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WELFANY NOLASCO RODRIGUES

UMA LEITURA DO CONTEXTO SOCIAL NO MÉDIO


JEQUITINHONHA E MEDINA/MG COM VISTAS A
IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS NA REGIÃO

Texto apresentado à Comissão Ministerial


Regional da 4ª Região Eclesiástica da Igreja
Metodista como requisito para a conclusão do
3º ano do período probatório como aspirante
ao ministério pastoral.

Medina/MG — Junho de 2009


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO______________________________________________________________4
I – ASPECTOS SOCIAIS NO MÉDIO JEQUITINHONHA__________________________5
A localização...........................................................................................................................5

A história: Vale da riqueza.....................................................................................................6

A realidade atual: vale da pobreza.........................................................................................7

I – A CIDADE DE MEDINA-MG_______________________________________________9
História ..................................................................................................................................9

Significado do Nome............................................................................................................10

Dados Gerais ........................................................................................................................10

População .............................................................................................................................10

Economia: ............................................................................................................................11

Saúde.....................................................................................................................................12

Ensino ..................................................................................................................................12

III – LEITURA PASTORAL PARA A IMPLANTAÇÃO DE IGREJAS NA REGIÃO_____13


3
Possibilidades e oportunidades:...........................................................................................13

Mobilização social................................................................................................................14

Artesanato.............................................................................................................................14

Educação...............................................................................................................................15

Turismo.................................................................................................................................15

Ecologia................................................................................................................................16

Saúde.....................................................................................................................................17

Saneamento...........................................................................................................................17

CONCLUSÃO______________________________________________________________19
BIBLIOGRAFIA____________________________________________________________21
Sites e páginas da internet consultadas para a pesquisa:.....................................................21
4

INTRODUÇÃO

“Aquele, pois, que sabe fazer o bem, e o não faz, comete pecado”.
Tiago 4.17

Estamos em busca de saber o que fazer na obra missionária e quando souber teremos

que fazê-lo. Conhecendo a tradição metodista de um evangelho social mais ainda tenho

aprendido sobre o testemunho cristão para a sociedade através de atitudes concretas que

venham transformar a comunidade onde a Igreja esteja inserida. Este é o maior desafio para

a Igreja Cristã nos dias atuais.

O objetivo deste interessante trabalho é buscar conhecer melhor a região do Médio

Jequitinhonha que se apresenta segundo dados estatísticos do IBGEi a região mais pobre do

país com vistas a um trabalho social-pastoral na comunidade de Medina/MG, onde já existe

presença metodista a dez anos.

A principal motivação deste estudo foi buscar conhecer a região para apresentar um

projeto de implantação de Igrejas para a Quarta Região Eclesiástica desafiando e sendo

desafiados a alcançar este vale que tem mais de oitenta municípios sem Igreja Metodista.
I – ASPECTOS SOCIAIS NO MÉDIO JEQUITINHONHA

A localização
A região do Rio do Jequitinhonha localiza-se a nordeste do Estado de Minas Gerais,
sudeste brasileiro, e, segundo a Fundação João Pinheiroii, pode ser repartida em três zonas
bem diferenciadas: o Alto, o Médio e o Baixo Jequitinhonha. O Baixo e o Médio Rio são
marcados por grandes propriedades rurais, dedicadas à criação intensiva de gado e à
silvicultura, o Alto Jequitinhonha, situado acima do Rio Araçuaí, é caracterizada pelas
grandes extensões de terras planas – as chapadas – apropriadas por empresas, contrastando
com as vertentes - as grotas - ocupadas pelos terrenos de agricultores familiares. Da
nascente à foz do Jequitinhonha são 1.086 km contornado por mais de 80 municípios.

O Médio Jequitinhonha são 17 municípios: Angelândia, Araçuaí, Berilo, Cachoeira de


Pajeú, Chapada do Norte, Comercinho, Coronel Murta, Francisco Badaró, Águas
Vermelhas, Itaobim, Itinga, Jenipapo de Minas, José Gonçalves de Minas, Medina, Novo
Cruzeiro, Padre Paraíso, Pedra Azul, Ponto dos Volantes e Virgem da Lapa. Esta região é
privilegiada pelo acesso através da BR116e das Rodovias MG251, MG342 e MG367
ligando a região ao Nordeste do Brasil e Norte de Minas Gerais.

Segundo o site Território da Cidadaniaiii o médio Jequitinhonha conta com 285.162


habitantes, dos quais 136.855 (47,99%) vivem na área rural, o IDH 1 médio do território é
0,65. O Médio Jequitinhonha tem 16.025 agricultores familiares, 359 famílias assentadas,
172 famílias de pescadores e 12 comunidades quilombolas2.

1
IDH: segundo o IBGE: Índice de Desenvolvimento Humano.
6
.
iv
Mapa da Região do Vale do Jequitinhonha

A história: Vale da riqueza


A História registra que a luta pela conquista do vale do Jequitinhonha começou em
1550, isso porque o Alto Jequitinhonha continha muito ouro e diamantes, que despertaram a
atenção dos Bandeirantes paulistas e dos reis de Portugal. Um dos primeiros surtos de
geração de riqueza no Brasil foi resultante das atividades mineradoras foi nesta região.
v
A exploração dos minérios e escravos na região

A imagem acima retrata a lavagem de diamantes no arraial de Curralinho, litografia de


Rugendas feitores calçados e bem vestidos, negros seminus e com os pés na água: nas
minas, a rígida hierarquia da sociedade escravocrata.

Os processos reestruturantes, aos quais o Vale do Jequitinhonha se submeteu, ganham


intensidade, sobretudo a partir da década de 1950 com a inserção do eucalipto e café
mediante subsídios do poder público, a partir da década de 60, neste processo tem início

2
Quilombolas é designação comum aos escravos refugiados em quilombos, ou descendentes de escravos
negros cujos antepassados no período da escravidão fugiram para formar pequenos vilarejos chamados de
quilombos.
7
uma relativa valorização das terras da região, gerando impactos sócio-econômicos
significativos, sobretudo com o aumento da concentração fundiária. Seguindo o rastro da
Constituição de 1946 ocorreu uma enorme fragmentação dos municípios da região gerando
unidades político administrativas sem a mínima condição de auto sustentabilidade.

A realidade atual: vale da pobreza


Durante a longa história do Vale, os mineradores e garimpeiros vasculharam os leitos
dos rios e seus afluentes, obtendo riqueza fácil. Nessa ocasião, a exploração mineral ainda
era processada horizontalmente, através de veios superficiais.

Atualmente não existe mais um tapete verde e sim uma colcha de retalhes. É a velhice
precoce do solo espezinhado, espoliado, surrado pelo pisar constante dos animais vorazes,
pelas queimadas e pelas estiagens causticantes como mostra a imagem do satélite:
vi
Foto de satélite da região

Devido a todos estes fatores o Vale do Jequitinhonha é considerado uma das regiões
mais pobres do Estado de Minas Gerais, e, é também considerado pelos parâmetros da
UNESCOvii uma das mais pobres do mundo.

A região apresenta uma integração frágil com a economia nacional e estadual, pois se
localiza na região de transição entre área de influência de Belo Horizonte e o Nordeste
Brasileiro, estando à margem dos eixos de desenvolvimento.
8
A pobreza é a tônica que se criou e se mantém em detrimento da população, e em
benefício da dominação e manipulação pela elite desde os primórdios da história.

De acordo com a PADES/VALEviii (Programa de Apoio ao Desenvolvimento


Sustentável do Vale do Jequitinhonha) o processo de empobrecimento desta região reflete-se
no enfraquecimento das atividades primárias. A economia rural é dificultada pelas estrutura
fundiária e pelo perfil sócio econômico de sua população.

Dados obtidos no IBGEix mostram que a população teve seu número reduzido em
decorrência da redução do crescimento vegetativo e êxodo rural. A pobreza e a miséria
levam os homens a se submeterem ou mesmo ao êxodo rural, promovendo e produzindo as
viúvas da seca.
9

I – A CIDADE DE MEDINA-MG

História
O município originou-se de um povoado formado por uma leva de índios e escravos
liderados pelo espanhol Leandro de Medina, que chega a região em maio de 1824.

Em 1847, é celebrada a primeira missa na capela de Santa Rita, construída em terreno


doado pela fazendeira Maria Gonçalves. Mais tarde o povoado é elevado à categoria de
distrito, desmembrando-se de Minas Novas e anexado ao município de Fortaleza (atual
Pedra Azul), com a denominação de Santa Rita de Medina. Em 1938, é elevado a município
e passa a se chamar Medina, sendo instalada a Comarca em 1948.

Localizada a 672 km distante de Belo Horizonte, ligado pelas BR-116, BR-251 e MG


105. Faz divisa com os municípios de Cachoeira do Pajeú, Santa Rita de Salinas,
Comercinho, Itinga, Itaobim, Jequitinhonha e Pedra Azulx.
10
Significado do Nomexi
O nome da cidade foi escolhido em homenagem a Leandro de Medina e como o dia da
sua chegada coincidiu com o da festa de Santa Rita, foi este o nome que o local recebeu.

Dados Gerais xii

Geografia
Área Total: 1.447,0 km²
Dens. Demográfica: 14,28 hab/km²
Altitude: 587 m
Latitude: 16º13´21"S
Longitude: 41º28´36"W
DDD: 33
CEP: 39620-000
Temperatura Média: 22,1º C
Microrregião: Pedra Azul
Mesorregião: Vale do Jequitinhonha

População xiii

Em 15 de Março de 2008 o IBGE estimava em 20.667 habitantes.


Homens: 10.327
Mulheres: 10.340
Vida (média anual):
Nascimentos: 566
Óbitos: 149
Casamentos: 92
Separação: 9
Divórcio: 135
Habitação:
Domicílios: 4931;
Domicílios Urbanos: 3265;
Domicílios Rurais: 1589;
Aglomerados Rurais: 149
11
Com base nos dados abaixo apresentados pode-se ver que a cidade teve um bom
desenvolvimento nos últimos anos:

Índice de Desenvolvimento Humano, 1970, 1980, 1991 e 2000


ANO 1970 1980 1991 2000
Índice de Desenvolvimento Humano 0,293 0,405 0,463 0,645
Educação 0,291 0,357 0,436 0,729
Longevidade 0,401 0,452 0,645 0,678
Renda 0,186 0,405 0,307 0,527
Fonte: PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

Economia:
Pelo quadro abaixo se pode concluir que a economia da cidade gera principalmente em
torno da prestação de serviços e que a agropecuária precisa ser mais bem desenvolvida,
havendo um decréscimo da mesma nos últimos anos com pouco crescimento na área da
indústria e apenas uma retomada em quantidade de serviços prestados.

Composição Setorial do PIB 2001 a 2005


Setor 2001 2002 2003 2004 2005
Renda Per capita: R$3,30xiv
Agropecuária 14,9 % 19,0 % 19,1 % 17,3 % 16,5 %
Indústria 23,8 % 15,6 % 18,9 % 20,8 % 16,0 %
Percentual de Pobres: 70,4%xv
Serviços 62,2 % 62,5 % 58,9 % 58,7 % 63,6 %
Fonte: IpeaData

Empresas
Empresas Registradas: 301
Indústrias Agropecuárias: 0
Indústrias de Pesca: 0
Indústrias Extrativas: 13
Indústrias de Transformação: 20
Energia Gás Água: 1
Contrução: 0
Comércio e Similares: 213
Alojamento e Alimentação: 13
Transporte Armazenagem e Comunicação: 12
Financeiras: 3
Imobiliárias e Serviços: 3
Administração e Segurança Pública: 1
Educação: 2
Saúde e Serviços Sociais: 1
Outras: 19
Trabalhadores das Empresas Registradasxvi
Total de Trabalhadores 587
Trabalhadores no setor de Pesca 0
Trabalhadores nas Indústrias Extrativas 78
Trabalhadores nas Indústrias de Transformação 35
Trabalhadores no setor de Energia, Gás e Água 8
Trabalhadores no setor de Construção 0
Trabalhadores no Comércio e Similares 298
12
Trabalhadores nos setores de Alojamento e Alimentação 16
Trabalhadores nos setores de Transporte, Armazenagem e Comunicações 37
Trabalhadores no setor de Intermediação Financeira 14
Trabalhadores no setor Imobiliário 5
Trabalhadores na Administração e Segurança Pública 1
Trabalhadores no setor de Educação 24
Trabalhadores nos setores de Saúde e Serviços Sociais 47
Trabalhadores em outros setores 24
Agropecuáriaxvii
Estabelecimentos Agropecuários 678
Área dos Estabelecimentos 95318ha
Ocupação com Lavouras 2710ha
Ocupação com Pastagens 68154ha
Ocupação com Matas 17155ha
Números de Bovinos 30481
Números de Suínos 1861
Números de Galináceos 22868
Instituições Finaceiras
Agências: 2

Saúde xviii

Hospitais 1
Leitos Hospitalares 65
Unidades Ambulatóriais 7
Postos Saúde 4
Centros Saúde 2
Consultórios Médicos 0
Consultórios Odontológicos 0
Unidades Hospitalares Gerais 0
Postos Assistência Médica 0
Internações Hospitaláres 1985

Ensino xix

Matrículas no Ensino Fundamental: 5618


Matrículas no Ensino Médio: 605
Matrículas no Ensino PreEscolar: 247
Docentes no Ensino Fundamental: 218
Docentes no Ensino Médio: 24
Docentes no Ensino PreEscolar: 10
Estabelecimentos de Ensino Fundamental: 46
Estabelecimentos de Ensino Médio: 1
Estabelecimentos de Ensino PreEscolar: 1
Pessoas com menos de 1 ano de Instrução: 6438
Taxa de Analfabetismo: 42%xx
13

III – LEITURA PASTORAL PARA A IMPLANTAÇÃO DE


IGREJAS NA REGIÃO

“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-
las... que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das
estrelas! (Mário Quintana. IN: Espelho Mágico)

Pelos dados apresentados, entendemos que em toda região do Vale do Jequitinhonha e


principalmente na cidade de Medina, as dificuldades são maiores nas áreas de emprego,
saúde e educação. A pobreza é marcante na região, mas contrasta com a visível riqueza de
alguns poucos milionários do garimpo e minério que não contribuem para o crescimento da
região porque registram suas empresas nos estados da Bahia e Espírito Santo. Por isso
Medina e outras cidades do Vale não recolhem muitos impostos da extração mineral. Há
muita exploração da mão-de-obra barata e insegurança total do trabalho.

A diferença social é enorme. A Igreja deve entrar na comunidade como ponte para
união das pessoas e instituições levando justiça e paz!

Possibilidades e oportunidades:
Realmente é difícil olhar para frente diante do desafio maior do que as condições
reais, mas como disse o poeta ‘o caminho se faz ao caminhar’. Apesar das dificuldades,
buscamos inspiração nos Objetivos do Milênioxxi e podemos perceber algumas
possibilidades além de oportunidades presentes no Vale do Jequitinhonha e a partir da
cidade de Medina.
14

Mobilização social
A maior riqueza da região não são os diamantes e pedras preciosas, mas as pessoas que
residem ali, por isso é necessário investir nelas, lapidando-as para que vejam seu real valor.
Creio que a porta de entrada para a região com vista a implantação de igrejas é a Ação
Social, marca relevante da Igreja Metodista que oportuniza a pregação do evangelho.

Uma forte marca do povo brasileiro é sua solidariedade, por isso, junto com as notícias
ruins acerca da região sempre vemos a presença de alguém ajudando como pode. Ao
pesquisar no Google sobre ‘ongs no Vale do Jequitinhonha’ encontramos centenas de opções
que demonstram que o olhar bondoso brasileiro e do mundo todo se voltam para ajudar
pessoas com associações de artesãos, cooperativas de produção rural, cursos
profissionalizantes, trabalhos com senhoras e principalmente crianças são os alvos destes
grupos.

A mobilização social constante com formação de voluntariado e grupos de saúde,


educação e desenvolvimento das habilidades naturais como o artesanato e o turismo podem
redimir esta região já tão alijada do eixo de desenvolvimento brasileiro nas últimas décadas.

Artesanato
O artesanato ganhou impulso na década de 1970 com a criação da Comissão de
Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha (Codevale), hoje incorporada ao Instituto de
Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minasxxii. O chamado “vale da miséria” ganhou
projeção por seus artistas, numerosos entre os cerca de 1 milhão de habitantes da região.

O artesanato, antes encontrado apenas nas cidades do entorno do Rio Jequitinhonha,


chegou a Belo Horizonte, Bahia e diversas cidades do Brasil,chegando a ser exportada.
Hoje, o artesanato ocupa papel central na renda de muitas famílias. A cerâmica utilitária
com influências indígenas produzida pelas paneleiras estendeu-se à decoração.

Essa foi uma forma iniciativa que conseguiu empoderar as comunidade do Vale. Na
cidade de Medina, entretanto, precisa ser mais difundido a questão do artesanato porque é
pouco presente em relação ao restante das cidades ao seu redor. Por isso esta é uma das
oportunidades da Igreja podendo levar cursos e incentivo ao artesanato e formando
cooperativas que visem o acréscimo na renda familiar. Para isso a Igreja pode formar
parcerias com outras instituições públicas ou privadas, reunindo mulheres, por exemplo e
15
produzindo objetos decorativos com matéria-prima da própria região e expondo na feira
local bem como de cidades vizinhas.

Educação
A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)xxiii foi fundada
em 30 de setembro de 1953 por Juscelino Kubitschek de Oliveira, e federalizada em 17 de
dezembro de 1960 representa um referencial da cultura na região. Além desta, diversas
iniciativas privadas com pólos de Universidades particulares e outras instituições de ensino,
cultura e artes têm se mobilizado para a região.

Com incentivo do Governo Federal, muitas pessoas que são da região e foram para
grandes cidades em busca de trabalho, estão retornando para o vale acreditando que podem
reconstruir sua vida, bem como contribuir para o crescimento da região.

Especialmente na área da informática é muito escasso o ensino na cidade de Medina,


por isso o projeto Lírios do Vale da Igreja Metodista em Medina que faz parte da Rede
Sombra e Água Fresca da (e apoiada pela) Fundação Metodista de Ação Social e Cultural,
tem como objetivo apoio e proteção à criança e ao adolescentes.

Duas novas frentes do SAF Lírios do Vale 3 são as aulas de música de Informática. O
objetivo do projeto SAF é promover a educação sócio-educativa e outros tipos de atividades
como esporte e recreação, cultura, cidadania, saúde além de capacitação na área de música e
informática para crianças de 6 a 11 anos e para adolescentes de 12 a 14 anos, com vistas à
aproximação da população de Medina com as tecnologias ligadas à informática, utilizando-a
como ferramenta para outras atividades ou diretamente como atividade profissional.
Incentivando o aprendizado, a disseminação, a qualificação profissional e o interesse por
novos conhecimentos.

Turismo
O Vale do Jequitinhonha tem muitos atrativos a serem explorados pelos turistas. Além
das belezas naturais e históricas, que chama atenção para a riqueza cultural do povo do Vale.
A localização é estratégica por causa das rodovias que cortam a região do vale ligando ao
Nordeste, Espírito Santo e as regiões centro e sul de Minas Gerais.

O Programa Turismo Solidárioxxiv foi idealizado e implementado pelo Governo de


Minas por meio da Secretaria de Estado Extraordinária para Desenvolvimento dos Vales do
3
Maiores informações do projeto em: http://projetoliriosdovale.blogspot.com/
16
Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, vai desenvolver o turismo na região e gerar renda
para a população. Famílias de pequenas comunidades do Vale do Jequitinhonha estão de
portas abertas para os visitantes alugando quartos de sua própria casa para turistas.

As lindas paisagens com pedras enormes ao redor da cidade de Medina xxv chamam
atenção de qualquer visitante. A Igreja pode explorar esta possibilidade criando o Turismo
Missionário abrindo suas portas para cristãos de outras localidades para visitar e
evangelizar.

Ecologia
Além de dignificar as pessoas é preciso valorizar o habitat em que vivem de forma que
amem e reconstruam sua terra. A região é muito conhecida pelas suas pedras preciosas e
seu granito de excelente qualidade. Granito esse que gera a maior fonte de renda da
cidade, mas que em poucos anos devastara a fauna e a flora já que o pó de granito se
espalha por toda região, diminuindo o oxigênio nos rios e tornando o solo irredutível.

Quando foi perguntado a Leonardo Boffxxvi: Como se pode mudar a relação das
pessoas com o ambiente? Ele respondeu:

É preciso ter uma visão mais integral da ecologia, que toma o


ambiente natural em que estamos metidos, o ar que respiramos, o
chão que pisamos, o alimento que comemos, a água que bebemos,
mas também a ecologia social, que vê as relações sociais como
agressões ao ser humano. Talvez o ser mais ameaçado hoje não é a
baleia, não é o mico-leão-dourado. É o ser humano pobre, obrigado a
morrer antes do tempo, se está doente não pode se tratar, se tem
fome não pode comer. Então a ecologia social cuida da justiça
ecológica, ou seja, qual é a relação correta para com esse ser
complexo que é o ser humano, mas também a ecologia mental, quais
são as idéias e categorias que estão em nossa cabeça que nos levam a
discriminar, a usar da violência, que nos levam a destruir uma mata,
poluir o solo. Se colocarmos outros conteúdos na consciência, mais
solidariedade, menos exploração, mais cooperação, menos
competição, então o ser humano abre a mente para uma nova atitude.
Olhar para o vale e ver toda a destruição atual sobre o mesmo não pode ser empecilho
para acreditar no futuro. Uma forte preocupação presente na região hoje é com a
preservação das matas e o reflorestamento, o que demonstra que no futuro a realidade será
melhor.

Medina, onde ainda é forte a presença de garimpeiros e principalmente das pedreiras


que exploram o granito. Um desafio para a Igreja é trabalhar a consciência ecológica
17
mudando a mentalidade de exploração para preservação. Além disso pode-se criar
cooperativas de mineradores e garimpeiros ainda muito ausente na região.

Saúde
Os números anteriormente citados alarmam a carência de recursos da saúde, mas
somente para quem presencia é possível perceber o grau de calamidade da saúde pública na
região. Começando pelo saneamento que é pouco ou inexistente em muitos lugares. Na
cidade de Medina não existe rede pluvial, muitas casas não têm banheiro, o esgoto é por
meio de fossas ou derramado no córrego onde ao mesmo tempo pessoas lavam roupas,
buscam água e tomam banho.

Doenças como esquitossomose, e hanseníase, tuberculose e outras epidemias


provenientes de germes e bactérias são muito presentes na região. Os recursos sempre estão
longe em outras cidades maiores e ouve-se muito falar de pessoas que morreram na estrada
enquanto iam buscar socorro.

Creio que a Igreja pode contribuir nesta área primeiramente protestando, sendo uma
voz do povo diante das autoridades sejam locais ou em outras instâncias do governo
estadual e federal e também pode atuar docentemente ensinando as pessoas sobre cuidados
com a saúde e higiene pessoal.

Saneamento
Um dos sérios problemas encontrados na cidade de Medina é o acúmulo excessivo de
lixo na cidade. Por onde quer que se vá pode-se ver lixo acumulado em terrenos, ruas e
praças. Ao lado deste problema temos também o desemprego e a pobreza nas famílias, além
dos problemas de saúde que cercam a comunidade.

Por isso a Igreja Metodista em Medina tem um projeto para coleta seletiva do lixo que
limpe a cidade, crie renda familiar e diminua o número de doenças causadas por bactérias e
insetos espalhadas pelo lixo em toda parte?

A coleta seletiva é uma alternativa politicamente correta que desviam dos aterros
sanitários os resíduos sólidos que poderiam ser reaproveitados. Jogar o lixo no seu devido
lugar não polui o ambiente, proporciona a reciclagem e conscientiza a responsabilidade
social.
18
A reciclagem de materiais se apresenta como uma das alternativas, embasada no perfil
do alto desperdício verificado no descarte de materiais orgânicos e inorgânicos pela
população brasileira, cuja reciclagem é possível de estimar em até 30 a 40 %xxvii do volume
gerado diariamente, de acordo com as características da localidade.
19

CONCLUSÃO

“Neste tempo, fazemos uma escolha clara pela vida, manifesta em


Jesus Cristo, em oposição à morte e a todas as forças que a
produzem”. (Plano para a Vida e Missão da Igreja Metodista)

O Plano para a Vida e Missão traduz o propósito de ser Igreja. A Igreja existe para

cumprir uma Missão e a forma mais clara de agir socialmente é enfrentando os desafios da

comunidade fazendo-se representar como membros do Corpo de Cristo onde não há

recursos ou qualquer ação do poder público, mas que é alvo para a ação cristã implantando

o Reino de Deus.

Em momentos diferentes da história a região do Vale do Jequitinhonha já foi o lugar

mais rico e o mais pobre do Brasil. Agora está em busca de equilibrar esta balança com

justiça. É a hora de construir uma nova história.

Inúmeras outras potencialidades e iniciativas têm marcado presença no Médio

Jequitinhonha provindos de todas as partes, como do Governo, de ONGs e iniciativas

privadas que estão marcando e lutando pela transformação da região. A Igreja deve marcar

sua presença em meio a estas iniciativas implantando ações que sejam sinais do Reino de

Deus para sarar a sua terra.


20
Dentre as contribuições do ministério pastoral, posso destacar primeiramente a

necessidade contínua de aprendizado e o não conformismo com as experiências passadas

para estar aberto ao novo. Em segundo lugar, nunca perder de vista o caráter curador e

potenciador do ministério. Em terceiro a valorização da vida humana de maneira integral e

em particular das pessoas e seus corpos que têm sido alvo maior de crises. E em quarto

lugar a busca constante de tornar a Igreja uma comunidade saudável para tratar vidas e para

isso como pastor também preciso estar bem tendo forças para levantar o meu próximo.

Quando nos vemos diante dos desafios que nos surpreendem e muitas vezes não

somos nós quem os enfrentamos, pois somos enfrentados por eles sentimo-nos impotentes

diante da grandeza de Deus e dos problemas ao redor. Contudo se tivermos a consciência de

que Deus é quem chama e dá as ferramentas, bem como as condições emocionais e

espirituais que precisamos, podemos agir com tranqüilidade.

Quando Deus envia alguém é em resposta às orações e necessidades de seu povo. O

clamor dos aflitos é a causa do chamado. Assim a missão deve ir de encontro aos desafios

da comunidade e sociedade ao redor da Igreja. Embora o aspecto social nesta região chame

tanta atenção o maior desafio, contudo é a evangelização como tarefa transformadora de

vidas que estão sofrendo porque ainda não conhecem ao Senhor Jesus Cristo.

Os riscos e dificuldades não significam que Deus não está apoiando ou aprovando o

enviado Grandes homens de Deus foram chamados em meio a impossibilidades e não

tiveram medo de correr riscos, rompendo as barreiras que lhe eram impostas.

Welfany Nolasco Rodrigues


21

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 21ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
IGREJA METODISTA, Coordenação Nacional de Ação Social; Como criar e desenvolver o
Ministério de Ação Social na Igreja Local. São Paulo: 2000.
IGREJA METODISTA, Coordenação Nacional de Ação Social; Manual das Instituições: como
criar uma instituição social. São Paulo: 2004.
Plano para a Vida e Missão da Igreja Metodista. Cânones da Igreja Metodista 2007, Colégio
Episcopal da Igreja Metodista, Editora Cedro, São Paulo, 2007.
SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado pastoral em tempos de insegurança. Uma
hermenêutica contemporânea. São Paulo: ASTE, 2004.

Sites e páginas da internet consultadas para a pesquisa:


i
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=354
ii
http://www.fjp.mg.gov.br//index.php?option=com_content&task=view&id=265&Itemid=113
iii
http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/mediojequitinhonhamg/one-
community?page_num=0
iv
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.brasilchannel.com.br/img/mapas_municipios/mg/mg_je
quitinhonha.gif&imgrefurl=http://www.brasilchannel.com.br/municipios/index.asp%3Fnome%3DMinas%2BGer
ais%26regiao%3DJequitinhonha&usg=__Xc4Rw7ECU3svws2F1hx74WxQazg=&h=348&w=455&sz=8&hl=pt
BR&start=9&um=1&tbnid=qZ3Q_7HelZpcJM:&tbnh=98&tbnw=128&prev=/images%3Fq%3Dmedina%2BMG
%2Bmapa%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR
v
http://www.onhas.com.br/internas.php?page_key=56&lay_key=12&cid_key=1&site=onhas&menu_parent_key=
74
vi
http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl
vii
http://www.brasilia.unesco.org/search?SearchableText=Jequitinhonha
viii
http://www.abrasil.gov.br/avalppa/site/content/av_prog/PD/19/progPD19.htm
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