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Tarefa 2

A integração do modelo de auto-avaliação das Bibliotecas

Escolares no contexto da Escola

As relações que se estabelecem entre a Escola e a Biblioteca Escolar


podem assumir-se como determinantes ou inibidoras do seu sucesso.
Katherine Mansfiel

Celebração da Queda do Muro de Berlim (BE)


Coordenada pela Profª de Alemão, com colaboração de uma Profª de Artes, Profs. de Línguas,
Biblioteca, Alunos e Funcionários – Escola Secundária Carlos Amarante, Braga.

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De acordo com a opinião da autora citada, e em uníssono com ela, o
sucesso de uma Escola dependerá cada vez mais do sucesso da sua
Biblioteca Escolar, isto é, das ligações e interligações que se criam e formam
um todo, a que se chamará uma “Escola de Sucesso”. Se não se estabelecer
este tipo de relações, o fracasso do conhecimento estará presente.
Vivemos de facto tempos de mudança, em que a Escola se organiza e
promove o desenvolvimento de novas formas de aprender e de ensinar,
respondendo às constantes solicitações da actual sociedade de informação. A
auto-avaliação é uma das exigências de sucesso no processo geral de reflexão
e de resposta ao desafio da necessidade de mudança.
O papel da Biblioteca Escolar adquire uma dimensão particular neste
processo, o que começa a ser reconhecido e implementado entre nós, a
exemplo de outros países, como constatamos nas leituras sugeridas. A
Biblioteca pode e deve desempenhar um papel importante no sucesso escolar
dos alunos, dando um contributo decisivo para o processo de ensino e de
aprendizagem. Terá, para isso, de se integrar no processo de mudança, com
uma séria revisão do papel que lhe tem sido habitualmente atribuído, como
simples espaço de informação e de organização de actividades. O Modelo de
Auto-Avaliação vem responder precisamente a esta necessidade de ligação
das práticas da Biblioteca aos objectivos curriculares e programáticos, em
relação directa com os objectivos do projecto educativo da Escola. A ideia
central é a necessidade de haver avaliação para se poder garantir a eficácia de
acção. O Modelo dá directivas e orientações.
Os quatro domínios e respectivos subdomínios que o Modelo descreve
com bastante pormenor, contemplam os aspectos mais significativos a
implementar e a submeter a avaliação qualitativa.

É exigido do Professor Bibliotecário uma liderança forte e perseverante


na implementação do Modelo, de acordo com as directivas nele contidas,
desde a opção pelo domínio a seleccionar para cada ano, até à organização de
todo o processo de auto-avaliação, nas suas diferentes fases:
- Apresentação do modelo em Conselho Pedagógico, e escolha
fundamentada do domínio a avaliar (1 por ano);
- Calendarização do processo de avaliação, em articulação com o órgão
directivo;
- Informação ao Conselho de Escola e divulgação da aplicação do modelo
junto da comunidade escolar;
- Elaboração dos instrumentos de recolha de dados/evidências;
- Recolha de evidências em diferentes momentos do ano lectivo;
- Gestão e interpretação da informação recolhida;
- Elaboração de um plano de acção e de melhoria;
- Elaboração do Relatório de Auto-Avaliação e apresentação dos resultados
em Conselho Pedagógico;
- Comunicação do resultado da auto–avaliação à RBE.

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O Processo na Biblioteca em que sou Coordenadora

Segundo as informações de que disponho, a BE em que me encontro


entrou em rede há nove anos e teve quatro Coordenadoras (sem formação
específica). Fui admitida em concurso externo, fazendo parte desta Escola há
dois meses. Tenho formação e experiência em Coordenação.
Quanto à Escola, é ecléctica. Considerada uma das melhores Escolas
Secundárias da cidade, com alunos muito bons, é também constituída por
alunos dos cursos profissionais, CNOs e EFAs. Por conseguinte, temos regime
diurno e nocturno. A percepção e os dados de que disponho nestes dois meses
são os seguintes:
• Se existem alunos que lêem e estudam muito, outros há que nada ou
quase nada lêem (cursos profissionais e algumas turmas do
secundário). Terá que existir um andamento a duas velocidades na BE,
nomeadamente a nível da leitura e literacia.
• Penso ser possível (aliás já começou) uma razoável articulação entre
alguns Departamentos Curriculares, alguns Directores de Turma e a BE.
Entretanto existem alguns Departamentos em que será mais difícil, mas
só o tempo o dirá.
• Um horário funcional muito bom: A BE está aberta 15 horas e 30
minutos por dia.
• Um número substancial de Alunos frequenta a BE, mas são os que mais
conhecimentos possuem.
• Os alunos nocturnos têm sido totalmente esquecidos. É necessário
apresentar-lhes pontos de interesse, para frequentarem a BE.
• A inexistência de um catálogo informatizado disponível aos utilizadores,
na intranet e na Internet.
• Relativamente ao fundo documental:
Existe, nomeadamente a nível da Literatura, grande fundo documental
clássico; mas é notória a inexistência de livros actuais e que os alunos
gostam e pedem para ler. Entretanto já se iniciou a compra de livros
preferidos dos alunos. Existem também áreas muito pobres em número
de livros.
O grande fundo documental antigo, em parte muito deteriorado, irá ser
analisado, e estudado o processo legal para abatimento do que for
julgado sem interesse.
• A inexistência de ferramentas Web 2.0 (por exemplo, o blogue).
• A auto-avaliação, de acordo com o Modelo da RBE, é inexistente.
• A nível de situação na estrutura física da Escola, a BE encontra-se no 2º
andar, e neste momento sofremos o que muitas outras secundárias
padecem com os barulhos das obras…Depois, nas novas instalações,
ficará um local que nos parece óptimo.
• Sabemos que na actual conjuntura das Escolas, os docentes estão
demasiado ocupados com funções burocráticas e que há aversão ao
preenchimento de inquéritos, e que a grande maioria dos alunos não
responde a muitas perguntas, e se o fazem é de um sintetismo
exagerado.
• Os resultados apresentados fazem parte de uma recolha de informação
através de diferentes meios, nomeadamente: recolha de informação
oral, recolha visual e analítica, análise de alguma documentação da BE
e análise de dados referentes à utilização das BEs:

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a) No início do ano lectivo formulei um inquérito sobre leitura e hábitos
de leitura, aplicado a uma grande percentagem de alunos da Escola,
sobretudo do 10º ano. Os resultados foram lidos, mas ainda não foram
traduzidos em números. No entanto, é uma óptima forma de informação.
b) Realizei, juntamente com os professores de Português, um concurso
de textos escritos para o Dia da BE, com o título: “Qual a importância da
BE?” Concorreram vários alunos (ver página da Escola).
Simultaneamente, circulou entre alunos e professores um folheto com
uma pergunta, para uma resposta sintética: “O que é a Biblioteca para
ti?”
c) Também no S. Martinho aconteceu outro concurso de poesia e prosa,
sobre esse dia festivo. Serão colocados brevemente, no site da BE, o
nome dos vencedores e os textos.
• Todos estes dados recolhidos “in loco” são muito importantes para uma
auto-avaliação da BE.

Plano de Acção

Como sabemos, o Coordenador deve ser pró-activo, dinamizador, e com


grandes qualidades de interacção. Na minha Escola, esses factores são
essenciais, porque há Departamentos, Professores e alguns Alunos que
querem sempre mais actividades, como por exemplo: “Clube de Leitores” e
outros “Clubes” relacionados com a BE. Entretanto, também me chegam
pedidos para organizar um “Grupo Coral”, arranjar um Professor para treinar
um grupo de “ip op”… É uma Escola em constante e contínuo movimento.
Perante todo este cenário é fundamental continuar com actividades já
criadas, como: concursos de textos escritos, concursos de perguntas sobre
livros lidos, entre outros, e criar novos paradigmas (o que não será em pleno,
devido às obras e à mudança da BE, e a tudo o que isso implica).
Todas as actividades referidas no âmbito da BE, penso serem elementos
excepcionais para a auto-avaliação. Tentando-se criar um espaço privilegiado
para a realização de actividades interdisciplinares e extracurriculares.
Por tudo o indicado, devem-se organizar acções concretas que motivem
os utilizadores da BE a participar na avaliação da mesma, como forma de
progresso e de promoção do próprio sucesso educativo:

- Mostrar a importância da auto-avaliação, reunindo com a Equipa da


Biblioteca, sensibilizando-a para a necessidade de uma recolha permanente de
evidências;
- Reunir com a Direcção da escola para a sensibilização do tema escolhido
“Leitura e Literacias”, e para a melhor explicação da auto-avaliação da BE;
- Preparação de um documento informativo para apresentar no Conselho
Pedagógico sobre a auto-avaliação e pedir o contributo para opreenchimento
de inquéritos;
- Estar presente nas reuniões dos Departamentos, como já tem acontecido em
alguns, para fomentar a aproximação e o diálogo com os professores,
disponibilizando toda a informação sobre o processo de auto-avaliação da
Biblioteca e incentivar o seu contributo e participação activa, mostrando-lhes
que o trabalho colectivo/colaborativo com a biblioteca terá um efeito positivo na
aprendizagem dos seus alunos e na realização das suas tarefas.

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Envolver também, sempre que possível, os funcionários com informação sobre
a avaliação da BE, pedindo assim mais contributos;
- Promover actividades nas turmas com menos hábitos de utilização da
biblioteca, usando informação apelativa para motivar os discentes de modo
determinante e actual;
- Até criar o blogue na BE, utilizar a página da Escola (para certas informações)
e o “site” da Biblioteca.

Conclusão

As características do professor bibliotecário, o saber liderar, o ser pró-


activo, dinamizador e com qualidades de interacção, serão importantes na
mobilização de grande parte da comunidade escolar de forma a incutir o
“espírito de mudança”. Só com as directrizes do Coordenador, aliadas ao
envolvimento de todos, docentes, não docentes e alunos se implementará a
auto-avaliação com consequente melhoria das aprendizagens, aumento dos
níveis de literacia e construção do próprio conhecimento.
Penso ser um tanto difícil e moroso realizar globalmente a auto-
avaliação como é proposta no “Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca
Escolar”, atendendo a todos os factores e intervenientes, mas só a praxis o
dirá.

Bibliografia

- Texto da sessão.
- Scott, Elspeth (2002) “How good is your school library resource centre? An
introduction to performance measurement”. 68th IFLA Council and General
Conference August. <http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/028-097e.pdf>
[14/10/2009]

- McNicol, Sarah (2004) Incorporating library provision in school self-evaluation.


Educational Review, 56 (3), 287-296. (Disponível na plataforma)

- Johnson, Doug (2005) “Getting the Most from Your School Library Media
Program”,
Principal. Jan/Feb 2005 <http://www.doug-johnson.com/dougwri/getting-the-
most-from-your-school-library-media-program-1.html> [14/10/2009]

Maria Manuela Gama

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