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Previséo e Distribuicdo des Populacoes nos Centros Urbanos 1 — Objetivo da previsio ‘Uma das condigées de um sistema de aba: cimento eficiente ¢ que a agua distribuida seja ca- paz de atender & demanda, Som davida alguma a demanda de agua cresce com a populagio. Um sistema dz abastecimento quando instalado tem condigdes de fornccer Agua em quantidade su- periot ao consumo. Todavia, depois de certo niime- ro de anos a demanda passa 2 corresponder & ca- pacidade méxima d> adugio, ¢ entio diz-se que 0 sistema atingiti o s2u limite de eficiéneia. © comum é planejar-se um sistema para fun- cienar durante certo riimero nm de anos. Isto impoe © conhecimento da populagéo total que deveré ser beneficiada n anos depois de inaugurado 0 servigo de gua, ou concluido o respectivo projeto. A populagio futura tem que ser definida por previsio. Como esta é sujeita a falhas, encontram- -se sistemas atingindo o seu limite de eficiéncia an- tes ou depois de decorridos os n anos. © important: € que a previsio seja feita de modo criterioso com base no desenvolvimento de- mogréfico do pasado proximo, a fim de qu: a margem de érro seja pequena, Por outro lado, a previsio efetivar-se através de uma lei de crescimento que forneca 0 niimero de habitantes em qualquer época dentro do periodo de m anos. Geralmente m varia de 20 a 30 anos, prazo ge- ralmente necessirio & amortizacio intzgral do ca- pital investido nas obras, 2 — Métodos de previsio Os métodos de previsio S40 concordes com 0 fato de que a populagio P é fungio da populagio inicial P,, actescida do nimero de nascimentos ¢ de imigrantes € diminuida do nimero de mortos ¢ d REVISTA DAE Eng® NELSON GANDUR DACACH, Prof. Catedrético da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. ‘emigrantes, registrados durante periodo de tempo T em que a populagio passou de P, a P. Em algumas cidades a populacio flutuante € tio expressiva que tem de ser computada no cil- culo de P. Varios sfo os métodos de célculo da populagio P, destacando-se: Precesso do prolongamento da curva de cres- cimento. Proceso das curvas de crescimento de outras cidades. Processa do crescimento geométrico. Processo do crescimento aritmético Processo da curva logistica. Os dois primeiros sio empiricos ¢ também de- nominam-se processes grificos, Os demais sio ana- liticos desde que a populagio é calculada mediante uma equago matemética, Enquanto as equagdes dos processos geométri co ¢ aritmético podem set definidas com apenas dois dados populacionais ¢ conduzem a um cresci mento ilimitado, a logistica requer trés © estabslece uma populagdo limite (de saturagio). No Brasil, os recenseamentos gerais levados a efeito em 1872, 1890 e 1900 nao divulgaram a po- pulagio das vilas, cidades € distritos do Pais. Com © censo de 1920 registrou-se um certo progresso, pois através déle ficaram sendo conhecidas as po- pulagées. distritais. Quanto” as populagées das cidades ¢ vilas 86 foram fornecidas a partir do censo geral de 1940, seguido pelos de 1950 © 1960. Diante do exposto, podemos dizer que entre nds os processos grfficos tém pouca chance de apli- cacio com sucesso, face & pobreza de dados demo- graficos. Para as comunidades brasilziras até 20,000 ha- bitantes, e que representam mais de 90% do total, a © seu crescimento geralmer ritmo geométrico. Quanto & logistica, a sua aplicagio esté mais, ligada aos grandes centros urbanos como algumas de nossas capitais, cujas populacdes se encontram mais prdximas do limit: de saturagio. se processa dentro do 3 — Processo do prolongamento da curva de crescimente Num sistema de coordenadas Ieva-se ao eixo das abcissas os diversos anos para os quais se dispde dos valores populacionais ¢ éstes no eixo das ordenadas, para tanto utilizando-se escalas convenientes (fig. 1)- y Fopulagio em 1.000 babitantes aged 10-20-50 UD 1950 «0 7O Bo P50 Anos Fi Em seguida marcam-ss 0s diversos pontos cor- respondentes aos pares de valores ano-populagio, pelos quais faz-se passar uma curva, A curva tragada caracteriza 0 desenvolvimento populacional da cidade no periodo considerado (1900 a 1960). Protonga-se @ curva em observincia A sua ten- déncia natural de crescimento de modo que 0 ndvo teecho forme com o primeiro um conjunto harmo- nioso. Entio, desejando-se definir a populagio em um determinado ano (1987), é s6 tirar déle no eixo das abeissas uma normal até encontrar © prolongamen- to da curva, A ordenada do ponto de intersecio forneceré 0 valor desejado (16.300 hab), Como © prolongamento da curva & feito @ sen- timento, pode variar de pessoa para pessoa. 4 — Processo das curvas de crescimento de outras cidades Este processo procura citar © crescimento de uma cidade em fungio do desenvolvimento de cu- 28 tras, razio pela qual € também conhecido por pro- cesso comparativo. As cidades leitas além de possuirem caracte- risticas andlogas devem ter populace superior a da cidade em estudo, ma pressuposicio de que esta venha a ter um desenvolvimento semelhante a0 que aquelas tiveram quando possuiam populagio de mes ma grandeza que a sua atual, A partir desta premis- sa, tragam-se num sistema de coordenadss as cur: vas de crescimento demogrifico das cidades, depois, de marcades os anos no eixo das abcissas e a8 po- pulagdes no eixo das ordznadas (fig. 2), Poptlagio en 10,000 habitantes Feito isto, trasladam-se tOdas as curvas para a direita de modo a ficarem com um ponto comum em P que representa 0 Gltimo dado populacional da cidade em estudo (1960). ‘A curva de crescimento desejada a partir do ponto P é 0 lugar geométrico dos pontos represen- tativos da_média das ordenadas das curvas trasla- dadas, exclusive as que eventualmente se diserepa- rem das demais, ‘A média poderd ser aritmétrica ou ponderada. Neste caso os pesos dependem principalmente da analogia de crescimento, na fase anterior a P, entre fa cidade em estudo e 2s demais, Para o sucesso do método as cidades elcitas de- vem ser da mesma regio geo-econdmica, nio pro- porcionando a sua curva de crescimento translagio superior a 30 anos para que atinja 0 ponto P. No grifico as translagdes so de 15 e 24 anos. A rario de limitar-se em 30 anos a translacio horizontal das curvas € diminuir a margem de érro da previsio, j& que a precisio desta € tanto. maior quanto. menor foro seu alcance. Mesmo as- sim, 0 proceso € falho pois sabe-se que as con- digdes de crescimento das cidades a trinta anos atrés diferem das que presentemente afetam 0 de- senvolvimento da cidade em estudo. REVISTA DAE, 5 — Processo do crescimento geométrico Neste processo admite-se que crescimento da cidad> nos Giltimos anos se processou conform: uma Progressio geométrica ¢ que haverd de processat-se nos préximos anos segundo a mesma progressio. Desde que se conhecam dois dados de popula- cdo Pie Ps, correspondent:s respectivamente aas, anos T, € T:, pode-se definir a razio r da progres: sio geométrica pela férmula: 1 — PB Se chamarmos de p, a populagio inicial, depois de 1 ano. serd P=Ptrp=pRdtn Depois de 2 anos: peop r peo pth pe =e (lt oF pel} pete 2) Da equagio 2 se tirarmos o valor de r encon- traremos a equagho genérica da razio de cresci- mento: P= pe + ( PB ) = =( - Para as nossas pequenas comunidades ste pro- cesso tem maiotes probabilidades de. sucesso. Como dispomos dos dados censitirios de 1940, 1950 € 1960, temos trés alterativas na escolha de dois dados para o cilculo da razio r: a) populagées de 1940 € 1950 b) populagdes de 1940 © 1960 ©) populagdes de 1950 ¢ 1960 Uma quarta alternativa seria 0 emprégo da mé- dia dos trés valores der. Na escolha de uma das alternatives influi a acuidad> pessoal do pesquisador. Todavia, se a Populagio vem sempre crescendo ou decrescendo a partir de 1940, recomendase © uso da razio de cerescimento de 1950 a 1960. Em qualquer hipétese deve-se caleular a popu lagio de 1960 com base na taxa de crescimento de 1940 a 1950, a fim de que, comparado © resultado com a populacio de fato de 1960, st possa melhor julgar sobre 0 acérto da escolha do processo. REVISTA DAE 6 — Proceso do cresclmento aritmético. Este proceso funciona na pressuposicio de que a cidade esté se desenvolvendo segundo uma pro- gressio aritmética. Comhecendio-se os dados de populagio Pi © Ps, que correspondem gos anos Ty ¢ T:, calcula-se a ra 2io F de crescimento pela expressa PoP r= @ PT) Chamandose de p, a populacao inicial, depois de 1 ano tornar-seed: P=Dtr Pp Depois de 2 anos: R=RETR = P+ TP + TPR = P+ 2TP Depois de n anos: R=PtNrR= P+ ih—tirp 2 Da expressdo 2 se tirarmos 0 valor de r en- contraremos a sua fOrmula genéri Pa — Pe @ Pett — 4) Como se sabe, a progressiio aritmética corres ponde a uma linha r2ta, Do mesmo modo que para o proceso gzomé- ico, temos no Brasil quatro alternativas para a escolha da razio de crescimento r ¢ a recomenda- 40 no sentido de serem comparadis a populagio Ge fato de 1960 e a calculada com bas: na razao aritmética registrada de 1940 a 1950, visando um. melhor julgamento s6bre o acério na escolha do método. 7 — Proceso da curva logistica A curva logistica de Verhulst possui wés tre- chos distintos, 0 primsiro correspondente a um crescimento acelerado, 0 segundo a um crescimen- to retardado € 0 Gltimo a um crescimento tendent= & estabilizagdo (fig. 3}. Entre os dois primeires tre- chos fica um ponte de inflexio. A equagio da logistica & P, P a Teer? Em que: P= populaglio num determinado ano P. = populacio de saturagdo € = base dos logaritmos neperianos = 2,7182845 ae b= parimetros da curva T = imtervalo de tempo entre o ano determinado eT, Desde que © ponto (P,,T.) da curva esteja no eixo das ordenadas e dela também fagam parte dois outros pontos (P,,T)) ¢ (P:,1) de modo que Trs2T.R

PR: Pe | Intervalos Anos 8 ~~ Distribuicio da populagio Em complemento a estimativa de populagio faz- se necessirio a previsio de como essa’ populagio cara distribuida na cidade, 0 que seré de maior im- portincia sobretudo para o dimensionamento da réd. de distribuigio, Costuma-se definir 0 niimero de habitantes por hectare ou o mtimero de habitantes por metro de canalizagio. No primeiro caso temos a densidad demogrifiea, geralmente usada no dimensionamen- to das rédes pelo método de Hardy Cross, O nimero de habitant:s por metro de canalizagio € util no cileulo das xédes ramificadas ou nas rédes matha- das dimensionadas pelo processo de seccionamento fieticio. A distribuigio dos habitantes por unidade de Grea ou de comprimento de tubulagio varia de cidade para cidade. Quando 0 micleo populacional tende a desen- volver-se pelo proceso natural, albeio a um pla- no racional dz crescimento, representado pelo pla- no dz urbanizagio, a distribuigio de populagio de Projeto poderé ser definida em fungiio da_popula- do atual relacionada a rea em que se distribui ou A extenséo total das artérias habitadas, conforms 0 aso, 20 | de tempos | a — bt lper™ | t i Peet 0s valores de P,,a eb, podem ser calculados pelas expresses: 2 PoePrP: — (PD (P, + PD = PoP, — (Pi 1 @) 0.4343 Il P.(P. — PB) b= — ———___ = log —-~-—-—_ #) 0.4343 Ty P,P, = PO Os valores das expresses 2, 3 e 4 so levados A equagdo 1, de modo que a populago P fica a depender exclusivamente do valor atribuido 2 T. Para t = tem-se © ponto de inflexio ’ néle a populagio equivale & metade do valor de saturago: P p= ——_= Iden Para 0 célculo dos valores de P pode-se usar uma planilha de céleulo com o seguinte fei Populagies P ene A rea habitada, delimitada pelo psrimetro de aghomeragio, € ficilmente calculada através de um planimetro ou de figuras geométricas regulares em que & mesma area é decomposta (retingulos, trian- gulos, trapézios, etc). A extensio total das artérias a que nos referi- mos & tomada na pritica como seado a extensio total, por sinal maior, das tubulagdes que vao servir a esas artérias. Maior, por incluir a largura das ruas © seu valor em Sio Paulo, por exemplo, va riava (1953) de 0,55 hab./m no Jardim América a 3,00 hab./m em Higiendpolis (prédios de aparta- mentos).. E preciso esclarecer que existem duas modali- dades de densidade demogritica: a bruta e a liquida. A densidade bruta é a que resulta da simples divisio da populagio pela tea correspondente, in- cluindo pargues, jardins, pragas ¢ areas vacantes, A densidade liquida é a que se obtém dividinde & populacio pela dea edificada correspondonte, constituida pelos quarteirézs (livres da largura das vas). Pelo exposto, conclui-se ser a densidade quit ‘da expressa por um niimero maior que a densidade bruia. Na maioria dos casos € 1,5 a 2,5 vezes maior. REVISTA DAE Para as pequenas cidades, geralmente tanto a distribuigao por area como a linear podem set con- sideradas uniformes, Em alguns casos, todavia, jus- tifiea-se © efleulo da distribuicio populacional pax ra cada zona ou bairro, Na cidade de Sio Paulo a densidade demo- gréfica bruta varia de 40 2 400 hab./Ha, confor- me a zona, sendo elevada no centro e menor periferia. Por outro lado, quando a cidade cresce em obediéncia a um planejamento urbano, entio & pos- sivelprefixar-se os indices demograficos de proje- to com maior probabilidade de sucesso. Segundo as Normas Gezals de Construgio ¢ Urbanismo para Cidades do Interior da Bacia Pa- rand-Urugual, que afetam os Estados de Mato Gros- 0, Minas Gerais, Sio Paulo, Parani, Santa Cala- tina, Rio Grande do Sul e Golds, podem-se fixar quatro zonas de densidade: central, junto ao centro, intermedidria e exterior. ‘As densidades de populagio sio as seguintes: | Centro Liquids Segundo as mesmas Normas, para uma Unida- de de Vizinhanga de 10,000 pessoas, as densidades PESSOAS POR HECTARE Junto 20 sr Bee 8° |Intermedisrio} Exterior wo | ons 15 obedecerio 20 quadro abaixo: a po. | teseno | egagn | od rout | Dena ens. : tres tal ens Zonas | pita | Reside | abenos | Ons Fi Brute 1 Heet. on | 1 250 40 20 20 | as 2 180 55 as 2» 100 | 100 3 125 %0 8 25 1s 5 4 18 13 40 27 | 200 50 A coluna “Outros fins” (5) inclui: rea de ter- reno para escola, lojas, igrejas, centros de comu- REVISTA DAE nidade, edificios piblicos, oficinas, russ. principais © estacionamento. 4

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