência entre os valores das saídas das contas que movimentam
recursos do FUNDEF e as despesas contabilizadas nos balancetes
mensais (R$ 47.942,14);
11.8. As aplicações de recursos do FUNDEF na remuneração dos profissionais
do magistério não atingiram ao mínimo estabelecido no art. 60, §5° do
ADCT da Constituição Federal (R$ 1.146.242,50);
11.9. Recolhimento a menor das obriga ões patronais (R$ 460.935,51);
11.10. Apropriação indébita de v es retidos, a título de contribuições
previdenciária dos se res e não repassados ao INSS (R$
188.027,51 ).
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11.11. Valor pago como despesas com obrigações patronais supera o valor
empenhado, contrariando a lei nO4.320/64 (R$ 188.027,51).
Regularmente intimado pessoalmente por três vezes e uma através do Diário
Oficial, para o exercício do contraditório, o interessado apresentou a defesa às fls.
1075/1090, remetida por via postal, incompleta e sem a assinatura dele e do contador em
alguns documentos, que o Relator admitiu, excepcionalmente, em nome dos princípios do
contraditório, da mais ampla defesa e da informalidade, que a Unidade Técnica de
Instrução analisou e concluiu:
1. Elidindo as seguintes irregularidades:
1.1 Gastos com pessoal, correspondendo a 64,61 % da RCl, em relação ao
limite (60%) estabelecido no art. 19, da LRF;
1.2 Repasse para o Poder legislativo em relação ao que dispõe o inciso 111, §
2° do art. 29-A, da Constituição Federal;
1.3 Excesso de remuneração no valor de R$ 8.000,00 recebida pelo Prefeito
no exercício em análise.
2. Retificando o percentual de gastos com pessoal, em relação ao limite
estabelecido no art. 20 da LRF, de 61,30% para 56,28%.
3. Mantendo as demais irregularidades.
Solicitada a oitiva ministerial, o ilustre Procurador Geral em exercício, André Carlo
Torres Pontes, após considerações pugnou, ao final, no sentido de que o Tribunal Pleno:
1. DECLARE o atendimento parcial dos requisitos da gestão fiscal responsável,
previstos na lC 101/2000 (itens 2 e 3).
2. EMITA PARECER sugerindo à Câmara Municipal de Gurinhém a
REPROVAÇÃO das contas de gestão geral relativas ao exercício de 2006, em
razão dos fatos indicados nos itens 6, 8, 9, 10 e 11.
3. JULGUE REGULARES COM RESSALVAS as despesas sem licitação, sem
imputação de débito, por falta de indicação de danos materiais ao erário.
4. JULGUE IRREGULARES o uso de recursos sem comprovação e de forma
danosa ao erário, com imputação de débito contra o Prefeito, em relação ao
item 8.
5. JULGUE REGULARES as demais despesas ordenadas.
6. REPRESENTE ao órgão previdenciário o fato relacionado às contribuições
previdenciárias;
7. APLIQUE MULTAS ao PREFEITO por infrações a normas constitucionais e
legais, e danos ao erário, com fulcro na CF/88, art. 71, VIII, e LCE nO18/93, arts.
55 e 56.
8. RECOMENDE diligências no sentido de petição das falhas
acusadas no exercício de 2006.
Foram efetuadas as comunicações de pr e.
É o Relatório.~,;
I PROCESSO TC 03236/07 Ipág.4/7IJ
PROPOSTA DE DEC.sAo
o Relator acompanha o entendimento da Unidade Técnica de Instrução e o
pronunciamento ministerial na medida em que:
1. Permanece a irregularidade quanto à indicação do percentual de 56,28% da
RCL de gastos com pessoal, em relação ao que dispõe o art. 20 da LRF, uma
vez que deixaram de ser corretamente contabilizadas como despesas de
pessoal a quantia de R$ 102.545,00 (fls. 994/1019), indevidamente lançadas
como Serviços de Terceiros - Pessoa Física, bem como o fato de que não foram
indicadas medidas em virtude da referida ultrapassagem (em 2,28%) de que
trata o art. 55 da LRF, nem nos RGF nem no decorrer do exercício. Tal fato
merecerá maior atenção do Tribunal, mas na oportunidade devida, havendo a
Auditoria de verificar a efetiva redução do contingente excessivo de pessoal,
quando da análise da Prestação de Contas do exercício de 2007, no qual
extingue-se o prazo para a necessária redução;
2. Constitui infringência ao princípio da transparência, preconizado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, a ausência de comprovação da publicação dos REO e
RGF, vez que o gestor não comprovou documentalmente a efetiva divulgação
e/ou publicação dos referidos instrumentos, o que redunda em desaprovação
das contas prestadas, na inteligência do subitem 2.12 do Parecer Normativo
n° 52/2004;
3. Indubitavelmente verifica-se a incorreta elaboração dos Balanços Orçamentário,
Financeiro e Patrimonial, uma vez que o gestor não apresentou justificativas
plausíveis suficientes para modificar as divergências constatadas entre os
demonstrativos contábeis, o que também redunda em desaprovação das contas,
na inteligência do subitem 2.9 do Parecer Normativo nO52/2004;
4. Nada esclareceu o gestor no tocante à irregularidade quanto às despesas não
licitadas, no valor de R$ 881.748,501, além de vários fracionamentos de despesa
e indícios de constar em licitações documentos fraudados (fls. 1060/1063, item
5.1 do Relatório Inicial da Auditoria), ensejando emissão de PARECER
CONTRÁRIO às contas prestadas, preconizado no subitem 2.10 do Parecer
Normativo nO52/2004;
5. No que tange à fixação dos subsídios do Prefeito e do Vice-Prefeito por meio de
Decreto Legislativo, contrariando o art. 29, V, da Constituição Federal, resta
recomendar ao Legislativo Mirim, a elaboração de norma legislativa adequada,
para o quadriênio 2009-2012, visando à disciplina da matéria antes indicada,
com vistas a sanear a flagrante inconstitucionalidade do instrumento utilizado até
então para fixar os referidos subsídios;
É a Proposta.
João Pessoa, 08 de outubro de 2.008.
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