"El bibliotecario tiene una doble función en la promoción del cambio
(educativo). Por una parte, como especialista en el tratamiento, la
organización, la recuperación y la difusión de la información y como conocedor de los recursos de información destinados a los alumnos, tiene la oportunidad de crear mejores condiciones de acceso a dichos recursos y de facilitar su utilización entre la comunidad educativa, en función de las distintas necesidades. Por otra parte, como docente, enseña a utilizar correctamente estos recursos, tanto a los alumnos como a los profesores, para hacer posible la introducción de nuevos métodos de aprendizaje." Mónica Baró
Partindo desta ideia veiculada por Mónica Baró, percebe-se que a BE e
o papel do bibliotecário estão em profunda mudança. Entender a BE como um local de silêncio, onde se vai estudar e/ou ler por gosto ou obrigação é conceber este espaço como um sarcófago, onde se entra com um misto de respeito e de medo. Com o progresso verificado a todos os níveis e nos diversos ramos das sociedades, a BE, para cumprir os seus objectivos reais, deve acompanhar esse desenvolvimento, apetrechar-se de meios humanos e materiais que tornem exequíveis as suas funções, capacitar-se do seu poder na conjuntura sócio-educativa e clarificar o seu papel na estrutura escolar em que se insere. As bibliotecas escolares transformaram-se para apoiar com maior efectividade os processos de ensino-aprendizagem: a aprendizagem deve centrar-se não só na aquisição de conhecimentos, mas, acima de tudo, no desenvolvimento de habilidades ou competências de desempenho. Neste contexto de mudança, cabe ao professor bibliotecário, como protagonista activo na formação de competências informacionais e no apoio à mudança educativa na sociedade de aprendizagem, a função de agente interventor nas aprendizagens dos alunos, ensinando a construir o saber e ajudando a desenvolver competências que o mobilizem em qualquer situação. Segundo Winsor J (séc. XIX), bibliotecários e professores têm a mesma importância na educação dos estudantes e deviam trabalhar juntos na planificação e execução do currículo. Vive-se um tempo de mudança de paradigma: a BE deixa de ser um local excelente de disponibilização de serviços e recursos e passa a ser um local de colaboração na planificação do percurso escolar e formativo dos alunos bem como um espaço cooperativo com os professores no desenvolvimento das diferentes literacias. Para reforçar esta ideia socorremo- nos de Ross Todd que considera que a BE, actualmente, desempenha um papel fundamental na Escola, como um espaço formativo de aprendizagens para as literacias da informação, integração real na escola e no processo ensino-aprendizagem. O sucesso dos alunos e, por conseguinte, da escola passa pela intervenção colaborativa de todos os agentes envolvidos. Neste novo paradigma conceptual da BE, do professor bibliotecário e do coordenador, surge um novo quadro referencial para a avaliação da BE. A avaliação da BE não pode estar centrada no conjunto de actividades que se realizam ao longo do ano, subjugadas a datas comemorativas ou a situações pontuais. A BE é muito mais do que isso, portanto, o novo modelo de auto-avaliação permite: - explicitar os objectivos, as funções e as metas da BE; - evidenciar as potencialidades do trabalho cooperativo nas diversas áreas do saber; - definir prioridades e campos de actuação; - mobilizar recursos; - aferir a pertinência e eficácia dos serviços prestados; - equacionar o impacto produzido ao nível das competências, atitudes e comportamentos dos nossos utentes; - redimensionar as estratégias utilizadas; - alterar percursos.
O processo de auto-avaliação deve enquadrar-se no contexto da escola,
para servir os interesses de todos os elementos intervenientes. Na breve introdução presente no documento Bibliotecas Escolares: Modelo de Relatório de Auto-avaliação pode ler-se na página 1: A avaliação é um instrumento de melhoria da qualidade. Os resultados obtidos no processo de auto-avaliação devem, por isso, ser objecto de análise colectiva e de reflexão na escola/ agrupamento e originar a implementação de medidas adequadas aos resultados obtidos. Esta análise deve identificar os sucessos - pontos fortes - no trabalho realizado em cada um dos domínios de funcionamento da biblioteca escolar e as limitações – pontos fracos – que correspondem a um desenvolvimento menor nalguns domínios de funcionamento. O relatório final de auto-avaliação deve ser o instrumento que descreve os resultados da auto- avaliação e que delineia o conjunto de acções a ter em conta no planeamento de acções futuras a desenvolver. Esse relatório deve dar uma visão holística do funcionamento da biblioteca escolar e assumir-se como instrumento de recolha e de difusão de resultados a ser apresentado junto dos órgãos de gestão e de decisão pedagógica. Deve integrar o relatório anual de actividades da escola e originar uma súmula a incorporar no relatório de avaliação da escola (…)
Tendo em conta estas linhas orientadoras e face à situação concreta do
Agrupamento, no qual se integra a BE, considero que este processo, ainda que novo e inovador e ao mesmo tempo inquietante, possa desencadear momentos de partilha e de colaboração mais directa com os órgãos directivos e pedagógicos bem como com outras estruturas intra e extra muros. Tudo aquilo que é novo confronta-nos, desinstala-nos dos nossos habituais modos de pensar e agir, questiona-nos, faz-nos reequacionar as nossas opções e os nossos métodos. Ainda que se nota já algumas alterações no entendimento do papel e funções da BE, da equipa e do coordenador, ainda há alguns pontos de constrangimento que, directa ou indirectamente, condicionam e/ou inibem o prosseguimento do trabalho. Salientam-se: o Pouco reconhecimento do trabalho realizado na BE por parte de alguns elementos da comunidade educativa; o Dificuldade ao nível da comunicação entre a BE e os diferentes Coordenadores (Departamentos, DT’s, Projectos e das Áreas Curriculares Não Disciplinares).
No sentido de alterar estas situações, proponho as seguintes acções:
Implementação actividades que dêem visibilidade ao trabalho da BE, promovendo acções informais para apresentar o trabalho já realizado e em curso; Apoio ao desenvolvimento curricular
Dinamização de estratégias/actividades de captação de
professores promovendo a participação da BE em reuniões dos diversos órgãos pedagógicos; Criação de redes de comunicação no sentido de facilitar e promover a actualização e adequação dos recursos existentes face às necessidades sentidas; Criação de “momentos” interdisciplinares, apresentando aos professores sugestões de trabalho conjunto e ouvindo os seus contributos pessoais respeitando as suas escolhas, mas sugerindo alternativas em torno do tratamento de diferentes unidades de ensino ou temas. Implementação de actividades que façam dos Pais/Encarregados de Educação utente Manutenção do espaço da BE na plataforma Moodle da Escola, como veículo privilegiado quer com o interior quer com o exterior.
Ao tornar a BE um espaço de partilha, faz-se com que seja encarada
pela comunidade educativa como um espaço de todos, onde todos são responsáveis e onde todos têm o seu lugar de intervenção. Reconhecendo a importância da BE e da avaliação da mesma, cria-se espaço para discussão e análise de práticas, de modelos de actuação e permite-se o seu reajuste às diferentes realidades.