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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADOSecretaria


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!PROCESSO TC 02513/071 ~ rrbunal "'feno

Prestação de Contas da Mesa da Câmara Municipal


de MONTEIRO - Exercício Financeiro de 2006 -
Julga-se irregular - Atendimento integral às
exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal- Excesso
de remuneração recebido pelos Vereadores -
Imputação de débito.

ACÓRDÃO APL TC N° 111G /08

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC N°


02513/07, que trata da Prestação de Contas da Mesa Diretora da Câmara
Municipal de Monteiro, relativa ao exercício financeiro de 2006, da
responsabilidade do Senhor Inácio Teixeira de Carvalho.

CONSIDERANDO que o Órgão Técnico desta Corte, após analisar a


documentação que instrui o presente processo, inclusive a defesa apresentada
por aquele gestor, constatou a ocorrência das seguintes irregularidades:

1) Não comprovação da publicação dos RGF do exercício;


2) Incompatibilidade entre informações no registro das inscrições da
receita extra-orçamentária entre a PCA e o SAGRES;
3) Incompatibilidade de informações no demonstrativo da origem e
aplicação de recursos não consignados no orçamento, e;
4) Excesso na remuneração recebido pelos Vereadores do Município,
inclusive o Presidente da Câmara Municipal, no montante de R$
22.716,00, em relação à remuneração percebida pelo Deputado
Estadual e pelo Presidente da Assembléia Legislativa, respectivamente,
em descumprimento ao que dispõe o art. 29, inciso V, da Constituição
Federal.

CONSIDERANDO que o Ministério Público junto a esta Corte


considerou releváveis as falhas atinentes à não comprovação da publicação
dos RGF e às incompatibilidades entre os demonstrativos contábeis
mencionados, as quais ensejam as devidas recomendações, bem como
entendeu que cabe a responsabilização aos Edis do quantum recebido em
excesso a título de subsídios;
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
WROCESSO TC 02513/071

CONSIDERANDO que, em razão desses entendimentos, aquele Órgão


Ministerial pugnou pela: (a) irregularidade das contas em análise; (b)
atendimento integral às disposições da LRF; (c) imputação de débito aos
Vereadores do Município, em face do excesso de remuneração percebido, no
montante de R$ 22.716,00; e (d) recomendação à Câmara Municipal no
sentido de evitar toda e qualquer ação administrativa que venha macular as
contas da gestão;

CONSIDERANDO o Relatório da Auditoria, o Parecer da Procuradoria


Geral, o Voto do Relator e o mais que dos autos consta;

ACORDAM os membros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO


ESTADO DA PARAíBA, em sessão realizada nesta data, por unanimidade de
votos, em:

1. Julgar IRREGULARES as Contas prestadas pelo Sr. Inácio Teixeira de


Carvalho, ex-Presidente da Câmara Municipal de Monteiro, relativas ao
exercício financeiro de 2006;
2. Declarar o atendimento integral às exiqências da Lei de
Responsabilidade Fiscal, pelo ex-Chefe do Poder Legislativo daquele
Município, relativamente àquele exercício;
3. Imputar débito aos Vereadores do Município em razão do excesso de
remuneração percebido em 2006, no montante de R$ 22.716,00, assim
distribuído:
Vereador Excesso (R$)
Inácio Teixeira de Carvalho (Presidente) 8.388,00
Antônio Edvaldo Bezerra da Silva 1.791,00
Cícero Roberto Mendonça de Souza 1.791,00
Luiz Berto da Silva 1.791,00
José Bezerra Filho 1.791,00
Givalbério Alves Ferreira 1.791,00
Heleno Fernandes de Freitas 1.791,00
Francisco de Assis Félix de Lima 1.791,00
Lucione Neqromonte Azevedo 1.791,00
Total 22.716,00
4. Assinar aos responsáveis citados o prazo de 60 (sessenta) dias para
recolhimento dos débitos acima mencionados aos cofres públicos
municipais, devendo comprovar tê-lo feito a este Tribunal, sob pena de
cobrança executiva a ser ajuizada pelo Prefeito Municipal até o 30°
(trigésimo) dia após o vencimento daquele prazo, sob pena de
responsabilidade, servindo o presente acórdão como título executivo. No
caso de omissão daquela autoridade, deverá agir o Ministério Publico,
nos termos do artigo 71, parágrafos 3° e 4° da Constituição Estadual;
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!PROCESSO TC 02513/071
TRIBUNAL
I
DE CONTAS DO ESTADO

5. Recomendar à atual Presidência daquela Casa Legislativa a estrita


observância quanto às disposições legais que regem a Administração
Pública, notadamente quanto às falhas apontadas pela Auditoria.

Presente ao julgamento o Exma. Senhora Procuradora Geral.

Publique-se, registre-se, cumpra-se.

Te - PLENÁRIO MINISTRO JOÃO AGRIPINO

João Pessoa, Jq de O ot» f) «o de 2008.

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UMBERTO SILVEIRÀ PORTO
Relator

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! 'ANA TERESA NÓBREGA {~
Procuradora-Geral

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSOrC 02513/07.

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Sr. Presidente, Srs. Conselheiros, douta Procuradora-Geral, Srs. Auditores.

oProcesso em pauta trata das Contas apresentadas pelo Sr. Inácio


Teixeira de Carvalho, na qualidade de ex-Presidente da Câmara Municipal de
MONTEIRO, relativas ao exercício financeiro de 2006.

o Órgão Técnico desta Corte, com base na documentação enviada ao


Tribunal, bem como nas informações colhidas na inspeção realizada in loco no
período de 02 a 06 de junho deste ano, elaborou relatório preliminar de fls. 159/164,
com as observações a seguir resumidas:

1. A Prestação de Contas foi apresentada ao Tribunal com atraso de 02 dias;


ensejando multa no valor de R$ 550,00;
2. O Orçamento do Município estimou as transferências para a Câmara Municipal no
montante de R$ 643.500,00 e fixou as despesas em igual valor;
3. As transferências efetivamente repassadas para Poder Legislativo Municipal
situaram-se nos exatos valores orçados;
4. A Despesa orçamentária realizada atingiu R$ 643.238,51, registrando-se, na
execução orçamentária, um superávit de R$ 261,49;
5. As despesas e receitas extra-orçamentárias corresponderam respectivamente a
R$ 98.243,06 e a R$ 98.504,55, representadas por "Consignações Diversas";
6. A Despesa Total do Poder Legislativo correspondeu a 7,89 % do somatório da
receita tributária mais as transferências efetivamente realizadas no exercício
anterior, cumprindo ao que determina o art. 29-A da Constituição Federal;
7. A Despesa com a Folha de Pagamento, no valor de R$ 397.099,62, correspondeu
a 61,71 % das transferências recebidas, situando-se dentro do limite estabelecido
pelo Art. 29-A, §1°, da Constituição Federal;
8. Não houve registro de saldo financeiro para o exercício seguinte;
9. Os gastos com Pessoal do Poder Legislativo Municipal corresponderam a 2,77 %
da Receita Corrente Líquida, dentro do limite estabelecido na LRF;
10. Os RGF do exercício foram encaminhados ao Tribunal dentro do prazo legal,
contendo todo os demonstrativos legalmente exigidos.

No tocante à Gestão Fiscal, a Auditoria registrou como irregularidade


apenas a não comprovação da publicação dos RGF do exercício.

O Órgão Técnico deste Tribunal apontou ainda as seguintes


irregularidades, quanto à Gestão Geral:

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a) Atraso de dois dias no encaminhamento da PCA, ensejando multa no valor de R$
550,00;
b) Incompatibilidade de informações no registro das inscrições da receita extra-
orçamentária entre a PCA e o SAGRES;
c) Incompatibilidade de informações no demonstrativo da origem e aplicação de
recursos não consignados no orçamento.
d) E, finalmente, excesso de subsídios recebidos pelos Vereadores, inclusive o
Presidente da Câmara Municipal, no montante de R$ 22.716,00, em relação a
remuneração percebida pelo Deputado Estadual e pelo Presidente da Assembléia
Legislativa, respectivamente, em descumprimento ao que dispõe o art. 29, inciso
V, da Constituição Federal, cabendo para cada um dos Vereadores um excesso
de R$ 1.791,00 e para o Presidente da Câmara um excesso de R$ 8.388,00;

Em razão das irregularidades apontadas, o ex-Presidente foi notificado


na forma regimental e veio aos autos apresentando os esclarecimentos de fls.
169/176, aos quais fez juntada de documentos (fls. 177/182), onde alegou, em
síntese, que:

a) Não ocorreu atraso na entrega da PCA, tendo em vista que o prazo encerrou-se
em 31/03/2007, um dia de sábado, ficando o prazo automaticamente dilatado para
a segunda-feira, dia 02/04/2007, quando a PCA deu entrada no Tribunal;
b) Os RGF do Poder Legislativo foram afixados em quadros de avisos de alguns
órgãos públicos do Município, conforme as declarações anexadas que
comprovam a publicidade dos citados demonstrativos;
c) Quanto às incompatibilidades de informações apontadas pela Auditoria, a defesa
apresentou o demonstrativo devidamente retificado;
d) Finalmente, no tocante ao excesso de remuneração dos Vereadores, a defesa
informou que foi feito solicitação à Assembléia Legislativa do Estado para que
informasse os valores percebidos pelos Deputados Estaduais e pelo Presidente
daquela Casa, em 2006, para posterior defesa em relação a este fato.

Determinada a analisar a defesa apresentada, o Órgão Técnico deste


Tribunal entendeu sanada apenas a falha referente ao atraso na entrega da PCA;
mantendo, contudo, as demais irregularidades inicialmente apontadas.

Instado a se pronunciar, o douto Ministério Público junto a esta Corte,


em parecer encartado às fls. 188/190, entendeu, em resumo, que:

a) Cabe relevação a falha relativa à comprovação da publicação dos RGF, tendo


em vista que existem nos autos declarações que afirmam a publicidade dos
demonstrativos em quadro de aviso nas dependências de várias secretarias
municipais, com amplo acesso ao público;
b) Quanto às incompatibilidades de informações entre demonstrativos e entre a
PCA e o SAGRES, o Órgão Ministerial entendeu que as falhas são mais
imputáveis a uma desorganização administrativa, não havendo dolo no caso,
nem prejuízo ao Erário, razão pela qual devem ser relevadas, embora seja
conveniente recomendar que em ocasiões futuras tais falhas sejam evitadas;
c) No tocante ao excesso de subsídios recebidos pelos Vereadores, perfazendo
um total de R$ 22.716,00, cabe a responsabilização dos Edis pela devolução
do quantum recebido em excesso; ._ ""7
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IPág.02/03j
d) o Órgão Ministerial, por fim, pugnou pela (a) IRREGULARIDADE das contas
em análise; (b) Atendimento integral às disposições da LRF; (c) Imputação de
P
débito aos Vereadores, em face do excesso de remuneração percebido; e,
finalmente, (d) Recomendação à Câmara Municipal no sentido' de evitar toda e
qualquer ação administrativa que venha macular as contas da gestão.

O processo foi agendado para apreciação deste Tribunal Pleno na


sessão do dia 03 de setembro último, quando, naquela oportunidade, o Relator
retirou-o da pauta de julgamento, com vista à notificação dos demais Vereadores do
Município, acerca do excesso de remuneração apontado, o que não havia sido feito
anteriormente.

Os Vereadores do Município foram devidamente notificados, contudo,


expirado o prazo regimental, não apresentaram quaisquer esclarecimentos.

O processo não retornou ao Órgão Ministerial junto a este Tribunal e


houve a notificação dos interessados para a presente sessão.

É o Relatório.

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O Relator acompanha o posicionamento exarado pelo Ministério
Público Especial e vota no sentido de que este Tribunal:

1) Julgue IRREGULARES as Contas prestadas pelo Sr. Inácio


Teixeira de Carvalho, ex-Presidente da Câmara Municipal de
Monteiro, relativas ao exercício financeiro de 2006;
2) Declare o atendimento integral às exigências da Lei de
Responsabilidade Fiscal, pelo ex-Chefe do Poder Legislativo
daquele Município, relativamente ao exercício de 2006;
3) Impute débito aos Vereadores do Município de Monteiro em razão
do excesso de remuneração percebido em 2006, no montante de R$
22.716,00, cabendo ao Presidente da Câmara um ressarcimento no
valor de R$ 8.388,00 e a cada um dos demais Vereadores a quantia
individual de R$ 1.791,00, assinando-lhes o prazo de 60 dias para o
recolhimento voluntário aos cofres municipais, sob pena de
intervenção do Ministério Público Comum, desde logo recomendada;
4) Recomende à atual Presidência daquela Casa Legislativa a estrita
observância quanto às disposições legais que regem a
Administração Pública, notadamente quanto às falhas apontadas
pela Auditoria.

É o Voto.
Em 29/outubro/2008. cí~"-7 )"
Cons. ~'ubs{5mb;rt~1silvéírà--Porto' /
Relator
Gab. JMM/FCP

FPág.03/033

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