Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CRIME CONSUMADO
Segundo o Código Penal Militar, no seu Art 30, inciso I, diz-se consumado o crime
quando nele se reunem todos os elementos de sua definição legal. Assim, consuma-se o delito
quando há realização integral do tipo; isto é, quando o tipo está inteiramente realizado. A lei
penal enuncia os elementos constitutivos do crime e , para que haja consumação, é necessário
que os atos do acusado (ação positiva ou negativa) se ajustem ao conceito da lei em todos os
seus termos.
FASES DO CRIME
Na realização do crime, há um caminho, um itinerário a percorrer entre o momento
da idéia da sua realização até aquele em que ocorre a consumação. A esse caminho dá-se o
nome de “Iter Criminis” (o caminho do crime ou o desenvolvimento da ação delituosa).
Vejamos um exemplo:
O agente, com intenção de matar a vítima, adquire um revólver e se posta de
emboscada à sua espera, atirando contra ela e lhe produzindo a morte.
a. Cogitação: o agente, com intenção de matar a vitima.
b. Atos Preparatórios: adquire um revólver e se posta de emboscada à sua
espera.
c. Atos de Execução; atirando contra ela.
d. Consumação ou Meta Optata: e lhe produzindo a morte.
a. A Cogitação
Enquanto o crime está na fase interna, na resolução criminosa, é apenas “Voluntas
Sceleris”, não saiu da “Cogitatio”. A cogitação não constitui fato punível; em intenção, todos
podem cometer crimes. É a regra geral, porque ainda está no pensamento do indivíduo.
Entretanto, existem exceções; há casos em que já se constitui delito na cogitação, como:
concerto (ajuste) para a deserção ( art 191 CPM ), a conspiração (art 152 CPM). Nesses
delitos, há o propósito delituoso ou a intenção revelada de vir a praticar o crime. Esta intenção
é externada através de atos sensíveis.
A impaciência do legislador, então, antecipa-se e não espera que o crime se
verifique, punindo, em última análise, a intenção, o projeto criminoso.
b. Os Atos Preparatórios
Os atos preparatórios são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva,
como à aquisição de uma arma para a prática de um homicídio ou a de uma chave falsa para o
delito furto, o estudo do local onde se quer praticar um roubo. Nesta fase, o agente realiza as
condições necessárias para, depois, executar o crime. Também escapam à aplicação da lei
penal, como regra geral. Normalmente, não dão lugar à punição, uma vez que não revelam
com precisão a intenção criminosa. Podem ser punidos como delitos próprios, por exemplo:
Antonio, tendo deliberado matar João, vai comprar um revólver e munição. Neste caso,
Antonio poderia ser preso, depois de ter a arma, pela contravenção de se encontrar armado
sem autorização legal, mas não por querer matar João.
Como na cogitação, a regra geral tem exceções: o legislador, baseado na gravidade
do fato, ainda na sua fase preparatória, passa a considerá-lo como crime. Exemplificando as
exceções, vamos encontrá-las em certas modalidades de crimes de perigo comum (Titulo VI,
Cap I, Parte Especial do CPM, arts 268 a 281) e os crimes contra o Estado. São exemplos
variadas hipóteses previstas na Lei de Segurança, bem como a infração chamada ‘quadrilha’
ou ‘bando’ e a referente a apetrechos para a falsificação de moeda, ambas previstas no Código
Penal Comum.
c. Os Atos de Execução
Também chamados de atos executórios, são os dirigidos diretamente à prática do
crime, quando o autor se põe em relação imediata com a ação típica. A diferença entre os atos
preparatórios e os de execução está prevista no critério formal: existe o ato de execução
quando o comportamento do agente dá início à realização do tipo. Só há começo de execução
quando o sujeito inicia a realização da conduta descrita no núcleo do tipo, que é o verbo
(matar, furtar, ferir etc). Nesta fase, o agente é passível de punição.
A TENTATIVA
Quando o agente inicia os atos para a consumacão do crime, se este não se consuma,
por CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS à sua vontade, caracteriza-se a tentativa. Encontramos a
definição de tentativa no art 30, inciso II do CPM: “o crime é tentado, quando,iniciada a
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”. Pela nossa lei, só
há tentativa quando há ato de execução (ação traduzida em atos executivos) . Iniciada a
execução, deve ela interromper-se em qualquer momento antes da consumação. Essa
interrupção tNÃO” se pode vincular à VONTADE DO AGENTE , ao contrário, deve ser-lhe
estranha, isto é, provir de fatores que lhe são alheios.
a. Elementos da tentativa:
1) início de execução do tipo;
2) não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.
b. Formas de tentativa:
1) Perfeita (acabada ou crime falho)
2) Imperfeita (inacabada)
1) TENTATIVA PERFEITA:
Quando o agente faz tudo quanto lhe é possível para atingir o resultado. Exaure
todos os meios disponíveis na execução, sem, porém, atingir a meta optata por fato alheio à
sua vontade. Na tentativa perfeita, o crime é subjetivamente consumado em relação ao agente
que o comete, mas não o é objetivamente em relação ao objeto ou pessoa contra o qual se
dirigia.
O agente realiza tudo o que acha necessário para produzir o resultado,
mas ele não ocorre.
Exemplos:
a) João desfecha todos os projéteis de seu revólver em Maria que, atingida, é
levada a um hospital, onde uma intervenção cirúrgica a salva.
b) Carlos ministra dose mortal de veneno a seu inimigo Antônio, mas este,
por circunstâncias alheias (socorrido por terceiro), se salva.
c) Gustavo, sabendo que Pedro não sabe nadar, atira-o num rio, mas Pedro é
salvo por um pescador.
2) TENTATIVA IMPERFEITA
3) PENALIDADE DA TENTATIVA
A nossa lei não faz diferença entre a tentativa perfeita e a imperfeita, pelo que
recebem igual tratamento penal no que tange à aplicação da pena em abstrato. Todavia,
quando da imposição da sanção em concreto, o juiz deve levar em conta a existência de uma
das espécies.
A distinção entre tentativa perfeita e imperfeita oferece relevância no tema da
desistência voluntária e do arrependimento eficaz, como veremos posteriormente.
O nosso Código Penal Militar pune a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços. A lei faculta ao juiz, no caso de excepcional
gravidade, aplicar a pena do crime consumado (art 30, § único, do CPM).
Sendo a tentativa objetivamente menor que o crime consumado, é natural que a sua
pena seja menor que a deste. Quanto mais o sujeito se aproxima da consumação, menor deve
ser a diminuição da pena (1/3); quanto menos ele se aproxima da consumação, maior deve ser
a atenuação (2/3).
Haverá tentativa de crime sempre que há intenção de cometer o delito (isto é, haja
Dolo). O dolo é o mesmo daquele que consumou o crime . Quem consuma o crime age com o
mesmo dolo daquele que tentou consumá-lo, porque a tentativa é apenas o delito mutilado,
sem a sua consumação.
O crime culposo não admite tentativa. Porque na tentativa, o agente quer ou assume
o risco de produzir o resultado (isto é, há a intenção, o dolo).
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
a. Exemplos:
1) O ladrão, dentro da residência da vítima e prestes a subtrair-lhe os valores, desiste
voluntariamente de consumar o furto e se retira.
2) Gastão efetua apenas um disparo e, dispondo ainda de munição e tendo a vítima à
sua mercê, voluntariamente não desfere novos disparos.
b. Penalidade:
A desistência voluntária não é objeto de punição; o autor responde pelos atos
praticados até o momento da desistência. O legislador, com isto, acredita prevenir e evitar o
crime, uma vez que é oferecido ao agente o ensejo para se deter no “iter criminis”, subtraindo-
se desse modo à pena.
O Estado deve encorajar todo e qualquer ato capaz de impedir a consumação do
delito.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
a. Penalidades:
Conforme o art 31 do CPM: o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza só responde pelos atos já praticados.
Diz-se impossível o crime quando o mesmo não se pode consumar por ineficácia
absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto.
Havendo a execução completa dos atos, mas em condições tais que o resultado era
impossível, o crime é impossível.
Pelo Código Penal Militar, não se pune o crime impossível, porque o agente nunca
poderia consumá-los.
Delito Impossível por Ineficácia Absoluta do Meio:
Dá-se quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria natureza, é
absolutamente incapaz de produzir o evento.
Exemplos:
1) O agente, pretendendo matar a vítima mediante propinação de veneno, ministra
açúcar em sua alimentação, supondo-se arsênico;
2) O agente, pretendendo matar a vítima, aciona o gatilho do revólver, estando a
arma descarregada.
Convém notar, no entanto, que a ineficácia (inidoneidade) do meio deve ser aferida
“ex-post”, em face do caso concreto. O meio normalmente inidôneo (ineficaz) pode ser,
excepcionalmente, eficaz (idôneo).
Exemplo:
1) Pode-se matar de susto uma pessoa cardíaca;
2) Pode-se matar uma pessoa diabética colocando açúcar na sua alimentação.
1. IGNORÂNCIA
É a ausência completa de conhecimento. É a ausência de qualquer noção. É o
desconhecer, é o não saber. É a privação da idéia ou de juízo relativamente a uma coisa, pelo
que dela não se tem ciência ou nada sobre ela se sabe. É a ausência ou falta de toda noção, é o
desconhecimento a respeito da coisa.
2. ERRO
É uma falsa noção sobre uma pessoa ou um objeto (uma coisa). É o conhecimento
inexato ou contrário à realidade. É o conhecimento equivocado.
3. IGNORÂNCIA E ERRO
Sob o ponto de vista jurídico, e quanto a seus efeitos, erro e ignorância se
equiparam, pois ambos resultam de uma irrealidade a respeito das coisas, das pessoas ou dos
fatos em que a falsa noção ou desconhecimento da verdade possa incidir. Assim, ignorância
ou erro seguem as mesmas regras e exercem a mesma influência, produzindo idênticos efeitos
sobre as nossas ações ou omissões, apresentando-se, quando empregados, em sentido
equivalente.
Conclui-se que ignorância e erro, apesar de serem coisas distintas, para os
efeitos jurídicos, são perfeitamente equivalentes, porque na ignorância e no erro se observa a
“ausência da noção verdadeira”.
4. IGNORÂNCIA DA LEI
Refere-se ao desconhecimento da lei, correspondendo à expressão “Ignorância de
Direito”, que equivale à de erro de direito.
Domina em Direito o princípio: “De que finquem se escusa, alegando ignorar lei”. A
ignorância ou a errada compreensão da lei não exime da pena. Publicada a lei penal, ela se
presume conhecida. Este princípio não é absoluto; pode ser abrandado diante de um fato
concreto, atenuando os efeitos da pena, se a ignorância ou o erro é escusável. É bom frisar que
jamais será escusável a ignorância do Direito, quando esta provém da negligência, pois, neste
caso, não cabe a qualquer pessoa alegar seu desconhecimento.
1)Erro sobre o objeto: quando o sujeito supõe que sua conduta recai sobre
determinada coisa, sendo que, na realidade, ela incide sobre outra.
Exemplo:
Sujeito subtrai açúcar supondo tratar-se de farinha. O erro é irrelevante, pois a tutela
penal abrange a posse e a propriedade de qualquer coisa (arroz, açúcar, feijão, farinha etc) e
não de objetos determinados, pelo que o sujeito responde pelo crime de furto.
a.Coação Física: é o emprego de força bruta, tendendo a que a vítima (coato) faça
alguma coisa ou não.
Exemplo:
1) Roberval, vulgo “Capeta”, mediante força bruta, impede que o guarda ferroviário
Zacarias combine os binários e impeça uma colisão de trens.
2) Cad TASSO, vulgo “Carioca”, foi seqüestrado no Rio, não podendo comparecer
ao quartel (AMAN) por mais de 8 (oito) dias, passando a ser desertor.
Nos exemplos dados, existe a dirimente da coação física irresistível (Art 38, a CPM).
O autor da coação é quem responderá pelo crime (Art 38, § 1º,do CPM).
Se o ato é praticado em obediência à ordem superior que deva ser obedecida, a causa
do crime não é a vontade de quem obedece, mas sim a de quem ordena; por isto que o Art 38,
§ 1º do CPM, diz que: responderá pelo crime o autor da ordem.
CÓDIGO PENAL MILITAR art : 9º e seus incisos; 10 e seus incisos; 11; 12; 13;15; 20; 22; 23;
25; 30 § único,incisos I, II; 31; 33incisos I, II; 32; 35; 36§ 1º; 37; 38 § 1º e § 2º ;
38 a) e b); 40; 70 inc II; 152; 191; 200 ; 225; 243; 244 ; 268 a 281
TAREFA nº 03