Examinandos de toda parte do Brasil, inconformados com a prova
confusa de direito do trabalho do Exame de Ordem da OAB 2.2009, realizado no último dia 25/10, se reuniram em uma comunidade no site de rede social Orkut (http://www.orkut.com.br/Main#Community? cmm=95615171) para debater o problema e defender uma das possíveis teses que, dependendo da interpretação a questão poderia levar, que seria a aplicação de um Inquérito Judicial.
Em menos de uma semana elaboraram um manifesto para ser
assinado virtualmente que já conta com mais de 1.500 assinaturas em todos Brasil, o que representa mais que 20% de todos os examinandos que fizeram a prova de direito do trabalho no País!
O Manifesto está disponível para ser assinado nesse endereço:
Esse Manifesto será protocolado em um movimento articulado nos
Conselhos Seccionais da OAB de TODO Brasil e no Conselho Federal nesta quinta-feira as 15:00h (horário de Brasília).
O líder do movimento, José Henrique Azeredo de Natal (RN), realizou
uma maratona por alguns Estados nos últimos dias e reuniu-se com vários representantes da Ordem para tentar viabilizar o sucesso do pleito. Em quatro dias José Henrique reuniu-se e debateu o assunto com o presidente da comissão do Exame de Ordem do Rio Grande do Norte, com o presidente da OAB Pernambuco, Dr. Jaime Asfora, que concordou com os termos do manifesto, com o conselheiro estadual em Santa Catarina, Dr. Erivaldo Jr, com o assessor do presidente da OAB/SP, Dr. Mardiros Burunsizian, e ainda com a presidente da OAB/DF, Estefânia Viveiros, que se dispôs a ajudar no que fosse preciso, inclusive já tendo encaminhando o assunto problema para o Dr. Cezar Britto, presidente da OAB Federal.
Os examinandos usam como lema: "Não existe uma resposta certa
para uma pergunta errada", e assim, pleiteiam junto à OAB a consideração de todas as teses que as falhas que enunciado possibilita vislumbrar, ou ainda a anulação da referida questão. Síntese da problemática:
O enunciado do problema traz informações tais como a ocorrência de
um auxílo-doença, sem especificar o tipo de auxílio, se decorrente ou não de acidente ou doença de trabalho, dando ensejo assim a dupla interpretação.
Além do mais, em continuidade, o texto deixa claro que a empresa
procura um advogado, pois está preocupada e deseja resolver três problemas, quais sejam:
1 - Rescisão do contrato de trabalho;
2 - Baixa na CTPS;
3 - Pagamento das parcelas decorrentes da rescisão para não incorrer
em mora;
Sendo assim, o advogado deveria propor medida judicial com vista a
atender as três solicitações de seu cliente.
Contudo, alguns pontos merecem ser observados.
1º) Como não ficou claro que tipo de auxílio-doença estava
recebendo o empregado não podemos definir se ele é ou não estável.
Caso não seja estável, não existe a necessidade de se propor
nenhuma medida JUDICIAL para demitir o empregado. A demissão é um ato interno da empresa e não depende de medida judicial nenhuma.
Se considerarmos o auxilio-doença como decorrente de um acidente
do trabalho, então teremos a estabilidade e a necessidade de propor Inquérito Judicial, mas deixamos claro que o inquérito não serve para afastar a mora do pagamento das verbas rescisórias.
2º) Pagamento das parcelas decorrentes da rescisão
contratual para não incorrer em mora.
Caso seja o entendimento de que não existe estabilidade, então,
simplesmente deveri-se-a propor a Consignação, mas deixamos claro que essa peça não serve para rescindir contrato de trabalho e nem dar baixa na CTPS. Se considerarmos a estabilidade teria que ser proposta duas peças, primeiro o Inquérito Judicial, e depois a Consignação, haja vista que cada medida possui sua finalidade.
O edital é claro ao informar que o candidato deverá elaborar UMA
peça processual e não duas.
3º) Se considerarmos a Reclamação Trabalhista como a peça
correta, mais uma vez precisamos verificar a interpretação sobre o axilio-doença.
Caso seja o entendimento de que existe estabilidade, então a
reclamação não possuirá eficácia. Caso seja considerado que não há estabilidade, então mais uma vez voltamos na 1º observação. Não existe a necessidade de se propor nenhuma medida JUDICIAL para demitir o empregado. A demissão é um ato interno da empresa e não depende de medida judicial nenhuma.
Além de não ser essa peça a mais adequada para consignar
pagamentos.
Porém, por falta de opção muitos candidatos acabaram optando pela
reclamação por ser ela uma peça mais ampla.
Para concluir: O enunciado do problema da peça prática está muito
mal formulado não deixando claro o tipo de auxilio-doença.
Como se não bastasse, pelas exigências feitas pelo problema, não
existe nenhuma peça processual 100% correta para o caso prático pretendido, da mesma forma que nenhuma peça processual está 100% errada.
Sendo assim, a OAB deverá considerar as três medidas
processuais ou, para ser mais correto, anular a peça processual.