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O ESTADO DE S.PAULO
■■■ Mas talvez não seja o Kindle; a tela dele é ótima, mas o aparelho tem lá seus defeitos; o principal deles é o preço alto
SAIBA COMO
Dicionário Capacidade
l Inclui um dicionário em l Garante 1,4 gigabytes de espaço,
inglês (The New Oxford o suficiente para guardar
American
cerca de 1,5 mil livros
Dictionary), com
mais de 250 mil l É bastante, mas será necessário
termos, para apagar o conteúdo se
tirar dúvidas a memória estiver
enquanto lê cheia. Ele não
algum livro. Basta aceita cartões de
colocar o cursor expansão
sobre a palavra
Preço
Custa R$ 900
l Se desligada, o Kindle
segura até 2
semanas sem
precisar ser
recarregado.
Demora até 4 Sem fio Pelo PC
horas para l O Kindle não acessa redes Wi-Fi Outra opção é
l
carregar a bateria (sem fio). Por isso o download dos comprar o livro
completamente livros é feito pela rede de celular pelo computador
3G. Como nos EUA, não haverá e transferir o
custo adicional para baixar os livros arquivo do sita da
Amazon para o
NOS LOCAIS ONDE NÃO HÁ COBERTURA 3G, ELE Kindle usando um
TAMBÉM FUNCIONA PELA REDE DE CELULAR cabo USB
COMUM, PORÉM, A CONEXÃO É MAIS LENTA
Outras possibilidades
l Quem tem um celular da Apple, pode para comprar e ler livros na tela do iPhone. l A Amazon lançará em breve um software computador, sem precisar adiquirir o Kindle.
usar um aplicativo do Kindle no telefone Uma alternativa para não comprar o Kindle para comprar e ler livros digitais na tela do Também será uma alternativa
INFOGRÁFICO: RUBENS PAIVA E FARRELL/AE
%HermesFileInfo:L-4:20091102:
“AI-5digital”,oCongressoreali-
zou uma série de discussões so-
cussão sobre esses pontos fique
reaparecendo. Hoje cada proje-
to de lei tenta dar uma solução
própria. O que a gente quer é
discutir isso de uma vez por to-
depois, livro
nautas: o Marco Civil da Inter- aprovado colaborativamente. bre o tema. Em julho, o próprio das,daformamais abertapossí-
net, a primeira legislação brasi- Hoje, segundo Lemos, há 43 deputadoSemeghinihaviasina- vel, e as soluções têm que ser
leira que definirá os direitos e projetos de lei que legislam so- lizado a possibilidade de criar discutidasemcimadesseproje-
deveres de sociedade, empre- bre um ou outro tema, mas não uma nova legislação. O projeto to”, diz Lemos. ●
sas e governos na internet. “Es- há um marco organizado como
pode mudar
tamosutilizandoumametodolo- esse. “O vazio deixado pela falta
gia de consulta para que seja desse marco abre espaço pra
um marco da liberdade de ex- propostas de regulação que não
pressão e da democracia. Isso são boas”, explica Alfredo Ma-
significa ampliar o potencial de nevy, secretário executivo do
debateatravésdainternet”,dis- Ministério da Cultura.
se o ministro da Justiça, Tarso A abertura para a discussão
E as editoras? Google Books Genro, durante o lançamento veio justamente do movimento
da consulta pública na quinta- contrário proposto pelo projeto
: BRUNO GALO pode incluir feira, 29, no Rio de Janeiro. de lei 84/1999 (mais conhecido
: FILIPE SERRANO obras brasileiras comoLei Azeredo), quetipifica-
va os crimes na internet. “Uma
●● ● Apesar de o acordo entre Na ordem: proposta das grandes críticas era a de
Enfim, o Kindle chegou ao Bra- Google, autores e editoras nos que o Brasil teria uma lei penal
sil.Ecomoseunomepareceinsi- EUA também valer para livros
definirá primeiro os (a Lei Azeredo) antes dos usuá-
nua (algo como “por fogo”, em brasileiros, as editoras do Bra- direitos de cada um; rios de internet terem seus di-
inglês), ele de fato acendeu as
discussões em torno do futuro
sil consultadas pelo Link não depois, os deveres reitos assegurados”, disse ao
Link Pedro Abramovay, secre-
parecem estar preocupadas
dos livros na era digital por aqui com a digitalização das obras tário de Assuntos Legislativos
– e, a bem da verdade, em todo o pelo gigante da internet. O público opinará mediante do Ministério da Justiça.
mundo. Ninguém discute que o O acordo – cuja validade judi- cadastro no site Culturadigital. Foi ele quem puxou a discus-
e-bookveioparaficar,noentan- cial está marcada para ser defi- br. O texto-base foi elaborado são e articulou os responsáveis
to,essa éumafrágil certezacer- nida na próxima quarta-feira, pelo Ministério da Justiça em pelaelaboraçãodoprojeto:Cen-
cada por um mar de dúvidas. dia 11 – estabelece que o Goo- parceria com o Centro de Tec- tro de Tecnologia e Sociedade
A primeira não é nem de lon- gle pode digitalizar e catalogar nologia e Sociedade da Funda- daFGV-Rio(queajudouaelabo-
ge a mais importante: quando a na internet qualquer livro publi- ção Getúlio Vargas (FGV) do rar o texto-base), Ministério da
versão eletrônica vai suplantar cado no território norte-ameri- Rio.Sãotrês eixosdediscussão: Cultura (que colaborará com a
o bom e velho livro de papel? cano, mesmo que seja de outro direitos individuais e coletivos, consulta pública, hospedada no
Umapesquisarealizada pelaor- país. O Google também poderá responsabilidade dos atores e Culturadigital.br) e deputados
ganização da 61ª Feira do Livro utilizar livros de países com os diretrizes governamentais. federais, como Júlio Semeghini
deFrankfurt,amaior emais im- quais os EUA têm acordos de Entre os assuntos a serem (PSDB-SP) e Paulo Texeira
portantedosetor nomundo, en- direitos autoriais, o que inclui o discutidos estão vários temas (PT-SP), que encabeçam a dis-
trejornalistas,escritores,edito- Brasil. Ou seja, se houver al- delicados que hoje ainda não cussão na Câmara. “Eu não te-
res e livreiros, revelou que 50% gum livro de editoras brasilei- têm regras claras. Os provedo- nho queme identificar parasair
deles acredita que será em ras entre os títulos digitaliza- res podem armazenar os logs de casa. Isso também não faz
2018. Não é de se surpreender dos, ele poderá ser incluído nas (dados de navegação de usuá- sentido na internet”, diz o depu-
essa divisão. buscas do Google Books. rios)? Como? Por quanto tem- tado Teixeira.
O que se avizinha é a maior “Fora dos EUA, só estamos po?Ousuáriotemdireitoaaces- Após o movimento de oposi-
mudança pela qual o mercado digitalizando livros de domínio sar a web anonimamente? O po- ção à Lei Azeredo – que chegou
editorial – afinal, leitores de li- público ou títulos de editoras der público tem a obrigação de a classificar o projeto como
vro eletrônico, como o Kindle, com que temos acordos. Não
servem para ler jornais e revis- acredito que vai haver outro
tas também – jamais enfrentou. acordo geral como nos EUA em
Nos cerca de 100 anos da músi- outro país”, disse Rodrigo
ca como produto, a partir da in- Velloso, diretor de novos negó-
venção do fonógrafo, ela evo- cios do Google Brasil, respon-
luiu e se espalhou por diversos sável pelo Google Books.
formatos(cilindros de cera, dis- A decisão sobre a validade do
cos de goma-laca, de vinil, fita acordo esbarra sempre na
cassete, CD e finalmente MP3) questão dos livros que estão
emídias(rádio, walkman,inter- fora de catálogo, ou seja, que
net, iPod). O livro, por sua vez, estão esgotados e não têm pre-
em mais de 500 anos de história visão de publicação. ● F.S. e B.G.
quase não mudou. A mais rele-
vante dessas sutis mudanças
foi o surgimento do livro de bol- elas afirmam que sua função
so no início do século passado. independe do suporte. “So-
Quer dizer, mudou, mas conti- mos editores de conteúdo”,
nuou igual. costumam repetir, além de
Ahistória dolivrosemprees- concordar com o fato de que
teve ligada ao seu suporte – os livros técnicos e de refe-
uma tecnologia difícil de ser su- rência devem ser os primei-
perada. É relativamente bara- ros a migrar para o suporte
to, pode ser levado a qualquer eletrônico.
lugar, não usa bateria e seu uso Apesar de todo o burburi-
é extremamente simples, não nho em torno do assunto, es-
requer prática, tampouco habi- sa transição está dando ape-
lidade. nas os seus primeiros pas-
Jáhouveleitoresdelivrosele- sos.Mesmonos EstadosUni-
trônicos antes do Kindle, mas dos, o processo de massifica-
foi apenas com ele (e alguns ou- ção dos leitores eletrônicos
tros bons modelos que surgi- parece distante. Suas ven-
ramnosúltimos anos,aindainé- das, no entanto, crescem: 3
ditos por aqui) que começou a milhões de aparelhos devem
fazeralgumsentido pensar que, ser comercializados, neste
um dia, o livro de papel não será ano, apenas nos EUA. E as
oprincipalsuporteparaalitera- previsões para os próximos
tura. “Esse é um processo sem anossãoextremamentefavo-
volta”, afirma Sérgio Machado, ráveis também.
presidente da editora Record. Paralelamente,tem seob-
Entreas editorasouvidaspe- servado nos últimos anos al-
lo Link é unânime a opinião de gumasexperiências quebus-
que o e-book veio para ficar. A cam oferecer, algo além do
forma e a velocidade como cada livro de papel (envolvendo a
uma delas pretendem se adap- internet e vídeos, por exem-
tar, no entanto, é bem diferen- plo) para contar uma histó-
te. A Ediouro planeja, já para as ria. O curioso é que o Kindle,
próximassemanas,olançamen- apesardetodooverniztecno-
to do aguardado novo livro de lógico que o cerca, busca ser
Rubem Fonseca, pelo selo Agir, o mais fiel possível ao bom e
para Kindle e iPhone. Já a Com- velho livro de papel. Quer di-
panhia das Letras, Cosac Naify, zer, ainda que o suporte seja
PlanetaeaprópriaRecord,con- trocado, no fundo, os livros
firmam as negociações com a continuam exatamente os
Amazon, dona do Kindle, mas mesmos. Afinal, por enquan-
nenhum lançamento no forma- to,umbomlivroaindaéaque-
to, pelo menos por enquanto. le em que a história se com-
Em uníssono, por sua vez, pleta na sua cabeça. ●