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PAUL MARLOR SWEEZY 4 Teoria do Desenvolvimento Capitalista Principios de Economia Politica Marxista CP.Bes Caloesto-ne Pubeaco Cémara Brasileire do Livro, . oP ‘weezy, Paul Marior, 1910- 4 core, ee ellnene, canta : pos eo nee aa Me Seed see Sa Fe ere Pee Se Wale BOR Spee Rea 5 : So Pe conta presents de Helga Hoffmann 1. Copia 2. Eonea manta 3. Mar, Ks 191ghiSaPe eaters eran ae hase arpa ee 7 «18, coogae Set 1 Bote Bo Seat wae 1 Seale Indies poe cailog seman 1. Copitalsmo : Eeonamia 830.15 117.1 $80.122 (8) B Eeonomla mands 396.411 (17) 995412 (18) 53, Mane Hor 1818-1883» Concaltos exondicos 4 "a5 411 (17) 385.412 (18) 1983 20 emooUcko temente a todos os tipos de sistemas econémicos. Estes sto entto considerados co- ‘mo diferentes entre st principalmente em questoes de forma sem importancia, no ue inleressa a0 economisa. E pode ainda ocorrer que, como Jé virnos, sejam Con- Siderados no em termos socais, mas em referéneia a modelos abstatos, conside- redos como de principal importneta l6gica. arece evidente que dessa forma o économista evo a exploregso sistemética estas relagSes socials que s80 de tal modo universalmente cons\deradas de relevan- cia para os problemas econémicos que esto profundamente enraizadas no lingua- jer diétio do mundo comercial. E & ainda mais evidente que o ponto de ulsta basico adotado pela Economia moderna a toma inadequada pare a terefa mais importante de langar luz sobre o papel do elemento econémico na totalidade complexa de rela- ‘es entre homer e homem que consti o que chamamos de sociedade. Patece razoavel supor que o estado de coisas rapidamnente resumido nos paré- srafos precedentes tem bastante a ver com o que podemos descrever adequada- mente como um sentimento generazado de descontanlamento tom os economis- tas e sua obra. Sendo assim, parece que o procedimento mals proveltoso seria Tee Jar uma detalhada investgecso dos dogmas e conviegdes cents da Economia modema, do ponto de vista de suas deficéneias como uma verdaclera Ciencia So- cial das relagdes humanas. A andlise erties desse tipo €, porém, na melhor das hi POleses uma farefa ingrata, estando sujet 8 acusaeso justicgvel de fracasso, por ‘do oferecer nada de consirutto no luger daquilo que rejita. Decicimos, porisso, abandonar o terreno da doutrina admitida eonvencidos que estamos de gue ha ra- aes de insatsiaggo al, ¢ explorar ouir abordagem do estudo dos problemas eco. ‘némicos, qual sea, aquela igada ao nome de Karl Marx. No decom deste livre, portanto, vamo-nos ocupar amplamente da Econo- ‘mia _manista, Nio se deve’ entender por iso que prelendamos revelar "o que Marx reelmente, pensava”. Fezemos 2 Suposigéo simplifcadora, embora tlvez 10 obvia, de que ele quis dizer o que disse, e nos propomos a tarefa mais modesta de descobrir 0 que podemos aprender com Mare. Panre PRIMEIRA O Valor e a Mais-Valia Carimuvol O Método de Marx ‘A discussie da metodologia na Economia, como em outros assuntos, cost ‘ma ser cansativa @ niio-compensadora. Evité-la, porém, & corer 0 rsco de um de. sentendimento sério. Por isso, neste capitulo tentaremos, da mais brove forma pos- sivel, apreseniar os principais elementos da abordagem de Marx & Economia. No caso'de Marx, é um ponto dos mats importantes, pois muitas de suas contibulcBes novos € mais significativas séo precisamente de caréter melodolégico. Lukes, um dos mais penetrantes maristas contemporineos, chegou mesmo a afimar que “2 ‘ortodoxia em questGes de marxismo se relaciona exclusivamente com o métoda”. 1.0 uso da abstragao Do ponto de vista formal, a metodologia econémica de Marx pode parecer surpreendentemente semelhante & de seus predecessotes cléssicos ¢ & de seus su cessores neocléssicos. Ele era forte partidério do método absirato-dedutvo, to ca- racterstico da escola ricardlana, “Na andlse das formas econémicas”, exreveu no Precio de O Captal, “nem mi res nem rege qumios fr Usage A Yre da aburagio deve sibtn Além disso, Marx actediiava e praticava 0 que os tedricos mademos chamam de méiodo de “aproximagbes sueessivas", e que consiste em passar do mais abstrato para o mals concieto, em fases sucessivas, afestando suposicoes simplifcedoras hos sucessivos estagios da investigacio, de modo que a teoria possa levar em con- ta explicar um numero de fordmenos reais cada vez maior. Quando examinamos melhor a questéo, porém, encontramos diferencas sur lentes entre Marx ¢ 05 representantes’ da tradigSo classica e neocléssice, O jo da abstracéo é em si impotente para proporcionar © conhecimento; tudo ependendo da forma de sua aplicacio. Em outras palavras, @ preciso decidir 0 ‘que se deve abstrair de que, ¢ 0 que no se deve, Suryer, entio, pelo menos 24 OVALOREANaSVRLR duas questées. Primeiro, que problema esté sendo investigado? E, segundo, quals (8 elementos essenciais deste problema? Se Evermos a resposta para essas duas pperguntas, saberemos com certeza o que no podemos abstalt e, dentro desses nites, wagar nossas suposigbes de acordo com um ertério de convenincia e simpl cidade. Ore, ndo preclsamos ir além da primeira pergunta pare nos convencenmos de que os economistas nem sempre estveram de acorda nos seus objevos. Os ‘problemas que varios economistas bem conhecidos se propuseram investigar po- em ser mencionadas: les que regulam a di: tribuiggo do produto ca tera” (Rrardo}; “a agio do homem nas aiiidades habitus Jo® tbulhadores, ¢ necessaro apense eolordtos no Tesmo bpe de producéo, onde sua efiéncs relative possn ser fecmente medda em termos puremente fisces. Uma vez estabeleckla assim a necessiia raaio, ela ro conta po OFROLEMADOVALORQUANTTATIVO 47 poderé ser useda para reduzir 05 dois tipos ce trabalho um denominador co- Frum, em termos de criagéo de valor, nao importando no caso que os trabalhado- es em questo se possam transferit iuremente de uma indasiria para outra. Nada Fé de artificial nessa soluco do problema numa sociedade em que um alto graut de fluidee do trabalho ¢ fato comprovado. ‘Se, por outto lado, a diferenca ene os dois trabalhadores for questo de tei- rnamento, entéo @ dro que 0 trabalhador supetior emprege, na produgSo no 55 feu trabalho (que, pademos supor, tera a qualidade do trabalho simples na ausén- a do treinamento}, mas também indirefamente parte do trebelho de seus profes- sores, responsavel pela sua superior produtividade. Se a vide produtiva de um tra- balhador for digamos cam mil horas, @ se om seu treinamento foi empregado 0 equivalente de cingtienta mil horas de trabalho simples (inclusive seus estorgos du- rante 0 periodo de trelnamento), entio cada hora de seu trabalho seré contada co- ‘mo hora e meia de trebalho simples. Esse caso no apresenta, portanto, majores ci- feuldades do que 0 prime, ‘Na prética, a8 ciferencas de capacidade so mais provavelmente o resultado de uma ‘combinagio das diferencas na habilidade e no treinomento. Esses casos fnais complexos nao suscitam navas questGes de principio e podem ser tratados ce ‘acordo com os métedos dlineaclos para os dats casos basicos, ‘A influéncia exereida pela habiidade e treinamento s6 se faz sentir lenta e im- perfeiiemente, e freqiientemente de formas no Obvias. Por isso, Marx observou ue “ag diferentes proporgies em que os vSras espécies de trabalho slo redusidas 00 wa bbalho. nio-especaizatlo coma, pedo se esiabelecem por um precesso que occrre Sem o conherimento dos produtores © que conseqlenfomente parecem fixadas pelo Criticos da teoria do valor de Mars (@ de Ricardo) sustentaram sempre que 2 redugao do trabalho habiltado a trabalho simples @ um raciocinio circular. © argue fnento parece ser o de que a maior copacidade de ctiar valor do trabelhador mais habiitado & deduzida do maior valor de seu produto. Se assim fosse, a critics seria, ecerio, valida, mas nossa anélise mostrou que no ha necessidade de se apoiar nesses raciocinios falazes, Um ataque mais substancial contra a teoria centralzaria Sua atengao na suposigio de que as diferencas em capacidade natural permane- Cem mais cu menos constantes, embora os tabalhadores se desoquem de um t fo de produeso pare outro. Nao é diffe imaginar casos que no se enquadram hhessa suposigo: ha individuos que dispoem de grande capacidade em certo setor especial de atividade, mas cuja capacidade produtiva geral nao & notével — por ‘xemplo, as cantores de épere, 0: jogadores de futebol, os matemnaticos, ¢ assim por diante. Sao porém, casos excepcionals que nao devem perturbar nossa anslise fa forca de trabalho como um todo, No que se relaciona com a grande maioria fos trabalhadores produtivos, o talento especializado nfo € de grande importincia, ts qualidades que fazem um bom tabalhador — force, destreza, intelgencia nndo ‘iferem grandemente de uma ocupaco para outra. Apenas isso & necessério pata estebelecermos & comenstmbiidade ezzendal entre trabalho simples @ espe- Galzado. “Tendo demonstrado a exegiibilidade teérica da reducdo do trabalho especial- zado a trabalho simples, podemos seguir Marx na absiragao das condigbas do mun- do real que tormam necessia essa reducSo. 48 OVALOREAMASVALA Para simpy, dag cm dnte considerremce ta sate de vebeho como ngetgrealindo, 6 sp om hes hox popes ago de har ee Do ponto de vist des problemas que se propunta invesigar, as difstngas ante os das pes de trabalho to ram extencie Ignoring, portato, € ume obo 00 adequoda dentro do sentido do terma explicado no Capitulo 1 esa nfo € a Bor que tal abstaczo podeta sr sempre adequada, Se Mer estvess ntreselo na expleagao das lereneas de salaros, por exemplo, € clo que es fra sido na. cage! um ero si, apesar de freqlete,supor gue toda a teva do valor quant tntvo de Marx est contda no Copitula i de O Capt. Tal captle, @ bom lem: brat, denomina-se "A Mercadora''e se ocupa predeminantemmente do qua chara: mos problema do valor quate. No que te relacona com's prota do wor uantatvo, nao procua alam da prea sproximatao, conta na proposeso de que as mercadoros se tocam entre ha proporgio da quantdade de tabsino sociaimente necesssro incorporado am cada. Alem tis, mesmo es cicurstnclog em que tal apronimacéo soa incondctonalmente vide nao sfo nvesigads vidoe que femos ne Cope T apenss un primero passo no campo Ge tos do valor quanitatvo. Os pastos subseaientes fkam, de acordo com 0 plano de O Capital por uma fase postetor do trabalho. Tentemos aqut examina as deise bisieas de Marx sobre a questo do valor, nao porque sje eesencial fat le para 9 tolerant ds caption edna sguien ie s bscam no vlume tas porque essa parece sera malhorfotma de eat incompreensoes que, de ext tra forma, poderiam surgir, ae pee 2.0 papel da concorréncia Indaguemos, primelzo, em que condigdes as relacses de troca corresponde- fiom exalamente &s relagdes de tempo de trabalho. O famoso exemplo de Adam Smith, do gamo e castor, também usado por Ricarde, nos proporciona um bom ponto de partida "Naquela fase rude & primitva da sociedad, que precede tanto © scumuleco de re- ‘seras quanto a apropriagao da tere, a proporgae ents se quantdades de trobalho ne= cessrlas para a aqubsigdo de cierentes objetos parece ser a Unica cheunsiancla que pode proporcionar qualquer regra para a roca ce um pelo cutto. Se enire uma nacis de cogedores, por exernplo, & hebitualmente necestaro 0 dobro do tabalhe pare me ter um castor do que pare malar ura camo, o castor deve ser tcado ou equivaer 8 dots amos. E natural que o produto de dois ins ou duas horas de trabalho Geum va. lero dobro do produto de um dia cu una hora de taba" Os cacadores de Adam Smith sfo os que Marx teria chamado de produtores simples de mercadorias, cada qual cacendo com suas prOprias armas relativament simples, em florestas abertas a todos, e satsfazendo suas necessidades pela troca do excédente pelos produtos de oultos cagadores. Por que, nesses circunsiancias, OFRCELEMADOVALDRQUANTTATNO 49) deverso 0 gumo e 0 castor ser tocadgs em proportdo & quantidade de tempo ne- tesla para mata cada um dele? & faci apresentar uma prove do que’ Adam Smnith ira como cet. © cagadar, empregando dias horas de seu tempo, pode tet um easor ou dos amos, inognemos agora que um castor sla trocado por um gamo “no marca EP Fis rents, co oem saga cnr Po ma ho pos tcl peger um gemo ©, pottanio, em toca, obter um castor, a0 passo que para c2- car ury Gestes seam’ neces dss horas. ConragUentemente, as siuegso € {RStivel e nto pode perdurer O abastecmento de gomos ta expandré, 0 de cato- tes se redid, als que 89 chequem gamos go meteado, e nSovte enconvem com- ppedores. Sogulndo ese racocinio, @ possvel mostrar por excusdo que somente Ena tlaedo ce toca, ou sla, un castor por dols games, propia uma sunelo es tSvel Ghuanco essa avso eu! telaceo governs. o mercado, of cagadores de castor fio lento motive pare pasar 8 copa Go gama, nem os cacadores do gama pare pastor 3 taga do castor Esse 2, portato, @relagao de roca de equilib, O valor Je um castor € dois gamos,e te versa. A proposgéo de Adam Smith es, por tanto, corel eae era chegarmes a esse resuitado so necessiras dune suposigbes implctas, ou seja que ob cazedores esigo dapostos « passa Reremante do gomo 90 castor & com isso mehoram sua sit! © que ABo hé obstiules » aise movinanta Ein entres palavtas, os capadoresexgo dispostos we sBo eapazes de competi lure ment por qualquer vanlogens que possam surge no cus da Woe pasando {eu tabtho de um ster para out. Dada esa forma de coneorrénca numa sole. Sade de produgdo simplos ae orcadoras, a oferta e a procira 36 exovo em equ ffose quendo prego de cada mereadora for propotclonal so tempo de Pablo essai por prosizria Invesamente, ob proses proporconas os tempos de Tabaiho 06 serko esibelecdos e as forgas dt ofera © procura conconentes pude- fem operar ivieente A teoia-da delerminagdo, de prego pela oferta e procure Sonconentes ndo esta apenss,portanlo, em acorde com e teria do trabalho — € parte nlagrant, embore nem Sempre reconbecia, desea tensa ‘Mons ni loce nese ponto No primeira captulo de © Copia. Como os dss cos, ele sompre steve por cats. Mas em vias Outas pares Ge sun Obra econdmi- cx hala de “oferta e procura’ —~ exprecsso usada simplesmente por rest as fers conconentas om fundonamento no mercado — e tompre no sen de Um tnezonisno pore elimior desigs ene os progor de mercado e os valores: 0 que Oster Lavoe adequademente denomina de "mecanismo equlibrador"” Assi, no ‘lume ill onde veri paginas si dedicadas 2 sscunt, lomos que “n reagdo do procure ¢ oeta expen, portato, de um lio apenas oe des dos preshs esereadg em rela ace taser de meteaco e, de out ato, a londins Ev Squire denon em ous pours, de suspenero eato da ragso de pro coin Sofa" {A questdo se toma ainda mais clara em Valor, Prego e Lucro, como se segue: TNo momeno ei yas @ ofets eo procum ae equilbrom, © portanto detiam de agin © proga de mercado de uma meresdova coreide com Seu valor real" LANGE Oise “Manan Econom ant Modem Eenonte Thea Rvow of Exorone Seber vB 0° 3 50 OVALOREAMASVALIA 3.0 papel da procura Mare @ freqilentemente acusado de ter ignorado o papel da procura, no sent- do de necessidades @ dasejos do consumidcr, 20 determinar as relaotes de valor quantiativo, A questio no tem importancia enquanto a discusséo se limita as rela- es de troca numa sociedade produtora simples de mercadorias, como a dos caca~ ores de Adam Smith, pois nessas condigSes o padsio das preferéncias dos consu- midores néo desempenha qualquer papel na determinacso do equilforio des valo- res, Se castor e gemo s80 ambes Gtels — "nada pode fer valor sem ser objeto de uilidade"™* — devern ser trocedos ein proportéo 20s tempos de trabalho respect- vos, ndo Importando a intensidade relative da procura de cada. Ja expressamos, porém, a opinigo de que o problema do valor quantiatvo & mais amplo do que a mera Questéo das relagbes de troca, e que inclui uma invest- .gagao da disinbuigso quantitatva da forca de trabalho da Sociedade a diferentes es- feras de produggo, numa sociedade de produtores de mercadorias. Quando o pro- blema & concebide dessa forma ampla, as exigncias dos consumidores ja ndo po- dem ser esquecidas. Se, por exemplo, o castor for usado apenas para fazer cha. péus de pele, 20 passo que © gemo proporcione o alimento bisico de comunida: de, para a cata do segundo iré um volume de trabalho muito maior do que para & ‘aca do primelto. Assim, se desejarmos saber tanto a razo de troce como a dist ‘bulgzo do trabalho, duas informacbes so necessérias: a primeira, sobre o custo de trabalho relative do castor e do gamo; a segunda, informacéo sobre a Intensidade relativa de procura de castor e gamo, Dadas essas duas informagses, é possivel de- terminar 9 que se pode chamar de equilrio economico geral da sociedade em questio. E um “equiltrio” porque define o estado de colsas quo, na auséncia de qualquer modificagio nas condicées biésicas, persistrd, E & "geral porque no 56 © valor relativo do castor e gamo é estabelecido, mas também as quantidades de castor ¢ gamo produzidas e a distribuico da forca de trabalho da sociedade. ‘Quando es tarefes da tzoria do valor quanitativo séo analisadas nesse sentido sais amplo, 0 padrdo das necessidades do consumidor no pode ser desprezado. ‘exatamente niesse caso, porém, que a acusago de desprezar a procura NEO po= de ser feta a Marx. A impressao contéria patece to generalizada que uma exien- ‘sa Gitagdo do volume Ill ndo estar talvez deslocade aqui: “Se es dso do tabu ene o dlerenes mos da producto fo propo nal en oe procs dor wos grupos sero vendor plo ses valores. ou plas {eps que ectnare mooie de sous ates. dove a bis gers, eae EEE" st do valor que se img no com vterenci 8 afigs ou merece hol ‘oy, ae aor progutos tas Ss cteinndn esters soca de prog, mada: \tdépenderes‘peb dito do taba. Cat meta dove encrat © nicer Chanda de Eaolo,e 0 mesmo tempo apensr © quariade propel do fen Bp de tabaho soda tl deve le sido gta no vos grupos ao porque valor & tao des costs contin sero reagan, O word wo dn radon USsSaneis depended secede prague cou Card as 3 abr deus da"nsa socal de prodios dope da propor om a cates em (fudsde cone Usterafonda ymoesaady social Ov cae wopece parca de date Eine sleqada, de moro que o tatako so thus froprcnaments Save Heroes esas pr esa necesaadesSocig que'le de urine dai dA neces tal, ute vl de ueo ro eels Sol ugg Co to im (tr determin pao connate de taal socal que deve Ser pope Gonads plas ls aera lado Por explo, spores un rope OFROBLEMADOUALORQUANTIAFNO ST mente dernesiados produos de algodo, embora apenas o tempo de taba nezest ree arto ol, nas condigoes extents, feta sido empregado, Mas um te (ee. Semala fol empregaco nasa avidede, em cues paavas, una pate Fa toe Se ical O toulé pean vendo epetes como se fuate sido rec dere Peshtdode necessa Ese ime quaiiatvo da qua de wabatho socal dspo- oe Oy as stn cleres lade € apenas uma expresso mas arpa do le Jo a~ Te Uio tumps de tabelho necensho scruma um sentido dlerente 2a Ape 1 Gerace dale & necesito para a slsiqao des necessdades soc A EtagSo rT apul ao ele de'so. A sovedade 30 pod usar parte de seu tmbalho total Ce (minnie epee de produlo, denvo das conagoes de rode predomi A Se Mere reconhecet tao claramente o papel desempenhado pela procura ne determinagao da distibulgSo do tabalho socal, bem podemos indagnr por qu em fermos de tods e sua eal sematicn, balou ese ator Ho rapdamente ep Gersemos dizer. de pessagem? Por que néo segula o exemplo de seus contempors- feck devone, Walras e Menger, desenvolvendo ums teora da prelerenc des con- Timor? Fis dias rates fundamentas para a aparenteIncferenga de Marx pax com o problema Em pamer lugar, dentro do caplalsmo, a demanda efeiva ¢ apenas em par. te ume guotiéo de dessjo dos consumidores. Ainda mais importante @ a questéo Caen de cstibvigao da ronda, que por sua vez ¢ um refexo das relagbes Ge pro- Skelo ou, em ouges palavras, do que os mandstas chamam de estrfura de cles Ses da sociedad, Marx era entico sobre esse ponto: “Notamos que a ‘procura socal, em our polavras aqulo que regula 0 pibepio das pocur, cvenlaimente condciooda plas rages mituas das deretes clas oe reer ease de nuns pougoes econdricat relalvas. OU sei Peo, ha e280 Te ceoaats toll eo ela, eagundo, na cisSo da mata em suns v= sa et lee, res atendameno, imposios et). E eo mora, mas UME Vee aes Blcluamonie nada so pode expicar pela relardo da oferta © proeura, 2, menos {i Seis para esabelcca quis sos em qu repouse ex og E ainda “Pareowtin, que bs no lado da procra uma grandeze deleminade de neces SE, ac wabalhacore que ene par uy sate ume determined ERS Se Setar argon do encode. Mes ¢ qurdode ela por esas recat guaasdede $e lntaca sate, Gua de € genes apareia, Se a hos de stb- cate Tate tains, buon clos om neko msltee, ob tabaldores compe Been dass ago, € ume moe procure socal se maitre par este gene a esas’ Os nts dense donque 0 neeasdede de merc 0 mer ro de mercado ice qumtiatvornene do serdodere recessed solvate 5a a re aSecetes merendonns. Eom tos plows, 0 dlerega ene © ‘unin Pam ude meraotns © »cuanbonce gis sre proutags eo pre Seen ce mrcodoins os ous condos concetnentes 20 dhezo OU Pilar des vompesdorey,osom lereies Se aceitarmos a posicgo de que 2 procura de mercado ¢ dominada, pele dst: buigdo da renda —e é dfell ver como negar isso, pelo menos no caso do capitals: Tiomodemo — parece que no paderemes escapar também da conclusio de que eked a T2288 Wart 2 52 OVALOREAMABSWALA fs problemas do valor dever ser abordados através das retagBes de producao go através das avaliagSes subjetivas dos consumidares. Camo jé vimos no dltimo capitulo, a teoria de trabalho ¢ constituida de modo a levar totalmente em conta as relagdee produtivas especificas a produgao simples de mercadoria. No capitulo se- gguinte veremos como teoria da mais-valia desenvolve essa abordagem no caso do copitaismo, que é uma forma mais avancada de producso de mercadorias. Essa consideragso apenas, entretanto, diicimente seria bastante pare explicar 2 indierence de Manx peias necessidades dos consumidores. Multo embora sua im- pporldncia seia limitada, no obsiante no ha divide de que elas desempenham ura Papel na determinacio da distribuicéo dos eslorcos produtives da sociedad. Deve- mos lever em conta um segundo fator. No Capitulo | dissemos que Marx estava principalmente interessado no processo de modificagso social: mals precksamente, ‘em O Capital investiga ele a lei econémica de movimento da sociedade mods nna”, Desse ponto de vista, qualquer coisa que sea em si relatvamente estavel 2 _Smplesmente reaja as modiicagies extemas no s6 pode, como deve, ter um li- ‘gar subordinado no esquema analiico. E claro que Marx pensou nes necessidades dos consumidores como se encalxando na categoria de elementos reativos na vida social. Os desejos, na medida em que nfo surgem de necessidades elementares Dlol6gicas fisicas, S20 um reflexo do desenvolvimento técnico e orgénico da socie- dade, e no vice-versa 0 mado de prodiuso da vila material concciona 0 procesto am gerald vida so- cla polica © exal No a conaciénca dos homens que Gaermina © Su sta, conor ¢0 su or sovl gue Cetermina um conscenci* Se nos intressamos pela modifcasio econémica @ acetames a opinifo de que os fatoressubjetves dasempenham um papel essencielmente passive no processo de rmodiicagso, no podemos negar que Marx tnha ra2So em desprezar os deseios 05 consumidores. ‘0s economists ortodoxcs, ambora a maloria deles sborde o problema do va- Jor etavés de uma teora da preferénca dos consumidores, fem sido geralmente obrigados, na pritica, @ reconhecer a primasia da producto e da disbibuigio da ronda, sempre que alacam as questées da evolugio economica, Schumpeter pode sgt consideredo come um exami, Em Seu tela sobre os Clos Econémicos, "Procederames, a todos os resales, na suposigso de que @ incatva dos consumi doras na modiieacto de seus gostos — isto @, na modifeacan daquele conjuto de Ua. ‘dos que a ieora geal compreende nos conceitos de “tungbes de vlldade” ou. ‘verteds- des de inderenga’ — @ desprezivel e que toda modiicaggo nos gostos dos consumido- 1 Incdente na, e produaida pele, edo dos produtores".”” E mais adiante, Schumpeter assinala que mesmo_as modificagées esponts- reas na prelerencia dos consumidores provavelmente no seréo de lmporténca, a menos que provoquer allerectes na renda real. Schumpeter na verdade admite que em relagso aor problemas estudadar cele seondmices © tendénciae eval MARK Op et p10, Cl mbm eu “A ered rer a 0 constmo: mara feed 29 tee muna gn, delaras © moc te cvtsna ta, ton nor comuniloes« aod ig Sw ot 3 ass Petre en's capone» 8 spt do cnn” an ee ‘OPRCELEMADO VALOR QuaNTTATVO 53 tae do stema captalsla— a tera da prefetnie dos consumidres & de peque ne ouner urea levine er Gr nalts moderos dos clos econdicossequem 0 mesmo cre aes ecucas oa tao coneilesmente. come” Senumpele Os Fe ee ce enema pouce senso adam age problemas, do vbr nee Scie Reande lar exproeso do “leota pure que, palo fate mes wos grmas'afnade dos protemas tens, # netueimarte 9 dia flee Fe ese eiae a prosu desempenha win popel muto importante em sn iste ns 6 qe tes Om adr soe da @domnado Pla durourso da eh SoS Mn pee relogoe de produto esters Tove nao sla exageo dee wo arerdne de tonbuigo heynsiona veo em grande pate do ato de ‘pu pina ves Cos fitardo, « econome. fdova eibula de races cu pepe la um po reaave na enane dg proceso cals TEEPE ne upaso a one se pudesiem comprechder que © precsomen telso ous ent anendo® So ee a's lav denpreco de Mare pelos problemas de preference do eu Bet, Soke mpl apo nas recent fendeniss do pensomento eo" 4."“Lei do valor” versus “principio de planejamento” Estamos agora em condigdes de ver que 2 lei por Marx chameda de "lei do volor” resume as foreas que atuam numa sociedade produtora de mercadorias © {gue regul: 0) as relagdes de troca entre as mercadoris; b) a quantidade de cada ‘mercadoria producida, c) a distibuigo da forga dé trabalho aos vaos ramos da produgéo. A condiggo bisica pera a existéncia de uma lei do valor @ uma socieda- Ge de produtores privados que sotisfazem suas necessidades pela troca matua, AS forgas em atividede incluem, de um lado, @ produtividade do trabalho nos varios arms da produgso e 0 padiao das necessidades socials modificadas pela distibu- lo de renda, Do outro lado, as forces equilbradoras do mercado da oferta © pro- Evra coneorrenciais, Usando ‘uma expresso moderna, a lei do valor é essencial mente um@ leorla de equilrio geral desenvolvida em primeiro lugar com relerén- Ga produgio simples de mereadorias e mais tarde adaptada ao capitalismo. liso quer dizer que uma das principais fungdes da lei do valor @ tomer claro que numa sociedade produtora de mercadorias, apesar da austncia de uma autor- dade que tome decistes, centralizada e coordenada, hé ordem ¢ no simplesmen- ta 0 caos. Ninguém decide como dlstibuir 0 eslorgo produtivo, ou que quantidade produalr dos varios tipas de mereadortas, e mesmo assim o problema é resolvido © io de modo puramente arbitrério e ininteligivl. A fungdo da lei do valor & expl- ‘ar como laco ecorre € qual o resultado, Marx faz desse Ponto um trecho importan- fe, quase no fim de O Capital: ‘Como os captalsias individualmente #6 se ancontramn como donos de mercado- vase an qual pccure vender 2 aia © mals care possival (Sendo aparentemente 1 ou aj. ov alce dor deta endaneris de J ML yes. Gane! They ef Emo, ere ond Money Se at ras ois Seek Eta nga de ine per sue Gos cae lenroem ee tings diie dx tina fre do svoweinero capa, 090 © ¢ 54 OVALOREA MASALA auiado no conttole da sua produglo por sua prépria vontada), 2 le interna se imps Spenas por melo da compeligio ene ees, pela pressio matua, aravés da qual os vé~ bs Geovcs se equitoram Someta como Ie interna, e do ponto de vista dos agentes, Individunis uma let cego, a Fel do valor exerce sua fnluancia aque maniém o equi ‘iia socal a prodgo na confusSo de suas Mutuepses incident Segue-se que na medida em que @ disuibuicdo da atividade produtiva € colo- cada sob controle consciente a lei do valor perde a importincia. Seu lugar € tome- do pelo prineipia do planejamento." Na economia de uma sociedade socialsta teoria do planejamento deve ccupar a mesma posigso bisica da teoria do valor na economia de uma sociedade capitalista. Valor ¢ planejamento se opdem, e polas mesmas razdes, tanto quanto o cepitalismo @ 0 socialismo. 5. Valor e prego da producto Prego, tal como Marx usa a expresso no volume I de O Capital, € apenes 2 ‘expressio monetaia do valor. Como tal, sua andlise pertence a teoria do dinhelto, ‘que no apresentaremos neste lio. No volume Ill, porém, ha © conceito intelre: mente diverso de “prego de produgso”. Precos de produgao sa0 modificagdes dos Walores. Como, porém, as diierengas entre precos de producso e valores S80 atr- buiveis a certas caracteritcas do capitalismo ainda néo consideradas, vamos adiar fa discusso do assunto até uma fase posterior de nossa exposigdo (ver Capitulo ‘Vi, aciante) ‘Apenas um aspecto deve ser comentado aqui. Veremos que 0s pregos de pro- dugéo sto dervados dos valores segundo cerlas regras gerais — os desvios no ‘880 arbilrgrios nem Inexplicévels, A opinlo de dominou a critica anglo-emericana de Mare, desde Bohm-Bawerk,® ou seja, a de que a teotla do prego de produgao ‘contradiz a teoria de valor, é portanto infundada, Ngo s6 a teorta do proco de pro- cdo no contradia a teotia do valor como se bascia diretamente nela @ néo teria sentido exceto como um desenvolvimento da teoria do valor. 6, Prego de monopolio : A introdugao dos elementos de monopélio na Economia interfere, decerio, no funclonamento da lei do valor, em seu papel de reguladore das relagdes quantkat- vas de produgso e troca, Observou Marx que “quande falamos da prago de monopéllo quoremos dizer, de modo garal, © prego de- terminado apenas pela Sra dos compradores em comprare pala sva colvindia,Inde- ndnlemee do prez determin poo cus gral de cio pelo wl do produto’. Em outras palauras, 0 controle monopolista sobre a oferta the permite aproveitar cent Mp 3006 ‘ pe gmaaial ries pee ea ole do wir a "italy on south pio paves Fase REDUESTENSE Rec ‘Brome: headers Coston Scsto Se Exar, Wotces, 1900 = etn naente aos ves, Cinco as tabu cn Rot Mer on on los oe Sizer Lend TF COPROSLENADO VALOR QuaKTTATIVO 55 se das condicdes de procura, Nesse caso, esta adquire um significado especial, ¢ tanto 0 preco como a quantidade produzida (e dat também a disiribuieio do traba- tho) si diferentes do que seriam num regime de concorréncia. Alem disso, ¢ & es se 0 aspecto mals sério do monopdlo, do ponto de vista analfico, os diserepéincias ‘entre prego de monopdlio e valor n&o estzo sujetas @ qualquer regra gerel, como Score com as dserepSncias entre preco de producao e valor. Meis adiante, quan Go investigarmos as tendéncias monopolistas da sociedade capitaista, veificare- mos, poréin, que esse elemento arbiirio na determinacso do prego em condighes de monopolio € menos perturbador do que poderia parecer & primeira vista. No Que se relaciona com o funcionamento do sistema como um todo, descobriremos Gue o genero, se nao a exlenseo, das mocilicacdes causadas pelo monopéiio pode ser bem analizado e interpretado (ver Capftulo XV, adiante). “Antes de encerrarmos 2 questa do preco de monopolio, um ponto em part cular necessita ser acentuado, As relag5es de valor quantiialvo so perturbadas pe- Jp monopélio, o que nao oconte com as relacbes de valor quelitalvo, Em outras pa- lavas, existencia do monopéio ngo aliera, em si mesma, as relagbes socials bési- ‘cas de produgao de mercadorias: a organizagio davprodugao através da traca parti- ‘ular de produtos isclados do trabalho. Nem modifica @ comensurabilidade essen- tial das mercadorias: ou seia, 0 fato de que cada uma representa certe porcio de fempo da forca de trabalho social total, ou, sequndo a terminoogia de Mark, que Gada uma deas @ ur congelamento de ceria poredo de tabalho abstota, Trtase Ge um ponto importante, pols significa que mesmo em condigSes monopolists po demos connuar a medit e comparar mercadorias e grupos de mercadorias em ter- mos de unidades de tempo de trabalho, a despetto do feto de que as relacdes {Guanitativas precisas implictas na lei do valor j& nao Sejam aplicavets. CaetruLo lV Mais-Valia e Capitalismo E importante no confundir a produglo de mercadorias em geral com 0 capl- talismo, E certo que somente sob 0 capitalismo “todos cu a maioria dos produtos fomam a forma de mercadotias”,' sendo possivel portanio dizer que 0 capitalismo implica a produgao de mercadorias. O oposto, porém, no ocorre: a producto de mercadorias no implica nevessariamante 0 capilelismo. De fato, 0 alto grau de de- Senvolvimento da produgao de mercadorias € uma precondlglo necessiria ao apa fecimento do capitalsmo. A fim, portanto, de aplicar nossa teoria do valor & anal Se dele, 6 necessério pesquisar primeiro, culdadosamente, as caractersticas espe- Cais que dstinguem essa forma de produgzo do concelio geral de producto de mercadorias. 1. Capitatismo Na producéo simples de mercadorias, ¢ que dedicamos tanto da nossa aten- fo, cade produtor possui e opera seus prOprios meios de produce; no copitalis fro, o propriedade cesses meios esté nas maos de um grupo de pessoas, a0 passo ue © fabelho executado por outras. Tanto os melas de produgSo como a forca Ge trabalho sto, além do mols, metcadorias — ou seja, 850 ambos objetos de troca portanio portadores de valor de troca, Segue-se que no somente 2s relagbes en- fre proprietiios, mas lambém as relacies enire estes @ os no-proprietarios tém © Carder de relacbes de troca. As primeias s£o caracieristicas da producéo de merca- dorias em geval, as ultimas, apenas do capitelismo. Podemos dizer, portanto, que a ‘compra o venda da forza de trabalho é a diferenca especifica do cepitalismo, Essa idéia assim fol expressa por Mar: 3s condgSes histiicas de sue exstnea no ge linitam a simples circulaggo do di inheto o metzadonot Sé pode Tloreseer quando a dono des meics de produsao e subz Jinenels enconis no mercado O tbalhador lure, que vende sua forgs de trabalho. E tls uma condiggo Rstorca que compresnde ern toda uma historia do mundo, O © dome ob Bein nace Ctl de, bra to dem rnc er cre Como o objeua tes do capes nro hers de qulqur nang spl. © itecerte intnnindtel proceso de eter hase Opeos Co su ceenao= 40 Capa 18 ne pt fans das apo em ee ‘ir Goce mdm @ apis h goes setae na atti eas covets du Alcon hs BANS (SRDS Pa aioe ae goles damn de Seslncts peruchlade a wage SLSSRE” eae neo talcaor st tarde tant epee pce ep, adopt send pee TREE. Esc 2 cna tno snd ts ou Amn Acsgle one waa sar ee ‘Berne Alan tomo ch lq cemacnin ms Ses tine poe cert reese ae do TIRLLET SES. ons nga rable de nobis censor oo po oa ino. ‘Rg eo temo alge be courts Foor cr ads ares ene empcpae ¢ ted 30 MAISVALINE CAPTAISHD 59 Basta confrontar essa alirmago com a opinigo universal dos economistas orto- doxos de que a aguisigao de maisvalla como incentivo da producSo & motivade por uma caracierstica inata da natureze humana (o chamedo “desejo de lucro" are vermos como @ profundo 0 abisme que separa a Economia Politica de Marx Bi ortodona. Tetemos oeasiio froqiiente, nos capitulos posteriores, de volar a este onto, Enguanio ele no for perfeltamente entendido, nao haverd possiblidade de luma verdadeira compreensio de Marx. 2. Origem da mais-vatia Para descobrir @ ongem da mais-valia & necessétio, primeiro, enalisar valor dda mercadoria como forga de trabalho. Quando dizemos que a forga de trabalho é {uma mereadoria, ndo queremos dizer que o trabalho seja em si uma mercadoria, A UistingZo € importante e deve ser sempre lernbrada. Podemos esclarecé-la da se- Sulnte forma: © capitalise contrata o trabalhador para ir 8 sua fabrica em determi. hhado dia e execular as tarefes que Ihe forem confiadas. Com isso, esta comprando 2 capacidade de trabalho do operétlo, sua forga de trabalho; mas até aqul nao en- fra em jogo a questao do emprego de cérebro e mdsculos que constiul o verdadei- ro trabalho. Este alimo 36 entra em func8o quando o trabalhador & posto em atii- dade numa tarefa especifica, O trabalho, em outras polavras, é o uso da forca de trabalho, fal como, para usarmos a analogia de Marx, a digestéo é o uso da capact dade de digerc. ‘No sentido mais rigoroso, a forga de trabalho @ o proprio trabalhador. Numa soctedade escrava. isso € Obvio, pols o que o comprador acquire @ 0 escravo, & ‘nao set trabalho. No capillismo, porém, o fato de que o contato de trabalho seja Tegalmente limitado ou fnito, ou ambas as colsas, obscurese o fato de que na ver dade 0 que 0 trabalhador fez & vender-se por um detenminado periode de tempo esipulado, Nao obstante, essa é a realidade da questao, e 0 conceito de um dia de forga de trabalho sera melhor entendido como signficando simplesmente um traba- thador por um dia Uma ver que a forga de trabstho @ uma mercadoria, deve ter um valor, como ‘qualquer outra mercadoria. Mas como determinar 0 valor “dessa mercadoria pect liar"? Marx responde & pergunta da seguinte maneira: "0 valor da forge de trabalho & deterinado, como no caso de qualquer outa mer. cadora, peo lempo de trabalho necessrio 3 produgio e conseqientemente também ‘Stepredogio desse artigo especial. Tendo-seo individu, a produgSo da fora de tre- alk ‘comiste na sua feproduggo de s mesma ou na sua manutengéo. Portanio, 0 Tempo de babalho exigdo pers a produgso da forgs de trabalho se redur oo nexessé- tho gars produgso dagueles melos de subsstencin Em outraspelavras, o valor da for- Be Se'mabatho ¢ o valor dos rnelas de subssionclanecesstios pare @ menutengSe do Rbatnador e-. Seus metos de subststancia deve. ser sulelentes pore mentélo em fou extado normal eomo trbalhador, Suas Necessdades naturals, como elimentagSo, loupe, combustvel e aljamento, variam segundo o cima ¢ outras condigées tsicas de Tea, Por outro lado, numero 9 exlenidia de suns chemadas, necesidedes.. 580, ‘Sesim elas Propras, o predulo do desenvolvimento historeo © dependem, portanto, ‘em grande parte do rau de civizagio do pais™.* Voltaremos mals adiante a esse problema. No momento, 0 seguinte ponio de- ve ser paricularmente notado: o valor da forea de trabalho pode ser reduzido 20 Mes Piime auanidade male rs menne dofiniin la merradoring comuns. 60 OVNLOREAMNSWALA Podemos agora proceder & ansiise da mais-valia. O capitalista entra no merca- do com o dinheiro e compra maquinaria, material e forca de trabalho. Combina-os ‘hum processo de produgSo que resulta em certa massa de mercadorias que S80 ne~ vamente langadas no mercado. Marx supe que o capitalista faz suas aquisigdes po- los valores de equilibrio e realiza suas vendas pelo valor de equilforio do produto que vende. E nao cbstante, no final das contas, tem mais dinheita do que no inf. do. Em algum ponto do processo, maior valor -— ou mais-valla — se ctiou, Como. Spogiva so? : le evidente que 2 mais-valia nio pode nascer do simples processo de circula- so de mercadonas. Se todos fentastem calher lero eutpentando © prego, age. os em 10%, © que ganhassem como vendedores perderiam como compradores, © 0 Gnico restitado seriam pracos mais altos generaizadamente, sem que ringuém se beneficasse com isso. Parece também evidente que o material que participa do processo produtivo nao pode ser a fonte da mais-vaia. O valor que o material tem no inicio do processo se transfere para o produto na conclusdo, mas no ha ra28o pera supor que 0 material possua 0 poder oculio de aumnentar seu proprio valor. O mesmo ccorte, embora talvez menos evidentemente, com os edifios ¢ maquinas utilzados no processo de produgéo. O que diferencia edificios e maquinas do mate- tial € 0 eto de que os primairos transferem sau valor pare o produto final meis len famente, ou seja, numa sucessdo de petiodos de producio, 20 invés de todo 0 sou. valor, imediatamenta, como no caso do material. E sem divida certo que o mate- Fal © as maquinas podem ser considerados fisleamente produtivos no sentido de gue o trabalho, operando com eles, pode produit um resultado maior do que pro- duziia sem eles, mas a produtividade fisca nesse sentido nao deve, em nenhtma reunsténda, ser confuncida com a produtividade do valor. Do ponto de vista do valor, néo hé rez8o para supor que o material ou as maquinas possam transfere f- nalmente para @ metcadoria mais do que aquilo que encerram. Isso nos deixa ape~ fas uma possibiidade, ou seja, que a force de trabalho seja a fonte da mais-valia, Examinaremos detalhadamente este aspect ‘Como jé vimos, © capitalista compra a forca de trabalho pelo seu valor, ou se- ja, page 20 tabalhador como salitio uma soma correspondente ao valor dos Seus Imelos de subsistencie, Suponhamos que esse valor seja 0 produto de sels horas de trabalho. [sso significa que depois de seis horas de produgl0, 0 opersrio acres centou ao valor do material e ihaquineria consumidos — valor esse que reaparece no produto — um valor adicional suficente para cobtir seus melos de subsistencia. Se o processo se interrompesse nesse ponto, o capitalise 66 poderia vender 0 pro- dduto pela soma capaz de reembolss-o das despeses, Mas o trabalhador vendeu-se 20 capitalisia por um dia, e nao ha nada na naturcza das colsas que determine seja © dia de trabalho limitado a seis horas. Suponhamos que soja de 12 horas. Entao, nas ullimas seis hores o trabalhador continua a acrescentar valor, mas j8 serd entd0. tum valor excedente e superior ao necessétio para cobrir seus meios de subsstén- cia; &, em suma, a mais-valia que o capitalist pode embolsar. “Toda condigéo do problema estésatisfete, 20 passo que as lls que reguam a tro «2 de mereadorias nfo foram, de forma alguma, veladas: Paleo eepielta Como com ‘od pogou code mareadotia, elgodao, Miso, Torea ce trabalho, pelo s2u valor Inte: sgal. Vende seu fo... pelo seu voler exafo. Néo obstante, com ido isso, retra.. ras de crculagzo do que origialmente nels langou,” A igen desseraciociio pode ser expressa de uma manera siplas. Num dia de trabalho o operstio produz mals do que 0 necessino para um de de auboaten, MASUALAECAPTALISNO 61 cia. Conseqilentementa, a jomada de trabalho pode ser dividida em duas partes, trabalho necess4rio e trabalho excedente, Nas condigdes da producéo capitalisa, o produto do trabalho necessério retoma ao trabalhador na forma de salatios, 20 pas- 20 que 0 produto do trabalho excedente fica em poder do capitlista, na forma de Imels-valia, Devers notar que 0 trabalho necessério ¢ o trabalho extedente como fais slo fenémenos presentes em todas as sociedades onde a produtividade do tra- bbalho humane se elevou acima de cerio minimo muito Baixo, ou seja, em todas as sociedades, com excecdo das mais primitivas. Além disso, em multas sociedades nio-cepitalislas (por exemplo, ne esctavista e feudalsta) 0 produto do trabalho ex- cedente fica em poder de uma classe especial que, de uma forma ou de outro, mantém seu contvole sobre os meios de produgao. O que ¢ espetiico 20 cepitels- mo ¢, portanto, nfo 0 fato da exploregao de ums parie da populagao pele outra, ‘mas a forme qule essa exploragao assume, ot seja, a produgéo da mals-vala, 3. 0s componentes do valor Pela anélise precedente, toma-se claro que o valor de qualquer mercadoria produzida em condigdes capitalstas pode ser decomposto em trés partes constituin- les. A primelra, que representa apenas 0 velor do meteral e maquinerie usedos, “nao sofre, no processo de produc3o, qualquer alteracéo quantiative de valor” endo por isso denominada “capital constante”, e representada simbolicamente pe- ia letra c. A segunda parte, que substtul o valor da forea de trabalho, sofre de cer- ‘a forma uma altoracso no valor pelo fato de que tanto repro 0 equivalent de seu prpto valet como também prodaz um exces, uma vata, que pode variar, pode ser mais ou menos de acordo com as circuns- tries" Exsa segunda parte é portanto denominada ‘capital varével”, sendo representada peia letra v. A terceira parte @ a mals-valia em si, indicada pela letra m. O valor de luma mercadoria pode, segundo essas notagGes, ser representado pela seguinte f6r- mula: +04 m= valor total Esa {S:mula, além disso, nfo se limita, em sua aplicablidade, 8 analise do ve lor de uma tnics mercedoria, mas pode set ampliada para cobrit 2 produgéo du- ranle certo periodo de tempo, digamos um ano, de uma empresa ou qualquer gru- po de empresas, que podem representaralé a economia total de um pats. Duas observactes sto necesséras, Primeiro, devemos noter que a férmula apresentada é, na verdade, uma versdo simpliicada do moderno conceito de ren- {da de empresas. O valor total € equivalente @ renda bruta das vendas, capital cons- tanle para ser empregado om material, mals a depreciacdo, capital varidvel pera ‘empregar em salirios © ordenades e mais valia da renda dsponivel para distribu fo como juros e dvidendos, ou pera reinvastimento nos negécios. A teoria de va- for de Marx tem, portanto, 0 grande mérito de, ao contrario de oulras teorias do va- lor, epresentar uma correspondéncia inima com as categories contabeis das empre- sas comerciais ¢ capitalisas. 62 OVALOREA MASALA ‘Segundo, se a {6rmula for amplada para incluir toda @ economia nos propor- clonara tum embasamanto conceptual para o exame do que habitualmente se cho- ‘ma a renda nacional. Nao obstante, € necessério nao desprezar as diferengas entre 0 coneeitos de renda marsisia e os empregadcs pela maloria dos investigadores modemos. Se usarmos maldsculas para designer quantdades agregadas, podemos dizer que os teérieos modemos, quando falam da renda nacional bruta, habitual. frente incluem V+ M, mais a parte de C que representa a depreciacao do capital fro, mas excluem o resto de C. Como renda nacional liquida, entendem simples- mente V + M, que inclu todos os pagamenios a pessoas mais'a poupanga comer: al Comparando a terminologia maryista com a cléssica, vamos encontrar um t po diferente de discrepancia. Por "renda bruta", Ricardo, por exemplo, entendia o {gue 0s tedricos modemos chamam de renda liquida, ou seja, V-+ M, a0 passo que Seni quida” par ele sigifen apenas @ mais-vala, ou sea, a soma dos lucos © 4, Taxa de mais-valia A formula c +» + m consitul a espinha dorsal analiice, por assim dizer, da teoria econdmica de Marx, No restante deste capitulo definiremos e discutirermos cetas proporgdes ou razdes dela derivadas. A piimeira dessas razbes, chamada a taxa de maisvala, & detinida como a ra- ‘ao entre a mais-valia ¢ 0 capital variavel, sendo indicada por El = m= txa de maveta ‘A taxa da mais-valia @ a forma capialista do que Marx chamava de taxa de ex: ploragio, ou seja, a razio entee o trabalho excedente e o trabalho necessério. Su- pponhamos assim que o dia de trabalho ¢ de 12 horas, e que seis horas s80 de tra- batho necossério e seis horas de trabalho excedente, Eniao, em qualquer socieda- de na qual 0 produto do trabalho excedente fique em poder de uma classe explora- dora, teremos uma taxa de explomcao dada pela seguinte razio: Epa 100% Sob o capitalismo, o produto do trabalho assume 2 forma de valor. Supondo gure hota © tabahacorpodza wm velo de $1, a wn de mata srt por 6. $E-10n steps gta nw nde ate: sh rit mere ees ie ioe Sic ee ce bts ca Ban inaae ae sae aes aplica ao capitalismo. aes - i ‘ MAISVALMECAPTALSMO 63 A grandeza da taxa da mels-valia & doterminada dizetamente por 18s fetores: ‘a extensio do dia de trabalho, a quantidede de mercadorias que participa do s3- [isto real e a produtividade do trabalho. O primeiro estabelece o tempo total a ser diigo entre o trabalho necessario @ excedente, o segundo e terceiro em con- Junto determina qual 8 parte desse tempo que deve ser considerads como traba- tho necessério. Cada tum desses ts fatores @, um de cada vez, 0 ponto focal de lum complexo de forcas que tem de ser analisades numa fase mais avancada da ex posicdo da teoria. A taxa da mais-vaia pode ser elevada por uma extensio do dia Ge trabalho, ou pela redugéo do saléro real, ou por um aumento na produtividade Go trabalho eu, finalmente, por uma combinagao dos trés movimentos. No caso eum aumento na extensio do dia de trebalho, Mare fala da produgao de uma mais valia absoluta, ao paseo qe a redugzo do selério real ou o aumento da pro- Gutvidade, levando 2 fedugio do trabalho necessério, resulta na producao da ‘mais vali relativa ‘Man trabalna quase sempre com a suposiclo simpificadora de que 2 taxa da ‘mais-vaia sela a mesma em todos 05 ramos da industria e em todas as frmas den- tho de cada indistria, Essa suposigSo implica certas-condig6es que no se consubs- tanciam, Sendo parcialmente, na prética. Primeiro, deve haver uma forga de trabalho homagenea, transferivel e mével. Essa condicgo J6 foi examinada detalhadamente fom conexdo com o concelto de trabalho abstrato. Quando satseita, podemos fa- larde “uma conconéncia entte os trabalhadores @ ump equllrio por meio de sua emigrapto ‘continua, de uma eslera de producso para cute". Segundo, cada indstra 2 todas as fimmas dentio de cada indGstia déver usar exa- tnmente 2 quantidade de trabalho socalmente necessérjo nas circunstincias exis. fentes, Em oulras palavras, supde-se que nenhum produtot opera com um nivel fonico excepefonalmente alto nem excepcionalmente baixo. Na proporgio em que essa condigao no for safistelta, alguns produtores tergo uma taxa mais alta ou hals beixa de mais-valia do que a média social, e essas divergéndias nao serao eli- Iinadas pela capadidade de tronsferénca ¢ mobildade do trabalho entre ocupa- ‘$6es 2 firmas. E importante compreender que & suposigio de taxas iguals de maiswvalia se basela, na andise final, em certas lendéncias muito reais da produgéo capitalist Os tabalhadlores realmente passam das areas de baixos selérios pera as de altos s2- létios, e o8 produtores procuram aprovellar-se dos méiodos técnicos mais avanca- Gos ‘Consegtentemente, suposigzo pode ser considerada como apenas uma Idealizaglo de condigbes reais. Como disse Marx: “Essa taxa geral de msis-valla — ume tendéncia, como todas 2s tes econémicas — {ot supesla por nds pare tne simpliicagSo te6rica. Mas, na renkdade, eonstful uma remit verladere do mode Ge produsso capialsts, ombora seja mals eu menos Fite pelos alos proteos que provorar iocalmente clerengas mals eu menos ‘Comidderivels, como as le de Inzalagso para os trabalhedores agricoasingleses. Mas, Faesce eeicint wjpor que oo ise da produgio sspialsia se slewlobram na sia for fra pura, Na realidad, porém, ha apenas uma aproximecso, Mesmo assim, eas 210 Jimagia ¢ tio grande que 0 modo caplalisla de produgso se desenvolve, narmimen tersonco sipersta a sin edule pos remanescanes de angus condgaer econo: 64 OVMLOREAMaSuatin 5. Composicdo organica do capital A segunda razio a ser obtida da formula c + u + m @ uma medida da relagso entre © capital constante e 0 variével, no capital total usado na producso. Marx d& ‘a essa relagzo 0 nome de composigdo orgénica do capital. Varias razées serviriam ppara indicar essa relacio, mas a que parece mals conveniente 6 a razio entre 0 a- pital constante e o capital total. Vamos designar isso pela letra q. Teremos entio: aT = composi organica do capital Em linguagem nfo-térica, 2 composigio orginica, do capital é uma medida a proporeio na qual o trabalho € equipado com materais,instumentcs e maqui- nara. no processo produtvo. pe Gommo no caso da taxa da mais-valin, os falores que detemninam a compos {Bo orginica do capital esto sueitos a uma vaiedade de infugncas causa. Cer tbs aspectos Imporiantes do problema ser2o examinados & medida que avangar- mos em nessa exposicso. No momento, basta cer que a lata de salaios reas, a produttidade do trabalho, o nivel de técnica predominante {insimamente fgado & produtvidads do trabalho} e @ acumulagso de capital no passado partiipam, to: 60s, da determinagto da compesigdo orginia do capital As suposigses de Mart sobre 0 composigo orgénica do capital serfo conside rardas ne 58c50 Seguinle, em conexgo com taxa de lero. 6. Taxa de tucro Para o capaista, a raxSo erocal & a taxa de hur; em outas palacra, a ra: ao one @ matsvala © o dptndo total de coptal. Se dasignarmor esse cspén. Go por, teremec: itp = p= te dete \Vatias obseragdes daver ter resatadas em relagio a essa ranSo. Em prime et scene eghioteuncra er secr ge eerrte eee aL peri ar dla ir de ser pgs rept dt tna oe, de Marx mantém essa suposicao até a Parte VI do volume Ill de O Capital, onde pela piimela ves presen © problema da renda. Exe prosedimento ele explcou ni. ‘ma carta a Engels, em que expunha um esboco preliminar de O Capital. “Na oe urn pom dere Cap em Ge, 2 oa och mint eran Soe, Ga Ste sea to de tudo, em cada relagio particular eee Estando fora do alcance limitado deste tvro a discussao da teorla da rende, sequire- mos a supoifo em questi em todo o presente trabalho. im segundlo lugar, a férmula raV(c + v), rigorosamente falanclo, mostra a taxa de lucto sobre o capital realmente usada na produgao de determinada mercadaria, MaISuRUREcarTaLSHO 65 [Na pratica, 0 capitalsta habitualmente calcula a taxa de lucro sobre o investimento total para um determinade pertada de tempo, digamos um ano. Mas o investimen- to total geralinente nao & o mesmo que © capital consumido durante um ano, pois © perfodo de recuperacdo dos diferentes elemenios do investimento total varia art- plamente, Assim, por exemplo, o edifcio de uma fabrica pode durar 50 anos, uma maquina 10, nos, a0 paso que o dispendio em salérios ¢ recuperado pelo carita- lista a cede irés meses. fim de simplifcar a exposicfo tedrica, @ colocer a formula dda taxa de luero em conformidade com 0 conceito de uma taxa anual de lucro, Marx supde que todo capital tenha um periodo de recuperagio idéntico de um ano (ou qualquer outro periodo de tempo escolhide dentro dos objetivos da anéli- fe, Isso deixa Implicito que © processo produtivo demanda um ano, que o mate- fal, maquiriaria e forga de trabalho adaulrdos no inicio do ano estao esgotados no final, e que o produto € entio vendido e todos os investimentos recuperatlos, com © ectéscino da mals-alia, Isso no quer dizer que Marx ignora as questées ligadas fos varios periodos de recuperagSo, tal como no ignora os problemas da rendo. Pelo contrario, uma grande parte do volume il € dedicada as eomplicagoes prove- ccadas pelas diferences de periodo de recuperecso dos diversos elementos do capi- fal. Mas aqui, novamente, a fim de limitar o &mbito de nossa exposigio e focalizer hhossa atengao sobre os elementos essenciats da teotia, conservaremos a suposicSo ‘cima mencionada durante todo o presente trabalvo. ‘Quanto aos fatores determinants da taxa de lucro, ¢ [écll demonsirar que S80 idénticos 20s latores determinantes da taxa de mais-vala e da composigdo orgini a do capital. Em linguagem matemética, a faxa de lucto @ uma fungao da taxa de fmais-valia e da composigdo orgénica do capital, Recordando as definicdes m iv.q = cile + v}, ep = mile + v), seque-se por simples manipulagzo que pam’ (1a) Assim, apesar do fato de que a taxa de lucro seja « varidvel crucial do ponto de vista do comportamento do capitalist, para a analise feGrica ela deve ser consi- Sereda como dependente de duas variavels priméias, a taxa da mals-valia © & composigao organica do capital, Fol esse na verdade o processo adotado por Marx © que seguiremos em nostas investigacSes subseqiientes, particularmente no Capf- tulo VI Tel como no caso da taxa de mals-valia, também no caso da taxa de lero su- poe-se uma igualdade entre Inddstriag e firmas. As condigdes necessérias S50 rigo- Fosamente parallas nos dois casos. A mobllidade do trabalho das éreas de baixo ‘lio para as ce alto salaria corresponde a moblidade do capital das éreas de bei so lucro para as de alto icro, enguanto em ambos 0s casos umn equilbio geral do nivel da téenica & necessério. Qualquer capltalsta que puder manter vantegem no Selor de métodos técnicos pode conseguir maior taxa de malsvalia e, portanto, também maior xa de luero que ceus competidores. A jusficativa para as das su- posigbes €, portanto, praticamente @ mesma, emibora talvez na prética, na auséncia do monopalo, o capital sea mais homogéneo e mais mével do que o trabalho. como sesee mete vera 56 OVALOREAMAIS VAL Encontramos, nesse ponto ¢ pela primeira vez, um interessante problema te6- rico, Se as taxas de mais-vaia ¢ de lucro sfo em toda parte iguals, segue-se que, $2 a troca de mercadoria se deve fazer de acordo com a lei do valor, as compos:- (Bes orgénicas do capital também devern ser em toda parte as mesmnas. [sso pode Ser faciments demonstrado imaginendo-se dues mercedorias com valores iguais € faxas de mais-valla Iguals, mas com diferentes composigoes orginicas de capital Por exemplo, o valor da mercadoria A é consttufdo de 10c + 200 + 20m = 50, ¢ 0 de B, consttutdo de 30c + 10v + 10m = 50. A taxa de maiswalia € em cada ca- 50 100% e seus respactivos valores séo idénticos; presumidamente, daveriam ser ttocadas na base de uma pela outra. No entanto, $2 isso ocomrer, ¢ evidente que capltalista produtor de A tera uma taxa de lucro de 66 2/3%, ao passo que © capi- falsta produtor de B tera uma taxa de lucro de apenas 25%, Essa situago no po- deria ser de equilorio, O leitor se recordaré de que a igualdade nas taxas de mais-valia e de lucro foi estabelecide de acordo com tendancias reals do funcionamento da producSo capi- talsta, que s40 provocadas pela forea da competiczo. Podetfamos, talvec, afitmer que fa tamber uma tendencia real para a igualdade das competighes organicas do capital, de forma que a dificuldade pode ser superada por uma suposiqso seme- Thante, também nesse caso? A resposta @ negativa. Dentro de uma industia qual- quer hé sem divida uma tendéncia pare que a composicio orgénica do capital se- Jp Igual nas frmas que a compéem. Mas entre indstias que produzam mercado- fas intelramente diferentes, através de méiodos muito diversos, no existe tal ten- nea. Por exemplo, néo ha nada que coloque em conformidade as raz5es entre capital constante ¢ 0 varidvel nas inddstias de roupas e de aco. E portanto inevitével e concluséo de que no mundo real da produedo capttalis- ta a let do valor nao domina diretamente. Seré totalmente injustficavel, porém, t- rar desse fato a conclusao, tal como fazem Invariavelmente os crficos de Marx, de que a taoria do valor deve ser lancada fore, e que deve procurar uma nova base para analsar 0 funcionamento do sistema capitaista.®* E perfattamente legiimo postular um sistema capitalisia no qual as composicbes orginicas de capital sojam jguals em toda parte e, portanto, em que soja vélida a lei do valor, ¢ examinar 0 funcionamento desse sistema. A’ validez desse processo ndo pode ser decidida a prion; ele deve ser submetido & prove pelo alastamento da suposicéo de compos ‘$bes organicas Idénticas e pela investigaco da proporcso em que seré necessério ‘odificar os resultados antes obtidos. Se as modificagbes forem de importdncia re- dduzida, a andlise basaada na lel do valor deve ser consenvada; se, por outro lado, fore to grandes que alterem o cardter essencial dos resultados, ento nesse caso devemos abanconé-la ¢ procurar um novo ponto de partida (0 método de Marx se conforma ao procedimento acima exposto. Nos dois prt- rmeiros volumes de O Capita, ele ignora as cilerencas de composigtes orgénicas, 0 {que outra forma de dizer que ele supée nfo existrer. Mas no volume Il abando- fa essa suposigao e tenta mostrar que, do ponto de vista dos problemas que esta va procurando solucionar, as modifcasoes resultantes dessa nove atitude sao relat vamente pequenas. Nao ha divida de que a prova que Marx dé para essa cltima proposigso & sab certos aspectos, insatsfaior, mac pela sua cubstiulg2o por oma rova adequada demonstraremos que tanto Seu método como suas conclustes so seguros (ver Capitulo VI, adiante), sr DOF BAWERK a Mart rte ln fe Spe MAISUALINE.CAFTTALISHO —6T Enire os eriticos da estrutura teéiiea de Marx, Borthiewice fot o nico a perce- ber o significado total da lei do valor e sua utilzacso. Além disso, como adiante ve~ romos, fbi ele quem lancou as bases de uma prova logicamente iretorquivel da exatidéo do metodo de Marx, fato que faz dele nao sO um crfico, mes também um Importante colaboradar da teoria marxista. A alimmacio de Borikiewiez sobre a questéo deve ser ctada nesta altura de nossa analise: 0 fato de que a lei do valor nfo seja vida ne ordem econémica capitate depen- de, segundo Mane, de um fator, ou sene de fatores, que nao consti, mas a0 conlrd- fo oct, 2 eseencia do capalsmo, Supondo que a compostlo organice do capial {se a mesma em todes as esles de producSo, a ki do valor estria diriamente em controle da traca de mercadories, sem deter a exploraczo dos trabelhadores pelos capi- {esis sem substtuf a busca de lucios dos cpinisias por nenhum ouiro motivo na elerminagao do volume, dceydo € tence da producio" ‘Temos aqui, em resumo, a razio para supor id&nticas composigtes orgénicas do capital. Essa suposigao néo deve ser confundida com as suposigdes de taxas ‘iguais de mais-vaia e taxas iguals de lucro, porém: As dliimas tém sua justicativa nas tendéncias reals em operagao numa economia cepitalisia em regime de competi G20. A primeira envalve uma abstragao delberede de condigDes que sem ddvida xistem to mundo real. Sua justiieaggo plena 6 pode ser demonstrada, porianto, r= ‘ma fase posterior, quando as consequncias de seu abandono forem examinadas.

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