Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Carta A Um Maçon
Por
Marcelo Ramos Motta
Texto Integral
Rio de Janeiro, 9 de julho de 1963.
-1-
Carta a um Maçom
Na minha opinião, Dr. G., um maçon de alto grau, com tempo a seu dispor, faria
um grande benefício a seus irmãos ao traduzir para o português as obras acima
citadas, principalmente as duas primeiras.
Os documentos incluídos no assim-chamado "Novo Testamento" (a saber, os Quatro
Evangelhos, os Atos, as Cartas e o Apocalipse) são falsificações perpetradas
pelos patriarcas da Igreja Romana na época de Constantino, por eles chamado "o
Grande" porque permitiu esta contrafação, colaborando com ela. Constantino não
teve sonho algum de "In Hoc Signo Vinces". Tais lendas são mentiras
desavergonhadas inv entadas pelos patriarcas romanos dos três séculos que se
seguiram, durante os quais todos os documentos dos primórdios da assim-chamada
"Era Cristã" existentes nos arquivos do Império Romano foram completamente
alterados.
O que realmente aconteceu na época de Constantino foi que, aliados, os
presbíteros de Roma e Alexandria, com a cumplicidade dos patriarcas das igrejas
locais, dirigiram-se ao Imperador, fizeram-lhe ver que a religião oficial era
seguida apenas por uma minoria de patrícios, que a quase totalidade da população
do Império era cristão ( pertencendo às várias seitas e congregações das
províncias ); que o Império se estava desintegrando devido à discrepância entre
a fé do povo e a dos patrícios; que as investidas constantes das seitas
guerreiras essênias da Palestina incitavam as províncias contra a autoridade de
Roma; e que, resumindo, a única forma de Constantino conservar o Império seria
aceitar a versão Romano-Alexandrina do Cristianismo. Então os bispos
-2-
Carta a um Maçom
-3-
Carta a um Maçom
Também este livro deveria ser traduzido para o português por um maçon!
Abaixo, cito uma passagem atribuída a esse iniciado, extraída de um manuscrito
cóptico intitulado "Evangelho de Maria", apócrifo, desde 1896 no Museu de
Berlim. Depois de haver explicado vários pontos de sua doutrina, ele se despede
de seus discípulos:
"... Quando o Abençoado havia dito isto, ele saudou a todos, dizendo: 'Paz seja
convosco. Recebei minha paz para vós mesmos. Cuidai-vos de que nenhum vos desvie
com as palavras "olha alí" ou "olha lá", pois o Filho do Homem está dentro de
vós. Seguí-o: aqueles que o buscam o encontrarão. Ide, pois, e pregai a Boa Nova
do Reino. Eu não vos deixo nenhuma regra, salvo o que vos recomandei (Amai-vos
uns aos outros), e eu não vos dei nenhuma lei, qual fez o legislador (Moisés),
para evitar que vos sentísseis obrigados por ela.' E uando acabou de dizer isto,
ele foi embora."
(Gnosticism, An Anthology, ed. Robert M. Grant, Collins, London, pp. 65-66, "The
Gospel of Mary")
Esta passagem pode ser comparada a muitas outras nos Evangelhos nas quais,
quando interrogado, "Jesús" diz explicitamente: "O Reino de Deus está dentro de
vós."
E que razão tinham os Romanos e Alexandrinos para perseguir e exterminar os
gnósticos gregos?
Desta feita o motivo era puramente dogmático. Na época posteriormente atribuída
pelos patriarcas ao "nascimento de Jesús Cristo", um iniciado grego deu vida
nova aos mistérios de Apolo e Diôniso, restabeleceu o culto ao Sol Espiritual e
ao Logos, praticou maravilhas taumatúrgicas e, em suma, causou tal impressão que
os Romano- Alexandrinos foram forçados a incorporar diversos "milagres" em sua
miscelâni a evangélica, de forma que o seu "Jesus" pudesse igualar os prodígios
atribuídos a Apolônio de Tyana. Ao mesmo tempo, afirmaram que Apolônio de Tyana
havia sido enviado por "Satã" para reproduzir os milagres de "Jesús" e assim
-4-
Carta a um Maçom
"No princípio era o Verbo. E o verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
"Ele estava no princípio com Deus.
"Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi
feito se fez.
"A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens.
"A luz resplandece nas trevas, e as trevas não o escondem ( isto é, não escondem
o fato que a luz brilha nelas!).
"Houve um homem enviado por Deus, cujo nome foi Jonas (Johannes no original em
grego).
"Ele veio como testemunha da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio
dele.
"Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: a saber, a verdadeira
luz que, vinda ao mundo, ilumina todo homem.
"Estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dela, mas o mundo não a
conheceu ( no masculino na Vulgata, para sugerir "Jesús").
"Veio para o que era seu, e os seus não a receberam ( idem).
"Mas, a todos quanto a (idem) receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus ( e aqui os Romanos-Alexandrinos acrescentaram: a saber, os que crêem no
seu nome, isto é, no "Jesús" que eles inventaram para servir aos seus
propósitos), os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus.
"E o Verbo se fez carne, e habitou em nós ( a Vulgata aqui põe "entre", o que
muda totalmente o sentido da passagem) cheio de graça e verdade, e vimos a sua
glória, glória como a do primogênito do Pai ( o primogênito do Pai é, claro,
Chokmah, o Verbo Espiritual, a Primeira Emanação do Ancião dos Dias, Kether.
"Primogênito" também traz à lembrança o "mais velho dos filhos de Deus", Lúcifer
ou Satã."
Na versão acima, original, desse documento cristão, e nas interpolações
introduzidas pelos romanos-alexandrinos, Dr. G., tem o senhor o sumário e a base
do dógma católico romano.
Jonas, Apolônio, Simão ( Simão Pedro e Simão o Mago; a isto aludiremos depois),
Adeptos cristãos, ensinaram todos os três: "Vós sois o Templo do Deus Vivo.
Contemplai a Luz dentro de vós, e sabei que sois Filhos da Luz!"
-5-
Carta a um Maçom
-6-
Carta a um Maçom
-7-
Carta a um Maçom
outras terras, resultou na volta à barbárie que ali ocorreu quando o símbolos
passaram a ser interpretados da forma mais grosseira. Alguns mais avançados da
cultura atlante mantiveram o verdadeiro significado. Entre eles, o Egípto, onde
o s Mistérios Menores ( de Isis e Osíris ) eram celebrados com pleno
conhecimento de seu significado verdadeiro (é suficiente que o senhor recorde
que no Livro dos Mortos a alma do morto ou da morta é sempre chamada Osíris), e
os Mistérios Maiores ( de Nuit-Hadit-Hoor ) preservados com o máximo segredo.
Foi do Egito que veio a Corrente de Osíris, a qual, devido à diversidade de
povos e linguas, e às dificuldades de comunicação no plano material, manifestou-
se em pontos diferentes do continente indoeuropeu sob formas diversas, embora
seguindo sempre a fórmula do Deus sacrificado. A corrente começou
aproximadamente no ano 500 A.C. Um estático da Ásia Menor, cujas aventuras
tornaram-se lendárias, e que eventualmente ficou conhecido pelo nome de Diôniso,
viajou pela Grécia, Ásia Menor e India, ensinando a nova fórmula de Iniciação
Racial. Este iniciado, o original verdadeiro do "Jesús Cristo" evangélico, foi
um filho espiritual de Krishna, ou antes, de Vishnu, de quem foi Krishna o
principal avatar; e sua Palavra era INRI, que é uma modificação da Palavra de
Krishna, AUM. Citamos aqui o Capítulo 71 de LIBER ALEPH, um dos mais profundo s
trabalhos do Mestre Therion:
"Krishna tem inumeráveis nomes e formas, e não conheço seu verdadeiro Nascimento
humano. Pois sua Fórmula é de alta Antiguidade. Mas Sua Palavra espalhou- se por
muitas terras, e hoje a conhecemos como INRI com o IAO secreto aí oculto. E o
significado desta Palavra é a Maneira de Trabalho da Natureza em Suas Mutações:
isto é, é a Fórmula de Magia pela qual todas as Coisas se reproduzem e recriam a
si mesmas. Por ém, esta Extensão e Especialização foi antes a Palavra de
Diôniso; pois a verdadeira Palavra de Krishna era AUM, implicando antes numa
asserção da Verdade da Natureza do que numa Instrução prática sobre Operações
Detalhadas de Magis. Mas Diôniso, pela palavra INRI, estabeleceu a fundação de
toda Ciência, da forma como hoje entendemos a palavra Ciência em seu senso
particular, ou seja, o de caus ar a Natureza externa a mudar em Harmonia com
nossas Vontades."
Este Iniciado, cujo nome carnal é hoje desconhecido, mas que conhecemos por
Diôniso (o qual pode ter sido seu nome, pois se tornou bastante comum na Ásia e
na Grécia depois de sua morte), viveu e trabalhou aproximadamente quinhentos
anos antes da assim-chamada "era cristã". Foi mencionado por um dos profetas
judeus -- Isaias -- em várias passagens do Livro de Isaías. Estas eram estudadas
com veneração profunda pelos ve lhos Essênios, que sabiam do seu sentido oculto.
A passagem principal é citada aqui (parênteses meus):
"Quem acreditou em nossa pregação? A quem foi mostrado o braço de Adonai? (braço
é um eufemismo para o falo, o órgão material do Verbo. Coxa, braço, quafril,
chifre, etc., são eufemismos para penis, usados tanto no Novo quanto no Velho
Testamento para apaziguar as mentes prurientes dos tradutores que, projetando
seus próprios traumas psíquicos, acharam que o povo ficaria chocado ao ouvir uma
pica chamada de p ica. Este tipo de "censura bem intencionada" ainda hoje é
praticado: os cristãos todos parecem achar-se capazes de "proteger a virtude" de
seus semelhantes!) . Porque foi subindo como um rebento novo ( ou seja, como uma
Palavra nova, necessáriamente mal-entendida e temida a princípio) perante Ele, e
sua raiz em uma terra seca; não tinha presença nem formosura; olhamo-lo, mas
nenhuma beleza tinha ele que nos agradasse.
"Foi desprezado, o mais rejeitado entre os homens; homem que sofrera, e sabia o
que é padecer; como um de quem os homens se desviam, foi desprezado, e dele não
fizemos caso.
-8-
Carta a um Maçom
"Em verdade ele tomou sobre si nossas mazelas; as nossas dores carregou sobre
si; e por isto o considerávamos, aflito, ferido de Deus, e opresso.
"Ele foi golpeado, mas por nossas transgressões; moído, mas por nossas
iniquidades; o castigo que nos trouxe a paz caíu sobre ele, e pelas suas
pisaduras nós fomos sarados.
"Andávamos todos desgarrados, como ovelhas; cada um se desviava do caminho, mas
Adonai fez caír sobre ele a iniquidade de nós todos".
"Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao
matadouro; e como ovelha, muda perante seus tosquiadores, manteve silêncio.
"Por decreto tirânico nos foi arrebatado, e sua linhagem, quem dela cogitou?
Pois ele foi cortado da terra dos vivos; por causa da transgressão do meu povo
foi ele ferido.
"Deram-lhe sepultura com os perversos, mas com o rico habitou em sua morte; pois
nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
"Todavia, a Adonai agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando ele deu a sua alma
(a Vulgata tem der , para sugerir que isto é uma profecia sobre -- claro --
"Jesús Cristo") como oferta pelo pecado, viu a sua posteridade ( isto é, seus
filhos mágicos) e prolongará seus dias; a vontade de Adonai prosperará em sua
mãos.
"Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu
Servo, o Justo, com a sua compreensão ( isto é, Binah; a "entrega da alma"
corresponde à Passagem do Abismo ) justificará a muitos, porque as iniquidades
deles levará sobre si.
"Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte ( isto é, como seus discípulos ),
e com os poderosos (isto é, os Reis ou Potestades -- uma das hierarquias
celestiais ) repartirá ele os despojos; porquanto derramou a sua alma ( isto é,
o seu sangue -- vinho de IAO -- na Taça de BABALON, que contém o sangue dos
santos ) na morte; foi contado com os transgressores ( isto é, considerado
malígno ); contudo levou sobre si os peca dos de muitos, e pelos transgressores
( isto é, os malígnos entre os quais foi contado, os quais eram na realidade os
que o condenavam ) intercedeu."
Talvez o senhor compreenda melhor o acima se eu citar aqui alguns raros versos
de um dos Livros Santos de Télema:
"46. Ó meu Deus, mas o amor em Me rebenta sobre os laços de Espaço e Tempo; meu
amor é derramado entre aqueles que não amam o amor.
"47. Meu vinho é servido àqueles que nunca provaram vinho.
"48. Os fumos dele os intoxicarão, e o vigor do meu amor engendrará bebês
pujantes em suas virgens."
-9-
Carta a um Maçom
Há certos segredos iniciáticos, Dr. G., que não podem ser revelados pela simples
razão que apenas aqueles que os experimentaram em si mesmos são capazes de
compreender referências a eles feitas. Portanto limitar-me-ei a dizer que a
história simples contada nos versos de Isaías descreve a carreira de todo Adepto
Cristão. Isto, em teoria, seria também a história de todo maçon do grau 33º; mas
na prá ;tica, embora não tenham os srs. perdido a Palavra, mantêm a letra mas
não o espírito. Os senhores maçons caíram bem aquém do que era intencionado por
seu sistema -- isto principalmente devido ao constante ataque da Igreja de Roma.
Os patriarcas romanos-alexandrinos que escreveram o Novo Testamento copiaram
palavras de verdadeiros Iniciados; resulta que, encerradas em seus evangelhos
adulterados, ainda há várias chaves que aqueles que "tiverem ouvidos de ouvir"
(isto é, percepção espiritual: o sentido da audição corresponde ao Akasha hindu,
o Elemento do Espírito) podem usar para encontrar a Medicina Universal e o
Elixir da Vida ...
No entanto, os romanos-alexandrinos erraram tristemente ao tentar usar de
métodos profanos para expandir um cristianismo viciado por interpretações
dogmáticas e ambições temporais de poder político e financeiro. Falharam por não
fazerem o preconizado por Jonas aos essênios: "Dar a Cesar o que é de César e a
Deus o que é de Deus." Invariavelmente, quando quer que na história da
humanidade um sistema de teurgia é conspurcado e se torna uma religião
organizada, sofrem os elos entre o sistema e sua fonte espiritual. Os planos não
podem ser misturados, e acreditando-se movidos pelas melhores intenções, os
romanos-alexandrinos foram na verdade impelidos por vaidade e orgulho --
sentimentos enraizados no ego, precisamente a faculdade que o homem deve
destruir na passagem do Abismo.
O resultado foi que, perdendo contato com o Logos do Aeon de Osíris, a igreja
romano-alexandrina tornou-se instrumento de forças demoníacas -- isto é, de
forças ilusórias, egóicas -- e deu-se desde então a erros espantosos, a
crueldade indizíveis.
Consequentemente, os verdadeiros cristãos retiraram-se daquela igreja no momento
mesmo em que ela triunfava sobre suas "rivais" gnósticas e essênias, e aliava-se
aos príncipes do mal deste mundo. Retiraram-se, e silenciosamente continuaram
seu trabalho através de todo o abuso e perseguição que se seguiram; e
eventualmente, para contrafazer mais eficientemente os efeitos da Grande
Feitiçaria, criaram a Maçonaria.
O senhor sabe, é claro, que o Rito Antigo, ou melhor, a Grande Loja da
Inglaterra, foi organizada ( e o Rito inteiro reformado ) por um certo Elias
Ashmole, judeu, e Irmão da R.C. A R.C. (que só existe neste mundo com este nome
desde que o grande iniciado que se ocultou sob o nome de "Cristian Rosenkreutz"
começou o movimento que resultou na Renascença, na Reforma e nas revoluções
Francesa e Americana ) é responsável pelo Mistério do Logos -- o Mistério do
cristo. É tarefa dela zelar para que este Mistério jámais seja perdido pela
humanidade. Quando quer que, por erros humanos, por oscilações do karma
terrestre, ou pelas leis do acaso, a transmissão da Palavra e do Sinal (isto é,
a sucessão apostólica) é ameaçada, é a R.C., sob um de seus muitos véus (ela
nunca usa abertamente o nome de R.C.!), através de um o u mais de seus Irmãos,
que lembra a humanidade o significado espiritual da Encarnação; da promessa da
Ressurreição; da Grande Obra, isto é: o estabelecimento do Reino de Deus sobre a
Terra.
A R.C. nunca interfere de forma alguma com a organização ou direção de ritos
maçônicos; nem seus Adeptos, necessáriamente, ingressam em tais ritos. Apenas,
informação em quantidades suficientes é outorgada, e fontes de pesquisa são
sugeridas ao exame dos maçons, para que o significado espiritual dos ritos seja
reestabelecido pelos próprios maçons.
- 10 -
Carta a um Maçom
A R.C. está abaixo do Abismo: a Grande Ordem que não tem nome é simbolizada pelo
Olho no Triângulo, e este é o Collegium Summum, ou a S.S., da A.·.A.·.
A A.·.A.·. é apenas uma das Fraternidades Iniciáticas, e abaixo do Abismo é das
mais novas. Foi organizada em sua forma presente na primeira década deste
século.
Quanto à S.S., é a mesma para todas as fraternidades iniciáticas. Isto é fonte
de surpresa, às vezes, para iniciados de graus mais baixos, pois, chegando a
certas consecuções, verificam que Mestres que pareceram pregar doutrinas
completamente opostas ( como, por exemplo, Maomé e Jonas ) estão sentados lado a
lado no Areópago dos Adeptos.
Recapitulando:
Quem é "São João Batista"? É Jonas, Ionas, Jon, Johannes, João, o Mestre de
retidão dos essênios, cujos sermões são postos nos Evangelhos na boca de
"Jesús".
Quem é "Jesús"? É qualquer indivíduo que tenha atingido o Conhecimento e
Conversação do Sagrado Anjo Guardião, o Paracleto.
Quem é "Jesús Cristo"? É o nome dado pelos Romano-Alexandrinos à sua versão
fictícia do Logos do Aeon de Osíris, cuja Palavra foi INRI, e a quem Nós
conhecemos por Diôniso.
Quem é o "Pai" a quem "Jesús" sempre se refere nos Evangelhos? É o Logos, a LVX,
o Verbo, cuja Sephira é Chokmah, o Primogênito de Kether.
Quem é o Cristo? Tecnicamente é todo e qualquer Adepto, desde que, no simbolismo
grego, o nome corresponde ao essênio Jeheshua; mas na prática o título é usado
para designar o LOGOS AIONOS.
Do ponto de vista místico, "ninguém atinge o Pai a não ser pelo Filho";
consequentemente, desde que todo Adepto Cristão é uma Encarnação do Verbo, a
distinção entre o Cristo Solar e o Cristo Interno é mera ilusão do profano. Ego
sum qui sum, diz o Iniciado: AHIH, EU SOU O QUE SOU.
Quando Aleister Crowley estava sendo "julgado" (foi nesta ocasião que o juiz
presidindo o chamou de "o pior homem do mundo"), o promotor lhe perguntou: "Não
é verdade que o senhor se chama a si mesmo de A Besta do Apocalipse?"
Crowley, que já estava acostumado a esperar o pior de seus semelhantes,
respondeu com a paciência e agudeza de humor que lhe eram característicos: "Esse
nome significa apenas O Sol. O senhor pode me chamar de Raio-de-Sol, se quizer."
Isto é: chamá-lo de Adepto, ou seja, Jeheshua, ou seja, Maçon 33º, Dr. G.: Sol
em miniatura, isto é, Tiphareth...
Esta confusão entre o Adepto e seu Pai aparece até em "João Batista", quando ele
diz: "Eu sou a Voz (ou seja, o Verbo) que clama no Deserto ( isto é, no
Abismo)."
O mais antigo símbolo conhecido para o Logos é o Olho dos Egípcios; e o Olho
está no Abismo; este é o Olho no triângulo, e este é o verdadeiro Baphomet, o
Chefe Secreto de todos os maçons.
- 11 -
Carta a um Maçom
Mas voltando ao deus PÃ: a igreja Romana lutou contra os ritos deste deus
durante vários séculos. Os festivais de Pã eram orgiásticos -- daí sua
popularidade -- e celebrados nos Equinócios e Solstícios. Eventualmente, a
Igreja Romana foi forçada a incorporar estes rituais em sua liturgia, visto ser
impossivel eliminá-los; e sabiamente fez deles os festivais mais importantes do
- 12 -
Carta a um Maçom
Limitar-nos-emos a dizer aquí que este era o deus adorado por "bruxos" e
"feiticeiros", que preservaram seus ritos orgiásticos apesar de toda a
perseguição implacável, das calúnias absurdas e do terrível risco de tortura e
morte na fogueira, alem de outras punições impostas pela Igreja de Roma não só
na Idade Média como até ao Século XVIII -- e que só não são impost as até hoje
devido ao trabalho paciente e silencioso dos maçons, representantes dos
verdadeiros cristãos...
Depois que Romanos e Alexandrinos estabeleceram seu domínio teológico no
Concílio de Nicéia (disto falaremos depois) e instituiram o dógma de "Jesus
Cristo" como personagem histórico e "unica" encarnação do Verbo, os poucos
essênios e gnósticos que sobreviveram à "purgação" continuaram, sob o maior
segredo, a tradição pura e original dos Mistérios Men ores do Egito e da Fórmula
de Diôniso.
Várias vezes, no curso destes mil e quinhentos anos, os Iniciados tentaram
reconstituir abertamente os ensinamentos essênios e gnósticos. Em toda ocasião
em que isto aconteceu, a Igreja Romana interveio com fúria demoníaca,
assassinando homens, mulheres, velhos e até criancinhas, sem a mínima compunção;
- 13 -
Carta a um Maçom
- 14 -
Carta a um Maçom
Muito bem; tenho diante de mim, neste instante em que lhe escrevo, um catecismo
católico romano chamado "Doutrina Cristã". É publicado pelas Edições Paulinas e
leva o nº. 1; é destinado, portanto, ao condicionamento das mais tenras
criancinhas. O senhor me disse que, na sua opinião, a Igreja Romana era uma boa
introdução à vida adulta para crianças. Se assim é,. Considere as seguintes
passage ns que transcreverei desse livreto infame (os parênteses são meus):
"Eu gosto do meu catecismo." (Auto-sugestão inconsciente).
"O catecismo me ensina o caminho do céu."(Do outro lado, o inferno).
"O caminho do céu é: conhecer a Deus"(pela boca dos padres), "amar a Deus" (de
acordo com a definição de "amor" por parte dos homens que evitam todas as
manifestações sadias desse sentimento), "e obedecer a Deus"(pela boca dos
padres, seus únicos representantes legítimos; os demais são servos do diabo, e
se alguém tentar definir por si mesmo a obediência a Deus, esse algu&eac ute;m
na Idade Média era queimado vivo, e hoje em dia é culpado de orgulho, um dos
pecados mortais).
"Eu irei sempre ao catecismo para conhecer o caminho do céu" (a ameaça velada é
que, se a criança não for ao catecismo para aprender o caminho do céu, acabará
no inferno).
"Estudarei sempre direitinho o meu catecismo"(e há quem diga que os comunistas
inventaram a lavagem cerebral!).
Isto, apenas como introdução. Seguem-se as seguintes notáveis "verdades":
"Jesus morreu na cruz para nos salvar" (falsidade histórica; mas a implicação
dogmática é que, desde que somos criaturas condenadas ao inferno desde o
nascimento não fosse por "Jesus", precisamos, mesmo na infância, de salvação.
Que distância entre isto e "Deixai virem a mim as criancinhas, pois delas é o
reino dos céus...".
"As criancinhas gostam muito de Nossa Senhora" (se isto fosse uma cartilha usa,
e em vez de "Nossa Senhora" estivesse Lênin, nós chamaríamos este tipo de
propaganda de atentado contra a mente humana; no entanto, Lênin, pelo menos,
realmente existiu!...)
"Nossa Senhora é a mãe de Jesus". (De fato, BABALON é a Mãe de Adepto; mas não é
assim que eles interpretam!...)
Mais adiante, o "Credo", com a nota: "O Credo é o resumo da religião que Jesus
nos ensinou."
Isto é uma mentira deslavada, pois nem Jon nem Dioniso, os originais de "Jesus
Cristo" evangélico, ensinaram religiões. Buda não pregou o Budismo, nem Lao-Tsé
o Taoísmo, nem Maomé o Islamismo; nenhum guia espiritual de vulto estabeleceu
qualquer dogma formal, com exceção de Moisés; e ele, ao menos, tinha a desculpa
de precisar criar uma cultura do nada, de fazer uma nação daquela multidão d e
ex-escravos superticiosos e rebeldes que o seguia. São sempre os sucessores dos
Magos (diga-se de passagem, os falsos sucessores) que organizam religiões e
dissociam o Espírito da Letra, mais cedo mais tarde comportando-se de forma
completamente oposta aquela recomendada pelo Instrutor.
No entanto, no caso presente, a mentira é dupla; pois além do fato de que Jon
não deixou "religião" a ser seguida, o Credo de Nicéia, que é o credo a que o
catecismo em questão se refere, não era sequer um sumário da religião que
começava a se cristalizar em redor dos ensinamentos de Jon. Este credo era antes
um códice dos dogmas que os Romano- Alexandrinos consideravam essenciais ao
estabelecimen to de sua dominação política, material, temporal, sobre as muitas
congregações - igrejas - fundadas na Ásia Menor e na península romana por
seguidores e discípulos de Jon, cada qual com variações de doutrina e
- 15 -
Carta a um Maçom
- 16 -
Carta a um Maçom
quaisquer dados sobre a natureza do Espírito Santo. Já que eles o invocam tanto,
devem saber o que Ele é!...)
"...nasceu da Virgem Maria..." (esta Virgem Maria é também a Grande Puta do
Apocalipse. É a Grande puta porque Ela se dá a tudo o que vive; e é a Virgem
porque permanece intocada por tudo a que se entrega. Quem é Ela? É a Casa de
Deus, a Natureza, a Grande Mãe, e as leis naturais são as únicas leis realmente
divinas... Ísis- Urânia, NUIT, Nossa Senhora das Estrelas, é a concepçã ;o dessa
Mãe Grande e Eterna, copulando desavergonhadamente e avidamente com todas as
suas criaturas, pois em cada uma delas Seu Senhor se manifesta e A ocupa. É
também a mais alta e mais verdadeira forma de PÃ. A Ísis eternamente inviolada e
esta Virgem Imaculada, e as imagens de Virgem com o Menino Jesus nas Igrejas
Romanas são cópias das múltiplas imagens de Ísis com o Menino Hoor, que podem
ser examinadas na seção de Egiptologi a de qualquer museu).
"...padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos..."(pessoa altamente questionável esse
Pôncio Pilatos, do ponto de vista histórico. Recentemente foram "descobertas" e
"reveladas" nos E.U.A umas "cartas da mulher de Pilatos a uma amiga". Estas
relatem como a vida do casal tornou-se pulo melodrama depois de haverem lavado
as mãos no caso "Cristo Jesus". Mais conversa fiada jesuítica, sem dúvida...)
"...foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, ao terceiro dia
ressurgiu dos mortos, está sentado a mão de Deus Pai Todo Poderoso donde há de
vir julgar os vivos e os mortos" (Tudo isto tem um significado esotérico, e é
verdade de todo Cristo, de todo Adepto; mas os padres de Roma profanam estes
símbolos quando os interpretam da forma mais crassa).
"Creio no Espírito Santo... (eles nem sabem o que Ele é, não tendo merecido Sua
presença sequer uma vez, ao longo de mil e seiscentos anos!)
"...na Santa Igreja Católica... " (esta é a única e verdadeira Igreja acima do
Abismo, e inclui todos os cultos dos homens; mas os padres romanos querem
aludir, naturalmente a igreja de Roma).
"...na remissão dos pecados..."(esta "remissão dos pecados", que faz da
humanidade uma raça suja e maldita é, de todas as blasfêmias deste credo, a
menos perdoável. Esta é precisamente a razão pela qual a Igreja de Roma nunca
mereceu a manifestação do Espírito Santo!)
"...na ressurreição da carne..." (isto se refere a doutrina da regeneração, isto
é, da Medicina Universal; mas tendo este e outros segredos do Cristianismo
primitivo sido perdido pelos romanos, eles interpretam esta frase da forma mais
grosseira. Veja-se o RITUAL DA MAÇONARIA EGÍPCIA de Cagliostro para maiores
detalhes.)
"...na vida Eterna..."(isto se refere ao Elixir da Vida, novamente mal
interpretado).
"...Amém".
Agora, por favor, atente bem para esta passagem que se segue:
"Um dia, alguns anjos fizeram pecado." (Mais adiante explicam o que é pecado.)
"Os anjos maus são chamados demônios."
"Os anjos maus foram para o inferno." (É necessário que haja inferno. Pondere
como essas criancinhas eram felizes, sem saberem que havia inferno antes de
entrarem em contacto com a Igreja de Roma!...)
"Para que Deus nos criou? Deus nos criou para conhecê-Lo... (na versão de Roma)
"...para amá-lo e serví-lo neste mundo... (os pais têm filhos porque precisam de
admiradores e escravos, nenhum ser sobrehumano poderia ter outra motivação...)
- 17 -
Carta a um Maçom
"... e depois ir com Ele ao Céu." (todo cachorro bem treinado merece uma
recompensa)
Convenhamos: a versão romana do Criador mostra bem pouca imaginação criadora!
Mas a insensatez continua:
- 18 -
Carta a um Maçom
Os versos acima, Dr. G., foram escritos por Aleister Crowley, o "pior homem do
mundo" de acordo com a opinião dos padres que organizaram a campanha difamatória
que o seguiu por toda a vida. Estes versos deveriam ser cantados com orgulho por
todo Filho da Luz, ou seja, por cada ser humano, cada Filho de Deus!
O senhor ainda acha que a Igreja Romana pode ser encarregada, por homens
responsáveis, honrados e ajuizados, da educação de crianças?
Dr. G., enquanto esta igreja não reconhecer publicamente seus crimes contra Deus
e a humanidade; enquanto não renunciar para sempre a essa ameaça de inferno e a
esse dógma de pecado com os quais forças negativas, que se opõem à evolução da
humanidade, tentam impedir ao homem e à mulher que se tornem Deus por meio do
ato sexual (veja o Evangelho de "João", Cap. IV, vv. 13-16); enquanto ela for a
causadora de masturbação e autismo entre os seus assim-chamados monges e
freiras, em vez de permitir que se expressem livremente como homosexuais (qual
são frequentemente) ou como heterosexuais (qual são algumas vezes); enquanto o
Bispo de Roma não admitir que ele é um entre muitos, e herdeiros de uma história
acumulada de erros; em suma, enquanto a Igreja de Romana existir (pois no dia em
que renunciar a todas as suas infâmias não será mais " Romana", mas finalmente
parte da verdadeira Igreja Católica, a Humanidade), a ela se aplicam as palavras
de Jon, o filho da Luz, copiadas por ela em seus assim-chamados "Evangelhos":
"Cuidado com os falsos profetas, que a vós se mostram como cordeiros, mas que
internamente são lobos vorazes.
"Pelos seus frutos os conhecereis.
"Nem todo aquele que me diz Senhor! Senhor! entrará no reino dos céus, mas só
aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.
"Muitos, naquele dia, me dirão: Senhor! Senhor! Não temos nós profetizado em Teu
nome, não temos expelido demônios em Teu nome, e em teu nome não realizamos
muitos milagres?
- 19 -
Carta a um Maçom
"Então eu lhes direi claramente: nunca vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que
praticais a iniquiade." - Mateus", VIII, vv. 15-23.
Francamente, Dr.G., não posso entender como um maçon, como um homem sensato e
honrado pode, por um momento, defender uma instituição que é uma nódoa na
história da humanidade. Nós, verdadeiros herdeiros do Cristo, temos sido
acusados de odiar a Igreja de Roma. Sabe Deus que não a odiamos: nós a
abominamos e desprezamos com a intensidade devida àquilo que não só é vil em si
mesmo, como aviltant e para tudo que é sagrado e valoroso no homem. Dizem que o
diabo corre da Igreja de Roma, e é verdade. Mas não é que nós a temamos: ela nos
enoja. É inútil proclamar o efeito maravilhoso que o Romanismo tem exercido
sobre a civilização ocidental. A verdade é precisamente o oposto. Roma tem
combatido toda reforma e todo progresso a cada passo, aceitando-os apenas no
último minuto, e então fingindo -- aos incautos -- tê- los inventado. A
renovação das artes, das ciências, da liberdade humana, jamais veio de Roma;
veio dos maçons, dos árabes, dos judeus, da herança pagã redescoberta na
Renascença, dos protestantes alemães, franceses e ingleses, das invasões dos
piratas normandos e até das hordas de tártaros e turcos: nunca de Roma.
Considere a evidência histórica, Dr. G.! Durante mil anos, o sistema feudal,
tornado odioso justamente pelos abusos decorridos da aliança da igreja com os
senhores feudais, oprimiu a população da Europa. Veio a reforma -- e em um
século o sistema havia praticamente desaparecido. A Inglaterra católica romana
era uma ilhota insignificante perdida no mapa da Europa: veio Henrique VIII,
expulsou os jesuítas, criou o Anglicanismo -- e em du as gerações a Inglaterra
derrotava a Espanha católica romana, tornava-se o maior poder naval do mundo e
estava prestes a construir um império mais poderoso do que o dos Césares. A
França decaíu com os Valois católicos romanos: veio Henrique IV, protegeu os
huguenotes, foi assassinado por isto, mas em um século a França de Luis XIV
deslumbraria o mundo. Os protestantes colonizaram a América do Norte; compare o
progresso da civiliza& ccedil;ão da América do Norte com a situação das Américas
Central e do Sul, colonizadas por padres jesuítas!
Os países onde, no momento, prevalece o dógma romano, estão atrasados de
cinquenta a cem anos em progresso material, e moralmente, em certa áreas, o
atraso é de quinhentos a mil anos. Os países protestantes têm sina muito melhor.
Mas infelizmente, mesmo os protestantes não estão livres da mancha do "pecado
original" e do complexo de culpa, como tampouco de crença na necessidade de
"salvação&qu ot;, já que usam os textos evangélicos fabricados pelos romano-
alexandrinos; e não foi à toa que Ambrose Bierce, por muitos considerado um dos
maiores iniciados americanos, escreveu, como parte da definição da palavra
"cristão" em seu impagável e realista "O Dicionário do Diabo":
"Sonhei-me no alto dum morro, e vejam só:
Em baixo, pias multidões, com ar de dó
- 20 -
Carta a um Maçom
Pois é eternamente verdade que o Verbo se faz carne; e neste exato momento,
habita em nós.
Esta carta foi originalmente escrita no dia 9 de julho de 1963 e.v., endereçada
a um maçon osiriano, médico, o Dr. Luiz Gastão da Costa e Souza, clinicando em
Petrópolis, RJ. Foi-nos posteriormente dito, por outro maçon osiriano e ex-
aspirante, Euclydes Lacerda de Almeida, que o Dr. Gastão cuidadosamente guardou
a carta, mas se absteve por completo de mostrá-la a outros maçons.
- 21 -
Carta a um Maçom
Após o Primeiro de Abril de 1964 e.v., a carta foi copiada a carbono pelo autor,
e distribuída livremente nas ruas do Rio de Janeiro a pessoas a quem ele se
sentia impulsionado a entregá-la. A segunda versão foi consideravelmente
ampliada na parte bibliográfica e histórica. O presente documento representa a
terceira, e, esperamos, final versão.
A carta original terminava com os seguintes dizeres:
"Doutor Gastão, este momento é dos mais graves da história da humanidade. Dos
quatro cantos do mundo, forças das mais hediondas, das mais diabólicas, forças
desalmadas se concentram em um ataque ao Homem, a Deus, à Justiça e à Verdade.
Os comunistas encarnam um dos aspectos destas forças; as religiões organizadas
do Aeon passado encarnam outros. No momento presente, são pouquíssimos os homens
qu e conservam contacto com os planos espirituais; e no entanto eu levanto a
minha voz em profecia e lhe digo:
- 22 -
Carta a um Maçom
- 23 -
Carta a um Maçom
testas-de-ferro, "irmandades", etc.); segundo, que mais de setenta por cento dos
brasileiros não moram em casa própria.
Do ponto de vista psicológico, a "Teologia da Libertação" em nada muda o defeito
fundamental do Romanismo: em nada ataca, em nada atinge o Credo de Nicéia. A
finalidade dessa "teologia liberadora amiga dos pobres" é simplesmente tornar o
romanismo aceitável aos marxistas, que já controlam metade do globo, e estão
gradualmente conquistando, pelo menos ideologicamente, a outra metade.
Ultimamente, o que o Vaticano de seja é o que sempre desejou: total controle do
poder político e econômico em todo o mundo e total restrição da vida moral e
intelectual da humanidade. A "Nova Teologia" é tão "nova" quanto a "Nova
República".
Um famoso "médium" brasileiro, autor de muitas obras "psicografadas" assinadas
com os nomes de gênios literários falecidos, tanto de nosso país como de outros,
recentemente comentou candidamente a uma admiradora que às vezes ele duvida da
verdade do que faz; mas que, como a maior parte do dinheiro que ele angaria é
dedicado à caridade, ele acha que faz mais bem do que mal aos seus semelhantes.
Esta opinião tem sido ecoada por muitos charlatões através dos séculos; entre
outros aquele que disse "Quanto nos ajuda esta fábula de Cristo!". Ocorre,
entretanto, que os fatos da natureza não podem ser mudados pela ilusão humana. O
bem-estar social não nasce da mentira: a "caridade" praticada com uma falsidade
como base produz apenas mais gerações iludidas; os últimos quinze séculos,
denominados pelo cristismo, deveriam servir de lição - e servem aos brasileiros
verdadeiramente inteligentes, e verdadeiramente interessados no bem-estar e
prosperidade da nação. Um escravo bem nutrido ainda é um escravo; e que está
disposto a trocar a sua liberdade por um falso conforto não é um ser humano: é
um bípede implume de Diógenes, ou um macaco falante de Kipling, ou um homem
baixo de Aiwass.
Quanto ao sionismo, o motivo por que auxilia o cristismo é muito simples: os
sionistas e o Vaticano formam juntos o maior poder financeiro do assim-chamado
mundo "capitalista". O propósito da "Teologia da libertação" é exatamente
análogo ao da "T.F.P.": proteger as enormes fortunas multinacionais da
nacionalização e da socialização que elas têm invariavelmente sofrido nos países
marxistas. Agora, como antes, a religião continua sendo o ópio das massas e a
garantia dos ricos. E no que concerne ao judeo-cristianismo, "teologias da
libertação" têm como finalidade simplesmente prolongar essa garantia através dos
séculos.
Enquanto não abandonar publicamente e definitivamente o Credo de Nicéia, a
Igreja Romana não mudará, e o cristismo continuará. Não se elimina causas
atacando os seus efeitos; nem mesmo quando o ataque não é fingido.
- 24 -