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Teoria das Mediacgoes Culturais: Uma Proposta de Jestis Martin-Barbero para o Estudo de Recepcao José Guibson Dantas Pra ee Cee POC Ci area) ete RM Met Ce RPULee eee rues resumi Este breve trabalho objetiva descrever e discutir a Teoria das Mediagdes Culturais, uma proposta tedrica desenvolvida pelo professor Jestis M tin-Barbero, que procurou compreender 0 proceso comunicacional a p «das mensagens, superando a posigao dicotimica dos estudos de recepea0 tir dos positivos socioculturais que influenciam a recepgao & ue se preocupavam unicamente em posicionar 0 receptor como passivo ou ativo diante das mensagens emitidas pelos meios de comunicagao de Palavras-chave yediagdes, recepgao, teoria, € unicagao, This brief work objectively describes and discusses the Theory of Cul tural Mediations, a theoretical proposal developed by Professor Jesus Martin-Barbero, who sou to understand the communication process from the positive socio-cultural that influence the receipt and issuance of messages, overcoming a dichotomous position of the studies reception that used to focus only on the receiver position as passive or active in relation to. the messages of the media of mass. Key-words: mediations, reception, theory, © Este breve trabajo objetiva describir y discutir Teorfa de las Mediacio. nes Culturales, una propuesta tedrica desarrollada por el profesor Jesus sso de comunicacion a Martin: Barbero, que trata de comprender el pro: partir de los disp tivos socioculturales que influyen en la recepeién y cemisién de mensajes, superando la posicién dicotémica de los estudios de recepcién que se preocupaban unicamente en posicionar el receptor como pasivo 0 activo frente de los mensajes emitidos por los medios de comunicacién de masa Palavras-chave: mediaciones, recepcién, teoria, comunicacion. Teoria das Mediacées Cultural José Guibson Dantas A complexidade de abordagens sobre os efeitos ¢ 0 modo de recep: Gao das mensagens veiculadas pelos meios de comunicagao de massa decorre da velocidade com que a sociedade se modificou a partir dos, fins do século XIX, Porém, de acordo com Néstor Garcia Canclini (2003), os primeiros investigadores dos estudos de recepsao igno- raram 05 aspectos socioculturais ¢ as caracteristicas do receptor € apontaram os meios de comunicagao como protagonistas centrais, do processo comunicacional, preocupando-se apenas em saber como eles atuavam para manipular suas audiéncias © deslocamento da anilise dos meios de comunicagao de mass: até as mediagoes culturais é um dos motivos condutores que con! guram 0 modelo tebrico-mediativo da obra de Jestis Martin-Barbero, um dos principais nomes da escola latino-americana de comunica. 40. Ao julgar inaceitaveis as andlises dos meios de comunicagao q) ignoram os conflitos, as contradigdes, as formas de dominagao e de teansformacao do meio social, Martin-Barbero recusa as ideias di fundidas pela Escola de Frankfurt e pelos tedricos marxistas da co- municagao ¢ elabora sua teoria a partir de algumas proposigdes dos Cultural Studies, abordagem culturolégica da comunicagao formu- lada por estudiosos reunidos no Centro for Contemporary Studies, da Univerdade de Birmingham (Inglaterra) Em primeira instancia, ele observou que os meios de comunicagao nao configuram 0 ser humano num receptor passivo € alheio a sua propria realidade, ou seja, a midia nao institui e delimita uma rela 40 unilateral entre um emissor dominante e um receptor dominado, pois entre esses dois polos ha intensa troca de intengdes na cadeia comunicacional. Isto é, 0s contetidos culturais sao responsaveis, jun tamente com a vivéncia individual, pelos repertérios que cada sujeito possui para interpretar a realidade. A teoria em foco, segundo Ana Carolina Escosteguy (2001), faz com que a comunicagao assuma um sentido de praticas sociais que podem abarcar o sentido de producao cultural. Na ordem geral de tal proposta, pode-se dizer que nao ¢ possivel compreender 0 que ocorre no campo da comunicacao apoiando-se apenas no que produzem os especialistas da area Os caminhos das mediacées © modelo comunicacional barberiano estabelece a recep¢ao midi tica como um processo de interagao em que, entre o emissor € 0 re- ceptor, ha um espago de natureza representativa ou simbélica preen chido pela mensagem, a qual é configurada com miltiplas variaveis. Essa complexidade de fatores que envolve a mensagem faz com que a intengao inicial emitida pelo emissor possa nao vir ser a mesma cap- tada e recebida pelo receptor. Nesse sentido, a experiéncia e a com 23 DIALOGOS POssivels julho/dezembro 2008 www. fsba.edu.br/dialogospossiveis plexidade de contetidos provenientes do encontro entre 0 emissor © receptor & que ditam a forma como a mensagem sera absorvida pelo receptor, como explica 0 proprio autor (2002, p. 55): A verdadeira proposta do processo de comunicagao e do meio nao esté nas ‘mensagens, tas nos moslos de interagao que o proprio meio - como muitos osaparatos que compramos ¢que trazem consigo seu manual de uso trans mite a0 receptor. Dessa forma, sua anilise contrasta radicalmente com a teoria critica formulada pela Escola de Frankfurt: enquanto, para Martin: Barbero, os meios de comunicacao de massa ¢ a Industria Cultural propdem uma perspectiva segundo a qual o publico dispoe, de forma diferente, em seus varios segmentos constitutivos, por outro lado, a Escola de Frankfurt aponta as Indiistrias Culturais como ferramenta inexoravel de controle social, mai puladora da consciéncia das mas- ‘Na verdade, a proposta barberiana centra-se na observagio do es pago simbdlico ou representative que medeia a relagao entre emissor € receptor. Assim, “o eixo do debate deve se deslocar dos meios para as mediagdes, isto é, para as articulagdes entre praticas dle comunica ao € movimentos sociais, para as diferentes temporalidades ¢ para a pluralidade de matrizes culturais” (MARTIN-BARBERO, 2002, p. 55). A diferenga central do processo de recepgao dessa teoria em re- lagao aos estudos tradicionais dos efeitos provocados pela comuni cagao midiatica esta no fato de que a circulagao dos novos meios de propagacio ¢ producao de elementos culturais sto condicionados pelas tecnologias da Comunicagao. Estas trabalham em harmonia com a sensibilidade e as formas de percepgao do povo que, dotado de sentido, interpreta a mensagem a partir do seu repertério sociocul- tural, Dessa forma: Pensar os processos de comunicagio neste sentido, a parti da cultura, sig fica deixar de pensd-los a partir das disciplinas e dos meios. Significa rompe com a seguranga proporcionada pela reducao da problematica da comunica (sho a das tecnologias (MaRTIN-BARBERO, 2000, p.297) Entretanto, tal perspectiva nao significa direcionar a investiga- ‘sao dos processos comunicacionais a desorganizagao epistemolégica pois, segundo Ilana Polistchuk e Aluizio Ramos Trinta (2003, p. 147. 148) “significa centré-lo em um eixo sociocultural, pelo qual esto em causa as leituras (os processos individuais e coletivos de dotagao de sentidos) que cada um faz do que € destinado a todos” ‘A implicagao do pensamento barberiano de analisar a comuni cagao a partir da cultura pressupde ndo centralizar a observagao unicamente nos meios, mas ampliar a andlise para as mediagdes. £ g24 Teoria das Mediacées Culturais José Guibson Dantas através das observacdes conceituais que se pode conceber a mediagao como conexdes com elementos diversos que formam um todo novo, espécie de ponte que permite alcangar um novo panorama sem sair totalmente do primeiro. © ato de mediar significa fixar entre duas partes um ponto de referéncia comum, mas equidistante, que a uma ¢ a outra faculte 0 estabelecimento de algum tipo de interrelagao, ou seja, as mediagoes seriam estratégias de comunicagdo em que, ao participar, 0 ser hu mano se representa a si préprio € ao seu entorno, proporcionarido significativa produgao e troca de sentidos. A variedade das mediagdes diz respeito aos aspectos: € social, experiéncias, conhecimentos, fa: nais (escola, igreja, politica, esporte etc.) + conjunturais (modo de enxergar a vida, acervo cultural etc) + tecnoligicos (televisio, radio, cinema etc). Eatravés deles que € possivel compreender a interagao entre produgao e recepga0 ou entre logicas do sistema produtivo ¢ logica dos usos, Assim, 0 que é produzido e apresentado pelos meias nao tem liga 40 unicamente com a logica produtiva ou comercial, mas tambem se relaciona com os desejos dos receptores, que sio trabalhados pelo discurso hegeménico. A cultura como campo hegeménico didlogo multidisciplinar proposto por Martin-Barbero baseia s¢, Sobretudo, na relacdo entre cultura e comunicagao de massa. Sua visio de cultura é mais dinamica e menos clitista que, por exemplo, a visio de Horkheimer e Adorno, Entretanto, os mecanismos de mani Pulacio ~ que prevéem e prescrevem reagses ~ apontados pelas teo rias de recepeao tradicionais, nao sio ignorados por Martin-Barbero, Na verdade, cle denuncia a eminente interagao entre a Industria Cu tural e os seus consumidores € destaca que as tecnologias nao s ‘apenas “parafernalia da era eletronic: indo-se em organi- zadoras da percepsao, tanto no plano da existéncia individual como na esfera da vida coletiva. O conceito de hegemonia de Antonio Gramsci permitiu teoria das mediagies admitir tanto a reprod) quanto a resisténcia a esse mesmo sistema. O aporte gramsciano, a0 entender a hegemonia como um proceso vivido pelos sujeitos so- ciais, fez Martin-Barbero, para compreender 0 proceso de comu- nicagao, investigar n3o s6 as peripécias do dominador, mas também 08 elementos que no dominado trabalham a favor do dominador, ou seja, a cumplicidade inconsciente de sua parte ea seducio que se pro- duz entre ambos, g2s5 DIALOGOS PoSsivE's julho/dezembro 2008 www.fsba.edu.br/dialogospossiveis Sobre o conceito de hegemonia, diz Luciano Gruppi (2000, p. 3) que (.)€ apresentado por Gramsci em toda sua amplitude, iste é, como algo que ‘opera nao apenas sobre a estrutura economica ¢ sobre a organizacao politica Sn sociedad, mas também sobre o moda de pensar, sobre as orientagbes ide ive sobre o moda de canhece. ologicas ein Assim, a hegemonia nao seria centralizada ou estatica, como acre ditavam alguns, mas uma posigao que pode se refazer constantemen te, Dessa forma, uma classe s6 pode tornar-se hegeménica se passar a representar também interesses que as classes subalternas identifi- ‘quem como seus. ‘A importancia da incorporagao desse conceito na analise da di- mensio cultural é destacada ¢ reafirmada por Martin-Barbero (apud ESCOSTEGUY, 2001, p. 99) como avango tedrico: [A hegemonia nos permite pensar jeitos onde o dominador intenta ndo esmagar, mas seduzir o dominado, © 0 Hominadc entra no jogo porque parte dos seus proprios interesses esta dita pelo discursa do dominador E, segundo clemento que nos traz Gramsci com D conceito de hegemonia, € que essa deminacio tem que ser refeita continua ‘mente, tanto pele lado do daminador como pelo de dominade, dominagdo como um processo entre su Dessa forma, a problematica da comunicagao é deslocada para a cultura; para o proceso de produgao de significados; para o comple- xo ¢ ambiguo espago da experiéncia dos sujeitos. Assim, 0 receptor nao € apenas um mero decodificador dos contetidos das mensagens impostas pelo emissor, mas também produtor de novos significados. Embora designado como dominado, no nivel econdmico, mantém tum espaco interior de resisténcia que Ihe permite rechagar contedidos discursivos que culturalmente nao sdo reconhecidos por ele. © receptor seria, entdo, bem mais do que um mero individuo que recebe as mensagens, mas um sujeito do processo de comunicacao que interpreta o contetido da mensagem conforme os valores sociais que defende. Ao receber a mensagem, “pelo exercicio de seu repertd- cle a reconhece. Pela negociacdo mediadora, ele a dota de senti- do” (POLISTCHUK; TRINTA, 2003, p. 150). Em relagao ao panorama latino-americano, ha resistencias cultu- rais que, no povo, se estabelecem a partir da remodelagao constante do simbolismo popular. Isto é nem tudo pode ser considerado ma- nipulagao ou dominio, pois a ideia de hegemonia permite pensar a cultura popular como uma mistura “negociada” de intengdes € con- tra-intengoes. O elo entre a cultura hegeménica e as culturas subal- ternas possui uma dinamica que pode ser encontrada na passagem do popular para o massivo na historicidade social latino-americana. O longo processo de enculturagao ~ em que o Estado-Nagao forcou ye Teor das Mediacdes Culturais José Guibson Dantas a homogeneizagao de usos, costumes, linguas € rituais e transferiu o poder da comunidade para o centro ~ foi essencial para a unificagao politica da pluralidade cultural que caracteriza o seio do continente, requisito para 0 estabelecimento de um mercado. Porém, em nenhum momento © processo de enculturagao foi totalmente repressivo pois, desde o século XVII, o que se v produgio de cultura cujos destinatarios sio as classes populares. A producao cultural ~ que medeia a unido e separacao das classes a0 mesmo tempo ~ & configurada a partir de uma industria de imagens € narrativas, pois segundo Martin- Barbero (apud MELO; ROCHA, 1999, p. 84), “a construgdo da hegemonia implicava que o povo fosse tendo acesso As linguagens em que ela se articula (...) Nao ha hegemonia nem contra hegemonia sem circulagao cultural” mplo, as culturas indi- ‘genas sao parte integrada a estrutura produtiva capitalista, sem que sua originalidade se esgote no capital, Essa ideia sobre a cultura nati va que recebe novas contribuigdes nos contatos transculturais que a Entre os povos da América Latina, por e enriquece ¢ nao a descaracteariza ¢ discutida por Nestor Garcia Can- lini ao analisar os contatos entre a Tradigao € a Pés-modernidade nos paises da América Latina Essa visao trata com naturalidade a relagao entre varias identi- dades culturais que se deparam com a cultura hegemdnica, sem de- monizar 0 encontro, por reconhecer que, étnica e culturalmente, a América Latina é hibrida, mestiga, e essas caracteristicas fazem com que 0 corpo social do continente seja tum mosaico de representagoes € tragos culturais de diversas classes e épocas. Uma das consequéncias da interrelagao entre varios segmentos sociais e culturais é, segundo Desir e Cipriano Rabelo (1999), o surgimento de uma nova cultura: a cultura de massa, Entretanto, Garcia Canclini considera que con ceito de cultura é formado das varias formas de expressao cultural; dentre elas, d taca a de massas, o que a faz ser tambem parte de cada cultura nacional, pelos contetidos nativos que recebe dela. Referindo-se ao tema, Rejane Markman (2001, p. 28) afirma que: [Em relagio com a convivénicia entre as culturas de elementos transnacionais, Néstor Garcia Cancliniafirma que na alvalidade torna-se insustentavel man. sio entre o que seja popular, culto ov massive, porquea ordenagao académica das disciplinas que gerou a interdisciplinaridade, mudou a forma ‘de conceber o conceite de cultura. Concordande com o autor, pode-se dizer ‘que na producto nacional dos conteudos dos meios de massas, a concortén Cia dos elementos nacionais produz tantas culturas de massas quanto #80 a8 culturas nacionais, Mais que um fato social, esse “hibridismo cultural” oculta dentro de si uma nova forma de enxergar, narrar e traduzir a realidade, in- cluindo o papel exercido pelos meios de comunicagao de massa. Essa mestigagem € 0 resultado de um longo percurso em que o indigena q27 DBIALOGOS Possive's julho/dezembro 2008 www.fsba.edu.br/dialogospossiveis foi transformado no rural, o rural no urbano, 0 urbano no popular € © popular no massivo, que estabelece © papel fundamental de media dores exercidos pelos meios em tal percurso. Conclusao A partir do momento em que Martin-Barbero unit os proces- sos sociais & analise comunicacional, inaugurou uma linha te6rica que resgatou a criatividade dos sujeitos, a complexidade da vida © © carater interativo exercido com os meios. Sua formulagao teéri- ca, quando aplicada aos estudos de recepgao mididtica, fornece aos pesquisadores um conjunto de conceitos que lhes di condigoes de superar a dicotomia receptor passivo-ativo, tio comum nesse tipo de estudo. Ademais, a Teoria das Mediagdes Culturais colocou a academia latino-americana numa condigao de destaque no cenari académico internacional, por seu reconhecido esforgo multidiscipli nar de enxergar o processo de comunicagao a partir dos dispositivos socioculturais que influenciam 0 modo de os sujeitos envolvidos in terpretarem o mundo, 28 Teoria das Mediagées Culturais, José Guibson Dantas Referéncias caNciint, Néstor Garcia. Edusp, 2003. turas hibridas. 4. ed, Sio Paulo: rscostrovy, Ana Carolina D. Cartografias dos estudos culturais: uma versio latino-americana, Belo Horizonte: Auténtica, 2001 Os Estudos Culturais ea constitu In: Guaresi de sua identidade Neuza Maria de Fatima; pRuscutt, Michel Euclides (orgs). 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