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SETOR SUCROALCOOLEIRO GERENCIAMENTO TECNICO DA MANUTENCAO DE PNEUS Angelo Domingos Banchi; 2 itima edigso foram abor- dados os beneficios do uso de sistemas informatizados no gerenciamento.técnico controle de pneus. Também foram ‘apontados alguns dos principals ga- inhos obtidos pela adogio deste tipo de controle. Concluiu-se que 0 geren- Ciamento de pneus é uma atividade al- tamente rentével, quando se compara 0s beneficios obtidos frente a0 custo do. gerenclamento. Nesta edigao se- ‘0 apresentados, em uma forma mais abrangente, os beneficos obtidos pelo igerenciamento téenico avancado dos ppneus, destacando suas principals ati- Vidades. Ao inicar a jomada de trabalho, 2 primeira atividade realizada no geren- Clamento técnico de pneus éainspecto visual. € uma atividade relativamente simples, pois néo exige qualifcacio e oe José Roberto Lopes; Giancarlo Coscelli Rocco; Valter Aparecido Ferrel tem custo muito bao. 0 objetivo des- taatividade é encontrar avariasvisivels a olho nu, como cortes furos, desgastes ‘ou danos incomuns e até mesmo iden- tificar elementos metalicos presos jun 108 banda, que podem causar um dano futuro. Se encontrado algum tipo de it- regularidade, o pneu deve ser enviado a0 conserto. Se 0 dano for possivel de reparo, este deverd ser realizado, Caso contétio, este pneu seré substituido sua carcaga deverd ser encaminhada a0 descarte adequado ou eventualmente reformada, Nainspecio visual de avaliagéo, tam- bém pode-se verficar a existéncia de desgaste nos pneus. Ha duas situagSes lem que isto pode ocorrer. Se odesgaste ¢ irregular, o equipamento pode estar sofrendo com problemas de geometria (alinhamento), balanceamento, ou até ‘mesmo apresentar anomalias na sus- ~ , Sn igura1~Exemplsde profundimtros( meres desu. 42 Rovista AgiMotor + Agosto/2013. ensso, Quando 0 desgaste dos pneus 6 regular, mas ha regularidade de des- ‘gaste entre 05 eixos, ou sea, 0 conjunto de pneus de um eixo esté mais desgas- tado do que outro, deverse fazer 0 10- dizio dos pneus.€ normal que os eos de trago desgaster mais rapldamente ‘5 pneus. Por sso hé pneus com dese- nho etipos de borracha espectficos pra Uso em eixos tratores. Em automévels com tragéo dianteira, em que os pneus afalocados sio responsévels pelo dire- cionamento do veiculo e recebem una carga de frenagem maior, 0 desgaste dos pneus diantetos & muito superior aostraseiros, 0 rodizio @ uma forma eficaz de prolongar a vida util dos pneus, por cequalizar 0 desgaste, mas no conse- {gue conigit a deformacao causada por problemas mecénicos, de geometria, balanceamento, calibragem incorreta ‘ou frenagens bruscas, sendo, portan- to, apenas uma acéo preventiva para a cconservagdo dos pneu, -Apésainspecso visual, deve-se real- zara calibragem dos pneus. Segundo a ‘Alapa—Associagso Latino Americana de Pneus e Aros ~a maioria dos danos aos peus sio causados ou agravados por Pressoes incorretas. Os pneus deve. ser calibrados de acordo com a reco- mendagio dos fabricantes, que estabe- lecem a pressio adequada em funcao dacargaeda velocidade de operacio.0 Figura 2 Loaiza dolndader TW. {1éfego com pressées inadequadas nos ppneus causa desgaste prematuro,além de comprometer a seguranca: quando a pressio é excessva, o pneu se apoia sobre a fala central da banda de roda- gem, que sofre um desgaste prematuro. (Quando é insuficiente,o pneu se apoia ‘mais sobre as laterals da banda de ro- dagem, desgastando-se nestas regibes. ‘Alam disso, a maior flexao do pneu sob ppress6es insuficientes ou cargas exces- sivas aumenta a geragdo de calor, pre- Judicando a estrutura dos mesmos. As recomendagoes bisicas sugeridas por cespecialisas, associagées e fabricantes {quanto a esta atividade sio: + Verifcar 2 pressio de todos os ppheus regularmente, a cada semana ‘ou no méximo a cada quinze dias, com cequipamento aferido. sto também vale para 0 pneu sobressalente (estepe), ‘que & comumente esquecido, Deve-se respeitar a recomendagio de pressio pproposta pelo fabricante, sob a opers- Bo adequada (carga e velocidad. + A verificagao da pressio deve ser feita quando os pneus estiverem frios, ‘ou seja, antes de entrarem em opera: ‘0, Durante a operacéo,o aumento da ‘temperatura dos pneus faz com que a pressdo intema aumente, podendo al- ‘angar ou ultrapassar 20% da pressio ‘nominal. Este € um fenémeno previs- to pelos fabricantes e esta considera- do na pressdo recomendada. Por este ‘mesmo motivo, nunce deve-se fazer 2 SETOR SUCROALCOOLEIRO calibragem dos pneus quando estes estive- rem quentes ou fazer 2 substituigdo do ar quente do pneu por ar fio ~ fendmeno co- inhecido como’sangria dear’ Independentemen- te da adocio ou néo de sistemas informa tizados, estas duas atividades ~ inspecio visual e calibragem ~ devern ser reali zadas periodicamente. Sao atividades simples, que nao exigem qualificagao e podem promover ganhossignificativos. Para adoté-las no controle de pneus 56 <énecessério ter disciplina Porém, para uma rotina mals técni- ca e avancada de gerenciamento de ppneus, énecesséria a adocio de atvida- ‘des mais complexas, como a medigio de sulcos, que tem por objetivo prover uma andlise quantitativa do desgaste dos pneus, eliminando a subjetividade dainspecio visua.stoexigeautlizagéo de ferramentas adequadas. ferramen- ta espectfica para este fim, chamada pprofundimetro, ou medidor de sulcos* (figura 1), pode ter leitura analégica ou digital e @ aquisicdo de dados manual (anotacéo) ou eletrinica ~0 que faclta © registro dos dados, exigindo menor ‘tempo do profissional que esté desem- penhando a funcio. Por lei, quando a profundidade dos sulcos atinge 1,6 mm, 0 pneu de caminhdes deve ser imediatamente substtuido. € expressamente proibida a circulagdo de pneus com sulcos mais rasos do que esta medida. Por iso, ha nos pneus um indicador de desgaste, chamado TW! (tread wear indicator ~ Indicador de desgaste da superficie de rolemento), figura 2, com localizagio intermitente na base dos sulcos,em 4a '8 pontos da circunferéncia do pneu. A localizacio destes indicadores é identi- ficada no ombro do pneu por um sim- bolo triangular ou a inscricéo TW (Ver Box ~Aprenda a ler um pneu). or sugestio dos fabricantes ou ex- periéncia dos usuérios, para se obter ‘© maximo de eficiéncia e seguranca, ‘0s pnieus podem ser retirados de ope- ragio antes mesmo de atingirem este limite. Além disso, para passar por re- formas, a carcaga do pneu deve estar ‘em bom estado de conservagio, 0 que significa ter baixissimosnivels de danos 2s suas partes constituntes. Por isso, & recomendado néo levar os pneus a0 seu limite. A ABR ~ Associacao Brasle- ra do Segmento de Reforma de Pneus = assim como alguns reformadores fabricantes, recomendam que, caso seja desejada a reforma técnica dos pneus"fora de estrada estes devern ser retirados de operagao de 4 a7 mm de sulcos. Esta medida pode variar com o uso do pneu e principalmente com as condicBes da estrada em que opera.Em ‘condigBes de uso mais severas, como no transporte de cana-de-acucar que cenvolve trajetos de terra € cascalho, 0 ppneu pode ser retiado com até 8 mm de TWh Isto ocorre porque a borracha dda banda confere protegSo & carcaca e, portanto, quanto mais borracha houver na banda de rodagem (sulcos mais pro- fundos), maior é a vibilidade da carca (2 para sua coneta forma. ‘Ateforma dos pneus consiste numa prética com grande viabilidade econd- mica, visto que seu custo giraem torno de 20%) a 25% do prego de um pneu novo e sua duracao média aproxima- se de 80% de sua durabilidade como novo. Essa manutenco nem sempre é possvel de ser realizada, visto que, a0 se retrar 0s peus suas carcagas nao ‘apresentam condicées minimasvisveis. Para tanto, ha uma profundidade mini- made sulco visvelreforma, Existe uma relagdo matemstica que Indica © momento (km ou h) para a re= tirada de operacio e envio & reforma, ¢ Agosto/2013 = Revista AgiMotor 43 SETOR SUCROALCOOLEIRO es ac Figura 3 ~Comparatie de rcs pens om mesma deseno operaie, ceviadsparaarefoma com ferentes profundidadesdesus|5,4¢3m. ‘queleva em contao consumo padraode bborracha pelo equipamento e a profun- didade de suo (tual medio no peu PSV =PSR-(CPxAT),ePSV< PSP Emaue: PSV! Profundidade de sulco virtual (nmi; PSR: Utima medicao da profuncida- ede suleo real men ‘CP: Consumo padiréo do modelo do pneu (kvmm de borracha na banda de rodagem; APRENDA A LER UM PNEU: QT: Quilometrager de trabalho rea- lizada desde a titima medigio de sulco km); PSP: Profundidade de sulco pa dro de retirada do pneu para reforma (amy; ‘A figura 3 apresenta um comparat- vo das carcagas de pneus apos a raspa- {gem da banda que ocorte no processo de reforma, Os tés preus lustrados foram ullizados sob as mesmas cond _gbes de operagio, porém foram retia- dos de operagio para reforma em mo- LISTA DOS INDICADORES DE CARACTERISTICAS DE UM PNEU 4 Revista AgiMotor + Agosto/2013 1) Marca do Fabricante: 2) Modelo do Preu; 3) Caracterstcas de dimensbes € construgéo: 195 Largura da seo, em + 60 Relagio entre altura (H) €Largura() da secao + Rindica estrutura radial +15 Diametro interno do ppneu (aro), em polegadas 4) Indice de carga / cédigo de velocidade (88 = 560 kg /V=240 km) Ver tabela de especiicagso 0 6rg80 reguladorvigente; edo pus am) mentos diferentes. 0 pneu 8 esquerda dda figura foi rtirado com sulcos mais profundos (Smm) que os pneus da di- reita (3mm). O pneu 2 dlteita operou até atingiro limite de desgaste. As mar- ‘aches em vermelho sinallzam as es- ‘atiagbes na carcaca apés a raspagem, devidea danos ocorridos durante aope- Tago, Nota-se que a carcaga da esquer- dda, que foi retrada de operago com a banda menos desgastada (Smm), apre- senta mehores condicGes pare a refor- rma quando comparada com as carcagas {que foram utlizadas por mais tempo, '5) Pheu sem camara (tubeless) ou ‘com camara (tube type ); 6)lndicadores de desgasteT.WI. Tread Wear indicators): quando atingidos,in- ddicam o momento de troca do pneu: ‘7)Pals de fabricacao; 8) Matricula DOT (Department of Transportation): indica estabelec- ‘mento de producéo, tipo do pneu e periodo de fabricacéo; 9) Dados da estrutura do pneu; 10) Simbolo de certfcacéo do Inmetro; 11) Carga e pressao maxima; 12) Site do produto (se houver) Fonte: wwvepirellicom.br SETOR SUCROALCOOLEIRO customédio HS? quitometragem | MHEMEAEEM — Casto navide Custoacumulado vida Acumulado acumulada, (RS/pneu)__(RS/pneu) (km) (ke) (85/100km)_|_(RS/100km) Vinowe) | 1523.17 152317 53.520 53.520 285 285 2 39234 191551 44372 97882 088 196 3 3234 2307.88, 36530 14a 107 un 4 39234 2700.19 19680 154.102 199 175 Tebela valle da ferme de pee funds sus ia (do). © consumo padrio da banda de deve responder é:Até quando reformar _prematuro. Para a obtengo de ganhos. rodagem ¢ obtido por meio de andlise um pneu? Para chegar a esta resposta de ordem maior, devem ser adotados matemitica dos dados provides pela deve-se fazer uma andlise operacional um gerenclamento mals avangado e a medigio de sulcos. A figura 4 mostra eeconémica,apresentada na tabela01. — medicéo de sulcos, ue elimina a sub- cesta andlise ealizada para uma medida Nestaandlise,no deveserconsiderado _jetividade da inspacio visual por meio de pneu muito comum em frotas cana- apenas. custo médio na vidado pneu, de uma rotina quantitatva que availa vieires, 11.00-R22. Para a andlise de re- _massim o custo acumulado. Quando. naidentifiagéo do ponto de envio dos ‘gressio foram utilizados dados de um custo acumulado (RS/100 km) comeca_pneus para a reforma. Para se manter mesmo modelo de pneu. No gréfico, 2 cresce, significa que nao ha mais via- um alto indice de reforma, deve-se nota-se que o desgaste deste modelo blidade econémica nas reformas. No tomar 0s devidos cuidados com a car de pneu apresentou uma vida menor, exemplo, este ponto ocorreu na vida-4 —_cagae retirar 0 pneu de operagao no fem termos de uso, na vida 2 (1° refor- do pneu (3° reform), devido & menor momento adequado.. ma), quando comparada vida 1 (pneu durabilidade (quilometragem) ocortida novo), Mas este comportamento nem nesta vida “*Angelo Domingos Banchi, Engenhe'- sempre é observado: a durabilidade Enfim, as atividades de manuten- ro Agricola, € diretor da Assiste. José do pneu apés a reforma dependers da 80 basica de pneus, como ainspecio Roberto Lopes, Administrador de Em- ‘ualidade da borracha empregada, e visual e 2 calibragem, tém custo pra presas, & citetor da Assist. Giancarlo poderd ser maior igual oumenor quea ticamente nulo e trazem resultados CoscelliRocco, Engenheiro Agrénomo, de um pneu nova imediatos pela maor durabildade e _& consutor da empresa Assist. Vater Mas a pergunta mais importante identficagio prévia de problemas me- Aparecido Ferreira, ¢ consltrtécn- «que ogerenciamentotécicode pneus canicosdospneus.evitandoodescarte coda Assist. 33 Pea reRy oa MICROGEAR Industria de Pegas Ltda. Rua BarSo de Sao Luiz, 70 - CEP 02756-090 - Jardim Primavera - Sio Paulo - SP - Brasil Tel.: (55-11) 2239-7388 - Fax: (55-11) 2239-1607 - E-mail: microgear@uol.com.br - microgear@microgear.com.br

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