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EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO II

Trabalho final

Trabalho Realizado por:


Joana Costa
N. 12532, EFQ

Educação e Desenvolvimento II 2
No decorrer da disciplina de Educação e Desenvolvimento II,
aprofundámos alguns temas, dos quais destaco “As concepções de
Educação dos anos 70”, segundo Paulo Freire, e o Desenvolvimento na
Educação. Em relação ao Desenvolvimento na Educação, foi
mencionado Edgar Morin e o seu livro “Os sete saberes para a
Educação do Futuro”, também o trabalho realizado ao longo do
semestre “Desenvolvimento Humano” contribuiu para aprofundar o
tema em causa.
Em relação às concepções de Paulo Freire, discutiram-se as grandes
diferenças entre a Educação Bancária e a Educação Libertadora.
Na Educação Bancária encontramos um sistema de educação
domesticador onde existe uma transmissão de saberes, de
conhecimentos, no qual se pode mesmo dizer que o professor “deposita
informação” no decorrer das suas aulas.
Neste sistema os papéis de aluno e de professor são rígidos e
estabelecidos, enquanto o professor toma o papel de emissor, de quem
retém o saber e o transmite, o aluno toma o papel inverso, de ouvinte,
de receptor, um papel passivo. Este sistema é claramente limitado no
campo dos saberes, pois se fosse aproveitada a comunicação,
facilmente se entende que melhor aproveitamento de conhecimentos e
de saberes seria alcançado.
É também de fácil percepção que este sistema forma pessoas
acríticas, que não desenvolvem o seu potencial e que futuramente se
forem também professores, que este sistema irá perdurar, pois os
alunos apenas atingem conhecimento de “forma”, como se de um
sistema fabril de produção em série se tratasse. A este sistema ainda
se pode apontar mais um senão, pois desenvolve pessoas que apenas
reproduzem.

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Contrariamente a este sistema, temos a Educação Libertadora, Um
sistema de educação problematizador, que incentiva a comunicação
entre todos, não só entre professor e aluno mas também aluno com
aluno, assim, aproveitando a comunicação entre todos, melhor se
transmite conhecimento e saberes, e todos temos saberes diferentes,
todos temos conhecimentos que podemos partilhar, e todos
aprendermos uns com os outros.
Assim, com este sistema, os papéis de alunos e de professor, são
papéis flexíveis, e todos têm parte activa na aula, todos se encontram
em processo de busca e de aprendizagem, pois, como já foi referido,
também o professor aprende com o aluno. Este sistema tem a
vantagem de formar pessoas com interesses, com raciocínio, capazes
de reflectir, e capazes de pensar, capazes de criar.
Antropologicamente, ser humano é ser capaz de criar cultura,
acrescentar algo ao que já existe, relacionando com os sistemas de
Educação comentados, podemos afirmar que na Educação Bancária
como que há uma inacabamento da pessoa, do ser; mas ao abraçar a
Educação Libertadora, estamos a caminhar para desenvolvimento, para
criar seres humanos.
Então o que será necessário à passagem da Educação Bancária para
a Educação Libertadora?
Será necessário que haja uma conscientização, ou seja, a passagem
de uma consciência ingénua a uma consciência crítica. Entende-se por
consciência ingénua, aquela que é fundada em crenças, fatalismos,
acomodada, se algo corre mal, “olha, era o destino”, ou “assim Deus o
quis!”, são exemplos de discurso fatalista. Podemos ainda dizer que a
consciência ingénua é uma consciência mítica e passiva, pois se a
pessoa se acomoda à explicação simplista e fatalista, não põe em

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causa, e ao não pormos um acontecimento em causa, não passamos
pela questão “porquê?”, nem “como pode correr melhor?”, “o que
posso fazer para que não aconteça?”.
Assim, para evoluirmos para uma Educação Libertadora será
necessário termos já uma consciência crítica, sermos capazes de
questionar, capazes de fundamentar as nossas razões e opiniões, de
analisar os “porquês”, para podermos intervir e assim mudar, a própria
pessoa, o contexto, para assim evoluirmos como comunidade, e
obtermos um melhor sistema de Educação.
Findada a discussão de Paulo Freire, começámos a discutir as ideias
de Edgar Morin, em particular as ideias do seu livro “Os sete saberes
para a Educação do Futuro”.
“Existem sete saberes fundamentais que a educação do futuro
deveria tratar em qualquer sociedade e em qualquer cultura, sem
excepção nem rejeição, segundo os costumes e regras próprias de cada
sociedade e de cada cultura.”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

Segundo Morin, para evoluirmos na Educação e como comunidade


terrena, sete saberes são fundamentais:

1. AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO: o erro e a ilusão

“É necessário introduzir e desenvolver no ensino o estudo dos


caracteres cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos
humanos, dos seus processos e das suas modalidades, das
disposições tanto psíquicas como culturais que lhe permitem
arriscar o erro e a ilusão”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

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2. OS PRINCÍPIOS DE UM CONHECIMENTO PERTINENTE

“É necessário desenvolver a aptidão natural da inteligência humana


para situar todas as suas informações num contexto e num
conjunto.”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

3. ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA

“É necessário restaurá-la (a complexa natureza humana), de forma


que cada um, onde quer que esteja, tome conhecimento e
consciência em simultâneo da sua identidade complexa e da sua
identidade comum com todos os outros humanos.”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

4. ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA

“O destino doravante planetário do género humano é uma outra


realidade-chave ignorada pelo ensino”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

5. AFRONTAR AS INCERTEZAS

“As ciências fizeram-nos adquirir muitas certezas, mas revelaram-


nos, igualmente, durante o século XX, inumeráveis campos. O
ensino deveria comportar um ensino de incertezas que apareceram

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nas ciências psíquicas (…), as ciências da evolução biológica e as
ciências históricas.”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

6. ENSINAR A COMPREENSÃO

“A compreensão é simultaneamente meio e fim da comunicação


humana. Ora a educação para a compreensão está ausente dos
nossos ensinos.”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

7. A ÉTICA DO GÉNERO HUMANO

“A ética não saberia ser ensinada por lições de moral. Ela deve
formar-se nos espíritos a partir da consciência de que o humano é
ao mesmo tempo indivíduo, parte de uma sociedade, parte de uma
espécie. Trazemos em cada um de nós esta tripla realidade.”
In “os sete saberes fundamentais para a Educação do futuro”, prólogo

Este último capítulo do livro é o que realmente mais me marcou,


não que os outros não me tenham prendido a atenção, pois todos os
sete saberes são de facto fundamentais.
Mas como o meu trabalho ao longo do semestre foi o
Desenvolvimento Humano, e tem como bibliografia um texto intitulado
“Abordagem Onto-Antropológica do Desenvolvimento Humano”, e
também neste texto a ética e as morais são abordadas. Segundo
Joaquim Coelho Rosa :”Viver eticamente é ser responsável por todo o

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poder ser do universo, é agir, a cada instante, com a consciência de
que o universo inteiro depende do acto que fazemos”
In Anais UIED 2002, Monte da Caparica

A partir do conhecimento adquirido pela elaboração do meu trabalho


da disciplina de Educação e Desenvolvimento II, e baseando-me
apenas na ética e moral para o desenvolvimento, posso então dizer que
todas as morais impõem normas de comportamento, próprias das
acções que devam ser feitas e evitados no próprio grupo cultural, e
precisamente porque os humanos são sujeitos a diferentes morais,
surgem, com frequência, conflitos morais. Esta conflituosidade é
inevitável, visto existirmos numa sociedade e como tal estarmos
sujeitos a diferentes grupos. É por isto que as morais são insuficientes
como regência do comportamento humano. Uma moral universal, válida
para todos os humanos só poderia ser a da “natureza humana”, mas
esta é de “poder ser”, não de “dever ser”. Os humanos jogam a cada
instante da sua vida tudo e o todo do que podem ser, esse é o seu
modo se existir e de ser, essa é a natureza, esse é o modo como
habitam ecologicamente a vida e o mundo. Isso é o que se chama
ética. Ser humano é ser ético.
Realmente, se quisermos definir ética ou moral, é complicado de o
fazer sem que para falar de uma não se fale da outra. Tentei referir um
pouco do que aprendi com Edgar Morin e com Joaquim Coelho Rosa.
Relacionar com a disciplina de Educação e Desenvolvimento é quase
imediato, pois como podemos evoluir, desenvolver sem uma educação
libertadora, sem uma consciência crítica, sem noção de ser, de viver.
Relacionar o tema comigo, e com o que apreendi também é quase
imediato, pois como futura professora, foi uma experiência positiva ter

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contacto directo com o sistema simples, mas não funcional (educação
bancária) vs o sistema talvez mais complicado de se instalar, mas que
seria no mínimo proveitoso (educação libertadora). Dos saberes de
Morin, qual deles não é fundamental? Foi muito positivo também o
contacto com este autor, pois tive a oportunidade de pensar, e de
reflectir em assuntos não tão facilmente abordados no ensino mas
muito importantes.
Termino dizendo que gostei muito da disciplina e o como as aulas
decorreram, pois o estarmos sentados em grupo e de todos
participarmos foi uma visualização da ideia de Paulo Freire de Educação
Libertadora, onde todos partilhámos saberes, e sinto mesmo que no
decorrer da cadeira, tive que reflectir, pensar e que criar.

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