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Modulação em Amplitude

1. Definição:
A finalidade da modulação é deslocar um sinal que contém frequências baixas para uma
faixa de frequências muita mais alta do que o sinal tinha anteriormente. Esse processo também
pode ser entendido como uma maneira de se “casar” o sinal a ser transmitido com o meio de
propagação das ondas eletromagnéticas. O meio de propagação pode ser o espaço livre
(ionosfera – parte superior da camada atmosférica), uma linha de transmissão (um par trançado ou
um cabo coaxial), uma fibra ótica, um guia de onda, etc. O processo inverso de trazer o sinal
de uma faixa de frequências alta para uma faixa de frequências baixa é chamado de demodulação.
De modo geral o processo de deslocamento de uma faixa de frequências para uma faixa de
frequências mais alta ou para uma faixa mais baixa é chamado de conversão de frequências. Isso
inclui a modulação em amplitude sem portadora, a sua demodulação, os processos de
deslocamento para FI (frequência intermediária), etc.

2. Convenções:

2.1. v(t) - sinal que se quer transmitir, também chamado de sinal modulante ou de modulador
(exemplo: sinal de voz, sinal de imagem) que tem frequências baixas em relação à
frequência da portadora. Freq. máxima do sinal v(t) é igual a W Hertz.

2.2. x(t) - sinal modulado, de frequências altas, função de v(t).

2.3. A cos( 2 π fc t ) - sinal da portadora ou simplesmete portadora. O valor A é a


amplitude da portadora, medida usualmente em Volts; fc é a frequência da portadora em
Hertz; e t é medido em segundos.

2.4. BW é a bandapassante (BandWidth) – largura de banda de frequências de um dado sinal.


A bandapassante é medida somente de um lado (positivo) no eixo das frequências. Quando
o sinal tem baixas frequências, incluindo frequências próximas de zero, a BW do sinal vai
de zero até a sua maior frequência (W). Nesse caso BW = W. Quando o sinal tem uma
faixa de frequências que se estende de f1 (menor) a f2 (maior), f2 > f1 >> 0, tem-se
BW = f2 - f1. Então, no caso presente de modulação em amplitude, BW de v(t) é igual a
W e a bandapassante (BW) de x(t) será igual a B (a ser definida posteriormente), pois
irá de um valor f1 até um valor f2. Afim se ter modulação deve-se ter fc > 2W. Na
verdade, nos casos práticos, deve-se ter fc >> 2W.

1
3. Modulações em Amplitude

Na modulação em amplitude, o sinal modulado x(t) tem sua amplitude variando linearmente
proporcional à amplitude do sinal modulante v(t). A modulação em amplitude pode ser
feita de diversas maneiras, entre elas:

3.1 DSB (Double Side Band) ou DSB/SC (DSB com supressão de portadora – SC significa
“Suppressed Carrier” )

3.2 AM ( Amplitude Modulation) ou DSB/LC ( DSB com portadora – LC significa “Large


Carrier”). O termo “Large” vem do fato que a potência na frequência da portadora é muito
maior do que a do sinal v(t) modulado sem a portadora, como será visto adiante.

3.3 SSB ( Single Side Band) Usada em multiplex analógico e nas transmissões de Radio-
cidadão. pode ter ou não portadora. Logo tem-se também: SSB/SC e SSB/LC.

3.4 VSB (Vestigial Side Band) Usada para modulação de sinais de vídeo. Poderia ser vista
como uma generalização de SSB.

A Seguir são descritas as técnicas dos diversos tipos de modulação em amplitude e suas
respectivas demodulações:

4. Modulação e demodulação DSB:

Nesse tipo de modulação em amplitude o sinal modulado varia proporcional à amplitude do


sinal de informação, ou seja, é uma modulação linear.

4.1 Processo de modulação e demodulação DSB

Modulação e demodulação em amplitude (DSB)

A modulação DSB, isto é, a multiplicação do sinal de baixas frequências v(t) por uma portadora
(sinal de alta frequência), translada o espectro de frequências de v(t) para uma faixa bem mais alta
situada entre f1 = (fc – W) e f2 = (fc + W), ou seja, a bandapassante será:

BW = B = (fc + W) – (fc – W) = 2W Hertz

A expressão que representa essa modulação é dada pela Equação 1, onde A e fc são
valores constantes.

x(t) = A v(t) cos(2 π fc t) (1)

Nessa modulação, o sinal modulado pode ter sua amplitude alterada diretamante pelo ruido
aditivo que é a mais comum das interferências em sistema de comunicação. Em termos de

2
gráfico no tempo e na frequência vemos na Figura 1 o sinal v(t) como uma cossenoide de baixa
frequência; a portadora assim como o sinal modulado resultante xDSB(t) nas escalas de tempo. Na
Figura 2(a) temos outro sinal v(t) representando uma sequência de pulsos onde o bit 0 é
simbolizando com o valor de 0,1 Volt e o bit 1 com o valor 1 Volt. Vemos também na Figura 2, o
sinal modulado. A portadora usada na modulação dos pulsos binários é a mesma representada na
Figura 1 (b).

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3

Figura 1 (a) - Sinal cossenoidal modulante v(t)

0.8

0.6

0.4

0.2

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Figura 1 (b) Sinal Cossenoidal da portadora A cos(2 pi fc t)

3
2

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Figura 1 (c) - Sinal v(t) modulado xDSB (t)

1.5

0.5

-0.5
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3

Figura 2 (a) Sequência binária v (t)


4
2

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
Figura 2 (b) - Sequência binária modulada em amplitude

A simbologia do processo de modulação é mostrada na Figura 3.

v(t) xDSB (t) = A v(t) cos(2 π fc t )


X

A cos(2 π fc t )

Figura 3 – Transmissão: Processo de modulação DSB

5
Um sinal genérico v(t) e o modulado xDSB(t) estão representados na escala de frequências
por V(f) e XDSB(f) como mostrado na Figura 4. Conforme visto nessa Figura 1a, o sinal v(t) tem
frequência máxima igual a W, considerada frequência baixa; enquanto o sinal modulado xDSB(t)
tem frequências altas, considerando-se que fc >> W. A faixa de frequências do sinal modulado vai
de fc - W a fc + W, fazendo com que a banda passante seja igual a 2 W. Nesse caso, conforme
convenção do item 2, B = 2 W.

V(f) Y(f)
A
1 V(f )
2
f (Hz) f (Hz)

-W 0 W fc 0 fc
(a) (b)

Figura 4 – Espectro de frequência (a) do sinal modulante v(t) (b) do sinal modulado xDSB(t)

Observação: Quando o processo de modução é uma transferência de uma faixa de


frequências alta para outra faixa, mais baixa ou mais alta que a original, chamamos esse processo
de translação ou conversão de frequências.

4.2 Demodulação DSB:

Uma perfeita demodulação DSB, isto é, a perfeita restauração de v(t) só pode ser feita com
o demodulador (receptor) sincronizado (synchronized) com o modulador (transmissor), isto é,
deverá existir no demodulador, um sinal de portadora cuja frequência e fase sejam idênticos ao do
sinal de portadora gerado no transmissor. Caso contrário haverá distorção do sinal demodulado.
Dessa forma, o gerador de ondas no modulador ter que gerar um sinal de portadora idêntico ao
gerado no transmissor. A demodulação é feita da mesma maneira que a modulação, por
deslocamento do espectro, ou seja, por multiplicação do sinal modulado xDSB(t) na escala de tempo
pelo sinal de portadora gerado no receptor, conforme mostrado na Figuras xxx e yyy.

6
x(t) = A v(t) cos(2 π fc t ) y(t) = C x(t) cos(2 π fc t ) k v(t)
Filtro Passa
X baixa
BW= W

C cos(2 π fc t )
Figura xxx - Processo de demodulação síncrona DSB

x(t) = A v(t) cos(2 π fc t ) x’(t)


v(t) propagação y(t) k v(t)
no espaço livre Filtro Passa
X X baixa
BW= W

A cos(2 π fc t ) C cos(2 π fc t )

Figura yyy - Caracterização da transmissão DSB no espaço livre desde o transmissor até
o receptor:

4.2.1 Demodulação DSB com sincronismo:

x’(t) = A’ v(t) cos( 2 π fc t )

onde A’ é uma constante e representa o valor atenuado de A, devido ao processo de propagação


do sinal desde o transmissor até o receptor, sem levar em conta o ruido aditivo, comum no
processo de transmissão.

y(t) = x’(t) C cos( 2 π fc t )

y(t) = A’ v(t) cos( 2 π fc t ) C cos( 2 π fc t )

y(t) = A’ C v(t) [ 1 + cos( 2 π 2 fc t ) ] / 2

onde A’ e C são constantes positivas quaisquer.

Espectro de y(t):

7
Espectro do sinal y(t)
Y(f)
f (Hertz)

-2fc-W -2fc -2fc+W -W 0 W 2fc-W 2fc 2fc+W

Após a filtragem passa baixa ideal, que deixa o espectro intacto entre –W e W e corta o restante,
teremos:
A'.C
Sinal de mod ulado = v(t)
2

De acordo com a Figura zzz que mostra o processo de demodulação, teremos que k = A.C / 2.

4.2.2 Demodulação DSB sem sincronismo

Caso o gerador de ondas da portadora do transmissor não tenha a mesma fase e frequência
do gerador do receptor, teremos distorção, conforme será visto a seguir.

Suponha que não tivéssemos sincronismo no receptor, ou seja, a portadora tivesse a


expressão C cos[ 2 π (fc + ∆f ) t + θ ] onde está se supondo que existe uma diferença
entre as frequências de portadoras do transmissor e do receptor, caracterizada pelo desvio ∆f e
também que as portadoras estão defasadas uma da outra de um valor θ. Com essa expressão
estamos caracterizando o fato de não se conseguir na prática, dois osciladores com idênticas
frequências de oscilação. Por exemplo, se desejassemos usar uma transmissão com frequência de
1 Mhertz, e caso tivéssemos um oscilador com frequência igual a 1,008 MHz e outro com uma
frequência de 1,0005 MHz, isso produziria um ∆f de 7,5 kHz o que já causaria um grande
problema de demodulação como veremos a seguir. A defasagem entre as portadoras, conforme
será visto, só causa atenuação, o que pode ser restaurada por um amplificador.

8
Usando então um ∆f ≠ 0 e θ≠0 teríamos no receptor:

y(t) = C x(t) cos[ 2 π (fc + ∆f ) t + θ ]

y(t) = A' v(t) cos( 2 π fc t ) C cos[ 2 π (fc + ∆f ) t + θ ]

A' C
y(t) =
2
v(t) {cos[ 2 π ∆f t + θ] + cos[2 π (2 f C + ∆f ) t + θ]}

Espectro do sinal y(t) sem sincronismo no receptor

Y(f)

f (Hertz)

-2fc-∆f -W-∆f -W 0 W W+∆f 2fc+∆f


-W+∆f W-∆f

Note que o espectro em torno do DC (frequência zero), que deveria ser o espectro de v(t) é a
soma dos espectros mostrados na figura que aparecem sem ser somados, para melhor
compreensão. A Figura zzz mostra o espectro de Y(f) onde em frequências baixas houve a
soma dos espectros de V(f) deslocados de ∆f.

Y(f)

f (Hertz)

-2fc-∆f -W-∆f -W 0 W W+∆f 2fc+∆f


-W+∆f W-∆f

Figura zzz - Espectro de frequências do sinal y(t), antes do filtro passa baixa

9
Após a filtragem passa baixa ideal, que deixa o espectro intacto entre –W e W e corta o
restante do conteudo de frequências, teríamos um espectro conforme mostrado na Figura vvv.

f (Hertz)
W W

Que é um espectro totalmente diferente do espectro do sinal v(t), ou seja, teríamos:

I
A .C
Sinal de mod ulado = v(t) cos [2.π.∆f .t + θ ]
2

O que representa um v(t) com distorção produzida pela modulação de v(t) numa frequência ∆f.

Filtro pasa baixas usado para a demodulação do sinal

Magnitude Response Estimate

-1
Magnitude (dB)

-2

-3

-4

-5

-6

-7

-8

0 0.05 0.1 0.15


Normalized Frequency (×π rad/sample)

10
n=10 Lowpass Elliptic Filter
0

Magnitude (dB)
-20

-40

-60

-80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Frequency (Hz)

0
Phase (degrees)

-200

-400

-600

-800
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Frequency (Hz)

Sinal modulador (informação) de 10 Hz

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

11
Sinal de 10 Hz modulado por uma portadora em 100 Hz

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Multiplicação por uma cossenoide de fequência igual a 100 Hz

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

12
Demodulação por uma cossenoide de fequência igual a 100 Hz

1.5

0.5

-0.5

-1
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Multiplicação por uma cossenoide de fequência igual a 101 Hz

1.5

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Demodulação por uma cossenoide de fequência igual a 101 Hz

13
1.5

0.5

-0.5

-1
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Demodulação por uma cossenoide de fequência igual a 100 Hz e fase π/4

0.8

0.6

0.4

0.2

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Demodulação por uma cossenoide de fequência igual a 100 Hz e fase π/2

14
0.1

0.05

-0.05

-0.1

-0.15
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

Demodulação por uma cossenoide de fequência igual a 10 Hz e fase π/4

0.8

0.6

0.4

0.2

-0.2

-0.4

-0.6
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35

O processo de demodulação síncrona DSB é realizado conforme mostra a Figura 5.

15
Filtro Passa
y(t) AC
Baixa H(f) z(t) = v(t)
X
BW = W 2
xDSB (t) = A v(t) cos(2 π fc t )

C cos(2 π fc t )

Figura 5 – Recepção: Processo de demodulação síncrona DSB

A expressão de y(t) é dada por:

⎛ 1 + cos (2 π 2f C t ) ⎞
y(t) = A . C . v(t) . cos 2 (2 π f C t ) = A . C . v(t) . ⎜ ⎟ (2)
⎝ 2 ⎠

A.C A.C
y(t) = . v(t) + . v(t) . cos (2 π f C t ) (3)
2 2
Após a filtragem passa baixa ideal, tem-se como resultado:
A.C
z(t) = . v(t)
2
Na figura 6 tem-se o espectro de y(t) e a resposta em frequências H(f) do filtro ideal. Na Figura 7
tem-se o resultado do processo de demodulação.

Y(f) H(f)
AC
V(f ) 1
2
f (Hz) f (Hz)

- 2 fc -W 0 W 2 fc -W 0 W
(a) (b)

Figura 6 – (a) Espectro de potência do sinal y(t) (b) Resposta em frquência do filtro ideal

16
AC
V(f )
2
f (Hz)
-W 0 W
Figura 7 - Resultado da demodulação síncrona

4 – Demodulação DSB sem sincronismo

Na Figura 8 representa-se o processo de demodulação DSB onde o transmissor e o receptor


não estão em sincronismo, isto é, a frequência da portadora (oscilador) do receptor é um pouco
diferente da frequência (oscilador) do transmissor. Nessa Figura vê-se também o desvio de
frequência ∆f da frequência do transmissor fc e uma fase θ ambos considerados como valores
constantes.

y(t) Filtro Passa


X Baixa H(f) v*(t)
BW = W
xDSB (t) = A v(t) cos(2 π fc t )

C cos[ 2 π (fc + ∆f ) t + θ ]
Figura 8 – Recepção: Processo de demodulação DSB sem sincronismo

O sinal obtido após a multiplicação pelo sinal do oscilador na recepção que está des-sincronizado
do oscilador do transmissor é dado por
y(t) = A . C . v(t) . cos(2 π f C t ) . cos[2 π(f C + ∆f ) t ] =

A.C
y(t) = . v(t) { cos (2 π ∆f t + θ) + cos [2 π (2f C + ∆f ) t + θ] } (4)
2
cuja representação na frequência está mostrada na Figura 9.

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Y(f)

f (Hz)

-2fc-∆f -W-∆f 0 W W+∆f 2fc+∆f


-W+∆f W-∆f

Figura 9 - Representação do sinal y(t) na frequência na demodulação sem sincronismo

A saida após o filtro passa baixa ideal será:

A.C
v* (t) = . v(t) . cos (2 π ∆f t + θ ) (5)
2

estando o sinal demodulado sem sincronismo ( v*(t) ) representado em frequências na Figura 10,
considerando-se θ = 0.
V*(f)

f (Hz)
-W 0 W
Figura 10 - Resultado da demodulação sem sincronismo

Observa-se através da equação 5 ou pela representação mostrada na Figura 10 que o sinal


demodulado é diferente do sinal v(t), ou seja, na demodulação o sinal v(t) aparece multiplicado por
uma cossenoide de frequência ∆f, embora supondo de valor baixo, causa distorção do sinal
recuperado. Caso ∆f seja zero, ou seja, a frequência do transmissor e do receptor fossem
idênticas, terámos ainda uma fase θ, que se considerada constante, causaria apenas atenuação do
sinal recuperado que não representaria, nesse caso, distorção. Com ∆f diferente de zero teremos
distorção.

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4.3 Geração de DSB:

4.3.1 Por chaveamento: Seja a forma de onda de v(t) dada abaixo

v(t)

Se passarmos v(t) por um circuito que deixa v(t) intacta durante τ segundos e corta v(t),
isto é, torna a saida zero durante um intervalo de tempo T-τ, e faz isso sucessivamente, intervalo
após outro, teremos a forma de onda mostrada abaixo:

v(t)

0τ T t

O espectro de frequências desse sinal chaveado ficará como mostrado abaixo, onde
aparecerão componentes em torno de múltiplos de 1/T sem distorção, apenas com atenuação. A
frequência escolhida para transmissão terá que ser um desses múltiplos de 1/T, ou seja, fc = n/T. E
para sew obter o sinal modulado basta passar o sinal chaveado por filtro passa banda com
frequência central em fc e banda passante igual a 2 W.

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Espectro do sinal chaveado

f (Hertz)

-4/T -3/T -2/T -1/T -W 0 W 1/T 2/T 3/T 4/T

Circuito típico de chaveamento:

Supondo: |v(t)| <1 e A >> 10, a saida ficará chaveada com frequência igual a fc
+ +

v(t) v(t)
chaveado
- -
- +

A cos(2 π fc t)

4.3.2 Dispositivo não-linear:

Caso o sinal modulante v(t) somado a portadora passe por um dispositivo não linear da forma:

x(t) Dispositivo
v(t) não linear y(t) = a x(t) + b x2 (t)
+

A cos ( 2 π fc t)

20
Teremos: y(t) = a [v(t) + A cos(2 π fc t) ] + b [v(t) + A cos(2 π fc t) ]2

y(t) = a [v(t) + A cos(2 π fc t) ] +


+ b [ v2(t) + A2 cos2(2 π fc t) + 2 v(t) A cos(2 π fc t) ]

Fazendo-se uma filtragem passa banda com frequência central em fc e banda passante igual a
2 W, teremos: xDSB(t) = 2 b A v(t) cos(2 π fc t), que é o sinal modulado em DSB.

4.3.3 Por amplificadores diferenciais:

Circuitos que utilizam amplificadores diferenciais podem ser usados para se obter uma modulação
DSB ou AM ( a ser vista adiante). Vide integrados MC 1496 e MC 1596 – moduladores
balanceados – usados nas esperiências de Eletrônica IV.

4.4 Potência de tansmissão

A potência de transmissão Px do sinal DSB será:

2
A
Px = Pv
2
onde Pv é a potência ( ou energia ) de v(t).

Costuma-se convencionar para DSB que ⏐x(t)⏐≤ 1 ∀ t Dessa forma, a potência de


transmissão depende fortemente do valor de A, ou seja, quanto maior esse valor maior será a
potência transmitida.

5. Modulação e demodulação AM (DSB/LC)

Idênticamente a modulação DSB, esse tipo de modulação é linear com o sinal modulante mas
a maior parte da potência de transmissão está no sinal da portadora

21
5.1 Processo de modulação AM

Na modulação DSB, o sinal modulado x(t) tinha a seguinte expressão:

xDSB(t) = C v(t) cos( 2 π fc t )

onde C é uma constante positiva qualquer.

No caso de AM, além da modulação DSB, acrescenta-se um sinal de portadora, de alta potência,
como se fosse um sinal piloto para que o receptor utilize-ocomo referência na demodulação. Então
o sinal x(t) modulado em AM terá a seguinte expressão:

xAM(t) = C v(t) cos( 2 π fc t ) + A cos( 2 π fc t )


[ sinal da portadora de
alta potência]

Essa expressão pode ser colocada da seguinte forma:

xAM(t) = [ C v(t) + A ] cos( 2 π fc t )

Para que tenhamos um sinal modulado em AM, a desigualdade abaixo tem que ser sempre
obedecida:
C v(t) + A ≥ 0 ∀t

Isso quer dizer que a envoltória da modulação tem que ser sempre positiva, para que se possa
demodular o sinal AM sem a necessidade de sincronismo, como veremos a seguir.

5.2 Gráficos no tempo e nas frequências do sinal modulado:

v(t) (Volts)

V(f)

t (seg)
f (Hertz)
-W 0 W

22
A + C v(t)
envoltória
DC:
A δ(f)
A C V(f)

t (seg)
f (Hertz)
-W 0 W

xAM(t) envoltória
cos( 2 π fc t ) A/2 δ(f- fc)
A
C V(f- fc)
2

f (Hertz)
t (seg) -fc 0 fc-W fc fc+W

-A BW=2W

Nas figuras acima temos o sinal de informação v(t) e seu espectro de frequências; temos o sinal
v(t) com o DC modificado pelo valor da amplitude da portadora ( A ) de tal forma que a
envoltória, que é o sinal v(t), fique sempre positiva. Na figura também mostra-se o espectro de
frequências dessa envoltória (sinal v(t) + o novo DC igual a A Volts). Na figura seguinte (ainda
acima) temos o sinal modulado AM representado na escala de tempo e seu espectro de frequências,
onde o sinal DC da envoltória foi deslocado para a frequência da portadora. Comparando o sinal
AM na escala de tempo, com o sinal DSB também na escala de tempo, vemos que a parte positiva
do eixo de tensão do sinal AM (envoltória) é igual ao sinal de informação (sinal modulante) v(t).
Já no caso de DSB, a envoltória não corresponde ao sinal v(t).

5.3 Diagrama de blocos da modulação AM:

C v(t) cos( 2 π fc t )
C v(t) x(t) = [ C v(t) + A ] cos( 2 π fc t )
X +
A A cos(2 π fc t )
X
cos(2 π fc t ) oscilador 23
Na modulação AM assim como na DSB, a bandapassante necessária para se transmitir o sinal
modulado x(t) é o dobro da bandapassante do sinal modulante v(t), isto é, BW = 2W.
5.4 Índice de modulação AM

Na modulação AM a forma de onda do sinal modulado tem o aspecto mostrado abaixo, onde MAX
e MIN correspondem respectivamente ao máximo e mínimo da envoltória (sinal C v(t)
somado com o DC de valor A):

MAX da envoltória
Volts
MIN da envoltória

A senoide com frequência e


fase da portadora

t (seg)

-A

Por definição, o índice de modulação m é dado por:

MAX − MIN
m= onde m ≤ 1
MAX + MIN

Esse índice é um valor positivo, menor ou igual a 1 e é normalmete colocado em termos de


proporção. Quanto menor esse valor, maior será o valor de A em relação à excursão do sinal
v(t), ou seja, maior será a potência de transmissão do sistema AM.

Quando o sinal v(t) = a cos( 2 π fm t), com C = 1, teremos como sinal modulado a expressão:

x(t) = [ a cos( 2 π fm t) + A ] cos( 2 π fc t)

É claro que a < A e fm << fc .

Nesse específico caso, MAX = A + a e MIN = A – a,

logo m = a/A
5.5 Figura de Lissajous do sinal modulado

24
Se colocarmos o sinal modulado xAM(t) na entrada horizontal de um osciloscópio e o sinal
de informação v(t) na vertical desse osciloscópio, teremos a seguinte figura de Lissajous:

MAX
Varredura Vertical
Volts
MIN
A

t (seg)

-A Varredura
Horizontal

v(t)
em Volts

t (seg)

25
Modulação em frequência e em fase – FM e PM

Nesse tipo de modulação o sinal a ser modulado altera a frequência (FM) ou a fase (PM) do
sinal da portadora. A vantagem de se enviar sinal modulado em FM ou PM é que o ruido
interferente influe muito menos na frequência ou na fase do que na amplitude da portadora, como é
o caso de modulação em amplitude (AM, DSB, SSB ou VSB). Por outro lado, o processo de
realização da modulação em fase ou frequência é muito mais complexo e menos linear do que o da
modulação em amplitude. A expressão do sinal modulado em fase é dada pela Equação 6

x PM (t) = A cos [2 π f C t + k f v(t) ] (6)

onde kp é uma constante chamada de índice de modulação PM.


Nessa modulação, a portadora tem amplitude constante igual a A e a fase da portadora é
modificada diretamente pelo sinal modulante v(t). No entanto a frequência da portadora também é
modificada pela variação de v(t), ou seja, a frequência é indiretamente modificada.
Quando a frequência da portadora é modificada diretamente pelo sinal modulante
tem-se a modulação FM. Na modulação FM tem-se também modificação da fase da portadora mas
essa é feita de maneira indireta. A expressão da modificação da frequência da portadora
(modulação FM) é dada pela expressão 7

f MOD = f C + 2 π k f v(t) (7)

onde fMOD é a frequência da portadora modificada.

As expressões matemáticas das modulações PM e FM são colocadas a seguir. Para PM


tem-se a expressão 6 que é repetida abaixo.

x PM (t) = A cos [2 π f C t + k p v(t) ] (6)

A fase total instantânea da portadora PM é dada por:

θiPM (t) = 2 π f C t + k p v(t) (8)

A frequência instantânea, ou seja, função do tempo na modulação PM é dada pela expressão 9


abaixo.

1 d PM 1 ⎧ d ⎫ d
f iPM (t) = ⎡⎣θi (t) ⎤⎦ = ⎨2πf C t + k p [ v(t)]⎬ = 2πf C + k p [ v(t) ] (9)
2π dt 2π ⎩ dt ⎭ dt

Na modulação FM, a frequência instantânea é diretamente proporcional ao sinal v(t),


obtém-se então a seguinte expresão:

26
f iFM (t) = f C + k f v(t) (10)
onde kf é uma constante chamada de índice de modulação FM. Nesse caso a expressão da fase
instantânea será dada por:
θiFM (t) = 2 π ∫ f iFM (t) dt = 2 π f C t + 2 π k f ∫ v(t) dt (11)
resultando então na expressão do sinal modulado como:
x FM (t) = A cos [2 π f C t + 2 π k f ∫ v(t) dt ] (12)
Na Figura 10 mostram-se os sinais: (a) modulado em PM, (b) o mesmo sinal quando
somado a um ruido branco e (c) os sinais original e recuperado após a demodulação.
1
S in a l m o d u la d o e m fa s e
0.8

0.6

0.4

0.2

-0 . 2

-0 . 4

-0 . 6

-0 . 8

-1
0 0.5 1 1.5 2 2.5

(a)

2
S in a l m o d u la d o e m fa s e m a is ru id o b ra n c o

1.5

0.5

-0 . 5

-1

-1 . 5
0 0.5 1 1.5 2 2.5

(b)

27
2
Sinal original
1.5 Sinal recuperado pós demodulação em fase

0.5

-0.5

-1

-1.5

-2
0 0.5 1 1.5 2 2.5

(c)

Figura 10 – Sinal (a) modulado em PM, (b) sinal modulado somado a um ruido branco e
(c) os sinais original e recuperado após a demodulação.

Na Figura 11 mostram-se os sinais: (a) modulado em FM, (b) o mesmo sinal quando
somado a um ruido branco e (c) os sinais original e recuperado após a demodulação.

1
S inal m odulado em frequênc ia
0.8

0.6

0.4

0.2

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
0 0.5 1 1.5 2 2.5

(a)

28
(a)

1.5
Sinal modulado em frequência mais ruido branco

0.5

-0.5

-1
0 0.5 1 1.5 2 2.5

(b)

3
S inal original
S inal rec uperado pós dem odulaç ão em frequênc ia
2

-1

-2

-3
0 0.5 1 1.5 2 2.5

(c)
Figura 11 – Sinal a) modulado em FM, (b) sinal modulado somado a um ruido branco e
(c) os sinais original e recuperado após a demodulação.

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