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A pergunta básica que emerge do trecho acima é: Como uma empresa, referência em qualidade e
confiabilidade e reconhecida por seu modelo de gestão acabou enfrentando uma situação como
esta?
A resposta está em um trecho extraído do próprio website da empresa, conforme imagem abaixo:
Um dos principais objetivos de toda e qualquer empresa é o aumento das vendas, pois através
dele a empresa é capaz de viabilizar projetos de expansão, gerar valor para acionistas, fazer
investimentos e gerar mais empregos. Sendo assim, seria contraproducente e paradoxal criticar
uma empresa por estabelecer como estratégia (ou parte relevante dela) o aumento da participação
de mercado.
Ao focar seus recursos no aumento de vendas, a empresa teve que dedicar menos recursos a
‘outras questões estratégicas e operacionais importantes’. Esse é um dilema inerente a qualquer
decisão.
O problema com a Toyota foi que as ‘outras questões estratégicas e operacionais importantes’
referem-se a seus ativos intangíveis mais valiosos, como: Marca, Confiabilidade e Transparência
(3 elementos centrais que constroem a Reputação de uma empresa). Este foco estratégico estreito
resultou em “pouca atenção” e “descuido” com esses ativos causando a destruição de valor da
empresa, conforme pode ser visto no gráfico abaixo.
As ações da empresa se desvalorizaram em 15% enquanto que o índice S&P 500 valorizou-se, no
mesmo período, 20%.
Ilustração 1 Cotação: Toyota Motors X S&P 500 (Maio de 2009 a Maio de 2010) - Anúncio recall em Agosto
de 2009
A questão com a Toyota é que o primeiro erro (foco excessivo) foi amplificado no momento de
execução da estratégia. A empresa parece ter estruturado o conjunto de atividades definido acima
excessivamente orientado ao aumento das vendas e, portanto, negligenciou as tais outras
questões importantes.
Reportagens e análises da imprensa especializada apontam que a empresa deixou para 2º. plano
questões como: Atendimento Pós-Venda e Inspeções de Qualidade – áreas na qual a empresa
sempre foi tradicionalmente reconhecida. A razão disso é simples: ao serem avaliados e
recompensados exclusivamente sobre vendas, os esforços da empresa sempre recairão sobre essa
área.
[A mesma razão tem sido apontada como uma das principais causas da última crise econômica.
Sistemas de remuneração baseados exclusivamente em métricas de curto prazo podem causar
problemas indesejados no futuro].
Desse fato, somos capazes de apreender mais uma lição. O 9º Mandamento Planejamento
Estratégico Corporativo (PEC) define a importância de Selecionar KPIs alinhados ao Modelo de
Gestão. O modelo da Toyota é claramente assentado na equação: Eficiência + Qualidade =
Clientes Satisfeitos. Nesse caso, parece-nos que o desdobramento do planejamento na execução
minimizou essa equação.
De acordo com o jornal LA Times, desde 2005 a empresa já estava ciente do aumento expressivo
do número de reclamações nas concessionárias norte-americanas sobre os aceleradores. Em
2007, o mesmo problema apareceu na Europa.
Normalmente, esses teriam sido prenúncios suficientemente claros de que algo maior estava para
acontecer. Consumidores alegaram que a Montadora e suas Concessionárias simplesmente
ignoraram a questão. Teria a montadora se repousado sobre os louros e “estacionado” sobre sua
“zona de conforto”? Acreditamos que não.
A análise dos relatos dos executivos da Toyota aponta para falhas no sistema de comunicação e
no monitoramento do consumidor. De qualquer maneira, os executivos ignoraram por muito
tempo o problema e foram lentos ao (re)agir. Uma equipe qualificada deveria ter se debruçado
sobre os dados para compreender a causa-raiz dos problemas e prever as futuras conseqüências e
ações mitigantes.
Aqui, a partir do artigo “Os 10 Trabalhos do CEO Moderno“ é possível se extrair algumas lições
que permitem aos executivos resolver problemas como esses:
Conclusão:
Na década de 2000, a Toyota iniciou uma corrida para se tornar a maior montadora do mundo.
Em 1999 a empresa fabricou 4,8 milhões de veículos (carros e caminhões). Em 2008, quase o
dobro - 8,5 milhões.
Os indícios são claros. A empresa tornou-se obcecada com seu crescimento e se esqueceu de sua
cultura corporativa, seus valores e seus clientes. No entanto, como não somos “profetas do
acontecido”, segue o restante da tradução do depoimento do próprio CEO da empresa, Sr. Akio
Toyoda, ao Senado dos EUA, em fevereiro de 2010:
Boas empresas consertam seus erros. Ótimas empresas aprendem com eles.
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